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Departamento de Engenharia Mecânica - PUC–Rio

Fenômenos de Transporte

EXERS DE TRANSMISSÃO DE CALOR


Trocadores de Calor

Prof. Washington Braga

1. Um trocador de calor de duplo tubo, de correntes opostas, deve ser


utilizado para aquecer água de 20 oC a 80oC, à taxa de 1,2 kg / s. O aquecimento
deverá ser feito utilizando água de uma fonte geotérmica, Cp = 4310 J / kg.K,
disponível a 160oC e a uma taxa de 2 kg / s. O tubo interno é de paredes finas e
tem diâmetro de 1,5 cm. Se o coeficiente global de troca de calor no trocador
for de 640 W∕m2.K, determine o comprimento necessário para que o trocador
atinja o aquecimento necessário.

Solução. A representação do trocador é a mostrada abaixo:

Os dados fornecidos permitem-nos montar a seguinte tabela:

O primeiro passo será a determinação da temperatura da corrente quente na


saída do trocador. Como temos todos os dados da corrente fria, podemos
calcular o calor trocado. Com as hipóteses habituais (fluido incompressível,
propriedades constantes), temos:
q fria  mc
 p T  1, 2  4184  (80  20)  301, 2kW
Como este é também o calor liberado pela corrente quente, segue:
qquente
qquente  mc
 p T  Tq,s  Tq,e 
mc
 p  quente

Resolvendo, obtemos que Tq,e = 125 C. Temos agora as quatro temperaturas.


o

Com isto, poderemos determinar a diferença média logarítmica:


T1  Tq,e  Tf ,s  160  80  80o C
T2  Tq,s  Tf ,e  125  20  105o C
T2  T1
Tln   92o C
 T 
ln  2 
 T1 
Pela definição do calor trocado:
q
q  UATln  A   5,11m2
U  Tln
Como temos um trocador de duplo tubo, a área de troca é determinada pelo
produto do perímetro pelo comprimento. Assim, este último vale:
A
L  s  108, 6m
D

Obs: este é um valor obviamente fora da realidade. É mais razoável usarmos


trocadores de outro tipo, como carcaça e tubos com múltiplos passes, por
exemplo.

2. Um trocador de carcaça e tubos (2 passes na carcaça e 4 passes nos tubos)


é usado para aquecer glicerina de 20oC a 50oC utilizando água quente, que entra
nos tubos de 2 cm de diâmetro, a 80 oC e sai a 40oC. O comprimento total dos
tubos no trocador de calor é 60 m. O coeficiente de troca de calor no lado da
glicerina (que escoa pela carcaça) vale 25 W∕m 2.K e o coeficiente de troca de
calor dentro dos tubos (escoamento da água) vale 160 W∕m 2.K. Determine a
taxa de troca de calor através do equipamento (a) antes do depósito de
fuligem e (b) após o depósito de fuligem, com um fator de 0,0006 m 2.C / W,
ocorrendo em uma das faces dos tubos.

Solução. O esquema deste trocador é mostrado abaixo.


As temperaturas são todas conhecidas, como pode ser visto na tabela:

Como temos informações sobre os dois coeficientes de troca de calor (no lado
dos tubos e da carcaça), poderemos calcular o coeficiente global de troca de
calor:
1
U
1 1
  Ffuligem
htubos hcarcaça
A equação acima é correta com o argumento que a espessura dos tubos é
pequena (resistência interna equivalente à condução nas paredes dos tubos é
desprezível). Vamos ter, então, dois resultados: o primeiro, sem a influência
da fuligem e o segundo, com esta influência. Os resultados são:
- sem a fuligem: U = 21,6 W∕m2.K
- com a fuligem: U = 21,3 W∕m2.K

A determinação da temperatura média logarítmica segue pela sua própria


definição:
T1  Tq,e  Tf ,s  80  50  30o C
T2  Tq,s  Tf ,e  40  20  20o C
T1  T2
TLn   24, 7o C
T
ln  1 

  T2

Como este não é um trocador de tubos concêntricos, precisamos determinar o


fator de correção que depende do tipo e dos parâmetros P e R, definidos
abaixo:
t 2  t1
P
T1  t1
T1  T2
R
t 2  t1
Pela nomenclatura, T indica as temperaturas do fluido que passa pela carcaça e
t indica as temperaturas do fluido que circula nos tubos. No caso deste
problema, temos a glicerina pela carcaça e a água pelos tubos. Com isto,
obtemos P = 0,67, R = 0,75. Do gráfico para um trocador com dois passes na
carcaça e quatro passes nos tubos, temos que F = 0,91.

Finalmente, poderemos calcular o calor trocado:


q  U  As  F  TLn
 1829, 4W
Considerando a fuligem, este valor é reduzido ligeiramente:
q  U  As  F  TLn
 1806W

Resolução via método da efetividade – NTU:

3. Água fria a 20oC e 5000 kg / h deve ser aquecida por água quente disponível
a 80oC e 10000 kg / h. Após seleção em um catálogo de um fabricante de
trocadores de calor do tipo carcaça e tubos, um trocador com UA (produto do
coeficiente global de troca de calor pela área) = 11600 W∕K é utilizado.
Determine a temperatura de saída da água quente.

Solução. Este problema será resolvido inicialmente pelo método da diferença


média logarítmica de temperaturas e depois pelo método da efetividade.

Método da Diferença Média Logarítmica de Temperaturas.

De uma tabela de propriedades, podemos determinar:


- água a 20oC: cp =4181 J / kg.K; k = 0,606 W∕m.K; Pr = 6,62
- água a 80oC: cp =4199 J / kg.K; k = 0,671 W∕m.K; Pr = 2,14

Com as informações conhecidas, podemos montar a seguinte tabela:


Como podemos ver, precisamos das duas temperaturas na saída. O problema
será iterativo. Vamos supor que a temperatura da saída da corrente fria seja
conhecida. Com esta informação, o balanço de energia irá determinar a
temperatura da saída da outra corrente e o calor trocado. Com as quatro
temperaturas determinadas, teremos a diferença média logarítmica de
temperaturas, os parâmetros P e R (que dependem das 4 temperaturas) e que
irão determinar o fator de correção F, teremos um outro valor
(potencialmente) para o calor trocado, pois o produto UA é conhecido.

Se os dois valores calculados para o calor trocado coincidirem, a temperatura


inicialmente arbitrada para a temperatura da saída da corrente fria estará
correta. Caso contrário, teremos uma iteração. Vamos ver o processo.

Ao final de 5 ou 6 iterações, obtemos a nossa resposta (dentro de uma pequena


tolerância, claro). Como pode ser visto, o processo pode ser bastante
cansativo e monótono.

Método da Efetividade – NTU:

4. Um trocador de calor do tipo carcaça e tubos (dois passes na carcaça e


quatro passes nos tubos) é usado para aquecer 10 000 kg / h de água
pressurizada de 35 a 120 oC com 5000 kg / h de água entrando no trocador a
300 oC. (a) Se o coeficiente global de troca de calor for igual a 1500 W∕m 2.K,
determine a área de troca necessária. (a) Após alguns anos de uso, observa-se
que a temperatura de saída da corrente fria está atingindo apenas 95 oC, ao
invés dos 120oC para o projeto. Determine o fator de fuligem que reduz a
eficiência do trocador.

Solução. O esquema deste trocador é mostrado abaixo:

Na primeira fase, o problema pode ser apresentado pela tabela:

Obs: os valores dos calores específicos foram obtidos em alguma temperatura


média; estão sujeitos a eventuais correções.

Através do balanço de energia, obtemos que Tqs = 145,6 oC e o calor trocado


vale 990,5 kW. Por definição:
q  U  A  F  LMTD
A determinação do fator de correção F segue:
t t
P 2 1
T1  t1
T1  T2
R
t 2  t1
O que resulta em P = 0,58 e R = 0,55. Consultando um gráfico, considerando
que a água quente escoa nos tubos, obtemos F = 0,97. Com isto, obtemos que a
área de troca vale 4,8 m2.

(b) Considerando agora um envelhecimento (ou melhor, os efeitos térmicos do


envelhecimento do equipamento), deveremos considerar o acúmulo de fuligem
(e outras impurezas) nas paredes dos tubos. Conforme visto na teoria, isto é
modelado pelo aparecimento de uma resistência adicional.

Como a temperatura na saída da água de aquecimento cai para 95 oC, a


temperatura da água quente na saída se eleva, saindo dos 145,6 oC para 191oC,
com a conseqüente redução no calor trocado, caindo para 699,2 kW. Isto vai
provocar uma alteração da diferença média logarítmica de temperaturas,
LMTD, que pode já ser recalculada (o novo valor é 179,4 oC), um novo valor para
F = 0,99, resultando em novo valor para U:
q
U
A  F  LMTD
Após os cálculos obtemos que U = 811,9 W∕m2.K, uma significante queda dos
1500 W∕m2.K anteriores. Podemos escrever ainda que:
1 1 1 1
Uantigo    
1 1 hint hext Uantigo

hint hext
1 1
Unovo  
1 1 1
  R fuligem  R fuligem
hint hext Uantigo
1  Unovo / Uantigo
 R fuligem 
Unovo
Com isto, obtemos Rfuligem = 0,000565 m2.K ∕W.

Método da Efetividade – NTU

5. Um radiador de automóvel pode ser visualizado como um trocador de calor,


de correntes cruzadas com os dois fluidos não misturados. Água a 0,05 kg / s
entra no radiador a 400 K e sai a 330 K. A água é resfriada por ar que entra à
taxa de 0,75 kg / s e na temperatura de 300 K. (a) se o coeficiente global de
troca de calor for igual a 200 W∕m 2.K, qual é a área de troca necessária (b)
se aletas forem usadas (como é comum), o coeficiente global pode variar na
faixa 200 < U < 400 W∕m2.K. Quais os benefícios disto

Solução. O esquema deste trocador de correntes cruzadas não misturadas é o


que se segue:
Solução via método da diferença média logarítmica de temperaturas

O primeiro passo é a determinação da temperatura que falta. Isto é feito pelo


Balanço de Energia. Resolvendo-o, obtemos que a temperatura de saída da
corrente fria (ar) vale:
qágua  q ar
 mcT  água   mcT  ar
Tfs = 46,3oC ou 319,5 K. O calor trocado vale 14,7 kW. Reunindo os dados
em uma tabela, teremos:

Onde os calores específicos foram determinados nas temperaturas médias.


Com isto, poderemos calcular a diferença média logarítmica de temperaturas:
T1  80, 5o C
T2  30, 0o C
LMTD  51, 2o C
Podemos então, determinar os parâmetros P e R, definidos como:
t t
P 2 1
T1  t1
T1  T2
R
t 2  t1
No caso, temos: P = 0,19 e R = 3,59. No gráfico do trocador de calor de
correntes cruzadas não misturadas, determinamos F = 0,925 (claro,
aproximadamente). Com isto, poderemos determinar a área de troca de calor:
q
q  U  A  F  LMTD  A 
U  F  LMTD
Resolvendo, obtemos A = 1,6 m2.

Método da Efetividade – NTU:

6. Calcular o comprimento de um trocador de calor do tipo duplo tubo de aço


1%C, que é utilizado para esquentar 4000 kg / h de glicol, de 26oC a 48oC,
através de água entrando a 70oC e saindo a 37oC. Os fluidos circulam em
contra-corrente com glicol no lado interior. São dados ainda:

Tubo interno: Di = 51 mm e De = 56 mm
Tubo externo: Di = 102 mm e De = 109 mm

Solução via método da diferença média logarítmica de temperaturas

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