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Prefácio

Caro Professor

É com imenso prazer que colocamos nas suas mãos os Programas do Ensino Secundário Geral.

Com a introdução do Novo Currículo do Ensino Básico, iniciada em 2004, houve necessidade de
se reformular o currículo do Ensino Secundário Geral para que a integração do aluno se faça
sem sobressaltos e para que as competências gerais, tão importantes para a vida continuem a
ser desenvolvidas e consolidadas neste novo ciclo de estudos.

As competências que os novos programas do Ensino Secundário Geral procuram desenvolver,


compreendem um conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores necessários para
a vida que permitam ao graduado do Ensino Secundário Geral enfrentar o mundo de trabalho
numa economia cada vez mais moderna e competitiva.

Estes programas resultam de um processo de consulta à sociedade. O produto que hoje tem
em mãos é resultado do trabalho abnegado de técnicos pedagógicos do INDE e da DINEG, de
professores das várias instituições de ensino e formação, quadros de diversas instituições
públicas, empresas e organizações, que colocaram a sua sabedoria ao serviço da
transformação curricular e a quem aproveitamos desde já, agradecer.

Aos professores, de que depende em grande medida a implementação destes programas,


apelamos ao estudo permanente das sugestões que eles contêm e que convoquem a vossa e
criatividade e empenho para levar a cabo a gratificante tarefa de formar hoje os jovens que
amanhã contribuirão para o combate à pobreza.

Aires Bonifácio Baptista Ali.

Ministro da Educação e Cultura


1. Introdução

A Transformação Curricular do Ensino Secundário Geral (TCESG) é um processo que se


enquadra no Programa Quinquenal do Governo e no Plano Estratégico da Educação e Cultura e
tem como objectivos:

 Contribuir para a melhoria da qualidade de ensino, proporcionando aos alunos


aprendizagens relevantes e apropriadas ao contexto socioeconómico do país.
 Corresponder aos desafios da actualidade através de um currículo diversificado, flexível
e profissionalizante.
 Alargar o universo de escolhas, formando os jovens tanto para a continuação dos
estudos como para o mercado de trabalho e auto emprego.
 Contribuir para a construção de uma nação de paz e justiça social.

Constituem principais documentos curriculares:


 O Plano Curricular do Ensino Secundário (PCESG) – documento orientador que contém
os objectivos, a política, a estrutura curricular, o plano de estudos e as estratégias de
implementação;
 Os programas de ensino de cada uma das disciplinas do plano de estudos;
 O regulamento de avaliação do Ensino Secundário Geral (ESG);
 Outros materiais de apoio.

1.1. Linhas Orientadoras do Currículo do ESG

O Currículo do ESG, a ser introduzido em 2008, assenta nas grandes linhas orientadoras que
visam a formação integral dos jovens, fornecendo-lhes instrumentos relevantes para que
continuem a aprender ao longo de toda a sua vida.

O novo currículo procura por um lado, dar uma formação teórica sólida que integre uma
componente profissionalizante e, por outro, permitir aos jovens a aquisição de competências
relevantes para uma integração plena na vida política, social e económica do país.

As consultas efectuadas apontam para a necessidade de a escola responder às exigências do


mercado cada vez mais moderno que apela às habilidades comunicativas, ao domínio das
Tecnologias de Informação e Comunicação, à resolução rápida e eficaz de problemas, entre
outros desafios.

Assim, o novo programa do ESG deverá responder aos desafios da educação, assegurando uma
formação integral do indivíduo que assenta em quatros pilares, assim descritos:

Saber Ser que é preparar o Homem moçambicano no sentido espiritual, crítico e


estético, de modo que possa ser capaz de elaborar pensamentos autónomos, críticos e
formular os seus próprios juízos de valor que estarão na base das decisões individuais
que tiver de tomar em diversas circunstâncias da sua vida;

Saber Conhecer que é a educação para a aprendizagem permanente de


conhecimentos científicos sólidos e a aquisição de instrumentos necessários para a
compreensão, a interpretação e a avaliação crítica dos fenómenos sociais, económicos,
políticos e naturais;

Saber Fazer que proporciona uma formação e qualificação profissional sólida, um


espírito empreendedor no aluno/formando para que ele se adapte não só ao meio
produtivo actual, mas também às tendências de transformação no mercado;

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Saber viver juntos e com os outros que traduz a dimensão ética do Homem, isto é,
saber comunicar-se com os outros, respeitar-se a si, à sua família e aos outros homens
de diversas culturas, religiões, raças, entre outros.
Agenda 2025:129

Estes saberes interligam-se ao longo da vida do indivíduo e implicam que a educação se


organize em torno deles de modo a proporcionar aos jovens instrumentos para compreender o
mundo, agir sobre ele, cooperar com os outros, viver, participar e comportar-se de forma
responsável.

Neste quadro, o desafio da escola é, pois, fornecer as ferramentas teóricas e práticas


relevantes para que os jovens e os adolescentes sejam bem sucedidos como indivíduos, e
como cidadãos responsáveis e úteis na família, na comunidade e na sociedade, em geral.

1.2. Os desafios da Escola

A escola confronta-se com o desafio de preparar os jovens para a vida. Isto significa que o
papel da escola transcende os actos de ensinar a ler, a escrever, a contar ou de transmitir
grandes quantidades de conhecimentos de história, geografia, biologia ou química, entre
outros. Torna-se, assim, cada vez mais importante preparar o aluno para aprender a aprender
e para aplicar os seus conhecimentos ao longo da vida.

Perante este desafio, que competências são importantes para uma integração plena na vida?

As competências importantes para a vida referem-se ao conjunto de recursos, isto é,


conhecimentos, habilidades atitudes, valores e comportamentos que o indivíduo mobiliza para
enfrentar com sucesso exigências complexas ou realizar uma tarefa, na vida quotidiana. Isto
significa que para resolver um determinado problema, tomar decisões informadas, pensar
critica e criativamente ou relacionar-se com os outros um indivíduo necessita de combinar um
conjunto de conhecimentos, práticas e valores.

Naturalmente que o desenvolvimento das competências não cabe apenas à escola, mas
também à sociedade, a quem cabe definir quais deverão ser consideradas importantes, tendo
em conta a realidade do país.

Neste contexto, reserva-se à escola o papel de desenvolver, através do currículo, não só as


competências viradas para o desenvolvimento das habilidades de comunicação, leitura e
escrita, matemática e cálculo, mas também, as competências gerais, actualmente reconhecidas
como cruciais para o desenvolvimento do indivíduo e necessárias para o seu bem estar,
nomeadamente:

a) Comunicação nas línguas moçambicana, portuguesa, inglesa e francesa;


b) Desenvolvimento da autonomia pessoal e a auto-estima; de estratégias de
aprendizagem e busca metódica de informação em diferentes meios e uso de
tecnologia;
c) Desenvolvimento de juízo crítico, rigor, persistência e qualidade na realização e
apresentação dos trabalhos;
d) Resolução de problemas que reflectem situações quotidianas da vida económica social
do país e do mundo;
e) Desenvolvimento do espírito de tolerância e cooperação e habilidade para se relacionar
bem com os outros;
f) Uso de leis, gestão e resolução de conflitos;
g) Desenvolvimento do civismo e cidadania responsáveis;

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h) Adopção de comportamentos responsáveis com relação à sua saúde e da comunidade
bem como em relação ao alcoolismo, tabagismo e outras drogas;
i) Aplicação da formação profissionalizante na redução da pobreza;
j) Capacidade de lidar com a complexidade, diversidade e mudança;
k) Desenvolvimento de projectos estratégias de implementação individualmente ou em
grupo;
l) Adopção de atitudes positivas em relação aos portadores de deficiências, idosos e
crianças.

Importa destacar que estas competências encerram valores a serem desenvolvidos na prática
educativa no contexto escolar e extra-escolar, numa perspectiva de aprender a fazer fazendo.

(...) o aluno aprenderá a respeitar o próximo se tiver a oportunidade de experimentar situações


em que este valor é visível. O aluno só aprenderá a viver num ambiente limpo se a escola estiver limpa
e promover o asseio em todos os espaços escolares. O aluno cumprirá as regras de comportamento se
elas forem exigidas e cumpridas por todos os membros da comunidade escolar de forma coerente e
sistemática.
PCESG:27

Neste contexto, o desenvolvimento de valores como a igualdade, liberdade, justiça,


solidariedade, humildade, honestidade, tolerância, responsabilidade, perseverança, o amor à
pátria, o amor próprio, o amor à verdade, o amor ao trabalho, o respeito pelo próximo e pelo
bem comum, deverá estar ancorado à prática educativa e estar presente em todos os
momentos da vida da escola.

As competências acima indicadas são relevantes para que o jovem, ao concluir o ESG esteja
preparado para produzir o seu sustento e o da sua família e prosseguir os estudos nos níveis
subsequentes.

Perspectiva-se que o jovem seja capaz de lidar com economias em mudança, isto é, adaptar-se
a uma economia baseada no conhecimento, em altas tecnologias e que exigem cada vez mais
novas habilidades relacionadas com adaptabilidade, adopção de perspectivas múltiplas na
resolução de problemas, competitividade, motivação, empreendedorismo e a flexibilidade de
modo a ter várias ocupações ao longo da vida.

1.3. A Abordagem Transversal

A transversalidade apresenta-se no currículo do ESG como uma estratégia didáctica com vista
um desenvolvimento integral e harmonioso do indivíduo. Com efeito, toda a comunidade
escolar é chamada a contribuir na formação dos alunos, envolvendo-os na resolução de
situações-problema parecidas com as que se vão confrontar na vida.

No currículo do ESG prevê-se uma abordagem transversal das competências gerais e dos
temas transversais. De referir que, embora os valores se encontrem impregnados nas
competências e nos temas já definidos no PCESG, é importante que as acções levadas a cabo
na escola e as atitudes dos seus intervenientes sobretudo dos professores constituam um
modelo do saber ser, conviver com os outros e bem fazer.

Neste contexto, toda a prática educativa gravita em torno das competências acima definidas de
tal forma que as oportunidades de aprendizagem criadas no ambiente escolar e fora dele
contribuam para o seu desenvolvimento. Assim, espera-se que as actividades curriculares e co-
curriculares sejam suficientemente desafiantes e estimulem os alunos a mobilizar
conhecimentos, habilidades, atitudes e valores.

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O currículo do ESG prevê ainda a abordagem de temas transversais, de forma explícita, ao
longo do ano lectivo. Considerando as especificidades de cada disciplina, são dadas indicações
para a sua abordagem no plano temático, nas sugestões metodológicas e no texto de apoio
sobre os temas transversais.

O desenvolvimento de projectos comuns constitui-se também com uma estratégias que


permite estabelecer ligações interdisciplinares, mobilizar as competências treinadas em várias
áreas de conhecimento para resolver problemas concretos. Assim, espera-se que as actividades
a realizar no âmbito da planificação e implementação de projectos, envolvam professores,
alunos e até a comunidade e constituam em momentos de ensino-aprendizagem significativos.

1.4 As Línguas no ESG

A comunicação constitui uma das competências considerada chave num mundo globalizado. No
currículo do ESG, são usados a língua oficial (Português), línguas Moçambicanas, línguas
estrangeiras (Inglês e Francês).

As habilidades comunicativas desenvolvem-se através de um envolvimento conjugado de todas


as disciplinas e não se reserva apenas às disciplinas específicas de línguas. Todos os
professores deverão assegurar que alunos se expressem com clareza e que saibam adequar o
seu discurso às diferentes situações de comunicação. A correcção linguística deverá ser uma
exigência constante nas produções dos alunos em todas as disciplinas.

O desafio da escola é criar espaços para a prática das línguas tais como a promoção da leitura
(concursos literários, sessões de poesia), debates sobre temas de interesse dos alunos, sessões
para a apresentação e discussão de temas ou trabalhos de pesquisa, exposições, actividades
culturais em datas festivas e comemorativas, entre outros momentos de prática da língua
numa situação concreta. Os alunos deverão ser encorajados a ler obras diversas e a fazer
comentários sobre elas e seus autores, a escrever sobre temas variados, a dar opiniões sobre
factos ouvidos ou lidos nos órgãos de comunicação social, a expressar ideias contrárias ou
criticar de forma apropriada, a buscar informações e a sistematizá-la.

Particular destaque deverá ser dado à literatura representativa de cada uma das línguas e, no
caso da língua oficial e das línguas moçambicanas, o estudo de obras de autores
moçambicanos constitui um pilar para o desenvolvimento do espiríto patriótico e exaltação da
moçambicanidade.

1.5. O Papel do Professor

O papel da escola é preparar os jovens de modo a torná-los cidadãos activos e responsáveis na


família, no meio em que vivem (cidade, aldeia, bairro, comunidade) ou no trabalho.

Para conseguir este feito, o professor deverá colocar desafios aos seus alunos, envolvendo-os
em actividades ou projectos, colocando problemas concretos e complexos. A preparação do
aluno para a vida passa por uma formação em que o ensino e as matérias leccionadas tenham
significado para a vida do jovem e possam ser aplicados a situações reais.

O ensino - aprendizagem das diferentes disciplinas que constituem o currículo fará mais sentido
se estiver ancorado aos quatro saberes acima descritos interligando os conteúdos inerentes à
disciplina, às componentes transversais e às situações reais.

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Tendo presente que a tarefa do professor é facilitar a aprendizagem, é importante que este
consiga:

 organizar tarefas ou projectos que induzam os alunos a mobilizar os seus


conhecimentos, habilidades e valores para encontrar ou propor alternativas de soluções;
 encontrar pontos de interligação entre as disciplinas que propiciem o desenvolvimento
de competências. Por exemplo, envolver os alunos numa actividade, projecto ou dar um
problema que os obriga a recorrer a conhecimentos, procedimentos e experiências de
outras áreas do saber;
 acompanhar as diferentes etapas do trabalho para poder observar os alunos, motivá-los
e corrigi-los durante o processo de trabalho;
 criar, nos alunos, o gosto pelo saber como uma ferramenta para compreender o mundo
e transformá-lo;
 avaliar os alunos no quadro das competências que estão a ser desenvolvidas, numa
perspectiva formativa.

Este empreendimento exige do professor uma mudança de atitude em relação ao saber, à


profissão, aos alunos e colegas de outras disciplinas. Com efeito, o sucesso deste programa
passa pelo trabalho colaborativo e harmonizado entre os professores de todas as disciplinas.
Neste sentido, não se pode falar em desenvolvimento de competências para vida, de
interdisciplinaridade se os professores não dialogam, não desenvolvem projectos comuns ou se
fecham nas suas próprias disciplinas. Um projecto de recolha de contos tradicionais ou da
história local poderá envolver diferentes disciplinas. Por exemplo:
- Português colaboraria na elaboração do guião de recolha, estrutura, redacção e
correcção dos textos;
- História ocupar-se-ia dos aspectos técnicos da recolha deste tipo de fontes;
- Geografia integraria aspectos geográficos, físicos e socio-económicos da região;
- Educação Visual ficaria responsável pelas ilustrações e cartazes.

Com estes projectos treinam-se habilidades, desenvolvem-se atitudes de trabalhar em equipa,


de análise, de pesquisa, de resolver problemas e a auto-estima, contribuindo assim para o
desenvolvimento das competências mais gerais definidas no PCESG.

As metodologias activas e participativas propostas, centradas no aluno e viradas para o


desenvolvimento de competências para a vida pretendem significar que, o professor não é mais
um centro transmissor de informações e conhecimentos, expondo a matéria para reprodução e
memorização pelos alunos. O aluno não é um receptáculo de informações e conhecimentos. O
aluno deve ser um sujeito activo na construção do conhecimento e pesquisa de informação,
reflectindo criticamente sobre a sociedade.

O professor deve assumir-se como criador de situações de aprendizagem, regulando os


recursos e aplicando uma pedagogia construtivista. O seu papel na liderança de uma
comunidade escolar implica ainda que seja um mediador e defensor intercultural, organizador
democrático e gestor da heterogeneidade vivencial dos alunos.

As metodologias de ensino devem desenvolver no aluno: a capacidade progressiva de conceber


e utilizar conceitos; maior capacidade de trabalho individual e em grupo; entusiasmo, espírito
competitivo, aptidões e gostos pessoais; o gosto pelo raciocínio e debate de ideias; o interesse
pela integração social e vocação profissional.

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O Ensino e aprendizagem na disciplina de Física

Os programas de Física concebidos para o ciclo, oferecem aos alunos os elementos essenciais
do quadro físico do mundo para que possam ser capazes de desenvolver a sua identidade como
indivíduos criativos, sociais e possuidores de atitudes, hábitos, habilidades e conhecimentos
úteis a si mesmo e à sociedade e para a continuação com os estudos.

Estes programas abordam os conteúdos relacionados com os fenómenos mecânicos, térmicos,


luminosos, eléctricos e electromagnéticos. A sua estruturação permite continuar a formação
paulatina dos alunos, centrada na aquisição de elementos fundamentais do conhecimento e do
desenvolvimento de habilidades e atitudes.

Na concepção da estrutura da disciplina, parte-se do ponto de vista macroscópico dos


fenómenos do mundo circundante mais próximo dos alunos, portanto, mais acessível aos
órgãos sensoriais, para depois se tratar das noções elementares sobre a estrutura da
substância, que servirá de base para analisar os fenómenos térmicos, os relacionados com a
estática dos fluidos e os electromagnéticos a um nível microscópico.

A lógica que segue o ordenamento do sistema de conhecimentos baseia-se na análise de um


fenómeno que, do geral, passa-se para a caracterização qualitativa deste, seguindo-se a
determinação quantitativa do mesmo (o valor e as suas unidades) e por último, a lei
fenomenológica que relaciona as grandezas físicas.

Em consequência, como métodos de ensino prevalecem o indutivo, dedutivo e de analogias,


apoiados numa forte base experimental, de tal modo que se reduz o volume de informação
teórica secundária em muitos dos conteúdos tratados. Pretende/se fortalecer o trabalho com os
conceitos fundamentais e incrementar o tempo para o desenvolvimento de habilidades, tanto
intelectuais como práticas, que permitam aos alunos participar activamente e com certo grau
de independência na aquisição de conhecimentos, assim como serem capazes de utilizá-los na
explicação dos fenómenos que os rodeiam.

O trabalho com gráficos (sua leitura, interpretação e construção), e a resolução de problemas


(com o uso obrigatório do Sistema Internacional de Unidades, sendo possível o uso das
unidades derivadas) e o desenvolvimento de actividades práticas e experimentais constitui
aspectos essenciais no desenvolvimento dos programas, pois contribuem no desenvolvimento e
consolidação das competências definidas para o ciclo.

Com a inclusão de alguns elementos de enfoque histórico nos programas pretende-se, em


particular, que os alunos conheçam aspectos da vida, obra, actividade e pontos de vista de
eminentes cientistas e desenvolvam valores morais adequados.

Devem também formar parte importante dos conteúdos da disciplina no ciclo e, portanto,
constituir objecto específico de aprendizagem, as implicações da Física para outras ciências
assim como a sua relação com as mesmas (tais como, a Matemática, Química, Geografia, etc.),
seu vínculo com a tecnologia, à sociedade e em geral com a cultura integral.

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1. Competências a desenvolver no 1º Ciclo

Ao nível do primeiro ciclo o ensino da Física visa desenvolver, nos alunos, competências que
lhes permitam:
 Descrever fenómenos naturais em linguagem cientifica, relacionando-os a descrições na
linguagem corrente;
 Utilizar terminologia Física adequada e elementos de sua representação simbólica;
 Realizar uma experiência, descrever o procedimento e apresentar os resultados usando
conhecimentos físicos de forma adequada;
 Emitir juízos de valor em relação a situações sociais que envolvam aspectos físicos;
 Desenvolver o espírito de inter-ajuda durante a realização dos trabalhos em grupo

2.Objectivos gerais da disciplina


Pretende-se que a aprendizagem da Física no ESG contribua para a formação de uma
cultura de ciência e tecnologia efectiva, que permita ao aluno:

 fazer a interpretação dos factos, fenómenos e processos naturais;


 compreender a evolução dos meios tecnológicos e sua relação dinâmica com a
evolução do conhecimento cientifico
 compreender os procedimentos técnicos e tecnológicos e ajusta-los a uma
realidade socio-cultural e ambiental;

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3. Visão geral dos conteúdos do 1º ciclo

8a Classe
Unidade I: Estrutura da Matéria
Unidade II: Cinemática:
Unidade III : Dinâmica :Leis de Newton
Unidade IV : Trabalho e Energia

9ª Classe
Unidade I- Fenómenos Térmicos
Unidade II : Estática dos Sólidos
Unidade III : Estática dos Fluidos
Unidade IV :Óptica Geométrica

10ª Classe
Unidade I: Corrente Eléctrica
Unidade II: Oscilações e Ondas Mecânicas
Unidade III: Electromagnetismo
Unidade IV: Movimento Rectilíneo Uniformemente Variado

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4.O Ensino da Física na 9ª classe:

Na 9ª classe os alunos dão continuidade ao estudo da energia, começando por abordar os


fenómenos térmicos, seguindo-se o estudo da mecânica e finalmente os fenómenos luminosos.

Com o início do estudo dos fenómenos térmicos, os alunos começam a entrar, muito
lentamente nos fenómenos não palpáveis da Física, isto é, os fenómenos nos quais ele sente a
sua presença, mas não os pode pegar. Vai-se ter uma abordagem dos fenómenos que
envolvem o calor, trocas de calor e de transformação da energia térmica em mecânica, abrindo
espaço para uma construção ampliada do conceito de energia. A discussão da degradação da
energia conduzirá a compreensão dos problemas energéticos e ambientais do mundo
contemporâneo. Aqui o termómetro tem uma função muito importante, pois ele pode medir
uma grandeza fundamental da calorimetria a temperatura.

Na mecânica, o estudo centrar-se-á na importância da Regra de Ouro da Mecânica no uso das


máquinas simples no dia a dia.
Na hidrostática, a aplicação da equação fundamental da hidrostática, o Princípio de Pascal e o
de Arquimedes nas máquinas hidráulicas constituem o objectivo fundamental.

Nos fenómenos luminosos, é importante o estudo das leis de reflexão e refracção, assim como
a sua aplicação nos instrumentos ópticos.

O conhecimento da proporcionalidade directa e indirecta, assim como a análise gráfica de duas


grandezas físicas, constitui o grande elo de ligação entre a Matemática e a Física, na Mecânica
e Termodinâmica. Na Óptica, é fundamental que os alunos tenham conhecimentos sobre a
geometria, para a obtenção de imagens dadas pelos instrumentos ópticos.

O tratamento microscópico exige do aluno as noções de átomo e molécula, aprendidos e


aprofundados na Química.

Os fenómenos hídricos, térmicos e luminosos, estão na origem dos climas. Por isso, é
importante estabelecer-se a ligação com a disciplina de Geografia.

Os fenómenos térmicos, mecânicos luminosos, têm uma larga aplicação no dia a dia da vida
dos alunos. Constituem exemplos:
- A sensação de frio e calor;
- O termómetro clínico ou metereológico, para medir a temperatura.
- A roldana, para tirar água de um poço e elevar cargas.
- O plano inclinado, para elevar corpos muitos pesados.
- A alavanca, para aumentar a força aplicada.
- A utilização de lentes nos óculos;
- A utilização de espelhos e lentes nos diferentes instrumentos ópticos (microscópio,
máquina fotográfica, etc.).

Através de experiências simples ou a partir dos conhecimentos empíricos do aluno, o professor


deve criar situações para que o aluno por si próprio possa chegar ao conhecimento, tornando o
processo de aprendizagem do aluno mais independente e criativo.

Através da medição de algumas grandezas físicas como o comprimento, volume, massa,


temperatura, ângulos de desvio e a realização de experiências por parte do aluno, o professor
pode aumentar a destreza e a habilidade dos mesmos, no trabalho prático.

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Sendo a 9ª classe o segundo ano em que o aluno tem contacto com a Física, é importante
continuar a motiva-lo através de:
- aulas experimentais;
- círculos de interesse;
- visita a indústrias, fábricas e instituições, por forma a prepará-los para a continuação
dos estudos nos níveis subsequentes e para a vida laboral futuramente.

5. Objectivos da Disciplina na 9ª classe

No final da 9ª classe o aluno deve ser capaz de:

 Definir os conceitos estudados para interpretar e explicar a um nível elementar os


fenómenos térmicos, mecânicos e luminosos, mediante a caracterização de seus efeitos
externos e a precisão das condições em que ocorrem.
 Enunciar e interpretar, em situações concretas os Princípios de Pascal e de Arquimedes,
assim como as Leis da Reflexão e Refracção da luz.

 Obter graficamente a imagem dum objecto formada mediante o uso dos espelhos planos
e côncavos assim como de lentes convergentes, a partir dos resultados do trabalho
experimental.

 Resolver problemas qualitativos e quantitativos até ao nível de reprodução com variante


nas quais não intervenham mais de duas fórmulas, incluindo a dedução de qualquer das
grandezas que intervêm na fórmula relacionados com:
- determinação do centro de gravidade de corpos homogéneos e simétricos.
- determinação do momento de uma força.
- determinação da densidade de uma substância.
- determinação da pressão exercida por um corpo sobre a superfície de apoio.
- aplicação da equação fundamental da hidrostática em situações concretas.

 Exemplificar os fundamentos de alguns processos tecnológicos de carácter geral ou


importante para o desenvolvimento económico relacionados com os principais ramos da
ciência e da técnica, em particular os que estão relacionados com os fenómenos
térmicos, mecânicos, e luminosos.

 Realizar experiências simples, tais como avaliação da temperatura, verificação da


condição de equilíbrio dos corpos e verificação das leis da reflexão e refracção da luz.

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6. Visão geral dos conteúdos da 9ª classe Nº de aulas

1º Trimestre
Unidade I – Fenómenos Térmicos..................................................................................10

Unidade II – Estática dos Sólidos.................................................................................. 11

Avaliação e

Revisão..................................................................................04

2º Trimestre

Unidade III – Estática dos Fluidos................................................................................ 16

Avaliação e Revisão............................................................................... 7

3º Trimestre

Unidade IV – Óptica Geométrica................................................................................ 14

Avaliação e Revisão............................................................................. 7

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7.Plano Temático

1º Trimestre

Unidade I: Fenómenos térmicos


Objectivos Conteúdos Competências Carga
Horária
 Distinguir os fenómenos térmicos na  Fenómenos térmicos.  Usa o termómetro para medir a
natureza. Conceito de temperatura em diferentes
 Explicar a grandeza física temperatura. situações do quotidiano. 10
temperatura.  Termómetro,  Avalia temperaturas, a partir de
 Usar correctamente o termómetro constituição e propriedades térmicas sensíveis,
na medição da temperatura de um funcionamento. tais como: cor de uma chama,
corpo.  Escalas termométricas – dilatação térmica dos sólidos e
 Identificar os pontos fixos em Celsius, Fahrenheit e fluidos, em diferentes contexto
diferentes escalas termométricas. Kelvin. do dia a dia.
 Converter de unidades de  Dilatação térmica dos  Avalia o efeito do fenómeno da
temperatura de uma escala sólidos, líquidos e dilatação térmica em diferentes
termométrica para outra;. gases. contexto do quotidiano
 Exemplificar a dilatação térmica dos
corpos sólidos, líquidos e gases.
 Relacionar as diferentes escalas  Explica a importância de escalas
termométricas, fazendo a  Exercícios de termométricas na técnica;
conversão de unidades. aplicação  Lê a temperatura clínica e
 Estimar a temperatura dos meteorológica
corpos  Explica a aplicação do fenómeno
de dilatação térmica na técnica
(construção civil, equipamentos
e utensílios)

Física - Programa da 9ª classe 12


 Explicar as diferentes formas de  Transmissão de  Distingue calor de
transmissão de calor. calor por condução, temperatura, em situações
 Identificar fenómenos naturais convenção e reais.
que se devem à energia radiação.  Avalia o efeito da
calorífica.  Efeito de calor na transmissão de calor na
 Explicar a troca de calor entre natureza. natureza e o seu impacto
corpos com base no equilíbrio  Equilíbrio térmico ambiental sobre o efeito
térmico.  Exercícios de estufa;
 aplicação  Explica a importância da
condução térmica dos
materiais na técnica

Sugestões Metodológicas

Com esta unidade inicia-se o estudo dos fenómenos térmicos e sua explicação sob ponto de vista macroscópico. A sua análise
deve contribuir para que os alunos interpretem correctamente o conceito de temperatura e calor, constantemente empregados
na vida quotidiana, bem como, abre espaço para uma construção ampliada do conceito de energia.
O professor poderá começar por destacar a importância dos fenómenos térmicos na vida do Homem, escrevendo no quadro os
fenómenos que forem sendo citados pelos próprios alunos para que eles mesmos se apercebam que estão relacionados com a
variação da temperatura e do calor. Partindo de exemplos como a medição da temperatura quando a pessoa vai ao hospital,
vai-se introduzir o termómetro como um instrumento de medição de temperatura. Os alunos vão fazer a conversão das
unidades tendo como base a proporcionalidade na relação entre escalas: Celsius- Kelvin e Celsius- Fahrenheit.

Na dilatação térmica recomenda-se a explicação do fenómeno com realização de experiências simples, mas sem abordagem
quantitativa. Para melhor consolidar os conhecimentos os alunos vão elaborar um trabalho sobre a aplicação do fenómeno da
dilatação térmica na técnica, por exemplo, na construção civil, nas linhas férreas, nos cabos eléctricos de alta tensão, nos
equipamentos e utensílios diversos.

Para comprovar os fenómenos térmicos, os alunos vão realizar experiências simples, como, por exemplo, aquecer um pedaço de
vidro e mergulhar na água, observa-se que o pedaço parte-se imediatamente ou ainda aquecer uma garrafa vazia tapada por
um balão, observa-se que o balão enche-se de ar.
Com o estudo dos fenómenos térmicos, pela primeira vez expõe-se aos alunos a outra forma de energia diferente da mecânica,
o que deve criar uma base necessária para compreenderem que no mundo que nos rodeia, ocorrem transformações de uma
forma de energia para outra.

Através de experiências simples, por exemplo, aquecer a extremidade de uma barra de ferro e ao mesmo tempo com os dedos
tocar a outra extremidade, os alunos poderão precisar as características das diferentes formas de propagação de calor. É
Física - Programa da 9ª classe 13
importante evidenciar que o calor é a energia que se transmite de um corpo para outro, do corpo mais quente para o corpo
mais frio.

No tratamento do conceito “efeitos de calor na natureza” o professor cria um espaço de debate aonde os alunos vão reflectir
sobre o efeito de estufa que resulta no aquecimento global da Terra e nas mudanças climática. Neste espaço de debate, a
discussão da degradação da energia conduzirá a compreensão dos problemas energéticos e ambientais do mundo
contemporâneo.

 Experiências recomendadas

As experiências aqui recomendadas são para a comprovação de fenómenos e verificação de leis. Assim sugere-se que sejam
executadas pelos alunos, trabalhando em grupos.

 Medição da temperatura de corpos;

 Dilatação térmica dos corpos


Com dois pregos formar uma baliza de modo que uma moeda passe entre os pregos rossando; de seguida aquecer a moeda e
tentar fazer passar entre os pregos que formam a baliza. Observa-se que a moeda quando aquecida não passa entre os
pregos.

 Equilíbrio térmico
1-Medir a temperatura do pedaço de ferro aquecido, medir a temperatura da água não aquecida, mergulhar o pedaço de ferro
aquecido na agua e medir a temperatura da agua. Observa-se que, passado algum tempo, a temperatura do pedaço de ferro
diminui e da agua aumentou e ficam ambos (pedaço de ferro e agua) a mesma temperatura.
2-Ferver a agua num recipiente e misturar com outra não aquecida de temperatura conhecida. Medindo a temperatura da
mistura obtida, observa que é maior que a da agua fria e menor que a da agua quente. Isto significa que após a mistura a
temperatura da agua atinge o equilíbrio térmico.

 Transmissão de calor
Colocar agua num recipiente aberto. Deixar o recipiente apanhar raios solares. Passando algum tempo observa-se que a agua
fica quente. Isto significa que por radiação a transmitiu-se calor a agua contida no recipiente e a sua temperatura aumentou.

Indicadores de desempenho
 Relaciona as diferentes escalas termométricas, fazendo a conversão de unidades.
 Distingue calor e temperatura em situações do quotidiano;
 Mede a temperatura usando o termómetro;
Física - Programa da 9ª classe 14
 Lê e interpreta as temperaturas clínica e meteorológica;
 Estima a temperatura dos corpos;
 Identifica materiais bons e maus condutores térmicos em função da sua utilização na técnica;
 Explica a existência de fendas entre linhas férreas e em pontes;
 Explica porque as linhas de transmissão da corrente no estado normal não ficam esticadas;
 Explica porquê as pessoas normalmente usam agasalhos no Inverno;
 Explica porquê em lugares quentes as pessoas não usam agasalhos;
 Reconhece o calor como uma forma de energia, transferida do corpo mais quente par o mais frio;
 Explica quando é que ocorre equilíbrio térmico;
 Realiza experiências e elabora relatórios descrevendo materiais, procedimentos e conclusões;
 Discute com colegas os resultados das experiências realizadas respeitando as opiniões e críticas feitas ao seu trabalho;
 Assume de forma responsável os comentários feitos as suas ideias durante a discussão com os colegas.

Física - Programa da 9ª classe 15


Unidade II: Estática dos sólidos
Objectivos Conteúdos Competências Carga
Horária
 Indicar as características de uma  Revisão do conceito de  Usa o conceito de centro de
força. força e seus elementos. gravidade de um corpo para
 Estimar a localização do centro de  Centro de gravidade. explicar o equilíbrio de corpos
gravidade de um corpo  Tipos de equilíbrio: apoiados de corpos suspensos
 Identificar os tipos de equilíbrio estável, instável e  Identifica as condições de
 Caracterizar o equilíbrio estável, indiferente. equilíbrio estático do corpo rígido 11
instável e indiferente em situações problemas do
quotidiano
 Explicar o efeito do momento de  Momento de uma  Explica o uso de máquinas
uma força. força simples em guindastes,
 Identificar os diferentes tipos de  Máquinas simples: bulldozers, elevadores, e
máquinas simples. Alavanca, Roldana outras máquinas que requerem
 Explicar as condições de equilíbrio fixa e móvel. o uso de forças de grande
na Alavanca e na Roldana intensidade.
 Calcular o momento de uma  Exercícios de  Aplica as condições de
força aplicação equilíbrio das maquinas
 Determinar as condições de simples para solucionar
equilíbrio das máquinas simples situações-problema em
na resolução de exercícios diversos contextos relevantes
associados a situações reais da sua vida pessoal e no meio
social
 Explicar as condições de  Talha, Cadernal,  Avalia a utilização de maquinas
equilíbrio na Talha, Cadernal e Plano inclinado e simples em trabalhos de
Plano inclinado suas condições de construção civil, nos poços de
 Identificar a aplicação da Talha, equilíbrio. agua e em diversas situações
Cadernal e Plano inclinado em  Regra de Ouro da do quotidiano que requerem
situações do quotidiano Mecânica “O que se aplicação de forças de grande
ganha com a força intensidade.
compensa-se com a  Explica a consequência da
distância regra de Ouro da Mecânica na
construção de máquinas que
servem para aplicar forças de
grande valor

Física - Programa da 9ª classe 16


Sugestões metodológicas

A introdução desta unidade começa com a revisão do conceito de força que os alunos já estudaram na 8ª classe. Para tal os
alunos vão elaborar uma tabela e preenche-la com os elementos que caracterizam uma força.
A partir de exemplos da vida diária o professor introduz o estudo das condições de equilíbrio e dos tipos de equilíbrio.
O conceito de centro de gravidade poderá ser abordado depois de realizar experiências para localização do centro de gravidade
de um corpo.

Partindo das condições de equilíbrio e tendo como base exemplos da vida diária e da técnica, vai-se abordar a equação do
momento de uma força, fazendo referência às grandezas que se relacionam (fulcro, braço e linha de acção da força). A
aplicação da equação do momento de uma força deverá ser feita na resolução exercícios relacionados com situações reais e do
quotidiano dos alunos.
Com exemplos concretos do dia a dia apresentados pelos alunos, o professor aborda os diferentes tipos de máquinas simples e
a “Regra de Ouro da Mecânica”.
Usando material de baixo custo os alunos vão construir modelos de máquinas simples.
O professor deverá planificar e realizar visitas de estudo a locais aonde se usam frequentemente máquinas simples (fábricas,
portos, caminhos de ferro, campos agrícolas, etc.). Nos locais visitados os alunos vão colher dados e informações sobre as
maquinas observadas para elaborar relatórios sobre as visitas de estudo.

 Experiências recomendadas
As experiências aqui recomendadas são para a comprovação de fenómenos e verificação de leis. Assim sugere-se que sejam
executadas pelos alunos, trabalhando em grupos e sempre que possível recorrendo a material de baixo custo.

 Determinar as características de uma força.


 Determinar o centro de gravidade de corpos.
 Máquinas simples.
 Equilíbrio dos corpos
Fixar um prego num ponto da parede da sala. Fazer três furos em diferentes pontos de uma placa, rectangular, quadrada ou
triangular, que pode ser de madeira ou metálica. Suspender a placa no prego, por cada um dos furos. Verifica-se que a placa
toma determinada posição de equilíbrio dependendo do furo em que ela foi suspensa no prego, portanto, dependendo da
posição do centro de gravidade em relação ao ponto de suspensão a placa tem diferentes posições de equilíbrio.

 Indicadores de desempenho
 Caracteriza uma força mecânica que age através de contacto;
 Identifica o centro de gravidade de diferentes corpos;
 Determina experimentalmente o centro de gravidade de corpos regulares e irregulares;
 Identifica os tipos de equilíbrio dos corpos;
 Caracteriza o equilíbrio estável indiferente e instável em situações concretas do dia a dia;
Física - Programa da 9ª classe 17
 Identifica maquinas simples aplicadas em situações do quotidiano;
 Descreve as diferentes maquinas simples utilizadas em diferentes contextos do quotidiano;
 Determina a condição de equilíbrio numa alavanca, numa roldana, na talha e no plano inclinado;
 Explica a vantagem de utilizar maquinas simples na técnica;
 Realiza experiências e elabora relatórios descrevendo materiais, procedimentos e conclusões;
 Discute com colegas os resultados das experiências realizadas respeitando as opiniões e críticas feitas ao seu trabalho;
 Assume de forma responsável os comentários feitos as suas ideias durante a discussão com os colegas.

Física - Programa da 9ª classe 18


Unidade III: Estática dos Fluidos
Objectivos Conteúdos Competências Carga
horaria
 Explicar o significado da densidade de uma  Densidade de uma  Usa o conceito de
substância substância. densidade para explicar
 Interpretar o conceito de pressão.  Pressão exercida por sólidos, situações do quotidiano, 16
 Explicar a relação de proporcionalidade entre líquidos e gases. tais como a produção do
a pressão, a força exercida e a superfície de  Pressão hidrostática e ouro a partir das rochas,
apoio Pressão atmosférica a formação da crosta
 Explicar os factores de que depende a (experiência de Torricelli). terrestre, a origem dos
pressão hidrostática e atmosférica.  Unidades de pressão: vulcões, etc.
 Distinguir a pressão hidrostática da pressão Pascal, atmosfera, bar, cm  Explica o uso da pressão
atmosférica Hg, mm Hg, e sua na técnica
 Relacionar as diferentes unidades de pressão. relação.
 Aplicar a formula da densidade na  Calcula a densidade
resolução de exercícios concretos;  Exercícios de aplicação. em situações reais;
 Descrever a experiência de Torricelli  Explica a experiência
de Torricelli na
técnica
 Aplicar a equação fundamental da  Equação fundamental da  Usa a equação
hidrostática na resolução de exercícios hidrostática fundamental da
associados a situações concretas  Exercícios de aplicação. hidrostática em
situações-problema
do dia a dia
 Princípio de Pascal;  Explica
Líquidos imiscíveis em funcionamento de
 Interpretar o Princípio de Pascal. vasos comunicantes. aparelhos hidráulicos,
 Explicar o funcionamento de uma prensa  Aparelhos hidráulicos. A tal como macaco
hidráulica. Prensa hidráulica, a hidráulico e dos
 Enunciar o Princípio de Arquimedes. Bomba hidráulica e os diferentes tipos de
 Explicar o princípio de flutuabilidade dos Manómetros de pressão. barómetros.
corpos.  Princípio de Arquimedes  Explica os cálculos
e força de impulsão ou que são feitos para a
empuxo. construção de
 Condições de flutuação embarcações que
dos corpos. flutuam nos rios e
nos mares.

Física - Programa da 9ª classe 19


 Aplicar o principio de Arquimedes na  Exercícios de aplicação  Usa o principio de
resolução de exercícios associados a Arquimedes para
situações concretas avaliar a força de
 Mencionar aplicações de vasos impulsão na técnica
comunicantes.

Sugestões metodológicas

Os alunos, em grupos, determinam a massa de diferentes corpos e substâncias e medem os seus volumes. Utilizando os
resultados que os alunos obtiveram o professor estabelece a relação entre estas duas grandezas (massa e volume), e apresenta
o conceito de densidade, com indicação da expressão matemática  = m/V.

Os alunos vão apresentar exemplos de situações que se tem presente a pressão. O professor sistematiza os exemplos e define o
conceito de pressão. Depois de definido o conceito de Pressão vai-se apresentar a sua expressão matemática P = F / s, e
indicar a sua unidade no S.I. e nos outros sistemas.

Partindo da indicação dos elementos fundamentais relacionados com a pressão exercida pelos sólidos, líquidos e gases e
tomando como base os exemplos da vida diária e da técnica, os alunos interpretam o Princípio de Pascal e Arquimedes e de
seguida o professor apresenta a definição da pressão hidrostática. Os alunos deverão aplicar a expressão matemática da
pressão hidrostática na resolução de exercícios associados a situações concretas.
Ao abordar as condições de flutuabilidade dos corpos o professor vai criar um espaço de debate para se falar da importância do
canal de Moçambique para a navegação marítima na região, bem como do papel determinante dos portos Moçambicanos na
economia do país e da região.
Os alunos vão construir modelos de vasos comunicantes e de embarcações usando material de baixo custo.
O professor deverá planificar e realizar visitas de estudo a locais aonde se usam frequentemente máquinas hidráulicas. Os
alunos devem elaborar relatório sobre as visitas realizadas.

 Experiências recomendadas
As experiências aqui recomendadas são para a comprovação de fenómenos e verificação de leis e princípios estudados. Assim
sugere-se que sejam executadas pelos alunos, trabalhando em grupos e sempre que possível recorrendo a material de baixo
custo.

 Pressão atmosférica;
 Demonstração do Princípio de Pascal
Encher um saco plástico de agua e amara-lo. Fazendo furos em diferentes pontos da superfície do plástico, observa se que a
agua escorre sobre a superfície. Apertando o plástico, a agua sai por todos furos com mesma intensidade, segundo o principio
de Pascal.
Física - Programa da 9ª classe 20
 Demonstração do Principio de Arquimedes
Encher um recipiente de agua. Mergulhar um pedaço de madeira até ao fundo do recipiente e abandonar. Observa-se que o
pedaço de madeira volta a superfície. Portanto, a agua exerce uma força que impele o pedaço de madeira para a superfície da
agua.

 Flutuabilidade dos corpos.

 Indicadores de desempenho

 Explica o significado de densidade de uma substancia;


 Estima a densidade de diferentes substancias;
 Determina experimentalmente a densidade de certas substancias;
 Relaciona pressão com força normal sobre uma dada superfície;
 Distingue pressão hidrostática de pressão atmosférica;
 Relaciona pressão e diferença de nível;
 Interpreta o principio de Pascal relacionando a situações concretas da técnica
 Determina a força de impulsão ou empuxo;
 Descreve as condições de flutuação dos corpos;
 Realiza experiências e elabora relatórios descrevendo materiais, procedimentos e conclusões;
 Discute com colegas os resultados das experiências realizadas respeitando as opiniões e críticas feitas ao seu trabalho;
 Assume de forma responsável os comentários feitos as suas ideias durante a discussão com os colegas;

Física - Programa da 9ª classe 21


Unidade IV: Óptica Geométrica
Objectivos Conteúdos Competências Horas
 Identificar fontes de luz  Fontes de luz. Corpos  Classifica corpos luminosos e
 Distinguir um raio de um feixe luminosos e iluminados. iluminados na vida real
luminoso.  A propagação rectilínea da luz.  Descreve o principio da propagação
 Explicar as consequências da Raio e feixe luminoso. rectilínea da luz, destacando os 14
propagação rectilínea da luz  Sombra, penumbra e eclipses. elementos necessários a visão.
 Usa o principio da propagação
rectilínea da luz para explicar as
fases da lua, eclipses e formação de
sombras e penumbras.
 Aplicar as Leis da reflexão da  Reflexão da luz. Leis da  Usa o conceito de reflexão da luz
luz. reflexão. para explicar o principio de
 Construir, geometricamente, as  Imagens produzidas por funcionamento dos espelhos;
imagens dadas por espelhos espelhos planos e suas  Aplica as leis da reflexão da luz
planos e côncavos. características. para determinar
 Descrever as características das  Reflexão de raios paralelos, geometricamente as imagens
imagens produzidas pelos focais e centrais num produzidas pelos espelhos:
espelhos planos e côncavos. espelho côncavo.  Identifica aplicações dos
 Construção geométrica de espelhos planos e côncavos na
imagens em espelhos técnica.
côncavos.
 Aplicar as Leis da refracção da  Fenómeno da refracção da  Explica o fenómeno de refracção
luz na explicação de fenómenos luz Leis da refracção. Índice da luz, nos meios materiais em
concretos do dia a dia e na de refracção situações concretas do dia a dia
construção geométrica das  Refracção numa lente  Avalia a aplicação de lentes
imagens dadas por lentes biconvexa (raio focal, biconvexa na técnica, a partir do
biconvexas. paralelo e central). conhecimento das características
 Mencionar as características das  Construção geométrica da das imagens por elas produzidas.
imagens produzidas pelas lentes imagem dada por uma
biconvexas. lente biconvexa e suas
características.

Física - Programa da 9ª classe 22


 Explicar a constituição e o  Instrumentos ópticos  Explica os mecanismos de
funcionamento dos  O olho humano e suas formação de imagens por meio
instrumentos ópticos. deficiências (miopia e de diferentes instrumentos
hipermetropia). ópticos
 Relaciona o principio de
funcionamento do olho humano
aos instrumentos ópticos.

Sugestões Metodológicas

No estudo da Óptica geométrica, vai-se descrever as características da propagação da luz tendo em conta a trajectória que esta
tem nos meios homogéneos e não homogéneos; a velocidade de propagação da luz e o desvio ao passar pelas bordas de um
corpo opaco, dando as diferenças entre corpo transparente, translúcido e opaco (tendo em conta neste caso a representação da
sombra, da penumbra e formação de eclipses: solar e lunar).

Ao definir os conceitos de raio e feixe de luz dever-se-á referir a importância da independência dos raios luminosos que nos
permitem ver os objectos que nos rodeiam. É importante precisar quando é que um raio é paralelo, convergente e divergente.

Com experiências simples os alunos vão verificar as leis da reflexão da luz. Por exemplo, fazer incidir um raio luminoso numa
superfície metálica lisa, verifica-se que o raio quando atinge a superfície é devolvido, portanto sofre o fenómeno de reflexão. Os
alunos vão aplicar as leis da reflexão da luz na construção de imagens em espelhos planos e côncavos. Para cada imagem
construída os alunos devem mencionar as suas características. Para obtenção de imagens em situações práticas o professor
poderá utilizar um ou mais espelhos. Trabalhando em grupos os alunos vão elaborar quadros ou tabelas com sistematização das
características das imagens produzidas pelos espelhos.

Através de situações concretas, por exemplo, observar a imagem de um tubo de caneta mergulhado parcialmente num copo ou
recipiente transparente ou ainda observar a posição de uma moeda metálica no fundo de recipiente com agua, vai-se introduzir
o fenómeno da refracção da luz e as leis da refracção. Como aplicação evidente do fenómeno de refracção poderá se falar do
uso dos óculos. Os alunos vão aplicar as leis de refracção da luz na construção de imagens produzidas pelas lentes.
Na abordagem dos instrumentos ópticos vai-se abordar a constituição e o funcionamento do olho humano, a constituição da
lupa, do microscópio, da câmara fotográfica e indicar algumas características das imagens produzidas por estes instrumentos
ópticos.

Física - Programa da 9ª classe 23


 Experiências recomendadas
As experiências aqui recomendadas são para a comprovação de fenómenos e verificação de leis e princípios estudados. Assim
sugere-se que sejam executadas pelos alunos, trabalhando em grupos e sempre que possível recorrendo a material de baixo
custo.

 Propagação rectilínea da luz.


 Reflexão e refracção da luz.
 Obtenção de imagens em espelhos planos e côncavos.

 Indicadores de desempenho
 Identifica corpos luminosos e iluminados;
 Descreve o principio de propagação rectilínea da luz;
 Descreve as consequências da propagação rectilínea da luz;
 Explica por meio de propagação dos raios luminosos a reflexão da luz;
 Constrói geometricamente a imagem de um objecto, dada por espelhos;
 Explica o mecanismo de formação de imagens por meio de espelhos;
 Distingue imagens produzidas pelos espelhos planos e côncavos
 Explica por meio de propagação dos raios luminosos o fenómeno da refracção da luz;
 Explica o mecanismo de formação de imagens por meio das lentes;
 Constrói geometricamente a imagem de um objecto, dada por uma lente.
 Explica o mecanismo de formação de imagens por meio dos instrumentos ópticos;
 Identifica fenómenos de reflexão e de refracção da luz, nos meios materiais e no seu quotidiano.
 Realiza experiências e elabora relatórios descrevendo materiais, procedimentos e conclusões;
 Discute com colegas os resultados das experiências realizadas respeitando as opiniões e críticas feitas ao seu
trabalho;
 Assume de forma responsável os comentários feitos as suas ideias durante a discussão com os colegas;

Física - Programa da 9ª classe 24


Estratégias para tornar o programa mais relevante.
A seguir são apresentadas algumas propostas de estratégias que o professor poderá
fazer uso, durante o processo de ensino-aprendizagem, para tornar a implementação
do programa mais relevante.
 Construir modelos a partir da necessidade explicativa dos fatos;
 Abordar as leis e princípios físicos a partir dos elementos próximos, práticos e
da vida diária;
 Promover um conhecimento contextualizado e integrado à vida dos alunos;
 Estimular a observação, classificação e organização dos factos e fenómenos
observados no quotidiano segundo os aspectos físicos;
 Promover realização de experiências simples para explicação dos fenómenos;
 Promover realização de visitas de estudos.
 Estimular o acompanhamento de notícias científicas,

Física - Programa da 9ª classe 25


Avaliação

A avaliação é uma tarefa didáctica necessária, contínua e sistemática do trabalho do


professor, em todo o processo de ensino e aprendizagem na escola.
É através desta que se pode acompanhar passo a passo o domínio das matérias pelos
educandos e obter resultados que vão surgindo no decorrer do trabalho interactivo
professor -aluno e vice-versa.
Avaliação é uma tarefa muito complexa que não pode ser entendida e nem resumida
simplesmente com provas e atribuição da nota ao aluno.
A Avaliação deve ser orientada para o ensino centrado no aluno e deve ser uma
componente essencial e sistemática, tendo como finalidade avaliar o grau de
assimilação da matéria pelos alunos através de perguntas orais, realização de
experiências, testes escritos (sistemáticos ou finais).
A avaliação deve ser realizada de forma tal que evite estimular o estudo memorizado,
deve-se estimular conhecimentos sistemáticos, essenciais, transcendentes bem como
desenvolvimento de competências. Para desenvolver competências é preciso propor
tarefas e desafios que incitem os alunos a mobilizar seus conhecimentos, habilidades e
valores. A realização de projectos deve ser uma das formas para avaliação dos alunos.
Recomenda-se que a ênfase da avaliação seja sobre os indicadores de desempenho
definidos ao longo programa, tendo mais em conta os aspectos qualitativos e
fenomenológicos do que os aspectos quantitativos.

Quando se realizam avaliações deve-se garantir que os alunos estejam conscientes da


validade da classificação obtida.

Física - Programa da 9ª classe 26


Bibliografia

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Física - Programa da 9ª classe 27

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