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ESTADO DO PIAUÍ

CÂMARA MUNICIPAL DE TERESINA


PALÁCIO SENADOR CHAGAS RODRIGUES
Assessoria Jurídica Legislativa

PARECER AJL/CMT Nº 039/2014

Teresina (PI), 12 de março de 2014.

Assunto: Projeto de Resolução Normativa nº 079/2014


Autor: Mesa Diretora
Ementa:“ Institui o "Programa Aprendiz" no âmbito da Câmara Municipal de
Teresina, e da outras providências.”

I – RELATÓRIO

A Mesa Diretora da Câmara Municipal de Teresina apresentou Projeto de


Resolução Normativa, a qual dispõe sobre a regulamentação do Programa Aprendiz no
âmbito da Câmara Municipal de Teresina e dá outras providências.

Em justificativa escrita, a Mesa Diretora alegou que a aprendizagem é um


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instituto que cria oportunidades tanto para o aprendiz quanto para as empresas, pois
prepara o jovem para desempenhar atividades profissionais e ter capacidade de
discernimento para lidar com diferentes situações no mundo do trabalho e, ao mesmo
tempo, permite às empresas formarem pessoal qualificado, cada vez mais necessária em
um cenário econômico em permanente evolução tecnológica.

É, em síntese, o relatório.

II – DA NOVA SISTEMÁTICA NO PROCESSO LEGISLATIVO DA CÂMARA MUNICIPAL


DE TERESINA E A POSSIBILIDADE DE MANIFESTAÇÃO DA ASSESSORIA JURÍDICA
LEGISLATIVA

Ab initio, impende salientar que a emissão de parecer por esta Assessoria


Jurídica Legislativa não substitui o parecer das Comissões especializadas, porquanto
estas são compostas pelos representantes do povo e constituem-se em manifestação

Av. Marechal Castelo Branco, 625 – Bairro Cabral – 64000-810 – Teresina (PI)
CNPJ nº 05.521.463/0001-12
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efetivamente legítima do Parlamento. Dessa forma, a opinião jurídica exarada neste


parecer não tem força vinculante, podendo seus fundamentos serem utilizados ou
não pelos membros desta Casa.

De qualquer sorte, torna-se de suma importância algumas considerações


sobre a possibilidade e compatibilidade da nova sistemática adotada para o processo
legislativo no âmbito desta Casa de Leis de Teresina.

A Resolução Normativa n°. 036/2011, a qual dispõe sobre as atribuições


dos Assessores Jurídicos Legislativos, assim estabelece em seu art. 9º, §1º, inciso I:

Art. 9° Ficam criados 05 (cinco) cargos de Assessor Jurídico Legislativo,


privativos de bacharéis em Direito, dentro do Quadro Efetivo de Pessoal da
Câmara Municipal de Teresina, a serem providos na forma do que dispõe o
art. 37, I e II, da Constituição Federal e 75, I e II, da Lei Orgânica do
Município de Teresina.

§1° São atribuições dos Assessores Jurídicos Legislativos:

I – emitir pareceres, por escrito, das proposições que tramitam no2


Departamento Legislativo, quando lhes forem solicitados, bem como,
prestar assessoria e consultoria à Presidência, Mesa Diretora e as
Comissões Permanentes e Especiais;[...] (grifo nosso)

Assim sendo, a referida Resolução estabelece expressamente a


possibilidade de emissão de parecer escrito sobre as proposições legislativas,
exatamente o caso ora tratado.

A sistemática ressalte-se, não é exclusividade de Teresina, sendo adotada


por diversas outras Câmaras Municipais brasileiras.

Ainda assim, a opinião técnica desta Assessoria Jurídica Legislativa é


estritamente jurídica e opinativa, não podendo substituir a manifestação das
Comissões Legislativas especializadas, pois a vontade do Parlamento deve ser
cristalizada através da vontade do povo, aqui efetivada por meio de seus representantes
eleitos. E são estes mesmos representantes que melhor podem analisar todas as
circunstâncias e nuances (questões sociais e políticas) de cada proposição.

Av. Marechal Castelo Branco, 625 – Bairro Cabral – 64000-810 – Teresina (PI)
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Por essa razão, em síntese, a manifestação deste órgão de assessoramento


jurídico, autorizada por norma deste Parlamento Municipal, serve apenas como norte,
em caso de concordância, para o voto dos edis mafrenses, não havendo substituição e
obrigatoriedade em sua aceitação e, portanto, não atentando contra a soberania
popular representada pela manifestação dos Vereadores.

III – EXAME DE ADMISSIBILIDADE

Adentrando na análise da proposição legislativa propriamente, observa-se


que o projeto encontra-se em conformidade com a técnica legislativa, estando de acordo
com a legislação aplicável.

Além disso, cumpre destacar que o projeto de lei está redigido em termos
claros, objetivos e concisos, em língua nacional e ortografia oficial, estando devidamente
subscrito por seu autor, além de trazer o assunto sucintamente registrado em ementa,
tudo na conformidade do disposto nos artigos 99 e 100 do Regimento Interno da Câmara3
Municipal de Teresina - RICMT.

A distribuição do texto também está dentro dos padrões exigidos pela


técnica legislativa, não merecendo qualquer reparo, restando, pois, cumpridos os
requisitos de admissibilidade.

IV – ANÁLISE SOB OS PRISMAS LEGAL E CONSTITUCIONAL

O Projeto em referência visa a instituir no âmbito da Câmara Municipal de


Teresina o Programa Aprendiz.

Quanto à modalidade de proposição, a Resolução Normativa mostra-se a


adequada para tratar da matéria objeto do citado projeto, uma vez que o assunto em
questão refere-se à matéria de natureza político-administrativa da Câmara Municipal, de
sua competência exclusiva, devendo ser submetido ao Plenário. Nesse sentido, dispõe o
art. 58 da Lei Orgânica do Município de Teresina – LOM, in verbis:
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Art. 58. A resolução destina-se a regular matéria de natureza


político-administrativa da Câmara Municipal, de sua competência
exclusiva, não dependendo de sanção ou veto do Prefeito Municipal.
Parágrafo único. As resoluções se dividirão em:
a) normativas, que deverão ser submetidas ao Plenário;

No que concerne à iniciativa, o Projeto de Resolução Normativa é de


competência privativa da Mesa da Câmara, conforme se depreende da análise do art. 16,
inciso I, do Regimento Interno da Câmara Municipal de Teresina – RICMT, abaixo
transcrito:

Art. 16. Compete à Mesa da Câmara, privativamente, em colegiado:

I - propor ao Plenário projeto de resolução que disponha sobre


organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou
extinção de cargos, empregos e funções da Câmara Municipal, bem
como projeto de lei que fixe a remuneração dos seus servidores;
(grifo nosso)
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Cumpre ainda destacar que o contrato de aprendizagem é o contrato de


trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, não superior a 02 (dois)
anos, exceto quando se tratar de aprendiz portador de deficiência, em que o empregador
se compromete a assegurar ao maior de quatorze e menor de vinte e quatro anos,
inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-profissional metódica,
compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a
executar com zelo e diligência, as tarefas necessárias a essa formação.

No que concerne ao tratamento constitucional dado ao aprendiz, a


Constituição da República de 1988 proibiu o trabalho aos menores de 16 anos, no
entanto ressalvou a possibilidade de ingresso no mercado de trabalho na condição de
aprendiz a partir dos 14 anos.

No mesmo sentido, o art. 403 da Consolidação das Leis do Trabalho


estabelece que:

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Art. 403. É proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos


de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos quatorze
anos.(Redação dada pela Lei nº 10.097, de 19.12.2000)

No Brasil, historicamente, a aprendizagem é regulada pela Consolidação


das Leis do Trabalho (CLT) e passou por um processo de modernização com a
promulgação das Leis nº 10.097, de 19 de dezembro de 2000, 11.180, de 23 de setembro
de 2005, e 11.788, de 25 de setembro de 2008.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), aprovado pela Lei nº 8.069,


de 13 de julho de 1990, por sua vez, também prevê o direito à aprendizagem, dando-lhe
tratamento alinhado ao princípio da proteção integral à criança e ao adolescente. Senão
vejamos:

Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguintes


princípios:
I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino regular;
II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente;
III - horário especial para o exercício das atividades.
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada5
bolsa de aprendizagem.
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são
assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários.

Portanto, estando em perfeita harmonia com os comandos normativos


supramencionados, merece o Projeto de Resolução Normativa em comento toda
consideração da edilidade teresinense.

V - CONCLUSÃO

Por essas razões, esta Assessoria Jurídica Legislativa opina pela


POSSIBILIDADE JURÍDICA da tramitação, discussão e votação da matéria proposta, por
não vislumbrar qualquer vício de inconstitucionalidade que impede o seu normal
trâmite.

Av. Marechal Castelo Branco, 625 – Bairro Cabral – 64000-810 – Teresina (PI)
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Assessoria Jurídica Legislativa

É o parecer, salvo melhor e soberano juízo das Comissões e Plenário desta


Casa Legislativa.

VALQUIRIA GOMES DA SILVA


ASSESSORA JURÍDICA LEGISLATIVA
MATRÍCULA 6854-3 - CMT

Av. Marechal Castelo Branco, 625 – Bairro Cabral – 64000-810 – Teresina (PI)
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