DE CAXIAS DO SUL-RS
PROCESSO Nº X
PELO RECORRENTE
ERNESTO ALVES
I. DA SÍNTESE DA DEMANDA
Cuidam os autos de ação declaratória c/c indenização por danos morais na qual o
recorrente foi surpreendido ao ser informado de que havia um empréstimo consignado em seu
nome, no valor de R$1.068,76, a ser pago em 72 parcelas de R$30,00, referente ao contrato nº
327262403- 6, uma vez que nunca solicitou a contratação, tampouco autorizou os descontos.
Demonstrou que embora tenha realizado um pedido administrativo, não logrou êxito em
cancelar os valores que estavam sendo descontados. Defendeu a aplicação do Código de Defesa do
Consumidor, com a inversão do ônus da prova, na forma do artigo 6º, VIII, do CDC. Discorreu
acerca da ofensa à dignidade humana, essencialmente no campo relacionado à pessoa idosa.
Realizada a perícia e apresentado laudo pericial, restou concluído que as assinaturas não
eram do recorrente.
Ato contínuo, sobreveio a respeitável sentença na qual o douta Juíza opinou pela
procedência dos pedidos formulados pelo recorrente. Vejamos:
“Isso posto, JULGO PROCEDENTES os pedidos formulados por ERNESTO ALVES, para fins de:
a) CONFIRMAR a antecipação de tutela conferida na decisão do evento 9, tornando definitivos
os cancelamentos dos descontos do nº 327262403- 6; b) DECLARAR a inexistência/nulidade
dos débitos que originaram os descontos No benefício previdenciário do autor; c) CONDENAR
o demandado a restituir, de forma simples, os valores indevidamente descontados em razão
das referidas contratações, corrigidos pelos IGP-M a contar dos respectivos descontos e
acrescidos de juros de mora, de 1% ao mês, contados da citação; d) CONDENAR o
demandado ao pagamento de R$ 5.000,00, a título de reparação dos danos morais, a ser
corrigido pelo IGP-M desde a data desta sentença e acrescido de juros moratórios de 1% ao
mês, não capitalizados, a contar da citação.”
Entretanto, nobres julgadores, como restará devidamente demonstrado, o valor fixado pela
nobre magistrada é irrisório para reparação dos danos causados, uma vez que houve clara falha na
prestação do serviço pelo recorrido, que gerou inúmeros constrangimentos e transtorno a parte
recorrente, devendo a verba ser majorada.
II. DO PREPARO RECURSAL
Como houve por bem asseverar a nobre decisão recorrida, resto caracterizada a falha na
prestação do serviço pelo recorrido, havendo o dever de reparar os danos morais e materiais
causados, entretanto, ao proferir a respeitável decisão, a magistrada não levou em consideração a
extensão dos danos causados, fixando verba indenizatória irrisória, que não serve para reparar o
abalo causado ao recorrente, como será demonstrado.
Vejam, nobres julgadores, que restou cabalmente comprovado nos autos, por meio de
realização de perícia grafotécnica que as assinaturas constantes no contrato apresentado pelo
recorrido, as quais supostamente seriam do recorrente, em verdade, eram de pessoa estranha, e
não do recorrente, que em momento algum assinou qualquer contrato solicitando o referido
empréstimo e autorizando os descontos em seu benefício previdenciário.
Ou seja, incontroverso nos autos, a conduta ilícita pratica pelo recorrido, bem como sua
má-fé, uma vez que concedeu empréstimo a terceiro, em nome do recorrente, sem verificar sua
autorização e ainda continuou insistindo que o recorrente havia solicitado o empréstimo e
autorizado seus descontos.
Repisa-se, ainda, que o recorrente, pessoa idosa, tentou resolver o impasse de forma
administrativa com o recorrido, por diversas vezes, tentando evitar ter que ingressar com ação
para resolução de problema tão simples, mas sem sucesso, em razão de recusa por parte da
instituição bancária.
Ou seja, Excelências, o recorrido, em que pese não ter culpa alguma na desorganização e
má prestação de serviço do recorrido, desgastou-se tentando resolver a situação de forma aigável,
o que não foi possível, causando inúmeros constrangimentos e aborrecimentos ao recorrente, como
houve por bem asseverar a nobre magistrada.
Assim, evidente que a verba indenizatória de meros R$5.000,00 não é capaz de reparar os
danos causados ao recorrente, devendo ser majorada.
A condenação por danos morais deve ter o caráter de atender aos reclamos e anseios de
justiça, não só do cidadão, mas da sociedade como um todo. Na questão de danos morais,
a sentença deve atender ao binômio efetividade-segurança, de tal sorte que as decisões
do judiciário possam proporcionar o maior grau possível de reparação do dano sofrido pela
parte, independentemente do ramo jurídico em que se enquadre o direito postulado
(GUILHERME, L.F.D.V.D. A. Código Civil Comentado e Anotado. Editora Manole, 2017).
Dessa forma, considerando que (i) incontroverso nos autos o ato ilícito e a falha na
prestação do serviço pelo recorrido, (ii) cabalmente demonstrado os transtornos sofridos pelo
recorrente, em razão dos atos praticados pelo recorrido, há de ser reformada a respeitável decisão
para fins de que a verba indenizatória seja majorada, uma vez que a verba fixada em primeiro
grau é irrisória para reparar os danos ocasionados.
IV. PEDIDOS:
Pelas razões acima expostas, requer o provimento do presente recurso para fins de
que seja reformada a respeitável decisão e seja majorada a verba indenizatória fixada pela decisão
de primeiro grau.