Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
ENEIDA CUNHA
DOUTORANDA DANIELE RODRIGUES
Rio de Janeiro
Dezembro de 2020
ÍNDICE DO PROPOSTO PELA ATIVIDADE
1. Comentário Geral:
Encontra-se disperso na articulação dos dois argumentos, ainda que se faça presente
com maior destaque na conclusão final.
(b) O ideal de que o ser humano deve ser um todo, não apenas “mulher” ou “negra”, e
compreender que cada uma de suas qualificações traz implicações em seu modo de vida.
Vítima precoce do trabalho forçado, a mulher negra nunca foi posta no papel de
desprotegida ou fragilizada. Pelo contrário, a cultura de “coisificação” do negro a
perseguiu e persegue desde o princípio. Forçadas a trabalhar da forma que fosse
possível, as mulheres negras foram expostas a todo tipo de violência. Ainda que o
estupro seja, de forma universal, um crime com alto índice de impunidade
independentemente da vítima – desde que seja mulher – o da mulher negra não foi
apenas relevado. Ele foi romantizado. Enquanto a mulher branca era tratada como a
frágil “sinhá”, escravas negras eram estupradas diariamente pelos senhores de engenho.
A miscigenação, tratada como o belo berço da nação brasileira, foi e ainda é
romantizada em diversos setores, – educacionais, publicitários, etc. – quando, na
realidade, trata-se do resultado da agressão à mulher negra.
6
GERALDO, Natália. Buscar "mulher negra dando aula" no Google leva à pornografia: por quê?. UOL,
2020. Disponível em: < https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2019/10/27/pesquisa-
mulher-negra-dando-aula-leva-a-pornografia-no-google.htm >. Acesso em: 4 dez 2020.
Ainda que altamente sexualizada, a mulher negra ainda sofre inúmeras agressões
– estruturais ou não – em decorrência de sua aparência e da presença de traços
negroides. Um dos exemplos mais claros da discriminação por estética é trazido por
Sueli Carneiro ao abordar as possibilidades de mercado de trabalho.
7
THAYNÁ, Yasmin. Mc K_bela. Flupp- 43 novos autores. Rio de Janeiro: FLUPP, 2012.
ataques de bolinhas de papel e apelidos cruéis. Na fase adulta, após alisar os fios, passou
a sofrer com queimaduras e a sensação de negação de suas origens. Quando, por fim,
assumiu seu cabelo natural, entendeu que foi seu momento de auto aceitação enquanto
mulher negra. A saga de Yasmin não é incomum entre as mulheres. Ao falar em
específico das brasileiras, alisantes ocupam o terceiro lugar na colocação de produtos
capilares mais consumidos8. A negação das origens negras, imposta por padrões e
preconceitos sociais, fere principalmente as mulheres negras há décadas. A busca por
alisamento capilar, rinoplastia para afinar o nariz, dentre outros é extremamente comum
entre as mulheres negras.
Para ilustrar o preconceito estético sofrido pelo povo negro dentro de uma
sociedade racista como a brasileira, a música “Olhos Coloridos”9 foi composta por
Macau e interpretada pela cantora de MPB (música popular brasileira) Sandra de Sá,
tornando-se um de seus maiores sucessos.
Que você
Sarará crioulo
(Macau, 1974)
8
QUAIS OS 5 PRODUTOS CAPILARES MAIS VENDIDOS NO BRASIL?. Nátum Cosméticos Professional.
Disponível em: < http://natumcosmeticos.com.br/blog/quais-os-5-produtos-capilares-mais-vendidos-no-
brasil/#:~:text=1.,do%20ramo%20de%20itens%20capilares.>. Acesso em: 4 dez 2020.
9
MACAU. Olhos Coloridos. Rio de Janeiro: 1974. Disponível em:
https://www.letras.mus.br/macau/olhos-coloridos/. Acesso em 4 dez. 2020.
ultimamente, tem ganhado mais visibilidade. Apesar de ainda escassas, as mulheres
negras têm conquistado um espaço cada vez maior no mundo da moda e da
teledramaturgia na tentativa de humanizar, ao invés de coisificar, a mulher negra.
CONSIDERAÇÕES FINAIS