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Caro aluno,

É uma satisfação poder acompanhá-lo nessa caminhada rumo à novas conquistas profissionais.
Certamente, o processo de escolhas gera sempre trade-offs, e cada conquista deve ser desfrutada.

Se você decidiu se certificar em CPA-10, é porque atua, ou pretende atuar, na distribuição de


produtos de investimento em agências bancárias ou plataformas de atendimento. Ou então, admira
a temática e está sempre buscando aprimorar seus conhecimentos.

A prova de certificação CPA-10 é composta por 50 questões, sendo necessário atingir 70% de acertos,
ou 35 questões, atendendo aos critérios de cada módulo. De forma geral, o objetivo das questões é
avaliar o conhecimento dos candidatos no que diz respeito às principais características dos produtos
de investimentos ofertados, assim como suas respectivas avaliações acerca dos padrões éticos de
comportamento que devem ser adotados no relacionamento com os investidores.

O exame é composto por sete grandes temas:

1. Sistema Financeiro Nacional (5% a 10%);


2. Ética, Regulamentação e Análise do Perfil do Investidor (15% a 20%);
3. Noções de Economia e Finanças (5% a 10%);
4. Princípios de Investimento (10% a 20%);
5. Fundos de Investimento (20% a 30%);
6. Instrumentos de Renda Variável e Renda Fixa (15% a 25%);
7. Previdência Complementar Aberta: PGBL e VGBL (5% a 10%).

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Sumário
Sistema Financeiro Nacional .................................................................................................................4
Estrutura ...........................................................................................................................................4
Órgãos de Regulação, Autorregulação e Fiscalização .......................................................................7
Ética, regulamentação e análise do perfil do investidor .....................................................................25
Código de Distribuição de Produtos de Investimento ....................................................................25
Prevenção Contra a Lavagem de Dinheiro ......................................................................................35
Ética na venda .................................................................................................................................47
Análise do Perfil do Investidor (API) ...............................................................................................48
Noções de Economia e Finanças .........................................................................................................51
Conceitos básicos de Economia ......................................................................................................51
Conceitos Básicos de Finanças ........................................................................................................55
Princípios de Investimento .................................................................................................................62
Principais fatores de análise de Investimentos...............................................................................62
Principais riscos do investidor.........................................................................................................64
Fatores determinantes para adequação dos produtos de Investimento as Necessidades dos
Investidores.....................................................................................................................................66
Fundos de Investimento .....................................................................................................................71
Definições Legais.............................................................................................................................71
Dinâmica de Aplicação e Resgate ...................................................................................................78
Diferenciais do Produto para o Investidor ......................................................................................81
Política de Investimento .................................................................................................................83
Carteira de investimentos ...............................................................................................................86
Taxas de administração e outras ....................................................................................................89
Classificação CVM ...........................................................................................................................90
Tributação .......................................................................................................................................93
Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para Administração de Recursos de Terceiros
........................................................................................................................................................95
Instrumentos de Renda Variável e Renda Fixa .................................................................................104
Ações .............................................................................................................................................104
Títulos de Crédito Imobiliário e do Agronegócio ..........................................................................113
Certificado de Depósito Bancário (CDB) .......................................................................................116
Debêntures e Debêntures Incentivadas .......................................................................................119
Títulos Públicos .............................................................................................................................122
Caderneta de Poupança ................................................................................................................128
Operações compromissadas .........................................................................................................130
Previdência Complementar Aberta: PGBL e VGBL ............................................................................132

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Previdência Social x Previdência Privada: Avaliação da Necessidade do Cliente .........................132
Características técnicas que influenciam o produto .....................................................................135
Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBL) e suas características. Identificar produto mais
adequado em função da situação tributária do investidor, idade de início de contribuição, idade
de aposentadoria; valor das contribuições e o valor do benefício ...............................................137
Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL) e suas características. Identificar produto mais
adequado em função da situação tributária do investidor, idade de início de contribuição, idade
de aposentadoria; valor das contribuições e o valor do benefício ...............................................139
Referências .......................................................................................................................................140

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Sistema Financeiro Nacional

O Sistema Financeiro Nacional (SFN), consiste em um conjunto de instituições financeiras e


instrumentos financeiros que visam transferir recursos dos agentes econômicos1 superavitários para
os deficitários. Inclui as instituições responsáveis pela formulação e execução da política monetária
e pela fiscalização dos agentes econômicos que operam no mercado financeiro.
As funções básicas do Sistema Financeiro são:
▪ Facilitar a distribuição temporal dos recursos;
▪ Permitir a canalização da poupança para o investimento;
▪ Proporcionar ferramentas para a diversificação dos riscos.

Estrutura

O SFN possui dois subsistemas em sua estrutura:

Subsistema Normativo

Sistema Financeiro
Nacional (SFN)

Subsistema de
intermediação

Podemos então dizer que o SFN age em duas frentes: (a) na normatização dos serviços ligados ao
mercado financeiro e (b) na intermediação financeira.

Conselho Monetário
Nacional (CMN)

Banco Central (Bacen)

Sistema Normativo
Comissão de Valores
Mobiliários (CVM)

1
Pessoas, empresas, governo. Instituições especiais

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Instituições Financeiras
não Bancárias

Sistema Brasileiro de
Poupança e Empréstimo
(SBPE)
Sistema de
Intermediação
Instituições auxiliares

Instituições não
Financeiras

O Banco Central do Brasil trouxe, recentemente, um novo desenho do SFN2, sendo este organizado
por agentes normativos, supervisores e operadores. Os órgãos normativos determinam regras
gerais para o bom funcionamento do sistema. As entidades supervisoras trabalham para que os
integrantes do sistema financeiro sigam as regras definidas pelos órgãos normativos. Os operadores
são as instituições que ofertam serviços financeiros, no papel de intermediários. Percebe-se,
também, uma divisão quanto ao campo de atuação:

2
Essa estrutura pode ser encontrada no site do BC https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/sfn e
é apresentada na videoaula correspondente a esse tópico.

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 Moeda, crédito, capitais e câmbio

Órgãos Normativos CMN

Órgãos Supervisores BC CVM

Bancos e CEF Adm. de consórcios


Cooperativas de Corretoras e Bolsa de Valores
Operadores crédito distribuidoras Bolsa de Mercadorias
Instituições de Demais instituições não e Futuros
pagamento bancárias

 Seguros privados

Órgãos Normativos CNSP

Órgãos Supervisores Susep

Seguradoras e resseguradores
Operadores Entidades abertas de previdência
Sociedades de capitalização

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 Previdência Fechada

Órgãos Normativos CNPC

Órgãos Supervisores Previc

Entidades fechadas de
Operadores previdência
complementar (fundos de
pensão)

Órgãos de Regulação, Autorregulação e Fiscalização

Conselho Monetário Nacional – CMN

Órgão eminentemente normativo, estabelece diretrizes para o bom funcionamento e processa todo
o controle do sistema financeiro nacional. Instituído pela Lei 4.595/1964, o CMN compõe a estrutura
básica do Ministério da Fazenda, sendo o órgão deliberativo máximo do SFN.
O Conselho Monetário Nacional é presidido pelo Ministro da Economia e ainda conta com
participações do Presidente do Banco Central do Brasil e do Secretário Especial de Fazenda do
Ministério da Economia, sendo revestido de amplas atribuições que orbitam a finalidade principal de
sua criação: formular toda política de moeda e crédito, atendendo aos interesses econômicos e
sociais do país.
Cabe ao CMN uma série de atribuições e competências específicas, atribuições estas regulamentadas
pelos artigos 3º e 4º da Lei de sua instituição, dentre as quais são expostas algumas, a seguir:
▪ Regular a constituição e o funcionamento das instituições financeiras, bem como zelar por
sua liquidez e solvência;
▪ Definir percentual e forma do recolhimento compulsório;
▪ Regular operações de redesconto e operações no âmbito do mercado aberto;

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▪ Regulamentar, caso necessário, as taxas de juros, comissões e qualquer outra forma de
remuneração praticada pelas instituições financeiras;
▪ Estabelecer diretrizes por meio de determinação de índices de encaixe, de capital mínimo,
de normas de contabilização etc.;
▪ Fixar diretrizes e normas da política cambial, assim como regulamentar operações de
câmbio, visando controle da paridade da moeda e ao equilíbrio do balanço de pagamentos.
As atividades são efetivadas através da elaboração de resoluções, deliberadas pelo CMN e publicadas
pelo BACEN.

CMN → Regulação, normas, órgão deliberativo máximo, fixa diretrizes

Banco Central do Brasil

Principal executor das políticas traçadas pelo CMN e órgão fiscalizador do SFN. Criado pela Lei
4.595/1964 e vinculado ao Ministério da Economia (até dezembro de 2018, ao incorporado
Ministério da Fazenda), o Bacen é uma autarquia federal que dispõe de personalidade jurídica e
patrimônio próprios.
O principal objetivo do Banco Central é “assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e
um sistema financeiro sólido e eficiente”. Em outras palavras, o Bacen busca controlar a inflação no
país, regulando a quantidade de moeda na economia, permitindo, dessa forma, a estabilidade de
preços na economia.
Sua estrutura é comandada por uma diretoria colegiada composta por nove membros, sendo um
presidente e oito diretores, cada um responsável por uma diretoria específica: Diretoria de
Administração (Dirad), Diretoria de Relacionamento Institucional e Cidadania (Direc), Diretoria de
Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos (Direx), Diretoria de Fiscalização (Difis),
Diretoria de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução (Diorf), Diretoria de Política
Econômica (Dipec), Diretoria de Política Monetária (Dipom) e Diretoria de Regulação (Dinor).
Todos os membros das diretorias relacionadas são nomeados pelo presidente da República, após
aprovação pelo Senado Federal. Além disso, todos aqueles que compõem a diretoria colegiada do
Bacen, são demissíveis por este, sem necessidade de justificativa ou trâmite, nos termos do Decreto
91.961/1985.
Em uma análise conceitual mais ampla, o Bacen é tido como um banco fiscalizador e disciplinador
do mercado financeiro, ao definir regras, limites e condutas das instituições, banco de penalidades e
gestor do SFN, ao expedir normas e autorizações que visam promover o controle das instituições
financeiras e suas operações. É também considerado executor de política monetária, ao exercer o
controle dos meios de pagamento e executar o orçamento monetário e um banco do governo na
gestão da dívida pública.

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Entre as principais atribuições do Banco Central, destacam-se:
▪ Conceder autorização de funcionamento às instituições financeiras, bem como os pedidos
de fusão e incorporação;
▪ Conduzir as políticas monetárias, cambial e de crédito;
▪ Realizar e controlar operações de redesconto e as de empréstimo dentro do âmbito das
instituições financeiras bancárias;
▪ Determinar através do Comitê de Política Monetária (Copom), a meta da taxa de juros de
referência para as operações de um dia (Taxa Selic);
▪ Fiscalizar as instituições financeiras, aplicando, se necessário, penalidades previstas em lei;
▪ Executar emissão do dinheiro e controlar a liquidez do mercado;
▪ Realizar operações de compra e venda de títulos públicos federais;
▪ Emitir papel-moeda.

Atenção!
No Brasil, a cunhagem (impressão) da moeda é realizada com exclusividade pela Casa da Moeda, e a
emissão da moeda (entrega do numerário ao sistema bancário) é de responsabilidade do Banco Central.

Os principais documentos emitidos pelo Bacen, são:


• Circulares: cria normas para o SFN ou regulamenta normas contidas em resoluções do CMN,
desde que por delegação;
• Cartas circulares: esclarecimento de dúvidas ou divergência de entendimentos;
• Comunicados: documentos administrativos de âmbito externo. Divulga deliberações ou
informações.

Banco Central
▪ “Banco dos bancos” → capta depósitos dos bancos (compulsórios e livres) e preserva a liquidez do
sistema;
▪ Executor de política monetária → exerce controle sobre meios de pagamentos e taxas de juros da
economia;
▪ Emissor de moeda → coordena distribuição do dinheiro emitido pela Casa da Moeda aos bancos;
▪ Fiscalizador do SFN → controla e fiscaliza as instituições financeiras, aplicando penalidades e
decretando intervenções;
▪ Banco do Governo → representa o Brasil no sistema financeiro internacional, mantem depósitos em
moeda nacional e internacional, entre outras atribuições.

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Comissão de Valores Mobiliários (CVM)

Órgão responsável pela regulação e fiscalização do mercado de capitais no Brasil. Instituído pela Lei
6.385/1976, é uma autarquia vinculada ao Ministério da Economia (incorporou o Ministério da
Fazenda), que age sob orientação do CMN. Atua no controle e fiscalização do mercado de valores
mobiliários (em geral, de títulos emitidos pelas sociedades anônimas e autorizadas pelo CMN, ações,
debêntures etc).

Os objetivos de atuação da CVM são dados pela lei que a instituiu, podendo destacar:

▪ Assegurar o funcionamento eficiente e regular os mercados de bolsa e de balcão;


▪ Proteger os titulares de valores mobiliários contra emissões irregulares e atos ilegais de
administradores e acionistas controladores de companhias ou de administradores de
carteiras de valores mobiliários;
▪ Coibir modalidades de fraude e manipulação destinadas a criar condições artificiais de
demanda, oferta ou preço de valores mobiliários negociados no mercado;
▪ Assegurar o acesso do público a informações sobre valores mobiliários negociados e
companhias que os tenham emitido;
▪ Assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado de valores
mobiliários;
▪ Estimular formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários;
▪ Promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de ações e
estimular as aplicações permanentes em ações do capital social das companhias abertas.

A CVM tem poderes para disciplinar, normatizar e fiscalizar a atuação dos diversos integrantes do
mercado e seu poder normatizador abrange todas as matérias referentes ao nicho. Cabe à mesma
disciplinar:

▪ O registro de companhias abertas;


▪ O registro de distribuições de valores mobiliários;
▪ Negociações e intermediações no mercado de valores mobiliários;
▪ Administração de carteiras e custódia de valores mobiliários;
▪ Suspensão ou cancelamento de registros, credenciamentos ou autorizações;
▪ Organização, funcionamento e operações de bolsas de valores;
▪ Credenciamento de auditores independentes e administradores de carteiras de valores
mobiliários;
▪ Suspensão de emissão, distribuição ou negociação de determinado valor mobiliário ou
decretação de recesso de bolsa de valores;
▪ Suspensão ou cancelamento de registros, credenciamentos ou autorizações.

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A CVM mantém estrutura destinada a prestar orientação aos investidores e acolhimento de
denúncias e sugestões por eles formuladas. Possui competência para apurar, julgar e punir
irregularidades eventualmente cometidas no mercado.

CVM → Fiscalização de valores mobiliários. Autoridade no mercado de capitais.

Superintendência de Seguros Privados (Susep)

Instituída pelo Decreto-lei 73/66, a Susep é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da
Economia (até 2018 ao Ministério da Fazenda) responsável pelo controle e fiscalização dos
mercados de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguro no Brasil. É administrada
por um Conselho Diretor, composto pelo superintendente e por quatro diretores.

Ainda que siga as diretrizes do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) – órgão normativo do
setor – a Susep tem o papel de regulação e fiscalização.

O Decreto que a instituiu, estabeleceu as atribuições da Susep, sendo destacadas:

▪ Fiscalizar a constituição, organização, funcionamento e operação das sociedades


seguradoras, de capitalização, entidades de previdência privada aberta e resseguradores, na
qualidade de executora da política traçada pelo CNSP;
▪ Atuar no sentido de proteger a captação de poupança popular que se efetua por meio das
operações de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguro;
▪ Zelar pela defesa dos interesses dos consumidores dos mercados supervisionados;
▪ Promover o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos operacionais a elas
vinculados, visando à maior eficiência do Sistema Nacional de Seguros Privados e do Sistema
Nacional de Capitalização;
▪ Promover estabilidade dos mercados sob sua jurisdição, assegurando sua expansão e o
funcionamento das entidades que neles operem;
▪ Zelar pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado;
▪ Disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em especial os efetuados
em bens garantidores de provisões técnicas;
▪ Cumprir e fazer cumprir as deliberações do CNSP, e exercer as atividades por ele delegadas;
▪ Prover os serviços de secretaria executiva do CNSP.

Dependem de prévia autorização da Susep o funcionamento das sociedades seguradoras, das


sociedades de capitalização, das entidades de previdência privada aberta e das sociedades
resseguradoras.

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Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA)

A Anbima foi criada em 2009, fruto da fusão de duas outras associações: a Associação Nacional dos
Bancos de Investimento (Anbid) de 1967 e da Associação Nacional das Instituições do Mercado
Financeiro (Andima), de 1971. A autorregulação da ANBIMA não sobrepõe nem pode contradizer a
regulação estatal, atuando apenas de forma complementar.
Em linhas gerais, a ANBIMA possui objetivos bem definidos, atuando em quatro frentes:
▪ Informação – produção e divulgação de relatórios, estatísticas, estudos referências de
preços e índices relacionadas ao mercado que representa atividades da área de supervisão
são divulgadas no site da ANBIMA e em informativos periódicos; assim como mudanças nas
regras e nas interpretações são comunicadas diretamente aos associados, via
correspondência e mediante a realização de atividades de maior engajamento, como
webinars;
▪ Representação – fóruns de associados com proposta de aprimorar as normas do mercado e
as sugestões enviadas aos órgãos reguladores. Elaboram regras dos códigos de
autorregulação, visando boas práticas. Códigos são elaborados a partir de sugestões e
mediante aprovação dos associados;
▪ Educação – certificação, visando capacitar os profissionais do mercado e educação de
investidores, visando ampliar o acesso de atuais e futuros investidores;
▪ Autorregulação – conduz um modelo de autorregulação privado e voluntário. As regras são
expressas em códigos de autorregulação e melhores práticas, de livre adesão. O
cumprimento das normas é acompanhado por área técnica, que supervisiona as instituições,
dá orientações de caráter educativo e ajuda na condução de processos avaliados pelos
conselhos de autorregulação. Os processos de autorregulação são, em sua maioria,
encerrados mediante cartas de recomendação ou termos de compromisso, que visam
aprimorar as práticas da indústria.
A dinâmica básica da autorregulação da ANBIMA segue um fluxo:

4
Conselho Associados
independente definem
julga regras

3 1

Comissão
Área técnica
especializada
supervisiona
acompanha
2

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Além dos códigos ANBIMA, existem outras fontes de autorregulação que esclarecem determinações
e contêm recomendações:
▪ Diretrizes: caráter vinculante às instituições participantes. Voltadas a regulamentar detalhes
e procedimentos que estão previstos de forma mais genérica;
▪ Deliberações: caráter vinculante às instituições participantes. Voltadas a interpretar e
esclarecer regras dos códigos;
▪ Pareceres de orientação: recomendar condutas às instituições participantes.

Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para o Programa de Certificação


Continuada

O código, em sua mais recente atualização, destaca em seu artigo 2º, o objetivo de sua criação:
“estabelecer princípios e regras para elevação e capacitação técnica dos profissionais das Instituições
Participantes que desempenham as Atividades Elegíveis”.

As instituições participantes são tidas como aquelas associadas à ANBIMA, aderentes ao Código e as
integrantes do conglomerado ou grupo financeiro das instituições participantes que desempenham
a função tutelada pelo respectivo código. Assim, aquelas submetidas à ação reguladora e
fiscalizadora do CMN, do Bacen e da CVM, concordam expressamente em submeter-se aos
procedimentos estabelecidos pelo Código.

As obrigações especificadas se dividem em dois grandes grupos:

I. Princípios e padrões de conduta exigido dos profissionais [e das instituições];


II. Obrigações de estabelecimento e implementação adequada de controle interno;

As obrigações do primeiro grupo estão elencadas no artigo 6º e 7º do capítulo IV. Os principais


aspectos contemplados [e de verificação por parte das Instituições Participantes] são:

▪ Verificar se seus profissionais possuem reputação ilibada e atestar que não tenham sido
inabilitados para o exercício do cargo em instituições financeiras e demais entidades
autorizadas a funcionar pelo Bacen ou pela CVM, Previc ou Susep; e sofrido punição
definitiva, nos últimos 5 anos, em decorrência de sua atuação como administrador ou
membro de conselho fiscal de entidade sujeita ao controle e fiscalização dos órgãos
reguladores mencionados;
▪ Empenhar-se permanentemente no aperfeiçoamento de seus profissionais, fornecendo
constante atualização acerca das práticas de mercado, produtos disponíveis e
regulamentação aplicável;

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▪ Manter elevados padrões éticos, adotar práticas transparentes nas negociações com o
mercado e proibir práticas caracterizadoras de concorrência desleal e de condições não
equitativas;
▪ Divulgar, de forma clara, riscos e consequências que poderão advir dos produtos,
instrumentos e modalidades operacionais disponíveis no mercado;
▪ Preservar informações reservadas e/ou privilegiadas, excetuadas as hipóteses em que sua
divulgação seja exigida por lei ou tenha sido autorizada;
▪ Adotar procedimentos formais de controle, passíveis de verificação, relacionados à
obtenção e manutenção da certificação pertinente a todos os seus profissionais, de acordo
com as diretrizes específicas expedidas pelo Conselho de Certificação Continuada.

Os aspectos referentes ao grupo II, são evidenciados nos artigos 9º e 10º, sendo destacados:

▪ As Instituições Participantes devem garantir, por meio de controles internos adequados, o


permanente atendimento ao Código, às políticas e à Regulação vigente;
▪ As Instituições Participantes devem implementar e manter, em documento escrito, regras,
procedimentos e controles internos que contenham informações mínimas, como:
identificação e atualização das informações dos Profissionais Certificados na admissão e
desligamento; procedimento adotado para a atualização da certificação dos profissionais
que atuam em Atividades Elegíveis quando de seu vencimento; procedimento para
afastamento imediato dos profissionais que desempenhem Atividades Elegíveis sem a
devida certificação, ou com a certificação vencida, bem como documentação formal que
evidencie esse afastamento;
▪ As Instituições devem, adicionalmente, assegurar que os profissionais a ela vinculados
conheçam e assinem, de forma manual ou eletrônica, o código de ética por elas adotado até
o último dia do mês subsequente à sua contratação.

O capítulo VIII do Código trata das certificações da ANBIMA e suas características, tanto conceituais,
como práticas. Em suas Seções de I a III, as certificações CPA-10, CPA-20, CEA e CGA são
caracterizadas. No escopo daquele que é de nosso interesse (CPA-10) é destacado: “a CPA-10 se
destina a certificar profissionais das instituições participantes que atuam na prospecção ou venda de
produtos de investimento diretamente junto ao investidor, inclusive em agências bancárias ou
Plataformas de Atendimento”.

Cabe destaque o Capítulo XIV, cujo escopo contempla as penalidades quanto ao descumprimento
dos princípios e regras estabelecidas no Código, penalidades estas que incluem:

▪ Advertência pública;
▪ Multa de até 100 vezes o valor da maior mensalidade recebida pela ANBIMA;
▪ Desligamento da ANBIMA.

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Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para Distribuição de Produtos de
Investimento

O Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para Distribuição de Produtos de Investimento,


em sua versão mais recente, entrou em vigor no dia 23 de Maio de 2019, substituindo os códigos de
Varejo e Private Banking. Possui vinte e três capítulos em sua estrutura, sendo três no anexo.
Tradicionalmente, no Capítulo I são apresentadas algumas definições importantes e no Capítulo II,
os objetivos. O Código tutela as atividades de oferta de produtos de investimento de forma individual
ou coletiva, resultando ou não em aplicação de recursos.
O documento tem como objetivo estabelecer princípios e regras para Distribuição de Produtos de
Investimento visando, principalmente:
I. A manutenção dos mais elevados padrões éticos e a consagração da institucionalização de
práticas equitativas no mercado financeiro e de capitais;
II. A concorrência leal;
III. A padronização de seus procedimentos;
IV. O estímulo ao adequado funcionamento da Distribuição de Produtos de Investimento;
V. A transparência no relacionamento com os investidores, de acordo com o canal utilizado e
as características dos investimentos; e
VI. A qualificação das instituições e de seus profissionais envolvidos na Distribuição de Produtos
de Investimento.
Aqueles atingidos pelo Código estão contemplados no artigo 3º:
▪ Bancos múltiplos, bancos comerciais, bancos de investimento, bancos de desenvolvimento,
sociedades corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários, assim como
administradores fiduciários e/ou gestores de recursos de terceiros quando distribuírem seus
próprios Fundos de Investimento.

Obrigações são impostas aos participantes, sendo estas divididas em cinco grupos:
I. Exigências institucionais mínimas;
II. Regras para contratação de terceiros;
III. Regras de publicidade e divulgação de produtos de investimento;
IV. Dever de conhecer seu cliente;
V. Dever de verificar a adequação ao perfil do investidor (suitability).
O descumprimento das regras previstas no Código pelas instituições participantes acarreta em
penalidades estabelecidas no capítulo XIX, sendo destacadas:
i. Advertência pública;

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ii. Multa de até 100 vezes o valor da maior mensalidade recebida pela ANBIMA;
iii. Proibição temporária de uso do Selo ANBIMA;
iv. Desligamento da ANBIMA.

Principais Intermediários Financeiros: conceito e atribuições

Intermediários financeiros são aqueles que existem para que o Sistema Financeiro Nacional (SFN) e
o Sistema Brasileiro de Pagamentos (SPB) funcionem adequadamente.

Bancos Múltiplos

Constituídos sob a forma de sociedade anônima, os bancos múltiplos são instituições financeiras
privadas ou públicas que realizam operações ativas, passivas e acessórias das diversas instituições
financeiras correspondentes às carteiras que detiver:

▪ Comercial;
▪ de investimento;
▪ desenvolvimento (exclusiva dos bancos públicos);
▪ de crédito imobiliário;
▪ de arrendamento mercantil (leasing); e
▪ de crédito, financiamento e investimento.

Sendo obrigatória a presença da expressão “Banco” em sua denominação, os Bancos Múltiplos


devem realizar atividades próprias de, pelo menos, dois tipos de carteiras, sedo obrigatória uma
carteira comercial ou de investimento. Nesse ponto, quem opera carteira comercial pode captar
depósitos à vista.

Com sua formação autorizada pela Resolução CMN 2.099, de 1994, as operações realizadas por um
Banco Múltiplo estão sujeitas às mesmas normas legais e regulamentares aplicáveis às instituições
singulares correspondentes à suas carteiras.

Bancos Comerciais

Instituições financeiras privadas ou públicas que têm como objetivo principal proporcionar o
suprimento oportuno e adequado dos recursos necessários para financiar, a curto e médio prazos, o
comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços, as pessoas físicas e terceiros em geral.

A captação de depósitos à vista, livremente movimentáveis, é atividade típica do banco comercial, o


qual pode também captar depósitos a prazo. Este, está habilitado a realizar uma série de operações

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ativas, passivas e acessórias, como descontar títulos, realizar operações de capital de giro, prestar
garantias e administrar fundos de investimento.

Deve ser constituído sob a forma de sociedade anônima e em sua denominação social deve constar
a expressão “Banco”.

Bancos de investimento

Constituídos sob a forma de sociedade anônima, os Bancos de Investimento são instituições


financeiras privadas especializadas em operações de participação societária de caráter temporários,
de financiamento da atividade produtiva para suprimento de capital fixo e de giro e de administração
de recursos de terceiros.

Definidos pela Resolução 2.624/1999, devem possuir, em sua denominação social, a expressão
“Banco de Investimento”. Os Bancos de Investimento podem:

▪ Comprar e vender, por conta própria ou de terceiros, metais preciosos e quaisquer títulos e
valores mobiliários;
▪ Operar em bolsas de mercadorias e futuros, bem como em mercados de balcão organizados,
por conta própria e de terceiros;
▪ Operar em todas as modalidades de concessão de crédito para financiamento de capital fixo
e de giro;
▪ Participar do processo de emissão, subscrição para revenda e distribuição de títulos e
valores mobiliários;
▪ Operar em câmbio, mediante autorização específica do Bacen;
▪ Coordenar processos de reorganização e reestruturação de sociedades e conglomerados,
financeiros ou não, mediante prestação de serviços de consultoria, participação societária
e/ou concessão de financiamentos ou empréstimos.

Os Bancos de Investimento podem captar recursos:

▪ Sob a forma de depósitos a prazo, com ou sem emissão de certificado;


▪ Oriundos do exterior, inclusive por meio de repasses interbancários;
▪ Por meio de repasse de recursos oficiais;
▪ Sob a forma de depósitos financeiros.

Podem manter contas, sem juros e não movimentáveis por cheque, relativas a recursos de terceiros
recebidos para aplicação em títulos e valores mobiliários e em outros ativos financeiros ou vinculadas
à execução de suas operações ativas ou relacionadas com a prestação de serviços.

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Outros Intermediários ou Auxiliares Financeiros: conceito e atribuições

B3 S/A – Brasil, Bolsa e Balcão

Bolsas de Valores são associações civis sem fins lucrativos, cujo patrimônio é constituído por títulos
patrimoniais adquiridos pelas sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários, destinadas a
fornecer local e sistemas de negociação e custódia de títulos para as associadas.

Bolsas de Valores e entidades de mercado de balcão organizado possuem autonomia administrativa,


financeira e patrimonial, operando sob a supervisão da CVM e atuando como seus órgãos auxiliares,
na fiscalização dos respectivos membros e das operações nelas realizadas (Lei 6.385/1976, artigo 17).

As Bolsas de Valores têm, por objeto social, entre outros:

▪ Manter local ou sistema adequado à realização de operações de compra e venda de títulos


e/ou valores mobiliários, em mercado livre e aberto, especialmente organizado e fiscalizado
pela própria bolsa, sociedades membros e pelas autoridades competentes;
▪ Fornecer todos os meios necessários à pronta e eficiente realização e visibilidade das
operações;
▪ Estabelecer sistemas de negociação que propiciem continuidade de preços e liquidez ao
mercado de títulos e/ou valores mobiliários;
▪ Efetuar registro das operações;

A B3 é a bolsa multiativos e multimercado que atua como central depositária de ativos, câmara de
compensação e liquidação, bem como contraparte central garantidora. Administradora de mercados
organizados de bolsa e balcão, oferece estrutura integrada de negociação e pós-negociação para
todas as principais classes de ativos.

Em 2017, a CVM e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), aprovaram a fusão da


BM&FBovespa com a Cetip S/A, formando a B3 S.A.

Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários: principais funções

Conhecidas popularmente como “Corretoras”, as Sociedade Corretoras de Títulos e Valores


Mobiliários são instituições financeiras constituídas sob a forma de sociedade por ações ou por
quotas de responsabilidade limitada.
De acordo com a Resolução 1.655/89, do CMN, a sociedade corretora tem por objeto social, entre
outros:

▪ Operar em recinto ou em sistema mantido por bolsa de valores;

18 | P á g i n a
▪ Subscrever, isoladamente ou em consórcio com outras sociedades autorizadas, emissões de
títulos e valores mobiliários para revenda;
▪ Intermediar oferta pública e distribuição de títulos e valores mobiliários no mercado;
▪ Comprar e vender títulos e valores mobiliários por conta própria e de terceiros;
▪ Encarregar-se da administração de carteiras e da custódia de títulos e valores mobiliários;
▪ Exercer funções de agencia fiduciário;
▪ Instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimento;
▪ Intermediar operações de câmbio;
▪ Praticar operações no mercado de câmbio de taxas flutuantes;
▪ Praticar operações de conta margem, conforme regulamentação da CVM;
▪ Realizar operações compromissadas;
▪ Praticar operações de compra e venda de metais preciosos, no mercado físico, por conta
própria e de terceiros;
▪ Operar em bolsas de mercadorias e futuros por conta própria e de terceiros.

Além disso, as corretoras também podem auxiliar os investidores com a disponibilização para
clientes de informações provenientes de seus departamentos técnicos ou de análises de empresas,
títulos e fundos de investimento. A constituição e funcionamento de sociedades corretoras
dependem, além da autorização do Bacen, da admissão como membro de bolsa de valores, em razão
da aquisição de título patrimonial emitido por ela e a aprovação da CVM para o exercício de atividade
no mercado de valores mobiliários.

Sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários: principais funções

As DTVMs são instituições habilitadas à prática das atividades que lhe são atribuídas pelas leis
4.728/65 e 6.385/76. Podem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima ou de sociedade
limitada e dependem da autorização do Bacen para sua constituição e da CVM para o exercício de
suas atividades.
Tem por objeto, entre outros pontos, comprar, vender e distribuir títulos e valores mobiliários, e
operar em bolsas de mercadorias e de futuros. Antigamente, as DTVMs eram diferenciadas das
corretoras por não poderem operar diretamente nos ambientes e sistemas de negociação dos
mercados organizados de bolsa de valores, razão pela qual concentravam seus esforços na
distribuição de títulos. Entretanto, após Decisão Conjunta Bacen/CVM 17/09 essa vedação deixou de
existir.
Os objetivos básicos das DTVMs se assemelham aos das corretoras, estando igualmente sujeitas à
fiscalização da bolsa de valores, da CVM e do Bacen.

19 | P á g i n a
Sistemas e câmaras de liquidação e custódia (clearing): atribuições e
benefícios para o investidor

As clearing houses, são órgãos responsáveis pela liquidação das operações ocorridas nas bolsas, nos
mercados de balcões organizados e no mercado financeiro como um todo. Foram estruturadas de
modo a viabilizar o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB).
Títulos públicos e privados são negociados diariamente em grandes volumes e, a maior parte destes,
não é emitida fisicamente, sendo apenas da forma escritural. Então, o principal objetivo das clearing
houses é facilitar as transações de títulos e valores mobiliários mediante a supressão de riscos
inerentes às negociações. Esses órgãos realizam funções de registro, compensação, liquidação e
custódia. Tais sistemas são chamados de Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) e
Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados (Cetip). Ambos promovem a boa
liquidação das operações no mercado monetário.

Sistema especial de liquidação e custódia Selic: principais títulos custodiados no Selic


(LFT; LTN; NTN-B; NTN-B Principal; e NTN-F)

O Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) foi desenvolvido pelo Bacen e a Andima
(Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto) em 1979, voltado a operar com títulos
públicos de emissão do Tesouro Nacional. Tem por finalidade controlar e liquidar financeiramente
as operações de compra e de venda de títulos públicos e manter sua custódia física e escritural.

As operações com títulos públicos são realizadas de forma eletrônica, e a liquidação financeira é
processada em tempo real. O sistema garante maior segurança para as operações de negociações
de títulos, oferecendo garantias da existência dos papéis em negociação e dos recursos necessários
para a liquidação financeira da operação.

Os títulos com maior negociação no Selic são os emitidos pelo Tesouro Nacional que compõem a
Dívida Pública Federal Interna. Os participantes do Selic são as instituições autorizadas a funcionar
pelo Bacen, como bancos, caixas econômicas, sociedades corretoras, sociedades distribuidoras,
entre outras. Já os pagamentos no sistema são processados através de reservas bancárias, e as
transferências dos títulos entre os investidores somente são autorizadas pelo sistema mediante
movimentações nessas reservas.

Os governos federal, estadual e municipal captam recursos no Mercado Financeiro por intermédio
da emissão de títulos públicos, visando suprir suas necessidades de recursos e custeio de
investimento.

A seguir, são apresentados os títulos públicos disponíveis mais conhecidos da dívida pública do
Governo Federal, de responsabilidade do Tesouro Nacional e classificados pela natureza de suas

20 | P á g i n a
emissões. Recentemente, suas nomenclaturas foram alteradas, sendo apresentadas entre
parênteses nos respectivos correspondentes.

LFT (Tesouro Selic)


Letras Financeiras do Tesouro são títulos pós-fixados com rendimentos definidos pela média da taxa
Selic, garantindo uma rentabilidade de mercado ao investidor. O resgate se dá pelo valor nominal
acrescido do respectivo rendimento (taxa Selic) acumulado desde a data-base do título. São papéis
atraentes, e seus prazos de resgate são definidos por ocasião de sua emissão.

Valor de face (investido


+ rentabilidade)

Data da compra
Taxa de Juros no Período (Selic)

Data de vencimento

Valor investido

As formas de emissão e colocação dos papéis são via oferta pública e direta. São emitidas diversas
séries de LFT, alterando-se basicamente a forma de remuneração.

LTN (Tesouro Prefixado)


Letras do Tesouro Nacional são títulos prefixados – sua rentabilidade é definida no momento da
compra, caso o investidor fique com o título até seu vencimento - que possuem valor nominal
múltiplo de R$1.000,00 e são negociados com deságio sobre o valor nominal no mercado, pagando
o investidor uma quantia inferior ao seu valor de face. O resgate se dá pelo valor nominal do título
independentemente de seu prazo de emissão. Mantendo o título até o vencimento, o investidor
receberá R$1.000,00 para cada unidade do papel (caso compre uma fração de título, receberá
proporcionalmente ao percentual adquirido).

As formas de colocação desses títulos se dão por oferta pública, com realização de leilões, podendo
se ao par, com ágio ou deságio, ou de forma direta, mediante expressa autorização do Ministério da
Fazenda, não podendo, nesse caso, ser colocadas por valor inferior ao par.

O prazo das LTNs é definido no momento de sua emissão.


Valor de face nominal
(investido + rentabilidade)

Data da compra Taxa de Juros efetiva no período

Data de vencimento

Preço unitário

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Caso necessite vender o título antecipadamente, o Tesouro Nacional pagará seu valor de mercado,
de modo que a rentabilidade poderá ser maior ou menor do que a contratada na data da compra,
dependendo do preço do título no momento da venda.

NTN-B (Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais)


A Nota do Tesouro Nacional – Série B, é um título pós-fixado, cuja rentabilidade é composta por uma
taxa anual pactuada no momento da compra, acrescida da variação do Índice de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA). Por isso, proporciona rentabilidade real, ou seja, garante o aumento do
poder de compra do dinheiro. Independente da variação da inflação, a rentabilidade total do título
sempre será superior a ela.

É indicado para quem deseja utilizar o rendimento para complementar sua renda a partir do
momento da aplicação, uma vez que faz pagamento de juros a cada semestre. Logo, o rendimento é
recebido pelo investidor ao longo do período da aplicação, em vez de receber tudo no final.

Juros semestrais Valor de face nominal


(investido + rentabilidade)

Data da compra

Data de vencimento

Valor Investido

NTN-B Principal (Tesouro IPCA+)


Título pós-fixado cuja rentabilidade é composta por uma taxa pactuada no momento da compra mais
a variação do IPCA. Desta forma, proporciona ao investidor uma rentabilidade real, garantindo o
poder de compra do dinheiro.

Com vencimentos mais longos frente aos outros disponíveis, é indicado para quem deseja poupar
para a aposentadoria. Possui fluxo de pagamentos simples onde, no vencimento, o investidor recebe
o valor investido acrescido da rentabilidade. Aqui, o pagamento ocorre de uma só vez, no final da
aplicação. Valor de face nominal
(investido + rentabilidade)

Data da compra
Juros pactuado + variação do IPCA Data de vencimento

Valor investido

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NTN-F
As Notas do Tesouro Nacional – Séria F, são títulos cuja rentabilidade é prefixada e cujo rendimento
da aplicação é recebido pelo investidos ao longo do investimento, por meio dos cupons semestrais
de juros, e na data de vencimento do título, quando do resgate do valor investido somado à
rentabilidade do pagamento do último cupom de juros.
Juros semestrais
Valor de face nominal
(investido + rentabilidade)

Data da compra

Data de vencimento

Valor investido

Câmara de liquidação, compensação e custódia da B3 S/A (Câmara BM&FBovespa):


conceito, funções, principais títulos e operações custodiadas, garantias e benefícios para
o investidor

A Clearing B3 realiza o registro, a aceitação, a compensação, a liquidação e o gerenciamento de risco


de contraparte de operações do mercado de derivativos financeiros, de commodities e de renda
variável, dos mercados à vista de ouro, de renda variável e de renda fixa privada, realizadas em
mercado de bolsa e em mercado de balcão organizado, bem como de operações de empréstimo de
ativos.

Sucessora da antiga Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) e fruto da fusão das
câmaras de Derivativos e de Ações e Renda Fixa Privada, a Clearing B3 liquida operações realizadas
por meio dos sistemas de negociação “PUMA” (negocia títulos de renda variável – mercado à vista e
de derivativos: opções, termo e futuro) e “Bovespa Fix” (títulos privados de renda fixa), ambos
ligados à B3.

Atua também como depositária central de ações e títulos de dívida corporativa, além de operar
programa de empréstimo sobre esses títulos por meio do Banco de Títulos (BTC), com garantia da
B3.

Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). Conceito

O SPB compreende as entidades, os sistemas e os procedimentos relacionados com o processamento


e a liquidação de operações de transferência de fundos, de operações com moeda estrangeira ou
com ativos financeiros e valores mobiliários, chamados, coletivamente, de entidades operadoras de

23 | P á g i n a
Infraestruturas do Mercado Financeiro (IMF). Adicionalmente, os arranjos e as instituições de
pagamento também integram o SPB.

As funções básicas de um sistema de pagamentos são transferir recursos, bem como processar e
liquidar pagamentos para pessoas, empresas, instituições financeiras para o governo e o Bacen. A
partir de 2002, quando houve uma reforma no SPB decorrente da edição da Lei 10.214/2001,
proporcionou-se a interligação dos sistemas dos participantes do mercado. Hoje, o SPB é integrado
por serviços de:

▪ Compensação de cheques;
▪ Compensação e liquidação de ordens eletrônicas de débito e de crédito;
▪ Transferência de fundos e de outros ativos financeiros;
▪ Compensação e liquidação de operações com títulos e valores mobiliários;
▪ Compensação e liquidação de operações realizadas em bolsas de mercadorias e de futuros
e outras entidades.

Os princípios fundamentais norteadores do SPB envolvem:

▪ Reconhecimento da compensação multilateral no âmbito dos sistemas de compensação e


de liquidação;
▪ Dispositivos que garantem a exequibilidade dos ativos oferecidos em garantia, no caso de
quebra de participante em sistema de compensação e de liquidação;
▪ Obrigatoriedade de que, em todo sistema de liquidação considerado sistematicamente
importante pelo Bacen, a entidade operadora atue como contraparte central e, ressalvado
o risco de emissor, assegure a liquidação de todas as operações cursadas, devendo para isso
contar com adequados mecanismos de proteção;
▪ Estabelecimento de princípios para o funcionamento do SPB em conformidade com as
recomendações feitas por organismos financeiros internacionais;
▪ Exigência de que, nos sistemas considerados sistematicamente importantes, a liquidação
final dos resultados apurados seja feita diretamente em contas mantidas no Bacen;
▪ Proibição de saldo a descoberto nas contas de liquidação mantida no Bacen.

O SPB possui uma base legal sólida e abrangente, pelo uso obrigatório de contrapartes centrais para
a liquidação de obrigações, pela certeza da liquidação dada pela contraparte central com base em
mecanismos de gerenciamento de riscos e salvaguardas, bem como pela irrevogabilidade e
finalidade das liquidações.

24 | P á g i n a
Ética, regulamentação e análise do perfil do investidor

Código de Distribuição de Produtos de Investimento

Definições (Capítulo I)

O Código de Distribuição disciplina as atividades de oferta de Produtos de Investimento de forma


coletiva ou individual nos seus diversos meios (agências bancárias, plataformas de atendimento,
centrais de atendimento, canais digitais etc.), bem como atividades acessórias prestadas aos
investidores.

O capítulo I do Código de Distribuição de Produtos de Investimento traz uma série de conceitos


fundamentais para compreensão do real significado e extensão do que é elencado no Código. São
trinta termos que devem ser lidos em sua completude por aqueles que pretendem atuar
profissionalmente no mercado financeiro. Aqui, serão elencados alguns de maior relevância para
compreensão dos demais tópicos:

▪ ANBIMA ou Associação: Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiros e de


Capitais;
▪ Canais digitais: canais digitais ou eletrônicos utilizados na Distribuição dos Produtos de
Investimento, que servem como instrumentos remotos sem contato presencial entre o
investidor ou potencial investidor e a Instituição Participante;
▪ Código: código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para Distribuição de Produtos de
Investimentos que dispõe sobre a atividade de Distribuição de Produtos de Investimento;
▪ Conglomerado ou Grupo Econômico: conjunto de entidades controladoras diretas ou
indiretas, controladas, coligadas ou submetidas a controle comum;
▪ Conheça seu cliente: regras e procedimentos adotados pelas Instituições Participantes para
conhecer seus investidores;
▪ Distribuição de Produtos de Investimento:
o Oferta de Produtos de Investimento de forma individual ou coletiva, resultando ou
não em aplicações de recursos, assim como a aceitação de pedido de aplicação por
meio de agências bancárias, plataformas de atendimento, centrais de atendimento,
Canais Digitais, ou qualquer outro canal estabelecido para este fim;
o Atividades acessórias prestadas aos investidores, tais como manutenção do
portfólio de investimentos e fornecimento de informações periódicas acerca dos
investimentos realizados.

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▪ Fundo de Investimento ou Fundo: comunhão de recursos, constituído sob a forma de
condomínio, destinada à aplicação em ativos financeiros;
▪ Fundo Exclusivo: fundo destinado exclusivamente a um único investidor profissional nos
termos da Regulação em vigor;
▪ Material Publicitário: material sobre Produtos de Investimento divulgado pelas Instituições
Participantes por qualquer meio de comunicação disponível, que seja destinado a
investidores ou potenciais investidores com o objetivo de estratégia comercial e
mercadológica;
▪ Material Técnico: material sobre Produtos de Investimento divulgado pelas Instituições
Participantes por qualquer meio de comunicação disponível, que seja destinado a
investidores ou potenciais investidores com o objetivo de dar suporte técnico a uma decisão
de investimento;
▪ Produtos Automáticos: aqueles que possuem a funcionalidade de aplicação e resgate
automático, conforme saldo disponível na conta corrente do investidor;
▪ Produtos de Investimento: valores mobiliários e ativos financeiros definidos pela CVM e/ou
pelo Bacen.

Objetivo e Abrangência (Capítulo II)

O artigo 2º versa sobre os objetivos do Código, dentre os quais se destacam aspectos disciplinares
para Distribuição de Produtos de Investimento:

▪ Manutenção dos mais elevados padrões éticos;


▪ Concorrência leal;
▪ Padronização de procedimentos;
▪ Transparência na relação;
▪ Qualificação dos envolvidos.

No artigo 3º estão expostos os agentes aos quais as regras do Código se aplicam: bancos múltiplos,
bancos comerciais, bancos de investimento, bancos de desenvolvimento, sociedades corretoras e
DTVMs, administradores fiduciários e/ou gestores de recursos de terceiros quando distribuírem
Fundos de Investimento próprios. Vale destacar que as regras são estendidas a todos os integrantes
do Conglomerado ou Grupo Financeiro das instituições participantes que estejam autorizadas a
operar no Brasil na atividade descrita.

A observação dos pontos do Código de Distribuição não é necessária na distribuição de Produtos de


Investimento para:

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▪ Entes da federação brasileira – União, Estados, Municípios e Distrito Federal – incluindo os
Regimes Próprios de Previdência Social;
▪ Pessoas jurídicas dos segmentos classificados como middle e corporate, segundo critérios
estabelecidos pela própria Instituição Participante; e
▪ Caderneta de Poupança.

Princípios Gerais de Conduta (Capítulo IV)

Os princípios gerais elencados no Código são, em outras palavras, declarações de deveres que devem
ser observadas pelas instituições participantes em relação ao desempenho da atividade de
Distribuição de Produtos de Investimento.

Neste capítulo são apontados nove deveres:

I. Exercer suas atividades com boa fé, transparência, diligência e lealdade;


▪ A instituição participante deve fomentar a confiança necessária para o bom
desenvolvimento do segmento.
II. Cumprir todas as suas obrigações, devendo empregar, no exercício de suas atividades, o
cuidado que toda pessoa prudente e diligente costuma dispensar à administração de seus
próprios negócios, respondendo por quaisquer infrações ou irregularidades que venham a
ser cometidas;
▪ A instituição participante deve atuar no melhor interesse de seus clientes, não
recomendando produtos que favoreçam a si em detrimento de outros que
atenderiam melhor o cliente.
III. Nortear a prestação das atividades pelos princípios da liberdade de iniciativa e da livre
concorrência, evitando a adoção de práticas caracterizadoras de concorrência desleal e/ou
de condições não equitativas, respeitando os princípios de livre negociação;
▪ A instituição participante deve evitar práticas predatórias.
IV. Evitar quaisquer práticas que infrinjam ou estejam em conflito com as regras e princípios
contidos no Código e na Regulação vigente;
▪ Evitar que práticas inovadoras implementadas conflitem com as disposições
regulatórias.
V. Adotar condutas compatíveis com os princípios de idoneidade moral e profissional;
▪ Instituições participantes devem prezar pelo comportamento correto e profissional.
VI. Evitar práticas que possam vir a prejudicar a Distribuição de Produtos de Investimento,
especialmente no que tange aos deveres e direitos relacionados às atribuições específicas

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de cada uma das instituições participantes estabelecidas em contratos, regulamentos, no
Código e na Regulação vigente;
▪ Fortalecer a confiança dos clientes no mercado financeiro através do
comportamento ético das instituições participantes.
VII. Envidar os melhores esforços para que todos os profissionais que desempenhem funções
ligadas à Distribuição de Produtos de Investimento atuem com imparcialidade e conheçam
o código de ética da instituição participante e as normas aplicáveis à sua atividade;
▪ Evitar a prática de irregularidades frente aos clientes e público em geral,
principalmente, na via informacional.
VIII. Divulgar informações claras e inequívocas aos investidores acerca dos riscos e
consequências que poderão advir dos Produtos de Investimento;
▪ Transparência, exatidão e clareza nas informações, elencando os prós e contras das
diversas modalidades de investimento disponíveis.
IX. Identificar, administrar e mitigar eventuais conflitos de interesse que possam afetar a
imparcialidade das pessoas que desempenhem funções ligadas à Distribuição de Produtos
de Investimento.
▪ Pulverização do mercado impõe desafios na gestão do setor. Especial atenção às
situações potenciais de conflito de interesse.

Em seu artigo 7º, o Código estabelece que serão considerados descumprimentos às obrigações e
princípios elencados não apenas a inexistência ou insuficiência das regras e procedimentos exigidos,
mas também a sua não implementação ou implementação inadequada para os fins previstos, sendo
esta última entendida com a reiterada ocorrência de falhas, não sanadas nos prazos estabelecidos e
a ausência de mecanismo ou evidência que demonstre a aplicação dos procedimentos estabelecidos.

Regras, Procedimentos e Controles (Capítulo V)

O Código estabelece que, para assegurar o cumprimento dos princípios elencados anteriormente, as
instituições participantes devem implementar e manter em documentos escritos, regras,
procedimentos e controles. Esses documentos devem ser efetivos e consistentes com a natureza,
porte e estrutura do modelo de negócio da instituição, devem ser acessíveis a todos os profissionais,
possuindo divisão clara das responsabilidades dos envolvidos na função de controles interno e de
cumprimento das políticas estabelecidas pela Regulação vigente. Além disso, tais documentos
devem descrever os procedimentos para a coordenação das atividades relativas à função de
controles internos e de compliance com as funções de gestão de riscos e indicar as medidas

28 | P á g i n a
necessárias para garantir a independência e a adequada autoridade aos responsáveis pelas
mencionadas funções.

Complementarmente, o Código de Distribuição estabelece exigências para a estruturação de áreas


responsáveis por controles interno e Compliance. Desta forma, é necessário que estas áreas tenham:

▪ Estrutura compatível com a natureza, porte e modelo de negócios das instituições


participantes, bem como à complexidade dos Produtos de Investimento distribuídos;
▪ Independência, respondendo diretamente ao diretor responsável pelos controles internos
e Compliance;
▪ Ter profissionais com qualificação técnica e experiência necessária para o exercício das
atividades relacionadas à função de controles internos e de compliance;
▪ Ter comunicação direta com a diretoria, administradores e conselho de administração, se
houver, para realizar relato dos resultados decorrentes das atividades relacionadas à função
de controles internos e de compliance, incluindo possíveis irregularidades ou falhas
identificadas;
▪ Ter acesso regular a capacitação e treinamento; e
▪ Ter autonomia e autoridade para questionar os riscos assumidos nas operações realizadas
pela instituição.

Visando a efetividade das atividades de controles internos e de compliance, o Código permite que
elas sejam desempenhadas em conjunto, na mesma estrutura, ou por unidades específicas. Porém,
é necessária a indicação de ao menos um diretor, estatutário ou equivalente, responsável pelos
controles internos e pelo compliance. A esse diretor é vedada a atuação em funções relacionadas à
administração de recursos de terceiros, intermediação, distribuição ou consultoria de valores
mobiliários, ou ainda, qualquer outra atividade que limite sua independência, dentro ou fora da
instituição participante.

Segurança e Sigilo das Informações (Seção II)

No escopo do Código, são elencados procedimentos a serem adotados pelas instituições


participantes no que diz respeito aos controles internos e compliance. Entre eles, destacam-se
procedimentos documentados por escrito, visando garantir a segurança e sigilo das informações,
que contenham:

▪ Controle das informações confidenciais, reservadas ou privilegiadas, indicando como se dá


o acesso e controle de pessoas autorizadas e não autorizadas a essas informações, inclusive
nos casos de mudança de atividade dentro da mesma instituição ou desligamento do
profissional;

29 | P á g i n a
▪ Regras específicas sobre proteção da base de dados e procedimentos internos para tratar
casos de vazamento de informações confidenciais, reservadas ou privilegiadas, mesmo que
oriundos de ações involuntárias;
▪ Testes periódicos de segurança para os sistemas de informações, em especial para os
mantidos em meio eletrônico;
▪ Treinamento para os sócios, diretores, administradores e profissionais que tenham acesso a
informações confidenciais, reservadas ou privilegiadas;
▪ Regras de restrição ao uso de sistemas, acessos remotos e qualquer outro meio/veículo que
contenham informações confidenciais, reservadas ou privilegiadas;

Aos profissionais das instituições participantes, deve ser exigida assinatura, manual ou eletrônica, de
documento de confidencialidade sobre as informações confidenciais, reservadas ou privilegiadas que
lhes tenham sido confiadas em virtude do exercício de suas atividades profissionais. Essa exigência
deve ser estendida para os terceiros contratados.

Publicidade (Capítulo VIII)

O contato e a disponibilidade de informações claras e precisas para o grande público é parte


fundamental da atividade de Distribuição de Produtos de Investimento. As instituições devem
envidar seus melhores esforços no sentido de produzir materiais adequados aos seus investidores,
buscando transparência e precisão das informações, privilegiando dados de fácil comparabilidade,
zelando sempre pela concorrência leal. Na Seção II do Capítulo VIII, são elencados pontos necessários
para a divulgação do Material Publicitário.

A Instituição Participante que deseja realizar divulgação de tal material em qualquer meio de
comunicação deve, necessariamente, incluir em destaque link ou caminho direcionando investidores
ou potenciais investidores ao Material Técnico sobre os produtos de investimentos tratados nas
peças, de modo que haja conhecimento de todas as informações, características e riscos dos
investimentos. Quando os investimentos são tratados de forma genérica, isto é, não focada em
algum produto específico, o direcionamento deve se dar ao site da instituição. Adicionalmente,
quando ocorrer divulgação de rentabilidade, deve-se incluir o nome do emissor e a carência, se
houver.

A divulgação do Material Técnico, tratada na Seção III do referido Código, deve contemplar, no
mínimo, as seguintes informações:

I. Descrição do objetivo e/ou estratégia;


II. Público-alvo, quando destinado a investidores específicos;
III. Carência para resgate e prazo de operação;

30 | P á g i n a
IV. Tributação aplicável;
V. Informações sobre os canais de atendimento;
VI. Nome do emissor, quando aplicável;
VII. Classificação do Produto de Investimento;
VIII. Descrição resumida dos principais fatores de risco, incluindo, no mínimo, os riscos de
liquidez, de mercado e de crédito, quando aplicável.

Tais informações devem estar disponíveis, por meio impresso ou passível de impressão, nas agências
e dependências da Instituição Participante.

Nos Materiais Técnicos, ainda, devem ser inclusos, com destaque, os seguintes avisos obrigatórios,
de acordo com texto dado pela Seção VI:

I. Caso faça referência a histórico de rentabilidade ou menção de performance:


a. “Rentabilidade obtida no passado não representa garantia de resultados futuros”;
b. “A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos”;
II. Caso faça referência a Produtos de Investimento que não possuam garantia do fundo
garantidor de crédito:
a. “O investimento em [indicar produto de investimento] não é garantido pelo Fundo
Garantidor de Crédito”;
III. Caso faça referência à simulação de rentabilidade:
a. “As informações presentes neste material técnico são baseadas em simulações e os
resultados reais poderão ser significativamente diferentes.”

Regras Gerais (Capítulo IX)

Seguindo o disposto no Capítulo IX, as Instituições Participantes, ao recomendar Produtos de


Investimento, não podem induzir os investidores a erro ao dar a entender que atuam como
prestadores de serviço de consultoria independente de valores mobiliários de forma autônoma à
atividade de Distribuição de Produtos de Investimento.

Para reforçar esse compromisso, o Código de Distribuição exige que as instituições participantes
atribuam a responsabilidade pela atividade de Distribuição de Produtos de Investimento a um diretor
estatutário ou equivalente. Estabelece também obrigações específicas para divulgação de
informações por meios eletrônicos, exigência de procedimento para as instituições conhecerem seus
clientes investidores e para que as instituições verifiquem a adequação dos investimentos
recomendados ao perfil do investidor.

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Na Seção I, são elencados procedimentos a serem adotados quando da divulgação de informações
por meio eletrônico. As Instituições Participantes que o fizerem, devem explicitar, no mínimo, as
seguintes informações:

I. Descrição do objetivo e/ou estratégia de investimento;


II. Público-alvo, quando destinado a investidores específicos;
III. Carência para resgate e prazo de operação;
IV. Nome do emissor, quando aplicável;
V. Tributação aplicável;
VI. Classificação do Produto de Investimento;
VII. Descrição resumida dos principais fatores de risco;
VIII. Informações sobre os canais de atendimento.

As Instituições Participantes devem possuir canais de atendimento compatíveis com seu porte e
número de investidores para esclarecimento de dúvidas e recebimento de reclamações.

Na Seção II, são tratadas informações do processo de Conheça seus Cliente. As Instituições devem
conhecer seus investidores no início do relacionamento e durante o processo cadastral, identificando
necessidade de visitas pessoais em suas residências, locais de trabalho e instalações comerciais.

As Instituições Participantes devem implementar e manter, em documento escrito, regras,


procedimentos que descrevam o processo de Conheça seu Cliente adotado, onde devem constar, no
mínimo:

I. Procedimento adotado para aceitação de investidores, incluindo procedimento para análise


e validação dos dados, bem como a forma de aprovação dos investidores;
II. Indicação dos casos em que são realizadas visitas aos investidores;
III. Indicação do sistema e ferramentas utilizadas para realizar o controle das informações,
dados e movimentações dos investidores;
IV. Procedimento de atualização cadastral;
V. Procedimento adotado para identificar a pessoa natural caracterizada como beneficiário
final;
VI. Procedimento adotado para veto de relacionamentos em razão dos riscos envolvidos.

Ademais, as Instituições devem manter as informações cadastrais de seus investidores atualizadas,


de modo a permitir que haja identificação, a qualquer tempo, de cada um dos beneficiários finais,
bem como do registro atualizado de todas as aplicações e resgates realizados em nome dos
investidores.

Um ponto importante e que merece atenção especial do candidato diz respeito ao Suitability,
descrito na Seção III. O Código impõe obrigação de observância do disposto na Diretriz ANBIMA de

32 | P á g i n a
Suitability para classificação do perfil do investidor, definição de categoria do ativo, consideração dos
riscos associados ao produto de investimento e para definição de regras e procedimentos relativos
à recomendação e classificação de produtos de investimento complexo. As Instituições, no exercício
da atividade de Distribuição de Produtos de Investimento, não podem recomendar Produtos de
Investimento, realizar operações ou prestar serviços sem que verifiquem sua adequação ao perfil do
investidor. Por isso, estas devem implementar e manter, em documento escrito, regras e
procedimentos que possibilitem verificar a adequação dos Produtos de Investimento ao perfil dos
investidores, contendo, no mínimo:

I. Coleta de informações: descrição detalhada do mecanismo de coleta das informações junto


ao investidor para definição de perfil;
II. Classificação do perfil: descrição detalhada dos critérios utilizados para a classificação do
perfil do investidor, devendo ser observadas as características de classificação para cada
perfil;
III. Classificação de Produtos de Investimentos: descrição detalhada dos critérios utilizados para
a classificação de cada Produto de Investimento;
IV. Comunicação com o investidor: descrição detalhada dos meios, forma e periodicidade de
comunicação utilizada entre a Instituição Participante e o investidor para:
a. Divulgação do seu perfil de risco após coleta das informações; e
b. Divulgação referente ao desenquadramento identificado entre o perfil do investidor
e seus investimentos, a ser efetuada sempre que verificado o desenquadramento;
V. Procedimento operacional: descrição detalhada dos procedimentos utilizados para a
aferição periódica entre o perfil do investidor e seus investimentos;
VI. Atualização do perfil do investidor: descrição detalhada dos critérios utilizados para
atualização do perfil do investidor, incluindo a forma como a Instituição Participante dará
ciência desta atualização; e
VII. Controles internos: descrição detalhada dos controles internos e mecanismos adotados pela
Instituição Participante para o processo de Suitability com o objetivo de assegurar a
efetividade dos procedimentos estabelecidos pela instituição.

Para definição do objetivo de investimento do investidor, a Instituição Participante deve considerar,


no mínimo:

I. O período em que será mantido o investimento;


II. As preferências declaradas quanto à assunção de riscos; e
III. As finalidades do investimento.

Nesse mesmo sentido, para definição da situação financeira do investidor, deve-se considerar:

I. O valor das receitas regulares declaradas;

33 | P á g i n a
II. O valor e os ativos que compõem seu patrimônio; e
III. A necessidade futura de recursos declarada.

A definição do conhecimento do investidor deve contemplar:

1. Os tipos de produtos, serviços e operações com os quais o investidor tem familiaridade;


2. A natureza, volume e frequência das operações já realizadas pelo investidor, bem como o
período em que tais operações foram realizadas; e
3. A formação acadêmica e experiência profissional do investidor, salvo quando tratar-se de pessoa
jurídica.

As informações acima elencadas devem ser atualizadas em prazos não superiores a vinte e quatro
meses. Fica vedado ao distribuidor recomendar produtos ou serviços quando o perfil do cliente não
seja adequado ao produto ou serviço. Caso o cliente ordene a realização de operações nas situações
em que a recomendação é vedada, o distribuidor deve, antes da primeira operação com a categoria
de ativo, alertar o cliente acerca da ausência, desatualização ou inadequação do perfil, com a
indicação das causas da divergência. Caso ocorra insistência na operação por parte do cliente, o
distribuidor deve obter declaração expressa de que o cliente deseja manter a decisão de
investimento, mesmo estando ciente das incompatibilidades quanto ao perfil. Esse mesmo
procedimento deve ser adotado frente aqueles clientes que se recusarem a responder o questionário
de suitability.

No artigo 46 do Código, destaca-se que os procedimentos dispostos acerca das regras de suitability
não se aplicam aos “produtos automáticos”, isto é, aqueles de aplicação e resgate automáticos
destinados, exclusivamente, aos correntistas da instituição. Essa isenção, entretanto, só é válida se
a aplicação automática não tiver como base um valor mobiliário. Logo, produtos automáticos que
tenham como base fundos de investimento, ou operações compromissadas com lastro em
debêntures emitidas por instituições financeiras do mesmo conglomerado ou grupo econômico da
instituição na qual o investidor seja correntista, será admitido o processo simplificado de suitability.
Tal processo simplificado consistirá na obtenção de declaração assinada pelo investidor no momento
da contratação do produto automático, de acordo com o modelo disponibilizado pela ANBIMA em
seu portal.

Selo ANBIMA (Capítulo XIII)

O selo ANBIMA tem por finalidade exclusiva demonstrar o compromisso das Instituições
Participantes em atender às disposições do Código de Distribuição de Produtos de Investimento. Este
selo, porém, não responsabiliza a ANBIMA pelas informações constantes nos documentos divulgados
pelas Participantes, nem pela qualidade da prestação de atividades.

34 | P á g i n a
Distribuição de Fundos de Investimento (Anexo I)

Trata de regras específicas quanto à distribuição dos Fundos de Investimento 555 (“Fundo 555”),
Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (“FIDC”), Fundos de Investimento Imobiliários (“FII”)
e os Fundos de Investimento em Índice de Mercado (“Fundos de Índice”) em conjunto (“Fundos”).

Segundo disposto no Capítulo I, “Distribuição”, a distribuição de cotas de Fundos constituídos sob a


forma de condomínio aberto, e daqueles que não sejam Exclusivos e/ou Reservado, e que não sejam
objeto de oferta pública pela Instituição Participante, devem ter informações divulgadas em seção
exclusiva nos sites das Instituições Participantes. Essa seção deve conter, além das informações
exigidas para qualquer outro produto de investimento:

▪ Política de investimento;
▪ Classificação de risco do Fundo;
▪ Condições de aplicação, amortização e resgate;
▪ Limites mínimos e máximos de investimento e valores mínimos para movimentação
e permanência no Fundo;
▪ Taxa de administração, de performance e demais taxas;
▪ Rentabilidade;
▪ Avisos obrigatórios;
▪ Referência ao local de acesso aos documentos do Fundo com explicitação do canal
destinado ao atendimento a investidores.

Alternativamente, as Instituições Participantes podem disponibilizar tais informações por meio de


link para os sites dos administradores fiduciários e/ou agentes de recursos dos Fundos distribuídos
que contenham as informações. Ainda assim, ela continuará sendo responsável pelas informações
divulgadas.

Prevenção Contra a Lavagem de Dinheiro

Existe uma série de dispositivos que visam garantir que as instituições financeiras cumpram seu papel
no combate e prevenção à lavagem de dinheiro.

Conceito de lavagem de dinheiro. Legislação

O conceito de lavagem de dinheiro é dado pela Lei 9.613/98, com recente alteração dada pela Lei
12.683/12 que visa tornar mais eficiente a persecução penal dos crimes de lavagem de dinheiro.
Segundo artigo 1º, lavagem de dinheiro consiste em “ocultar ou dissimular a natureza, origem,
localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes,
direta ou indiretamente, de infração penal”. Com menos tecnicalidade, a lavagem de dinheiro

35 | P á g i n a
consiste na inserção na economia formal de recursos decorrentes de atividades ilícitas por meio da
ocultação ou dissimulação de sua verdadeira origem.

A lavagem de dinheiro envolve, basicamente, três etapas independentes, segundo o Conselho de


Controle de Atividades Financeiras (COAF):

▪ Colocação: inserção do dinheiro no sistema econômico. Se efetua por meio de depósitos,


compra de instrumentos negociáveis ou compra de bens. São aplicadas técnicas sofisticadas
visando dificultar a identificação da procedência do dinheiro, como o fracionamento dos
valores em quantias menores e a utilização de estabelecimentos comerciais que usualmente
trabalham com dinheiro em espécie;
▪ Ocultação: dificultar rastreamento contábil dos recursos;
▪ Integração: ativos são incorporados formalmente ao sistema econômico, geralmente
através de investimentos em empreendimentos que facilitem as atividades.

A pena para o crime de lavagem de dinheiro é de reclusão de 3 a 10 anos, e multa, sendo no parágrafo
1º e 2º, elencadas a extrapolação das penas para quem:

I. os converte (recursos ilícitos) em ativos lícitos;


II. os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem em depósito,
movimenta ou transfere;
III. importa ou exporta bens com valores não correspondentes aos verdadeiros;
IV. utiliza, na atividade econômica ou financeira;
V. participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua atividade
principal ou secundária é dirigida à prática de crimes previstos na Lei.

A tentativa é punida nos termos do parágrafo único do art. 14 do Código Penal. A multa pecuniária,
aplicada pelo COAF, será variável não superior ao dobro do valor da operação; ao dobre do lucro real
obtivo ou que presumivelmente seria obtido pela realização da operação; ou ao valor de R$ 20
milhões.

A pena será aumentada de um a dois terços, se os crimes definidos nesta Lei forem cometidos de
forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa; e poderá ser reduzida de um a dois
terços e ser cumprida em regime aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou
substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe
colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à
apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à localização
dos bens, direitos ou valores objeto do crime.

É comum escutarmos a expressão de que na lavagem de dinheiro não há crime consequente sem
crime precedente. Isso se deve ao fato de que, para que sejam consideradas crime consequente de

36 | P á g i n a
lavagem de dinheiro, é necessário que as atividades tenham fonte de recursos provenientes de
atividades ilícitas.

O combate à lavagem de dinheiro é liderado pelo COAF, órgão integrante ao Ministério da Economia
(Ministério da Fazenda) e cumpre função de Unidade de Inteligência Financeira. Além disso, o
Bacen3, a CVM4, a Polícia Federal, a Receita Federal, a Controladora-Geral da União e o Ministério
Público, também atuam ativamente no combate à ilegalidade.

Lei 13.974/2020 – do COAF: Dispõe sobre o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf),
de que trata o art. 14 da Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998

“Art. 2º - O Coaf dispõe de autonomia técnica e operacional, atua em todo o território nacional e

vincula-se administrativamente ao Banco Central do Brasil.

Art. 3º - Compete ao Coaf, em todo o território nacional, sem prejuízo das atribuições estabelecidas

na legislação em vigor:

I. produzir e gerir informações de inteligência financeira para a prevenção e o combate

à lavagem de dinheiro;

II. promover a interlocução institucional com órgãos e entidades nacionais, estrangeiros

e internacionais que tenham conexão com suas atividades.

Art. 4º - A estrutura organizacional do Coaf compreende:

I. Presidência;

II. Plenário; e

III. Quadro Técnico.

§1º O Plenário é composto do Presidente do Coaf e de 12 (doze) servidores ocupantes de cargo

efetivos, de reputação ilibada e reconhecidos conhecimentos em matéria de prevenção e

combate à lavagem de dinheiro, escolhidos dentre integrantes dos quadros de pessoal

dos seguintes órgãos e entidades:

I. Banco Central do Brasil;

II. Comissão de Valores Mobiliários;

III. Superintendência de Seguros Privados;

3
Circular Bacen 3.461.
4
Instrução CVM 301.

37 | P á g i n a
IV. Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional;

V. Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil;

VI. Agência Brasileira de Inteligência;

VII. Ministério das Relações Exteriores;

VIII. Ministério da Justiça e Segurança Pública;

IX. Polícia Federal;

X. Superintendência Nacional de Previdência Complementar;

XI. Controladoria-Geral da União;

XII. Advocacia-Geral da União.

§2º Compete ao Plenário, sem prejuízo de outras atribuições previstas no Regimento Interno

do Coaf:

I. decidir sobre as orientações e as diretrizes estratégicas de atuação propostas pelo

Presidente do Coaf;

II. decidir sobre infrações e aplicar as penalidades administrativas previstas no art.

12 da Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998, em relação a pessoas físicas e pessoas

jurídicas abrangidas pelo disposto no art. 9º da Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998,

para as quais não exista órgão próprio fiscalizador ou regulador;

III. convidar especialistas em matéria correlacionada à atuação do Coaf, oriundos de

órgãos e entidades públicas ou de entes privados, com o intuito de contribuir para

o aperfeiçoamento de seus processos de gestão e inovação tecnológica, observada

pelo convidado a preservação do sigilo de informações de caráter reservado às quais

tenha acesso.

§3º A participação dos membros do Plenário em suas sessões deliberativas será considerada

prestação de serviço público relevante não remunerado.

§4º O Quadro Técnico compreende o Gabinete da Presidência, a Secretaria-Executiva e as

Diretorias Especializadas definidas no Regimento Interno do Coaf.

§5º Compete ao Presidente do Banco Central do Brasil escolher e nomear o Presidente

do Coaf e os membros do Plenário.

38 | P á g i n a
§6º Compete ao Presidente do Coaf escolher e nomear, observadas as exigências de

qualificação profissional e formação acadêmica previstas em ato do Poder Executivo:

I. o Secretário-Executivo e os titulares das Diretorias Especializadas referidas no § 4º

deste artigo;

II. os servidores, os militares e os empregados públicos cedidos ao Coaf ou por ele

requisitados;

III. os ocupantes de cargos em comissão e funções de confiança.

Art. 8º - Aos integrantes da estrutura do Coaf é vedado:

I. participar, na forma de controlador, administrador, gerente preposto ou mandatário,

de pessoas jurídicas com atividades relacionadas no caput e no parágrafo único do

art. 9º da Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998;

II. emitir parecer sobre matéria de sua especialização, fora de suas atribuições

funcionais, ainda que em tese, ou atuar como consultor das pessoas jurídicas a que

se refere o inciso I do caput deste artigo;

III. manifestar, em qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de

julgamento no Coaf;

IV. fornecer ou divulgar informações conhecidas ou obtidas em decorrência do exercício

de suas funções a pessoas que não disponham de autorização legal ou judicial para

acessá-las”.

Lei 9.613 – Capítulo V: Quem está sujeito à Lei e à Regulamentação

Estão sujeitas à regulamentação as pessoas físicas ou jurídicas que tenham, em caráter permanente
ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não:

▪ a captação, intermediação e aplicação de recursos de terceiros;


▪ a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou instrumento
cambial;
▪ a custódia, emissão, distribuição, liquidação, negociação, intermediação ou administração
de títulos ou valores mobiliários.

Ainda estão sujeitas à lei,

39 | P á g i n a
▪ as bolsas de valores, as bolsas de mercadorias ou futuros e os sistemas de negociação do
mercado de balcão organizado;
▪ as seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades de previdência complementar ou de
capitalização;
▪ as administradoras de cartões de credenciamento ou cartões de crédito, bem como as
administradoras de consórcios para aquisição de bens ou serviços;
▪ as administradoras ou empresas que se utilizem de cartão ou qualquer outro meio
eletrônico, magnético ou equivalente, que permita a transferência de fundos;
▪ as empresas de arrendamento mercantil (leasing) e as de fomento comercial (factoring);
▪ as sociedades que efetuem distribuição de dinheiro ou quaisquer bens móveis, imóveis,
mercadorias, serviços, ou, ainda, concedam descontos na sua aquisição, mediante sorteio
ou método assemelhado;
▪ as filiais ou representações de entes estrangeiros que exerçam no Brasil qualquer das
atividades listadas neste artigo, ainda que de forma eventual;
▪ as demais entidades cujo funcionamento dependa de autorização de órgão regulador dos
mercados financeiro, de câmbio, de capitais e de seguros;
▪ as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que operem no Brasil como
agentes, dirigentes, procuradoras, comissionarias ou por qualquer forma representem
interesses de ente estrangeiro que exerça qualquer das atividades referidas neste artigo;
▪ as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra e
venda de imóveis;
▪ as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem joias, pedras e metais preciosos, objetos
de arte e antiguidades;
▪ as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor,
intermedeiem a sua comercialização ou exerçam atividades que envolvam grande volume
de recursos em espécie;
▪ as juntas comerciais e os registros públicos;
▪ as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente, serviços de
assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou assistência, de qualquer
natureza, em operações de compra e venda de imóveis, estabelecimentos comerciais ou
industriais ou participações societárias de qualquer natureza; de gestão de fundos, valores
mobiliários ou outros ativos; de abertura ou gestão de contas bancárias, de poupança,
investimento ou de valores mobiliários; de criação, exploração ou gestão de sociedades de
qualquer natureza, fundações, fundos fiduciários ou estruturas análogas; financeiras,
societárias ou imobiliárias; e de alienação ou aquisição de direitos sobre contratos
relacionados a atividades desportivas ou artísticas profissionais;

40 | P á g i n a
▪ pessoas físicas ou jurídicas que atuem na promoção, intermediação, comercialização,
agenciamento ou negociação de direitos de transferência de atletas, artistas ou feiras,
exposições ou eventos similares;
▪ as empresas de transporte e guarda de valores;
▪ as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de alto valor de origem rural ou
animal ou intermedeiem a sua comercialização; e
▪ as dependências no exterior das entidades mencionadas neste artigo, por meio de sua
matriz no Brasil, relativamente a residentes no País.

Lei 9.613 – Capítulo VI: Identificação dos clientes e manutenção de registros

Os agentes identificados acima, deverão:


I. identificar seus clientes mantendo cadastro atualizado;
II. manter registro de toda transação em moeda nacional e estrangeira, títulos e valores
mobiliários, títulos de crédito, metais ou qualquer ativo passível de ser convertido em
dinheiro, que ultrapassar limite fixado pela autoridade competente e nos termos das
instruções por esta expedidas;
III. deverão adotar políticas, procedimentos e controles internos, compatíveis com seu porte e
volume de operações, que lhes permitam atender ao disposto neste artigo e no art. 11, na
forma disciplinada pelos órgãos competentes;
IV. deverão cadastrar-se e manter seu cadastro atualizado no órgão regulador ou fiscalizador e,
na falta deste, no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), na forma e
condições por eles estabelecidas; e
V. deverão atender às requisições formuladas pelo Coaf na periodicidade, forma e condições
por ele estabelecidas, cabendo-lhe preservar, nos termos da lei, o sigilo das informações
prestadas.
Na hipótese de o cliente constituir-se em pessoa jurídica, a identificação referida deste artigo deverá
abranger as pessoas físicas autorizadas a representá-la, bem como seus proprietários.
As pessoas sujeitas à Lei devem atualizar os dados cadastrais dos clientes ativos em intervalos não
superiores a 24 meses (ICVM 301/1999, art. 3º).
Os cadastros e registros referidos nos incisos I e II deverão ser conservados durante o período mínimo
de 5 anos a partir do encerramento da conta ou da conclusão da transação; prazo este que poderá
ser ampliado pela autoridade competente.
O registro do inciso II será efetuado também quando a pessoa física ou jurídica, e seus entes ligados,
houver realizado, em um mesmo mês-calendário, operações com uma mesma pessoa, um mesmo

41 | P á g i n a
conglomerado ou grupo que, em seu conjunto, ultrapassem o limite fixado pela autoridade
competente.
A exigência de cadastro está em linha com o princípio “Conheça seu Cliente”. De acordo com este
princípio a identificação do cliente deve ser satisfatoriamente estabelecida antes da concretização
de uma operação. Caso o possível cliente se recuse a fornecer as informações requeridas, a
instituição financeira não deve aceitá-lo como cliente.
O Banco Central manterá registro centralizado formando o cadastro geral de correntistas e clientes
de instituições financeiras, bem como de seus procuradores.

Circular 617 – Processo de identificação dos clientes

Tem-se que os agentes relacionados abaixo, que tenham relacionamento direto com o investidor
devem identificá-lo, manter seu cadastro atualizado:
I – As pessoas naturais ou jurídicas que prestem no mercado de valores mobiliários, em caráter
permanente ou eventual, os serviços relacionados à distribuição, custódia, intermediação, ou
administração de carteiras;
II – Entidades administradoras de mercados organizados e as entidades operadoras de infraestrutura
do mercado financeiro;
III – As demais pessoas referidas em regulamentação específica que prestem serviços no mercado de
valores mobiliários, incluindo:
a) os escrituradores;
b) os consultores de valores mobiliários;
c) as agências de classificação de risco;
d) os representantes de investidores não residentes; e
e) as companhias securitizadoras; e
As pessoas mencionadas acima devem continuamente difundir perante seus clientes a importância
da manutenção de seus dados cadastrais atualizados, disponibilizando canais para que esses
investidores e seus representantes, conforme o caso, comuniquem quaisquer atualizações.
As entidades administradoras de mercados organizados e as entidades operadoras de infraestrutura
do mercado financeiro que não tenham relacionamento direto com os investidores devem utilizar as
informações cadastrais dos participantes para fins de aplicação deste artigo à política de PLDFT.
As pessoas referidas nos incisos I a III acima, não devem aceitar ordens de movimentação de contas
de clientes que estejam com os cadastros desatualizados, exceto nas hipóteses de pedidos de
encerramento de conta ou de alienação ou resgate de ativos. Nesse sentido, é permitida a adoção
de sistemas alternativos de cadastro, inclusive por meio eletrônico, desde que as soluções adotadas
satisfaçam os objetivos das normas vigentes e os procedimentos sejam passíveis de verificação.

42 | P á g i n a
A assinatura do cliente ou de seu procurador no cadastro pode ser efetuada por meio digital, ou, no
caso de sistemas eletrônicos, suprida por outros mecanismos, desde que os procedimentos adotados
permitam confirmar com precisão a identificação do cliente.
Os auditores independentes devem identificar seus clientes e respectivos beneficiários finais, na
forma dos procedimentos definidos pela regulamentação específica emitida pelo CFC.
O artigo 15 da instrução, elenca que “nas situações em que for necessária a condução de diligências
visando à identificação do beneficiário final de entes constituídos sob a forma de trust ou veículo
assemelhado, também devem ser envidados e evidenciados esforços para identificar:
I – A pessoa que instituiu o trust ou veículo assemelhado (settlor);
II – O supervisor do veículo de investimento, se houver (protector);
III – O administrador ou gestor do veículo de investimento (curador ou trustee); e
IV – O beneficiário do trust, seja uma ou mais pessoas naturais ou jurídicas”.
As pessoas elencadas no início desse tópico e no artigo 3º da instrução, que tenham relacionamento
direto com o investidor devem, de forma consistente com sua política de PLDFT, avaliação interna
de risco e demais regras, procedimentos e controles internos, dispensar especial atenção às
situações em que não seja possível identificar o beneficiário final.

Função do cadastro e implicações de um cadastro desatualizado e análise da capacidade financeira


do cliente

Talvez o principal instrumento de prevenção das instituições financeiras, o cadastro completo e


atualizado dos clientes é fundamental. Quanto mais completo um cadastro, mais facilmente são
identificadas operações suspeitas. Além disso, mudanças nos registros bem como alterações
patrimoniais só são detectadas quando da atualização dos respectivos cadastros. Por isso, tão
fundamental quanto a instituição do cadastro é sua atualização periódica.
A atualização deve ser feita respeitando, no mínimo, a periodicidade definida na regulamentação
vigente, podendo ser realizada via canais de atendimento e evidenciadas por meio de fichas
cadastrais e/ou cartas reconhecidas pelos clientes, gravações telefônicas, bem como outro
comprovante de confirmação de dados.

Avaliar capacidade financeira e evolução patrimonial através de um cadastro atualizado


periodicamente.

43 | P á g i n a
O princípio “conheça seu cliente” como forma de proteção da instituição financeira e do profissional

A avaliação de forma detalhada do perfil do cliente é conhecida como “Conheça seu Cliente”. O
processo consiste em reunir informações sobre o cliente que vão desde dados simples cadastrais até
profissão, renda, escolaridade, patrimônio, entre outras. Por meio dessas, é possível obter uma
análise mais precisa sobre quais operações realizadas são consideradas suspeitas.
A CVM estabelece no Anexo 11-A da Instrução 617/20, toda documentação que comprove as
informações prestadas deve ser armazenada pela instituição no ato do cadastro. Essa é uma forma
de proteger o profissional e a instituição, caso sejam verificadas irregularidades em operações dos
clientes.
Já no Anexo 5-I, aborda o conceito de Pessoas Expostas Politicamente (PEP):
“Art. 1º Para efeitos do disposto nesta Instrução, considera-se pessoas expostas
politicamente:
I – os detentores de mandatos eletivos dos poderes executivo e legislativo da União;
II – os ocupantes de cargo, no poder executivo da União, de:
a) Ministro de Estado ou equiparado;
b) natureza especial ou equivalente;
c) presidente, vice-presidente e diretor, ou equivalentes, de entidades da administração
pública indireta; e
d) grupo direção e assessoramento superior – DAS, nível 6, ou equivalente;
III – os membros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e dos Tribunais
Regionais Federais, do Trabalho e Eleitorais;
IV – o Procurador-Geral da República, o Procurador-Geral do Trabalho, o Procurador-Geral
da Justiça Militar e os Procuradores-Gerais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal;
V – os membros do Tribunal de Contas da União e o Procurador-Geral do Ministério Público
junto ao Tribunal de Contas da União;
VI – os presidentes e tesoureiros nacionais, ou equivalentes, de partidos políticos;
VII – os governadores e secretários de Estado e do Distrito Federal, os deputados estaduais
e distritais, os presidentes, ou equivalentes, de entidades da administração pública indireta
estadual e distrital.
e os presidentes de Tribunais de Justiça, Militares, de Contas ou equivalente de Estado e do
Distrito Federal;
VIII – os prefeitos, vereadores, presidentes de tribunais de contas ou equivalente dos
municípios.
§ 1º Para fins do disposto nesta Instrução, também são consideradas pessoas expostas
politicamente aquelas que, no exterior, sejam:

44 | P á g i n a
I – chefes de estado ou de governo;
II – políticos de escalões superiores;
III – ocupantes de cargos governamentais de escalões superiores;
IV – oficiais generais e membros de escalões superiores do poder judiciário;
V – executivos de escalões superiores de empresas públicas; ou
VI – dirigentes de partidos políticos.
§ 2º Para fins do disposto nesta Instrução, também são consideradas pessoas expostas
politicamente os dirigentes de escalões superiores de entidades de direito internacional
público ou privado.
[...]
§ 6º Para fins do disposto no inciso I, § 2º do art. 5º desta Instrução, são considerados:
I – familiares: os parentes, na linha direta, até o segundo grau, o cônjuge, o companheiro, a
companheira, o enteado e a enteada; e
II – estreitos colaboradores:
a) pessoas naturais que são conhecidas por terem sociedade ou propriedade conjunta em
pessoas jurídicas de direito privado ou em arranjos sem personalidade jurídica, que figurem
como mandatárias, ainda que por instrumento particular, ou possuam qualquer outro tipo
de estreita relação de conhecimento público com uma pessoa exposta politicamente; e
b) pessoas naturais que têm o controle de pessoas jurídicas de direito privado ou em arranjos
sem personalidade jurídica, conhecidos por terem sido criados para o benefício de uma
pessoa exposta politicamente”.

Operações suspeitas

Caracterização

Os normativos da CVM e do Bacen listam alguns mecanismos comuns nas operações de lavagem de
dinheiro. Com base no artigo 20, da Instrução CVM 617, são consideradas suspeitas e, por isso,
devem ser monitoradas continuamente:

▪ Operações cujos valores pareçam ser incompatíveis com a ocupação profissional e os


rendimentos de qualquer parte envolvida;
▪ Operações que apresentem oscilação significativa em relação ao volume ou frequência de
negócios de alguma das partes envolvidas;
▪ Operações realizadas entre as mesmas partes nas quais haja seguidos ganhos ou perdas no
que se refere a alguns dos envolvidos;

45 | P á g i n a
▪ Operações realizadas com finalidade de gerar perda ou ganho e para as quais falte,
objetivamente, fundamento econômico;
▪ Transferências privadas, sem motivação aparente, de recursos e de valores mobiliários;
▪ Entre várias outras constantes na Instrução CVM 617.

Pelo lado do Bacen, deve-se dar atenção às:

▪ Operações ou propostas cujas características indiquem risco de ocorrência dos crimes


previstos na lei 9613/98, ou com eles relacionados;
▪ Indícios de burla aos procedimentos de identificação e registro estabelecidos pelo próprio
Bacen por meio da Circular Bacen 3461;
▪ Clientes e operações em que não seja possível identificar o beneficiário final;
▪ Entre outras presentes na Circular Bacen 3461 e exemplificadas na Circular Bacen 3452.

Obrigatoriedade de comunicação e controle – instituições, empresas e autoridades


competentes

Para instituições reguladas pela CVM, existe a necessidade de se comunicar ao Coaf, em 24 horas, a
ocorrência, transações ou propostas de transação que possam ser considerados indícios de crimes
de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores provenientes de infração penal.

Já o Bacen define as operações que devem, obrigatoriamente, ser comunicadas ao Coaf até o dia útil
seguinte à sua verificação, sem que seja dada ciência à parte cuja ação foi comunicada ou a terceiros:

▪ Emissão ou recarga de valores em espécie, em um ou mais cartões pré-pagos, em montante


acumulado igual ou superior a R$50.000,00 ou o equivalente em moeda estrangeira, no
mês-calendário;
▪ Depósito em espécie, saque em espécie, ou saque em espécie por meio de cartão
pré-pago, de valor igual ou superior a R$ 50.000,00;
▪ De emissão de cheque administrativo, TED ou de qualquer outro instrumento de
transferência de fundos contra pagamento em espécie, de valor igual ou superior a R$
50.000,00;
▪ Realizadas ou serviços prestados cujo valor seja igual ou superior a R$ 10.000,00 e que,
considerando as partes envolvidas, os valores, as formas de realização, os instrumentos
utilizados ou a falta de fundamento econômico ou legal possam configurar a existência
de indícios dos crimes previstos na Lei 9.613/98;
▪ Realizadas ou serviços prestados que, por sua habitualidade, valor ou forma, configurem
artifício que objetive burlar os mecanismos de identificação, controle e registro.

46 | P á g i n a
Realizadas ou os serviços prestados, qualquer que seja o valor, a pessoas que
reconhecidamente tenham perpetrado ou intentado perpetrar atos terroristas ou neles
participado ou facilitado o seu cometimento, bem como a existência de recursos
pertencentes ou por eles controlados direta ou indiretamente;
▪ Os atos suspeitos de financiamento do terrorismo.

Responsabilidades administrativas e legais. Entidades e pessoas físicas


sujeitas à lei e a regulamentação.

Administradores das instituições financeiras que deixem de cumprir obrigações de prevenção à


lavagem de dinheiro estão sujeitos a penalidades administrativas, sem prejuízo de eventual
responsabilização civil ou penal. As penalidades cabíveis, constantes na Lei 9613/98, vão desde uma
advertência, passando por multa pecuniária variável, até cassação ou suspensão da autorização para
exercício da atividade.

A CVM e o Bacen determinam ainda, que seja designado um diretor responsável pela implementação
e cumprimento das medidas de prevenção à lavagem de dinheiro em cada instituição, nos termos
do artigo 8 da Instrução CVM 617/20 e do artigo 18 da Circular BC 3461.

Crime de lavagem de dinheiro


Responsabilidades e corresponsabilidades

Pessoas físicas e pessoas jurídicas consideradas responsáveis pela prática de lavagem de dinheiro
estão sujeitas à pena de reclusão de três a dez anos e multa. A pena não se aplica somente a quem
realizar efetivamente a conduta principal. As mesmas penas são aplicáveis aos agentes que
possibilitaram a ocorrência da lavagem de dinheiro em seu ciclo mais amplo que engloba integração,
ocultação e colocação.

Ética na venda

Venda casada: conceito

A venda casada consiste no ato de subordinar a venda ou prestação de um serviço à aquisição de


outro bem ou utilização de outro serviço. Nesse ponto, é importante nos atentarmos em diferenciar

47 | P á g i n a
tal prática das vantagens oferecidas no mercado, como descontos, promoções oferecidas, entre
outras práticas que não consistem em ilegalidade.

A venda casada é prática abusiva segundo o Código de Defesa do Consumidor (Seção IV, artigo 39),
bem como infração à ordem econômica (Lei 12529/11).

Restrições do investidor: idade, horizonte de investimento, conhecimento


do produto e tolerância ao risco

As instituições e seus profissionais devem, dentro de uma conduta ética e seguindo as leis vigentes,
observar as limitações, necessidades e anseios de seus clientes, quando das recomendações
realizadas.

Essa temática será discorrida com mais detalhes nas vídeo aulas, porém, é importante considerar
alguns pontos:

▪ Idade: avaliar relação risco x retorno, frente ao momento da vida do cliente, bem como
liquidez do produto;
▪ Horizonte de investimento: foco na liquidez dos produtos de investimento, frente ao
momento da vida e idade do cliente;
▪ Conhecimento do produto: facilitar o entendimento do cliente em relação aos produtos,
criando elo de confiança com este;
▪ Tolerância ao risco: ser coerente na oferta de produtos, frente ao perfil do investidor.

Análise do Perfil do Investidor (API)

Instrução CVM 539 – dever de verificação da adequação de produtos,


serviços e operações ao perfil do cliente (suitability) – finalidade e para
quem se aplica a regra

As regras de suitability carregam, em seu cerne, os conceitos de confiança e estabilidade. Diante da


assimetria informacional existente entre o cliente e o especialista, a confiança torna-se indispensável
na relação estabelecida, com o segundo levando ao primeiro, informações precisas, claras e corretas.

No que diz respeito à estabilidade, é preciso considerar que muitas alternativas de investimento têm
desempenho variável a depender de fatores exógenos. Além disso, muitos investidores, por
desconhecer os detalhes dos produtos nos quais estão expostos, tendem a criar instabilidade no

48 | P á g i n a
mercado. Nesse sentido, a figura do profissional é de extrema importância, ao levar
informações/orientações quanto à adequação de produtos ao perfil do investidor.

Abrangência; perfil do cliente; categorias de produtos; vedações e obrigações; regras,


procedimentos e controles internos; atualizações e dispensas

As regras de suitability são aplicáveis às recomendações de produtos ou serviços, direcionadas a


clientes específicos, realizadas mediante contato pessoal ou com o uso de qualquer meio de
comunicação.

▪ Adequações:
o Produtos adequados aos objetivos de investimento do clientes?
▪ Prazo;
▪ Tolerância ao risco;
▪ Objetivos.
o A situação financeira é compatível com o produto?
▪ Valor das receitas regulares;
▪ Valor e ativos que compõem o patrimônio;
▪ Necessidade futura de recursos.
o O cliente tem conhecimento para compreensão dos riscos relacionados aos
produtos?
▪ Tipos de produtos;
▪ Natureza, volume e frequência das operações;
▪ Formação acadêmica e profissional do cliente.
▪ Categorias dos produtos:
o Riscos associados;
o Perfil dos emissores e prestadores de serviços
o Garantias;
o Carência.
▪ Vedações (de recomendação de produtos):
o Perfil do cliente não seja adequado;
o Ausência de informações necessárias para delinear o perfil do cliente;
o Informações desatualizadas.
▪ Regras:
o Definir procedimentos e regras escritos, bem como controles internos;
o Políticas internas relacionadas à recomendação de produtos complexos;

49 | P á g i n a
o Definir diretor estatutário responsável pelo cumprimento das normas estabelecidas
pela Instrução CVM 539.
▪ Atualização:
o Atualizar informações relativas ao perfil dos clientes em intervalos não superiores
a 24 meses e a proceder a nova análise e classificação das categorias de valores
mobiliários definidas por si em intervalos também não superiores a 24 meses;
▪ Dispensas (do dever de verificação da adequação dos produtos):
o Se o cliente for investidor qualificado, salvo especificidades;
o Se o cliente for pessoa jurídica de direito público;
o Se o cliente tiver carteira de valores administrada discricionariamente por
administrador autorizado pela CVM;
o Se o cliente tiver o perfil definido por um consultor de valores mobiliários
autorizado pela CVM nos termos da Instrução CVM 592/2017.

Adequação de produtos em função do perfil do investidor; importância e


motivação do API para o investidor; possibilidade de venda de um produto
não adequado ao perfil do investidor

O cliente pode realizar operações cujas recomendações lhe são vedadas, seja qual for o motivo (perfil
incompatível, ausência de informações ou informações desatualizadas). Porém, quando isso ocorrer
pela primeira vez, o integrante do sistema de distribuição envolvido deve alertar o cliente, com
indicação clara da divergência, seja pela ausência de perfil definido, seja pela desatualização ou
inadequação do mesmo.

Esse procedimento, na ótica da CVM, garante a confiança dos agentes no sistema financeiro.

50 | P á g i n a
Noções de Economia e Finanças
Conceitos básicos de Economia

Indicadores econômicos: PIB, índices de inflação (IPCA e IGP-M), taxa de


câmbio, taxa Selic (over e meta), taxa DI e TR: definição

Produto Interno Bruto (PIB)

Uma das formas de mensurar o desempenho de uma economia se dá pelo cálculo do valor total de
todos os bens e serviços finais produzidos em determinado território, podendo este ser um país,
estado ou município. Esse cálculo resultará no que conhecemos como Produto Interno Bruto (PIB).

Atenção aos três destaques: o PIB consiste na soma de todos os bens e serviços finais produzidos
em determinada economia, em dado período de tempo, sendo seu resultado mensurado em
unidades monetárias.
• Bens e serviços finais: descarta-se a dupla contagem, uma vez que bens finais incorporam
insumos intermediários (matéria prima, por exemplo);
• Horizonte de tempo: em geral, considera-se o ano civil;
• Unidade de medida: unidade monetária e não quantidades.

O PIB pode ser calculado sob três óticas:


1. Ótica da despesa: apresenta o PIB pela ótica do gasto, isto é, consumo das famílias, consumo
do setor público, investimentos produtivos e variações nos estoques e volume líquido
produzido no Brasil e consumido pelo exterior (exportações menos importações). Essa
relação pode ser ilustrada pela seguinte equação:
Y = C + I + G + XL
onde Y = PIB, C = consumo familiar, I = investimentos produtivos, G = gastos do governo e
XL = X – M, em que X = exportações e M = importações;
2. Ótica da produção: apresenta o PIB pela ótica dos setores produtivos, isto é, indústria,
agropecuária e serviços, além dos subsetores. Para seu cálculo, soma-se o valor adicionado
a qualquer bem em cada etapa de sua produção ou, de outra maneira, somando o valor de
todos os bens finais produzidos naquela economia.
3. Ótica da renda: todo o valor adicionado acaba nas mãos de alguém, seja de um trabalhador
(salário), de um empresário (lucro) ou do governo (impostos). Logo, na ótica da renda, temos
que o PIB é calculado a partir da soma desses fatores.

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O PIB oficial do Brasil é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que o
divulga em resultados trimestrais, para cada uma de suas atividades econômicas (Agropecuária,
Indústria e Serviços) e seus setores. Ilustrativamente, o PIB do Brasil totalizou R$ 1,2 trilhão em 2018,
apresentando um crescimento de pouco mais de 1%, frente ao de 2017. O mesmo pode ser
consultado no Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA) 5 . A cada ano, o IBGE também
divulga os resultados para os Estados e Municípios, ainda que com certa defasagem.

Índices de inflação

Os índices de inflação medem a evolução dos preços dos bens e serviços em geral e são largamente
utilizados pelos agentes do mercado em diversos cálculos de correção de valores, sendo inclusive,
adotados para rentabilizar ativos.

Mas o que é inflação?

A inflação consiste no aumento contínuo e generalizado do nível geral de preços de uma economia.
No sentido oposto, temos o conceito de deflação, que nada mais é do que a diminuição generalizada
e persistente no nível geral de preços de uma economia.
No Brasil temos diversos indicadores cuja função é retratar a variação de preços de determinada
cesta de produtos. Aqui, iremos conceituar dois dos quais são cobrados na prova da certificação.
A. IPCA
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é calculado e divulgado mensalmente pelo
IBGE e é o indicador oficial de inflação do Brasil. Metodologicamente, sua coleta é realizada do
primeiro ao último dia de cada mês, tem como foco cestas de consumo de famílias com rendimentos
entre 1 (um) e 40 (quarenta) salários-mínimos que residem em áreas urbanas.
São acompanhadas variações nos preços dos itens relacionados a nove grupos, cada um com um
peso no indicador geral: alimentação e bebidas, educação, vestuário, transporte, comunicação,
habitação, moradia, despesas pessoais e artigos de residência.
O levantamento é realizado nas regiões de Belém (PA), Fortaleza (CE), Recife (PE), Salvador (BA), Belo
Horizonte (MG), Grande Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Curitiba (PR) e Porto Alegre
(RS).
Por ser o indicador oficial de inflação no Brasil, o IPCA é utilizado no regime de metas do Bacen, com
vistas a manter o poder de compra da moeda, metas estas que são estipuladas pelo CMN.
B. IGP-M

O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) é calculado mensalmente pela Fundação Getúlio
Vargas (FGV). Constitui-se na média ponderada de três outros índices: o Índice de Preços por Atacado

5
https://sidra.ibge.gov.br/home/cnt/brasil

52 | P á g i n a
(IPA), que tem peso de 60%, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), com peso de 30% e o Índice
Nacional de Custo da Construção (INCC), representando 10% do IGP-M.
Acompanha a variação de itens como bens de consumo (alimentação, por exemplo) e bens de
produção (matérias-primas, materiais de construção, entre outros), abrangendo toda a população,
sem restrição de renda. Sua divulgação ocorre no final de cada mês de referência e é utilizado para
a correção de contratos de aluguel e como indexador de algumas tarifas, como a energia elétrica.

Taxa de Câmbio

A taxa de câmbio nos mostra qual a relação de troca entre duas variáveis monetárias diferentes e é
de suma importância para comparação de preços entre países diferentes. Em outras palavras, a taxa
de câmbio consiste no preço de uma moeda comparado ao preço de outra moeda. No caso brasileiro,
essa taxa representa o quanto se precisa em termos da moeda nacional (real) para se comprar uma
unidade de uma moeda estrangeira. Se, por exemplo, tivermos uma relação R$/US$ = 3,50, significa
que são necessários R$ 3,50 para comprar US$1,00 (R$3,50/US$1,00). Devemos ter atenção à
interpretação dessa relação, uma vez que, para o caso brasileiro, um aumento da taxa de câmbio
implica em desvalorização do real e uma redução implica em valorização.
A taxa de câmbio spot, por sua vez, é a taxa para compra e venda imediata de dólares. É a taxa pela
qual os participantes do mercado de câmbio estão dispostos a comprar e vender moeda estrangeira
em determinado momento da negociação.
A taxa PTAX, consiste na média das cotações do dólar no mercado, calculada pelo Bacen por meio
de uma metodologia própria, com base em quatro janelas de consulta ao longo de cada dia. A PTAX
tem em sua nomenclatura uma referência ao código de transação utilizado no Sistema do Bacen para
obtê-la (PTAX800). É utilizada como referência para diversos contratos no mercado financeiro, em
especial os derivativos.

Taxa Selic

A taxa de juros é conceituada popularmente como o custo do dinheiro. Uma taxa de juros mais baixa
estimula o consumo e o investimento, barateando o crédito e o custo do capital. Por outro lado, uma
taxa de juros mais alta, onera a demanda dos agentes econômicos, retraindo o consumo e os
investimentos devido o encarecimento do crédito e custo de capital.
A Taxa Selic Over, nome dado a taxa overnight do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic),
é a taxa média das operações de financiamento de um dia (compromissadas), lastreadas em títulos
públicos federais, realizadas no Selic, ponderadas pelo volume das operações. É apresentada em
percentual ao ano, sempre no dia seguinte ao dia de referência.

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A meta da Taxa Selic é determinada pelo Comitê de Política Monetária (Copom). O objetivo é que
os Títulos Federais sejam negociados com taxas próximas à taxa Selic ou com taxas menores que a
meta. É a principal taxa de juros da economia, sendo referência para as demais, inclusive aquelas
cobradas diretamente ao consumidor.

Taxa DI

A Taxa DI – Cetip Over (Extragrupo), ou simplesmente Taxa DI, é calculada pela Cetip (hoje parte da
B3) e representa a média das taxas de juros cobradas entre instituições do mercado interbancário
nas operações de emissão de Depósitos Interfinanceiros (DI) prefixados, com prazo de um dia útil,
registradas e liquidadas pelo sistema Cetip.
O Cetip é um sistema semelhante ao Selic, porém, abrigando títulos privados. Em algumas ocasiões,
o sistema opera também com títulos públicos que se encontram em poder do setor privado da
economia. O principal título do sistema Cetip é o Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), que
permite transferências de recursos entre as instituições do sistema financeiro. Por determinação do
Bacen, os bancos precisam encerrar o dia com saldo positivo no caixa. Caso ocorram saques acima
do previsto e que superem os depósitos, estes podem acabar fechando o dia com saldo negativo,
levando-os a captar empréstimos. Esse dinheiro emprestado constitui-se títulos (ou empréstimos)
de curtíssimo prazo (1 dia) feito entre as instituições financeiras (bancos) a fim de sanarem o seu
caixa.
As taxas do CDI, ou taxa DI, são provenientes da troca de posição financeira dos bancos entre si. Em
operações de um dia, as instituições negociam aplicações e captações de recursos, visando reforçar
suas reservas de caixa ou apurar retornos sobre saldos excedentes.

TR

A Taxa Referencial (TR) é calculada pelo Bacen com base na média das taxas de juros negociadas no
mercado secundário com Letras do Tesouro Nacional (LTN). A essa média, chamada de Taxa Básica
Financeira (TBF), é aplicado um fator redutor, onde chega-se, então, ao resultado da TR.
É utilizada no cálculo do saldo devedor de financiamentos imobiliários, na remuneração da poupança
e na remuneração das contas vinculadas ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

COPOM: finalidade e atribuições

O Comitê de Política Monetária (Copom) é o órgão do Bacen, formado pelo seu Presidente e
diretores que define, a cada 45 dias, a meta da taxa básica de juros da economia, a Selic.

54 | P á g i n a
Criado em 1996 no âmbito do Bacen, o Copom tem três objetivos: implementação da política
monetária, definição da meta da taxa Selic e seu eventual viés, análise do Relatório de Inflação.
As reuniões do Copom ocorrem em dois dias seguidos e o calendário de reuniões de um dado ano é
divulgado até junho do ano anterior. Estas, seguem um processo que procura subsidiar as decisões
ali tomadas. São realizadas apresentações técnicas do corpo funcional do Bacen, cujo conteúdo trata
da evolução e perspectivas das economias brasileira e mundial, das condições de liquidez e do
comportamento dos mercados.
Posteriormente, a reunião é reservada para discussão e decisão entre os membros que compõem o
comitê. Todos os membros presentes votam, sendo estes votos divulgados. As decisões são tomadas
visando o controle da inflação medida pelo IPCA, e seu comportamento dentro da meta definida pelo
CMN.

O Copom embasa suas decisões através das expectativas de inflação, do balanço de riscos e
da atividade econômica, nacional e internacional. A determinação da Selic visa o
cumprimento da meta para a inflação.

Conceitos Básicos de Finanças

Taxa de juros nominal e Taxa de juros real

A taxa de juros pode ser fragmentada em duas partes, sendo a primeira parte a taxa de inflação e, a
segunda, a taxa de juro real. Para ilustrar esse conceito, considere o seguinte exemplo:
▪ Considere que um investidor realize um aporte em um título público prefixado com
vencimento em 1 ano, cuja rentabilidade é de 7% ao ano.
Os 7% aqui tratados como a rentabilidade do investimento, é tido como a taxa de juros nominal.
▪ Suponha que, neste período de 1 ano, a inflação acumulou 4,5%.
A taxa de juros real, portanto, será dada pela fórmula:

𝟏 + 𝒕𝒂𝒙𝒂 𝒏𝒐𝒎𝒊𝒏𝒂𝒍 = (𝟏 + 𝒕𝒂𝒙𝒂 𝒅𝒆 𝒊𝒏𝒇𝒍𝒂çã𝒐)(𝟏 + 𝒕𝒂𝒙𝒂 𝒓𝒆𝒂𝒍)


(1 + 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙)
𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑟𝑒𝑎𝑙 = −1
(1 + 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑓𝑙𝑎çã𝑜)
(1 + 0,07)
𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑟𝑒𝑎𝑙 = −1
(1 + 0,045)
𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑟𝑒𝑎𝑙 = 1,023923 − 1
𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑟𝑒𝑎𝑙 = 2,39%

55 | P á g i n a
Logo, a taxa de juros real, é aquela que reflete efetivamente a rentabilidade do período, abatidos os
efeitos da inflação. Como vimos, um investimento com rendimento nominal de 7% ao ano, possui
um retorno real, descontada a inflação, de 2,39% no período.
▪ Valores nominais: valores correntes da variável estudada;
▪ Valores reais: valor nominal, descontado a taxa de inflação do período analisado.
Geralmente é utilizada uma fórmula mais simples que permite uma aproximação, mas não o valor
exato:
𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑟𝑒𝑎𝑙 ≈ 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 − 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑓𝑙𝑎çã𝑜

Se a taxa de inflação for maior do que a taxa de juros nominal durante o período de um investimento,
a taxa de juros real ficará abaixo de zero. Nesse caso, o rendimento real em um investimento pode
ser negativo, fazendo com que o poder de compra do investidor reduza entre o momento da
aplicação dos recursos e o momento do recebimento do montante principal acrescido dos juros.
Por outro lado, se houver deflação, a taxa de juros real será superior à taxa de juros nominal. Isso
significa que o poder de compra do investidor pode crescer a um ritmo maior do que aquele indicado
pela taxa de juros nominal oferecida em determinada aplicação financeira.

Taxa de juros equivalente versus taxa de juros proporcional

É comum, em diversas práticas financeiras (empréstimos, aplicações de renda fixa etc.), existir
diferença de unidades de tempo entre a taxa de juros informada para a operação (ao mês, ao dia, ao
ano) e a periodicidade dos pagamentos desses juros. É importante que tenhamos taxas de juros que
sejam comparáveis em uma mesma base, independente da frequência de pagamentos dos juros da
operação.
Em um regime de capitalização simples, como verificaremos adiante, podemos encontrar taxas de
juros proporcionais entre diferentes períodos apenas multiplicando ou dividindo as taxas pela
unidade de tempo apropriada. A taxa de juros proporcional é uma taxa de juros nominal, não efetiva.
Se tivermos informação dessa taxa para um período de 12 meses e quisermos encontrar a taxa de
um mês, basta dividirmos ela por 12.
Exemplo:
▪ Taxa de juros ao mês: 1%
▪ Taxa de juros ao ano: 1% x 12 = 12%
▪ Taxa de juros ao trimestre: 1% x 3 = 3%
▪ Taxa de juros ao semestre: 1% x 6 = 6%
Em um regime de capitalização composta, por sua vez, os juros obtidos em um período são
acrescidos ao valor da operação, gerando uma nova base de cálculo para os juros compostos a cada

56 | P á g i n a
período. A taxa de juros equivalente para diferentes períodos, pode ser encontrada através da
fórmula:
𝑝𝑑
𝑖𝑑 = [(1 + 𝑖𝑐 ) 𝑝𝑐 − 1] 𝑥100

onde 𝑖𝑑 é a taxa de juros equivalente a ser encontrada;


𝑖𝑐 é a taxa de juros para o período que temos conhecimento;
𝑝𝑑 é o período da taxa desconhecida;
𝑝𝑐 é o período da taxa conhecida.
Exemplo 2:
▪ Taxa de juros ao mês: 1%
12
▪ Taxa de juros ao ano: (1 + 1%) 1 − 1 = 12,68%
12
▪ Taxa de juros ao trimestre: (1 + 1%) 4 − 1 = 3,03%
12
▪ Taxa de juros ao semestre: (1 + 1%) 2 − 1 = 6,15%

Capitalização simples → taxa de juros proporcionais


Capitalização composta → taxa de juros equivalente

O regime de capitalização composta é o mais utilizado. No Brasil, é comum que títulos de crédito
privado tenham sua remuneração atrelada à taxa DI. Essa taxa é dada em termos anuais, mas a
capitalização dos juros ocorre a cada dia útil, com base em um ano com 252 dias úteis.
Para o cálculo com a taxa DI, podemos adaptar a fórmula para a apresentada a seguir. Assim,
podemos obter as taxas equivalente a uma taxa DI para qualquer período dado em dias úteis.
𝑝𝑑
𝑖𝑑 = [(1 + 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝐷𝐼)252 − 1] 𝑥100

Capitalização simples versus Capitalização composta

O regime de capitalização simples sempre considera, como valor de referência para o cálculo dos
juros, o montante inicial (valor presente do título). Ainda que estejamos realizando uma análise em
cima de múltiplos períodos, a base de cálculo não se altera ao longo do período do investimento.
Disso, decorre que o montante inicial de investimento cresça pelo mesmo valor a cada período, de
maneira linear, e os juros de um período são sempre idênticos aos juros de qualquer outro período.

No regime de capitalização simples, os juros são calculados pela fórmula:

𝐽 = 𝑉𝑃 𝑥 𝑟 𝑥 𝑛

onde J são os juros, VP é o valor presente, r é a taxa de juros por período e n é o número de períodos.

O valor futuro (VF), por sua vez, é obtido da seguinte forma:

57 | P á g i n a
𝑉𝐹 = 𝑉𝑃 𝑥 (1 + 𝑟 𝑥 𝑛)

Claramente, podemos manipular a fórmula acima para obter o valor presente, caso o valor futuro
seja conhecido:

𝑉𝐹
𝑉𝑃 =
1+ 𝑟𝑥𝑛

O regime de capitalização composta, por sua vez, o montante inicial cresce de maneira geométrica
ao longo do tempo, sendo que o valor do principal acrescido de juros em um dado período serve
como base para os juros do período subsequente – o famoso “juros sobre juros”. Dessa forma, os
juros do período atual são sempre superiores aos juros do período anterior e sempre menores do
que aqueles do período seguinte.

No regime de capitalização composta, utilizamos a seguinte fórmula para encontrar os juros:

𝐽 = 𝑉𝑃 𝑥[(1 + 𝑟)𝑛 − 1]

O valor futuro (VF) é dado por:

𝑉𝐹 = 𝑉𝑃 𝑥 (1 + 𝑟)𝑛

Índice de referência (benchmark) aplicado a produtos de investimento:


conceito e finalidade.

Para medir a atratividade de um produto de investimento, podemos avaliar seu retorno absoluto ao
longo do prazo, identificando se sua rentabilidade atingiu o patamar esperado para aquela
modalidade. Contudo, devemos tomar algumas bases comparativas, para referenciar o investimento
em questão, com outros de características similares. Essa comparação pode ser feita utilizando um
índice referência, ou benchmark.

O benchmark é um índice no qual a aplicação se referência. É uma medida que nos permite avaliar
comparativamente o desempenho dos produtos de investimento. Tal indicador, obviamente, deve
ser condizente com o tipo de investimento cujo retorno se deseja analisar.

A informação de que um investimento apresentou um retorno de 10% em dado ano, por exemplo,
não nos revela muita coisa. Podemos apenas compara-lo com a inflação do período para avaliar se
ocorreu um ganho real, conforme conceituado anteriormente. Para enriquecer a análise, é
interessante tomarmos algum indicador que referencie os retornos obtidos. Se o investimento em
questão é um fundo de investimento em ações e, naquele ano, o principal índice da bolsa de valores
apresentou um crescimento de 20%, o fundo não será mais tão atrativo.

58 | P á g i n a
O benchmark auxiliar o processo de avaliação de desempenho do investimento. Este deve ser
definido de forma clara, facilmente mensurável com alguma frequência e ser formado de maneira
que seja possível investir em seus componentes. Os benchmarks mais utilizados são:

▪ Para produtos de renda fixa:


o Taxa DI;
o Índices de mercado ANBIMA;
o Rendimentos dos títulos emitidos pelo Tesouro Nacional.
▪ Para produtos de renda variável:
o Ibovespa;
o IBrX100;
o IBrX50; etc.

Volatilidade. Conceito

Estatisticamente, a volatilidade é medida pelo desvio-padrão dos retornos logarítmicos.


Conceitualmente, ela é classificada como o grau de variação dos preços de um ativo em dado
período. Para o mercado financeiro, volatilidade é sinônimo de risco.

De forma objetiva, um ativo volátil apresentar uma variabilidade elevada nos seus retornos.
Diferente de um ativo pouco volátil, onde a volatilidade da rentabilidade é baixa. Logo, para dois
ativos que apresentem a mesma rentabilidade, é mais racional a escolha por aquele que apresenta
a menor volatilidade.

Para deixar ainda mais claro, tome como exemplo a renda fixa e a renda variável. Na renda fixa, a
variação da rentabilidade se dá de forma “comportada”, ao passo que o investimento em ações, por
exemplo, configura-se mais arriscado por apresentar uma maior volatilidade.

Prazo médio ponderado de uma carteira de títulos: conceito e riscos


associados.

O prazo médio ponderado (PMP) de uma carteira de títulos revela o prazo considerando o peso de
dois componentes: valor aplicado e prazo da aplicação. De forma geral, as aplicações financeiras em
renda fixa têm uma data de vencimento me que o pagamento do principal é realizado. O cálculo
simples do prazo da aplicação com base somente no período a decorrer até o pagamento final, não
reflete de forma correta o tempo de retorno e os riscos associados ao investimento. Por isso,
métricas que levem em consideração as amortizações periódicas do principal e, ainda, os
pagamentos de juros, deve, ser utilizadas.

59 | P á g i n a
O PMP deve ser utilizado nesse caso, uma vez que nos oferece uma medida de tempo médio para o
recebimento do investimento. Esse cálculo considera o valor presente de cada fluxo de caixa
(principal + juros) ao longo da vida do título. Os valores presentes de cada fluxo de caixa são utilizados
como pesos para cada período de tempo correspondente em que o fluxo ocorre. Por fim, o tempo
até cada fluxo de caixa, ponderado pelos respectivos valores presentes, é dividido pelo preço atual
do título.

A fórmula oficial do PMP, definida pelo CMN é:

𝐹𝑗
∑𝑛𝑗=1 𝑑𝑗 𝑥 𝑑𝑗
(1 + 𝑖)252 1
𝑃𝑀𝑃 = 𝑥
𝑉𝑃 252

em que:

𝐹𝑗 = fluxo de caixa;
𝑑𝑗 = número de dias úteis a decorre até cada fluxo;
i = taxa interna de retorno (em base anual com 252 dias úteis);
VP = valor presente do título.

Para o caso de uma carteira, o PMP é igual ao somatório dos prazos médio ponderados dos títulos
que a compõem, ponderados pelo peso de cada título na carteira, considerando-se o VP de cada
título e o VP da carteira.

Exemplo e propriedades importantes no vídeo desta matéria!

Marcação a Mercado como valor presente de um fluxo de pagamentos


(Precificação e volatilidade: impactos de prazos e taxas)

A marcação a mercado consiste, basicamente, em registrar todos os ativos, para efeito de valorização
e cálculo de cotas dos fundos de investimento ou do preço de um ativo de renda fixa, pelos preços
negociados no mercado em casos de ativos líquidos ou, quando o preço não é observável, por uma
estimativa adequada de preço que o ativo teria em eventual negociação feita no mercado.

A marcação a mercado permite que o investidor saiba quanto receberia hoje se vendesse o título ou
cota no fundo. No caso de um fundo, poderíamos saber quanto seria possível vender, hoje, todos os
investimentos que compõem a carteira.

60 | P á g i n a
Mercado primário e mercado secundário: conceito, finalidade e relevância
para o investidor e para a empresa emissora.

Mercado primário: momento em que os emissores lançam seus títulos e ações para aquisição por
parte dos primeiros investidores. Além dos emissores, participam do mercado primário os bancos de
investimento responsáveis pela distribuição dos produtos, escritórios de advocacia encarregados dos
aspectos legais das operações, agentes fiduciários, investidores institucionais e fundos de
investimento.

É o momento onde ocorre a primeira transação de um valor mobiliário ou financeiro e representa


uma oportunidade de captação de recursos de longo prazo para as empresas. Exemplos práticos são
as aberturas de capital de empresas, lançando novas ações no mercado, e empresas lançando títulos
de dívida.

Para o investidor, trata-se de uma oportunidade de acesso a novos títulos.

Mercado secundário: nesse momento, os ativos são negociados após sua emissão. São realizadas
todas as transações depois da primeira venda de um título. Assim, os ativos trocam de mãos, sem
que o emissor esteja envolvido na operação. Por isso, negócios no âmbito do mercado secundário
não afetam o caixa da empresa, ocorrendo apenas transferência de titularidade do título.

O mercado secundário possui importância para a empresa emissora pois, por meio desse mercado,
ela consegue avaliar o custo de captação de recursos observando os preços dos ativos. Ao
acompanhar a dinâmica de preços dos ativos e indicadores de liquidez, emissores determinam o
melhor momento para ir a mercadão com novas emissões.

Na ótica dos investidores, esse momento é oportunidade para troca de posições, alocando recursos
conforme as dinâmicas de suas estratégias.

61 | P á g i n a
Princípios de Investimento

Principais fatores de análise de Investimentos

A escolha da alocação entre os diversos produtos de investimento se baseia, essencialmente, por


três principais fatores: rentabilidade, liquidez e risco. O cenário ideal, claramente, seria um produto
que garantisse ao investidor alta rentabilidade, elevada liquidez e baixo risco.

Porém, sabemos que no mercado isso é surreal. Enfrentamos, sempre, um trade-off entre essas
características. Sendo assim, quando investimos em um produto de elevada liquidez, geralmente
contamos com uma menor rentabilidade ou um maior risco. Quando auferimos alta rentabilidade
em um produto, teremos também, um investimento de maior risco.

Analisaremos, nos tópicos a seguir, as três características dos investimentos.

Rentabilidade

Talvez o mais percebido dos pilares, a rentabilidade reflete o ganho a ser recebido por deixar os
recursos financeiros investidos. Sua representação é dada pela taxa de retorno, que pode ser
conhecida no momento do aporte (prefixada), ou apenas no final do investimento (pós-fixada).

A questão por trás da rentabilidade é avaliar se o investimento em questão gerou riqueza ao seu
detentor. A partir disso, então, podemos definir uma fórmula simplista para o cálculo da
rentabilidade auferida em dado produto financeiro:

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 − 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙


𝑅𝑒𝑛𝑡𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙

Se um investidor, por exemplo, aplicou R$50.000,00 em um produto de renda fixa e, ao final do


prazo, percebe um montante de R$53.000,00, sua rentabilidade será de:

53.000,00 − 50.000,00
𝑅𝑒𝑛𝑡𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = = 0,06 𝑜𝑢 6%
50.000,00

Mas essa rentabilidade, por si só, não nos revela muito sobre a atratividade e desempenho desse
investimento. É preciso de outros elementos para essa avaliação. Nesse contexto, seria interessante
comparar o desempenho desse ativo com um benchmark, conforme definido anteriormente.

Caso o produto financeiro seja um investimento em renda fixa, comparar sua rentabilidade com o
rendimento do CDI no período correspondente pode nos responder acerca do desempenho relativo
do produto. Se, por exemplo, o CDI do período somou 5% e o investimento gerou um retorno de 6%
ao investidor, o resultado nos parece, em primeiro momento, favorável. Se, ao contrário, o CDI

62 | P á g i n a
acumula um percentual superior à rentabilidade do investimento, seu retorno não será tão favorável
assim.

Aqui, enquanto o cálculo de rentabilidade do ativo representa a rentabilidade absoluta, a


comparação com o CDI nos revela a rentabilidade relativa (o ativo possui rentabilidade de 120% do
CDI – 6% é igual a 120% de 5%).

Outro importante parâmetro que devemos considerar no contexto da rentabilidade obtida é


confrontar a rentabilidade observada, isso é, aquela que efetivamente ocorreu, com a rentabilidade
esperada, que diz respeito à nossa expectativa.

Liquidez

A liquidez mede a facilidade com que um ativo se converte em caixa a qualquer momento. Diz
respeito à facilidade e à rapidez com que ele pode ser vendido por um justo valor de mercado. Parte
da liquidez está relacionada ao custo de envolvimento em uma transação, particularmente e o
spread entre preço de compra e venda. Outra parte tem a ver com o impacto do preço – o
movimento adverso no preço com o qual o investidor pode se deparar ao tentar realizar uma
negociação maior. Outro fator é a possibilidade de vender rapidamente um ativo sem retroceder a
preços de liquidação. Geralmente, ativos de alta liquidez, possuem elevado risco (ações) e ativos de
baixa liquidez, baixo risco (imóveis).

Risco

O risco, no contexto do mercado financeiro, pode ser entendido pela capacidade de se mensurar o
estado de incerteza de uma decisão mediante o conhecimento das probabilidades associadas à
ocorrência de determinados resultados ou valores. O conceito de risco, está diretamente associado
às probabilidades de ocorrência de determinados resultados em relação a um valor médio esperado.
É um conceito com viés voltado para o futuro, e revela uma possibilidade de se auferir um resultado
diferente daquele esperado, inclusive, em perdas.

Na sua forma de cálculo mais comum, o risco é representado pela medida estatística do desvio
padrão, indicando se o valor médio esperado é representativo do comportamento observado.
Sempre que a incerteza associada à verificação de um determinado evento pode ser quantificada
por meio de uma distribuição de probabilidades dos diversos resultados previstos, diz-se que a
decisão está sendo tomada sob uma situação de risco.

63 | P á g i n a
Principais riscos do investidor

Risco de Mercado

O risco de mercado está relacionado com o preço que o mercado estipula para ativos e passivos
negociados pelos intermediários financeiros. Tal risco exprime o quanto pode ser ganho ou perdido
quando da aplicação em ativos diante de mudanças em seus preços de negociação.

Esse risco exprime as chances de perdas de uma instituição financeira decorrente de


comportamentos adversos nos índices de inflação, taxas de juros, taxa de câmbio, indicadores de
bolsas, commodities, etc.

O risco de mercado diz respeito às variações imprevistas no comportamento do mercado,


determinadas, principalmente, por mudanças ocorridas na economia. Esse comportamento incerto
pode ser determinado por fatores políticos, econômicos ou específicos de um determinado
segmento da empresa.

Existem alguns subtipos de riscos de mercado, variando conforme as classes de ativos às quais o
investidor está alocado:

1. Risco de mercado de ações: relacionado às flutuações observadas nos preços das ações
negociadas. Estão sujeitos aqueles que estão expostos aos ativos dessa classe ou outros
instrumentos de renda variável (opções, p.e.). Esse risco é comumente medido pelo
desvio-padrão dos retornos, conhecida como volatilidade;
2. Risco de taxa de juros: alterações nas taxas de juros impactam nos preços dos títulos
de renda fixa;
3. Risco cambial: risco proveniente da oscilação das taxas de câmbio. É o risco que o
investidor está exposto ao adquirir uma posição em moeda estrangeira ou estar exposto
a um ativo ou passivo cujo valor dependa da moeda estrangeira. Pode ser entendido
como o resultado do valor de um investimento diante de uma oscilação desfavorável na
taxa de câmbio. Por exemplo, uma empresa nacional que exporte seus produtos em
dólares, incorre em risco cambial diante de uma oscilação da moeda nacional frente a
estrangeira. Caso a moeda nacional se valorize frente ao dólar, as receitas de vendas em
dólares se converterão em menos reais, provocando uma redução nos resultados da
empresa. Investidores e instituições financeiras estão, cada vez mais, utilizando
operações de hedging (proteção) do risco assumido.

Ainda existem outros riscos ligados diretamente ao risco de mercado, mas que não são tratados com
o mesmo foco dos apresentados acima. Como exemplo, temos o risco geopolítico - aquele associado
à possibilidade de perdas em investimentos em decorrência de alterações no cenário político

64 | P á g i n a
(cenário eleitoral, Brexit, populismo, etc) -, o risco legal – decorrente da legislação local onde o
investimento ocorre –, o risco regulatório – possibilidade de não serem cumpridas regras e
instruções das autoridades locais no que se refere à negociação de instrumentos financeiros em
determinado país -, e risco tributário – incidência de impostos e taxas não previstas inicialmente.

Risco de Crédito

O risco de crédito está associado à possibilidade de um título integrante da carteira de investimento


não ser pago pela instituição emitente, ou liquidado com atraso. Nesse caso, a rentabilidade da
carteira reduz-se pela perda de valor sofrida pelo título. Logo, o risco de crédito está relacionado a
possíveis perdas quando um dos contratantes não honra seus compromissos. Pode ser dividido em
três grupos:

Outra forma de interpretar o risco de crédito é toma-lo como a possibilidade de o investidor registrar
uma perda por conta do aumento da taxa de retorno requerida por investidores ou por conta do
efetivo descumprimento, por parte do emissor, das obrigações referentes ao pagamento de juros e
principal em um título de dívida.

O risco de crédito é classificado em duas categorias:

▪ Risco de primeira classe: aqueles que apresentam maior nível de risco, onde a possibilidade
de o devedor não horar seus compromissos é maior. Investimentos com esse tipo de risco,
geralmente, exigem uma garantia real;
▪ Risco de segunda classe: aqueles que apresentam um menor nível de risco. Não costuma
apresentar garantias reais.

Risco de Liquidez

Associado a incapacidade do titular de um direito (investidor) de se desfazer rapidamente de um


ativo, em decorrência de fatores de mercado ou características próprias de um ativo. É entendido
também como a possibilidade de perda de capital e incapacidade de liquidação de dado ativo em
tempo aceitável sem perda de valor.

É comum encontrarmos no mercado ativos de baixa liquidez. Em geral, esses ativos possuem um alto
valor unitário. As causas do risco de liquidez podem ser entendidas sob diversas formas: baixo
interesse pelo ativo, desconhecimento, baixa classificação de crédito, desempenho ruim, etc., e é
mais comum de ser encontrado em mercados abrangentes e de baixo volume.

65 | P á g i n a
Fatores determinantes para adequação dos produtos de Investimento as
Necessidades dos Investidores.

Objetivo do investidor

Necessidades, preferencias e preocupações, na maioria dos casos, são fatores individuais e,


portanto, devem ser encarados como tal. É papel do analista observar cuidadosamente os anseios
do investidor, tomando o cuidado para que as recomendações de investimentos estejam em linha
com os objetivos pretendidos e o perfil do seu cliente.

Uma etapa essencial para entender essas particularidades é a análise do perfil situacional. Esse perfil
resume as características do investidor, descrevendo suas preferencias, circunstâncias pessoais e
financeiras, além dos objetivos de curto, médio e longo prazo. A partir desse perfil o profissional terá
um norte para discussões e recomendações de ativos adequados para cada perfil e situação.

O profissional, a partir da análise do perfil, poderá avaliar a tolerância do investidor no que diz
respeito ao risco. Sua exposição e aceitação à volatilidade pode ser avaliada a partir de aspectos
como sua fonte de riqueza (perfil mais empreendedor, mais adepto ao risco, ou conservador, com
riqueza formada a partir de trabalho formal remunerado) e a medida dessa riqueza (se o investidor
considera seu patrimônio grande, terá maior aceitação de risco).

Adicionalmente, recomenda-se que o profissional de investimentos elabore um perfil de


personalidade de seu cliente, compilando as características e preferencias do investidor que podem
exercer influência nas escolhas entre as diferentes alternativas de investimentos. Esse perfil é
complementar e auxilia na avaliação das recomendações, ponderando o risco x retorno, frente à
tolerância do cliente.

A análise do perfil situacional e do perfil de personalidade vão além da classificação tradicional de


investidores como conservadores, moderados e agressivos. Os resultados irão dizer com maior
detalhamento, o tipo de personalidade que um investidor possui. A partir daí, o profissional poderá
aconselhar melhor o investidor, com vistas a estabelecer o objetivo de retorno e o objetivo de risco.

O objetivo de retorno depende de diversos fatores individuais, dentre ele, a tolerância ao risco, uma
vez que ambos caminham juntos. Tal objetivo, baseia-se nas metas de poupança de longo prazo e
nos gastos periódicos do investidor, configurando objetivos de crescimento de patrimônio e
objetivos de renda, respectivamente.

A determinação e administração desses objetivos serão avaliadas nos próximos tópicos.

66 | P á g i n a
Horizonte de investimento

O prazo de exposição aos investimentos está relacionado aos objetivos do investidor. Para quem
deseja formar uma reserva de emergência ou acumular um montante para gastos daqui há 1 ano,
por exemplo, é recomendável que seu dinheiro esteja alocado em ativos líquidos e de baixo risco.
Para aqueles que pretendem formar um patrimônio com vistas à aposentadoria, investimentos de
longo prazo que confiram ganhos reais (acima da inflação), são ideais. Nesse aspecto, é aceitável
maior exposição ao risco.

Em linhas gerais, um investidor que possui objetivos de curto prazo, deve optar por produtos de
menor risco, uma vez que não terá tempo suficiente para recuperar eventual perda, comum em
investimentos de alto risco. À medida que o prazo de investimento se alonga, maior o percentual do
investimento pode ser destinado a ativos com maior risco. Dessa forma, a relação risco x retorno,
que será vista no próximo tópico, tende a melhorar em prazos mais longos.

Existe, na literatura6, a configuração de um ciclo financeiro que norteia as decisões de investimento,


de acordo com o período no qual o investidor se encontra. Essa configuração pode ser resumida na
relação, abaixo:

•Bases para criação de riqueza


Fundação
•Foco na educação, desenvolvimento de habilidades, empreendedorismo.

•Geração maior - e mais acelerada - de riqueza


Acumulação
•Foco no aumento do patrimônio

•Usufruto do patrimônio e estabilidade do padrão de vida


Manutenção
•Foco na preservação da riqueza

•Transferência de eiquezas para outros indivíduos


Distribuição
•Foco na maximização do valor distribuído

Entender em que estágio se encontra o investidor, possibilita uma indicação mais assertiva, uma vez
que o horizonte de investimento é função do momento de vida em que cada investidor se encontra.

6
Bronson, Scanlan e Squires (2007). Managing individual investor portfolios.

67 | P á g i n a
Risco versus retorno. Capacidade de assumir riscos e tolerância ao risco.

Após conhecer os objetivos e o horizonte de tempo do investimento adequados a cada investidor, é


preciso outra decisão fundamental, que é adequar o nível de risco do investimento ao perfil. O risco,
por sua vez, está diretamente ligado à sua tolerância, fator que pode ser dividido em duas partes:

▪ Capacidade para assumir riscos: considera os recursos que um investidor possui, seus
objetivos e o horizonte de tempo disponível;
▪ Disposição para assumir riscos: relacionada a elementos pessoais, e por isso subjetivos, de
cada investidor.

Na determinação da primeira parte, é necessário entender as necessidades e objetivos financeiros


do investidor, de curto e de longo prazo. Além disso, é preciso identificar e avaliar objetivos de renda
e objetivos de acumulação de patrimônio, concomitante à identificação do tamanho das perdas que
podem ser absorvidas pela carteira do investidor, sem que haja prejuízo para o atingimento dos
objetivos de investimento.

Já a avaliação da segunda parte, por considerar fatores subjetivos, é preciso considerar as avaliações
de perfil situacional e de personalidade tratados anteriormente.

No mercado, existem investidores com maior aversão ao risco, enquanto outros são mais
susceptíveis em incorrer maior risco, desde que seja atrelado a uma maior rentabilidade. Esse
comportamento é chamado de hipótese do investidor racional. Investidor com maior aversão ao
risco, exige maiores retornos quando o risco envolvido na operação também é maior.
Esquematicamente, temos:

Retorno
exigido

Risco

Podemos ver que, para uma elevação do risco, o investidor irá esperar um maior retorno. Essa
relação evidencia a existência de um trade-off entre risco e retorno. Investimentos de baixo risco
entregam retornos mais baixos. Investimentos de alto risco buscam retornos maiores.

68 | P á g i n a
Diversificação: vantagens e limites de redução do risco incorrido.

A diversificação, em finanças, significa não concentrar todos os investimentos em um só ativo,


procurando selecionar várias alternativas que apresentam comportamentos não coincidentes. O
objetivo da diversificação é reduzir riscos. Já o ganho dessa diversificação é representado por uma
relação risco-retorno superior à de ativos individuais.

Tomemos como exemplo7 uma carteira formada por duas ações de bancos concorrentes, dos quais
se espera desempenho similar. Toda perda de valor desses papéis no mercado será absorvida pela
carteira. Esses ativos se correlacionam positivamente, e não há como compensar perdas de um por
ganhos de outro. Por outro lado, se os ativos da carteira não seguirem o mesmo comportamento
(ou, em caso positivo, a correlação é baixa), é possível reduzir o impacto negativo de uma ação sobre
toda a carteira. Em outras palavras, se o desempenho de um ativo não for bom, o outro pode
apresentar resultados positivos e compensar as perdas, de maneira que na média a carteira não
apure maiores perdas.

Outra alternativa para reduzir o risco é selecionar ativos de naturezas diferentes como, por exemplo,
títulos de renda fixa e ações. O ativo de renda fixa costuma oferecer um fluxo de caixa previsível e
menor risco. As ações, por outro lado, são investimentos de maior risco e devem ser avaliadas dentro
de uma visão mais de longo prazo.

A diversificação somente tem sentido quando o investidor passa a compreender o risco que incorre
em cada tipo de investimento. Uma carteira balanceada, deve obedecer aos diferentes perfis de
investidores, tendo sempre como objetivo a redução do risco total.

Risco sistemático e não sistemático.

O risco total de qualquer ativo é definido pela sua parte sistemática (risco sistemático ou conjuntural)
e não sistemática (risco específico ou próprio do ativo).

O risco sistemático é inerente a todos os ativos negociados no mercado, sendo determinado por
eventos de natureza política, econômica e social. Esse risco tem origem nas flutuações a que está
sujeito o sistema econômico como um todo, sendo suas principais fontes as variações nas taxas de
juros da economia, o processo inflacionário, a situação política e o comportamento das cotações no
mercado de títulos. Cada ativo comporta-se de forma diferente diante da situação conjuntural
estabelecida. Não há como evitar totalmente esse risco, sendo indicada a diversificação da carteira
como medida preventiva para sua redução.

7
Assaf Neto. Mercado Financeiro.

69 | P á g i n a
O risco não sistemático (ou diversificável), por sua vez, é identificado nas características do próprio
ativo, não se alastrando aos demais da carteira. É um risco próprio de cada investimento realizado,
e sua eliminação de uma carteira é possível pela inclusão de ativos que não tenham correlação
positiva entre si. Pode ser total ou parcialmente diluído pela diversificação da carteira.

Risco Total = Risco Sistemático + Risco Não Sistemático

Risco da
carteira
Risco não
sistemático Risco
Total
Risco
sistemático
Quantidade de
ativos

Finanças Pessoais

Este tópico será desenvolvido na videoaula.

70 | P á g i n a
Fundos de Investimento

Definições Legais

Um Fundo de Investimento trata de um conjunto de recursos monetários, formado por depósitos de


grande número de investidores (cotistas), que se destinam à aplicação coletiva em carteira de títulos
e valores mobiliários. Oferece, principalmente, o benefício da concentração de recursos. Por se
apresentarem como forma coletiva de aplicação de recursos, trazem vantagens sobretudo ao
pequeno investidor com baixo volume individual de capital disponível para aplicação.

Os Fundos são regidos por um Regulamento, em que este deve estar disponível a todos os
participantes juntamente com o Prospecto no momento do ingresso, quando são estabelecidas todas
as regras básicas de funcionamento e outras informações relevantes, como a composição da carteira,
limites de cada ativo, risco, entre outros.

Juridicamente, os Fundos de Investimento são considerados como condomínios e são constituídos


com o objetivo de promover a aplicação coletiva dos recursos de seus participantes, chamados
cotistas. Como cada Fundo busca um objetivo diferente e recursos captados, existe a obrigatoriedade
de constituição de uma pessoa jurídica com CNPJ próprio. Os cotistas participantes devem ter um
tratamento igualitário.

Os Fundos de Investimento constituem-se, portanto, como um mecanismo organizado que tem a


finalidade de captar e investir recursos no mercado financeiro. Seu registro deve ser realizado junto
a CVM e este será regido pela Instrução Normativa CVM 555/14. Por fim, temos a definição de um
Fundo de Investimento, cuja redação é dada pela Instrução 409 e alterações posteriores da CVM:

“Fundo de investimento é uma comunhão de recursos, constituída sob a forma de


condomínio, destinada à aplicação em ativos financeiro”.

Fundos de Investimento (FI) e Fundos de Investimento em Cotas (FIC):


definições

Existem, basicamente, dois tipos de Fundos: o Fundo de Investimento (FI) e o Fundo de


Investimento em Cotas (FIC). A diferença básica entre eles é que, enquanto o primeiro investe seus
recursos diretamente em ativos financeiros (ações, títulos públicos, derivativos, etc.), os FICs
mantêm, no mínimo, 95% dos recursos investidos em cotas de outros fundos de investimento, por
determinação da CVM.

71 | P á g i n a
No FI, o gestor adquire ou vende aplicações em nome do fundo, onde a cada movimentação de
aplicação e resgate dos cotistas, altera-se o Patrimônio Líquido (PL) do mesmo. Já o FIC compra cotas
de um ou mais fundos, respeitando o percentual mencionado dos recursos investidos. A outra
parcela – 5% - pode ser investida diretamente em títulos privados ou públicos, de acordo com o que
o gestor considerar oportuno, respeitando a política de investimentos.

• Investimento realizado diretamente em


FI ativos financeiros

• Investimento realizado em cotas de outros


FIC fundos de investimento

Condomínio. Fundos Abertos e Fundos Fechados

O fundo de investimento é formado como um condomínio, pois os cotistas possuem interesses


comuns, onde, cada um, possui iguais direitos e obrigações. Os cotistas, ao aplicarem em um fundo,
compram uma quantidade de cotas e pagam uma taxa de administração ao administrador para que
este coordene as tarefas do fundo, entre elas a de gerir seus recursos no mercado. Logo, esta taxa
de administração é cobrada pela instituição financeira a título de remuneração dos serviços
prestados de administração do Fundo e de gestão da carteira. O percentual dessa taxa é fixado pela
própria administradora do Fundo e previsto em seu regulamento, sendo cobrada sobre o valor total
da aplicação de cada cotista, independentemente do resultado auferido.

O cotista, ao comprar cotas de um fundo, está aceitando suas regras de funcionamento e passa a ter
os mesmos direitos dos demais, independentemente da quantidade de cotas que possui.

Os fundos podem ser organizados como condomínios fechados ou abertos. Nos fundos constituídos
sob a forma de condomínio aberto, os cotistas podem comprar ou resgatar suas cotas a qualquer
tempo. Não há uma data de vencimento e, portanto, o investidor não precisa renovar sua aplicação.
Já nos fundos fechados, o ingresso no fundo ocorre em período determinado e as cotas não são
resgatadas por decisão do cotista a qualquer momento. Caso este queira sair do fundo antes do
vencimento ou de sua liquidação, o investidor deve vender suas cotas para outro investidor antes do
encerramento do fundo. O fundo fechado pode ou não ter vencimento, existindo um período
determinado para o resgate das cotas.

Constituição e registro na CVM

As regras para constituição e funcionamento dos fundos de investimento foram instituídas em


dezembro de 2014 por meio da Instrução 555, da CVM. A captação de recursos só poderá ocorrer
após o devido registro do fundo, feito pelo administrador junto à CVM, através da instituição do

72 | P á g i n a
regulamento. Além do regulamento, algumas informações importantes são exigidas no ato do
registro, como a indicação do auditor independente, a formalização do fundo (CNPJ), a lâmina de
informações essenciais, os dados relativos ao registro do regulamento em cartório de títulos e
documentos e a declaração do administrador de que o fundo é aderente à legislação em vigor.

O referido regulamento só pode ser alterado por decisão dos cotistas ou em caso de necessidade de
adequação à legislação.

Comunicação com o cotista

A CVM estabelece que as informações ou documentos onde existe a exigência de comunicação,


devem ser encaminhadas aos cotistas por meio físico. Caso haja manifestação expressa no
regulamento do fundo, tais informações ou documentos podem ser disponibilizados de forma online.

Para os fundos em que não há envio físico, poderá existir a possibilidade para o mesmo,
especificando no regulamento se os custos referentes ao processo serão de responsabilidade do
fundo ou dos cotistas que optarem por essa modalidade.

Cota. Valor da cota e transferência de titularidade

Um Fundo é dividido em participações, conhecidas por cotas, que os investidores mantem sobre o
patrimônio de aplicação. As cotas são, portanto, frações ideais do patrimônio. São escriturais,
nominativas e conferem iguais direitos e obrigações.

Cada valor aplicado no Fundo corresponde a uma quantidade de cotas. O patrimônio formado pelos
investidores é convertido em ativos, seja de renda fixa ou variável. Se, ao final de um mês os ativos
que lastreiam o Fundo se valorizarem, isso é refletido no valor da cota. Logo, novas entradas se darão
ao valor da cota atualizado, mais valorizado.

O valor da cota é calculado diariamente (no encerramento do dia, i.e., no horário de fechamento dos
mercados em que o fundo atua) pela divisão entre o patrimônio atualizado a preços de mercado e a
quantidade de cotas emitidas. A fórmula abaixo é utilizada pelo administrador para o cálculo do valor
da cota:

𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑜𝑠 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜𝑠 − 𝑑𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝑑𝑜 𝑓𝑢𝑛𝑑𝑜


= 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑡𝑎 𝑛𝑜 𝑑𝑖𝑎
𝑛º 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑡𝑎𝑠 𝑒𝑚𝑖𝑡𝑖𝑑𝑎𝑠 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑓𝑢𝑛𝑑𝑜

A quantidade de cotas possuídas por um investidor é sempre a mesma, exceto nos casos em que há
a aquisição de novas, de resgate ou ocorra um recolhimento de Imposto de Renda na forma de
“come-cotas”.

73 | P á g i n a
No que diz respeito à transferência de titularidade, esta irá depender da característica do Fundo. As
cotas de um fundo aberto não podem ser objeto de cessão ou transferência, salvo por decisão
judicial, execução de garantia ou sucessão universal. As cotas de fundos fechados, por sua vez,
podem ser objeto de cessão ou transferência mediante termo de cessão e transferência ou via
operação em bolsa de valores ou mercado de balcão organizado.

Propriedade dos ativos de Fundos de Investimentos – excluindo fundos


imobiliários

A propriedade dos ativos dos Fundos de Investimento é dos cotistas, do condomínio. Ressalta-se que
o patrimônio do fundo não se mistura com o patrimônio de seus prestadores de serviços
(administrador ou gestor). Lembrando que o fundo deve ter escrituração contábil e CNPJ próprios.

Segregação entre gestão de recursos próprios e de terceiros: Barreira de


Informação

A Resolução CMN 2.451, de novembro de 1997, exige completa independência entre a administração
de recursos próprios e de terceiros. Tal separação inclui a separação física e a contratação de pessoa
jurídica distinta para a administração dos recursos de terceiros, ou a designação de membro da
diretoria exclusivamente para essa finalidade.

A exigência dessa separação visa evitar possíveis conflitos de interesse, impedindo também o fluxo
de informações privilegiadas e sigilosas para outros setores da instituição. Essa separação, conhecida
como barreira de informação, é a causa de muitas instituições financeiras criarem empresas
chamadas gestoras de recursos de terceiros, ou asset management, cuja atuação se dá de forma
independente do banco.

Assembleia Geral de Cotistas (competências e deliberações). Convocação

As principais decisões que envolvem o patrimônio dos Fundos de Investimento são tomadas no
âmbito da Assembleia Geral de Cotistas. A Assembleia delibera sobre política de investimento,
prestação de contas do administrador, alterações no regulamento do Fundo, contratação ou
substituição do Administrador, definição da taxa de administração, liquidação do Fundo, emissão de
novas cotas – no fundo fechado, amortização e resgate compulsório de cotas, dentre outros.

74 | P á g i n a
A convocação da Assembleia deve ocorrer com, no mínimo, 10 dias de antecedência, via
correspondência aos condôminos. Nela deve constar expressamente, além do dia, hora e local, a
ordem do dia, isto é, todas as matérias a serem deliberadas pelos cotistas, não se admitindo que sob
a rubrica de assuntos gerais haja matérias que dependam de deliberação da assembleia.

A Assembleia pode ser convocada, a qualquer tempo, pelo administrador, pelo gestor, custodiante,
cotista ou grupo de cotistas que detenha pelo menos 5% do total de cotas.

As demonstrações contábeis do fundo são apresentadas em Assembleia, anualmente, devendo ser


realizada até 120 dias após o término do exercício social.

No âmbito da assembleia, cada cota corresponde a um voto, sendo impedidos de votarem o


administrador, gestor, sócios, diretores ou funcionários do administrador e do gestor, assim como
empresas a eles ligadas, além dos prestadores de serviço ao fundo.

Direitos e obrigações dos condôminos

Em um fundo, os cotistas possuem direitos e obrigações semelhantes, independentemente da


quantidade de cotas que possui. Duas obrigações essenciais do cotista são: (a) Firmar adesão ao
fundo; e (b) Cumprir com o regulamento do fundo, aceitando suas condições.

A adesão se dá via assinatura do Termo de Adesão e Ciência de Risco, atestando que teve acesso ao
inteiro teor dos documentos entregues pelo administrador ou distribuidor do fundo, além de
confirmar ciência da política de investimentos e os riscos envolvidos no negócio, inclusive o da
possibilidade de ocorrência de patrimônio negativo, com o consequente aporte de novos recursos
com a finalidade de cobrir o prejuízo.

No que se refere aos direitos, todos os cotistas devem possuir tratamento igualitário, não havendo
qualquer tipo de distinção, salvo a proporcionalidade de número de cotas na contabilização de votos.
Além disso, todos possuem o direito de participar das Assembleias do Fundo e votar, quando for o
caso.

Adicionalmente, o cotista tem o direito de acesso a informações referentes ao fundo, como o extrato
de conta contendo informações relevantes (enviado mensalmente pelo administrador), a lâmina de
informações essenciais e o formulário de informações complementares.

75 | P á g i n a
Divulgação de informações e de resultados

Cabe aos administradores dos fundos de investimento divulgar informações aos cotistas, a CVM e as
entidades do mercado. Seguindo a linha de que todos os condôminos devem ter o mesmo
tratamento, as informações devem ser divulgadas de maneira equitativa, por meio eletrônico ou no
site do administrador ou distribuidor. Caso essa ação não seja cumprida, o administrador do fundo
está sujeito a multa diária no valor de R$500,00, em virtude do descumprimento dos prazos previstos
pela CVM.

Ressalta-se a importância da divulgação, pelo distribuidor do fundo, no ato da adesão, de


informações essenciais para conhecimento e análise por parte do investidor/cotista, como: política
de investimento, metas e objetivos do fundo, relação de prestadores de serviços, a própria política
de divulgação de informações, identificação dos riscos assumidos, entre outras.

Informações periódicas

Como destacado, o regulamento do fundo deve apresentar informações acerca da política de


divulgação de informações por parte do fundo, onde deve constar, pelo menos, a periodicidade
mínima para divulgação da composição da carteira do fundo, o nível de detalhamento das
informações e o local e meio de solicitação e divulgação de informações.

Periodicidades diferentes são demandadas para diferentes tipos de informação. Diariamente, o


cotista deve ter acesso ao valor da cota e do patrimônio líquido (via site do administrador e CVM);
mensalmente o administrador deve enviar ao investidor o extrato de sua respectiva conta, com
informações gerais sobre o fundo e sua rentabilidade, além de encaminhar à CVM o balancete e a
composição da carteira; e anualmente, os cotistas devem receber do administrador a demonstração
de desempenho do fundo, enquanto a CVM recebe as demonstrações contábeis com o parecer do
auditor independente.

Atos ou fatos relevantes

Para a CVM, ato ou fato relevante consiste em qualquer evento que possa influir de modo ponderável
no valor das cotas ou na decisão dos investidores de adquirir, manter ou alienar tais cotas. O ato ou
fato relevante divulgado deve ser mantido nos sites do administrador e do distribuidor do fundo,
sendo que a divulgação se dá na forma prevista no regulamento do fundo, por meio do Sistema de
Envio de Documentos, disponível no site da CVM.

76 | P á g i n a
Administração.

Vedações e obrigações do administrador e do gestor

Na Seção IV da Instrução CVM 555/2014, constam as obrigações do administrador e do gestor de um


Fundo de Investimentos. Em linhas gerais, cabe ao administrador do Fundo diligenciar para que
sejam mantidos, às suas expensas, atualizados o registro de cotistas, o livro de atas das assembleias
gerais, o livro de presença de cotistas, os pareceres do auditor independente, os registros contábeis
referentes às operações e ao patrimônio do fundo e a documentação relativa às operações do fundo.

O administrador pode contratar os seguintes serviços junto a terceiros, sendo que, ao fazê-lo, ele
passa a responder solidariamente com os prestadores de serviços que contratar, por eventuais
prejuízos causados aos cotistas, em virtude de condutas contrárias à lei, ao regulamento ou aos atos
normativos da CVM:

▪ Gestão da carteira do fundo;


▪ Consultoria de investimentos;
▪ Atividades de tesouraria, de controle e processamento dos ativos financeiros;
▪ Distribuição de cotas;
▪ Escrituração da emissão e do resgate de cotas;
▪ Custódia de ativos financeiros;
▪ Classificação de risco por agência de classificação de risco de crédito; e
▪ Formador de mercado.

Caso opte por contratar agência de classificação de risco, o contrato deve conter cláusula obrigando
a agência a divulgar imediatamente em seu site e comunicar à CVM e ao administrador, qualquer
alteração na classificação do fundo.

A contratação destes prestadores elencados, contudo, é faculdade do fundo. A contratação de


auditoria independente, porém, é obrigatória.

É vedado ao administrador, em nome do fundo, receber depósito em conta corrente, contrair ou


efetuar empréstimos, salvo em modalidade permitida pela CVM, prestar aval, fiança ou qualquer
coobrigação, vender cotas à prestação, prometer rendimento, realizar operações com ações fora de
bolsas de valores ou mercado de balcão organizado, utilizar recursos do fundo para pagamento de
seguro contra perdas financeiras dos cotistas e praticar qualquer ato de liberalidade.

Caso o fundo invista em cotas de outros fundos de investimento, o administrador e o gestor devem,
em conjunto e diligentemente avaliar a liquidez do fundo investido, considerando, no mínimo, o
volume investido, as regras de pagamento de resgate do fundo investido e os sistemas e ferramentas
de gestão de liquidez utilizados pelo administrador e gestor do fundo investido.

77 | P á g i n a
Ambos, administrador e gestor, devem ser substituídos caso sejam descredenciados para o exercício
da atividade de administração de carteiras de valores mobiliários, por decisão da CVM ou deliberação
da assembleia geral (Seção VI).

Normas de condutas

Na Seção V estão contidas as normas de condutas a serem adotadas pelo administrador e pelo gestor
do Fundo. No artigo 92, inciso I, consta:

I. Exercer suas atividades buscando sempre as melhores condições para o fundo, empregando
o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma dispensar à administração
de seus próprios negócios, atuando com lealdade em relação aos interesses dos cotistas e
do fundo, evitando práticas que possam ferir a relação fiduciária com eles mantida, e
respondendo por quaisquer infrações ou irregularidades que venham a ser cometidas sob
sua administração ou gestão;

Os incisos II e III, complementam:

II. Exercer, ou diligenciar, para que sejam exercidos todos os direitos decorrentes do
patrimônio e das atividades do fundo, ressalvado o que dispuser a política relativa ao
exercício de direito de voto do fundo;
III. Empregar, na defesa dos direitos do cotista, a diligência exigida pelas circunstâncias,
praticando todos os atos necessários para assegurá-los e adotando as medidas judiciais
cabíveis.

Ressalta-se que o administrador e o gestor devem transferir ao fundo qualquer benefício ou


vantagem que possam alcançar em decorrência de sua condição. Além disso, fica vedado a estes,
receberem qualquer tipo de remuneração, direta ou indiretamente, por meio de partes relacionadas
que potencialmente prejudique a independência na tomada de decisões pelo fundo. Tal vedação,
contudo, não se aplica sobre investimentos realizados por fundo de investimento em cotas de fundo
de investimento que invista mais de 95% de seu patrimônio em único fundo ou fundos
exclusivamente destinados a investidores profissionais, desde que a totalidade dos cotistas assinem
o temo de ciência.

Dinâmica de Aplicação e Resgate

Aplicação de recursos e compra de ativos por parte dos gestores. Cota do


dia (D+0) e cota do dia seguinte ao da data de aplicação (D+1)

Sempre que ocorre um cenário de aplicação líquida, com entrada de recursos superior ao resgate de
recursos, o gestor terá que comprar ativos para a carteira realizando novos investimentos.

78 | P á g i n a
Quando o Fundo recebe uma aplicação, esta não é convertida automaticamente em novas cotas. O
valor investido é lançado e contabilizado dentro do fundo. O valor da cota para a conversão dos
investimentos a fim de calcular o número de cotas a fim de calcular o número de cotas detidas pelo
nove investidor pode ser a cota do dia (D+0) ou a cota do dia seguinte ao da data de aplicação (D+1).
Somente a partir daí o gestor está autorizado a realizar a compra de ativos.

Podemos definir essa referência como data de cotização: data em que os recursos aplicados são
convertidos em cotas, e em que cotas são convertidas em recursos (no caso de resgate). O dia em
que a conversão é concretizada, está indicado após o “D”. Cabe ao Fundo informar o critério adotado
na emissão. Sendo D+0, o valor da cota do dia é calculado a partir do patrimônio líquido do dia
anterior, devidamente atualizado por um dia. Sendo D+1, apenas após o fechamento do mercado o
valor é conhecido.

Resgate de recursos e venda de ativos por parte dos gestores

Sempre que o cliente opta por resgatar seus recursos de um Fundo, pode ser que ele tenha que
esperar mais tempo para ter o montante em sua cota, dada a liquidez de cada ativo. O valor a ser
resgatado na data de pagamento é referente ao valor da cota na data de conversão de cotas. Sendo
assim, pode haver diferença entre o dia em que o investidor solicita o resgatem o dia em que o
administrador calcula o valor da cota para pagamento e o dia do efetivo pagamento. Tais prazos
devem estar presentes no regulamento do fundo e na lâmina de informações essenciais.
Exemplo:

▪ Data de conversão de cotas: D+1


▪ Data para pagamento do resgate: D+4
Dado que D é o dia da solicitação do resgate, o cálculo do valor das cotas é realizado no dia
seguinte à solicitação e o pagamento é realizado quatro dias úteis após a solicitação do
resgate.

Prazo de cotização: conceito (prazo de conversão de cotas na aplicação e


no resgate)

O conceito de prazo de cotização foi implicitamente colocado nos tópicos anteriores. Para fixar o
entendimento, tome como referência os seguintes conceitos:

▪ Data do período de resgate: data em que o cotista solicita o resgate;


▪ Data de pagamento do resgate: data em que os recursos referentes ao resgate são efetivamente
disponibilizados ao investidor;

79 | P á g i n a
▪ Data de conversão de cotas (ou período de cotização): data do cálculo do valor da cota para
efeito de pagamento do resgate.

Prazo de liquidação financeira (pagamento do resgate): conceito e limite

Conforme exposto, o prazo de liquidação financeira, ou data de pagamento do resgate, é a data em


que os recursos referentes ao resgate são efetivamente disponibilizados ao investidor. Contudo, nem
sempre a data de liquidação financeira é igual a data de conversão.
A CVM permite que o prazo de liquidação seja processado em até cinco dias úteis a contar do período
de cotização.

Prazo de carência para resgate

De acordo com a política do Fundo de Investimento pode existir um prazo de carência para resgate,
ou seja, pode haver um prazo em dias para que o pedido de resgate seja efetivado. Para um caso de
1 mês de carência, o resgate é efetuado após 30 dias da solicitação, e o valor resgatado pode ter ou
não rendimento nesse período.

A existência do prazo de carência deve constar em destaque na capa de todo o material de divulgação
do Fundo. A existência da carência não elimina a possibilidade de o cotista resgatar seus recursos
antecipadamente, cabendo, nesse caso, a incidência de uma taxa ou perda de rentabilidade
acumulada no período, uma vez prevista no regulamento.

Fechamento dos fundos para resgates e aplicações

A decisão de fechar um Fundo para resgates e aplicações cabe ao administrador do Fundo em


questão. Este, pode suspender novas aplicações, desde que isso se aplique tanto aos novos quanto
aos antigos cotistas.
Essa decisão pode se dar devido a interpretação do administrador, em conformidade com a política
de investimentos do Fundo, de que as possibilidades de investimentos se esgotaram ou a liquidez
dos mercados em que o Fundo aplica não permite novos investimentos.
Em casos excepcionai de falta de liquidez, o administrador pode tomar a decisão de declarar o
fechamento do fundo para realização de resgate. Esse movimento configura fato relevante e, por
isso, deve atender tempestivamente a política de divulgação de atos e fatos relevantes. Caso o
fechamento supere cinco dias consecutivos, uma assembleia geral extraordinária deve ser
convocada.

80 | P á g i n a
Diferenciais do Produto para o Investidor

Acessibilidade ao mercado financeiro

Uma vantagem destacada de um Fundo é a gestão profissional especializada que possui. Enquanto,
na maioria dos casos, o investidor isoladamente não possui os conhecimentos técnicos necessários
para tomar as melhores decisões de investimentos, ou até mesmo disponibilidade de tempo para
acompanhar o mercado, os administradores dos fundos são profissionais qualificados e experientes.

Dentre outros aspectos, podemos elencar quatro principais vantagens em aplicar recursos em um
Fundo de Investimento:

▪ Liquidez;
▪ Custos menores de transação;
▪ Diversificação;
▪ Acesso ao mercado financeiro.

No que diz respeito à acessibilidade ao mercado financeiro e, explorando o próprio conceito do


Fundo de Investimento, ao se formarem na forma de condomínio, os investidores podem conseguir
melhores oportunidades de investimentos no mercado, podendo obter melhores taxas de retorno
ao aplicarem somas mais elevadas de recursos. Obviamente, os ganhos do Fundo são distribuídos
proporcionalmente aos recursos aplicados. Em suma, pelo alto volume de recursos para
investimentos, além da mencionada gestão profissional, o Fundo de Investimentos se habilita a
operar em qualquer tipo de mercado. Individualmente, um investidor com menor poder de
negociação e especialização, pode ter limitações em atuar em alguns segmentos financeiros do
mercado.

Diversificação

Os Fundos são capazes de promover a diversificação de suas carteiras, mesclando de forma eficiente
os ativos financeiros de forma a maximizar o seu retorno dado um certo nível de risco, ou minimizar
o risco para um retorno esperado. A maioria dos Fundos aplica a diversificação como forma a
diminuir o risco para seus investidores, sendo que a CVM determina limites máximos de
concentração por tipo de emissor e de ativo que um Fundo de Investimento pode ter.

Riscos de ativos individuais versus riscos da carteira

Metodologicamente, uma das formas de medir o risco de um ativo é mensurar o desvio padrão do
seu retorno em torno da sua própria média de retornos. Quando maior o desvio em relação à média,
maior o risco, visto a maior incerteza.

81 | P á g i n a
Em uma carteira com vários ativos, ao se somar os retornos e se avaliar o risco, poderá ser obtido
um valor para o risco menor do que as somas dos riscos individuais dos ativos. Isso porque os ativos
possuem retornos e desvios com a média diferentes uns dos outros e, quando alocados em uma
mesma carteira, parte do risco se anula, reduzindo-o.

Para diminuir o risco da carteira, é essencial a alocação em ativos diferentes entre si e, para diminuir
os riscos aos cotistas, a CVM limita a exposição a alguns ativos.

Limites de alocação por emissor e por tipo de ativo. Riscos para o investidor

Os Fundos de Investimentos são limitados em suas alocações quanto ao tipo de emissor, sendo
destacado:

▪ Até 100% do patrimônio líquido pode estar alocado em ativos de emissão da União Federal;
▪ No máximo 20% do patrimônio líquido pode ser aplicado em ativos de emissão de
instituições financeiras;
▪ Até 10% do patrimônio líquido pode ser aplicado em ativos de emissão das companhias
abertas ou Fundos de Investimento;
▪ Até 5% do patrimônio líquido aplicado em ativos de emissores privados.

Existe ainda limites máximos quanto ao tipo de ativo:

▪ Até 20% do patrimônio podem ser investidos conjuntamente em: cotas de FI e FIC-FI, cotas
de FII, FIDC e FIC-FIDC, cotas de Fundos de Índice, CRI e outros ativos previstos na Instrução
CVM 555.

É ilimitada a concentração do investimento em:

▪ Títulos públicos federais e operações compromissadas lastreadas nesses títulos;


▪ Ouro;
▪ Títulos de emissão ou coobrigação de instituição financeira;
▪ Valores mobiliários diversos dos já listados, desde que registrados na CVM;
▪ Notas promissórias, debêntures e ações;
▪ Contratos derivativos;

Liquidez

Conceituada como a facilidade de se vender um ativo a um preço justo, em FIs a liquidez é reflexo
direto dos prazos de resgates. Em Fundos abertos a maioria dos Fundos de Renda Fixa possui como
data de cotização D+0 e pagamento também em D+0, configurando liquidez diária.

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No que diz respeito à liquidez dos Fundos, é importante atentarmos à capacidade desse em honrar
os compromissos em situações de estresse, que afetem o comportamento de resgate. O
administrador e o gestor devem adotar políticas para que a liquidez seja compatível com os prazos
previstos para pagamento dos pedidos de resgate e o cumprimento das obrigações do Fundo.

Política de Investimento

Objetivo

Uma política de investimento deve estar explicita na lâmina de informações essenciais e no


regulamento do fundo. Trata-se de um direcionamento ao qual o administrador deve se guiar,
apontando os ativos aptos a serem alvo do Fundo. Adicionalmente, descreve a estratégia do gestor
para atingir os objetivos do Fundo.
A política de investimentos norteia o processo de investimento realizado pelo gestor, ajudando o
investidor a entender se ela atende suas necessidades e se está adequada ao seu perfil. Esta, só pode
ser alterada por decisão dos cotistas em assembleia.

Fundos com gestão ativa e passiva: definição

A administração ativa de um Fundo envolve a compra e venda de ativos com o intuito de apurar
retorno acima de um índice fixado como referência para a gestão da carteira. A aposta de um Fundo
com gestão ativa é que seu desempenho, medido pela relação risco-retorno, irá superar o
benchmark (o do mercado), oferecendo uma expectativa de maiores rendimentos aos investidores.
A administração passiva, por sua vez, é uma estratégia de investimento em que o administrador do
Fundo investe em ativos visando reproduzir a carteira do índice previamente definido. O retorno,
nessa estratégia, deve aproximar-se do benchmark.
A diferença entre as duas gestões é que na administração ativa não há uma réplica da carteira do
índice escolhido, sendo este retorno entendido apenas como referencial a ser atingido e, de
preferência, superado pelo Fundo.

Os fundos passivos (referenciados), pela sua maior simplicidade na gestão e menor risco envolvido,
costumam apresentar custos menores.

A escolha da gestão também impacta na rentabilidade do Fundo. A administração ativa, produz


retornos maiores e, consequentemente, riscos mais elevados. Já os Fundos conservadores, seguem
um padrão de referência, com menor risco e retorno aos investidores.

83 | P á g i n a
Dificuldades de replicação dos índices de referência (benchmarks) e suas
principais causas: custos, impostos, dinâmica de cálculo da rentabilidade
do fundo e regras de contabilização a mercado.

Na prática, replicar exatamente o desempenho de um benchmark não é tarefa fácil. Isso porque o
desempenho do Fundo é influenciado pela cobrança da taxa de administração e de outros encargos,
como as taxas de corretagem.

Na renda fixa, as taxas cobradas são obstáculos à replicação do desempenho de um índice, uma vez
que no cálculo de performance de um benchmark não existe nenhuma taxa. Já em Fundo de Ações,
além das taxas, existe a dificuldade de comprar a quantidade proporcional de todas as ações
presentes no benchmark.

Os principais tipos de risco presentes no Fundo de Investimento são o risco de crédito, o risco de
mercado, o risco de liquidez e o risco sistêmico.

Instrumentos de divulgação das políticas de investimento e rentabilidade:


regulamento, lâmina de informações essenciais, demonstração de
desempenho, formulário de informações complementares e termo de
adesão. Diferença no uso dos documentos e acesso ao público investidor.

No regulamento do Fundo constam todas as informações que este precisa ter. A CVM estabelece
regras para as informações que o regulamento deve ter, como:

▪ Qualificação do administrador e gestor do Fundo;


▪ Qualificação dos custodiante;
▪ Espécie do Fundo (aberto ou fechado);
▪ Prazo de duração;
▪ Política de investimento;
▪ Taxa de administração;
▪ Taxas de performance, ingresso e de saída, se houver;
▪ Despesas do Fundo;
▪ Condições para aplicação e o resgate de cotas;
▪ Distribuição de resultados;
▪ Público-alvo;
▪ Exercício social do Fundo;
▪ Política de divulgação de informações e interessados;
▪ Política relativa ao exercício de direito do voto do fundo, pelo administrador ou por seus
representantes legalmente constituídos;

84 | P á g i n a
▪ Tributação aplicável;
▪ Política de administração de risco.

Para Fundos com administração aberta, deve constar uma lâmina de informações essenciais,
documento que apresenta, basicamente, as principais informações do Fundo. Devido a sua estrutura,
é um documento atualizado mensalmente que permite compreender e comparar informações
importantes:

▪ Público alvo e restrição de investimento;


▪ Descrição da política de investimento;
▪ Informações sobre investimento mínimo, carência, condições de resgate, taxas;
▪ Composição da carteira do Fundo;
▪ Classificação de risco que o administrador atribuiu ao Fundo;
▪ Rentabilidade histórica;
▪ Simulação comparativa e de despesa;
▪ Política de distribuição do Fundo;
▪ Informações sobre o serviço de atendimento ao cotista.

O administrador e o distribuidor devem assegurar que potenciais investidores tenham acesso à


lâmina de informações essenciais antes de aplicar em um Fundo de Investimento. A demonstração
de desempenho do Fundo é o documento com informações periódicas do Fundo.

O formulário de informações complementares é um documento de natureza virtual, disponibilizado


no site do administrador e do distribuidor. As informações contempladas, são:

▪ Local, meio e forma de divulgação das informações;


▪ Local, meio e forma de solicitação de informações;
▪ Exposição dos fatores de riscos inerentes à composição da carteira;
▪ Tributação aplicável;
▪ Descrição da política de administração de risco;
▪ Política de distribuição de cotas.

Ao investir em um Fundo, o cotista assina o termo de adesão e ciência de risco. Este, deve conter, no
máximo, 5.000 caracteres para facilitar a leitura do investidor e apresentar os riscos de uma carteira.

85 | P á g i n a
Carteira de investimentos

Principais mercados (juros pré-fixados e pós-fixados, câmbio, inflação,


ações; seus derivativos)

Juros prefixados

Como o próprio nome indica, os juros prefixados são aqueles em que se conhece o rendimento no
momento em que a aplicação financeira é realizada. Logo, oscilações da economia ou do mercado
financeiro não influenciam na rentabilidade do ativo escolhido, uma vez que se sabe com
antecedência, quanto o dinheiro irá render.

Investir em ativos prefixados é uma forma de mitigar incertezas. Por meio desse investimento,
garante-se de forma antecipada o rendimento, sem depender da variação de algum indicador. Quem
investe em papeis com juros prefixados, como os títulos prefixados do Tesouro Nacional, por
exemplo, acredita em um movimento de queda da taxa de juros no mercado. Caso esta última suba,
porém, a aplicação prefixada fica em desvantagem.

Juros pós-fixados

Os juros pós-fixados, ao contrário dos prefixados, não são conhecidos no momento inicial da
aplicação. O retorno do investimento só é conhecido no fim da aplicação – ou quando este é
exercido. Sua rentabilidade costuma estar atrelada a algum índice de preços ou taxa de juros de
mercado (IPCA, IGP-M, Selic, DI, etc.).

Câmbio e Mercado de Câmbio

O mercado de câmbio tem papel importante para os Fundos de Investimento, permitindo-os que
invistam no exterior e neutralizem o risco cambial, quando for o caso.

Esse mercado é regulado e fiscalizado pelo Bacen e compreende as operações de compra e venda de
moeda estrangeira e as operações com outro instrumento cambial, realizadas por intermédio das
instituições autorizadas a operar no mercado de câmbio.

Inflação

Diversos investimentos possuem rentabilidade atrelada à inflação, sendo que muitos objetivam
reportar ganhos reais ao investidor. Os indicadores mais comuns atrelados são o IPCA (IBGE) e o IGP-
M (FGV).

Ações

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Ações constituem a menor parcela do capital social de uma Sociedade Anônima. São valores
negociáveis e distribuídos aos subscritores de acordo com a participação monetária efetiva. Elas
podem ser emitidas com e sem valor nominal, de acordo com o estatuto da companhia.

Atualmente as ações são emitidas, em sua ampla maioria, na forma escritural, sem emissão física de
certificados. Podem ser classificadas de acordoa natureza dos direitos e vantagens que conferem a
seus titulares, em três espécies: ordinárias, preferenciais e de fruição ou gozo, sendo aqui destacadas
as duas primeiras.

As ações ordinárias apresentam como principal característica o direito de voto, podendo, assim, o
acionista influir nas diversas decisões de uma empresa. Os acionistas ordinários deliberam sobre os
destinos da sociedade, analisam e votam suas contas patrimoniais, decidem sobre a destinação dos
resultados, entre outras deliberações acerca de assuntos de interesse da companhia.

As ações preferenciais, por sua vez, conferem preferência no recebimento de dividendos, devendo
isso ocorrer antes dos acionistas ordinários, ficando eles na dependência de saldo. Além disso,
possuem preferência no reembolso do capital em caso de liquidação da sociedade. Diferente das
ações ordinárias, as preferenciais não possuem o direito a voto, não participando, em consequência,
das deliberações da empresa.

Marcação a mercado. Conceito, finalidade e relevância para investidor

Marcação a mercado é um processo de estabelecer o “valor justo” a uma carteira de títulos, tendo
como referência seus valores de realização de mercado. Em outras palavras, a marcação a mercado
permite converter cada título que compõe uma carteira em seu valor de mercado, revelando o
efetivo valor da carteira.
Um título de renda fixa emitido por uma empresa pode ter seu preço alterado em função da variação
dos juros de mercado e alterações do risco de crédito do emissor. Sendo assim, os valores desses
títulos são atualizados periodicamente.
A oferta inicial de títulos públicos federais é realizada através de leilões no mercado primário. Os
rendimentos dos títulos são calculados de acordo com as ofertas apresentadas pelas instituições
participantes do leilão, sendo os pagamentos garantidos pelo Governo, emissor dos títulos. Após a
colocação inicial, os títulos são negociados entre os investidores no mercado secundário. Nesse
momento, os preços são definidos pelo mecanismo de oferta e demanda, podendo ser diferentes
daqueles observados no mercado primário.
A diferença de preços pode ocorrer com os diferentes tipos de papéis. Uma preocupação dos Fundos
de Investimentos, por exemplo, quando os depositantes solicitam resgate de suas cotas, é que os

87 | P á g i n a
títulos precisam ser vendidos no mercado secundário, onde as cotações são geralmente diferentes
da carteira mantido. Com isso, podem ser registrados prejuízos.
Ao adotar o procedimento de marcação a mercado, a cotação dos títulos que compõem uma carteira
de investimentos é estabelecida com base em seu valor de mercado. São estes valores que irão
definir o valor da cota do investidor. O ajuste ocorre diariamente.
No caso das ações, os preços diários são divulgados pela B3, e as cotações diárias servem para
calcular o valor do patrimônio dos Fundos de Investimento.

A marcação é importante para o investidor, uma vez que ela faz com que ele pague o preço justo do
valor da cota ao aplicar e receba um valor justo no momento do resgate. Ela impede a transferência
de riqueza entre os cotistas que aplicam ou resgatam seus recursos de um Fundo, pois o valor da
cota reflete o preço de mercado dos ativos que fazem parte da carteira do Fundo.

Alavancagem: conceito, vantagens e desvantagens. Risco para o


investidor.

O Fundo é tido como alavancado quando existe a possibilidade de perda superior ao patrimônio. Em
linhas gerais, um Fundo alavancado utiliza derivativos para aumentar sua exposição em determinado
mercado. Estes derivativos são transacionados nos mercados futuros e de opções. Ressalta-se,
porém, que alguns Fundos utilizam derivativos apenas com a finalidade de hedge (proteção) da
carteira, não significando alavancagem.

Quando bem-sucedida, a estratégia de alavancagem pode potencializar os ganhos do Fundo. Porém,


alavancar aumenta o risco (volatilidade), podendo este, perder todo o dinheiro investido. Ademais,
dada a magnitude da perda, esta pode ir além do patrimônio do Fundo, sendo solicitado aos cotistas
novos aportes.

Impacto de variações nas taxas de juros, câmbio e inflação sobre os tipos


de Fundos: consequências.

Ambos, inflação e juros, afetam as aplicações financeiras. O aumento da Selic, por exemplo, torna
mais atraente a rentabilidade dos títulos de renda fixa pós-fixados atrelados à variação dessa taxa.
Já a inflação pode ter efeito contrário, sendo preciso estar atento aos ganhos reais proporcionados
pelas aplicações – ou seja, ganhos acima do aumento do nível geral de preços da economia.

As consequências variam conforme as posições dos Fundos de Investimento. Um Fundo com


patrimônio alocado em títulos de renda fixa, por exemplo, o aumento dos juros resulta em queda no
valor de mercado de títulos prefixados. Com isso, o fundo de renda fixa pode ter prejuízos, mesmo

88 | P á g i n a
tendo títulos atrelados a uma taxa prefixada. Já Fundos de renda fixa que estão alocados em títulos
pós-fixados atrelados à taxa DI, com o aumento da taxa de juros, passam a render mais.

Os impactos do câmbio são sentidos de forma mais direta nos Fundos Cambiais. A desvalorização do
real, por exemplo, não necessariamente leva a um melhor resultado do Fundo. Isso porque o Fundo
investe em títulos atrelados à moeda e também a uma taxa de juros, sendo o efeito conjunto de
ambas as variáveis que contribuirá para o resultado.

Taxas de administração e outras

Taxa de administração, taxa de performance, taxa de ingresso e taxa de


saída: conceitos e formas de cobrança. Fundos que podem cobrar taxa de
performance. Impactos na rentabilidade para o investidor.

Os Fundos de Investimentos cobram alguns encargos de seus participantes. A taxa de administração,


por exemplo, é cobrada pela instituição a título de remuneração pelos serviços prestados de
administração do Fundo e gestão da carteira. O percentual dessa taxa é fixado pela própria
administradora do Fundo e previsto em seu regulamento, sendo cobrada sobre o valor total da
aplicação de cada cotista, independentemente do resultado auferido. Logo, quanto mais reduzida
esta taxa, menor o impacto na rentabilidade.

O valor da taxa de administração corresponde a um percentual do patrimônio líquido do Fundo e


independe dos rendimentos obtidos pelos cotistas, incidindo todo dia útil – é apresentada como um
percentual ao ano, mas descontado diariamente do valor da cota.

Outros aspectos importantes acerca da taxa de administração é que ela pode variar de acordo com
a instituição e o produto, mas, uma vez definido o valor, ela é fixa, não podendo ser aumentada sem
prévia aprovação em assembleia geral.

A taxa de performance é cobrada com base no desempenho apresentado pela carteira do Fundo de
Investimento em relação a um índice de mercado. Assim, caso o retorno da carteira supere o
benchmark utilizado, será cobrado um percentual que exceder o indicador no período. Logo, a taxa
de performance é cobrada para remunerar uma boa performance.

Nem todos os Fundos estão autorizados a cobrar a taxa de performance, sendo que a mesma deve
atender aos seguintes critérios:

▪ Vinculação a um índice de referência verificável, originado por fonte independente;


▪ Vedação da vinculação da taxa de performance a percentuais inferiores a 100% do
benchmark;

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▪ Cobrança por período, no mínimo, semestral;
▪ Cobrança após a dedução de todas as despesas.

O Fundo deve, necessariamente, especificar em seu regulamento se a taxa de performance é cobrada


(I) com base no resultado do Fundo, (II) com base no resultado de cada aplicação efetuada por cada
cotista, ou (III) com base no resultado do Fundo, acrescido de ajustes individuais exclusivamente nas
aplicações efetuadas posteriormente à data da última cobrança da taxa de performance, até o
primeiro pagamento de taxa de performance como despesa do fundo, promovendo a correta
individualização dessa despesa entre os cotistas.

Fundos de Renda Fixa das classes CVM curto prazo, referenciado e renda fixa é vedada a cobrança
de taxa de performance, salvo quando destinados a investidores qualificados ou somente no caso
dos Fundos de renda fixa que tiverem o compromisso de obter tratamento fiscal destinado a Fundos
de longo prazo na regulamentação fiscal vigente.

Outras taxas previstas para serem cobradas – mas não muito comuns no Brasil – são a taxa de
ingresso, que incide sobre os valores aplicados, e a taxa de saída, aplicada quando do resgate, sobre
o valor resgatado.

Classificação CVM

Os Fundos de Investimentos são classificados pela CVM de acordo com a composição de suas
carteiras, permitindo uma mais fácil identificação de sua política de investimentos e objetivos.

Renda Fixa, Ações, Multimercado e Cambial

Os Fundos de Renda Fixa possuem, no mínimo, 80% de sua carteira formada por ativos de renda fixa
prefixados, que definem previamente a taxa de juro de rendimento, ou pós-fixados, que
acompanham a variação de uma taxa de juro ou um índice de inflação.

▪ Curto prazo: aplica em títulos com prazo máximo a decorrer de 375 dias, sendo o
prazo médio da carteira inferior a 60 dias. O risco é baixo, mas existe o de crédito,
de mercado e de liquidez;
▪ Longo prazo: compromete-se a obter o tratamento fiscal destinado a fundos de
longo prazo. Possui baixo risco de crédito e liquidez. Alto risco de mercado (taxa de
juros);
▪ Referenciado: investe ao menos 95% do patrimônio em ativos que acompanham
um índice de referência, destinando 80% para títulos públicos e ativos de baixo
risco. Possui baixo risco de crédito, de mercado e de liquidez;

90 | P á g i n a
▪ Simples: aplica ao menos 95% do patrimônio a títulos públicos ou papéis de
instituições financeiras com risco equivalente. Prevê no regulamento que seus
documentos serão disponibilizados aos cotistas por meios eletrônicos. Baixo risco
de crédito, mercado e liquidez;
▪ Dívida externa: aplica ao menos 80% do patrimônio em títulos da dívida externa da
União. Possui baixo risco de crédito, mas tem risco de mercado (câmbio) e liquidez;
▪ Crédito privado: investe mais de 50% do patrimônio em ativos de crédito privado.
Possui alto risco de crédito, de mercado e de liquidez.

Os Fundos de Ações devem conter, na composição de suas carteiras, um percentual elevado (67%)
de ações negociadas no mercado a vista da bolsa de valores ou em mercado de balcão organizado;
cotas de Fundos de ações e cotas dos Fundos de índice de ações; e Brazilian Depositary Receipts
(BDR), classificados como níveis II e III. Muitos desses Fundos têm como benchmark índices do
mercado de ações, como o Ibovespa e o IBX.

▪ Mercado de acesso: aplica 2/3 do patrimônio em ações de companhias listadas em


segmento de acesso de bolsas de valores. Existe risco de mercado e liquidez;
▪ BDR-Nível I: investe no mínimo 67% do patrimônio nos mesmo ativos que os fundos
de ações, incluindo também os BDRs Nível I. Principal risco é o de mercado
(acionário).

Os Fundos Multimercado não possuem obrigação de concentração de sua carteira em nenhum ativo
específico, definindo uma política de investimentos que incorpore diversas classes de ativos e fatores
de risco. Esse tipo de Fundo investe em diversos mercados ao mesmo tempo, permitindo uma
diversificação das aplicações. Para alavancar usas posições ou proteger suas carteiras, os Fundos
Multimercado utilizam ativamente instrumentos derivativos.

▪ Longo prazo: tem o compromisso de obter o tratamento fiscal destinado a fundos


de longo prazo. Principal risco é o de mercado, em função dos mercados em que o
fundo atua e a possibilidade de alavancagem;
▪ Crédito privado: investe mais de 50% do patrimônio em ativos de crédito privado.
Alto risco de mercado, crédito e liquidez em função dos mercados em que o fundo
atua e possibilidade de alavancagem.

Os Fundos Cambiais devem possuir, no mínimo, 80% de seu patrimônio em ativos relacionados à
variação de preços de uma moeda estrangeira ou cupom cambial.

▪ Possui alto risco de mercado (câmbio).

91 | P á g i n a
Fatores de risco inerentes a cada classe

Existem, basicamente, três riscos nos Fundos de Investimento:

▪ Risco de crédito;
▪ Risco de liquidez;
▪ Risco de mercado.

O risco de crédito é o risco relacionado a possibilidade de a contraparte não assumir suas obrigações,
parcial ou integralmente, na data combinada. Desse modo, o risco consiste não somente no
inadimplemento completo das obrigações da contraparte, como também do pagamento de apenas
uma parte dos compromisso, ou mesmo, do pagamento após a data acordada.

Ao investir em um Fundo, o cotista não corre o risco de crédito da instituição que administra o Fundo.
O risco está nos ativos que o Fundo tiver em carteira, não em que o administra. Caso a instituição na
qual o investidor tenha investimentos quebrar, sua perda só será a parcela do patrimônio que o
Fundo tiver investido em ativos dessa instituição financeira.

O risco de liquidez está relacionado com a disponibilidade imediata de caixa diante de demandas por
parte dos cotistas. Logo, surge da dificuldade em conseguir encontrar compradores potenciais para
determinado ativo no momento e no preço desejado.

O risco de mercado está relacionado à possibilidade de desvalorização ou valorização de um ativo,


devido à instabilidades políticas, econômicas ou decorrente da situação individual de uma empresa
ou do banco que emitiu este ativo.

Características das subclassificações: curto prazo, referenciado, simples, dívida externa,


crédito privado e ações – mercado de acesso

Renda Fixa Curto Prazo

Como destacado anteriormente, os títulos que compõem sua carteira devem ter prazo máximo a
decorrer de 375 dias até o vencimento do título e prazo médio da carteira inferior a 60 dias.

Só são admitidos investimentos em: títulos públicos federais ou privados prefixados, títulos públicos
federais ou privados indexados na taxa Selic, em outra taxa de juros ou índices de preços, em títulos
privados que sejam considerados de baixo risco de crédito pelo gestor, em cotas de Fundos de índice
que apliquem nesses tipos de títulos, e em operações compromissadas lastreadas em títulos públicos
federais.

Renda Fixa Referenciados

Visam acompanhar a variação de determinado benchmark. Devem manter, no mínimo, 95% de seu
patrimônio investido em ativos que acompanhem o indicador, sendo no mínimo 80% do patrimônio

92 | P á g i n a
representado por títulos públicos federais, ativos de renda fixa considerados de baixo risco de crédito
ou cotas de Fundos de índice que invistam em ativos com as mesmas características. Devem ter em
sua denominação o índice de referência.

Renda Fixa Simples

Fundos de baixo risco de crédito, liquidez e mercado. Devem manter, no mínimo, 95% do seu
patrimônio em títulos públicos federais, operações compromissadas lastreadas em títulos públicos,
ou títulos de emissão de instituições financeiras de risco de crédito equivalente ao risco soberano.

Renda Fixa Dívida Externa

Devem manter, no mínimo, 80% do patrimônio líquido em títulos representativos da dívida externa
de responsabilidade da União. Podem realizar operações em mercados de derivativos, nacional ou
exterior, para fins de proteção.

Ações Mercado de Acesso

Política de manter, ao menos, 2/3 do patrimônio em ações de companhias listadas no segmento e


até 1/3 em títulos ou ações de companhias fechadas, desde que tenham participação na gestão
dessas companhias nos mesmos moldes exigidos dos Fundos de Investimento em Participações (FIP).
Podem ser constituídos sob a forma de Fundos abertos ou fechados.

Tributação

Existe a incidência de imposto de renda (IR) e o imposto sobre operações de crédito, câmbio e
seguros, ou relativas a títulos e valores mobiliários (IOF). Ambos são recolhidos sobre o lucro obtido
com a aplicação, que é sua base de cálculo.

▪ Fundos de Ações: contam com alíquota única de IR de 15%, independente do prazo do


investimento. Cobrado sobre o rendimento bruto do fundo quando do resgate da aplicação;
▪ Fundos de curto prazo: alíquotas variam de 22,5% (até 180 dias) a 20% (acima de 180 dias),
em função do período;
▪ Fundos de longo prazo: alíquotas variam de 22,5% (até 180 dias) a 15% (acima de 720 dias),
em função do período;

O fato gerador do IR em Fundos de Investimento consiste no rendimento produzido por aplicações


em Fundos de Investimentos e em Fundos de aplicações em cotas de Fundos de Investimento. Seu
recolhimento é de responsabilidade do administrador do Fundo.

93 | P á g i n a
O IOF incide sobre o rendimento dos Fundos nos resgates feitos em período inferior a 30 dias, sendo
que a alíquota varia de 96% a 0%, decrescente conforme o período.

Tabela 1: Alíquotas de IOF


Dia Alíquota Dia Alíquota Dia Alíquota
1 96% 11 63% 21 30%
2 93% 12 60% 22 27%
3 90% 13 56% 23 23%
4 86% 14 53% 24 20%
5 83% 15 50% 25 16%
6 80% 16 46% 26 13%
7 76% 17 43% 27 10%
8 73% 18 40% 28 6%
9 70% 19 36% 29 3%
10 66% 20 33% 30 0%

A responsabilidade pelo recolhimento do IOF também é do administrador do Fundo.

O chamado come-cotas, é o IR dos Fundos de Investimento, recolhido pelo administrador do Fundo


no último dia útil dos meses de maio e novembro, mesmo que não haja resgate pelo cotista. É
utilizada a menor alíquota de cada tipo de Fundo, sendo 20% para Fundos de tributação de curto
prazo e 15% para Fundos de tributação de longo prazo. O come-cotas incide em Fundos classificados
como de longo prazo ou de curto prazo. A cada seis meses, os Fundos deduzem esse imposto dos
cotistas automaticamente, em função do rendimento obtido.

É possível compensar os prejuízos obtidos numa categoria de Fundos, deduzindo-os do imposto a


pagar em outra categoria e em alguns casos, de diferentes administradores. Para os Fundos de Renda
Fixa, se o investidor tiver prejuízo no montante do resgate, essa perda poderá ser compensada no
futuro quando fizer um resgate com lucro. A compensação só será feita em Fundos com mesma
classificação tributária. Para os Fundos de Ações, se no momento de resgate houver prejuízo, a
compensação só poderá ser efetuada com outro Fundo de Ações. Nesse tipo de Fundo é possível a
compensação descontando de um Fundo em que o investidor tiver ganhado o valor perdido em
outro.

A responsabilidade de retenção e recolhimento é do administrador, cabendo a este proceder ao


controle de eventuais perdas no resgate de cotas para compensação futura.

94 | P á g i n a
Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para Administração de
Recursos de Terceiros

Definições (Cap. I)

Neste capítulo são apresentados conceitos fundamentais para uma boa compreensão de todo o
Código. Ressalta-se que a leitura dos Códigos Anbima é indispensável, não apenas para a realização
da prova, como para o desempenho ético, transparente e eficiente da profissão.

Das definições apresentadas, destacam-se:

▪ Administração de recursos de terceiros: atividades de administração fiduciária e gestão de


recursos de terceiros;
▪ Administração fiduciária: conjunto de serviços relacionados direta ou indiretamente ao
funcionamento e à manutenção do Fundo, desempenhada por pessoa jurídica autorizada
pela CVM;
▪ Apreçamento: precificar os ativos pertencentes à carteira dos Veículos de Investimento,
pelos respectivos preços negociados no mercado em casos de ativos líquidos ou, quando
este preço não é observável, por uma estimativa adequada de preço que o ativo teria em
uma eventual negociação feita no mercado;
▪ Ativos imobiliários: quaisquer ativos pelos quais ocorra a participação dos Fundos de
Investimento Imobiliários nos empreendimentos imobiliários permitidos pela Regulação
aplicável;
▪ Conglomerado ou grupo econômico: conjunto de entidades controladoras diretas ou
indiretas, controladas, coligadas ou submetidas a controle comum;
▪ Conheça seu cliente: regras e procedimentos adotados pelas instituições participantes para
conhecer seus investidores;
▪ Direitos creditórios: direitos e títulos representativos de crédito, originários de operações
realizadas nos segmentos financeiro, comercial, industrial, imobiliário, de hipotecas, de
arrendamento mercantil e de prestação de serviços, e os warrants, contratos e demais
títulos referidos pela Regulação em vigor;
▪ Gestão de recursos de terceiros: gestão profissional dos ativos financeiros integrantes da
carteira dos veículos de investimento, desempenhada por pessoa jurídica autorizada pela
CVM;
▪ Instituições participantes: instituições associadas à ANBIMA ou instituições aderentes ao
código;
▪ Veículo de investimento: fundos de investimento e carteiras administradas constituídos
localmente com o objetivo de investir recursos obtidos junto a um ou mais investidores.

95 | P á g i n a
Objetivo e Abrangência (Cap. II)

O capítulo destaca os objetivos do Código, visando estabelecer princípios e regras para


Administração de Recursos de Terceiros visando:

▪ Manutenção dos mais elevados padrões éticos e a consagração da institucionalização de


práticas equitativas no mercado financeiro e de capitais;
▪ A concorrência desleal;
▪ A padronização de seus procedimentos;
▪ A maior qualidade e disponibilidade de informações, especialmente por meio do envio de
dados pelas Instituições Participantes à ANBIMA; e
▪ A elevação dos padrões fiduciários e a promoção das melhores práticas de mercado.

A observância das normas do Código é obrigatória para Instituições Participantes, inclusive para seu
Conglomerado ou Grupo Econômico.

O Código destaca que as Instituições Participantes estão dispensadas para:

▪ Os Clubes de Investimento e para os Fundos de Investimento em Participação (FIP);


▪ Os Gestores de Recursos de Terceiros, cuja instituição tenha sido dispensada nos termos da
Deliberação CVM 764;
▪ Os Gestores de Recursos de Terceiros pessoa física; e
▪ Os Fundos de Investimento cujo patrimônio líquido seja composto, exclusivamente, por
recursos próprios do Gestor de Recursos ou, no caso de instituições financeiras, de seu
Conglomerado ou Grupo Econômico, de acordo com a dispensa concedida pelo regulador a
cada instituição.

Princípios Gerais de Conduta (Cap. IV)

O Código de Administração de Recursos de Terceiros elenca declarações e deveres a serem


observados pelas instituições participantes em relação às atividades de Administração Fiduciária e
Gestão de Recursos de Terceiros, os chamados princípios gerais.

No artigo 6º, são elencados onze deveres impostos pelos princípios gerais, às instituições
participantes:

I. Exercer suas atividades com boa-fé, transparência, diligência e lealdade;


II. Cumprir todas as suas obrigações, devendo empregar, no exercício de suas
atividades, o cuidado que toda pessoa prudente e diligente costuma dispensar à
administração de seus próprios negócios, respondendo por quaisquer infrações ou
irregularidades que venham a ser cometidas;

96 | P á g i n a
III. Nortear a prestação das atividades pelos princípios da liberdade de iniciativa e da
livre concorrência, evitando a adoção de práticas caracterizadoras de concorrência
desleal e/ou de condições não equitativas, respeitando os princípios de livre
negociação;
IV. Evitar quaisquer práticas que infrinjam ou estejam em conflito com as regras e
princípios contidos neste Código e na Regulação em vigor;
V. Adotar condutas compatíveis com os princípios de idoneidade moral e profissional;
VI. Evitar práticas que possam vir a prejudicar a Administração de Recursos de
Terceiros e seus participantes, especialmente no que tange aos deveres e direitos
relacionados às atribuições específicas de cada uma das Instituições Participantes
estabelecidas em contratos, regulamentos, neste Código e na Regulação vigente;
VII. Envidar os melhores esforços para que todos os profissionais que desempenhem
funções ligadas à Administração de Recursos de Terceiros atuem com
imparcialidade e conheçam o código de ética da Instituição Participante e as
normas aplicáveis à sua atividade;
VIII. Identificar, administrar e mitigar eventuais conflitos de interesse, nas respectivas
esferas de atuação, que possam afetar a imparcialidade das pessoas que
desempenhem funções ligadas à Administração de Recursos de Terceiros;
IX. Evitar práticas que possam ferir a Relação Fiduciária mantida com os investidores;
X. Desempenhar suas atribuições buscando atender aos objetivos descritos nos
Documentos dos Veículos de Investimento e na Regulação em vigor, bem como
promover a divulgação de informações a eles relacionadas, inclusive no que diz
respeito à remuneração por seus serviços, visando sempre ao fácil e correto
entendimento por parte dos investidores; e
XI. Transferir ao Veículo de Investimento qualquer benefício ou vantagem que possa
alcançar em decorrência de sua condição como Administrador Fiduciário e/ou
Gestor de Recursos, observada a exceção prevista na norma específica de Fundos
e/ou as disposições contratuais estabelecidas no contrato de carteira
administrada.

No artigo 7º são considerados descumprimentos a esses princípios não apenas a inexistência ou


insuficiência de regras e procedimentos, mas também sua não implementação ou implementação
inadequada. Define-se que são evidências de implementação inadequada das regras a reiterada
ocorrência de falhas, não sanadas nos prazos estabelecidos e a ausência de mecanismo ou evidência
que demonstre a aplicação dos procedimentos estabelecidos pelo Código.

Finalmente, no artigo 8º, são elencadas regras para Fundos de Investimentos que investem em cotas
de Fundos de Investimento:

97 | P á g i n a
Art. 8º. Nos casos dos Fundos de Investimento em cotas de Fundos de Investimento que invistam mais
de noventa e cinco por cento de seu patrimônio em um único Fundo, é vedada a utilização de qualquer
instituto jurídico ou estrutura de produto, cuja implicação econômica, de forma direta ou indireta,
resulte em desconto, abatimento ou redução artificial de taxa de administração, performance e/ou
qualquer outra taxa que venha a ser cobrada pela indústria de Fundos de Investimento.

Regras, Procedimentos e Controles (Cap. V)

Em seu artigo 9º o Código elenca características obrigatórias para as regras, procedimentos e


controles a serem estabelecidos e implementados pelas instituições participantes, visando a
adequação às exigências da regulação vigente. Além disso, o Código também estabelece exigências
para a estruturação de áreas responsáveis por controles internos e Compliance.

Segregação de Atividades (Seção II)

Considerando a existência de Conglomerados e Grupos Econômicos que atuam em diversas frentes


dos mercados financeiros e de capitais, o código estabelece que algumas cautelas precisam ser
tomadas a fim de que uma atividade não prejudique a outra de forma indevida.

Nesta Seção, ressalta-se que o exercício da Administração de Recursos de Terceiros deve ser
segregado das demais atividades das instituições participantes que possam gerar conflitos de
interesse. Isso deve ser feito por meio da adoção de procedimentos operacionais com foco nos
objetivos elencados, que vão desde mitigar a ocorrência de ilícitos legais ou contrários à regulação,
a administrar e monitorar adequadamente as áreas identificadas como de potencial conflito de
interesse.

Segurança e Sigilo das Informações (Seção III)

O Código exige algumas providências relacionadas à segurança e ao sigilo das informações das
instituições participantes. É necessário o estabelecimento de mecanismos que contenham controle
de informações confidenciais, reservadas e privilegiadas, testes periódicos de segurança para os
sistemas de informação e treinamentos para sócios, administradores e profissionais que tenham
acesso a informações confidenciais, reservadas ou privilegiadas.

No artigo 14, ressalta-se que as Instituições Participantes devem exigir que seus profissionais
assinem, de forma manual ou eletrônica, documento de confidencialidade sobre as informações

98 | P á g i n a
confidenciais, reservadas ou privilegiadas que lhes tenham sido confiadas em virtude do exercício de
suas atividades profissionais, excetuadas as hipóteses permitidas em lei.

Administração Fiduciária (Cap. VII)

O artigo 25 elenca que a administração Fiduciária compreende o conjunto de serviços relacionados


direta ou indiretamente ao funcionamento e à manutenção dos Fundos de Investimento, devendo o
Administrador Fiduciário fazê-lo de acordo com o disposto neste Código e na Regulação vigente.

Obrigações gerais do administrador fiduciário (Seção I)

No artigo 26, o Código estabelece as responsabilidade do administrador fiduciário, sendo, em


síntese, a constituição, administração, funcionamento e divulgação de informações dos Fundos; a
elaboração de todos os documentos relacionados aos Fundos; a supervisão das regras,
procedimentos e controles da gestão de risco implementada pelo Gestor de Recursos; a supervisão
dos limites de investimento das carteiras dos Fundos; a supervisão dos terceiros contratados; e a
gestão do risco de liquidez, feita em conjunta com o Gestor de Recursos.

Gestão de Recursos de Terceiros (Cap. VIII)

Neste capítulo é conceituada a Gestão de Recursos de Terceiros, bem como aspectos quanto à
execução dessa atividade, inclusive, contemplando possibilidades trazidas pelas inovações
tecnológicas, com a Gestão de Recursos de Terceiros realizada com a utilização de sistemas
automatizados ou algoritmos.

Obrigações gerais do Gestor de Recursos de Terceiros (Seção I)

Nesta Seção são definidas as responsabilidades do Gestor de Recursos de Terceiros.

Selo ANBIMA (Cap. XIII)

O Selo ANBIMA visa demonstrar o compromisso das instituições participantes em atender às


disposições dos Códigos aplicáveis à atividade desempenhada. Isso não significa que a ANBIMA se
responsabiliza pelas informações constantes dos documentos divulgados pelas instituições
participantes que façam uso do Selo ANBIMA, nem pela qualidade da prestação de suas atividades.

99 | P á g i n a
Fundos de Investimento 555 (Anexo I)

Objetivo e Abrangência (Cap. I)

Os Fundos de Investimento tutelados pela Instrução CVM 555 representam a classe mais verificada
de Fundos de Investimento, sendo que algumas regras específicas no Anexo se aplicam a eles, em
adição àquelas previstas no Código de Administração.

Documentos e informações dos Fundos 555 (Cap. III)

O Administrador Fiduciário tem a responsabilidade de disponibilizar informações periódicas


relacionadas aos Fundos 555 e de desenvolver documentos que contenham as principais
características do Fundo.

Formulários de Informações Complementares (Seção I)

Nesse documento devem constar, no mínimo, a classificação de tipos ANBIMA atribuída ao Fundo
555, acompanhada do respectivo tipo, a descrição detalhada dos fatores de risco do Fundo 555, a
descrição do sistema de gestão de riscos utilizado pela instituição participante, a tributação aplicável
ao Fundo e a seus investidores, a apresentação detalhada do Administrador Fiduciário e do Gestor
de Recursos, e a informação de se o Gestor ou Administrador Fiduciário exerce o direito de voto
decorrente dos ativos financeiros detidos pelos Fundos 555.

Lâmina de informações Essenciais (Seção II)

Deve ser elaborada pelo Administrador Fiduciário, na forma do disposto na regulação vigente,
cabendo ao Conselho de Regulação e Melhores Práticas do Código de Administração expedir
diretrizes a esse respeito.

Publicidade dos Fundos 555 (Cap. VI)

Regras Gerais (Seção I)

São apresentadas uma série de regras a respeito dos Fundos 555. Primeiramente, as Instituições
Participantes devem cumprir algumas obrigações genéricas quanto à divulgação de Material
Publicitário e Material Técnico de produtos de investimento. Todo esse material é de
responsabilidade de quem o elabora, cabendo à instituição participante conferir aprovação expressa
e prévia a qualquer divulgação feita por um terceiro contratado.

100 | P á g i n a
Material Publicitário (Seção II)

A Instituição Participante e empresas do Conglomerado ou Grupo Econômico que fizerem menção


de seus Fundos 555 nos Materiais Publicitários de forma geral e não específica, devem incluir link ou
caminho que direcione os investidores ou potenciais investidores para o site da instituição.

Material Técnico (Seção III)

O Material Técnico deve possuir, no mínimo, a descrição do objetivo e/ou estratégia, o público-alvo,
quando destinado a investidores específicos, a carência para resgate e prazo de operação, a
tributação aplicável, e as informações sobre os canais de atendimento.

Histórico de Rentabilidade (Seção VI)

Devem ser observados algumas regras, quando da divulgação de histórico de rentabilidade dos
Fundos 555:

I. Utilizar o mês anterior do calendário civil;


II. Utilizar, caso aplicável, todos os meses do ano corrente do calendário civil de forma
individual (mês a mês) ou com seu valor acumulado (acumulado no ano);
III. Incluir anos anteriores do calendário civil;
IV. Incluir períodos de doze meses do calendário civil, contados até o mês anterior à divulgação
dos últimos doze meses, utilizando a mesma metodologia caso divulguem períodos múltiplos
de doze meses;
V. Incluir, nas hipóteses em que os Fundos 555 tenham sido constituídos a menos de doze
meses, a data de constituição do Fundo até o mês anterior à divulgação; e
VI. Tratar de forma segregada dos demais, os Fundos 555:
a. Destinados exclusivamente à aplicação de outros Fundos (Fundos máster);
b. Exclusivos ou Reservados; e
c. Administrados por Instituição que não seja Associada à ANBIMA ou Aderente a este
Código.

Avisos obrigatórios (Seção VII)

Nos Materiais Técnicos, as Instituições Participantes devem incluir:

Caso faça referência a histórico de rentabilidade ou menção de performance

I. “Rentabilidade obtida no passado não representa garantia de resultados futuros”;


II. “A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos”; e
III. “O investimento em Fundo não é garantido pelo Fundo Garantidor de Crédito”.

101 | P á g i n a
Caso faça referência à simulação de rentabilidade de um Fundo 555 nos casos previstos:

“As informações presentes neste material técnico são baseadas em simulações e os


resultados reais poderão ser significativamente diferentes”.

Caso haja cobrança de taxa de entrada, taxa de saída e/ou outras taxas que afetem a rentabilidade
do Fundo 555, e estas taxas não estejam refletidas no valor da cota:

“A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos e taxa de [nome da taxa].”

Caso o Fundo 555 opte por divulgar rentabilidade ajustada ao repasse realizado diretamente ao
investidor de dividendos, juros sobre capital próprio ou outros rendimentos advindos de ativos
financeiros que integrem a carteira, a Instituição Participante deve seguir a metodologia ANBIMA
que trata do cálculo de rentabilidade para Fundos 555 que distribuem dividendos, juros sobre capital
próprio ou outros rendimentos advindos de ativos financeiros diretamente aos investidores,
disponível no site da Associação na internet, e incluir no Material Técnico aviso com o seguinte teor:

“A rentabilidade ajustada considera o reinvestimento dos dividendos, juros sobre capital


próprio ou outros rendimentos advindos de ativos financeiros que integrem a carteira do
Fundo repassados diretamente ao cotista.”

Caso o Fundo 555 altere sua classificação, nos termos estabelecidos pela Comissão de Valores
Mobiliários, altere o Gestor de Recursos, ou, ainda, altere significativamente sua política de
investimento, conforme parágrafo 1º do artigo 33 do Anexo I do Código de Administração, deve ser
incluído aviso com o seguinte teor:

“Este Fundo alterou [classificação CVM/Gestor de Recursos e/ou significativamente sua


política de investimento] em [incluir data].”

No Material Técnico, é obrigatório o aviso com seguinte teor:

“Leia o formulário de informações complementares, a lâmina de informações essenciais, se


houver, e o regulamento antes de investir.”

No Formulário de Informações Complementares, devem constar, da capa, da contracapa ou da


primeira página do Formulário, os avisos:

“Este formulário está em consonância com as disposições do Código ANBIMA de Regulação


e Melhores Práticas para a Administração de Recursos de Terceiros, assim como com as
normas emanadas pela Comissão de Valores Mobiliários. A Comissão de Valores Mobiliários
e a ANBIMA não garantem a veracidade das informações contidas neste formulário.”; e
“As informações contidas nesse formulário estão em consonância com o regulamento do
fundo, mas não o substituem. É recomendada a leitura cuidadosa tanto deste formulário,
quanto do regulamento, com especial atenção para as cláusulas relativas ao objetivo e à

102 | P á g i n a
política de investimento do fundo, bem como às disposições do formulário e do regulamento
que tratam dos fatores de risco a que o fundo está exposto.”

Apreçamento dos ativos (Cap. VII e Deliberação ANBIMA de Apreçamento


nº 80)

Para Fundos 555, o Apreçamento, antigamente conhecido como Marcação a Mercado, consiste na
prática de registrar todos os ativos, para efeito de valorização e cálculo de cotas dos Fundos 555,
pelos respectivos preços negociados no mercado, em casos de ativos líquidos ou, quando esse preço
não é observável, por uma estimativa adequada de preço que o ativo teria em eventual negociação
feita no mercado.

A obrigatoriedade de apreçamento se dá por maior transparência e para evitar a transferência de


riqueza. É de responsabilidade do Administrador Fiduciário, podendo ser contratado por ele,
prestador de serviço habilitado.

A Deliberação de Apreçamento nº 80 estabelece regras, dentre as quais destaca-se a obrigatoriedade


de que as instituições participantes registrem na ANBIMA um Manual de Apreçamento.

103 | P á g i n a
Instrumentos de Renda Variável e Renda Fixa

Ações

Conceito

Ações podem ser definidas como títulos representativos da menor fração do capital social de uma
empresa, sendo uma sociedade anônima, uma sociedade por ações ou uma companhia. O acionista
é coproprietário da sociedade, com direito a participação em seus resultados – proporcionais a sua
parcela representativa, obviamente.

Atualmente, as ações são emitidas, em grande parte, sob a forma escritural, dispensando sua
emissão física, onde o acionista mantém o controle destas em contas depósitos em nome da
titularidade em uma instituição depositária.

As operações de compra e venda de ações são registradas na B3 – através do sistema PUMA Trading
System.

Ações não têm prazo de resgate, sendo convertidas em dinheiro a qualquer momento mediante
negociação no mercado. O investidor pode, sempre que desejar, alterar sua participação acionária,
através da compra e venda dos ativos em sua posse.

As sociedades anônimas emitentes de ações podem ser de dois tipos: abertas ou fechadas. Uma
companhia é aberta quando tem suas ações distribuídas entre um número mínimo de acionistas,
podendo ser negociadas em Bolsas de Valores. Essas sociedades devem ser registradas na CVM como
de capital aberto e fornecem ao mercado uma série de informações de caráter econômico, social e
financeiro. Por outro lado, as cias de capital fechado são tipicamente empresas familiares, com
circulação de suas ações restrita a um grupo identificado de investidores.

Tipos de ação: ordinária e preferencial – definição e direito dos acionistas

Existem dois tipos de ação: as preferenciais e as ordinárias. Ambas devem ser nominativas, ou seja,
devem identificar seu detentor nos livros de registro da empresa. Ações ordinárias são também
classificadas como ordinária nominativa (ON) e as preferenciais, como preferencial nominativa (PN).

Ordinárias (ON): as ações ordinárias são as que comandam a assembleia de acionistas de uma
empresa, conferindo ao titular o direito a voto. Estes, podem eleger e destituir os membros da
diretoria e do Conselho Fiscal da companhia; decidir sobre o destino dos lucros; reformar o estatuto
social; autorizar emissões de debêntures e aumento de capital social; votar contas patrimoniais, etc.

104 | P á g i n a
Uma ação ordinária garante o direito de um voto. O poder decisório concentra-se no investidor (ou
grupo de investidores) que detenha a maior quantidade de ações. Sociedades que tenham suas ações
ordinárias concentradas nas mãos de um número reduzido de investidores têm seu controle
bastante identificado, dificultando as livres negociações de mercado e os movimentos dos preços.
Uma maior pulverização das ações, por outro lado, permite que os investidores com menor
participação acionária assumam o controle da empresa, incentivando maior participação no capital
votante.

Em economias mais desenvolvidas, com uma maior presença de investidores no mercado de capitais,
o controle das grandes sociedades pode ser feito com reduzida participação acionárias, tornando
seus preços de mercado bastante competitivos diante da maior disputa pelo controle da companhia.
Em mercados menores, onde o controle acionário costuma ser exercido com participação superior a
5%, os preços de mercado das ações não refletem o valor efetivo da empresa, por não incorporarem
o prêmio pelo seu controle acionário.

Preferenciais (PN): não atribuem ao titular o direito de voto, porém conferem certas preferências,
como:

▪ Prioridade no recebimento de dividendos, geralmente um percentual mais elevado que o


valor das ações ordinárias;
▪ Prioridade no reembolso do capital na hipótese de dissolução da empresa.

Para o acionista preferencial, o lucro é mais importante que o controle da companhia, priorizando a
distribuição dos resultados. Se uma companhia passar três anos consecutivos sem distribuir
dividendos preferenciais, essas ações adquirem o direito de voto, situação essa capaz de alterar o
controle acionário. De outro modo, as ações PN podem ter direito de voto, se estipulado no estatuto
da companhia.

Canais de distribuição. Tipos e principais características. CTVM, DTVM,


agências bancárias e internet (home broker)

A figura de uma instituição intermediária é necessária sempre que se pretende adquirir ações, no
mercado primário, ou negociá-las, no mercado secundário. Para executar uma ordem, seja de
compra ou de venda, o investidor precisa fazê-la, por telefone ou, mais comum, pela internet, à uma
corretora, sendo que os sistemas da bolsa realizam a transação. Dessa forma, não é o investidor que
acessa diretamente o ambiente de negociações da bolsa de valores. As instituições intermediárias
possuem responsabilidades perante o mercado e junto aos investidores no que diz respeito à
execução das operações e às transferências de recursos monetários e ativos financeiros entre
clientes.

105 | P á g i n a
As Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários (CTVM) desempenham o papel de
intermediação de negócios entre investidor e mercado. As tradicionalmente conhecidas como
corretoras, são autorizadas a operar em bolsa de valores, recebendo ordens dos clientes e colocando
as ofertas correspondentes no ambiente da bolsa para que os negócios ocorram. Adicionalmente, as
corretoras podem desempenhar o papel de administradoras de fundos e clubes de investimento,
exercer função de agente fiduciário e prestar serviços de assessoria técnica em operações nos
mercados financeiro e de capitais, além de serviços de assessoria, análise e prestação de
informações.

As Sociedade Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVM), são também instituições


intermediadoras de títulos e valores mobiliários, cujos objetivos básicos se assemelham bastante aos
das corretoras. Entre as operações típicas dessas instituições, destacam-se:

▪ Aplicações por conta própria ou de terceiros, via intermediação, em títulos e valores


mobiliários de renda fixa e variável;
▪ Operações no mercado aberto;
▪ Participação em lançamentos públicos de ações;
▪ Administração de carteiras e custodias de títulos e valores mobiliários;
▪ Administração de fundos e clubes de investimento.

Outra forma para o investidor individual adquirir ações é por meio de uma agência bancária. Porém,
é preciso abrir uma conta junto à corretora (em geral, a instituição que faz parte do mesmo grupo
do banco onde este movimenta sua conta corrente).

Com os avanços recentes da tecnologia aplicada a área de investimentos, a modalidade de compra


e venda de ações por meio de uma agência bancária vem perdendo espaço. Prática comum tem sido
as operações sem a intervenção de intermediários humanos. Por meio da internet, investidores
podem negociar ações utilizando uma plataforma de home broker. O home broker é um sistema de
negociação eletrônica que permite operações de ações na bolsa através do envio de ordens de
compra e venda de ações. Permite o envio de ordens de ações pela Internet às Sociedade Corretoras
as quais se mantêm interligadas com as bolsas de valores. Permite ainda, o acesso às cotações das
ações e às demais informações de interesse dos investidores. As negociações pela internet seguem
as mesmas regras das operações tradicionais em Bolsas de Valores, conforme estabelecidas pela
CVM.

106 | P á g i n a
Oferta Pública Inicial de Ações (IPO). Definição e entendimento dos
conceitos: período de reserva, possibilidade de ocorrência de rateio,
ordem limitada e a mercado

A Oferta Pública Inicial (Initial Public Offering – IPO), ocorre quando uma empresa vende ações para
o público pela primeira vez, dando início a futuras negociações em bolsas de valores. A abertura de
capital é justificada, principalmente, pela necessidade sentida pelas empresas de aporte de recursos
permanentes visando financiar novos projetos de investimentos, e promover o crescimento e a
modernização das atividades. Tal abertura implica a transformação da empresa em uma Sociedade
Anônima (S.A.), tendo suas ações listadas na Bolsa de Valores e negociadas no mercado.

O investidor interessado em adquirir as ações no mercado primário deverá se atentar ao período de


reserva. Este corresponde ao tempo destinado a que potenciais compradores das ações
manifestem interesse em adquirir as ações. Essa indicação de interesse deve ser encaminhada à
corretora onde o investidor mantém conta e deve conter a informação sobre o número de ações que
o investidor deseja adquirir ou, de forma equivalente, o montante em reais que este deseja utilizar
para a aquisição.

Em um processo de IPO, um determinado número de ações é colocado no mercado pelos


coordenadores, em nome da companhia emissora. Quanto maior o volume de interesse de compra
indicado pelos investidores, maior o excesso de demanda pela oferta pública inicial. Nesse cenário,
os investidores interessados não receberão o mesmo volume de ações ou valor em reais que
solicitaram às suas corretoras durante o período de reserva. Quando a demanda supera a oferta das
ações, ocorre um rateio do volume ofertado para os investidores que registraram seus pedidos de
reserva.

Quanto às ordens, em um processo de IPO são comuns dois tipos, a saber: ordem limitada e ordem
a mercado.

▪ Ordem limitada: o investidor comunica à sua corretora o preço máximo que deseja pagar
por cada ação a ser adquirida. Caso o preço final de cada ação seja igual ou inferior ao preço
limite, a corretora está autorizada a efetivar a negociação. Por outro lado, caso o preço de
lançamento seja superior ao preço limite escolhido pelo investidor, o negócio não é fechado;
▪ Ordem a mercado: não existe limite indicado pelo investidor. Por meio desse tipo de ordem,
o investidor indica seu interesse à corretora em adquirir as ações a qualquer preço efetivo
de lançamento.

107 | P á g i n a
Definições: ganhos de capital; dividendos; juros sobre capital próprio;
bonificação; subscrição; desdobramento (split) e grupamento

Existem algumas definições importantes para o bom entendimento sobre o mercado de ações. A
seguir, são apresentados objetivamente, alguns conceitos.

▪ Ganho de capital: diferença positiva entre o preço de venda e o preço de compra de uma
ação. A valorização do preço de mercado de uma ação é consequência do comportamento
de mercado e do desempenho da empresa em determinado período;
▪ Proventos: dividendos, juros sobre capital próprio e bonificações;
▪ Dividendos: representam distribuição de lucros auferidos pela empresa aos seus acionistas,
respeitadas as proporções dos ativos em posse destes. Todos os detentores de ações das
empresas distribuidoras (ordinários e preferenciais) têm o direito de receber dividendos em
cada exercício, tornando-se uma prática obrigatória para as sociedades por ações. A atual
legislação brasileira sobre distribuição de dividendos encontra-se prevista basicamente na
Lei das Sociedades por Ações. Os lucros são distribuídos com base no previsto os estatutos
sociais, tendo como percentual mínimo obrigatório 25% sobre o lucro líquido ajustado do
período. No caso de o estatuto social da empresa ser omisso com relação a esse dividendo,
a legislação prevê a distribuição de 50% desse resultado ajustado a todos os acionistas,
devendo ainda os acionistas preferenciais receberem 10% a mais de dividendos que os
ordinários. As S.A. devem, ainda, discriminar no estatuto sua política de distribuição
incluindo a periodicidade dos pagamentos de dividendos, comumente anual, semestral,
trimestral ou mensal.
▪ Juros sobre o capital próprio: outra forma de remuneração recebida pelos acionistas no
Brasil. Os juros sobre o capital próprio (JSCP) é pago pela empresa com base em suas
reservas patrimoniais de lucros (resultados de exercícios anteriores que ficaram retidos na
empresa), e não com base nos resultados da empresa no período, como os dividendos.
O pagamento dos JSCP traz certos privilégios fiscais às companhias: por meio dele, as
empresas podem deduzir de seu lucro real os juros desembolsados a seus acionistas a título
de remuneração do capital, promovendo uma economia de Imposto de Renda. Para seu
cálculo é aplicada a taxa de juros de longo prazo (TJLP) sobre o patrimônio líquido da
empresa, e o valor total máximo a ser pago não pode exceder o lucro líquido antes do IR do
exercício, e calculado antes dos referidos juros; e os lucros acumulados de exercícios
anteriores e registrados em reservas patrimoniais da empresa.
A apuração do JSCP é facultativa a cada empresa. Quando calculada e paga aos acionistas,
essa é interpretada como se fossem dividendos para efeitos de cálculo do dividendo mínimo
obrigatório;

108 | P á g i n a
▪ Bonificação: é um direito do acionista em receber ações, proporcionais aos títulos
possuídos, em decorrência do aumento de capital de uma empresa mediante incorporação
de reservas. A bonificação não deve promover alteração no valor de mercado da ação,
representando simplesmente uma transferência de contas patrimoniais, para atualização da
participação do acionista no capital da empresa. Não promove qualquer alteração na
estrutura econômica e financeira da empresa, não alterando, portanto, seu preço de
mercado.
O aumento de capital social de uma empresa por incorporação de reservas patrimoniais
pode ser processado (I) pela emissão de novas ações e consequente distribuição gratuita a
seus atuais titulares, na proporção acionária mantida por titular - não altera a participação
relativa dos acionistas -; (II) pela alteração no valor nominal da ação, não sendo necessário
emitir novos títulos; e (III) se as ações não apresentarem valor nominal, a quantidade de
ações emitidas pela sociedade permanece inalterada, elevando-se unicamente o montante
contábil do capital social;
▪ Subscrição: direito dos acionistas em adquirir novas ações emitidas por uma companhia. Por
meio da elevação de seu capital social, a sociedade emite e oferece para subscrição novas
ações aos investidores, comprometendo-se a dar preferência de compra aos atuais
acionistas por certo período e preço preestabelecido na proporção das ações possuídas. A
aquisição, no direito de preferência, é efetuada pelo preço definido de subscrição,
geralmente inferior ao valor de mercado, promovendo um ganho ao subscritor pela
diferença verificada nesses valores. Caso o acionista não queira exercer seu direito de
subscrição, poderá vende-lo, transferindo o direito a terceiros, por meio da venda na Bolsa.
Se a subscrição for realizada de maneira privada, apenas os acionistas atuais têm direito de
participar e eventualmente adquirir as novas ações. Por outro lado, se esta for realizada de
maneira pública, novos acionistas podem participar e subscrever as ações;
▪ Desdobramento (split): Emissão de novas ações em razão da representação do capital social
em um maior número de ações. Nessa operação, cada ação antiga é desdobrada em uma ou
mais ações novas, sem apresentar nenhuma interferência no capital social da companhia. O
desdobramento altera apenas o valor individual da ação, mantendo inalterado o capital da
sociedade. As ações desdobradas são distribuídas aos atuais acionistas na proporção de cada
ação possuída, não alterando também a participação relativa de cada um.
O objetivo principal de um split é dar maior liquidez a seus papéis, aproximando seu valor
de mercado à cotação média da bolsa.
Atenção para não confundir com a bonificação. Ambas não alteram o patrimônio líquido
total da empresa, mas a bonificação é consequência de um aumento de capital social por

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incorporação de reservas, já o desdobramento é uma forma de reduzir o preço de mercado
das ações mediante alterações em seu valor nominal e na quantidade física emitida.
▪ Grupamento (inplit): inverso da operação de desdobramento. A queda no preço de uma
ação pode fazer com que a empresa emissora decida pela operação de grupamento,
juntando duas ou mais ações em uma única. Não há nesta operação entrada de recursos
novos para a empresa. O objetivo do grupamento é, em tese, reduzir a volatilidade no preço
da ação e torná-la mais atraente para investidores.

Riscos inerentes ao produto

▪ Risco da empresa
▪ Risco de mercado
▪ Risco de liquidez

Ações se enquadram em investimentos em renda variável. Sendo assim, investir nesses ativos
envolve assumir certo grau de risco com relação às oscilações de suas cotações de mercado. A
compensação desse risco deve ocorrer na remuneração oferecida pelo papel, sendo mais elevada
quanto maior o risco.

As ações, assim como todos os ativos de renda variável, não garantem rendimentos positivos aos
investidores. Os preços destes ativos são formados pela interação de oferta e demanda de mercado,
formada com base em expectativas futuras de desempenho da empresa e do mercado. Os ganhos
de capital estão sujeitos ao comportamento incerto dos preços de mercado das ações.

Basicamente, podem ser identificados dois grandes tipos de risco no investimento em ações: o risco
da empresa captadora dos recursos (risco específico ou risco não sistemático) e o risco de mercado
(risco sistemático):

O risco da empresa é aquele associado às decisões financeiras, em que são avaliados os aspectos de
atratividade econômica do negócio e a capacidade financeira em resgatar os compromissos
assumidos perante terceiros. Esse risco pode ser identificado por:

▪ Risco econômico: relacionado à própria atividade da empresa e do mercado em que opera.


É identificado na possibilidade de não se verificar os resultados operacionais esperados;
▪ Risco financeiro: risco associado ao endividamento da empresa, ou seja, à capacidade da
empresa em liquidar seus compromissos financeiros assumidos.

Já o risco de mercado, ou risco sistemático, diz respeito às variações imprevistas no comportamento


do mercado, determinadas, principalmente, por mudanças ocorridas na economia. É identificado
pela variabilidade dos retornos de um título em relação ao seu valor médio, denotando menor

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confiança ao investidor quanto maior for a variância. Tal comportamento incerto do mercado pode
ser determinado por fatores políticos, econômicos ou específicos de um determinado segmento de
empresas.

O investidor ainda pode se defrontar com o risco de liquidez, aquele associado a potenciais perdas
em um investimento devido à impossibilidade de se negociar ativos a um preço justo. No que diz
respeito às ações, termos dois importantes indicadores de liquidez: o volume diário de negociação e
a diferença entre o melhor preço de compra e o melhor preço de venda (quanto maior a diferença,
menor a liquidez e maior a possibilidade de perda em uma negociação.

Despesas incorridas na negociação – Tipos:

• Corretagem
• Custódia
• Emolumentos

Corretagem: valor cobrado pela corretora por meio da qual o investidor realiza operações com
ações. É o valor pago pelo serviço prestado pela corretora na intermediação entre a ordem do cliente
e a execução da oferta na bolsa;

Custódia: custeio do serviço de manutenção dos ativos em uma conta própria. Bancos ou corretoras,
atuam como agentes de custódia perante a Câmara de Ações da BM&F (antiga CBLC), podem cobrar
pelo serviço, geralmente com uma taxa mensal. A cobrança visa repassar os custos de custódia dos
ativos que as corretoras mantêm junto à Câmara em nome de seus clientes.

Emolumentos: cobrados pela B3 para cada operação realizada em seu ambiente de negociação.
Objetiva permitir que a bolsa de valores cubra seus custos.

Tributação

A tributação da renda ocorre em decorrência de ganhos efetivamente auferidos. Caso o investidor


ganhe com o aumento do valor das ações adquiridas, ele somente pagará o imposto de renda caso
venda os ativos e obtenha o lucro. Logo, nesse entendimento, o fato gerador do imposto de renda é
a apuração de lucro na venda das ações que o investidor tiver adquirido, sendo a alíquota de 15%
aplicável sobre o lucro obtido com a operação.

Para calcular o ganho obtido é preciso levar em consideração, além do custo de aquisição das ações,
o custo de corretagem. Na ocasião da venda das ações, existe a incidência de imposto de renda retido
na fonte à alíquota de 0,005%.

111 | P á g i n a
Perdas obtidas pelos investidores podem ser compensadas com ganhos auferidos em outras
operações, tanto no mesmo mês como nos posteriores. Porém, as perdas originadas de operações
day trade não entram no mesmo mecanismo de compensação.

Para vendas de ações no valor total de até R$20.000,00 em um mês, o ganho auferido é isento de IR
(exceto day trade). Caso o volume financeiro de venda de ações no mesmo mês exceda esse
montante, o IR de 15% é devido sobre o ganho total da operação.

Ressalta-se que é papel do investidor realizar o cálculo do imposto devido em razão do seu ganho
nas operações com ações e recolher o valor devido todos os meses, quando se aplicar. O pagamento,
que deve ser realizado até o último dia útil do mês subsequente ao mês de apuração dos ganhos, é
realizado por meio do Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf), emitido pelo
investidor com o valor do tributo a recolher, sendo que o IR retido na fonte deve ser deduzido na
hora do cálculo.

Observação: em operações de compra e venda no mesmo dia, conhecidas como day trade, a alíquota
de renda aplicável é de 20% sobre o lucro auferido com a operação. Há ainda a cobrança de 1% sobre
o resultado positivo apurado no encerramento da operação, a título de IR retido na fonte.

Para o caso dos proventos, temos que os dividendos são isentos de IR, ao passo que os juros sobre
capital próprio são tributados na fonte à alíquota de 15% de IR.

Clube de Investimento em ações. Conceito, características

O Clube de Investimento é formado por investidores pessoas físicas que têm por objetivo constituir
uma carteira diversificada de títulos e valores mobiliários, mediante a aplicação de recursos
financeiros próprios. A constituição do clube é processada mediante aprovação e assinatura, por
seus membros, do estatuto social, o qual regulará sua conduta e procedimentos de atuação.

Assim como os Fundos, os clubes emitem cotas, as quais são adquiridas pelos seus participantes. O
clube deve ter, no mínimo 3 e no máximo 50 cotistas, sendo que nenhum destes pode deter mais do
que 40% do total de cotas. Devem ser registrados na bolsa de valores, mas suas cotas não podem ser
negociadas no mercado. Geralmente, as corretoras assumem o papel de administradoras dos clubes
de investimento, recebendo, para isso, uma taxa de administração.

A gestão do clube pode ser desempenhada tanto por um profissional autorizado pela CVM a exercer
a atividade de administração de carteiras de valores mobiliários e que tenha sido eleito pela
assembleia geral, como por um de seus próprios cotistas, não necessitando da autorização da CVM
para exercer tal função. Este último, porém, não pode ter mais de um clube sob sua gestão e não
pode receber nenhuma espécie de remuneração ou benefício por isso.

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O objetivo principal da formação de um Clube de Investimento em Ações é o de dinamizar os
investimentos em ações, ampliando a participação dos investidores em bolsa. Nestes Clubes, ao
menos 67% do patrimônio líquido deve ser investido em instrumentos de renda variável ou com
exposição ao risco do mercado de ações.

A tributação de tais clubes é similar às dos fundos de investimento em ações: alíquota de IR de 15%,
e o pagamento é devido quando do resgate das cotas, sendo o administrador o responsável pelo
recolhimento deste. Quando ocorre desenquadramento da carteira, ou seja, quando a carteira tiver
menos do que 67% do seu valor em ações, deve-se aplicar a tabela regressiva de IR, relativa a
investimentos em Renda Fixa.

Títulos de Crédito Imobiliário e do Agronegócio

Letras de Crédito Imobiliário – LCI e Letras de Crédito do Agronegócio –


LCA

As Letras de Crédito Imobiliário, ou LCI, foram criadas em 2004 e fazem parte de um grupo de títulos
de crédito para financiar as atividades do setor imobiliário. Podem ser emitidas por bancos
comerciais, bancos múltiplos com carteira de crédito imobiliário, pela Caixa Econômica Federal, por
sociedades de crédito imobiliário, por associações de poupança e empréstimo, por companhias
hipotecárias e outras instituições que venham a ser autorizadas pelo Bacen para isso.

Por outro lado, no mesmo ano, foram criadas as Letras de Crédito do Agronegócio, ou LCA, com a
finalidade de oferecer às instituições financeiras a possibilidade de captarem recursos para o
financiamento das atividades do setor do agronegócio. Assim como a LCI, a LCA é emitida por
instituições financeiras.

Características quanto a prazo, lastro, forma de resgate, liquidez, taxas e


formas de remuneração

Lastro

LCI e LCA necessitam de lastro para suas respectivas emissões, ou seja, cada emissão deve ser
garantida por um ou mais créditos de propriedade da instituição financeira emissora do papel.
Podem existir garantias adicionais na emissão, porém, o lastro em direitos creditórios é essencial.

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Lastros em LCI e LCA
LCI LCA
Créditos imobiliários garantidos por hipoteca Direitos creditórios do agronegócio – crédito rural
ou por alienação fiduciária de imóvel. direcionados às atividades de comercialização,
beneficiamento ou industrialização de produtos e
insumos agropecuários.

Para a LCA, os direitos creditórios do agronegócio servem de lastro para emissões. O título deve
conter a identificação dos direitos creditórios que lhe servem como lastro, assim como seus
respectivos valores. Os direitos creditórios devem ter valor igual ou superior ao montante de emissão
da LCA.

Para a LCI, os créditos imobiliários servem de lastro. Cada LCI deve conter a identificação dos créditos
utilizados como lastro da emissão, bem como seus respectivos valores. Os direitos creditórios devem
ter valor igual ou superior ao montante de emissão da LCI.

Prazo

O prazo varia, podendo ser com vencimento semestral até três anos ou mais. Hoje existem no
mercado alternativas com prazo de 90 dias, quando não atualizadas por índices de preços. Para a
LCI, o prazo de vencimento não pode ser superior ao prazo de qualquer um dos créditos imobiliários
vinculados a ele como lastro. O mesmo ocorre para a LCA, com os direitos creditórios. Dessa forma,
teremos sempre um lastro vigente.

Resgate e liquidez

Geralmente o resgate só é permitido quando do vencimento das aplicações. Porém, dada as


necessidades dos investidores e alinhando a competitividade frente a outros produtos de
investimento, o resgate pode acontecer com liquidez diária (respeitando os prazos mínimos). O
resgate é feito junto à própria emissora das letras, que é a tomadora dos recursos e responsável pelo
pagamento da dívida levantada junto aos investidores.

Em algumas situações, é possível negociar esses instrumentos no mercado secundário, mas a liquidez
é bastante reduzida.

Remuneração

A remuneração varia conforme a instituição. Além disso, esta pode ser prefixada, pós-fixada
(geralmente um percentual do CDI) ou híbrida, com uma parcela definida de remuneração e outra
variável, podendo ser um índice de preços.

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Fatores como prazo de vencimento e possibilidade de resgate antecipado tendem a influenciar a
remuneração a ser pagas pelas letras. Quanto maior o prazo até o vencimento, maior tende a ser a
remuneração. Quanto menor a liquidez, maior o percentual de retorno.

Riscos inerentes ao produto

• Risco de crédito (O papel do FGC em caso de inadimplência do emissor)


• Risco de mercado
• Risco de liquidez

Risco de crédito: decorre da própria natureza das LCIs e LCAs. Como são títulos de dívidas emitidos
por instituições financeiras, mesmo com a presença do lastro, pode ocorrer o inadimplemento. Por
isso, é preciso avaliar a robustez da instituição financeira escolhida, a perspectiva para a instituição
durante a vigência do título, além da efetiva existência de lastro para a emissão.

Algumas aplicações financeiras, dentre elas as LCIs e LCAs, contam com a garantia do Fundo
Garantidor de Crédito, o FGC. O FGC constitui uma entidade civil privada, sem fins lucrativos, criada
em 1995, objetivando administrar mecanismos de proteção aos credores de instituições financeiras.
Logo, ele garante os depósitos de pessoas físicas e jurídicas junto às instituições financeiras, sob
certas regras. O valor garantido aos investidores é de R$250.000,00 para cada pessoa física ou
jurídica e para cada conglomerado financeiro. Aplicações em LCI e LCA estão garantidas pelo FGC até
esse volume, porém, o valor aplicado será somado aos valores de outros créditos eventualmente
existentes contra o mesmo conglomerado financeiros para fins do pagamento da garantia.
Ocorrendo a inadimplência, o FGC faz o pagamento (em um prazo) dos valores devidos aos credores.
O limite para cada investidor é de R$1.000.000,00 em um período de quatro anos, contados a partir
da data de liquidação de uma instituição financeira.

Risco de mercado:

Dadas as características das LCIs e LCAs, o risco de mercado é reduzido. A remuneração via taxa pós-
fixada atrelada à taxa DI, por exemplo, protege o investidor contra mudanças na economia, uma vez
que a taxa DI se modifica diariamente. A prefixada, por sua vez, amplia o risco de flutuações das taxas
de juros. Em caso de aumento das taxas no mercado, o valor presente do título reduzirá.

Risco de liquidez:

A liquidez das LCIs e LCAs é bastante reduzida, principalmente por conta de restrições regulatórias
impostas em relação ao prazo mínimo de vigência das letras. Dito isso, o risco de liquidez desses
papéis é alto.

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Tributação

As LCIs e LCAs são isentas de imposto de renda para pessoas físicas. Também não há incidência de
Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários
(IOF).

No caso de investimentos por pessoas jurídicas, os rendimentos obtidos com LCI e LCA são tributados
às alíquotas de IR para aplicações financeiras de renda fixa.

Tabela 2: Alíquotas de IR
Prazo de aplicação Alíquota
Até 180 dias 22,5%
Entre 181 e 360 dias 20,0%
Entre 361 e 720 dias 17,5%
Acima de 720 dias 15,0%

O fato gerador do imposto consiste na existência de renda auferida com a aplicação financeira. A
base de cálculo é a diferença entre o valor da venda ou do resgate e o valor original do investimento.
A tributação ocorre na fonte, quando do pagamento do rendimento ao investidor pessoa jurídica.

LCI versus LCA: diferenças

A principal diferença entre os dois investimentos consiste no lastro utilizado para cada tipo de
operação.

Certificado de Depósito Bancário (CDB)

Definição

O Certificado de Depósito Bancário (CDB) é um título de renda fixa privada, constituindo uma
obrigação de pagamento futura de um capital aplicado em depósito a prazo fixo em instituições
financeiras. Tais recursos visam financiar o capital de giro destas empresas. As emissões dos CDBs
são feitas em função do volume de crédito demandado pelas empresas.

Estão autorizados por lei a emitir CDBs os bancos de investimento, comerciais, múltiplos, de
desenvolvimento e Caixa Econômica Federal.

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Características

• Prazos
• Formas de resgate
• Taxas e formas de remuneração
o Prefixada
o Pós-fixada (TR, CDI e SELIC)

O CDB pode ser transferido por meio de endosso, sendo, assim, negociável no mercado. Este pode
ser emitido com remuneração prefixada ou pós-fixada. O título prefixado informa ao investidor, no
ato da aplicação, quanto irá pagar em seu vencimento. O CDB pós-fixado, por sua vez, tem seus
rendimentos formados por um índice de mercado, sendo seu rendimento conhecido apenas no
vencimento. A remuneração pode estar vinculada à Taxa DI, à TR e à Selic.

Durante a vida do CDB, os juros são calculados sobre o valor atualizado de principal em base diária,
conforme convenção. Considera-se, para fins de cálculo, 252 dias úteis no ano, e a contagem de dias
é feita apenas se levando em consideração os dias úteis efetivamente decorridos.

Não existe um prazo mínimo para o CDB, porém este prazo influencia na tributação do mesmo. O
resgate ocorre na data do vencimento, definida no ato do aporte. O resgate caracteriza-se pelo
pagamento feito pela instituição financeira ao investidor. Porém, dado o dinamismo do mercado, é
possível encontrar CDB com liquidez diária, ainda que estes ofereçam rentabilidade inferior àquela
oferecida por papéis cujo pagamento de juros e principal ocorre apenas no vencimento.

Riscos inerentes ao produto

• Risco de crédito (O papel do FGC em caso de inadimplência do emissor)


• Risco de mercado
• Risco de liquidez

O principal risco de um CDB é a insolvência da instituição financeira emitente, configurando o risco


de crédito. Nesse caso, o investidor tem sua aplicação garantida pelo FGC, sendo coberto valores
investidos por pessoas físicas ou jurídicas, em cada conglomerado financeiro, até o limite de
R$250.000,00 (limite total de R$1 milhão em quatro anos).

O risco de mercado ocorre quando o preço dos títulos apresenta flutuações, caso mais evidente nos
CDBs prefixados. Já o risco de liquidez depende, basicamente, dos termos negociados com a
instituição financeira emissora no momento da emissão dos papéis.

117 | P á g i n a
Tributação

Sobre os rendimentos dos CDBs incide imposto de renda retido na fonte (IRRF), sendo atualmente
calculado segundo uma tabela regressiva. O valor do imposto depende do tempo de aplicação,
considerando-se a data de qualquer resgate para se determinar a alíquota aplicável. Para fins de
cálculo, vale a contagem do número de dias corridos que se passaram desde o momento da aplicação
até o momento do resgate do papel.

Tabela 3: Alíquotas de IR
Prazo de aplicação Alíquota
Até 180 dias 22,5%
Entre 181 e 360 dias 20,0%
Entre 361 e 720 dias 17,5%
Acima de 720 dias 15,0%

O fato gerador é a existência de renda auferida com a aplicação, sendo a base de cálculo a diferença
entre o valor da venda ou do resgate do título e o valor original do investimento. A responsabilidade
pelo recolhimento do IR é da fonte pagadora (no caso do CDB é o próprio banco emissor ou a
corretora custodiante).

Além do IR, os investidores de CDBs estão sujeitos ao pagamento de Imposto sobre Operações de
Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (IOF), caso optem por resgatar
o valor investido nos primeiros 30 dias de aplicação. Após esse prazo, o imposto pago pelo investidor
será somente o IR.

Tabela 4: Alíquotas de IOF


Dia Alíquota Dia Alíquota Dia Alíquota
1 96% 11 63% 21 30%
2 93% 12 60% 22 27%
3 90% 13 56% 23 23%
4 86% 14 53% 24 20%
5 83% 15 50% 25 16%
6 80% 16 46% 26 13%
7 76% 17 43% 27 10%
8 73% 18 40% 28 6%
9 70% 19 36% 29 3%
10 66% 20 33% 30 0%

118 | P á g i n a
Debêntures e Debêntures Incentivadas

Aspectos gerais

Definição

Debêntures são títulos de renda fixa de longo prazo, emitidos por sociedades por ações, visando a
captação de recursos para financiamento de projetos de investimentos ou para alongamento do
perfil de endividamento destas companhias. Normatizadas pela CVM, na prática, o tomador de
recursos, isto é, quem emite os títulos, promete pagar ao investidor, também chamado de
debenturista, o capital investido, acrescido de juros em determinada data de vencimento.

A emissão de debêntures é acompanhada de um documento conhecido por Escritura de Emissão, o


qual contém todas as características e condições de emissão do título, e direitos e deveres das partes
envolvidas. Algumas emissões são feitas com cláusula de repactuação, onde é permitida, ao fim de
cada período acordado, uma livre negociação entre debenturistas e a Sociedade emitente dos títulos
com relação aos rendimentos oferecidos.

Os debenturistas são representados por um agente fiduciário, que tem por principal objetivo
representá-los e defender seus interesses na Sociedade emitente e na CVM.

Esses títulos têm diferentes formas de garantias conforme previstas na escritura da emissão:

▪ Garantia Real: todos os ativos da emissora são dados como garantia aos debenturistas pelo
pagamento de seus direitos creditórios. Nesse tipo de garantia, a sociedade não pode
negociar seus ativos em garantia até o vencimento das obrigações. A emissão de títulos com
essa garantia é limitada a 80% dos bens ativos;
▪ Garantia Flutuante: titulares das debêntures assumem uma prioridade geral sobre os ativos
da emissora, sem que haja qualquer impedimento na negociação dos bens;
▪ Garantia Quirografária: debenturistas não têm preferência sobre os ativos da sociedade
emissora, concorrendo em idênticas condições com os demais credores quirografários em
caso de liquidação da empresa;
▪ Garantia Subordinada: nos casos de liquidação da companhia emissora, os investidores
terão privilégios para reembolso da aplicação somente em relação aos acionistas.

Com o intuito de fomentar o investimento em infraestrutura e em setores prioritários para o


desenvolvimento do país, o Governo estabeleceu em 2011 as chamadas debentures incentivadas
por meio da Lei 12.431/11. Estas, podem ser emitidas por empresas concessionárias,
permissionárias, autorizatárias ou arrendatárias, ou ainda sociedades de propósito específico, com

119 | P á g i n a
o objetivo de captar recursos para implementação de projetos de investimento em infraestrutura ou
de produção econômica intensiva em pesquisa, entre outros.

Tipos: conversíveis e não-conversíveis

Conforme deve constar na escritura de emissão, as debêntures podem ser emitidas com cláusula de
conversibilidade, criando-se a debêntures conversível em ações. Com isso, a debênture, por opção
do debenturista, é resgatada quando de seu vencimento em dinheiro, ou em seu equivalente em
ações preferenciais na sociedade.

A conversibilidade é calculada segundo uma fórmula previamente definida, sendo que os acionistas
têm prioridade de compra no lançamento dessas debêntures.

Uma outra modalidade de debênture com cláusula de conversibilidade é a debênture permutável, a


qual pode ser em ações de emissão de uma companhia que não a emissora dos papéis, em geral, do
mesmo conglomerado.

Taxas e formas de remuneração

Os direitos e as remunerações oferecidas são juros, participação nos lucros e prêmio de reembolso.
De forma mais abrangente, a remuneração oferecida pelas debêntures pode ser:

▪ Taxa de juros prefixada;


▪ Taxa de juros flutuante, em que se prevê a pactuação dos juros a cada intervalo estabelecido
de empo. As taxas flutuantes variam durante toda a vigência do contrato do empréstimo.
Do ponto de vista do aplicador, os juros flutuantes protegem o investidor da variação das
taxas de juros de mercado;
▪ Taxa de juros real fixa, acrescida de um índice de correção de preços da economia.

Além dessas formas, a debênture pode prever ao investidor participação nos lucros da Sociedade
emissora, determinada por meio de um percentual fixado incidente sobre seus resultados. Algumas
emissões, ainda, podem oferecer um prêmio pelo reembolso aos investidores, equivalente a uma
remuneração adicional, visando ajustar os rendimentos do título às condições do mercado à época
de sua distribuição. Os juros podem ser pagos periodicamente ou no final, no resgate.

Riscos inerentes ao produto

• Risco de crédito
• Risco de mercado
• Risco de liquidez

120 | P á g i n a
Risco de crédito: caso a empresa entre em dificuldade financeiras, é possível que o investidor registre
uma perda parcial ou integral em seu investimento. Esse risco é minimizado quando as debêntures
são com garantia real ou com garantia flutuante. Para as debêntures incentivadas, o risco de
inadimplemento está ligado à capacidade de o próprio projeto gerar fluxos de caixa suficientes.

Risco de mercado: risco das flutuações dos preços dos ativos a partir da emissão.

Risco de liquidez: apesar de existir mercado secundário para as debêntures, existe dificuldade em
negociá-las a um preço apropriado no mercado secundário no momento que o investidor desejar.
Para as incentivadas, o cenário é ainda pior, uma vez que, normalmente, possuem prazo de
vencimento superior a sete anos.

Tributação

Existe incidência de IR sobre os rendimentos, conforme prazo:

Tabela 5: Alíquotas de IR
Prazo de aplicação Alíquota
Até 180 dias 22,5%
Entre 181 e 360 dias 20,0%
Entre 361 e 720 dias 17,5%
Acima de 720 dias 15,0%

O fato gerador é a existência da renda auferida com as debêntures. A base de cálculo do IR é a


diferença positiva entre o valor de venda ou resgate do título e o valor original do investimento. No
que se refere aos rendimentos periódicos, o valor dos juros pagos ao investidor, conforme a taxa de
juros informada na escritura da emissão. A tributação ocorre na fonte, quando do pagamento do
rendimento ao investidor. O recolhimento é feito pela fonte pagadora, no caso o banco ou a
corretora de custódia.

As debêntures incentivadas, por sua vez, têm tratamento tributário diferenciado. Investidores não
residentes e pessoas físicas têm alíquota zero de IR sobre os rendimentos auferidos nesse
investimento, ao passo que as pessoas jurídicas são tributadas à alíquota de 15% sobre os
rendimentos.

Não há cobrança de IOF regressivo em caso de resgate ou venda dos títulos nos 30 dias que se
seguem ao início do investimento nesses títulos.

121 | P á g i n a
Títulos Públicos

Conceito e finalidade

Os títulos públicos são emitidos e garantidos pelos governos federal, estadual e municipal, visando
financiar a dívida pública, antecipar as receitas, ou serem utilizados como instrumento de política
monetária. Os títulos são emitidos pelo Tesouro Nacional e estão voltados para execução da política
fiscal do Governo, antecipando receitas orçamentárias ou financiando déficits fiscais.

As vendas de títulos públicos podem ser realizadas mediante:

▪ Oferta pública com realização de leilões;


▪ Oferta pública sem realização de leilões (venda direta pelo Tesouro);
▪ Emissões destinadas a atender à necessidade específica prevista em lei.

Os leilões podem ocorrer de duas formas:

▪ Leilão formal (primário): a autoridade monetária divulga ao mercado as condições dos


negócios, como tipo, características, quantidade e prazo dos títulos que serão objetos do
leilão, entre outras;
▪ Leilão informal (go around): possibilidade de o Bacen intervir no mercado, comprando ou
vendendo títulos conforme seus objetivos.

Todas as pessoas residentes no Brasil que possuam CPF podem intervir diretamente em títulos
públicos, através do programa Tesouro Direto.

Riscos inerentes ao produto:

• Risco de crédito
• Risco de mercado
• Risco de liquidez
Os títulos públicos são considerados de baixíssimo risco, e assumem somente o risco conjuntural.
Por definição, um título público não tem o risco do emitente.

O Risco de Crédito é praticamente inexistente. O Risco de Mercado se faz mais presente frente aos
títulos remunerados a taxas prefixadas. Já o Risco de Liquidez, também é reduzido, uma vez que
esses papéis são emitidos em grande volume e são negociados por diversos participantes do
mercado financeiro.

122 | P á g i n a
Principais títulos e suas características: LFT, LTN, NTN-B, NTN-B Principal e
NTN-F

LFT
A Letra Financeira do Tesouro (hoje conhecido do Tesouro Selic), é um título público federal cuja
rentabilidade é dada pela Taxa Selic acumulada no período de investimento, acrescida de ágio ou
deságio registrado no momento da compra do título. Logo, é um título pós-fixado. Não há pagamento
de juros periódicos, sendo os ganhos pagos somente no vencimento.
Valor de face (investido +
rentabilidade)

Data da compra
Taxa de Juros no Período (Selic) Data de vencimento

Valor investido

O preço da LFT é dado pelo mercado e é função da oferta e da demanda do papel. Ao longo da
duração do título, esse preço guarda relação estreita com o VNA das LFTs. Em 1º de julho de 2000, o
Tesouro Nacional determinou que o VNA das LFTs era de R$1.000,00 e que a partir daquela data,
esse VNA seria atualizado diariamente pela Taxa Selic. Caso não ocorra ágio ou deságio, o preço do
título será igual ao seu VNA.

É possível que, no ato do investimento, a LFT ofereça uma remuneração ligeiramente acima ou
abaixo da Taxa Selic. Quando a rentabilidade é superior à Taxa Selic, dizemos que a LFT está sendo
negociada com deságio. Logo, o preço a ser pago pelo investidor será menor que o VNA. Quando a
rentabilidade oferecida é inferior à Taxa Selic, dizemos que a LFT está sendo negociada com ágio.
Logo, o preço a ser pago na compra da LFT será maior que o VNA, fazendo com que o retorno
esperado até o vencimento seja menor do que a Taxa Selic.

Nos casos da existência de ágio ou deságio, a cotação da LFT será dada por um percentual do VNA,
calculado através da fórmula abaixo. Multiplicando essa cotação pelo VNA no ato da compra, tem-
se o preço a ser pago pelo investidor pela aquisição do título.

1
𝐶𝑜𝑡𝑎çã𝑜 = 𝑑𝑢
(1 − 𝑇𝑎𝑥𝑎)252

onde: taxa = retorno (maior ou menor) do que a Taxa Selic; e du = número de dias úteis entre a data
da compra e a da de vencimento da LFT.

123 | P á g i n a
NTN-B

A Nota do Tesouro Nacional Série B (NTN-B) oferece uma taxa de juros predefinida no momento da
compra, mais a variação do IPCA. Logo, a rentabilidade oferece sempre um ganho real ao investidor.
Os cupons de juros são pagos semestralmente.

Juros semestrais Valor de face nominal


(investido + rentabilidade)

Data da compra

Data de vencimento

Valor Investido

Assim como a LFT, a NTN-B tem VNA, sendo esta ajustada pela variação do IPCA. A data-base definida
pelo Tesouro Nacional é de 15 de julho de 2000. Com VNA inicial de R$1.000,00, este vem sendo
atualizado pela variação do IPCA, e os cupons de juros são sempre calculados sobre o VNA. Isso
garante que a remuneração ao investidor seja efetivamente composta pelos juros remuneratórios e
pela variação do índice de preços.

NTN-B Principal

Título pós-fixado cuja rentabilidade é composta por uma taxa pactuada no momento da compra mais
a variação do IPCA. Desta forma, proporciona ao investidor uma rentabilidade real, garantindo o
poder de compra do dinheiro.

Com vencimentos mais longos frente aos outros disponíveis, é indicado para quem deseja poupar
para a aposentadoria. Possui fluxo de pagamentos simples onde, no vencimento, o investidor recebe
o valor investido acrescido da rentabilidade. Aqui, o pagamento ocorre de uma só vez, no final da
aplicação. Valor de face nominal
(investido + rentabilidade)

Juros pactuado + variação do IPCA


Data da compra
Data de vencimento

Valor investido

O VNA da NTN-B e da NTN-B Principal é o mesmo. A diferença decorre de que, como a NTN-B
Principal faz apenas um pagamento ao investidor, incluindo juros e principal, o preço a ser pago por
um investidor da NTN-B Principal é bastante inferior ao seu VNA, de forma que a rentabilidade seja
obtida pela diferença entre o preço pago pelo título e seu preço de venda. A diferença é a ausência
de pagamentos periódicos no título Principal, cujo fato é refletido no preço a ser pago pelo papel.

124 | P á g i n a
LTN

Letras do Tesouro Nacional são títulos prefixados – sua rentabilidade é definida no momento da
compra, caso o investidor fique com o título até seu vencimento - que possuem valor nominal
múltiplo de R$1.000,00 e são negociados com deságio sobre o valor nominal no mercado, pagando
o investidor uma quantia inferior ao seu valor de face. O resgate se dá pelo valor nominal do título
independentemente de seu prazo de emissão. Mantendo o título até o vencimento, o investidor
receberá R$1.000,00 para cada unidade do papel (caso compre uma fração de título, receberá
proporcionalmente ao percentual adquirido).

As formas de colocação desses títulos se dão por oferta pública, com realização de leilões, podendo
ser ao par, com ágio ou deságio, ou de forma direta, mediante expressa autorização do Ministério
da Fazenda, não podendo nesse caso serem colocadas por valor inferior ao par.

O prazo das LTNs é definido no momento de sua emissão.


Valor de face nominal
(investido + rentabilidade)

Taxa de Juros efetiva no período


Data da compra
Data de vencimento

Preço unitário

Caso necessite vender o título antecipadamente, o Tesouro Nacional pagará seu valor de mercado,
de modo que a rentabilidade poderá ser maior ou menor do que a contratada na data da compra,
dependendo do preço do título no momento da venda.

Como se trata de um título com apenas um fluxo de caixa positivo, a LTN tem precificação simples.
Basta trazer a valor presente os R$1.000,00 que serão pagos na data de vencimento, considerando
uma determinada taxa de desconto e o número exato de dias úteis entre a data da precificação e a
data de vencimento.

1000
𝑃𝑟𝑒ç𝑜 = 𝑑𝑢
(1 + 𝑇𝑎𝑥𝑎)252

NTN-F

As Notas do Tesouro Nacional – Série F, são títulos cuja rentabilidade é prefixada e cujo rendimento
da aplicação é recebido pelo investidos ao longo do investimento, por meio dos cupons semestrais
de juros, e na data de vencimento do título, quando do resgate do valor investido somado à
rentabilidade do pagamento do último cupom de juros.

125 | P á g i n a
Juros semestrais Valor de face nominal
(investido + rentabilidade)

Data da compra
Data de vencimento

Valor investido

Tributação

Os ganhos brutos com os juros periódicos, bem como os ganhos advindos da diferença entre o preço
de aquisição e o preço de venda nos títulos, são tributados com imposto de renda, tanto para pessoas
físicas, como para pessoas jurídicas. Logo, as taxas de juros informada na aquisição de qualquer título
público federal é uma taxa bruta, sendo a rentabilidade liquida conhecida após a dedução do IR. O
IR aplicável é função do prazo de aplicação:

Tabela 6: Alíquotas de IR
Prazo de aplicação Alíquota
Até 180 dias 22,5%
Entre 181 e 360 dias 20,0%
Entre 361 e 720 dias 17,5%
Acima de 720 dias 15,0%

O fato gerador é a existência de renda auferida pelo investimento. No caso em ganho de capital, a
base para o cálculo do IR sobre os rendimentos é a diferença positiva entre o valor de venda ou
resgate e o valor original do investimento. Sobre os rendimentos periódicos, quando ocorrerem, a
base de cálculo do IR é o valor dos juros pagos ao investidor. A tributação ocorre na fonte e é de
responsabilidade da fonte pagadora (banco ou corretora custodiante).

O investimento ainda está susceptível a incidência de IOF:

126 | P á g i n a
Tabela 7: Alíquotas de IOF
Dia Alíquota Dia Alíquota Dia Alíquota
1 96% 11 63% 21 30%
2 93% 12 60% 22 27%
3 90% 13 56% 23 23%
4 86% 14 53% 24 20%
5 83% 15 50% 25 16%
6 80% 16 46% 26 13%
7 76% 17 43% 27 10%
8 73% 18 40% 28 6%
9 70% 19 36% 29 3%
10 66% 20 33% 30 0%

No caso de investidores não residentes ou de fundos de investimento exclusivo para investidores


não residentes (com, no mínimo, 98% de seus recursos aplicados em títulos públicos federais), a
alíquota de IR é igual a zero, assim como o IOF.

Tesouro Direto. Conceito e forma de negociação. Custos para o investidor.


Nomenclatura dos títulos negociados e adequação dos produtos em
função do nível de conhecimento do investidor e objetivo

Em 2002, a Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda criou o Tesouro Direto, sistema
que permite a compra de títulos públicos por investidores individuais via internet. Por meio do
sistema, os investidores podem investir em um título específico ou em uma carteira de títulos que
seja mais adequada às necessidades de retorno e de fluxo de caixa, sem ter de remunerar terceiros
pela administração e gestão de recursos.

Para operar no Tesouro Direto, pessoas físicas devem se cadastrar junto a uma instituição financeira.
Essa instituição atua como agente de custódia da posição do cliente e fornece uma senha para que
este possa acessar o sistema e assim fazer suas transações de compra e venda de títulos.

Existe um horário predefinido para operações no sistema: todos os dias úteis, entre 9h30 e 18h, os
investidores podem acessar o sistema e realizar investimentos e resgates, comprando e vendendo
títulos aos preços cotados pelo Tesouro Nacional no momento de cada transação. A aquisição dos
papéis pode ser de forma unitária (1 unidade de um título) ou fracionada (0,01 título), respeitando o
valor mínimo de R$30,00 por título. O limite de aplicação por pessoa física, por mês, é de
R$1.000.000,00.

127 | P á g i n a
Quanto aos custos, existem duas taxas cobradas na negociação: taxa de custódia da BM&FBovespa
(cobrada pela bolsa e equivalente a 0,25% ao ano sobre o valor aplicado no Tesouro Direto pela
prestação dos serviços de guarda dos títulos, manutenção do sistema e envio de extratos mensais
aos investidores. Cobrada semestralmente em janeiro e julho, ou no momento de recebimento dos
juros semestrais, resgate antecipado ou data de vencimento. A taxa é proporcional ao período de
manutenção); e taxa de administração/custódia (cobrada pelas instituições como remuneração
pelos serviços de cadastro, transferências de valores e recolhimento de IR. Varia conforme a
instituição financeira, sendo que muitas não a cobram, visando aumentar a atratividade).

Visando aumentar a popularidade dos Títulos Públicos, o Tesouro Direto definiu nomenclaturas mais
simples, de modo que sua fonte de retorno, bem como seus riscos, torne-se mais facilmente
compreensíveis para o investidor.

▪ LFT → Tesouro Selic;


▪ NTN-B → Tesouro IPCA+ com juros semestrais;
▪ NTN-B Principal → Tesouro IPCA+;
▪ LTN → Tesouro Prefixado;
▪ NTN-F → Tesouro Prefixado com Juros Semestrais.

Conforme discutido anteriormente, o risco de crédito no Tesouro Nacional é muito baixo, sendo
seguros e adequados para uma variedade de investidores. Cada título possui características únicas,
sendo indicados para objetivos diferentes. Para uma LFT, o risco de mercado é baixo, o que faz com
que este título seja indicado para investidores que não desejam ver flutuações de preços em suas
posições. Para proteção contra efeitos inflacionários, os títulos NTN-B e NTN-B Principal são mais
adequados. Para aqueles que querem a certeza do percentual de retorno, as LTNs e a NTN-F são
indicadas.

A escolha, conforme mencionado, deve ser direcionada para necessidade de fluxo de caixa de cada
investidor, bem como sua expectativa e prazo de retorno.

Caderneta de Poupança

Conceito e finalidade

A Caderneta de Poupança é tida como a modalidade de investimento mais tradicional do Brasil,


apesar de sua baixa rentabilidade. É classificada como conservadora, por oferecer baixo risco e
retorno.

128 | P á g i n a
Criada em 1861, a poupança é oferecida por bancos como um dos produtos de investimento mais
simples que existem, e suas regras são de simples entendimento. Para efetivação do investimento,
o cliente precisa abrir uma conta específica para essa finalidade. Em geral, não há um valor mínimo
para investimento na poupança, o que ajuda a tornar essa modalidade de investimento bastante
difundida para investidores com rendas mais baixas. Possui liquidez diária, entretanto sua
rentabilidade é paga mensalmente, sempre na data de “aniversário” do investimento.

Riscos inerentes ao produto

Como é oferecida por bancos, existe o risco de crédito. Caso ocorra inadimplemento por parte do
banco, o investidor pode contar com o FGC para coberturas de até R$250.000,00, por investidor e
conglomerado financeiro (até o limite de R$1.000.000,00 em um período de quatro anos).

O risco de liquidez é quase zero, tendo em vista que a liquidez da poupança é diária. Porém, como
mencionado, o resgate deve ocorrer preferencialmente na data (ou após) de aniversário, para fazer
jus à rentabilidade do período. Portanto, existem dois tipos de liquidez: a liquidez com remuneração,
que ocorre somente na data de aniversário na data de aniversário da poupança, e a liquidez sem
remuneração, que é diária.

Rentabilidade

Os recursos aplicados na caderneta realizados até maio de 2012, são remunerados mensalmente à
taxa linear de 6% a.a. (0,5% a.m.), mais a TR – Taxa Referencial de Juros. Os rendimentos são
creditados mensalmente na conta de poupança, na data de aniversário (abertura da caderneta).

Os depósitos realizados na Poupança a partir de maio/2012 passaram a ser vinculados pela Taxa Selic
definida pelo Bacen. Se a Selic for fixada acima de 8,5% a.a., o investidor é remunerado pela regra
antiga: 0,5% a.m. de juros, mais variação da taxa TR. Caso a Selic seja igual ou menor que 8,5% a.a.,
os rendimentos da Caderneta serão de 70% da Taxa Selic, mais a variação da TR.

Historicamente, a rentabilidade da poupança apresenta desempenho inferior à taxa de inflação.

Tributação

A poupança é isenta de impostos. Não há incidência de imposto de renda ou de IOF sobre os


rendimentos obtidos. Logo, a remuneração bruta é idêntica à remuneração líquida.

129 | P á g i n a
Operações compromissadas

Conceito e finalidade

Nessa operação, o investidor adquire um título de renda fixa de propriedade do banco e, em


contrapartida, o banco oferece o compromisso de recomprar esse título em uma data pré-
determinada. Ao final do prazo, o investidor devolve o título ao banco e recebe o valor investido
originalmente, acrescido de juros.

Em geral, uma empresa do próprio conglomerado financeiro ao qual o banco pertence emite
debêntures para financiar suas atividades. Parte das debêntures é adquirida pelo banco, que então
as utiliza para captar recursos juntos aos clientes por meio de operações compromissadas. Estas são
vendidas aos investidores com o compromisso de recompra-las após o prazo do investimento.

Características quanto a prazo, lastro, forma de resgate, liquidez e formas


de remuneração

▪ Prazo: igual ou inferior ao prazo do instrumento que lhe dá lastro. Existem alternativas de
prazos longos, como três, cinco ou mais anos;
▪ Liquidez: diária;
▪ Remuneração: comum o oferecimento de uma remuneração baseada em um percentual da
taxa DI, livremente pactuada entre o banco e o investidor;
▪ Risco: semelhante a um CDB. Risco de crédito (em relação ao banco), que é minimizado pela
existência do FGC;
▪ Tributação: idêntica aos CDBs. IR regressivo em função do prazo de aplicação, e IOF
regressivo no caso de resgate nos primeiros 30 dias de aplicação.

Tabela 8: Alíquotas de IR
Prazo de aplicação Alíquota
Até 180 dias 22,5%
Entre 181 e 360 dias 20,0%
Entre 361 e 720 dias 17,5%
Acima de 720 dias 15,0%

130 | P á g i n a
Tabela 9: Alíquotas de IOF
Dia Alíquota Dia Alíquota Dia Alíquota
1 96% 11 63% 21 30%
2 93% 12 60% 22 27%
3 90% 13 56% 23 23%
4 86% 14 53% 24 20%
5 83% 15 50% 25 16%
6 80% 16 46% 26 13%
7 76% 17 43% 27 10%
8 73% 18 40% 28 6%
9 70% 19 36% 29 3%
10 66% 20 33% 30 0%

131 | P á g i n a
Previdência Complementar Aberta: PGBL e VGBL

Previdência Social x Previdência Privada: Avaliação da Necessidade do


Cliente

Previdência Social

A Previdência Social é administrada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), cujo objetivo
central é reconhecer e conceder direitos aos trabalhadores e seus dependentes. Sua adesão é
obrigatória por lei aos trabalhadores formais do setor privado e público, cada um em seu respectivo
regime.

RPPS

Previdência
Social

RGPS

Até o momento, a Previdência Social adota o regime de repartição simples, que funciona em regime
de caixa. Assim, as contribuições são utilizadas para pagamento dos benefícios dos aposentados
sendo, portanto, um modelo de Benefício Definido, estipulado pelo cálculo de determinada taxa de
reposição de renda, e valores de pensões previamente definidos.

O Regime Geral de Previdência Social é sustentado pelas contribuições sobre a folha de salário dos
trabalhadores empregados formais (trabalhador e empregador), pela contribuição sobre a renda
bruta das empresas (Cofins), pela Contribuição sobre o Lucro Líquido (CSLL), pela contribuição sobre
a renda líquida dos concursos de prognósticos, entre outras de menor valor.

Todos os cidadãos, a partir de 16 anos e que contribuem mensalmente para o regime, têm direito
aos benefícios e serviços oferecidos pelo INSS, como aposentadorias, salário-maternidade, auxílio-
doença, auxílio-acidentes, pensão por morte e salário-família.

A grande questão por trás da aposentadoria pela Previdência Social é quanto à sustentabilidade
desta, haja vista a sua situação atuária em decorrência de mudanças na estrutura etária brasileira e

132 | P á g i n a
nas contas do regime. Além disso, quanto maior o salário atual e o salário pretendido na
aposentadoria, mais o segurado precisará de complementar em termos de aportes. Essa necessidade
surge do fato de que o benefício pago pelo INSS é limitado.

Previdência Privada

A Previdência Privada é uma alternativa de aposentadoria complementar à Previdência Social. É


classificada como um seguro de renda, oferecendo diversos planos de benefícios de aposentadoria,
morte e invalidez. Sua adesão é opcional.

Uma instituição de Previdência Privada pode constituir-se como Sociedade Fechada ou Aberta:

▪ As Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) são conhecidas como Fundos


de Pensão. São instituições sem fins lucrativos que mantêm planos de previdência coletivos.
São formadas, geralmente, dentro do ambiente das empresas, e seus planos de benefícios
são custeados pelo empregador e funcionários. Podem também ser organizadas por
associações, sindicatos ou entidades de classes;
▪ As Entidades Abertas de Previdência Complementar (EAPC) são as entidades ou sociedades
seguradoras autorizadas a instituir planos de previdência complementar aberta. É oferecida
a todas as pessoas que desejarem aderir a seus planos de benefícios, apresentando um
caráter mais individual. Podem ser organizadas com ou sem fins lucrativos.

O órgão normativo das EAPCs é o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP). Essas entidades
são fiscalizadas pela Susep, órgão responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro,
previdência privada aberta, capitalização e resseguro.

O prazo de cobertura de um plano de Previdência Aberta é o prazo correspondente aos períodos de


diferimento - aquele compreendido entre a data do início do plano, em que são efetivadas as
contribuições e acumulados os juros, até a data contratualmente prevista para o início do pagamento
do benefício –, e o de pagamento do benefício – período em que o assistido recebe, na forma de
renda vitalícia ou temporária, o pagamento do benefício.

De acordo com a Susep, os principais tipos de renda mensais disponíveis são:

▪ Renda mensal temporária: paga exclusivamente ao participante, cessando com o


falecimento deste ou o fim do período contratado;
▪ Renda mensal vitalícia: paga exclusivamente ao participante, cessando com o falecimento
deste;
▪ Renda mensal temporária: consiste em uma renda temporária e paga exclusivamente ao
participante. O benefício cessa com o falecimento do participante ou o fim da
temporariedade contratada, o que ocorrer primeiro;

133 | P á g i n a
▪ Renda mensal vitalícia com prazo mínimo garantido: consiste em uma renda paga
vitaliciamente ao participante a partir da data da concessão do benefício, sendo garantido
aos beneficiários um prazo mínimo de garantia que será indicado na proposta de inscrição
e é contado a partir da data do início do recebimento do benefício pelo participante;
▪ Renda mensal vitalícia reversível ao beneficiário indicado: consiste em uma renda paga
vitaliciamente ao participante a partir da data de concessão do benefício escolhida.
Ocorrendo o falecimento do participante durante a percepção dessa renda, o percentual do
seu valor estabelecido na proposta de inscrição será revertido vitaliciamente ao beneficiário
indicado;
▪ Renda mensal vitalícia reversível ao cônjuge com continuidade aos menores: consiste em
uma renda paga vitaliciamente ao participante a partir da data de concessão do benefício
escolhida. Ocorrendo o falecimento do participante durante a percepção dessa renda, o
percentual do seu valor estabelecido na proposta de inscrição será revertido vitaliciamente
ao cônjuge e, na falta deste, reversível temporariamente ao(s) menor(es) até que
complete(m) a idade para maioridade (18, 21 ou 24) estabelecida no regulamento e
conforme o percentual de reversão estabelecido. Pagamento único (pecúlio): benefício sob
forma de pagamento único, cujo evento gerador é a morte ou a invalidez do participante;
▪ Renda mensal por prazo certo: consiste em uma renda mensal a ser paga por um prazo pré-
estabelecido ao participante/assistido. Na proposta de inscrição, o participante indicará o
prazo máximo, em meses, contado a partir da data de concessão do benefício, em que será
efetuado o pagamento da renda.

Exemplo (ANBIMA – 2020): pagamento de benefício

Um cliente contratou um plano de previdência complementar do tipo Plano Gerador de Benefício


Livre (PGBL) indicando sua esposa como beneficiária. Passados 20 anos, com um montante
acumulado de R$ 500.000,00, ele resolveu transformar o seu plano em renda e contratou a renda
mensal temporária por 10 anos. Após três anos da contratação, ele faleceu. Nesse caso, a sua esposa
NÃO receberá a renda mensal, não sendo devido nenhum outro valor ao beneficiário.

Justificativa:

Renda mensal temporária consiste em uma renda paga temporária e exclusivamente ao participante.
O benefício cessa com o falecimento do participante ou o fim da temporariedade contratada, o que
ocorrer primeiro. Se o cliente quisesse deixar os recursos para a esposa por determinado período,
deveria ter contratado uma renda mensal por prazo certo.

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Características técnicas que influenciam o produto

Taxas de administração

A taxa de administração é o percentual cobrado dos fundos onde os recursos do plano são aplicados,
pelo administrador, para prestação do serviço, gestão dos recursos e pagamento dos prestadores de
serviços. Geralmente, é cobrada anualmente sobre o montante total aplicado ao longo da vigência,
mas seu cálculo é feito por dia.

Em resumo, a taxa de administração influencia no rendimento total da aposentadoria.

Taxas de carregamento

Percentual destinado a atender às despesas administrativas, de manutenção e comerciais do plano.


Existe um limite legal para cobrança dessa taxa, sendo que, para planos com contribuição variável, o
percentual não pode ultrapassar 10% da contribuição e, para planos em benefício definido, a
cobrança limita-se a 30% da contribuição.

Sua cobrança é opcional, sendo escolha do plano definir sua vigência e seu valor. É cobrada apenas
quando o beneficiário faz uma nova movimentação no seu plano, de entrada ou saída. Em outras
palavras, a cada retirada ou aporte realizado, o plano pode reter um percentual do valor
movimentado como taxa de carregamento.

Sua incidência, assim como a taxa de administração, impacta a rentabilidade total da aposentadoria.

Portabilidade

Durante o período do diferimento, o participante tem o direito de transferir os recursos financeiros


acumulados em sua reserva para outro plano de benefício previdenciário, operado por entidade de
previdência complementar. Porém, a portabilidade só é permitida entre planos do mesmo
segmento, ou seja, entre planos de previdência complementar aberta ou entre planos de seguro
de vida com cobertura por sobrevivência. É vedada a portabilidade (transferência) de recursos entre
participantes.

O prazo de aplicação, contabilizado na opção pela tabela de cobrança de imposto de renda


regressiva, é preservado quando da portabilidade.

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Transferência entre planos

A transferência de planos em uma mesma entidade seguradora configura uma portabilidade. O


objetivo principal da transferência é alterar a característica do investimento em relação ao risco de
cada plano (ex.: um cliente está em um plano de previdência que aplica renda fixa e quer mudar para
um plano que aplica parte da sua carteira em renda variável). Mais uma vez, só é permitida
transferências entre planos de um mesmo segmento.

Resgates

O participante possui alternativas entre sacar uma parcela ou a totalidade de sua reserva
matemática. O resgate somente é permitido durante o período de diferimento e antes da concessão
do benefício. Aquele que optar pelo resgate dos recursos, terá de arcar com o pagamento do imposto
de renda.

Regimes de tributação (compensável ou definitivo) e as tabelas de


imposto de renda progressivas e regressivas. Base de cálculo na incidência
do imposto

A Lei 11.053 de 2004 dispõe sobre a tributação dos planos de benefícios de caráter previdenciário.
Entre outras providências, a lei permite (artigo 2º) ao participante de um plano de benefícios a opção
pelo regime de tributação, sendo ele compensável ou definitivo.

Naturalmente, observa-se diferenças quanto aos regimes de tributação em ambos os modelos. Se a


opção do participante for pelo regime compensável, ao realizar um resgate, este será tributado na
fonte à alíquota de 15% e estará sujeito a ajuste apurado de acordo com a aplicação progressiva do
imposto no momento da entrega da Declaração Anual de Ajuste do Imposto de Renda.

As alíquotas aplicáveis ao cálculo anual do imposto sobre a renda PF, são:

Tabela 9: Alíquotas de IR
Base de cálculo anual (R$) Alíquota (%) Parcela a deduzir do imposto (R$)
Até 22.847,76 - -
De 22.847 a 33.919,80 7,50 1.713,58
De 33.3919,81 a 45.012,60 15,00 4.257,57
De 45.012,61 a 55.976,16 22,50 7.633,51
Acima de 55.976,16 27,50 10.432,32

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Já aqueles que optam pelo regime de tributação definitivo estão sujeitos às seguintes alíquotas
regressivas, retidas na fonte para valores resgatados ou recebidos:

Tabela 10: Alíquotas de IRRF


Prazo de acumulação Alíquota do IRRF
Até 2 anos 35%
De 2 a 4 anos 30%
De 4 a 6 anos 25%
De 6 a 8 anos 20%
De 8 a 10 anos 15%
Acima de 10 anos 10%

Conforme podemos perceber, quanto maior o prazo de acumulação, menor a alíquota. Vale ressaltar
que cada aporte tem uma contagem de tempo diferente estando, portanto, sujeito a alíquotas de IR
diferentes.

Para melhor entendimento a respeito da base de cálculo, acompanhe os exemplos nas vídeo aulas.

Em caso de falecimento do participante durante o período de diferimento (acumulação), o


beneficiário receberá o valor acumulado na previdência, descontado o IR, conforme a alíquota da
tabela regressiva, se essa foi a opção do participante, considerando o período de cada contribuição.
Caso o plano e/ou as contribuições não tiverem completado seis anos, a alíquota será fixa em 25%,
ou seja, não seguirá as alíquotas de IR em função do prazo de acumulação para as contribuições com
prazo inferior a seis anos.

Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBL) e suas características. Identificar


produto mais adequado em função da situação tributária do investidor,
idade de início de contribuição, idade de aposentadoria; valor das
contribuições e o valor do benefício

Criado com a aprovação da Resolução CNSP 06 de 1997, o PGBL é uma alternativa de aplicação
direcionada para a aposentadoria das pessoas. Seu mecanismo se assemelha a um fundo de
investimento comum, aplicando os recursos recebidos no mercado financeiro e creditando todos os
rendimentos auferidos para os investidores. O patrimônio acumulado irá garantir uma renda de
aposentadoria para seus contribuintes.

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A composição do PGBL pode ser formada por ações, títulos de renda fixa, cotas de fundos de
investimentos e imóveis. Não há garantia mínima de rendimentos para os investidores e maiores
excedentes que permitem que se aumente a renda da aposentadoria.

Em geral, os PGBLs são constituídos por aplicações mais conservadoras, procurando oferecer maior
estabilidade ao patrimônio dos poupadores. Muitos planos existentes aplicam seu patrimônio em
títulos de renda fixa, notadamente aqueles emitidos pelo governo federal. É um perfil de aplicação
de menor risco, onde o foco principal é proteger o patrimônio dos participantes das turbulências do
mercado.

Os principais atrativos de um PGBL são:

▪ Benefício fiscal: as contribuições periódicas podem ser deduzidas8 do cálculo do imposto de


renda na Declaração de Ajuste Anual da Pessoa Física, até o limite de 12% da renda bruta do
investidor. A cobrança do IR se dá no momento do resgate do plano ou pagamento dos
benefícios e a base de cálculo para cobrança é o total dos recursos resgatados ou a renda
recebida como benefício de aposentadoria;
▪ Existe liberdade de escolha do plano cuja carteira melhor se identifique com o perfil do
investidor e suas necessidades de retorno;
▪ Os PGBLs costumam ser bastante transparentes, publicando diariamente seus principais
indicadores de desempenho;
▪ Os rendimentos gerados pelas aplicações somente são tributados no momento de seu
saque. Isso permite que se reaplique todo o rendimento apurado sobre o IR não recolhido;
▪ O investidor pode mudar de PGBL, sempre que julgar necessário, sem necessidade de
recolher IR. Os planos, contudo, exigem uma carência mínima de 60 dias para transferências
e resgates;

No PGBL, o participante pode escolher o valor e o tempo que de contribuição, o benefício desejado
e seus beneficiários.

Em linhas gerais, dado o benefício fiscal, o PGBL é indicado para aqueles que têm como deduzir as
contribuições da base de cálculo do seu IR, ou seja, fazem a Declaração Anual de Ajuste do IRPF
usando o formulário completo e têm renda bruta (tributável) suficiente para absorver esse desconto,
limitado em 12% da renda.

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O titular do plano deve estar contribuindo para o Regime Geral (INSS) ou outra previdência oficial, ou
ainda estar aposentado pelo INSS. Caso o plano esteja em nome dos dependentes, eles terão de contribuir
para o INSS para que o responsável pelo investimento possa fazer a dedução. Os dependentes menores
de 16 anos ficam livres dessa exigência.

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Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL) e suas características. Identificar
produto mais adequado em função da situação tributária do investidor,
idade de início de contribuição, idade de aposentadoria; valor das
contribuições e o valor do benefício

O VGBL é semelhante a um Fundo de Investimento estruturado para captar poupanças de longo


prazo, visando complementar a aposentadoria. É um seguro de vida que garante cobertura em caso
de sobrevivência. Criado com base no PGBL em 2001, suas regras de funcionamento e critérios para
operação são dadas pela Resolução CNSP 49/019.

A cobertura por sobrevivência garante o pagamento do capital segurado, pela sobrevivência do


segurado ao período de capitalização, ou pela compra, mediante pagamento único, de renda
imediata.

O VGBL é similar ao PGBL, diferenciando-se pelo tratamento tributário. Os depósitos efetuados no


VGBL não são admitidos como dedutíveis para efeitos fiscais. No resgate, o imposto de renda incide
apenas sobre os rendimentos acumulados, de acordo com uma tabela progressiva. No PGBL, o IR
incide sobre o total resgatado.

Características PGBL VGBL


Dedutibilidade de até 12% na
Sim Não
renda bruta
Garantia de rentabilidade Não Não
Sobre o valor do
Incidência de IR Apenas sobre o rendimento
resgate/benefício
Possibilidade de escolha de
diferentes perfis de Sim Sim
investimento
Taxa de carregamento Sim Sim
Taxa de administração Sim Sim
Estabelecido por Seguradora Seguradora
Composição da carteira FIE e a Composição da carteira FIE e a
Risco para o cliente
seguradora seguradora

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Atualmente, os planos com cobertura por sobrevivência, como o VGBL, são regulados pela Resolução
CNSP 140/05 (com redação alterada pela Resolução CNSP 148/06). Além disso, os planos com essa
característica são regulados pela Circular Susep 339/07.

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Referências

• Código de Distribuição de Produtos de Investimento.


http://www.anbima.com.br/pt_br/autorregular/codigos/distribuicao-de-produtos-de-
investimento.htm
• Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para Administração de Recursos de
Terceiros http://www.anbima.com.br/pt_br/autorregular/codigos/administracao-de-
recursos-de-terceiros.htm
• Instrução CVM 539. http://www.cvm.gov.br/legislacao/instrucoes/inst539.html
• Mercado Financeiro. Alexandre Assaf Neto. Editora Atlas. 13ª edição (2015)
• Mercado Financeiro. Michael Fleuriet, Alexandre Galvão, Lucas Mendes. (2005)

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