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Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, a - interpolada

Muda-se o ser, muda-se a confiança; b - emparelhada


Todo o mundo é composto de mudança, b - emparelhada
Tomando sempre novas qualidades. a - emparelhada

Continuamente vemos novidades, a - interpolada


Diferentes em tudo da esperança; b emparelhada
Do mal ficam as mágoas na lembrança, b emparelhada
E do bem, se algum houve, as saudades. a - Interpolada

O tempo cobre o chão de verde manto, a - cruzada


Que já coberto foi de neve fria, b - cruzada
E enfim converte em choro o doce canto. a - Cruzada

E, afora este mudar-se cada dia, a - verso branco


Outra mudança faz de mor espanto: b - cruzada
Que não se muda já como soía. c - Verso branco

*soía: Nome de um peixe marítimo de Pernambuco.

*mágoas: Tristeza; desgosto; dor de alma; amargura.


*manto verde: modo de pensar

O poema que eu escolhi pertence ao Autor Luís de Camões.

Luís Vaz de Camões foi um poeta nacional Português, considerado uma das maiores
figuras da literatura lusófona e um dos grandes poetas da tradição ocidental. Pouco se
sabe com certeza sobre a sua vida. Aparentemente nasceu em Lisboa, de uma família da
pequena nobreza, nasceu por volta do ano 1524 e morreu em Lisboa, no dia 10 de Junho
de 1580 viveu pobre e assim morreu.

O poema pertence ao grupo intimista porque suponho que o texto fale apenas do
seu pensamento
TEMA: O tema deste poema relata mudanças.
1 Quadra- interpolada e emparelhada
2 Quadra- interpolada e emparelhada
1 Terceto- cruzada
2 Terceto- verso branco e cruzada

Desenvolvimento:
O poema tem como tema a mudança, sendo que o sujeito poético aborda as
mudanças que se vão sucedendo. Todas as coisas estão em constante alteração,
mas existem dois aspetos que incomodam o sujeito de um modo especial: as
mudanças da sua vida não acompanharam o caráter cíclico das que ocorrem na
Natureza e o facto de a própria mudança mudar.
O poema insere-se na corrente renascentista, pois estamos perante um soneto,
uma vez que este se distingue por apresentar duas quadras e dois tercetos. Na
primeira quadra o sujeito poético apresenta a ideia que vai desenvolver e centra-
se nas várias mudanças; na segunda quadra, o poeta desenvolve a ideia
apresentada na quadra inicial; de seguida, no primeiro terceto, o poeta confirma,
de modo concreto, o desenvolvimento das ideias: a mudança que se efetua na
natureza como no seu espírito; já no segundo terceto e última estrofe, faz a
síntese do tema acabando com a “chave de ouro” - a noção de que a mudança
mais surpreendente é a de que já não se muda como era costume, isto é, a
mudança da própria mudança.
O poema apresenta uma linguagem subjetiva e é um texto dissertativo.

O soneto apresenta 14 versos decassilábicos, a nível da métrica, como se


percebe no verso Mu/dam/-se os/tem/pos,/mu/dam/-se as/von/ta/des - a medida
nova. Este poema apresenta um esquema rimático ABBA/BAAB/CDC/DCD,
em que nas quadras a rima é emparelhada e interpolada e nos tercetos cruzada.

Minha opinião:
Gostei deste poema pois aborda as várias mudanças que ainda hoje existem.
Aspeto positivo: fácil leitura.
Aspeto negativo: algum vocabulário desatualizado.

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