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FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS - ESUDA

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO

ERGONOMIA I

PARÂMETROS E DIRETRIZES ERGONÔMICAS PARA ADEQUAÇÃO NA SALA DE AULA DOS INSTRUTORES E


ALUNOS EM UM CENTRO DE TREINAMENTO

- RECIFE -

JULHO/2021
ROBERTO ITTALO DA SILVA SOUZA

ERGONOMIA I

PARÂMETROS E DIRETRIZES ERGONÔMICAS PARA ADEQUAÇÃO NA SALA DE AULA DO


CENTRO DE TREINAMENTO

ATIVIDADE APRESENTADA À DISCIPLINA DE ERGONOMIA I


COMO REQUISITO NECESSÁRIO PARA A

COMPLEMENTAÇÃO DA NOTA DA DISCIPLINA.

PROFESSOR: REMINGTON DE ALENCAR

- RECIFE -

JULHO/2021
1-INTRODUÇÃO

A sala de aula do Centro de Treinamento vem sendo utilizado como pesquisa de campo, tendo
em vista que é o local do meu trabalho onde eu posso verificar quantas vezes forem necessárias o
local sem correr risco de contaminação da COVID-19. Para tanto, o estudo ergonômico na sala de
aula do centro de treinamento foi fundamental para nortear as ações de prevenção às doenças
ocupacionais, o cumprimento das normas de segurança e saúde do trabalho, o conforto ambiental e
a acessibilidade.
O presente estudo tem como objetivo realizar uma intervenção ergonomizadora na sala de aula, com
base na metodologia de Moraes e Mont´Alvão (2000) e alinhado com os parâmetros e diretrizes
ergonômicas da NR-17, a Lei 8213 e a NBR 9050/2004. Neste sentido, foi realizado um estudo de
caso em que, por meio da intervenção ergonomizadora, foram aplicadas a sistematização do SHTM,
a problematização do SHTM e o parecer ergonômico no qual foi elaborado um resumo dos problemas
identificados, definidos e priorizados. Os resultados obtidos apontaram que o centro de treinamento
em estudo descumpri a NR-17 e a NBR 9050. Diante do diagnóstico dos problemas foram
apresentadas as ações para solucionar cada situação analisada.

2- INTERVENÇÃO ERGONOMIZADORA - MORAES E MONT’ALVÃO

Desenvolvido pela Profa. Ana Maria de Moraes e pela Profa. Claudia Renata Mont’Alvão -
1998, as autoras propõem o método a Intervenção Ergonomizadora (IE) para o desenvolvimento de
projetos de produtos ergonômicos. O método divide-se em seis fases e etapas, são elas:

Fase 0 – Lançamento do projeto;


Fase 1 – Apreciação;
Fase 2 – Diagnose;
Fase 3 – Projetação;
Fase 4 – Implementação e avaliação;
Fase 5 – Validação.

O método Intervenção Ergonomizadora (Moraes e Mont’Alvão, 1998), apresenta uma


abordagem sistêmica e metódica, com etapas e processos bem definidos. Chama-se atenção aqui
para o caráter projetual do método – que deixa claro em uma de suas etapas a “projetação
ergonômica”, que fala em “projeto ergonômico” prevendo possivelmente a participação de um
profissional de projeto (arquiteto, designer ou mesmo um projetista nível técnico), que elabore as
possíveis soluções a nível de desenhos a partir da apreciação e diagnose verificadas pelo
ergonomista. Este aspecto do método nos leva a considerar que existe uma intenção de aplicar-se a
metodologia tanto em estudos de uma ergonomia corretiva quanto em estudos de uma ergonomia
projetual.
A Fase 0 – Lançamento do projeto deve ocorrer quando são mostradas e discutidas, com o
comitê de ergonomia da empresa – COERGO (caso não exista deverá ser criado) e os integrantes
da empresa interessados, todas as fases de projeto e os métodos e técnicas disponíveis para
realização de cada fase.

FASE 1 - APRECIAÇÃO ERGONÔMICA

É a fase exploratória na qual é feita a sistematização do sistema Humano-Tarefa-Máquina e


o mapeamento dos problemas ergonômicos. A metodologia utilizada nesta fase compreende o
reconhecimento preliminar do objeto em estudo através da caracterização e posição serial do
sistema, ordenação hierárquica do sistema, expansão do sistema, modelagem comunicacional do
sistema, fluxograma funcional da ação-decisão e parecer ergonômico sobre o sistema homem-tarefa-
máquina, conforme mostra a figura abaixo.

Caracterização e posição serial do sistema

Fonte: Moraes & Mont’Alvão, 2000

Guimarães (2010) explica que nesta fase inicial da pesquisa faz uma “audição” geral dos
usuários envolvidos diretamente, e para isso se utiliza de uma entrevista aberta. “A entrevista baseia-
se em apenas uma pergunta. “Fale do seu trabalho”, com duração de 20 a 40 min de forma individual
ou em grupo. As respostas são tabuladas em planilha excel e analisadas estatisticamente”.

FASE 2 - DIAGNOSE ERGONÔMICA

O diagnóstico congrega o levantamento detalhado e a análise da situação. Analisam-se os


problemas em maior profundidade (priorizados na apreciação); propõe-se um plano de ação para
solução dos problemas. A diagnose permite aprofundar os problemas levantados na Apreciação e a
análise dos dados obtidos no levantamento inicial. Nesta fase a participação do usuário é direta ou
indireta, de acordo com a demanda das ferramentas de análise ergonômica que serão utilizadas. No
entanto, o grau de participação do usuário nesta fase é menor que na fase anterior de apreciação.
Trata de adaptar as estações de trabalho, equipamentos e ferramentas às características
físicas, psíquicas e cognitivas do usuário. Compreende o detalhamento do arranjo e da conformação
das interfaces dos sistemas homem-máquina e termina com o projeto ergonômico: conceito,
configuração, conformação, perfil e dimensionamento. A organização do trabalho e a
operacionalização da tarefa também são objetos de propostas de mudanças. É o momento das
observações sistemáticas das atividades da tarefa, dos registros de comportamento, em situação
real de trabalho. Realizam-se gravações em vídeo, entrevistas estruturadas, verbalizações e
aplicam-se questionários e escalas de avaliação. Esta etapa se encerra com o diagnóstico
ergonômico que compreende a confirmação ou a refutação de predições e/ou hipóteses.

FASE 3 - PROJETAÇÃO ERGONÔMICA

Com base no diagnóstico, procede-se a fase 3 de proposição de soluções. É quando são feitos
os estudos de modificação, execução de mockups, protótipos, etc. dos produtos e/ou sistemas a
serem criados ou modificados. A fase de projetação é responsável por traduzir em projeto as
necessidades dos usuários, ou itens de demanda ergonômica levantados na apreciação e analisados
no diagnóstico.
A Projetação ergonômica trata ainda de adaptar as estações de trabalho, equipamentos e
ferramentas às características físicas psíquicas e cognitivas do trabalhador, operador, usuário,
consumidor, manutenidor, instrutor. Compreende também no detalhamento do arranjo e da
conformação das interfaces dos subsistemas e componentes instrumentais, informacionais, acionais,
comunicacionais, interacionais, instrucionais, movimentacionais, espaciais e físico ambientais.
Termina com o projeto, sua configuração, conformação, perfil e dimensionamento, considerando
espaços, estações de trabalho, subsistemas de transporte e de manipulação, telas e ambientes. A
organização do trabalho e a operacionalização da tarefa também são objetos de propostas de
mudanças.

FASE 4 - AVALIAÇÃO, VALIDAÇÃO E TESTES ERGONÔMICOS

Uma vez implementado as alternativas projectuais, elas precisam ser testadas, o que pode
requerer um planejamento de experimentos. Geralmente, vários protótipos são testados até se
chegar a uma solução adequada á maioria das pessoas e ao sistema produtivo. Os protótipos devem,
então ser usados, experimentados pelos usuários diretos (o tempo de uso depende da complexidade
das propostas) que junto com os ergonomistas e os usuários indiretos, são responsáveis por validar
as propostas. A análise é feita com base na análise das atividades realizadas sob as novas condições
propostas em situação real de trabalho.
Ainda, a avaliação, validação e testes ergonômicos tratam de retornar aos usuários
(operadores, manutenidores, instrutores, consumidores) os argumentos, as propostas e alternativas
projectuais. Compreende nas simulações e avaliações através de modelos de testes. As técnicas
de conclave objetivam conseguir a participação dos usuários, trabalhadores nas decisões relativas
às soluções a serem implementadas, detalhadas e implantadas. Para fundamentar escolhas,
realizam-se também testes e experimentos com variáveis controladas.

FASE 5 - DETALHAMENTO ERGONÔMICO E OTIMIZAÇÃO

O detalhamento e a otimização ergonômica compreendem a revisão do projeto, após sua


avaliação pelo contratante e validação pelos operadores, conforme as opções do decisor, segundo
as restrições de custos, as prioridades tecnológicas da empresa solicitante, a capacidade instalada
do implementador e as soluções técnicas disponíveis. Termina com as especificações ergonômicas
para os subsistemas e componentes interfaciais, instrumentais, informacionais, acionais,
comunicacionais, interacionais, instrucionais, movimentacionais, espaciais e físico-ambientais.
Nesta fase pode-se utilizar o mesmo questionário usado na apreciação e, assim, comparar as
respostas antes e depois da intervenção ergonômica, usando a estatística (pareada ou não). Uma
vez aprovadas as modificações, o projeto é considerado validado.

3- ADEQUAÇÃO NA SALA DE AULA LOCALIZADA NO CENTRO DE TREINAMENTO

OBJETO DE PESQUISA: SALA DE AULA – CENTRO DE TREINAMENTO

O objeto de pesquisa foi realizado na sala de aula do centro de treinamento, com 45,55 m² de
área. O CT está localizado na Rua Dr George William Butler, no Bairro do Curado na cidade de
Recife, estado de Pernambuco, conforme mostra nas figuras abaixo.
Foto aérea onde fica localizado o centro de treinamento Planta baixa com área da sala de aula hachurada

O objeto de pesquisa foi desenvolvido na sala de aula de um centro de treinamento, no qual


eu trabalho, porém por motivos de ética profissional, não posso informar o nome da empresa. A
metodologia utilizada na primeira etapa/fase será a apreciação ergonômica que compreende no
reconhecimento preliminar dos problemas, baseando-se na sistematização do sistema humano-
tarefa-máquina. Esta fase exploratória consiste em entrevistas com os instrutores de treinamento,
levantamento de dados inerentes aos alunos com relação às reclamações antropométricas
existentes. Medição física da sala de aula (cadeiras), avaliações dos níveis de iluminância e de calor,
levantamento dos aspectos inerentes a organização do trabalho, verificação de requisitos constantes
na NR-17.
Na segunda etapa será utilizada a Diagnose ergonômica, a mesma permite aprofundar os
problemas priorizados e testar predições. De acordo com o recorte da pesquisa ou conforme a
explicitação da demanda pelo projetista faz-se análise macroergonômica e/ou análise da tarefa dos
sistemas homem-tarefa-máquina. Consideram-se a ambiência tecnológica, o ambiente físico e o
ambiente organizacional da tarefa.
Na sistematização são abordados modelos do sistema pesquisado. A modelagem sistêmica
do sistema alvo apresenta seis modelos: caracterização do sistema, posição serial do sistema,
ordenação hierárquica, expansão do sistema, modelagem comunicacional do sistema, fluxograma
funcional ação-decisão.
Como o objetivo deste estudo foi enfocar as questões ergonômicas referentes a sala de aula
do centro de treinamento onde os instrutores, serão o sistema alvo do objeto de trabalho.
A meta dos instrutores é conseguir passar o conhecimento adquirido por eles de forma técnica
e dinâmica para uma excelente absorção do conteúdo pelos alunos.
Para se atingir esta meta será necessária buscar e considerar requisitos tais como:
desenvolvimento de software, hardware específico, ambientes físicos e mobiliários adequados e
sistema organizacional eficaz.
O sistema alvo está inserido em outro sistema maior denominado ambiente do sistema que
neste caso é a sala de aula. Este exerce influência sobre o ambiente de trabalho de todos os alunos
que por sua vez exerce influência direta ao ensino dos instrutores. Os obstáculos e empecilhos deste
ambiente aos requisitos da meta são considerados restrições, tais como: desconforto térmico,
acústico e nível de iluminação baixa, mobiliários e equipamentos inadequados.
Os alunos para aprender são denominados de entradas do sistema, que são eles que vão
buscar os conhecimentos através das aulas do instrutor. Os resultados vão gerar a saída do sistema,
que neste caso correspondendo aos alunos com conhecimento adquirido. A partir de então, o sistema
poderá ser avaliado.
As dificuldades de leitura, alunos inquietos e baixo aprendizado, são os resultados
desapropriados do sistema e podem gerar empresas com insatisfação a respeito do treinamento,
profissionais descapacitados, pouca absorção do conteúdo apresentado em sala. O sistema alvo
está posicionado em série e recebe entradas de um sistema que lhe é anterior. Este sistema
alimentador é definido pela área de pátio, vias públicas e área de circulação que gera um sistema
posterior. Este sistema ulterior é a área de pátio, vias públicas e área de circulação, conforme mostra
a figura abaixo.

Caracterização e posição serial do sistema

FLUXOGRAMA FUNCIONAL AÇÃO-DECISÃO


Mostra as funções básicas do sistema alvo (sala de aula) e os principais movimentos de
decisão e execução da tarefa, conforme mostra a figura abaixo.

Fluxograma funcional ação-decisão da sala de aula

.
4- PROBLEMATIZAÇÃO DO SISTEMA HUMANO-TAREFA-MÁQUINA DA SALA DE AULA.

O problema é uma defasagem entre o que é e o que deveria ser ao se considerar um


determinado aspecto da realidade; e que, para ser o que deveria ser, requer um reajustamento
(solução), capaz de mudar os aspectos problemáticos, conforme mostra o quadro abaixo.
1. Problemas Interfaciais/ Problemas Movimentacionais
Posturas prejudiciais resultantes de inadequações do campo de visão/tomada de informações, do
envoltório acional/alcances, do posicionamento de componentes comunicacionais, com prejuízos para
o sistema muscular e esquelético/ frequência de movimentação dos objetos a levantar ou transportar,
exemplo: A maca para demonstração no momento prático da aula.

Local Nº Imagem Problemas observados

- Projeto de iluminação deficiente e


precária e problema acústico onde a voz do
instrutor faz um eco em suas falas;
01

- Iluminação artificial local mal posicionada


e problema de ofuscamento devido a
lâmpada estar num campo visual e
comprometendo a visualização da
apresentação dos slides na sala de aula.
Sala de Aula - CT

- Posturas inadequadas devido ao “braço”


da cadeira, ou seja, o apoio das cadeiras
estarem já inclinados, tendo em vista o seu
tempo de uso, onde algumas cadeiras
possuem mofo na parte inferior. Devido
essa inclinação causa prejuízos para o
sistema muscular e esquelético;
02 - Nessa imagem 02 podemos observar o
quanto a iluminação baixa, pode dificultar
no aprendizado dos alunos. Exigindo que
precisem forçar a vista para visualizar os
slides.
2. Problemas Espacial/Arquitetural e Acessibilidade

Deficiência do fluxo, circulação, isolação, iluminação, isolamento acústico, térmico/ despreocupação com a
independência e a autonomia dos usuários portadores de deficiência, dos idosos, considerando locomoção e
acessos na sala e de modo geral no CT (Centro de Treinamento).

Local Nº Imagem Problemas observados


- O mouse fica em uma posição onde o
instrutor deve-se curvar para utilizar.
Prova disso, na foto 03 até mesmo a
posição em que o instrutor está
03 localizado mostra a dificuldade para
encontrar uma posição correta para
ministrar o treinamento, onde o mesmo
não consegui ficar de frente ao monitor
do computador.
Sala de Aula – Centro de Treinamento

- O local encontra-se tão escuro que o


quadro(lousa) não iria possibilitar a
visualização de forma adequada.

04

- Ausência de rampa, ausência de


acessibilidade a cadeirante e porta
muito estreita com (0,70 x 2,10).

05
3. Problemas acidentários/ Problemas Físicos-Ambientais

Comprometem os requisitos securitários que envolvem a segurança do trabalho, falta de um degrau conforme
norma, manutenção insuficiente /Temperatura, ruído, iluminação, acima ou abaixo dos níveis recomendados.

Local Nº Imagem Problemas observados

- Risco de queda por conta da altura do


batente da sala de aula;
06

- Não existe corrimão contínuo para auxiliar


na entrada da sala;
Sala de Aula – Centro de treinamento

- A temperatura ambiental por conta de


problemas no ar condicionado fica fora da
norma estabelecida, estando abaixo de 20º
c durante todo o treinamento;

07 - Risco de queda, devido o degrau ter o seu


tamanho e altura desproporcional com a
norma e possuir duas peças de madeira
para igualar a sua altura e com isso
aumentando ainda mais o risco da queda;

De acordo com os resultados da sistematização e problematização do SHTM, foi possível


elaborar o parecer ergonômico. Uma vez antecipado e reconhecido os problemas, percebe-se que
esses problemas afetam na eficácia da meta do sistema.
Foi identificado que os requisitos apresentam desvios e falhas (resultados despropositados)
na sala de aula do centro de treinamento.
Os problemas encontrados na problematização do SHTM foram: interfaciais (posturas
inadequadas devido ao envoltório de alcance de itens necessários à execução da tarefa),
movimentacionais (tempo em pé de forma exagerada, posição do corpo em relação aos slides
apresentados pelo instrutor e para visualização dos alunos), acidentários (má concepção de
instalação dos equipamentos de informática, risco de queda, devido à cadeira estar com os “braços”
moles, degraus dimensionados errados), físico-ambientais (exposição ao mofo da sala, ao frio e
luminosidade), acessibilidade (a sala de aula não apresenta rampa, banheiro e acesso para
cadeirantes, os espaço de entrada da sala de aula, não permite a passagem de cadeirantes, e o
espaço do centro de treinamento não foi adaptados para cadeirantes).
A sala de aula do centro de treinamento, existem problemas nas condições ambientais
(ambiência térmica e ambiência luminosa), problemas organizacionais de trabalho, problemas nos
mobiliários (cadeiras) das salas de aula onde principalmente os instrutores não possuem uma sala
de aula correta para alcançar a meta proposta.
De acordo com os resultados da sistematização e problematização do SHTM, foi possível
elaborar este parecer ergonômico. No quadro do parecer ergonômico serão formulados os problemas
e sugeridos melhoria. Neste quadro serão incluídos todos os problemas identificados in loco,
requisitos do sistema, constrangimentos da tarefa, custos humanos do trabalho, disfunções do
sistema, sugestões preliminares de melhoria e as restrições do sistema.
O parecer ergonômico compreende uma síntese dos problemas observados no quadro de
formulação do problema e priorização dos problemas vistos no estudo de caso da sala de aula do
centro de treinamento.

Custos Sugestões
Classe de Constrangiment Disfunção do
Requisitos Humanos do preliminar de Restrições
Problemas o da tarefa sistema
trabalho melhoria

Interfacial e Movimentacional

 Ao ministrar a aula Posicionamen Incômodo Fadiga na Interrupção Posicionar o Recursos financeiros.


o instrutor e os to melhor do causado por coluna e nos da ministração quadro de modo
alunos exercem quadro e dos posturas ombros. do que facilite a Não consideração do
uma constante alunos na sala inadequadas treinamento. visualização dos problema.
rotação do tronco e de aula assumidas Desconforto demais
flexão físico. colaboradores e
frontal/cervical do a mesa de apoio
pescoço do pc em uma
posição mais
favorável.

 Postura Troca das Lesão física. Dores coluna Interrupção Colocar novas Desinteresse e
inadequadas devido cadeiras lombar e da tarefa por cadeiras na sala Negligência.
as cadeiras estarem cervical. dores e manter uma
danificadas “braço” musculares e limpeza Recursos financeiros.
inclinados e com cansaço. constante na
mofo. sala de aula
para evitar
doenças
respiratórias.

Espacial / Arquitetural de Interior e Acessibilidade

 A sala de aula não Elaboração de Prejudicial para Risco de Dificuldade Sistema de Recursos financeiros.
possui iluminação um sistema de a vista dos acidentes e para iluminação
adequada. iluminação alunos e ergonômico realização da moderno. Negligência do
padrão para professor aula projeto arquitetônico.
Falta de rampa para sala de aulas Novos arranjos
cadeirante. Sem espaço Diminuição físicos. Permissividade do
Elaboração de para se da área de código de obras da
Equipamentos de uma rampa de movimentar de trabalho. Construir cidade.
informática mau acesso. forma segura e rampa para
instalados. confortável para Desconforto deficientes.
qualquer físico.
cadeirante.
Problemas físico-ambientais e Problemas Urbanísticos

Descumprimento  Cumprir as Estresse  Doenças Afastamento Reprojetar o  Falta de visão por


da NR 17. ações da ocupacionais e centro de parte dos
Intervenção Irritabilidade doenças Absenteísmo treinamento de empregadores.
Ergonômica profissionais acordo com a
Cansaço Baixo intervenção
Acidente de rendimento ergonimizadora
trabalho .

Propor
melhoria no
ambiente de
trabalho

 Executar as
ações proposta
pelo PPRA com
objetivo de
eliminar e/ou
atenuar os
agentes físico,
ergonômicos e
acidentários.

Morais e Mont’Alvão, 2000

Os principais problemas identificados e priorizados, conforme o grau de risco de acidente de


trabalho e doenças ocupacionais são: temperatura do ambiente (ultrapassando o limite de conforto
sonoro que é de 20º a 23º), luminosidade (ultrapassando o limite de conforto lumínico), a instalação
de um novo sistema de iluminação moderno e padrão normativo, aquisição de novas cadeiras e
elaboração da rampa de acesso para cadeirantes no local.
Os problemas priorizados serão avaliados e analisados com mais profundidade visando
descobrir as causas desses desvios. Uma vez reconhecido a causa e o efeito desses problemas o
próximo passo será a elaboração de melhoria, ou seja, eliminar ou reduzir os efeitos dos problemas.
Tais medidas visam proporcionar um ambiente mais agradável e confortável para os alunos e
instrutor, durante o desempenho de seus treinamentos na sala de aula.

5 - DIAGNOSE ERGONÔMICA

A diagnose ergonômica permite aprofundar os problemas priorizados e testar predições.


Fazem-se a análise macroergonômica e/ou a análise da tarefa dos sistemas homem-tarefa-máquina.
Consideram-se a ambiência tecnológica, o ambiente físico e o ambiente organizacional da tarefa. É
o momento das observações sistemáticas das atividades ministradas em sala de aula, dos registros
de comportamento dos alunos, em situação real de treinamento.

6- REGISTRO DE MOVIMENTOS

De acordo com Iida (1990) com relação aos movimentos, existem diversas técnicas de
registro, desde os audiovisuais a registros mais simples como esboço feito diretamente no papel,
inclusive com o auxílio dos gabaritos antropométricos. O registro dos movimentos é feito em um
sistema de planos triortogonais (sagital, coronal e transversal). O plano sagital é representado com
uma vista lateral esquerda ou direita. O plano coronal é representado com uma vista frontal anterior
ou uma vista frontal posterior e o plano transversal são representados com vista superior, inferior e
caudal, conforme a figura abaixo.

Plano sagital Plano coronal Plano transversal


.

Registro dos movimentos

O alcance dos membros pode ser registrado através desses planos, cuja conjugação (dos três
com concomitância) fornece um traçado volumétrico de alcance. Podendo ser representado tanto
pelo de área preferencial (zona de conforto) com também pelo alcance máximo (zona de
desconforto), conforme figura abaixo.

Zona de desconforto e zona de conforto

7- PARÂMETROS E DIRETRIZES ERGONÔMICAS PARA ESTAÇÃO DE TRABALHO DOS INSTRUTORES NA SALA DE


AULA

Esta etapa visa estabelecer parâmetros e diretrizes ergonômicas para o posto de trabalho dos
instrutores na sala de aula, de acordo com NR-17. Também terá embasado em todo referencial
teórico apresentado ao longo desse estudo. Tais medidas visam proporcionar um ambiente mais
agradável e confortável para os instrutores de treinamentos durante o desempenho de suas
atividades laborais.
Para poder estabelecer parâmetros e diretrizes ergonômicas em uma sala de aula, deve-se
conhecer a intensidade e a frequência dos agentes que afetam o ambiente de trabalho, tais como: o
desconforto térmico e acústico, excesso/falta de luminosidade, problema de arranjos físicos,
mobiliário e equipamentos.
Buscando um meio de promover o conforto na sala de aula onde são realizados os
treinamentos no CT, a ergonomia, corretamente aplicada como a antropometrica, a biomecânica e
os métodos de intervenção ergonomizadora, pode-se eliminar e/ou atenuar os principais agentes
causadores de risco à saúde dos instrutores e alunos, mas é necessária a execução de todos os
problemas levantados na fase da apreciação e diagnose ergonômica realizada in loco.
As soluções ergonômicas habitualmente aplicadas nos centro de treinamentos estão no
âmbito físico e refere-se a melhorar as condições de conforto relacionadas ao ambiente de trabalho,
onde os instrutores realizam suas atividades e os alunos adquiram o conhecimento, como conforto
acústico, térmico e luminosidade. Já atividade física está relacionada ao âmbito das características
da anatomia humana como antropometria, fisiologia e biomecânica.
A sala de aula do CT, onde são realizadas as instruções e treinamentos de várias NR’S. É o
setor da empresa na qual eu trabalho que dá a primeira impressão do tipo de treinamento aos alunos,
sendo assim, as condições ambientais em favorecendo os alunos, beneficiam também os instrutores
e a empresa, ganhando ainda mais espaço no mercado de trabalho.

9- PARÂMETROS ERGONÔMICOS PARA CONFORTO AMBIENTAL

De acordo com NR-17.5.1, as condições ambientais de trabalho devem estar adequadas às


características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. Toda
atividade desenvolvida nessa sala de aula do CT, está inserida numa determinada área, num dado
espaço arquitetônico, onde este local pode favorecer ou dificultar a execução das atividades dos
instrutores, assim como gerar uma queda na solicitação de serviços e realizações de treinamentos.
As empresas que não investirem em SST tendem a registrar maior número de benefícios acidentários
(B-91), obrigando abrir a CAT (Comunicação de Acidente do Trabalho), causados por acidentes de
trabalho e doenças ocupacionais e tendo como consequência as penalizações previdenciárias com
uma alíquota maior do FAP, ou seja, um aumento de 100% do SAT (Seguro de Acidente do Trabalho)
e trabalhista como interdição e multas.

NÍVEIS DE CALOR
Dentro do projeto ergonômico do ambiente de trabalho, Slack et al (1997), ressaltam a
importância em prever as reações dos indivíduos à temperatura de trabalho. Os indivíduos variam o
seu desempenho e conforto de acordo com a variação da temperatura. Além disso, a maioria das
pessoas que julgam a “temperatura” também é influenciada por outros fatores, como unidade e
movimento do ar.
A NR-17.5.2 recomenda o índice de temperatura efetiva entre 20 e 23° C, velocidade do ar
não-superior a 0,75m/s e umidade relativa do ar não inferior a 40%. A norma ISO 9241 recomenda
temperaturas de 20 a 24° C no inverno e 23 a 26° C no verão, com umidade relativa oscilando entre
40 e 80%. A climatização dos locais de trabalho onde há solicitação intelectual e atenção constante
deve manter uma temperatura regular e agradável e isso pode ser obtido através de sistema de
climatização (ventilação artificial). Foi verificado na sala de aula que devido o mau funcionamento do
ar condicionado essa temperatura se mantém constante, porém abaixo de 20º C.
Visando propor o conforto térmico na sala de aula do CT recomenda-se a manutenção do
sistema de climatização, através de empresas especializadas no setor de refrigeração. Devido a sala
ser isolada e localizada internamente ao CT, onde apresenta pouca arborização e pouco espaço, a
ventilação natural não seria suficiente para atender a temperatura mínima exigida pela legislação.

PARÂMETROS E DIRETRIZES ERGONÔMICAS PARA REDUÇÃO DA TEMPERATURA


Parâmetros e diretrizes Recomendações ergonômicas
NR – 17 Manutenção do sistema de climatização com objetivo de atender
a temperatura mínima exigida.
2.3. Em relação ao ambiente físico de trabalho e
ao conjunto do posto de trabalho, deve-se: Recomendação da manutenção do ar condicionado da sala
de aula.
a) manter as condições de iluminamento, ruído,
conforto térmico, bem como a proteção contra
outros fatores de risco químico e físico, de acordo
com o previsto na NR-17 e outras normas
regulamentadoras;
b) proteger os instrutores e alunos contra
correntes de ar, vento ou grandes variações
climáticas, quando necessário;
c) utilizar superfícies opacas, que evitem reflexos
incômodos no campo visual dos alunos.
NR – 17.5
17.5.2. Nos locais de trabalho onde são
executadas atividades que exijam solicitação
intelectual e atenção constantes, tais como: salas
de controle, laboratórios, escritórios, salas de
desenvolvimento ou análise de projetos, dentre Foi registrado temperatura abaixo de 20° C constante, sem que
outros, são recomendadas as seguintes houvesse diminuição na temperatura, caso não desligue o ar
condiçôes de conforto: condicionado.

a) níveis de ruído de acordo com o estabelecido


na NBR 10152, norma brasileira registrada no
INMETRO;
b) índice de temperatura efetiva entre 20oC
(vinte) e 23º C (vinte e três graus centígrados);
c) velocidade do ar não superior a 0,75m/s;
d) umidade relativa do ar não inferior a 40
(quarenta) por cento
17.5.2.1. Para as atividades que possuam as
características definidas no subitem 17.5.2, mas
não apresentam equivalência ou correlação com Foto do Ar condicionado da sala de aula.
aquelas relacionadas na NBR 10152, o nível de
ruído aceitável para efeito de conforto será de até
65 dB (A) e a curva de avaliação de ruído (NC) de
valor não superior a 60 dB.
17.5.3.3. Os níveis mínimos de iluminamento a
serem observados nos locais de trabalho são os
valores de iluminâncias estabelecidos na NBR.

NÍVEIS DE ILUMINAÇÃO

Para Slack et al (1997), a intensidade de iluminação requerida para desempenhar qualquer


trabalho dependerá de sua natureza. Os trabalhos que envolvem movimentos mais delicados e
precisos requerem níveis muito altos de iluminação, já trabalhos menos delicados requerem níveis
menores de iluminação.
A NR-17 remete à Norma Brasileira (NBR 5413), que trata apenas das iluminâncias
recomendadas nos ambientes de trabalho. A iluminação adequada não depende só da quantidade
de lux que incide no plano de trabalho. Depende também da refletância dos materiais, das dimensões
do detalhe a ser observado ou detectado, do contraste com o fundo. Foi realizado uma pesquisa com
os alunos e instrutores que já passaram por essa sala de aula. A situação mais desejada seria aquela
em que, além do iluminamento geral, o instrutor dispusesse de fontes luminosas individuais nas quais
pudesse regular a intensidade. Tendo em vista regular também o brilho dos equipamentos de
informática presentes em sala de aula.
De acordo com a NR-17.5.3 recomenda que todos os locais de trabalho, deve haver
iluminação adequada, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada a natureza da atividade.

PARÂMETROS E DIRETRIZES ERGONÔMICOS PARA NÍVEIS DE ILUMINAMENTO.


Parâmetros e diretrizes Recomendações ergonômicas

Segundo a NBR 5413 (ABNT, 1992), o nível de iluminância Recomendação de alteração na iluminação.
para salas de aula deve estar compreendido entre 200 lux
e 500 lux.

PARÂMETROS ERGONÔMICOS PARA O MOBILIÁRIO E EQUIPAMENTO NA SALA DE AULA

De acordo com as anotações, observa-se que a maioria dos instrutores mantém suas posturas
sentadas, pois afirmam ser mais confortável do que a postura em pé. Caso o instrutor preferisse
apresentar em pé não teria espaço suficiente para mostrar de forma correta a sua apresentação,
tendo em vista o afastamento da sua posição com o mouse a mesa de apoio para passar a sua
apresentação.
Além do mais, ficar em pé no local de trabalho por tempo prolongado não só causa uma fadiga
da musculatura responsável pelo trabalho estático, mas também o desconforto causado por
condições adversas de retorno do sangue. (Grandjean, 1991).
Esta norma (NR 17) recomenda atender às características dos trabalhadores (áreas de visão
e manipulação), verificando distâncias e alturas, assegurar postura nas posições sentada e em pé,
garantir espaço adequado para movimentação, manter cadeira de trabalho e em boa condição de
uso, colocar apoio para os pés e mobília correta para uma sala de aula.
PARÂMETROS E DIRETRIZES ERGONÔMICAS PARA O MOBILIÁRIO E EQUIPAMENTO NA SALA DE AULA

Parâmetros e diretrizes Recomendações ergonômicas


NR – 17 b) Substituir as cadeiras por cadeiras ergonômicas e específicas
para sala de aula, de acordo com a NR 17.3.3.
17.4.1. Todos os equipamentos que compõem um
posto de trabalho devem estar adequados às Recomendação da cadeira universitária para a sala de aula.
características psicofisiológicas dos trabalhadores
e à natureza do trabalho a ser executado.

Dimensões, de acordo com a Norma NR 17


10- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho diz respeito, principalmente, à identificação dos problemas diretamente


relacionados as condições ergonômicas na sala de aula em um centro de treinamento, onde são
realizados diversos cursos e treinamentos de NR’S. O estudo dos parâmetros e diretrizes para
adequação das condições de trabalho destes instrutores e no caso dos alunos se torna útil e de
extrema importância para a análise dos fatores preponderantes nos treinamentos, proporcionando
um melhor direcionamento das ações que visam a melhoria da qualidade de vida na sala de aula.
O presente estudo foi contextualizado a partir de um levantamento sobre o layout, fornecendo
elementos importantes para aplicação da ergonomia nesta sala. Também foram abordados os
principais requisitos para a execução de melhorias na parte estrutural e mobiliaria.
O estudo diagnosticou problemas ergonômicos na sala de aula do centro de treinamento,
utilizando a metodologia de Sistema Humano-Tarefa-Máquina, SHTM, de Moraes e Mont’Alvão
(2000), embasado na NR-17. Esta metodologia contribuiu de forma significativa para a identificação,
compreensão e análise dos problemas na sala de aula do CT. Esta etapa do estudo foi importante
porque permitiu a elaboração de um parecer ergonômico constituído por elementos referentes a
classificação dos problemas, requisitos, constrangimentos da tarefa, custos humanos do trabalho e
sugestões preliminares de melhorias.
Quanto a formulação e priorização destes problemas diagnosticados no CT ficou evidente que
ao decorrer da apresentação o instrutor tem uma constante rotação do tronco e flexão frontal/cervical
do pescoço e o aluno dispõe de cadeiras com defeitos para realização de suas atividades; falta de
espaço na entrada da sala de aula para a passagem de clientes cadeirantes, com isso não
oferecendo condições de acessibilidade para os clientes.
Uma vez que a metodologia ajudou a diagnosticar cada situação, a etapa seguinte consistiu
nas propostas de melhorias para solucionar os problemas ergonômicos e de acessibilidade e com
isso alinhando a sala de aula do centro de treinamento aos parâmetros e diretrizes ergonômicas
determinadas pela NR 17. Foi proposta uma melhoria na luminosidade, manutenção do ar
condicionado, troca das cadeiras dos alunos, mesa para o instrutor, uma rampa de acesso, um layout
que permite a visualização da apresentação onde as dimensões referenciais e acessíveis para os
instrutores e alunos cadeirantes.
A Intervenção ergonomizadora, de Moraes e Mont´Alvão (2000), mostra-se apropriada para o
diagnostico na ausência dos parâmetros e diretrizes ergonômicas da NR – 17 e de acessibilidade da
NBR 9050/2004 na sala de aula do centro de treinamento onde trabalho atualmente.
Sem dúvidas estarei informando aos superiores e responsáveis, por questões de manutenção
e melhorias o seguinte estudo apresentado nesta disciplina.

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