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Tarefa II – EMA III

Petição Inicial II – Caso Whatsapp


Alunos: Ana Clara Benevenuto Mattos de Andrade, Ana Clara Wilhelm Carvalho,
Leonardo Dowsley, Fernanda Anuda, Luiza Zalis, Nazira Fortes, Priscilla Horn

EXMO. SR. DR. JUIZ DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL DO


ESTADO DO RIO DE JANEIRO - RJ

Processo n.º xxxxxx-xx.2021.8.19.0001

Fabrícia xxxxx, brasileira, solteira, 17 anos, menor púbere,


estudante, inscrita no CPF sob nº 000.000.000-00, Documento de Identidade
00.000.000-0 endereço eletrônico fabricia.xxxx@xxx.com.br, residente e domiciliada
à rua xxx, nº xxx, apto xxx, bairro xxx, Rio de Janeiro, assistida por sua mãe e
genitora, Marinalva xxxxx, solteira, administradora desempregada, inscrita no CPF
sob nº 000.000.000-00, endereço eletrônico marinalva.xxxx@xxx.com.br, residente
e
domiciliada à rua xxx, nº xxx, apto xxx, bairro xxx, Rio de
Janeiro, vem por seus advogados, integrantes do escritório de advocacia Varo Varo
Advogados, com endereço profissional na Avenida xxx, nº, xxx andar, sala xxx,
CEP xxxxx-xx, Rio de Janeiro, RJ, local onde receberão intimações, com fulcro no
art. 77, V CPC, ajuizar a presente

Ação de Reparação por Dano Moral à Imagem

Em face de Pablo xxxxx, brasileiro, solteiro, caixa de banco,


inscrito no CPF sob nº 000.000.000-00, Documento de Identidade 00.000.000-0,
endereço eletrônico pablito.xxxx@xxxx.com.br, residente e domiciliado nesta cidade,
à rua xxx, nº xxx, apto xxx, bairro xxx, CEP xxxxx-xxx, Rio de Janeiro, RJ, pelos
fatos e fundamentos que a seguir passa a expor:

I. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Com fulcro no art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal, que estabelece que ‘o
Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos’, bem como com base no art. 98, do CPC, solicitar a V.Exa.
que se digne conceder os benefícios da gratuidade de justiça, uma vez que a autora
não possui condições financeiras de arcar com o pagamento de custas processuais
sem prejuízo de seu sustento, na medida em que é estudante e menor de idade,
sendo certo que sua mãe, ora assistente, encontra-se desempregada. A fim de
comprovar o que se alega, a autora apresenta a Carteira de Trabalho e Previdência
Social de titularidade da assistente, além das inclusas declarações de

hipossuficiência.

II. DOS FATOS

A lide tem como escopo um cenário de constrangimento e exposição em que


a autora, Fabrícia, foi alvo de uma conduta não apenas pejorativa, como também
difamatória por parte do réu.

No dia 05.03.21, a autora soube por sua amiga, Margarida, que o réu Pablo -
um homem de 28 anos - vinha espalhando boatos sobre Fabrícia em um grupo de
Whatsapp de que participava, junto com outros 16 amigos homens. Margarida
tomou ciência das mensagens através de seu namorado, Tony, que também
integrava o referido grupo.

De acordo com Tony, Pablo enviou ao grupo uma série de mensagens, nas
quais expunha detalhes sobre supostas relações sexuais que havia tido com
Fabrícia. Nas mensagens enviadas ao grupo, Pablo fez uma série de declarações
mentirosas, afirmando, por exemplo, que havia tirado a virgindade da jovem, bem
como que já havia visto a sua irmã nua. Em uma das mensagens, o réu narrou,
ainda, que a mãe de Fabrícia, assistente nesta demanda, havia flagrado o casal
tendo relações sexuais em sua casa.

Ao tomar ciência do teor das mensagens, Fabrícia ficou inconsolável.


Tamanha era a vergonha e a humilhação que sentia, que a jovem se recusava a sair
de casa para ir ao colégio e até mesmo para encontrar seus amigos. A autora sentia
que todos os seus amigos estavam rindo e comentando sobre ela e, por isso,
passou a evitar os lugares onde poderia encontrá-los.

Reitere-se novamente que jamais existiu qualquer relação íntima entre


Fabrícia e Pablo - nem sem qualquer outro contato neste sentido -, somente falácias
incongruentes com a realidade de fato, o que acabou por gerar significativo abalo
psicológico na autora.

Marinalva, mãe da autora, logo percebeu que a filha parecia extremamente


triste e deprimida. Após ser pressionada por sua mãe, Fabrícia eventualmente lhe
contou sobre o episódio que a atormentava.

III. DO DIREITO

Inicialmente, é de se reconhecer que o ordenamento jurídico brasileiro


resguarda intensamente a dignidade da pessoa humana como fundamento do
Estado Democrático de Direito ao qual a República Federativa do Brasil é instituída,
conforme prevê o art.1º, da Constituição Federal.

Prosseguindo na proteção à pessoa humana, a Constituição Federal


preconiza como direito e garantia fundamental individual em seu art. 5º, inciso X, o
qual dispõe o seguinte:

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem


das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou
moral decorrente de sua violação.

Essas garantias são essenciais – sobretudo na era digital – para impedir que
alguém cause danos injustos a outrem, invada sua intimidade ou ofenda sua honra
ou dignidade.

Ora, diante da análise dos fatos acima expostos, percebe-se que a conduta
do réu, ao inventar e disseminar toda sorte de mentiras sobre Fabrícia, agrediu
virulentamente a honra da autora, provocando consequências nefastas à sua honra
e à sua imagem. Trata-se de franca violação aos direitos da personalidade de
Fabrícia, pelo que Pablo praticou ato ilícito, nos exatos termos do art. 186 do Código
Civil:

Art. 186: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Os danos sofridos pela autora, advindos das declarações vexatórias e


caluniosas do réu a seu respeito, são intuitivos. É inegável que a autora teve
atingida a sua honra e imagem.

Ademais, toda pessoa tem o inequívoco direito de defender a forma como ela
é vista na sociedade (imagem-atributo), insurgindo-se contra toda e qualquer
divulgação não autorizada que prejudique ou atente contra contra a sua boa fama,
proibindo sua divulgação e exigindo sua reparação. Para que se configure a
violação da imagem da pessoa nos termos do artigo 20 do Código Civil, é
necessário que a divulgação não autorizada da imagem atinja “a honra, a boa fama
ou a respeitabilidade”.

Nesse sentido, resta evidente a responsabilidade do réu em indenizar a


autora pelos danos causados, nos termos do art. 927 do Código Civil, o qual dispõe
que “aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.

Ressalta-se também que a obrigação de reparar o dano independentemente


da culpa do réu, conforme o Parágrafo Único do art. 917, do CC, uma vez que a sua
conduta em expor boatos sobre Fabrício em grupo de Whatsapp composto por 17
homens, bem como narrar inúmeros detalhes (mentirosos) sobre supostas relações
sexuais havidas entre ele e Fabricia, se enquadram em atividade desenvolvida
implicar por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

IV. DO DANO MORAL

Sabe-se que a veiculação de textos na internet, nos dias atuais, afeta


diretamente todas as esferas íntimas do ofendido, tendo em vista a celeridade e
ampla propagação que alcançam, principalmente entre os jovens. No caso em tela,
a conversa desfrutada entre os meninos abalou imensamente o cotidiano da
reclamante, uma vez que não foi apenas difamado o seu íntimo, como o de sua

família.

Os abalos psicológicos desenvolvidos por Fabrícia são percebidos


diariamente, principalmente na recusa das refeições, por falta de apetite, e nas idas
ao colégio, que são sempre precedidas por choros e angústias. A jovem, além de
sentir-se humilhada por tamanha exposição, sofre um sentimento de injustiça e
impotência, uma vez que ninguém acredita na inveracidade dos fatos e seus
colegas escolheram se afastar.

Assim, pode-se concluir pela configuração do dano moral, com respaldo no


entendimento do injusto pela doutrina abaixo colacionada:

“Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu
patrimônio. É lesão de bem que integra os direitos da personalidade, como
a honra, a dignidade, intimidade, a imagem, o bom nome, etc., como se
infere dos art. 1o, III, e 5o, V e X, da Constituição Federal, e que acarreta
ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação” (GONÇALVES,
Carlos Roberto, 2009, p.359).

Quanto ao prejuízo moral no qual a Reclamante enfrenta, dano esse imaterial


que está a desencadear doenças psíquicas na vítima, que já apresenta sintomas de
depressão e, por óbvio, não será sanado em curto prazo, pode ser compensado e
amenizado com uma reparação monetária. O ato ilícito causado por terceiro tem
redação no Art. 186 do Código Civil:

Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,

violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,


comete ato ilícito.

Outrossim, o Art. 5°, X da CF assegura o direito à reparação pelo dano moral


causado na vítima decorrente de um ato ilícito:

São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação.

Nesse sentido, enfatiza-se que é imprescindível a imposição da indenização


por danos morais, tendo em vista o cristalino cometimento de ato ilícito por Pablo
xxx e as consequentes instabilidades na saúde psíquica da Reclamante que vem
desenvolvendo transtornos e abalos emocionais provocados por esse fato.

V. DOS PEDIDOS

Diante do exposto, a Reclamante requer o julgamento de total procedência da


demanda, para:

a. Requerer a concessão do benefício da Gratuidade de Justiça nos termos do


art.5º, LXXIV, da Constituição Federal, e do art. 98, CPC;

b. A Reclamante informa, desde já, o desinteresse na realização da ação de


conciliação.

c. Requerer a citação do Reclamado para apresentar o interesse pela audiência


de conciliação, com base no art.334, do CPC.

d. A total procedência da demanda, no sentido de se reconhecer o ato ilícito


cometido pelo Reclamado.

e. Reconhecer o pagamento de R$ 100.000 (cem mil reais) por danos morais


sofridos pela Reclamante;

f. Que o Reclamado seja condenado a pagar, além das verbas supracitadas, as


custas processuais, e honorários advocatícios de 20% sobre a condenação,
e, que haja incidência de juros de mora e correção monetária dos pedidos
consignados na presente;
g. Reconhecer a indenização por parte do Reclamado por colocar a autora, bem
como sua mãe, expostas aos sérios riscos de contaminação pelo vírus
COVID-19, por serem obrigadas a sair a rua e pegar transportes públicos
para buscar soluções e advogados.

Protesta-se por provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em


direito, em especial provas documentais e testemunhais.

Dá-se à causa o valor de R$10.000,00 (cem mil reais).

Nestes termos,

Pede deferimento.

Rio de Janeiro, 19 de março de 2021.

Advogada – xxxx

OAB/RJ – xxxx

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