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DISCIPLINA TÉCNICAS RETROSPECTIVAS

arquiteturaeurbanismo FICHA DE INVENTÁRIO 2sem2020


Turma 3B – Pouso Alegre – Profa. Paula Magalhães

IDENTIFICAÇÃO:
DESIGNAÇÃO: ANTIGO PRESÍDIO POUSO ALEGRE
ENDEREÇO: Rua Silveste Ferraz, 256 Centro,
Pouso Alegre – MG, CEP 37550-126.

PROPRIETÁRIO ATUAL: Estado de Minas Gerais


RESPONSÁVEL PELO IMÓVEL: Polícia Civil de Pouso Alegre – MG
CARACTERIZAÇÃO:
EDIFICIO CJTO LOGRADOURO PÚBLICO
ISOLADO ARQUITETÔNICO
Nº PAVIMENTOS: RECUO FRONTAL: RECUO LATERAL:
1
USO ORIGINAL: Institucional USO ATUAL: Sem uso (Inativo)

DATA CONSTRUÇÃO: 1929-1930


AUTOR DO PROJETO: Otto Piffer CONSTRUTOR: Otto Piffer

TIPOS DE TÉCNICA(S) CONSTRUTIVA(S):


Fundação Paredes Internas Paredes Externas Telhado
Pedras de mão 1 tijolo e meio 1 tijolo e meio Madeira com
maciço maciço telha francesa (4
Ajutes francês Ajustes francês águas)

PROTEÇÃO EXISTENTE:
Em estudo de Tombado Registrado Inventariado
tombamento
INSTÂNCIA DE PROTEÇÃO
Municipal Estadual Federal Internacional
Nº Decreto/Homologação: Não tem proteção de nenhuma instância.
LEVANTAMENTO HISTÓRICO

A história de Pouso Alegre está intimamente ligada à descoberta das terras sulmineiras, no século XVII, por desbravadoresportuguesese
paulistasquechegaramà regiãoparaexplorarlavras de ouro, no Rio Sapucaí. Eles não encontraramo mineralprecioso, masdescobriram
terraspropíciasparafixaremmoradiae iniciarema atividadeagropecuária. Em meados do século XVIII, por volta de 1740, , um homem de
espíritoaventureiro,Joãoda SilvaPereirateriaerguidoumacasaàsmargensdo RioMandu,lançando,assim,o primeiromarcodecivilização
na cidade de Pouso Alegre, inicialmente conhecida por Arraial do Bom Jesus de Matozinhos do Mandu
Alguns autores explicam que esse nome se derivou da corruptela do nome de um pescador, outros dizem que era um tropeiro de nome
Manoel, queatendiapelaalcunha, ora de Manduca, ora de Mandu, e queeleteriasidoo primeiropovoador da região. Seja, porém, qualfo
o motivodessadenominação,o que, de certoconstae atestamos escritoresMarquesde Oliveirae Augusto Vasconcelosé queaté 1799, a
florescente povoação, localizada às margens do Mandu era conhecida pelo nome desse Rio
HISTÓRICO CIDADE

Com a prosperidade do local e o crescente número de habitantes surgiu a necessidade de se construir uma capela em terras
pousoalegrenses. Até então as missas aconteciam em Sant’ana do Sapucaí, a 36km de distância. Ângelo Gomes Pereira, zelador da
imagem do Senhor do Bom Jesus do Matozinho, com outrosmoradores, pediu ao bispo de São Paulo,Dom Manuel da Ressurreição, que
construísseuma capela no local, o quefirmouaindamaiso povoado. Diz a históriaque a primeiramissa teria sidocelebrada em 1799 pelo
padreJosé Bento Leite Ferreirade Melo, masa benção da capelaocorreuapenas em 18 de abrilde 1802, ano em quea obrafoiconcluída
Oitoanosdepoisda inauguraçãoda capeladedicadaao SenhorBom Jesusdo Matozinhos,o povoadofoielevadoà categoriade Freguesia
através do alvará do Príncipe Regente D. João VI, datado de 06 de novembro de 1810
Criada a Freguesia, o padre José Bento, natural da cidade de Campanha, foi nomeado vigário da capela do Bom Jesus. Em 1797, o
Governador D. Bernardo José Lorena (Conde de Sarzedas), transferido de São Paulo para a capitania de Minas Gerais, passou pelo
povoado, ondeveio ao seuencontroo Juiz de Fora de Campanha, Dr. Joaquim Carneiro de Miranda. Encantadoscomtantabeleza, conta
se que um deles teria dito: “Isto não devia chamar-se Mandu, mas, sim, Pouso Alegre”
Então, por alvará do Príncipe Regente, de 06 de novembro de 1810, foi criada a Freguesia do Senhor Bom Jesus do Pouso Alegre. Pelo
decretode 13 de outubrode 1831 a Freguesiafoielevadaà categoriade vilacomdenominaçãode Pouso Alegree à condiçãode cidadede
PousoAlegrepelaLei Provincialnº 443 de 19 de outubrode 1848.
A primeira cadeia de Pouso Alegre funcionou em uma casa alugada, na rua chamada da Outra Banda, atual Silvestre
Ferraz. Posteriormente ela ocupou um espaço próprio, uma casa na Ponte Velha. A casa ruiu e foi trocada por outra
na Rua Boa Vista. Anos mais tarde a cadeia foi incendiada, o que gerou o nome de Cadeia Queimada dado à Rua Boa
Vista (atual Silvestre Ferraz), primeira rua aberta no primitivo povoado. A nova cadeia foi inaugurada no dia 7 de julho
de 1885. Segundo a ata da Câmara era um prédio sólido e seguro, de bom gosto podendo ser considerado o mais
importante e menos comum dos edifícios do sul de minas. Era um dos maiores e mais imponentes prédios da cidade,
comparado a Igreja Matriz concluída em 1857, e ao futuro Teatro Municipal. Com o crescimento da cidade o prédio
passou a destoar da nova tendência urbanística que consistia no embelezamento das ruas centrais e da área da
estação. Na gestão de João Beraldo fica clara a necessidade de modificações no centro de Pouso Alegre, com a
demolição de alguns prédios e quarteirões que impediam o alargamento da avenida principal, entre elas a cadeia que
atrapalhava o fluxo de pessoas que necessitavam dirigir-se a nova estação de trem. Segundo Octávio Miranda Gouvêa,
a cadeia com suspeita de ruínas era uma construção com traços arquitetônicos no estilo barroco, assim a probabilidade
HISTÓRICO EDIFICIO

de má conservação deste espaço era pequena, devido a um projeto bem arquitetado antes de sua construção. Há
possibilidades de que o prédio no centro da cidade causava um empecilho para as autoridades políticas e da elite que
buscavam um meio para reorganizar o centro da cidade. Em 1929 tiveram início as obras da nova cadeia. Ela foi
construída em um local considerado afastado da cidade, na Rua Silvestre Ferraz. A cidade cresceu, muitas casas foram
construídas e o centro da cidade alcançou a cadeia. Com o tempo o espaço ficou insuficiente para atender a população
carcerária e passou por reformas, com a construção de algumas celas, ampliação da rede elétrica e de abastecimento
de água. Mas as reformas eram apenas paliativas pois não solucionavam as necessidades básicas dos presos. Depois
de quase 70 anos, em 2009, Pouso Alegre inaugurou o presídio localizado nas proximidades do trevo para Silvanópolis.

Nesta mesma época da construção da cadeia como a cidade se desenvolvia concretizando o prolongamento da Avenida
CONTEXTUALIZAÇÃO

Dr. Lisboa, e foi inaugurada a escola Doméstica Santa Terezinha, destinada ao ensino de afazeres e prendas
domésticas às mocinhas pobres, e também foi lançada a pedra fundamental do novo prédio do Orfananto Nossa
Senhora de lourdes, na Rua Adolfo Olinto, ao lado da Capela do Menino Jesus de Praga e da velha Santa Casa de
Misericórdia.
O arquiteto e construtor da cadeia também esteve a frente da construção da Catedral Metropolitana de Pouso Alegre
e atuou muito em Poços de Caldas na gestão do Prefeito Dr. Francisco Escobar (1909-1918) que levou para a cidade
ele e seu irmão o arquiteto austríaco José Piffer, para construção de algumas obras como: Palacete da Prefeitura,
Cine teatro Cassino Polytheama, Grande Hotel (algumas inexistentes atualmente).
Catedral Metropolitana de Pouso Alegre Palacete da Prefeitura de Poços de Caldas

Cine teatro Cassino Polytheama


ANÁLISE ENTORNO E AMBIÊNCIA
Localizada na Rua Silvestre Ferraz, 256, no centro de Pouso Alegre, ocupa uma área total de 1.350 m², confrontando,
pela frente, numa extensão de 26,20m, pelo lado direito numa extensão de 50,80m, com terreno do Curral do Conselho
Municipal, pelo lado esquerdo, numa extensão de 43,00m com a Rua Professor Mendonça, este lado composto de duas
sessões diretas: a primeira com o comprimento de 17,00m, formando ângulo com a linha fronteiriça da Rua Silvestre
Ferraz de 108º e a segunda com o comprimento de 26,00m formando com a primeira um ângulo de 162º, onde faz canto
SITUAÇÃO E AMBIÊNCIA
ANÁLISE DO ENTORNO

a direita na extensão de 16,00m confrontando com terreno municipal, fazendo canto a esquerda numa extensão de
13,20m confrontando com terreno municipal, até a linha de fundos onde mede 14,20m confrontando com terrenos do
Sindicato Rural. Possui ao lado um posto de gasolina e atual delegacia da polícia e o DETRAN a poucos metros.
Implantado no centro do lote, e elevado do nível da rua, o imóvel possui como paisagismo 2 palmeiras grandes e entrada
marcada por uma larga escada que vai até a porta principal, e na frente do imóvel vagas de estacionamentos para carros.
Atualmente a rua é muito movimentada, com dificuldade para estacionamentos de carros e com muitos comércios nos
arredores, tais como: Posto de Gasolinas, farmácias, salão de beleza, restaurantes, imobiliárias entre outros.

O prédio possui 666,20m² de área construída num terreno de 1.350m². O projeto se enquadra no estilo clássico e
renascentista, ou seja eclético, criando algo mais novo e original com relação a época da construção. Destacando- se
por estar em um lote de esquina e elevado do nível da rua, sua fachada era composta por uma escadaria central e
duas rampas laterais onde possibilitava a chegada de veículos, constituído por um pavimento térreo com o pé direito
duplo de aproximadamente 4,5m e subsolo. Nos dias de hoje a situação é bastante precária, visto que a construção
está abandonada, não há iluminação, as paredes estão se desmanchando, objetos abandonados que podem ter sido
roubados, as celas pequenas onde suportava um grande número de presidiários, paredes e tetos com mofo,
demolição dos puxadinhos, que foram construídos depois para ter um aumento de números de celas.
DESCRIÇÃO
- ANÁLISE ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS

1
1. BRASÃO DA POLICIA MILITAR DE MINAS GERAIS
5

2 3

2. CAPITEL DA COLUNA: NÃO TEM ESTILO DEFINIDO


3. RUSTICAÇÃO: REBOCO FRISADO IMITANDO
BLOCOS DE PEDRA, CARACTERISTICA DO
ECLETISMO.
4. POSSUI CARACTERISTICAS NA ARQUITETURA
NEOCLÁSSICA (PROPRIO DO ECLETISMO):

BUSCA DA SIMETRIA, EQUILIBRIO, RITMO,


INTRODUÇÃO DO ENTABLAMENTO E DE
COLUNAS NAS FACHADAS DO EDIFICIO.
5. PLATIBANDA ESCONDENDO TELHADO
LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO E ARQUITETÔNICO

DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA
Fotos antigas – fazer cronologia até Fotos Atuais

1- Fachada de 1929 2- Vista da Catedral (1935) – Recém construída 3- Fachada de meados de 1990-2000 4- Fachada atual (2020)

LOCAÇÃO E PLANTAS CADASTRAIS


Planta Original / Modificação Plantas ao longo tempo até Planta Atual
ANEXO

ANÁLISE TIPOLOGIA E ESTILO ARQUITETÔNICO

1. Tem influência de estilos, como o clássico renascentista, caracterizando como eclético, com colunas sem estilo definido,
arco romano e um emblema do Brasão da Polícia Militar de Minas Gerais. Feita em apenas um pavimento, destaca-se se na
paisagem por estar elevada no nivel da rua e com sua escadaria (atualmente destruída) que o torna tão bela, diferenciando
das demais e monstrando o seu estilo arquitetônico incomparável com as demais edificações existentes.
Escadaria Coluna Coluna Rusticação: reboco frisado imitando blocos de pedra,

Data: 15/03/2020
Fonte: Arquivo Pessoal
Emblema do Brasão da Polícia Militar de Minas Gerais
ANÁLISE ESTADO CONSERVAÇÃO E ALTERAÇÕES DO BEM

FATORES DE DEGRADAÇÃO O que provocou a degradação do edifício foi o abandono e a negligência do poder público. Independente de motivação,
o fato é que tal bem não cumpre a sua função social, uma vez que o abandono resulta em problemas de ordem ecológica,
estética, sanitária e de segurança. Com efeito, vetor de disseminação de doenças – isso para não falar no acúmulo de
sujeira e na poluição visual gerados, dentre outros problemas. A degradação do edíficio decorreu da desativação da
cadeia pública que funcionou até 2009 e transferência de detentos para um novo prédio. Em 2019 foram demolidos os
anexos ali existentes, restando apenas o prédio original, desocupado e sofrendo ação do tempo e intempéries.

O prédio encontra-se em precário estado de conservação.


ESTADO DE CONSERVAÇÃO
O prédio encontra-se em precário estado de conservação, observa-se, facilmente, infiltrações, rachaduras, presença
de mofo, mobiliário jogados pelos corredores (estragados e enferrujados), crescimento de matos na entrada e fundos,
ANÁLISE DO ESTADO DE instalações elétricas fora das legislações vigentes. O prédio encontra-se abandonado. Algumas salas com infiltrações
nos tetos e paredes causando muito bolores. O lote do prédio da cadeia encontra-se desocupado, os anexos do prédio
foram demolidos em 2019, restando apenas o prédio original. O pátio com muito mato. A situação atual do prédio é o
abandono vísivel com a ação do tempo e da falta de manutenção, pinturas antigas, reboco se soltando, instalações
CONSERVAÇÃO

elétricas danificadas, canteiros sem manutenção, umidade, mofo, pisos danificados, reformas e reparos inadequados
após as rebeliões, paredes com bastante umidade.

No projeto original datado de 1929, observa-se que a fachada possuia grandes janelas de madeira e vidro, com
abertura voltada para dentro do prédio. Havia ainda, no hall de entrada uma porta e uma janela na parede frontal, e
uma porta em cada parede lateral. Na parte exterior era possível verificar a existência de rampas com guarda-corpo de
concreto. Conforme informações apuradas em 2004, o prédio passou por algumas alterações em relação ao projeto
original, quais sejam, as janelas da fachada principal foram diminuidas e substituidas por esquadrias de ferro e vidro,
em formato basculante. Das três portas existentes no hall de entrada, ficaram apenas duas uma lateral e uma porta na
parede frontal, com a extinção da janela. Por fim, houve a demolição do guarda-corpo de concreto das rampas de
acesso. Na parte interna do prédio, a área de claridade foi diminuída, em razão da construção de duas celas, sendo
uma delas voltada para menores. Nos fundos foram construídas quatro celas destinadas aos portadores de HIV e às
detentas femininas. No ano de 2009, apurou-se que anteriormente a este ano houve o acréscimo de mais duas celas
construídas nos fundos. Na fachada frontal, abriram uma pequena janela e houve a instalação de uma grade para
INTERVENÇÕES

proteção. Por fim, em data indefinida, verifica-se que foi construída uma escada na entrada principal, com destaque
para duas palmeiras plantadas no seu entorno. Em 2019 as grades das celas foram retiradas e as celas externas
foram demolidas e essa área passou a servir como estacionamento para os funcionários da delegacia que situa ao
lado. Das quatro guaritas existentes, três foram demolidas, restando apenas uma nos fundos.
RAPOSO, Maria. Conheça um pouco da história da construção da Capela Santa Águeda e do antigo Colégio Normal
Santa Águeda, inaugurados em 05 de fevereiro de 1951. Disponível em:
</https://www.facebook.com/paroquiadesilvianopolis/posts/2069390283370121/> Acesso em: 9 de março de 2020.

História. Pousoalegre.net, Pouso Alegre,1959. Disponível em: </https://pousoalegre.net/historia-de-pouso-alegre/>.


Acesso em: 10 de março de 2020.
BIBLIOGRÁFICAS
REFERENCIAS

MIRANDA. Octávio Gouveia. História de Pouso Alegre. Pouso Alegre: 2ª Ed., 2004.

Jullya Figueiredo Silva – 111710378


Luan Gabriel Silveira Renó – 111710155
Mariana Paiva de Resende – 111710152
Leandro Tomaz Pereira Cunha – 111710378
Paula Fernanda de Moura Leite – 111710554
Thayná dos Santos Tagliatti – 111710153
FICHA TÉCNICA
ANEXO – ITEM 11:
Janelas originais eram de esquadria de madeira e vidro
PLANTA BAIXA 2020 – ATUAL IMPLANTAÇÃO E DIAGRAMA DO TELHADO 2020 – ATUAL

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