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Cristo morreu?
O assunto que iremos estudar é um
dos mais difíceis de aceitar. Observe que esse
assunto não é o mais difícil de entender, mas
de aceitar. Por que isso é assim? Vou listar
algumas explicações possíveis. Quando somos
salvos não nos tornamos pessoas impecáveis.
Somos libertos da escravidão do pecado e da
condenação que merecemos, mas ainda temos
a possibilidade de pecar. O velho Adão precisa
ser constantemente mortificado. Em virtude
disso, creio que nos revoltamos contra alguns
ensinos bíblicos. Essa é uma explicação
possível para rejeitarmos o ensino que logo
será exposto aqui. Outra razão possível não
está relacionada ao pecado remanescente, mas
aos pressupostos que assumimos. Deixe-me
esclarecer o que tenho em mente aqui. Em
nosso país a crença no livre-arbítrio é muito
popular. Não é necessário ser cristão para
acreditar que temos livre-arbítrio. Mesmo
incrédulos afirmam que possuem livre-arbítrio.
Esse ensino também é ensinado em muitas
igrejas. Crescemos ouvindo que devemos
escolher entre a vida e a morte. E realmente
devemos fazer essa escolha. Mas nunca nos
perguntamos se podemos (se está em nossa
vontade a capacidade para) escolher a vida!
De fato, a Bíblia ensina que esse poder não
está em nossa vontade. A Bíblia diz que nossa
vontade está escravizada pelo pecado até que
sejamos libertos por Cristo: “Respondeu-lhes
Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que
todo aquele que comete pecado é servo do
pecado... Se, pois, o Filho vos libertar,
verdadeiramente sereis livres” (João 8:34, 36).
Mas as pessoas confundem dever com poder.
Porque devem escolher entre a vida e a morte
elas concluem que está em seu poder escolher
a vida assim que quiserem. Mas novamente
Jesus diz: “Todavia, vós não quereis vir a mim
para terdes a vida” (João 5:40). O homem
pecador está escravizado pelo seu pecado e
não quer ir a Cristo para receber vida. Por isso
o apóstolo Paulo escreveu: “pois é Deus quem
produz em vós tanto o querer como o realizar,
de acordo com sua boa vontade” (Fp 2:13).
Em resumo, a crença popular no livre-arbítrio
torna difícil aceitar a doutrina bíblica da
expiação limitada. Outra possível explicação
tem a ver com o tipo de cristianismo
popularizado no Brasil. Esse cristianismo
costuma dar mais valor à experiência do que às
Escrituras. Caso algum ensino bíblico
contradiga a experiência de algum cristão, eles
optam pela experiência e rejeitam o ensino
bíblico. Esse cristianismo popular é avesso à
doutrina. Quando alguém expõe para um
cristão assim doutrinas centrais da fé cristã,
esse cristão logo dirá que temos muita teoria e
eles preferem a prática. Paulo escreveu:
“Porque lhes dou testemunho de que têm zelo
de Deus, mas não com entendimento” (Rm
10:2). Certamente, a fé sem obras é morta.
Mas também é improdutivo o zelo sem
conhecimento. O conhecimento não é pecado.
Dessa forma, muitos cristãos rejeitam essa
doutrina porque têm pouco entendimento e
baseiam seu cristianismo nas próprias opiniões
ao invés de baseá-lo nas Escrituras. Mas que
doutrina é esse que é fácil de entender, mas
difícil de aceitar? Passemos então a esse
tópico.
1
CARSON, D. A. O Comentário de João. São Paulo:
Shedd Publicações, 2007, p. 206.
está se referindo a uma multidão de pessoas.
Tampouco “mundo” está se referindo a um
mundo de eleitos, por mais plausível que a
explicação de Owen seja. Antes, “mundo” é a
qualidade moral das pessoas que são amadas.
Ou seja, Deus amou pessoas pecaminosas.
Realmente, Deus amou aqueles que eram seus
inimigos. Poderíamos dizer que Deus amou
“pessoas mundanas” de tal maneira que deu
Seu Filho! Precisamos então estar atentos para
o seguinte: “mundo” em João 3:16 não se
refere ao mundo dos eleitos, embora isso possa
ser determinado por outras passagens;
“mundo” também não significa todas as
pessoas sem exceção. Você então pode se
fazer a seguinte pergunta: as pessoas
pecaminosas não abrangem todas as pessoas
do mundo? A resposta é sim. Então, você
pergunta, porque João 3:16 não se refere a
todas as pessoas do mundo? Como Carson
observou, esse texto não especifica a extensão
do amor de Deus, mas a qualidade moral do
objeto desse amor. Dessa forma, se
pretendemos descobrir a extensão do amor de
Deus precisamos estudar outros textos das
Escrituras. Todavia, o contexto de João 3 já
nos ajuda a chegarmos a algumas conclusões.
Temos visto que Deus amou o mundo. Mundo
aqui são pessoas pecadoras que não merecem
o amor de Deus. Mas ainda assim Deus, por
pura graça, amou o mundo e enviou o Seu
Filho. O propósito de Deus ao enviar Seu
Filho era dar a vida eterna. Mas quem são as
pessoas que recebem a vida eterna? Leiamos
novamente o versículo: “Porque Deus amou o
mundo de tal maneira que deu o seu Filho
unigênito, para que todo aquele que nele crê
não pereça, mas tenha a vida eterna”. Aqui nos
é dito que o propósito da morte de Cristo é
garantir a vida eterna a todo aquele que crê.
“Aquele que crê no Filho tem a vida eterna;
mas aquele que não crê no Filho não verá a
vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece”
(João 3:36). Observe que a ira de Deus não
virá sobre a pessoa apenas no dia do juízo. Na
verdade, a pessoa que não crê está a todo o
momento debaixo da ira de Deus. Ela pode
estar desfrutando de prosperidade nesse
momento. Contudo, a calamidade virá sobre
ela. Os favores que os incrédulos gozam nessa
vida não é um sinal de que tudo está em paz
com Deus. Eles se casam e se dão em
casamento, mas a ira de Deus permanece sobre
a vida deles. Assim, ao mesmo tempo em que
ama o “mundo”, a ira de Deus permanece
sobre os incrédulos.