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FACULDADE TEOLÓGICA E FILOSÓFICA - RATIO

GRADUAÇÃO EM OPTOMETRIA

PROTOCOLO DE TERAPIA VISUAL

EXCESSO DE ACOMODAÇÃO

Disciplina: Estágio Supervisionado II. 2021

Professoras: Cleiciara Guirra

Joara Cardoso

Alunos: Antônio Jardson

Cristiano Salviano

Marcos Aurélio

Miguel Ângelo

Rafael Costa

Ricardo Rimar

FORTALEZA – CE

2021
Introdução:

Acomodação é o processo responsável pela mudança do poder refrativo do olho,


garantindo que a imagem seja focalizada no plano retiniano.

Excesso de acomodação, está condição foi descrita pela primeira vez por Von
Graefe, segundo o mesmo se trata de uma resposta excessiva da acomodação
com estimulo existente. É uma resposta além do esperado pelo sistema de
acomodação, sempre que necessita focar de perto o paciente usa
demasiadamente sua amplitude. Está relacionado aos maus hábitos de trabalho
com visão de perto. Existem vários graus de excesso de acomodação sendo o
último grau o espasmo de acomodação, condição no qual o sistema trava em
uma configuração de ativação, onde o paciente reporta dor ocular e dificuldade
para ver de perto e longe.

Etiologia:

Está relacionado aos maus hábitos de trabalho com a visão de perto;

Uso de fármacos / drogas / patologias

Semiologia:

Sintomas

Visão borrada (longe e perto);

Falta de concentração

Cefaleia posterior;

Fotofobia;

Prurido;

Sinais

Hiperemia;
Lacrimejamento;

Constrição pupilar;

Não relaxa ao medir a flexibilidade;

Acomodação relativa negativa diminuída;

Pode apresentar endoforia;

Diagnóstico;

Para uma correta avaliação da função acomodativa se requer os exames da


amplitude de acomodação, da flexibilidade acomodativa e do atraso da
acomodação ou lag acomodativo, da acomodação relativa positiva e negativa,
da retinoscopia dinâmica e do ACA.

Diagnostico diferencial:

O excesso acomodativo é considerada uma condição benigna, sem


consequências graves, além dos sintomas visuais listados. Deve ser
diferenciado de outros transtornos acomodativos. A chave para o diagnóstico
diferencial é que um paciente com excesso acomodatício terá um mau
desempenho em todos os testes que testam a capacidade de relaxar, pode ter
uma causa orgânica.
Essas etiologias subjacentes mais sérias deve ser descartadas em todos os
casos de excesso acomodatício. Este diagnóstico diferencial depende muito
sobre a natureza dos sintomas do paciente. Normalmente, o paciente excessivo
acomodatício apresenta queixas crônicas de longa data e um histórico de saúde
negativo. A história também é negativa para qualquer medicamento conhecido
por afetar a acomodação. Ao gerenciar um caso de excesso acomodativo que é
pensado para ter uma base funcional, se os sintomas e achados não melhorarem
como esperado, é aconselhável reconsiderar a etiologia da doença.

Outros distúrbios funcionais:


1. Excesso de convergência;
2. Esoforia básica;
3. Insuficiência acomodativa;
4. Infacilidade acomodativa;

Distúrbios não funcionais que causam excesso de acomodação:


1. Drogas: colinérgicos, morfina, digital, sulfonamidas e inibidores de
anidrase carbônica.
2. Patologias: encefalites, sífilis, influenza, meningites, nevralgia do trigêmio.

Tratamento:

Higiene visual:

Uma má higiene visual se encontra caracteristicamente associada aos excessos


de acomodação. O primeiro passo ante a qualquer opção de tratamento consiste
numa melhora dos hábitos de trabalho em visão próxima, como também as
condições de iluminação corrigindo posições ergonômicas e realizando
mudanças de foco, incluindo trabalho periódico de descanso 20/20/20 a cada 20
minutos usando a visão próxima 20 segundos de descanso olhando a 20 pés.

Lentes:

Da análise dos resultados dos exames de visão próxima se extrai claramente os


benefícios da adição de lentes positivas em visão próxima. Em determinados
casos se tem a necessidade da prescrição de lentes negativas para visão de
longe de forma provisória e uso esporádico e só para pacientes que podem
desenvolver em suas tarefas cotidianas enquanto faz seu treinamento visual.

Terapia visual:

É o método de tratamento de excesso de acomodação por excelência. O


prognóstico não é tão bom como para insuficiência de acomodação e se faz mais
difícil ao passar de excesso para espasmo acomodativo, mesmo assim eles se
referem a resultados muito bom a três meses de terapia. As técnicas utilizadas
são as mais comuns para toda terapia de acomodação, reforçando aqueles
aspectos que favorecem o relaxamento do sistema visual.
1. Eliminação total da sintomatologia do paciente.
2. Modificação dos hábitos de trabalho em visão próxima do paciente.
3. Relaxar a acomodação normalizando os valores dos exames
acomodativos.
4. Integrar habilidades de acomodação com vergências e motilidade ocular.

O programa para tratamento visual se divide em 3 fases:

Fase 1

A terapia de acomodação começa de forma monocular e não interessa que


intervenha na vergência. Inicialmente se incide nos seguintes pontos.

1. Troca de potências;
2. Troca de distância de fixação;

Fase 2

Uma vez normalizada a acomodação monocular, inicia a terapia binocular que


inclui tanto técnicas de acomodação como de binocularidade e inclusão de
motilidade ocular. É necessário recordar a divisão entre acomodação e
binocularidade é fictícia, pois o sistema visual necessita de ambos os sistemas.
Por isso, uma terapia de acomodação sempre inclui exercícios de binocularidade
e vice-versa.

Fase 3

Integrar a terapia de flexibilidade de acomodação com técnicas de


binocularidade como os anaglifos polarizados. É adequado incluir algum
procedimento de motilidade ocular, nesta última fase se tenta alcançar o
automatismo e, ao combinar todas as técnicas, emular as condições habituais
de trabalho do paciente onde realiza mudanças na convergência, acomodação
e motilidade ocular.

Um bom prognostico do plano de terapia é alcançado se houver colaboração


diária do paciente para exercício caseiros de 15 a 20 minuto e 1 ou 2 seções em
consultório por semana.
A duração do tratamento intensivo oscila entre 3 e 4 meses em função da
complexidade de cada caso.

EXEMPLO DE PROTOCOLO DE TRV – EXCESSO DE ACOMODAÇÃO

24 sessões em consultório (2 por semana) e exercícios diários em casa.


3 fases de 8 sessões cada.
Fase 1 – Monocular
1.1.Consultório
 Balanço com lentes soltas negativas/positivas L e P.
 Cartas de Hart
 Cordão de Brock
 Tanaglifos e Vectogramas
1.2. Casa
 Lentes soltas +/-
 Lápis alfabético
Fase 2 – Binocular
2.1.Consultório
 Balanço com lentes soltas negativas/positivas com flipper alternado
distância L e P.
 Cartas de Hart
 Cordão de Brock
 Tanaglifos e Vectogramas com Prismas BN.
 Régua de abertura
2.2. Casa
 Lentes soltas +/-
 Lápis alfabético
Fase 3 – Integração de ACC c/ Vergências e Motilidade Ocular
3.1 .Consultório
 Círculos excêntricos
 Tanaglifos e Vectogramas com lentes polaroide e verde/vermelho
 Régua de abertura com lentes +/-
3.2. Casa
 Círculos excêntricos associado a flipper +/- com convergência e
divergência.
Conclusão:

A reabilitação visual visa melhorar a flexibilidade acomodativa e a motilidade


ocular mediante a terapia visual. Se apoia no tripé prescrição óptica, higiene
visual e terapia visual, sendo que a maioria dos profissionais de saúde só utilizam
a primeira opção, mal orientam sobre a segunda e negligenciam a terceira.

O excesso de acomodação tem se tornado cada vez mais comum devido ao uso
de meios eletrônicos com visão próxima, gerando um grande campo de atuação
para o optometrista.

Referências:

HELMHOTZ HILF. Treatise on Physiological Optics. New York: DOVER; 1962.

SCHACHAR RA, BLACK TD KASH RL. The Mechanism of Acomodation and


Presbyopia in the Primate. Ann Opthalmo 995,27:58-67.

JOHN F, AMOS. Etiologia de Sintomas Visuais e Oculares. 1991.

SHEIMMAN, M; Wick, B. Clinical Management al Binocular Vision: Heterophoric,


Accommodative and Eye Movement Disorders. 4th Ed. Lippincott e Wilkins.
Philadelphia, USA. 2014.

M. ROSA BORRÁS GARCIA; JOAN GISPETS PARCERISAS; JUAN CARLOS


ONDATEGUI PARRA; MIREIA PACHECO CUTILLAS; EULALI SÃNCHEZ
HERRERO; CONSUELO VARÓN PUENTES. Vision Binocular, Diagnóstico y
Tratamiento. 1ª Ed. Ediciones UPC. Cataluña, Espanha. 2000.

CAMACHO MONTOYA, MARCELA. Terapia y Entretenamiento Visual. 1° ed.


2009. Universidade de La Salle. Bogotá, Colômbia.

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