Você está na página 1de 48

ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO E

OPERAÇÕES

Aula 4: Arranjo Físico e Fluxo

Fabrício Oliveira Leitão


fabricioleitaoadm@unb.br
ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO E
OPERAÇÕES

CONTEÚDO:
1- O que é arranjo físico e como ele pode influenciar o desempenho.
2- Tipos básicos de arranjo físico.
3- Como cada tipo básico de arranjo físico deve ser projetado em
detalhe. Método dos Elos.
BIBLIOGRAFIA:
SLACK, N.; BRANDON-JONES, A.; JOHNSTON, R. Administração da
Produção. 8. Rio de Janeiro, Atlas 2018. Recurso online. ISBN 9788597015386
1- O que é arranjo físico e como ele pode influenciar o
desempenho.

O arranjo físico de uma operação diz respeito ao posicionamento


físico de suas pessoas e instalações.

Geralmente, o arranjo físico é aquilo que a maioria de nós observa


primeiro ao entrar em uma unidade produtiva, porque ele
determina a aparência da operação.

Arranjo físico significa decidir onde colocar todas as instalações,


mesas, máquinas, equipamento e pessoas da operação. Também
trata da aparência física de uma operação em sentido mais amplo.

Mudança de local dos produtos em um supermercado, de salas em


um centro esportivo, na localização de uma máquina em uma
fábrica – podem afetar o fluxo ao longo da operação, o que, por
sua vez, pode afetar seus custos e a eficácia geral da operação.
1- O que é arranjo físico e como ele pode influenciar o
desempenho.

CASO – Volkswagen e Google são pioneiras em novos tipos de


arranjo físico
1- O que é arranjo físico e como ele pode influenciar o
desempenho.

O que torna um arranjo físico bom:

■Segurança contra riscos acidentais – os acessos devem ser


claramente definidos e livres e a sinalização clara e não ambígua.
■Segurança contra riscos intencionais –garantir que qualquer um com
intenções maliciosas não possa obter acesso a funcionários, clientes ou
instalações.
■Extensão do fluxo –minimizar a distância percorrida pelos recursos em
transformação. Porém, isso nem sempre acontece. Nos supermercados,
os objetivos do arranjo físico podem compreender o incentivo para os
clientes “fluírem” em determinadas alas a fim de aumentar as vendas.
■Minimizar atrasos – os atrasos podem ser causados por rotas
demasiadamente longas pelo arranjo físico.
■Reduzir o trabalho em andamento –o arranjo físico pode ser usado
deliberadamente para limitar a capacidade de acúmulo de itens.
1- O que é arranjo físico e como ele pode influenciar o
desempenho.

O que torna um arranjo físico bom:

■Clareza do fluxo – todo o fluxo de materiais e clientes deverá ser bem


sinalizado, claro e evidente, tanto para funcionários quanto para clientes.
■Condições dos funcionários –os funcionários devem ficar localizados
longe de partes barulhentas ou desagradáveis da operação e oferecer um
ambiente de trabalho ventilado, iluminado e, quando possível, agradável.
■Comunicação – projetar para promover encontros casuais entre os
funcionários, o que pode levar à formulação de ideias criativas.
■Coordenação da administração – supervisão e comunicação deverão
ser assistidas pela localização relativa do pessoal.
■Acessibilidade – todas as máquinas e equipamentos deverão ser
acessíveis para a devida inspeção, limpeza e manutenção.
■Uso do espaço – deverão proporcionar uso apropriado do espaço total
disponível na operação (incluindo a altura e o espaço do piso).
1- O que é arranjo físico e como ele pode influenciar o
desempenho.

O que torna um arranjo físico bom:

■Uso do capital – o investimento de capital deverá ser minimizado


(coerentemente com outros objetivos) quando se finaliza o arranjo físico.
■Flexibilidade a longo prazo – os arranjos físicos precisam ser
alterados periodicamente, à medida que mudam as necessidades da
operação. Por exemplo, se há potencial de aumento da demanda para um
produto ou serviço, o arranjo físico foi projetado para acomodar uma
expansão futura?
■Imagem –a aparência de um arranjo físico pode ser usada como
tentativa deliberada de estabelecer a marca de uma empresa.
2- Tipos básicos de arranjo físico.

Os arranjos físicos mais práticos são derivados apenas de quatro tipos


básicos. São eles:

■Arranjo físico de posição fixa (posicional).

■Arranjo físico funcional.

■Arranjo físico celular.

■Arranjo físico em linha (ou “por produto”).


2- Tipos básicos de arranjo físico.

Arranjo Físico Posicional

O produto ou o sujeito do serviço é muito grande para ser


movido ou está em estado muito delicado para ser
deslocado.

➢ O produto a ser transformado fica parado. A


movimentação fica por conta dos recursos
transformadores.
E
A C

D B
2- Tipos básicos de arranjo físico.

Arranjo Físico Posicional

Exemplos:

➢ Construção de uma rodovia;

➢ Cirurgia de coração;

➢ Restaurantes de alta classe;

➢ Construção de um navio.
2- Tipos básicos de arranjo físico.

Arranjo Físico Posicional

Exemplo:

➢ Produto parado é muito grande e difícil de ser movido;

➢ Recursos e pessoas se movimentam.


2- Tipos básicos de arranjo físico.

Arranjo Físico Funcional

Os recursos ou processos semelhantes estão localizados


juntos. Isso pode ocorrer porque é conveniente agrupá-
los ou porque a utilização dos recursos de
transformação é melhorada. Isso significa que, quando
produtos, informações ou clientes fluem pela operação,
eles percorrem um roteiro de atividade a atividade, de
acordo com suas necessidades.

Diferentes produtos ou clientes terão diferentes


necessidades e, portanto, percorrerão diferentes rotas.
2- Tipos básicos de arranjo físico.

Arranjo Físico Funcional

Hospital – alguns processos (por exemplo, aparelhos de raios X e


laboratórios) são necessários a um grande número de pacientes;
alguns processos (por exemplo, enfermarias) podem atingir altos
níveis de utilização de leitos e profissionais.
2- Tipos básicos de arranjo físico.

Arranjo Físico Funcional

Biblioteca – possui diferentes tipos de usuários, com padrões de


tráfego diferentes.
2- Tipos básicos de arranjo físico.

Arranjo Físico Celular

Em um arranjo físico celular, os recursos transformados que entram


na operação são pré-selecionados para irem a uma parte da
operação (ou célula) em que todos os recursos de transformação
estão localizados para atender às necessidades de processamento
imediato.

Após serem processados na célula, os recursos transformados podem


seguir para outra célula. De fato, o arranjo físico celular é uma
tentativa de pôr alguma ordem na complexidade do fluxo que
caracteriza o arranjo físico funcional.

Exemplos de arranjos físicos celulares:


2- Tipos básicos de arranjo físico.

Arranjo Físico Celular

■Fabricação de certos componentes do computador –podem necessitar


de uma área especial dedicada à fabricação de peças para um cliente
específico que tenha exigências especiais, como níveis de qualidade
elevados.
■Área para produtos de lanches rápidos em um supermercado – alguns
clientes usam o supermercado apenas para comprar sanduíches,
salgadinhos, refrigerantes, iogurte etc. para consumo imediato. Esses
produtos estão frequentemente próximos uns dos outros, de forma que o
consumidor não necessite percorrer o supermercado para encontrá-los.
■Maternidade em um hospital – as clientes que necessitam de
atendimento em maternidade formam um grupo bem definido que pode
ser tratado junto e provavelmente não precisarão de cuidados de outras
instalações do hospital, ao mesmo tempo em que requerem cuidados
específicos de maternidade.
2- Tipos básicos de arranjo físico.

Arranjo Físico Celular

Figura 7.5 Piso térreo de loja de departamentos mostrando uma


“célula de loja-dentro-da-loja” no arranjo físico do restante da loja.
2- Tipos básicos de arranjo físico.

Arranjo Físico em Linha (Por Produto)

Consiste em localizar os recursos de transformação inteiramente


segundo uma conveniência melhor dos recursos transformados.
Cada produto ou cliente segue um roteiro predefinido no qual a
sequência de atividades requerida coincide com a sequência na
qual os processos foram arranjados fisicamente.

Os recursos transformados seguem um “fluxo” ao longo da “linha”


de processos, de acordo com as necessidades de seu “produto”. O
fluxo é claro, previsível e, assim, relativamente fácil de controlar.

Alguns exemplos de arranjo físico por linha de produto:


2- Tipos básicos de arranjo físico.

Arranjo Físico em Linha (Por Produto)

■Linha de montagem de automóveis – quase todas as variantes do


mesmo modelo requerem a mesma sequência de processos.

■Programa de imunização em massa – todos os clientes requerem a


mesma sequência de atividades administrativas, médicas e de
aconselhamento.

■Restaurante self-service – geralmente, a sequência de serviços


requeridos pelo cliente (entrada, prato principal, bebidas, sobremesa) é
comum para todos os clientes, mas o arranjo físico auxilia também a
manter controle sobre o fluxo de clientes.
2- Tipos básicos de arranjo físico.

Arranjo Físicos Mistos

Figura 7.7 Complexo de restaurantes com todos os quatro tipos


básicos de arranjo físico.
2- Tipos básicos de arranjo físico.

Que tipo de Arranjo Físico uma Operação deve Escolher?


3- Como cada tipo básico de arranjo físico deve ser projetado
em detalhe. Método dos Elos.

Método dos elos

Tem como norte o estabelecimento dos principais pares de postos de


trabalho envolvidos no processamento do produto ou no
andamento dos documentos, identificando-se os elos ou postos
mais solicitados, normalmente colocados em posições centrais.

Adotando-se o método dos elos, é possível minimizar a


movimentação de produtos, processos, documentos ou pessoas,
entre os vários postos de trabalho envolvidos, tornando mais
racional o fluxo de trabalho.

Seis etapas devem ser seguidas.


Método dos elos

Para se desenvolver um estudo de layout, por meio do método dos


elos é indispensável os seguintes procedimentos:

1- Identificação dos tipos de processamento que existem no órgão


estudado, definindo:

a) os postos de trabalho envolvidos: 10 postos de trabalho.

b) as respectivas quantidades médias: 20, 30, 40, 15, 10.

c) por processo de trabalho: A, B, C, D, E.


Método dos elos

1- Exemplo: encontramos, num órgão de planejamento de


material de um departamento de uma grande empresa,
10 postos de trabalho, nos quais foram identificados 5
tipos de processos, cujos dados, no trimestre foram:

Tipo Processo de trabalho Quantidade média

A Elaboração de instrumentos executivos normativos 20

B Elaboração do plano de trabalho e orçamento do 30


departamento

C Elaboração do programa de importação da empresa 40

D Contratação de transporte porta a porta 15

E Pré-qualificação de fornecedores 10
Método dos elos

2- Em seguida, definir a sequência dos postos de trabalho,


sendo em nosso exemplo hipotético a seguinte:

Tipo A: 1 – 2 – 5 – 8 – 10

Tipo B: 1 – 2 – 4 – 6 – 7 – 10

Tipo C: 1 – 3 – 4 – 5 – 7 – 9 – 10

Tipo D: 1 – 3 – 4 – 6 – 7 – 8 – 10

Tipo E: 1 – 2 – 4 – 5 – 7 – 9 – 10
Método dos elos

3- Com os dados constantes dos itens 1 e 2, montamos o


quadro dos elos, colocando em cada coluna os tipos de
processos identificados.

Tipo A (20) Tipo B (30) Tipo C (40) Tipo D (15) Tipo E (10)
Postos Elos Postos Elos Postos Elos Postos Elos Postos Elos
Método dos elos

3- Com os dados constantes dos itens 1 e 2, montamos o


quadro dos elos, colocando em cada coluna os tipos de
processos identificados.

Tipo A (20) Tipo B (30) Tipo C (40) Tipo D (15) Tipo E (10)
Postos Elos Postos Elos Postos Elos Postos Elos Postos Elos

1 1 1 1 1

2 2 3 3 2
5 4 4 4 4
8 6 5 6 5
10 7 7 7 7
10 9 8 9

10 10 10
Método dos elos

3- Com os dados constantes dos itens 1 e 2, montamos o


quadro dos elos, colocando em cada coluna os tipos de
processos identificados.

Tipo A (20) Tipo B (30) Tipo C (40) Tipo D (15) Tipo E (10)
Postos Elos Postos Elos Postos Elos Postos Elos Postos Elos

1 1 1 1 1

2 1,2 2 1,2 3 1,3 3 1,3 2 1,2


5 2,5 4 2,4 4 3,4 4 3,4 4 2,4
8 5,8 6 4,6 5 4,5 6 4,6 5 4,5
10 8,10 7 6,7 7 5,7 7 6,7 7 5,7
10 7,10 9 7,9 8 7,8 9 7,9

10 9,10 10 8,10 10 9,10


4- O quadro dos elos permitirá a elaboração do quadro das frequências,
retratando o número de vezes que cada elo ocorre no período considerado.

Elos Processos Total


A (20) B (30) C (40) D (15) E (10)

Total
Elos Processos Total
A (20) B (30) C (40) D (15) E (10)
1-2
2-5
5-8
8-10
2-4
4-6
6-7
7-10
1-3
3-4
4-5
5-7
7-9
9-10
7-8
Total
Elos Processos Total
A (20) B (30) C (40) D (15) E (10)
1-2 20 30 10
2-5 20
5-8 20
8-10 20 15
2-4 30 10
4-6 30 15
6-7 30 15
7-10 30
1-3 40 15
3-4 40 15
4-5 40 10
5-7 40 10
7-9 40 10
9-10 40 10
7-8 15
Total
Elos Processos Total
A (20) B (30) C (40) D (15) E (10)
1-2 20 30 10 60
2-5 20 20
5-8 20 20
8-10 20 15 35
2-4 30 10 40
4-6 30 15 45
6-7 30 15 45
7-10 30 30
1-3 40 15 55
3-4 40 15 55
4-5 40 10 50
5-7 40 10 50
7-9 40 10 50
9-10 40 10 50
7-8 15 15
Total
Elos Processos Total
A (20) B (30) C (40) D (15) E (10)
1-2 20 30 10 60
2-5 20 20
5-8 20 20
8-10 20 15 35
2-4 30 10 40
4-6 30 15 45
6-7 30 15 45
7-10 30 30
1-3 40 15 55
3-4 40 15 55
4-5 40 10 50
5-7 40 10 50
7-9 40 10 50
9-10 40 10 50
7-8 15 15
Total 80 150 240 90 60
Elos Processos Total
A (20) B (30) C (40) D (15) E (10)
1-2 20 30 10 60
2-5 20 20
5-8 20 20
8-10 20 15 35
2-4 30 10 40
4-6 30 15 45
6-7 30 15 45
7-10 30 30
1-3 40 15 55
3-4 40 15 55
4-5 40 10 50
5-7 40 10 50
7-9 40 10 50
9-10 40 10 50
7-8 15 15
Total 80 150 240 90 60 620
Método dos elos

5- Na sequência, com base no quadro das frequências, podemos


construir o quadro das solicitações, traduzindo o número de cada
posto de trabalho, no período analisado.

Horizontal = postos de trabalho em ordem crescente;

Vertical = postos de trabalho em ordem decrescente.


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

10

9
-----------

8
------------------------

7
--------------------------------------

6
----------------------------------------------------

5
------------------------------------------------------------------

4
---------------------------------------------------------------------------------

3
-----------------------------------------------------------------------------------------------

2
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------

1
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

10 30 35 50

9 50
-----------

8 20 15
------------------------

7 50 45
--------------------------------------

6 45
----------------------------------------------------

5 20 50
------------------------------------------------------------------

4 40 55
---------------------------------------------------------------------------------

3 55
-----------------------------------------------------------------------------------------------

2 60
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------

1
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

10 30 35 50 115

9 50 100
-----------

8 20 15 70
------------------------

7 50 45 190
--------------------------------------

6 45 90
----------------------------------------------------

5 20 50 140
------------------------------------------------------------------

4 40 55 190
---------------------------------------------------------------------------------

3 55 110
-----------------------------------------------------------------------------------------------

2 60 120
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------

1 115
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Método dos elos

A somatória do quadro das solicitações necessariamente


tem que ser o dobro do valor do quadro das frequências.

Somatória = 115 + 120 + 110 + 190 + 140 + 90 + 190 + 70 +


100 + 115 = 1240.

Caso o valor do quadro das solicitações não seja o dobro


do valor do quadro das frequências é necessário voltar
nas tabelas anteriores para saber onde houve erro.
Método dos elos

6 - Do trabalho desenvolvido após o exame do quadro das


solicitações, pode-se tirar as seguintes conclusões,
resumidamente, para a montagem final do arranjo físico.

➢ Os postos 4 e 7 são os mais solicitados, totalizando cada


um 190 solicitações. Idealmente, esses postos devem
ocupar posições centrais na composição final do layout.

➢ Os postos 1 e 10, em que se iniciam e terminam os


processos, devem ser colocados, respectivamente,
próximos à entrada e saída de produtos, documentos e
processos.

➢ As principais ligações dos postos 4 e 7, os mais


solicitados, devem ser colocadas próximas a eles.
FIM DA AULA 4

NOS ENCONTRAMOS NOS VÍDEOS DA AULA 5

Você também pode gostar