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SUMÁRIO
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
Exercício..............................................................................................................26
Aula 03 – PRISÃO.............................................................................................29
1. Tipos de Prisão................................................................................................29
1.1 Prisão em Flagrante..................................................................................29
1.1.1 Hipóteses de Prisão em Flagrante................................................30
1.1.2 Sujeitos do Flagrante....................................................................30
1.1.3 Fases da Prisão em Flagrante.......................................................31
1.2 Prisão Preventiva.....................................................................................31
1.3 Prisão Domiciliar.....................................................................................32
1.4 Prisão Temporária....................................................................................33
Exercícios.............................................................................................................34
Aula 04 – PRISÃO (continuação).....................................................................35
1. Direitos e Garantias do Preso..........................................................................36
2. Prisão de Magistrados e Membros do Ministério Público..............................36
3. Considerações Gerais sobre a Prisão..............................................................38
3.1 Momento da Prisão..................................................................................38
3.2 Imunidades Prisionais..............................................................................39
3.3 Emprego de Força....................................................................................40
3.4 Uso de Algemas.......................................................................................41
3.5 Medidas Cautelares de Natureza Pessoal Diversas da Prisão..................42
4. Cabimento do Habeas Corpus........................................................................42
Exercícios............................................................................................................43
Aula 05 – PROVAS...........................................................................................46
1. Legalidade das Provas...................................................................................46
2. Cadeia de Custódia das Provas......................................................................47
Exercícios.............................................................................................................49
Aula 06 – JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – JECRIM.......................52
Exercícios............................................................................................................ 53
Referências ........................................................................................................56
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
3. Interpretação Extensiva e Aplicação Analógica da Lei Processual Penal
O Art 3° do CPP prevê que "a lei processual penal admitirá interpretação
extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de
direito". Assim, dentre as várias formas de interpretar a lei, o processo penal autoriza
expressamente a interpretação extensiva, isto é, ampliando o alcance da lei, extraindo-se
de sua análise que o dispositivo disse menos do que pretendeu o legislador. Exemplo:
onde se lê "réu", no Código, pode-se ler "indiciado". Da mesma forma, autoriza a
aplicação analógica, que "significa o emprego da analogia, que é a aplicação da lei a
casos semelhantes por ela regulados" (DAMÁSIO, 2007, p 04).
a. Da intimação;
b. Da audiência ou sessão de julgamento em que for proferida a decisão, estando
presente a parte;
c. Do dia em que a parte manifestar, nos autos, ciência da sentença ou despacho.
Sobre prazo, a Súmula 710 do STF define: "No processo penal, contam-se os
prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta
precatória ou de ordem".
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
Podem ser explícitos, isto é, estampados em norma legal, ou implícitos, ou seja,
extraídos da interpretação que se faz do conjunto de normas.
No Brasil, tendo em vista a importância do bem jurídico em questão na discussão
de uma causa penal - via de regra, a liberdade -, boa parte dos princípios informadores
do processo penal está disposta na Constituição da República, entre os direitos e
garantias individuais. A maioria deles, por seu turno, é repercussão da adesão do Brasil
à Convenção Americana de Direitos Humanos, conhecida como Pacto de San José da
Costa Rica, ratificada pelo País em 25 de setembro de 1992 e promulgada por meio do
Decreto nº 678, de 6 de novembro de 1992.
Não bastasse a inspiração, a própria Convenção pode vir a ganhar status de
emenda constitucional se aprovada em cada Casa do Congresso, em dois turnos, por 3/5
dos votos, nos termos da redação do Art 5°, § 3°, da Constituição da República,
acrescido pela Emenda Constitucional nº 45/2004.
Vejamos quais são os mais importantes princípios informadores de nosso processo
penal:
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
a. de acesso à Justiça Penal;
b. do juiz natural em matéria penal;
c. de tratamento paritário dos sujeitos parciais do processo penal;
d. da plenitude de defesa do indiciado, acusado ou condenado, com todos os meios e
recursos a ela inerentes;
e. da publicidade dos atos processuais penais;
f. da motivação dos atos decisórios penais;
g. da fixação de prazo razoável de duração do processo penal, e;
h. da legalidade da execução penal.
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
aproximar-se o quanto possível da realidade dos fatos. É a busca da "verdade
verdadeira".
Difere do processo civil, no qual vigora a verdade formal, pois neste, para aplicar
o direito, via de regra, basta ao juiz conformar-se com a verdade trazida aos autos; não
há necessidade de buscar a verdade real.
Tal princípio, contudo, comporta algumas exceções no processo penal, a saber:
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
4.7 Princípio da Motivação das Decisões- CF, Art 93, IX.
As decisões judiciais precisam sempre ser motivadas para garantir as partes contra
o arbítrio do julgador, que deve, assim, expor os motivos pelos quais decidiu de tal
forma, ou seja, o porquê decidiu em determinado sentido.
Tal princípio encontra grande exceção em nosso sistema processual no que diz
respeito à decisão proferida pelos jurados, integrantes do Conselho de Sentença, no
Tribunal do Júri. Os jurados decidem por íntima convicção, sendo impedidos de mani-
festar as razões que os levaram a adotar um ou outro caminho na decisão da causa.
Princípio que determina que os atos judiciais devam ser públicos, afastando, via
de regra, o sigilo, que caracteriza os procedimentos inquisitivos. Tal princípio é
verdadeiro instrumento de controle social, pois com a publicidade dos atos a sociedade
se garante contra eventual arbítrio do julgador.
A regra é que a publicidade seja ampla, porém comporta exceções. Ela será
restrita nos casos em que a defesa da intimidade e o interesse social exigirem. Neste
caso, a publicidade dar-se-á somente em relação às partes e aos seus procuradores ou
somente em relação a estes.
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
regra através da nova redação dada ao Art 399 e parágrafos, do Código de Processo
Penal, pela Lei nº 11.719/2008. Estabelece que o magistrado que presidiu a instrução
criminal é quem deve julgar o processo, ou seja, o juiz que tomou contato com a
produção da prova é quem vai decidir a causa.
5. Ação Penal
5.1 Conceito
5.2 Finalidade
5.3 Classificação
A ação penal pode ser pública ou privada, conforme a iniciativa.
Pública = Promovida pelo MP (denúncia).
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
Privada = Iniciada pelo ofendido (queixa-crime).
A ação penal pública divide-se em incondicionada = a atuação do Ministério
Público não está sujeita a nenhum tipo de condição -, e condicionada = o MP só
pode agir se houver representação da vítima (exemplos Arts. 130, § 2º, 147, parágrafo
único, etc., do CP) ou requisição do Ministro da Justiça (exemplo: Art 141, I, do CP -
confira Art 145, parágrafo único do mesmo diploma legal).
Na ação penal pública condicionada a titularidade é do Ministério Público
que, todavia, só pode oferecer a denúncia se estiver no caso concreto à representação
da vítima ou a requisição do Ministro da Justiça que contituem, assim, condições de
procedibilidade.
Na ação penal pública condicionada, o ofendido (ou seus sucessores = CPP, Art
24, § 1°), tem o prazo de seis meses, a contar da data em que souber quem é o autor do
crime – Art. 38, CPP -, para oferecer representação. Se não agir nesse período,
ocorrerá a decadência = perda do direito de ação - e, consequentemente, provocará a
extinção da punibilidade do autor do delito = CP, Art. 107, IV.
Por ser regra no processo penal, no silêncio da lei, a ação será pública
incondicionada.
Importante salientar que nos crimes em que se procede mediante ação penal
pública, havendo indícios de autoria e materialidade colhidos durante as investigações,
o oferecimento da DENÚNCIA - pelo MP - é obrigatório.
Ação Penal Privada é aquela em que a iniciativa da propositura da ação é
conferida à vítima. É certo que a peça inicial da ação se chama QUEIXA-CRIME.
Confira Art. 145 1ª parte do CP “Nos crimes previstos neste Capítulo somente se
procede mediante queixa, [...]”.
A ação penal privada divide-se em:
Se a vítima for criança, adolescente ou incapaz, a ação poderá ser proposta pelo
representante legal.
Na hipótese de morte da vítima, a ação poderá ser proposta por seus sucessores
(cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão – Art. 31 do CPP). Se a
vítima morrer quando a ação já estiver em andamento, estes (sucessores) poderão
prosseguir com a ação.
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
A ação privada deve ser intentada no prazo de seis meses, a contar da data em
que o ofendido souber quem é o autor da infração penal - Art 38, CPP. Se nada for feito,
ocorrerá a decadência = perda do direito de ação e extinção da punibilidade do autor
do crime.
Personalíssima = A ação só pode ser proposta pela vítima.
Subsidiária da pública = Nos casos em que a ação penal seja de iniciativa pública e
o Estado, através do Ministério Público, não intenta a ação penal no prazo legal (cinco
dias, em caso de indiciado preso e quinze dias, se estiver solto ou afiançado, conforme
Art. 46, CPP), o ofendido ou seu representante legal poderão subsidiariamente, ajuizá-
la. (Confira Art. 5º, LIX, da CF; Art. 29, do CPP e Art. 100, § 3º, do CP).
A existência da ação penal privada susidiária da pública constitui garantia
constituicional do ofendido contra possível desídia ou arbitrairedade do Estado
(representado pelo MP).
Esta deve ser ajuizada no prazo máximo de seis meses (Art. 38, parte final,
CPP); se não o fizer, cabe apenas ao MP promovê-la, desde que a punibilidade não
esteja extinta pelo decurso do prazo prescricional (Art. 109 do CP).
Para que o pedido seja juridicamente possível é preciso ser endereçado ao juízo
solicitando a condenação do réu a uma pena ou, se inimputável, a imposição de uma
medida de segurança. É necessário que o fato descrito na denúncia ou na queixa seja
típico, ou seja, que a conduta do agente se amolde a um tipo penal (crime ou
contravenção) qualquer.
Para haver legitimidade para agir, se a ação for pública, só pode ser proposta pelo
Ministério Público e, caso seja, de iniciativa privada, deverá ser proposta pelo ofendido
ou seu representante legal.
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
Interesse de agir (Interesse processual)
No processo, para que a ação penal seja admitida é preciso que existam indícios
suficientes de autoria e de materialidade para permitir sua propositura. É, também,
necessário que não esteja extinta a punibilidade pela prescrição ou por qualquer outra
causa.
SAIBA MAIS...
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
Exercícios
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
ACONTECEU...
Era por volta das 14h30m do dia 23/08/2015, quando 15 jovens, a maioria da
periferia do Rio, se revezavam em um banco para quatro lugares no corredor
externo do Centro Integrado de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Ciaca),
em Laranjeiras, após terem sido recolhidos pela Polícia Militar. O motivo?
Estavam indo para as praias da Zona Sul do Rio.
“Tiraram “nós” do ônibus pra sentar no chão sujo e entrar na Kombi. Acham
que “nós” é ladrão só porque “nós” é preto” - disse X., de 17 anos, morador do
Jacaré, na Zona Norte.
Do grupo que havia sido retirado de um ônibus que chegava a Copacabana, só
um rapaz era branco. Os outros 14 tinham o mesmo perfil: negros e pobres. Todos
os jovens estavam em linhas que saem da Zona Norte em direção à orla. Nenhum
deles portava drogas ou armas.
Fonte: http://extra.globo.com/noticias/rio/pm-aborda-onibus-recolhe-adolescentes-
caminho-das-praias-da-zona-sul-do-rio-17279753.html
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
No dizer de Rogerio Greco: “A busca domiciliar, em veículos ou mesmo pessoal é
uma constante na atividade policial. No entanto, não se tolera que seja arbitrária ou
desnecessária.” (Atividade Policial. 6ª ed. - Niterói/RJ: Impetus, 2014, p. 35.)
Diante disto, o CPP relacionou as hipóteses em que pode ocorrer tal medida
(busca e apreensão):
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal:
§ 1º proceder-se-a a busca domiciliar, quando fundadas razões a
autorizem, para:
a. prender criminosos;
b. apreender coisas achadas ou obtidas por meios fraudulentos;
c. apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos
falsificados ou contrafeitos;
d. apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de
crime ou destinados a fim delituoso;
e. descobrir objetos necessários à prova de infração ou a defesa do
réu;
f. apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em
seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu
conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;
g. apreender pessoas vítimas de crimes;
h. colher qualquer elemento de convicção.
§ 2º Proceder-se-á busca pessoal quando houver fundada suspeita
de que alguém oculte consigo arma proibida ou objeto mencionado
nas letras b e f e letra h do parágrafo anterior. (Grifamos)
2. Espécies de Busca
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
2.1 Busca Pessoal
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
Não resta dúvida de que a subjetividade da expressão fundada suspeita permite
inúmeras interpretações, possibilitando a realização de condutas ofensivas aos direitos
do cidadão, podendo caracterizar crimes de abuso de autoridade, conforme estatui os
(arts 3º e 4º, da Lei nº 4898/65).
Cabe alertar, que a busca pessoal em mulheres, prevista nos (Art.s 249 do CPP e
183 do CPPM), deve ser efetuada preferencialmente por outra mulher, confira:
“Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não
importar retardamento ou prejuízo da diligência”.
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
Ementa: PENAL E PROCESSUAL PENAL. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO.
CRIME DE MERA CONDUTA E DE PERIGO ABSTRATO. BUSCA PESSOAL
LEGÍTIMA. ARMA PARCIALMENTE APTA PARA EFETUAR DISPAROS.
TIPICIDADE. FIXAÇÃO DA PENA AQUÉM DO MÍNIMO. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA 231, DO STJ. SENTENÇA MANTIDA.
1. O delito de porte de arma, tipificado no Art. 14, caput da Lei nº 10.826 /03 é de
natureza permanente, o que significa dizer que o estado de flagrância se protrai no
tempo, tornando legítima a atuação policial;
2. A arma de fogo, ainda que defeituosa, pode caracterizar o crime de porte ilegal, por
se tratar de crime de perigo abstrato, sendo irrelevante o perfeito funcionamento do
artefato, especialmente quando os peritos conseguiram obter disparos operando em ação
simples ,com o engatilhamento prévio, seguido do acionamento do gatilho;
3. Ademais, no caso concreto, em poder do réu também foi apreendida munição, o que
por si sóconfigura o tipo penal previsto no (Art. 14, caput, da Lei 10.826 /2006);
4. O reconhecimento de atenuante não autoriza a redução da pena aquém do mínimo
legal, conforme jurisprudência consagrada no enunciado da Súmula 231, do STJ;
5. Recurso conhecido e desprovido.
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
concreto de ocorrência de alguma das situações que autorizam a busca pessoal,
evitando-se submeter pessoas aleatoriamente à revista pessoal;
3. Embora a suspeita de porte de substância entorpecente ilícita possa justificar a adoção
dessa medida, não se pode considerar a comunicação genérica de que havia pessoas
consumindo drogas em determinado bar como indício concreto de que o apelante estava
nessa situação, pois não constam dos autos que tenham sido informadas características
dos suspeitos para que os policiais pudessem identificar o recorrente como um deles.
Tampouco há relato de que a equipe tenha realizado alguma diligência antes da
abordagem a fim de que, diante dessa informação imprecisa, eles concluíssem que o
apelante poderia ser uma daquelas pessoas que supostamente estariam consumindo
drogas no bar. Também não há notícia de que havia poucos clientes no estabelecimento,
reunidos numa mesma mesa, de modo que aquela comunicação não poderia ser
referente a outros indivíduos, senão àquele único grupo ali reunido;
4. Uma vez que não existe nos autos prova suficiente de que havia suspeita fundada de
que o apelante estava em alguma das situações que justificam a busca pessoal, há
dúvida acerca da legalidade da própria ordem emanada pelos policiais, de modo que o
recorrente deve ser absolvido com fundamento no (Art. 386, inciso VII, do Código de
Processo Penal, em consonância com o princípio “in dubio pro reo”. 5. Recurso
provido).
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
Excepcionalmente, poderá ser feita sem a ordem judicial: em casos de flagrante
delito ou desastre, quando realizado pela própria autoridade judiciária ou com o
consentimento prévio do morador.
Por ser medida de caráter cautelar e excepcional a busca domiciliar, guarda
relação com alguns direitos e garantias fundamentais, como já foi dito, em especial a
garantia da inviolabilidade do domicílio (Art. 150, do CP).
As buscas, bem como, a apreensão são importantes formas de coleta de provas no
processo penal. Em muitos casos, as provas obtidas através de tais procedimentos
constituem a sustentação da acusação, e delas depende o resultado da lide penal.
3. Conceito de domicílio
O conceito de domicílio para o direito penal deve ser compreendido em sentido
amplo como está contido no Art. 150, § 4º, do CP, ou seja, é considerado domicílio,
além da casa, qualquer compartimento habitado, aposendo ocupado de habitação
coletiva e o compartimento não aberto ao públlico, onde alguém exerce profissão
ou atividade.
Diante disto, estão incluidos no referido conceito, portanto, casas - incluindo suas
dependências: garagem, quintal, etc., apartamentos, quartos de hotel ou motel, barracos
de favela, etc, desde que devidamente habitados, além de escritórios, consultórios e a
parte interna das oficinas.
O mencionado Art. define que não estão incluídos no conceito de domicílio, as
hospedarias, estalagens e habitações coletivas, desde que abertas ao público - ou seja,
em atividade, além de tavernas, casas de jogos, bares, igrejas e estabelecimentos
comerciais em suas dependências de acesso livre ao público.
Os veículos não são considerados casa para efeito de proteção legal, salvo se
houver parte destinada a moradia ou repouso, como nos trailers.
Veja como vem decidindo a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal de
Justiça no que tange a questão da inviolabilidade do domicílio: STJ, RESP
1.574.681/RS, SEXTA TURMA, Julgado em 03/05/2017.
[...] 3. O ingresso regular de domicílio alheio depende, para sua validade e regularidade,
da existência de fundadas razões (justa causa) que sinalizem para a possibilidade de
mitigação do direito fundamental em questão. É dizer, somente quando o contexto
fático anterior à invasão permitir a conclusão acerca da ocorrência de crime no
interior da residência é que se mostra possível sacrificar o direito à inviolabilidade
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
do domicílio. 4. O Supremo Tribunal Federal definiu, em repercussão geral, que o
ingresso forçado em domicílio sem mandado judicial apenas se revela legítimo – a
qualquer hora do dia, inclusive durante o período noturno – quando amparado em
fundadas razões, devidamente justificadas pelas circunstâncias do caso concreto,
que indiquem estar ocorrendo, no interior da casa, situação de flagrante delito (RE
n. 603.616/RO, Rel. Ministro Gilmar Mendes) DJe 8/10/2010). [...]12. A mera intuição
acerca de eventual traficância praticada pelo recorrido, embora pudesse autorizar
abordagem policial, em via pública, para averiguação, não configura, por si só,
justa causa a autorizar o ingresso em seu domicílio, sem o consentimento do
morador – que deve ser mínima e seguramente comprovado – e sem determinação
judicial. 13. Ante a ausência de normatização que oriente e regule o ingresso em
domicílio alheio, nas hipóteses excepcionais previstas no Texto Maior, há de se aceitar
com muita reserva a usual afirmação – como ocorreu na espécie – de que o
morador anuiu livremente ao ingresso dos policiais para a busca domiciliar,
máxime quando a diligência não é acompanhada de qualquer preocupação em
documentar e tornar imune a dúvidas a voluntariedade do consentimento. 14. Em
que pese eventual boa-fé dos policiais militares, não havia elementos objetivos,
seguros e racionais, que justificassem a invasão de domicílio. Assim, como
decorrência da Doutrina dos Frutos da Árvore Envenenada (ou venenosa, visto que
decorre da fruits of the poisonous tree doctrine, de origem norte-americana), consagrada
no art. 5º, LVI, da nossa Constituição da República, é nula a prova derivada de
conduta ilícita – no caso, a apreensão, após invasão desautorizada do domicílio do
recorrido, de (18 pedras de crack )–, pois evidente o nexo causal entre uma e outra
conduta, ou seja, entre a invasão de domicílio (permeada de ilicitude) e a apreensão de
drogas.
No mesmo sentido vem decidindo o Supremo Tribunal Federal: STF, PLENO, RE
603.616, Relator Ministro Gilmar Mendes. Julgado em 05/11/2015.
[...]5. Justa causa. A entrada forçada em domicílio, sem uma justificativa prévia
conforme o direito, é arbitrária. Não será a constatação de situação de flagrância,
posterior ao ingresso, que justificará a medida. Os agentes estatais devem demonstrar
que havia elementos mínimos a caracterizar fundadas razões (justa causa) para a
medida. 6 . Fixada a interpretação de que a entrada forçada em domicílio sem mandado
judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas
razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e
penal do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos praticados.
Exercícios
1- (Oficial da PMEMG-2013) – Sobre a busca e apreensão, marque a
alternativa CORRETA:
a) É meio de prova produzida desde o início sob o amparo do princípio do
contraditório, com a participação de ambas as partes.
b) Não é possível o emprego de força e o arrombamento em casos de ausência do
morador ou de qualquer pessoa no local da realização da diligência, devendo neste
caso, a autoridade certificar no mandado o ocorrido.
c) A busca pessoal não depende de autorização judicial, ainda que haja violação ao
direito constitucional à intimidade.
d) No curso da diligência de busca domiciliar é proibido realizar busca pessoal.
2- (Del. Pol. SP-2008) – A diligência de busca efetuada em trailer rebocado por
automóvel que se destina à habilitação do motorista:
a) Prescinde de mandado judicial por se equiparar à busca pessoal.
b) Prescinde de mandado judicial, porém necessita de ordem escrita da autoridade
policial.
c) Não prescinde de mandado judicial e simultaneamente de auto de busca policial.
d) Não prescinde de auto policial de apossamento e constrição.
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
SAIBA MAIS...
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
ACONTECEU...
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
Aula 03 – Prisão.
1. Tipos de Prisão.
São as seguintes as hipóteses de prisão processual:
1.1 - prisão em flagrante;
1.2 - prisão preventiva;
1.3 – prisão domiciliar e;
1.4 - prisão temporária.
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
1.1.1 Hipóteses de prisão em flagrante
Flagrante próprio (ou real) - abrange as situações descritas nos incisos I e II. De
acordo com o inciso I, considera-se em situação de flagrância aquele que está
cometendo o crime. Na hipótese do inciso II, o agente é flagrado quando acaba de
cometer o crime, estando ainda no local;
Flagrante impróprio (ou quase flagrante) - considera-se em flagrante quem é
perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer outra pessoa, em
situação que faça presumir ser o autor da infração. Se a perseguição for iniciada logo
após a prática do crime, não existe prazo para sua efetivação, desde que seja
ininterrupta;
Flagrante presumido (ou ficto) - considera-se em flagrante quem é encontrado, logo
depois do crime, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele
autor da infração.
Flagrante retardado (prolongado, prorrogado, etc.) - Hipótese prevista na Lei nº
12.850/13, Art. 3º, III (Organização Criminosa). Decorre da chamada ação controlada,
onde o agente policial devidamente autorizado é infiltrado em uma organização
criminosa e pode deixar de intervir quando presenciar a ocorrência do delito, desde de
que mantenha a observação e o acompanhamento das ações, para efetuar a prisão no
momento mais oportuno do ponto de vista da produção de provas. Há também previsão
semelhante na Lei de Drogas, Art. 53, inciso II, da Lei nº 11.343/06, veja: “a não-
atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros
produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a
finalidade de identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de
tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível.”
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
Sujeito passivo - em regra, qualquer pessoa pode ser presa em flagrante; há,
entretanto, algumas exceções: o Presidente da República (Art. 86, § 3º, da CF/88), os
menores de 18 anos e os diplomatas estrangeiros, desde que haja tratado assinado pelo
Brasil nesse sentido, não podem ser presos em flagrante, qualquer que seja o delito
praticado.
Não podem ser presos em flagrante por crimes afiançáveis os deputados e os
senadores, os juízes e promotores de justiça e os advogados, se o crime for cometido no
desempenho de suas atividades profissionais.
1.1.3. Fases da prisão em flagrante
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
A prisão preventiva é cumprida por meio de mandado de prisão.
32 | P á g i n a
LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
Segundo constante no parágrafo único do Art. 318, para deferir a substituição, o
juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos no referido Art., em seus incisos I
ao IV.
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
Exercícios
34 | P á g i n a
LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
Obs: Não obstante a lei use a expressão “não se imporá prisão em flagrante”, deve-se
entender que é perfeitamente possível à captura e a condução coercitiva do agente até
presença da autoridade policial, estando vedada somente a lavratura do auto de prisão
em flagrante (APF) e o subsequente recolhimento ao cárcere.
35 | P á g i n a
LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
1. Direitos e Garantias do Preso
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
Prevê a Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Lei Complementar à CF nº
35/79), que:
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
[...]
Parágrafo único - Quando no curso de investigação, houver indício
da prática de infração penal por parte do membro do Ministério
Público, a autoridade policial civil, ou militar, remeterá
imediatamente, sob pena de responsabilidade, os respectivos autos ao
Procurador-Geral de Justiça, a quem competirá dar prosseguimento
à apuração.
Conforme o Art. 283, §2º do CPP, a prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e
a qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à inviolabilidade do domicílio.
Além das restrições à inviolabilidade do domicílio o Art. 236, caput, do Código
Eleitoral (Lei nº 4.737/65), proibe (veda) a prisão do eleitor nos cinco dias que
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antecedem as eleições, até quarenta e oito horas após o encerramento da votação. Essa
norma não se aplica à prisão em flagrante, por expressa disposição legal.
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Supondo que um embaixador seja flagrado desferindo tiros contra uma pessoa,
sua captura poderá ser efetuada, de modo a evitar a consumação do delito. No entanto,
uma vez impedida à prática criminosa, o auto de prisão em flagrante delito não poderá
ser lavrado. A ocorrência será registrada para efeito de se enviar provas ao seu país de
origem.
Magistrados e membros do Ministério Público, de acordo com a Lei Orgânica da
Magistratura Nacional, têm como prerrogativas não serem presos senão por ordem
escrita do Tribunal ou do Órgão Especial competente para o julgamento, salvo em casos
de flagrante delito de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará imediata
comunicação e apresentação do magistrado ao presidente do Tribunal a que esteja
vinculado. Além disso, quando no curso da investigação houver indício da prática de
crime por parte do magistrado, a autoridade policial remeterá os respectivos autos ao
Tribunal ou Órgão Especial competente para o julgamento, a fim de que prossiga na
investigação. O mesmo se aplica aos membros do Ministério Público, por força da Lei
Orgânica Nacional do Ministério Público. No caso de flagrante de crime inafiançável,
figura-se possível a captura do magistrado ou membro do Ministério Público, porém o
auto de prisão em flagrante não pode ser presidido por Delegado de Polícia;
Advogados, por motivo ligado ao exercício da profissão, somente poderão ser
presos em flagrante em caso de crime inafiançável, assegurada a presença de um
representante da OAB para a lavratura do auto respectivo;
Menores de 18 anos. Deve ser diferenciada a situação da criança (até doze anos
de idade incompletos) e do adolescente (com idade entre doze e dezoito anos
incompletos). Cuidando-se de criança, segundo o ECA (Lei nº 8.069/90), não é possível
a privação de sua liberdade em razão da prática de ato infracional, devendo a criança ser
apresentada ao Conselho Tutelar para as devidas providências (Medida de Proteção).
Quanto ao adolescente, nenhum será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato
infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente,
assim é possível sua apreensão.
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excepcional, devendo o agente limitar seu emprego àquilo que for indispensável para
vencer a resistência ativa do preso ou sua tentativa de fuga.
Agindo assim, não há que se falar em conduta ilícita por parte do responsável pela
prisão, uma vez que sua ação está acobertada pelo estrito cumprimento do dever legal
(se agente público) ou pelo exercício regular de direito (se particular), podendo, a
depender do caso em concreto, caracterizar também legítima defesa (Art. 23 do CP). Na
hipótese de resistência ativa por parte do preso, com a prática de agressão injusta ao
responsável pela prisão, pode este agir amparado pela legítima defesa, desde que se
valha dos meios necessários de maneira moderada e proporcional (Art.25 do CP), nessa
hipótese, ocorrendo à morte do opositor, será lavrado o Auto de Resistência(atualmente
com a nomenclatura de “homicídio decorrente de oposição à ação policial” ou no caso
de lesão corporal “ lesão corporal decorrente de oposição à interveção policial”).
Instaurado o competente inquérito policial para apurar as circunstâncias do fato e a
conduta do executor.
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3.5 Medidas cautelares de natureza pessoal diversas da prisão
O CPP em seu Art. 319 relaciona nove medidas cautelares alternativas à prisão,
ou seja, medidas coercitivas que substituem o cárcere cautelar, com menor dano para a
pessoa humana, porém com similar garantia da eficácia do processo.
A CF/88 prevê em seu Art. 5º, inciso LXVIII, que será concedido habeas corpus
sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Diante disto, o habeas corpus destina-se a fazer cessar coação ou ameaça de
coação a direito de locomoção da pessoa, por ilegalidade ou abuso de poder.
São duas as espécies de habeas corpus: o preventivo, quando determinada pessoa
corre o risco de ter seu direito de locomoção cerceado, e o repressivo ou liberatório,
para quando a pessoa já está com a constrição de sua liberdade consumada.
Este é o remédio para o caso de prisão ilegal, quando não for cabível o
relaxamento de prisão previsto no Art 5º, XLV, da CF, sendo certo que uma medida não
impede a outra.
As partes em uma ação de habeas corpus são: impetrante, que pode ser qualquer
pessoa, o paciente, que é a pessoa em nome de quem é impetrado o HC e a autoridade
coatora, que é a pessoa responsável pela coação ilegal.
O CPP prevê em seu Art 647 a concessão do habeas corpus e no Art. seguinte
(648), enumera as hipóteses de coação consideradas ilegais que autorizam a sua
concessão:
a. quando houver falta de justa causa (para a ação, prisão ou investigação);
b. quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
c. quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
d. houver cessado o motivo que autorizou a coação;
e. quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos caos em que a lei autoriza;
f. quando o processo for manifestamente nulo, e;
g. quando estiver extinta a punibilidade.
A ordem será impetrada sempre perante o órgão judiciário imediatamente
superior à instância da autoridade coatora, que poderá requisitar as informações desta.
Não havendo prazo estabelecido para impetração do habeas corpus.
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Exercícios
a) Habeas data será concedido para proteger direito líquido e certo, não amparado
pelo habeas corpus, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for à
autoridade pública;
b) Mandado de segurança é concedido sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais
e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
c) Mandado de injunção será concedido para assegurar o conhecimento de
informações relativas à pessoa do impetrante ou até mesmo, para a retificação de
dados, em alguns casos;
d) Habeas corpus é concedido sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção;
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SAIBA MAIS...
DECRETA:
MICHEL TEMER
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ACONTECEU...
Fonte: https://tj-ro.jusbrasil.com.br/noticias/100456747/judiciario-concede-habeas-
corpus-a-servente-acusado-de-trafico
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LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL COMUM
Aula 05 – Provas.
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mesma lícita, mas que foi obtida por intermédio de ação ilícita, deve também ser
considerada ilícita.
Exemplo: Apreensão de drogas em veículo abordado por policiais (prova obtida, a
princípio, por ação lícita), porém decorrente de informação acerca do transporte da
substância obtida por meio de interceptação telefônica ilegal. (A Lei nº 9.296/96
disciplina as hipóteses e a forma como é admitida a interceptação telefônica, para fins
de investigação criminal ou instrução processual penal).
Para que haja a contaminação da prova pela ilicitude do meio de obtenção, é
necessário que haja inequívoco nexo de causalidade entre ela e a ação ilegal, ou seja, é
preciso constar que a ação ilícita foi condição “sine qua non “do alcance da prova. Por
tal motivo, não será impregnada pela ilicitude a evidência obtida por meio de fonte
independente (Art. 157, § 1º, do CPP).
O Brasil adotou como regra o sistema da livre convicção do juiz ou da persuasão
racional do magistrado como o sistema de valoração da prova, conforme o Art. 155,
caput, do CPP.
Deve ser ressaltado que, diante do princípio do contraditório e da ampla defesa
(Art. 5º, inciso LV da CF/88), a prova obtida na fase investigativa, para servir de base à
decisão, deverá, necessariamente, ser confirmada por elemento de convicção obtido em
juízo, salvo no caso de se tratar de:
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existindo apenas referências em Arts. e decisões relacionadas ao tratamento da prova e
ao trabalho pericial em si.
O Superior Tribunal de Justiça - STJ em sede de habeas Corpus, na operação
denominada “Negócio da China”, onde os réus questionaram a legalidade da
preservação das fontes de prova, através de duas indagações importantes, a saber:
1) O conteúdo das interceptações telemáticas foi extraviado no âmbito da Polícia
Judiciária; e;
2) Os arquivos de áudio das interceptações telefônicas, ao serem requeridos pela defesa,
não continham todas as ligações telefônicas interceptadas; concedeu ordem para
determinar o desentranhamento das provas produzidas nas interceptações
telefônica e telemática, por constituirem provas ilícitas. Em seu voto, a Relatora Min
Assusete Magalhães advertiu que [...] constitui constrangimento ilegal a seleção do
material produzido nas interceptações autorizadas, realizadas pela Polícia Judiciária, tal
como ocorreu, subtraindo-se do Juízo e das partes, o exame da pertinência das provas
colhidas [...] Decorre da garantia da ampla defesa e direito do acusado à
disponibilização da integralidade de mídia, contendo o inteiro teor dos áudios e diálogos
interceptados. (STJ, HC nº 160662/RJ – 6ª Turma, j. 18.02.2014);
O habeas corpus mencionado cuidou de uma questão processual preocupante,
relacionada à preservação da confiabilidade dos atos que compõe a cadeia de custódia
da prova como registro documentado de toda a cronologia da localização, posse e
armazenamento do material probatório, no que diz respeito à sua integridade.
Sobre a questão nos reportamos aos ensinamentos do mestre Geraldo Prado:
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Exercício
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SAIBA MAIS...
Casa de máquinas
É possível condenar alguém por homicídio sem encontrar o cadáver?
E alguém pode ser condenado por um homicídio sem que haja um cadáver? Existe
um mito de que, sem cadáver, não há como alguém ser condenado por homicídio.
Não existe nada na lei brasileira que impeça um magistrado de condenar alguém por
um homicídio sem que o cadáver seja encontrado. Para que alguém seja condenado
pelo homicídio basta que o magistrado esteja convencido de que ocorreu um crime e
que o acusado é o culpado.
Fonte: http://direito.folha.uol.com.br/blog/-possvel-condenar-algum-por-homicdio-
sem-encontrar-o-cadaver
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ACONTECEU...
O goleiro, chorando, admitiu nesta quarta-feira, que sabia que Eliza Samudio
foi morta no dia 10 de junho de 2010
"O Jorge falou comigo que o Macarrão (Luiz Henrique Ferreira Romão) foi até o
Mineirão, e conversou com uma pessoa no orelhão e naquele momento começou a
seguir um cara de moto até uma casa na região de Vespasiano e lá entregou Eliza
para um rapaz chamado Neném”, afirmou Bruno. E que lá um rapaz perguntou para
Eliza se ela era usuária de drogas, segurou a mão dela e pediu para que Macarrão
amarrasse as mãos dela para frente, e deu uma gravata nela. E o Macarrão ainda
chutou as pernas de Eliza. "Foi o que o Jorge me falou. E que ainda tinha
esquartejado o corpo dela, tinha jogado o corpo dela para os cachorros comerem”,
contou.
Bruno disse ainda que, segundo relato de Jorge, o rapaz foi até um porão e pegou
um saco preto e perguntou se eles queriam ver o resto. "Aí os meninos falaram que
não queriam ver nada, e foram embora com o Bruninho."
Perguntado se sabia que Eliza seria executada, Bruno disse: “Eu não mandei, mas
eu aceitei”. Afirmou que, posteriormente, Macarrão revelou que havia contratado
Marcos Aparecido, Bola, para que ele matasse Eliza. Apelido que ele só ficou
sabendo pela imprensa. “Pelo Macarrão e Jorge fiquei sabendo dele apenas como
Neném”, afirmou.
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/bruno-revela-detalhes-
de-como-eliza-foi-assassinada.
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A Lei nº 9.099/95 fez nascer o Juizado Especial Criminal para julgar as infrações
penais de menor potencial ofensivo. Segundo o Art. 61 da referida lei, infrações de
menor potencial ofensivo são todos os crimes e as contravenções penais a que a lei
comine pena máxima de até dois anos.
Tal dispositivo legal busca dar celeridade a apuração e julgamento das infrações
penais de menor potencial ofensivo, desafogando as unidades de Polícia Judiciária e,
principalmente, as Varas Criminais. Procura ainda evitar os transtornos do
encarceramento dos autores de delitos de menor lesividade, tendo como metas a
conciliação (acordo entre agressor e ofendido) e a transação penal (decisão de não
litigar, aceitando o agressor, desde logo, a penalidade – restrição de direito ou multa –
sugerida pelo órgão acusador).
Existe ainda a possibilidade de ocorrer à suspensão condicional do processo,
conforme estabelece o Art. 89 da Lei nº 9.099/95, nos delitos não abrangidos pela lei em
estudo, que tenham pena mínima de até um ano, como por exemplo, no crime de
Estelionato simples, previsto no Art. 171, caput, do CP.
Nos casos de flagrância, o autor dos delitos abrangidos pela lei em questão
poderá deixar de ser preso (em flagrante), com a lavratura do respectivo auto, se for
imediatamente apresentado pela autoridade policial ao juízo competente, ou assumir o
compromisso, por escrito, de a ele comparecer (Art. 69, Lei nº 9099/95). Nesse caso, a
autoridade policial lavrará o Termo Circunstanciado, que substituirá o auto de prisão em
flagrante(APF). Se o conduzido se recusar a assumir o compromisso, deverá então ser
autuado em flagrante delito.
Deve ser ressaltado que, ao assumir o compromisso de comparecer ao juizado, o
conduzido não estará confessando a autoria do delito.
O Termo Circunstanciado é a formalização da ocorrência policial, referente à
prática de uma infração de menor potencial ofensivo, em uma peça escrita, contendo
dados detalhados, tais como a data e a hora do fato, o local e a natureza da ocorrência,
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os nomes e as qualificações do condutor, de outras testemunhas, do ofendido e do autor
do fato com resumo de suas declarações (no caso deste, se ele quiser prestá-las), com
indicação dos eventuais exames periciais requisitados e outras diligências realizadas,
bem como com a juntada de informe sobre a vida pregressa do autor.
Exercícios
Após a leitura dos artigos mencionados no texto, responda:
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SAIBA MAIS...
(29/06/2017)
Intimações emitidas pelos juizados especiais criminais de Belo Horizonte já podem ser
enviadas pelo WhatsApp. De acordo com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), a
novidade, que começou a valer no dia 21 de junho, tem o objetivo de acelerar os processos.
Porém, as partes interessadas devem se cadastrar no cartório dos juizados para receber os
documentos no aplicativo do celular.
A medida já vinha sendo realizada na comarca de Vespasiano, na Região Metropolitana de
Belo Horizonte, desde janeiro deste ano. Nesta terça-feira (27), o Conselho Nacional de
Justiça aprovou por unanimidade a utilização do WhatsApp como ferramenta para
intimações em todo o Judiciário.
Além de agilidade, o aplicativo deve gerar economia para o tribunal. "A redução de custos é
uma das vantagens do projeto que também pretende simplificar o trâmite do processo", disse
o coordenador dos juizados especiais de Belo Horizonte, Francisco Ricardo Sales Costa.
As pessoas que quiserem aderir à iniciativa deverão declarar que concordam com os termos
da intimação pelo WhatsApp e terão que manter ativa a opção de recibo ou confirmação de
leitura de mensagens.
A imagem do despacho, decisão ou sentença, com a identificação do processo e das partes,
será enviada para o número de celular informado no ato de adesão. Assim que a mensagem
for visualizada, a intimação será considerada como entregue.
Caso não haja confirmação de leitura em três dias, a intimação será feita tradicionalmente,
por mandado ou carta. Quem deixar de ler as intimações por duas vezes será excluído da
modalidade via aplicativo e não poderá se cadastrar novamente por seis meses.
A expectativa é expandir a iniciativa para os juizados cíveis e depois para todo o estado, de
acordo com Costa.
Fonte: http://g1.globo.com/minas-gerais/noticia/juizados-criminais-de-bh-estao-
usando-o-whatsapp-para-enviar-intimacoes.ghtml
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ACONTECEU...
Cantor e vereador Igor Kannário prestou depoimento à polícia, sobre a discussão com uma
policial militar na Micareta de Feira de Santana, cidade distante cerca de 100 km de
Salvador, em maio deste ano. O cantor esteve na delegacia do município no final da manhã
desta terça-feira (27). Segundo o delegado João Uzzum, coordenador da Polícia Civil em
Feira, Kannário alegou ter agido sob "violenta emoção". Ele será indiciado por desacato a
funcionário público.
A discussão entre Kannário e a policial ocorreu no último dia da Micareta de Feira. De cima
do trio, durante a apresentação na festa, Kannário afirmou ter mais autoridade do que a
PM, pelo fato de ser vereador na capital baiana. As declarações dele foram filmadas e o
vídeo repercutiu nas redes sociais.
Na época, o cantor postou nota em uma rede social, onde se disse abismado e surpreendido
com o que viu do alto do trio elétrico, e que precisou parar de tocar várias vezes por causa da
violência policial.
Conforme Uzzum, o vereador disse no depoimento desta terça que reprovou a atitude da
policial, mas que não teve intenção de ofender a PM e nem a corporação.
O G1 procurou o cantor Igor Kannário para comentar o caso, por meio de sua assessoria,
mas não conseguiu contato até a publicação desta reportagem.
Fonte: http://g1.globo.com/bahia/noticia/kannario-presta-depoimento-apos-de-
discussao-com-pm-em-micareta-ele-sera-indiciado-por-desacato.ghtml
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REFERÊNCIAS
GRECO FILHO, Vicente. Manual de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2010.
JESUS, Damásio E.De. Direito Penal do Desarmamento. 6ª ed. São Paulo: Saraiva,
2007.
TOURINHO FILHO, Fernando C. Direito Processual Penal. 9ª ed. São Paulo: Saraiva
2012.
TOURINHO FILHO, Fernando C. Processo Penal. 31ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
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