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Superior Tribunal de Justiça

AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.450.490 - GO (2014/0096806-7)

RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN


AGRAVANTE : ESTADO DE GOIÁS
PROCURADORA : CARLA PINHEIRO BESSA VON BENTZEN E OUTRO(S)
AGRAVADO : RUBENS MASCARENHAS BRANDÃO
ADVOGADOS : JULIANA FERREIRA E SANTOS E OUTRO(S)
THIAGO MORAES
EMENTA

ADMINISTRATIVO. AÇÃO DE COBRANÇA. REQUERIMENTO


ADMINISTRATIVO. SUSPENSÃO DA CONTAGEM DO PRAZO
PRESCRICIONAL. PRESCRIÇÃO AFASTADA. ART. 4º, PARÁGRAFO
ÚNICO, DO DECRETO 20.910/1932.
1. Hipótese em que o Tribunal local consignou que "o prazo prescricional
aplicável às ações de cobrança contra a Fazenda Pública é de cinco anos" e que
"a formulação de pedido administrativo suspende a fluência do prazo extintivo,
nos moldes do art. 4º do Decreto n° 20.910/32".
2. Esta Corte Superior vem decidindo que o requerimento administrativo
formulado ainda dentro do prazo prescricional de cinco anos suspende a
prescrição, nos termos do artigo 4º do Decreto 20.910/1932, não podendo a parte
ser apenada pela demora da Administração em reconhecer ou não seu pedido.
3. Ademais, o STJ consolidou o entendimento de que, tendo sido a prescrição
interrompida no curso de um processo administrativo, o prazo prescricional não
volta a fluir de imediato, mas apenas "do último ato ou termo do processo",
consoante dicção do art. 9º, in fine, do Decreto 20.910/32.
4. Agravo Regimental não provido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,


acordam os Ministros da SEGUNDA Turma do Superior Tribunal de Justiça: "A Turma, por
unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do(a) Sr(a).
Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Og Fernandes, Mauro Campbell Marques
(Presidente), Assusete Magalhães e Humberto Martins votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília, 07 de agosto de 2014(data do julgamento).

MINISTRO HERMAN BENJAMIN


Relator

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AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.450.490 - GO (2014/0096806-7)

RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN


AGRAVANTE : ESTADO DE GOIÁS
PROCURADORA : CARLA PINHEIRO BESSA VON BENTZEN E OUTRO(S)
AGRAVADO : RUBENS MASCARENHAS BRANDÃO
ADVOGADOS : JULIANA FERREIRA E SANTOS E OUTRO(S)
THIAGO MORAES

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO HERMAN BENJAMIN (Relator): Trata-se


de Agravo Regimental contra decisão que negou seguimento ao Recurso Especial interposto
pelo Estado de Goiás (fls. 655-660, e-STJ).
O insurgente, em breve síntese, alega que houve duas ações judiciais e que a
segunda demanda não pode ter o condão de suspender o prazo prescricional da primeira.
Pugna pela reconsideração da decisão agravada ou pelo provimento, pelo
colegiado, do Agravo Regimental.
É o relatório.

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AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.450.490 - GO (2014/0096806-7)

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO HERMAN BENJAMIN (Relator): Os autos


foram recebidos neste Gabinete em 13.6.2014.
O Agravo Regimental não merece prosperar, pois a ausência de argumentos
hábeis para alterar os fundamentos da decisão ora agravada torna incólume o entendimento
nela firmado. Portanto não há falar em reparo na decisão.
Conforme consignei no decisum, ao dirimir a controvérsia, o Tribunal de origem
assim consignou (fls. 528-534, e-STJ, grifei):

"Na espécie, a pretensão do autor em ver incorporada a verba de


representação aos seus proventos surgiu na data de sua aposentadoria, ou seja,
em 18/05/1988, contando-se, a partir daí, o prazo prescricional.
Ocorre que, com a formulação do pedido administrativo,
suspendeu-se a fluência do prazo extintivo, nos moldes do art. 4o do Decreto
n° 20.910/32:
(...)
Desse modo, noto que, a partir da contagem até o momento inicial
de sua suspensão, o prazo prescricional transcorrera apenas dois anos
(aproximadamente) e, assim, permaneceu até a decisão administrativa, proferida
em 19/03/1998, que reconheceu o direito do autor, sem, todavia, emprestar-lhe
efeitos retroativos.
Esse reconhecimento por parte da Administração Pública, sem
dúvidas, interrompeu a fluência do prazo prescricional, segundo dispunha, à época,
o art. 172, inciso V, do CC/16.
Interrompido, assim, o prazo da prescrição, sua contagem pela
metade não reiniciou, de imediato, visto que o processo administrativo não
alcançou o termo final, isto é, a deliberação definitiva, consoante exige o art. 9o
do Decreto n° 20.910/32. É dizer, em seguida ao ato interruptivo
supramencionado, sobreveio a impetração do primeiro mandado de
segurança e, após nova decisão administrativa, o segundo mandamus, cujo
trânsito em julgado ocorrera somente em 18/10/2010, advindo a propositura
da presente ação em 2012.
(...)
Ademais, urge anotar que o autor não se mostrou desidioso
quanto ao exercício de seu direito, impedindo assim o reconhecimento da
prescrição. Vale lembrar que seu direito somente implementou-se totalmente a
partir do trânsito em julgado do segundo mandado de segurança, ocasião
em que se pôs fim a celeuma travada no processo administrativo.

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Com efeito, por todos os ângulos, não há como reconhecer
prescrita qualquer parcela da verba salarial cobrada pelo demandante,
merecendo, pois, reforma a sentença recorrida, neste particular".

Tal posicionamento está em consonância com o entendimento desta Corte


Superior, que vem decidindo que o requerimento administrativo formulado ainda dentro do
prazo prescricional de cinco anos suspende a prescrição, nos termos do artigo 4º do Decreto
20.910/1932, não podendo a parte ser apenada pela demora da Administração em
reconhecer ou não seu pedido.
Nesse sentido, são os seguintes julgados:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. SERVIDOR


PÚBLICO. PRESCRIÇÃO. REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO.
SUSPENSÃO DO PRAZO. ART. 4º, PARÁGRAFO ÚNICO, DO DECRETO
N.º 20.910/32.
1. O requerimento administrativo suspende o lapso prescricional,
nos termos do art. 4.º do Decreto n.º 20.910/32, reiniciando a contagem do prazo
na data da negativa do pedido. Precedentes.
2. Agravo regimental não provido (AgRg no REsp 1308900/SP,
Rel. Ministro Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, DJe 21/8/2012).

PROCESSUAL CIVIL. SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL.


ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. PRESTAÇÕES DE TRATO
SUCESSIVO. PRESCRIÇÃO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 85/STJ. PEDIDO
ADMINISTRATIVO. SUSPENSÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL.
1. A decisão agravada foi baseada na jurisprudência assente nesta
Corte, quanto à aplicabilidade da Súmula 85/STJ, na hipótese em que servidor
público pretende o recebimento de adicional de insalubridade, por se tratar de
prestação de trato sucessivo.
2. Apesar do pedido inicial se restringir aos anos de 1990 a 1995, e
a ação somente ter sido ajuizada em 2001, verifica-se que, conforme consignado
no acórdão recorrido, houve pedido administrativo formulado pelo recorrido para o
reconhecimento dos respectivos adicionais, sem que houvesse conhecimento do
seu desfecho até a propositura da ação. Sendo assim, é de se reconhecer a
suspensão do prazo prescricional na espécie, pelo que incabível o decreto da
prescrição.
3. Agravo regimental não provido (AgRg no AREsp 4.473/SP,
Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe
29/6/2011).

Ademais, esta Corte Superior consolidou o entendimento de que, "tendo sido a

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prescrição interrompida no curso de um processo administrativo, o prazo prescricional não
volta a fluir de imediato, mas apenas "do último ato ou termo do processo", consoante dicção
do art. 9º, in fine, do Decreto 20.910/32".
Cito precedente:

RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE


CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ N.º 08/2008.
ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. INCORPORAÇÃO
DE QUINTOS. MEDIDA PROVISÓRIA N.º 2.225-45/2001. PERÍODO DE
08.04.1998 A 05.09.2001. MATÉRIA JÁ DECIDIDA NA SISTEMÁTICA DO
ART. 543-C DO CPC. POSSIBILIDADE EM ABSTRATO. AUSÊNCIA DE
INTERESSE PROCESSUAL NO CASO CONCRETO. RECONHECIMENTO
ADMINISTRATIVO DO DIREITO. AÇÃO DE COBRANÇA EM QUE SE
BUSCA APENAS O PAGAMENTO DAS PARCELAS DE RETROATIVOS
AINDA NÃO PAGAS.
(...)
6. Interrompido o prazo, a prescrição volta a correr pela
metade (dois anos e meio) a contar da data do ato que a interrompeu ou do
último ato ou termo do respectivo processo, nos termos do que dispõe o art.
9º do Decreto n.º 20.910/32. Assim, tendo sido a prescrição interrompida no
curso de um processo administrativo, o prazo prescricional não volta a fluir
de imediato, mas apenas "do último ato ou termo do processo", consoante
dicção do art. 9º, in fine, do Decreto 20.910/32.
(...)
(REsp 1.270.439/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA,
PRIMEIRA SEÇÃO, DJe 2/8/2013).

Dessume-se que o acórdão recorrido está em sintonia com o atual


entendimento deste Tribunal Superior, razão pela qual não merece prosperar a irresignação.
Incide, in casu, o princípio estabelecido na Súmula 83/STJ: "Não se conhece do Recurso
Especial pela divergência, quando a orientação do Tribunal se firmou no mesmo sentido da
decisão recorrida."
Cumpre ressaltar que a referida orientação é aplicável também aos recursos
interpostos pela alínea "a" do art. 105, III, da Constituição Federal de 1988. Nesse sentido:
REsp 1.186.889/DF, Segunda Turma, Relator Ministro Castro Meira, DJe de 2.6.2010.
Ausente a comprovação da necessidade de retificação a ser promovida na

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decisão agravada, proferida com fundamentos suficientes e em consonância com entendimento
pacífico deste Tribunal, não há prover o Agravo Regimental que contra ela se insurge.
Por tudo isso, nego provimento ao Agravo Regimental.
É como voto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA

AgRg no
Número Registro: 2014/0096806-7 REsp 1.450.490 / GO

Números Origem: 17008720128090051 17008720128090051120 17008787 201291700870 5037590

PAUTA: 07/08/2014 JULGADO: 07/08/2014

Relator
Exmo. Sr. Ministro HERMAN BENJAMIN
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. MARIA CAETANA CINTRA SANTOS
Secretária
Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ESTADO DE GOIÁS
PROCURADORA : CARLA PINHEIRO BESSA VON BENTZEN E OUTRO(S)
RECORRIDO : RUBENS MASCARENHAS BRANDÃO
ADVOGADOS : JULIANA FERREIRA E SANTOS E OUTRO(S)
THIAGO MORAES

ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Servidor


Público Civil - Sistema Remuneratório e Benefícios - Gratificações de Atividade

AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : ESTADO DE GOIÁS
PROCURADORA : CARLA PINHEIRO BESSA VON BENTZEN E OUTRO(S)
AGRAVADO : RUBENS MASCARENHAS BRANDÃO
ADVOGADOS : JULIANA FERREIRA E SANTOS E OUTRO(S)
THIAGO MORAES

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do
voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)."
Os Srs. Ministros Og Fernandes, Mauro Campbell Marques (Presidente), Assusete
Magalhães e Humberto Martins votaram com o Sr. Ministro Relator.

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