ECONOMIA
MICRO e MACRO
ntlnj
S um ário
Prefácio, xvii
1 INTRODUÇÃO À ECONOMIA, 3
1 Conceito de economia, 3
2 A questão da escassez e os problemas econômicos fundamentais, 4
3 A questão da organização econômica - sistemas econômicos, 4
3.1 Funcionamento de uma economia de mercado, 5
3.1.1 Sistema de concorrência pura, 5
3.1.2 Sistema de mercado misto: o papel econômico do
governo, 7
3.2 Funcionamento de uma economia centralizada, 8
3.3 Sistemas econômicos: síntese, 9
4 Curva (ou fronteira) de possibilidades de produção - o conceito de
custos de oportunidade, 10
4.1 Conceito de custos de oportunidade, 11
4.2 Formato da curva CPR 12
5 Análise positiva e análise normativa, 14
6 A relação da economia com as demais ciências, 15
7 Divisão do estudo econômico, 17
Questões de revisão, 18
Questões de múltipla escolha, 18
Apêndice: Um breve retrospecto da evolução da teoria econômica, 20
ELASTICIDADES, 63
1 Conceito, 63
2 Elasticidade-preço da demanda, 64
2.1 Conceito, 64
2.2 Classificação da demanda, de acordo com a
elasticidade-preço, 64
2.3 Fatores que afetam a elasticidade-preço da demanda, 65
2.3.1 Disponibilidade de bens substitutos, 65
2.3.2 Essencialidade do bem, 66
2.3.3 Importância relativa do bem no orçamento do
consumidor, 66
2.3.4 Horizonte de tempo, 66
2.4 Formas de cálculo, 66
2.5 Interpretação geométrica da elasticidade-preço da demanda, 70
2.6 Relação entre receita total do vendedor (ou dispêndio total do
consumidor) e elasticidade-preço da demanda, 72
2.7 Observações adicionais sobre elasticidade-preço da demanda, 73
3 Elasticidade-preço cruzada da demanda, 75
4 Elasticidade-renda da demanda, 76
5 Elasticidade-preço da oferta, 76
6 Exercício sobre elasticidades, 78
Sum ário ix
Questões de revisão, 79
Questões de múltipla escolha, 80
Apêndice matemático, 82
5 PRODUÇÃO, 109
1 Introdução, 109
2 Conceitos básicos, 109
2.1 A escolha do processo de produção, 109
2.2 Função de produção, 111
2.3 Distinção entre fatores de produção fixos e variáveis e entre
curto e longo prazos, 111
3 Produção com um fator variável e um fixo: uma análise de curto
prazo, 112
3.1 Conceitos de produto total, produtividade média e
produtividade marginal, 112
3.1.1 Produto Total (P T ), 112
3.1.2 Produtividade média, 112
3.1.3 Produtividade marginal, 113
3.2 Lei dos rendimentos decrescentes do fator, 115
4 Produção a longo prazo, 116
4.1 Isoquantas de produção, 117
4.2 Conceito de economias de escala, 118
4.2.1 Rendimentos crescentes de escala, 119
4.2.2 Rendimentos decrescentes de escala, 119
4.2.3 Rendimentos constantes de escala, 120
Questões de revisão, 120
Questões de múltipla escolha, 120
X Econom ia M icro c M acro • V asconcellos BtfcK
2.3
Economia a três setores: o setor público, 211
2.3.1 Receita fiscal do governo, 211
2.3.2 Gastos do governo, 211
2.3.3 Conceitos de Produto Nacional a preços de mercado e
Produto Nacional a custo dos fatores, 212
2.3.4 Conceito de carga tributária bruta e carga tributária
líquida, 213
2.4 Economia a quatro setores: o setor externo, 213
2.4.1 Conceitos de exportações (X) e importações (M ), 213
2.4.2 Conceitos de Renda Líquida de Fatores Externos (RLFE),
Produto Nacional Bruto (PNB) e Produto Interno Bruto
(PIB), 214
2.4.3 A fórmula final da Despesa Nacional (DN), 215
2.4.4 Fluxo circular de renda para uma economia a quatro
setores, 215
2.5 Exercício de contas nacionais, 217
3 Valores reais e nominais, 218
4 Identidades básicas da contabilidade nacional, 222
5 Alguns aspectos conceituais e problemas de mensuração nas
estimativas do produto nacional, 224
5.1 Atividades produtivas (econômicas) x atividades gerais do
cotidiano, 225
5.2 Transações que aparecem no mercado, mas excluídas do
Produto Nacional, 225
5.3 Atividades que não aparecem no mercado, mas são
computadas no Produto Nacional, 226
5.4 Distinção entre produto final e produto intermediário, 227
5.5 Consumo de bens duráveis, 227
5.6 Medição do produto numa economia centralizada, 227
5.7 Presença da economia informal, 228
5.8 Comparações internacionais: o conceito de dólar PPP, 228
5.9 Produto Nacional como medida do padrão de bem-estar, 229
6 Sistemas de contabilidade social, 231
6.1 O Sistema de Contas Nacionais (versão original), 231
6.1.1 Conceitos de poupança do setor privado, renda
disponível do setor privado e renda disponível do setor
público, 234
6.2 Noções sobre a matriz insumo-produto, 235
6.3 Contas nacionais no Brasil, 240
Questões de revisão, 241
Questões de múltipla escolha, 242
Apêndice: Noções sobre números-índices, 246
13 INFLAÇÃO, 338
1 Conceito de inflação, 338
2 Distorções provocadas por altas taxas de inflação, 338
2.1 Efeito sobre a distribuição de renda, 338
2.2 Efeito sobre o balanço de pagamentos, 339
2.3 Efeito sobre os investimentos empresariais, 339
2.4 Efeito sobre o mercado de capitais, 340
3 Causas da inflação, 340
3.1 Inflação de demanda, 340
3.2 Inflação de custos, 341
3.3 Outras causas: inflação inercial, inflação de expectativas e a
corrente estruturalista, 343
4 Política monetária e inflação: o conceito de núcleo de inflação, 344
5 O imposto inflacionário e a senhoriagem, 345
6 Inflação e desemprego: a curva de Phillips, 346
7 O debate no Brasil, 349
Questões de revisão, 351
Questões de múltipla escolha, 352
Glossário, 419
Gabarito das questões de múltipla escolha, 432
índice remissivo, 433
P refácio
O Autor
Parte I
INTRODUÇÃO A
ECONOMIA
I ntro dução à
1 E co n o m ia
1 CONCEITO DE ECONOMIA
Resumindo:
necessidades A
humanas ilimitadas 1 - o que e quanto produzir
X escassez —» escolha —» / — com o produzir
recursos produtivos - para quem produzir
escassos
MERCADO ^
DE BENS
E SERVIÇOS
(Onde se formam os
DEMANDA DE BENS E SERVIÇOS preços dos bens) OFERTA DE BENS E SERVIÇOS
(demanda de calçados, alimentos, (oferta de calçados, alimentos,
serviços de transporte etc.). > serviços de transporte etc.).
PRODUZIR
COMO CONSUMIDORES COMO VENDEDORES
DE BENS E SERVIÇOS DE BENS E SERVIÇOS
COMO ^
FAMÍLIAS EMPRESAS
PRODUZIR
PRODUZIR
OFERTA DE DEMANDA DE
SERVIÇOS DOS SERVIÇOS DOS
FATORES DE FATORES DE
PRODUÇÃO MERCADO x PRODUÇÃO
(mão-de-obra, terra, DE FATORES (mão-de-obra, terra,
capital) DE PRODUÇÃO capital)
(Onde se formam os
preços dos fatores)
Por pelo menos 100 anos, do final do século XVIII, com a Revolução Indus
trial, ao final do século passado, predominava um sistema de mercado muito
8 Economia M icro e M acro • Vasconcellos ntfe»
ALTERNATIVAS DE PRODUÇÃO
A B C D E F
Canhões
(mil unidades)
ou entao:
Manteiga
ii
• \
----------------------------------1-------------- ► Canhões
Manteiga
M u d a n ça s n a C PP
Manteiga t k
14-
12-
10-
8-
6-
4-
2-
— i— i— i— i— i— i— i— i— i—>— i— i— r -i— r—t— i > -►
2 4 6 8 10 12 14 16 18 Canhões
Figura 1.5 Deslocamento da CPP: aumento dos recursos ou melhoria tecnológica nos dois produtos.
Manteiga t k
14-
----------------------
19-
Xa
io -
8-
6-
4-
* 2-
— r— i— r ~r r "i * r n i— i— r 1T " r i i l ►
2 4 6 8 10 12 14 16 Canhões
Figura 1.6 Deslocamento da CPP: aumento de recursos ou melhoria tecnológica apenas na produ
ção de manteiga.
14 Econom ia M icro c M acro • V a s c o n c e llo s __________________________________________________________
A teoria econômica, como toda teoria, deve respeitar alguns critérios que a
tornam aceitável pela comunidade científica, e ser composta de variáveis e hipó
teses que ajudam a explicar e a prever alguns fenômenos. A teoria econômica
tem apresentado um desenvolvimento ímpar nos últimos dois séculos. As ferra
mentas de análise têm evoluído grandemente, e muitos de seus conceitos são
utilizados em outras áreas. Seu escopo tem aumentado significativamente, dis
pondo atualmente de recursos que permitem processar uma quantidade de in
formações e situações inimagináveis há algumas décadas. Apesar de alguns
autores argumentarem que toda a análise econômica está permeada de ques
tões subjetivas, uma vez que seu objeto de estudo é o próprio sujeito que a estu
da, ou seja, o homem, a teoria econômica apresenta alto grau de objetividade.
A teoria econômica utiliza-se de argumentos positivos (economia positi
va) e argumentos norm ativos (economia normativa). A econom ia normativa
contém um juízo de valor, subjetivo, e a econom ia positiva é o conjunto de
conhecimentos objetivos, que respeita todos os cânones científicos. Os argumen
tos normativos referem-se ao que deveria ser, e os argumentos positivos ao que é.
Por exemplo, quando dizemos que deveria ocorrer uma melhoria na distri
buição de renda, expressamos um juízo de valor em que acreditamos, isto é, se
é uma coisa boa ou má. Esse é um argumento da economia normativa. Já a
economia positiva ajudará a escolher o instrumento de política econômica mais
adequado para diminuir a concentração de renda (política salarial, política tri
butária etc.), procurando avaliar quais os aspectos positivos e negativos dessa
política (impacto sobre gastos públicos etc.).
O principal instrumento que a economia utiliza para analisar a realidade
são os modelos. Os modelos são simplificações da realidade, que buscam captar
sua essência. Os modelos têm que ser logicamente consistentes e podem ser apre
sentados de muitas formas: verbais, algébricos, por representação gráfica etc. Os
modelos captam algum aspecto relevante da realidade. Um exemplo é o modelo
macroeconômico apresentado neste livro. Ele é representado por poucas equa
ções. Essas equações resumem alguns aspectos essenciais do comportamento de
todos os agentes da sociedade, abstraindo uma infinidade de detalhes.
Como em qualquer ciência, esses modelos podem ser testados. O ramo da
econom ia que está vo lta d o para quantificar os m odelos é cham ado de
Econometria, que combina teoria econômica, matemática e estatística. Os mo
delos também podem ter uma formulação verbal, como, por exemplo, a explica
ção marxista para a evolução histórica da economia. Nesse caso, utilizam-se
exemplos históricos para fundamentar empiricamente a análise econômica.
Como os modelos privilegiam apenas alguns aspectos da realidade, eles
podem mostrar-se muito adequados em algumas situações e impróprios em
outras. A adequação de modelos à realidade é uma tarefa importante. A teoria
econômica avança pelo aprimoramento dos modelos utilizados, seja porque a
base econômica muda, seja porque surgem novos problemas econômicos que
devem ser resolvidos.
Introdu ção à Kconom ia 15
C = f(R N ) e AC > 0
ARN
1 Extraído de DELFIM NETTO, A. Moscou, Friburg, Brasília. Rio de Janeiro : Top books, 1994.
18 Economia Micro c Macro • Vasconccllos
near uma política econômica. Por um lado, tem um enfoque conjuntural, isto é,
preocupa-se com a resolução de questões como inflação e desemprego, a curto
prazo. Por outro, trata de questões estruturais, de longo prazo, estudando mo
delos de desenvolvimento que levem à elevação do padrão de vida (bem-estar)
da coletividade. Esse enfoque de longo prazo é denominado de Teoria de De
sen volvim en to Econôm ico.
O instrumental básico desenvolvido na micro e na macroeconomia permi
te analisar as grandes questões econômicas de nosso tempo, como, por exem
plo, os fluxos comerciais e financeiros entre os países (Econom ia Internacio
nal), as relações entre capital e trabalho (Econom ia do Trabalho), o compor
tamento dos vários setores de atividade etc.
QUESTÕES DE REVISÃO
2 Muitos autores omitem a questão de quanto produzir, a qual supõem implícita na decisão de o que produzir.
Introdu ção à E con om ia 19
Roma não deixou nenhum escrito notável na área da economia. Nos sécu
los seguintes, até a época dos descobrimentos, encontramos poucos trabalhos
de destaque, que não apresentam um padrão homogêneo, e estão permeados de
questões morais. Um exemplo é a questão da usura, um tema antigo, que discu
te a moralidade de juros altos, e o que deveria ser um lucro justo.
A partir do século XVI, observamos o nascimento do primeiro conjunto de
idéias mais sistematizadas sobre o comportamento econômico: o m ercan
tilismo. Apesar de não representar um conjunto homogêneo, o mercantilismo
tinha algumas preocupações explícitas sobre a acumulação de riquezas de uma
nação. Continha princípios de como fomentar o comércio exterior e entesourar
riquezas. O acúmulo de metais adquire grande importância, e aparecem relatos
mais elaborados sobre a moeda. Para esse pensadores, a riqueza de uma nação
era diretamente proporcional à quantidade de ouro e pedras preciosas que pos
suía tal nação.
Os clássicos
David Ricardo e John Stuart Mill, entre outros. A economia passa a formar um
corpo teórico próprio e a desenvolver um ferramental de análise específico para
as questões econômicas. Foram elaborados muitos modelos acerca do funcio
namento da economia em geral. A análise de questões monetárias teve um lu
gar de destaque, e contribuiu para o desenho de algumas instituições econômi
cas importantes, tais como os Bancos Centrais.
David Ricardo é um dos grandes expoentes desse período. Desenvolveu al
guns modelos econômicos com um potencial de análise muito poderoso. Sua
análise de distribuição do rendimento da terra foi um trabalho seminal de mui
tas das idéias do chamado período neoclássico. Basicamente, Ricardo coloca
que a distribuição do rendimento da terra é determinada pela produtividade das
terras mais pobres, ou marginais.
John Stuart Mill, filho de James Mill, foi o grande sintetizador do pensa
mento clássico. Seu trabalho foi o principal texto utilizado para o ensino de
economia no fim do período clássico e no início do período neoclássico. A obra
de John Stuart Mill consolida o exposto por seus antecessores, e avança ao in
corporar mais elementos institucionais e ao definir melhor as restrições, vanta
gens e funcionamento de uma economia de mercado.
A te o ria neoclássica
A te o ria keynesiana
ter um conteúdo empírico que lhe conferiu uma aplicação prática maior. Hoje,
é possível acessar de qualquer ponto do planeta uma infinidade de bancos de
dados, que são atualizados constantemente. Por um lado, isso permite um apri
moramento constante da teoria existente e, por outro, abre novas frentes im
portantes.
Todo o corpo teórico da economia avançou consideravelmente. Hoje, a
análise econômica engloba quase todos os aspectos da vida humana, e o impac
to desses estudos na melhoria do padrão de vida e do bem-estar de nossa socie
dade é considerável. O controle e o planejamento macroeconômico permitem
antecipar muitos problemas e evitar algumas flutuações desnecessárias.
A teoria econômica tem avançado em muitas frentes. Um exemplo é a área
de finanças empresariais. Até alguns anos atrás, a teoria de finanças era basica
mente descritiva, com baixo conteúdo empírico. A incorporação de algumas
técnicas econométricas, conceitos de equilíbrio de mercados e hipóteses sobre o
comportamento dos agentes econômicos revolucionaram a teoria de finanças.
Essa revolução se refletiu também nos mercados financeiros, com a explosão
dos chamados mercados futuros e de derivativos.
Parte II
MICROECONOMIA
D em an d a , O ferta e
E quilíbrio de M ercado
1 FUNDAMENTOS DE MICROECONOMIA
Deve ser observado que a Microeconomia não tem seu foco específico na
empresa (não deve ser confundida com Administração de Empresas), mas no
mercado no qual as empresas e consumidores interagem, analisando os fatores
econômicos que determinam tanto o comportamento do consumidor quanto o
comportamento da empresa.
Coeteris paribus é uma expressão em latim que significa tudo o mais cons
tante.
A análise microeconômica básica, para poder analisar um mercado isola
damente, supõe todos os demais mercados constantes. Ou seja, supõe que o
mercado em estudo não afeta nem é afetado pelos demais. Essa condição serve
30 Econom ia M icro e M acro • Vasconcellos
Teoria da Produção
Oferta individual
Teoria dos Custos de Produção
II - Teoria da Oferta
Oferta de Mercado
Concorrência perfeita
Mercado de bens Concorrência monopolística
e serviços Monopólio
III - Análise das estruturas Oligopólio
de mercado
Mercado de insumos Concorrência perfeita
e fatores de produção Monopsônio
Oligopsônio
1. Supondo curvas contínuas e diferenciáveis (ou seja, sem intervalos e “bicos” ), a Utilidade Marginal pode ser expressa,
em vez de por acréscimos finitos (A ), por derivadas (acréscimos infinitesimais); assim: Utng = ^
Aq
D em anda, O ferta e E q u ilíbrio de M ercado 33
Toda a teoria da demanda que será desenvolvida neste capítulo tem como
hipótese básica que o consumidor está maximizando sua utilidade ou bem-estar,
limitado por seu nível de renda e pelos preços de bens e serviços que pretende
adquirir no mercado.
Para ilustrar esse ponto, utilizam-se os conceitos de curva de indiferença e
restrição orçamentária.
2 Para uma análise mais detalhada, ver VASCONCELLOS, M. A. S.; OLIVEIRA, R. G. Manual de microeconomia. 2. ed. São
Paulo: Atlas, 2000. Capítulos 2 a 8.
34 Econom ia M icro e M a cro • V a s c o n c e l l o s ________________________________________________________________________________________________________ _________________ n tla s
C u rva de In d ife re n ça
R e s triçã o o rç a m e n tá ria
Batatas
Carne (kg)
A demanda de um bem ou serviço pode ser afetada por muitos fatores, tais como:
• riqueza (e sua distribuição);
• renda (e sua distribuição);
• preço dos outros bens;
• fatores climáticos e sazonais;
• propaganda;
• hábitos, gostos, preferências dos consumidores;
• expectativas sobre o futuro;
• facilidades de crédito (disponibilidade, taxa de juros, prazos).
É a curva de demanda:
Aq d
sendo — - < o , que é a chamada Lei Geral da Demanda: a quantidade deman-
Ap.
dada de um bem ou serviço varia na relação inversa de seu preço, coeteris paribus.
Por que ocorre essa relação inversa entre o preço e a quantidade deman
dada de um bem ou serviço?
A resposta está na ocorrência dos chamados efeitos substituição e renda,
que agem conjuntamente. Suponhamos uma queda do preço do bem. Podemos
dividir o efeito dessa queda de preço sobre a quantidade demandada (que cha
maremos de efeito preço total) assim:
Preço Quantidade
($ ) demandada
(unidades)
1,00 30
2,00 25
3,00 20
4,00 15
5,00 10
Pi
5,0 ■
4,0 ■
3,0 ■
2,0 ■
1,0-
0 ► ad
► qt
10 20 30
3 Existe uma exceção à lei geral da demanda, conhecida como Paradoxo de Giffen, em que a curva de demanda é
positivamente inclinada; ela será abordada no Tópico 3.5 deste capítulo.
D em anda, O ferta e E q u ilíb rio de M ercado 39
ou seja, há uma relação direta entre, por exemplo, uma variação no consumo
de Coca-Cola e uma variação no preço do guaraná, coeteris paribus.
O deslocamento da curva de demanda, supondo aumento no preço do bem
substituto, pode ser ilustrado a seguir, baseado no exemplo de como a demanda
de Coca-Cola é influenciada pelo preço do guaraná, como na Figura 2.9.
Ou seja, aos mesmos preços de Coca-Cola ($ 1,00), serão consumidas mais
Coca-Colas (2.000), porque o guaraná ficou mais caro.
Outros exemplos de bens substitutos entre si:
Figura 2.9 Deslocamento da demanda, supondo um aumento no preço de um bem concorrente ou substituto.
Aq*
p
Litro ik
gasolina $
(Supondo um aumento no
preço dos automóveis)
Dgasolina
D gasolina
1Litro
gasolina
Vale ressaltar que essa classificação depende da classe de renda à qual per
tencem os consumidores. Parece claro que, para os consumidores de baixa ren
da, praticamente não existem bens inferiores. Quanto mais elevada a renda,
maior número de produtos passa a ser classificado como bem inferior; passa-se
a consumir produtos de melhor qualidade e abandona-se o consumo daqueles
de pior qualidade.
Feitas essas colocações, vamos verificar graficamente o que ocorre com a
curva de demanda, supondo um aumento da renda dos consumidores, nos três
casos assinalados.
Supondo um aumento de renda dos consumidores (Figura 2.11):
Figura 2.12 Deslocamento da demanda, supondo uma alteração dos hábitos dos consumidores.
3.3.5 Resumo
ry y J
m ercado consum idores individuais
í=l
4 Supondo curvas continuas e diferenciáveis, os acréscimos finitos (A ) podem ser substituídos pela derivada simples (d ),
em funções com duas variáveis, ou pela derivada parcial (d), em funções com mais de duas variáveis.
44 Econom ia M icro e M acro • V asconcellos Htlas
d d d Demanda de
Preço q 9guarana
£
guarana ^guaraná mercado de
1 IJ Ij (consumidor A) (consumidor B) (consumidor C) guaraná
2,00 14 10 22 46
1,50 24 15 32 71
1,00 34 20 42 96
0,50 44 25 52 121
Em resumo:
O c o n c e ito de excedente d o c o n s u m id o r
cedente de utilidade” , que pode ser medido pela área hachurada no diagrama
a seguir.
n
$
Paradoxo de Giffen
Exemplo:
Função Linear: qd = 3 - 0,5p, + 0,2p - 0 ,lp f + 0,9R
Função Potência: qd = 5p-°-2.p°-3. p ^ •R 1,2
1. Dados
qx = 30 - 1,5px + 0,8py + 10R,
pede-se:
a) O bem y é complementar ou substituto de x? Por quê?
Trata-se de um bem substituto: isso é indicado pelo sinal positivo do coefi
ciente de p ( + 0,8). Indica que, se p aumentar, qx também aumentará,
coeteris paribus.
b) O bem x é normal ou inferior? Por quê?
É um bem normal: o sinal do coeficiente da variável renda é positivo ( + 10).
c) Supondo
p =
r X
1
P =2
R = 100,
qual a quantidade procurada de x?
Basta substituir os valores de px , py e R na equação dada:
2. Dados
qx = 3 0 0 - l,2py -0 ,9 p v - 0 , l R
pede-se:
a) O bem x é normal ou inferior?
É um bem inferior: o sinal do coeficiente da variável renda é negativo ( - 0, 1 ).
b) O bem y é complementar ou substituto a x? Por quê?
É complementar: isso é indicado pelo sinal negativo do coeficiente de py
(- 0 ,9 ).
c) O bem x seria um bem de Giffen? Por quê?
Não é um bem de Giffen, pois o sinal do coeficiente de variável px é negativo.
Para ser um bem de Giffen, é necessário que, simultaneamente, o sinal do
coeficiente de px seja positivo (indicando curva de demanda positivamente
inclinada) e o sinal do coeficiente R, negativo (indicando bem inferior).
d) Supondo
Px = 2
Py= 1
R = 100,
qual a quantidade demandada de x?
onde:
qf = quantidade ofertada do bem i/t
p. = preço do bem i/t
nm = preço dos fatores e insumos de produção m (mão-de-obra, matérias-pri-
mas etc.)
pn = preço de outros n bens, substitutos na produção
T = tecnologia
A = fatores climáticos e/ou ambientais
Aq\
—— - > 0: se o preço do bem aumenta, estimula as empresas a produzirem
mais, coeteris paribus, pois a receita e o lucro aumentam.
BtlEK
50 Econom ia M icro e M acro • V asconcellos
Assim, como definimos uma escala de procura, tem-se também uma esca
la de oferta, que mostra como os empresários reagem, quando se altera o preço
do bem ou serviço, coeteris paribus. Por exemplo:
Preço Quantidade
($ ) Ofertada
(unidades)
1,00 10
2,00 15
3,00 20
4,00 25
5,00 30
Pi i k yS.
/ i
5,00 •
4,00-
3,00- /
2,00- ■ y f
i,o o - /
— i— i— i— i— i------ ► „
«í
Tal como a demanda, a curva de oferta pode ser interpretada sob duas
perspectivas: dado o preço, a quantidade máxima que o produtor estará dis
posto a ofertar, ou, alternativamente, dada a quantidade, o preço mínimo que
o produtor estará disposto a receber por essa quantidade.
A q Sj
^ < 0; se, por exemplo, o preço do fator terra aumenta, diminui a oferta
m de café, coeteris paribus (desloca-se em virtude do aumento de preço
da terra), como mostra a Figura 2.19. O mesmo vale para os de
mais fatores de produção, como mão-de-obra, matérias-primas,
energia etc.
D em anda, O ferta e E q u ilíbrio de M ercado 51
A qs.
< 0: se, por exemplo, o preço da cana-de-açúcar aumentar, e dado o pre
A P„ ço do arroz, os produtores diminuirão a produção de arroz para pro
duzir mais cana-de-açúcar, coeteris paribus, como mostra a Figura
2.20. Arroz e cana-de-açúcar são bens substitutos na produção.
P
arroz
rP cana-de-açucar
A '
Figura 2.20 Deslocamento da oferta, dado um aumento no preço de um bem substituto na produção.
Aq$.
:>. 0: a função oferta depende dos objetivos e metas estabelecidos pelos
empresários. Por exemplo, podem ocorrer ocasiões em que a em
presa prefere lucrar menos a curto prazo e ganhar participação no
mercado (o que pode redundar em lucros menores no curto prazo,
se os custos aumentarem mais que as receitas, com o aumento da
produção), para lucrar mais a longo prazo. Veremos, no Capítulo 3,
que existem situações em que, em mercados concentrados, com
pouca concorrência, há situações onde é vantajoso para o empre
sário reduzir sua produção, pois, ao restringir a oferta, pode ser
beneficiado por um aumento de preços que compense a queda da
produção, elevando seu faturamento total.
52 Econom ia M icro e M acro • Vasconcellos atlas
Aq\
> 0: se, por exemplo, ocorre um avanço da tecnologia, diminuem os
custos de produção, aumentando a oferta, como mostra a Figura
2 .21 .
Aq',
— > 0: se, por exemplo, ocorre uma mudança favorável no clima ou nas
condições ambientais, aumenta a oferta e vice-versa, coeteris paribus,
como mostra a Figura 2.22a. O contrário ocorre, por exemplo, no
caso de uma geada (Figura 2.22b).
Figura 2.22 Deslocamento da oferta, dada uma mudança nas condições climáticas.
É a soma horizontal (de quantidades) das curvas de oferta das firmas indi
viduais, que produzem um dado bem ou serviço:
Também como a demanda, a curva de oferta pode ter um formato linear, ou po
tencial, ou exponendal, dependendo de como os dados estatísticos se apresentarem.
Estatisticamente, as variáveis que comparecem com mais regularidade nas
estimativas de funções oferta são o preço do próprio bem (p.) e o custo dos
fatores de produção nm.
Na maior parte dos estudos empíricos, observamos que a oferta depende
mais do preço no período anterior (p(1), do que do preço no próprio período,
dado que as decisões de alterar a produção não são tomadas de imediato, de
mandando um certo período de tempo para as empresas ajustarem sua planta
de produção aos novos preços.
pi
S
120 ----------- preço de mercado
100
90
80
70
60
12 3 '* 5 3
5 O EQUILÍBRIO DE MERCADO
i
p 1
\ J
po
/ N
0
------------- Í O ......................... * '
Como vimos, existem vários fatores que podem provocar deslocamento das
curvas de oferta e demanda, que evidentemente provocarão mudanças do pon
to de equilíbrio. Suponhamos, por exemplo, que o mercado do bem x esteja em
equilíbrio, e o bem x seja um bem normal (não inferior). O preço de equilíbrio
inicial é p 0 e a quantidade, q0 (ponto A no próximo gráfico).
Suponhamos agora que os consumidores tenham um aumento de renda
real (aumento do poder aquisitivo). Conseqüentemente, coeteris paribus, a de
manda do bem x, a um mesmo preço, será maior.
Isso significa um deslocamento da curva de demanda para a direita, para
D,, como mostra a Figura 2.26. Assim, ao preço p0, teremos um excesso de de
manda, que provocará gradativamente um aumento de preços. Com os preços
aumentando, o excesso de demanda vai diminuindo, até acabar, no novo equi
líbrio, ao preço p v e à quantidade q, (ponto B).
56 Econom ia M icro e M acro • Vasconccllos nttas
Resolução:
a) D = 22 —3p
S = 1 0 + 1p
no equilíbrio, D = S
22 - 3p = 10 + lp
4p = 12
portanto, Po=3
pede-se:
a) Preço e quantidade de equilíbrio do bem x.
b) Supondo um aumento de 20% da renda, determinar o novo preço e a quan
tidade de equilíbrio do bem x.
Resolução:
3) qdx = qsx
2 - 0,2px + 0,03 (100) = 2 + 0,1p r
Resolvendo, chegamos a p° = 10 e q =3
Q = 48 + 10P
Qd = 300 - 8P
Qs = Q d
48 + 10P = 300 - 8P
18P = 252
P = 14
QUESTÕES DE REVISÃO
Dx = 3 0 - 0 , 3 p x + 0,7 py + 1,3R
a) X é um bem de Giffen.
b) Tudo o mais constante, o ingresso de empresas produtoras no mercado
do bem X provocaria elevação do preço de equilíbrio desse bem.
c) O mercado do bem X é caracterizado por concorrência perfeita.
d) Tlido o mais constante, um aumento da renda dos consumidores provo
caria um aumento no preço de equilíbrio do bem X, se este for inferior.
e) Tudo o mais constante, a diminuição do preço do bem Y, substituto do
bem X, levará a um aumento do preço de equilíbrio de X.
12. Dadas as funções oferta e demanda do bem 1,
D l = 2 0 - 0 ,2 P i - p 2 + 0,1 R
Sj = 0,8P]
e a renda do consumidor R = 1.000, o preço do bem 2 p2 = 20, assinale a
alternativa errada:
a) O preço de equilíbrio do bem 1 é 100.
b) A quantidade de equilíbrio do bem 1 é 80.
c) Os bens 1 e 2 são bens complementares.
d) O bem 2 é um bem normal.
e) O bem 1 não é um bem inferior.
E la st ic id a d es
1 CONCEITO
Até esta altura, sabemos apenas que, quando aumenta o preço de um bem,
a quantidade demandada deve cair, coeteris paribus. Ou seja, conhecemos ape
nas a direção, o sentido, mas não a magnitude numérica: isto é, se o preço
aumenta em 10%, quanto cairá a quantidade demandada? O conceito de elas
ticidade fornece essa resposta numérica.
Elasticidade, em sentido genérico, é a alteração percentual em uma variá
vel, dada uma variação percentual em outra, coeteris paribus.
Assim, elasticidade é sinônimo de sensibilidade, resposta, reação de uma
variável, em face de mudanças em outras variáveis.
Trata-se de um conceito de ampla aplicação em Economia. Vejamos alguns
exemplos:
Exemplos da Microeconomia:
Exemplos da Macroeconomia:
2 ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA
2.1 CONCEITO
9i % Aq'1
variação percentual qd _ q0
-p p — ■
variação percentual p p ] - p () Ap
Aqd
Como - é negativa (pela lei geral da demanda), e p e q são valores
positivos, segue que a elasticidade-preço da demanda é sempre negativa. Por
essa razão, seu valor é usualmente expresso em módulo (por exemplo, |£,,,, | = 1 ,2,
que eqüivale a EPP = - 1,2).
Significa que, dada uma variação percentual, por exemplo, de 10% no pre
ço, a quantidade demandada varia, em sentido contrário, em 15%, coeteris paribus.
Isso revela que a quantidade é bastante sensível à variação de seu preço.
Quanto mais essencial o bem, mais inelástica sua procura. Esse tipo de
bem não traz muitas opções para o consumidor “fugir” do aumento de preços.
Exemplos clássicos: sal e açúcar.
• carne: E alta;
pp ’
• fósforo: E baixa.
pp
\Epp\ = ----
qd Ap
Elasticidades 6 7
po Aqd _ 10 (1 0 0 -1 2 0 ) 10 ( _ 2 0 )__ j _
Epp —
q„ Ap ~ 120 (1 5 - 1 0 ) _ 120 5 3
2. Por derivada
Utilizam-se derivadas quando se tem uma estimativa estatística da função
demanda.
Quando a demanda é apresentada apenas em função do preço do bem,
utilizam-se derivadas simples:
qd. = 4 0 - 2 (2 ) = 36
da d
( = _ 2
fV
\E»r\ = 37* dp
5
Epp — ■( - 4 ) = - 0,05 ou |£P,,| =0,05 (demanda inelástica)
400
Po + P,
_Aq_
iEPPr =
Ap
que é igual a
|Alí = Pq + P , dq
ou, aplicando derivada \EPI
% + dp
qd = 10 - 2p
q0 = 10 - 2 • ( 2) = 6
(Jj = 10 - 2 • (3 ) = 4
Aq
a) Epp =
<? Ap (demanda inelástica no
_ A
Aq = ql - q0 = - 2 Epp ~ 6 ( 1 J 3 ponto p 0 = 2)
AP = P t - P0= 1
b) E - JL. A - 2_ = ^3_
(demanda elástica no ponto p, = 3)
/’p _ q Ap " 4 -1 2
c) ^ 3 - ^ q d= 10 - 2p = -2 £ — _2_ ( _ 2) — ~ 2
dp dp w 6 3
(demanda inelástica no ponto p 0 = 2)
e) F - Po + p . Aq 2+ 3 •(- 2) = -5 - (- 2) = -1
q0 + q, ap 4 + 6 10
AC _ segmento abaixo de A
BA segmento acima de A
q
AC > BA - ► | Epp\^ 4 > 1(elástica) "pp\p.moA= 1 (unitária)
Figura 3.5 Interpretação geométrica da elasticidade-preço da demanda, no caso de curva não linear.
RT - p-q
Elasticidades 73
b) se Epp for inelástica => |variação percentual qd| < |variação percentual p |,
prepondera o sinal do preço:
- se p aumentar, qd cairá, e a RT aumentará;
- se p cair, qd aumentará, e a RT cairá.
D
p
P‘
<?
Aqv
xy variação percentual qx
EPP =
variação percentual py APr
Py
r.xv _ Py dqx
c Pf> - (derivada simples) E™ = • 4^ (derivada parcial)
dpy qx ripv
4 ELASTICIDADE-RENDA DA DEMANDA
Aq
2 _ variação percentual q q
Rp variação percentual R AR
R
R Aq
ERp ~ q AR
C- _ _R _ r _ J L .
q dR o u E RP~ q dR
Se EKp > 1 : bem superior (ou bem de luxo): dada uma variação da renda, o
consumo varia mais que proporcionalmente;
e rp > 0 : bem normal: o consumo aumenta quando a renda aumenta;
e rp < 0 : bem inferior: a demanda cai quando a renda aumenta;
ERp = 0 : bem de consumo saciado: variações na renda não alteram o con
sumo do bem. Ou seja, a variável renda não é importante para ex
plicar o comportamento da demanda desse bem.
5 ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA
Aqs
variação percentual qs_
variação percentual p AP
p dq' r _ r . UH
ou, em termos de derivada, Eps = ou - q* 0p
6 EXERCÍCIÇ^S O B R E ELAST1CIDADES_______________________________
1. Dados: D x = 30 - p x - 2pv. - R
Sx = 5px
ep° = 1,00
R0 = 10,00
Pede-se:
a) Calcular o preço e a quantidade de equilíbrio.
b) Calcular a elasticidade-preço da demanda, ao nível de preços de equilíbrio.
Classifique a demanda, de acordo com a elasticidade nesse ponto.
c) Calcular a elasticidade-preço da oferta, ao mesmo nível de preços. Classifi
que a oferta, de acordo com a elasticidade nesse ponto.
d) Calcular a elasticidade-preço cruzada entre os bens x e y. Classifique a de
manda, de acordo com essa elasticidade.
e) Calcular a elasticidade-renda da demanda. Classifique a demanda, de acor
do com essa elasticidade.
Resolução:
a) Dx = x S => 30 - rpx - 2p
ry
- R — 5p
rx
Substituindo p = 1 e R = 10
ry
30 - p - 2 (1 ) - 10 = 5px
px = 3,00
P* m
b) Epp — .
t ’ 3P.v
Usamos derivada parcial (9), porque a função demanda tem mais de duas va
riáveis.
dq\
Como px = 3, qx = 15 e ^ — = -
dp.
1 => EPP =
15 ( - 1) = - 0,2 ou \E„\ = 0,2
Elasticidades 79
, „ Px dqs
o e p* = ~ z f— • — r ~
dPx
Pv dt
d) Epí, =
^x dpy
Py= 1
£ = 15 ^ - ( - 2 ) = -0 ,1 3 3
dqd
= -2
dpy
Os bens x e y são complementares (Ep^ < 0): um aumento de, por exemplo, 10%
em p leva a uma queda na demanda de x de 1,33%, coeteris paribus.
R
e) ERn =
R = 10
t = 15 10 (_ !)= _ 0,666
dqi 15
dR
= - 1
QUESTÕES DE REVISÃO
APENDICE MATEMATICO
0
Elastícidades 83
AC
queremos provar que E =
BA
P Aq
Epp —
Ap
p = OF = AE, q — AF = OE,
e que Aq = EC , Ap - OF - AE
„ r AE EC _ EC m
Tem-se, portanto, que EPP = ----- ^
AC = BA_
EC AF
AC = BA_
EC OE
AC EC BA EC . AC _ EC
EC BA OE BA BA OE
EC
Como, por (1), Epp =~q £ > segue que
_ AC
Epp —
BA
n dqrf
Epp — (1)
Q dp
qd= a.p h
dqJ _ a d(p h) da — d p 1’ _
+ p~h . = a. = a . ( - b) . p '1 ' = - a . b
dp dp dp dp
84 Econom ia M icro e M acro • Vasconcellos
Rearranjando, vem:
d qd
— -b a . p~b
dp P
Como a ■p~b = qd ,
dqd - bqd
d f = ~ p ~ <2)
P dqd _ p ( - b . qd)
Epp — = -b
dp
mostraremos que:
CD
e, portanto: Eps —
OD
1 INTRODUÇÃO
2.1 INTRODUÇÃO
que acaba onerando relativamente mais o pobre ).1 Os impostos diretos (Impos
to de Renda) são progressivos (quem ganha mais paga proporcionalmente
mais). Uma estrutura tributária é considerada proporcional ou neutra quan
do todos dispendem uma parcela (% ) igual de sua renda no pagamento de im
postos.
Temos dois tipos de impostos sobre vendas:
S = f ( p ) sem o imposto
S' = f (p ') com o imposto
p’ = p - T
1 Em termos absolutos os mais ricos terminam consumindo mais, o que implica pagar mais impostos indiretos.
88 Econom ia M icro c M acro • V asconccllos
Suponhamos que:
S’ = -20 + 2 (p - 10)
Observe-se que o imposto diminui o valor recebido pelo produtor, mas au
menta o valor pago pelo consumidor, porque o preço de equilíbrio de mercado,
que é o preço pago pelo consumidor, deve ser maior, como mostra o gráfico da
Figura 4.2.
A p lica çõ es da A n á lise M icroecon ô m ica em Políticas Públicas 89
Chamando ainda
p’ = p -tp = p (1 - t)
p’ = 10 - 0,2 • 10 = 8,00
p’ = 30 - 0,2 • 30 = 24,00
sendo p’ = p - p t
ou p' = p (1 - t)
Exemplo:
Vejamos, agora, quem arca efetivamente com o ônus do imposto. Para tan
to, suporemos o caso de um imposto específico (a análise a seguir também vale,
mutatis mutandis, para o caso de um imposto ad valorem).
2 Vamos discutir o conceito de incidência no sentido econômico, que é diferente do conceito de incidência no sentido legal. A
incidência econômica diz respeito a sobre quem efetivamente recai o ônus, enquanto a incidência legal refere-se a quem
recolhe o imposto aos cofres públicos. No caso do imposto sobre vendas, quem recolhe é a empresa, mas ela tem condições de
transferir parte do ônus aos consumidores, via aumento do preço do produto.
A p lica çõ es da A n á lise M icroecon ô m ica em Políticas Públicas 91
( P , - P 0)
(P 0- P ’) -q,
III. a arrecadação do governo nesse mercado é a soma das duas parcelas ante
riores, ou o valor do imposto vezes a quantidade vendida, ou seja:
A = T - q]
Exercício completo
S = -500 + 500p
D = 4.000 - 400p
pede-se:
Resolução:
a) Equilíbrio: S = D
- 500 + 500p = 4.000 - 400p
900p = 4.500
Po= 5 e qo = 2.000
S = - 950 + 500p
D = 4.000 - 400p
(5 ,0 - 4 ,6 ) • 1.800 = 720,00
j Parcela da arrecadação
j paga polo consumidor
I Parcela da arrecadação
I paga pelo produlor
IArrecadação do governo
P li
V s
Pl /
A :\ /
Po
C x
y | D
q q ^Q
3 Conforme mostramos no Capítulo 3 (Elasticidades), a elasticidade-preço da demanda varia ao longo da curva. Em curvas
mais horizontais, podemos supor que provavelmente o trecho relevante da curva de demanda que está sendo analisado
pertence ao segmento elástico da demanda; mais vertical a curva, provavelmente o trecho relevante para análise apresenta
demanda inelástica.
A p lica çõ es da A n á lise M icroecon ò m ica em Políticas Públicas 95
A política de preços mínimos visa dar uma garantia de renda aos agriculto
res. O governo anuncia, antes da época de plantio, um preço mínimo pelo qual
ele garante que compra a safra após a colheita. Se o preço de mercado for maior
que o preço mínimo, o agricultor vende no mercado; se o preço de mercado for
menor que o preço mínimo garantido, o agricultor vende ao governo.
Supondo que o preço mínimo seja maior que o de mercado (ver Figura
4.7), o governo pode encetar dois tipos de política:
4 Provamos no Apêndice matemático que as parcelas do imposto pagas pelos consumidores e pelos vendedores são iguais a:
E*
• parcela do imposto paga pelo consumidor = — — P‘ - -
Epp ■+■ Eps
£
• parcela do imposto paga pelo vendedor = - g — + ^
política de compras
pm-(?s -qO
qd = 19.000 - 20p
14.000 = 19.000 - 20p
Portanto, pc = 250,00
Assim, o subsídio que o governo banca para cada unidade vendida no mer
cado é a diferença entre o preço que ele pagou ao agricultor (o preço mínimo
pm = 400,00) e o preço pago pelo consumidor (pc = 250,00), ou seja, $ 150,00
por unidade.
Para sabermos qual o gasto total do governo na política de subsídios, bas
ta multiplicar $ 150,00 pelas 14.000 unidades vendidas. Teremos o valor de
$ 2.100.000,00. Ou seja:
4 EXTERNALIDADES
4.1 INTRODUÇÃO
V
P1 V y S
v \ b/
Po
7
/
/
▼
A
p* k / s
/ ySs
\ L /
pp
s i \
/ K f
qn is ....~ " * *
p
---------------- ---------- .. ■ / ------ : -■ ■ ■ ■ ■ '.a -----------------. ---------------------------------
1 1 N I I - ' A C S
R E G IS T R O
______ (p
102 Economia M icro e M acro • V a s c o n c e l l o s _______________________________________________________________________________________________________________________
5 BENS PÚBLICOS
QUESTÕES DE REVISÃO
4. Sobre externalidades:
a) Qual a importância do conceito de externalidades?
b) Dê exemplos de: 1. externalidade positiva no consumo
2. externalidade positiva na produção
3. externalidade negativa no consumo
4. externalidade negativa na produção
APÊNDICE MATEMÁTICO
Ap E ps Ap’ _ Epp
T Epp + Eps T Epp + E ps
Ap = P , - p 0
Ap’ = p 0 - p ’
Ap
—— = parcela do imposto paga pelo consumidor
A p lica çõ es da A n á lise M icroecon õ m ica em Políticas Públicas 107
Ap’
-y - = parcela do imposto paga pelo vendedor
E! = elasticidade-preço da oferta
E = elasticidade-preço da procura
Ap = P 1 - P 0e Ap’ = pQ- p ’
sendo Ap + Ap’ = T (1 )
Graficamente:
p Aq
A partir da elasticidade-preço da procura, Epp = —— • , temos
^ = í40
r ' ■ i Zpp
h (2 )
v= JLl. . a, . _L (3)
_Eo_.Aq.-i
ap _____________ q 0 _ pp
i P' + AP
q0 <2„ E tp p
Ap _ EpS
A p’ + Ap ~~ E PP + Eps
C o m o , p o r (1 ), A p’ + Ap = T , v e m :
Ap _ Eps
T Epp + Eps
Ap’ Epp
T Epp + Eps
P ro dução
1 INTRODUÇÃO
LT = RT - CT
A receita total, por sua parte, se define pelo produto entre o preço de ven
da (p) e a quantidade produzida (q). Assumindo, por enquanto, que o preço de
venda é dado ,1 a receita total dependerá da quantidade produzida. Dessa forma,
a Teoria da Firma divide-se em Teoria da Produção e Teoria dos Custos.
A Teoria da Produção que passaremos a analisar refere-se às relações tecnológicas,
físicas, entre a quantidade produzida e as quantidades de insumos utilizados na pro
dução, enquanto a Teoria dos Custos de Produção inclui os preços dos insumos.
2 CONCEITOS BÁSICOS
Mão-de-obra (N)
------- ------- 1
Capital Físico (K) PROCESSO DE
^ PRODUÇÃO PRODUTO (q )— ►
Área, Terra (T)
..................... 1
Matérias-primas (Mp)
2 Nas estimativas empíricas, dependendo do objetivo do estudo, a mão-de-obra pode ser separada de acordo com qualifi
cação, experiência, sexo etc. Para medir o estoque de capital, costuma ser utilizado como aproximação iproxy) o consumo de
energia elétrica. Em função de produção para produtos agrícolas, costuma ser incorporada a área cultivada.
1 1 2 Econom ia M icro c M acro • Vasconcellos atlas
exemplo, o curto prazo para uma metalúrgica é maior do que o de uma fábrica
de biscoitos, dado que as alterações de equipamentos ou instalações de uma
metalúrgica demandam mais tempo que as de uma fábrica de biscoitos.
q = m ,K )
Como K é suposto fixo ou constante a curto prazo, a função produção fica:
q = / ( AO
PT = q
O formato das curvas PMgN e PMeN dá-se em virtude da Lei dos Rendimen
tos Decrescentes do Fator, cujo enunciado é:
116 Econom ia M icro c M a cro • Vasconcellos
Essa lei, em sua versão absoluta, só é válida se for mantido um fator fixo
(portanto, só vale no curto prazo) que termina tornando-se um “ gargalo” a
partir de certo ponto.
Exemplo: Consideremos a atividade agrícola, tendo como fator fixo a
área cultivada e como fator variável a mão-de-obra. Com o aumento da pro
dução, no início ela cresce substancialmente, porque há poucos trabalhadores
para muita terra. Aumentando o número de trabalhadores, e se a área perma
nece a mesma, chega-se a um ponto em que a produção continua crescendo,
mas a taxas decrescentes, em virtude do excesso de trabalhadores. Teorica
mente, pode-se chegar a um ponto em que a absorção de mais um trabalhador
provocará queda na produção (PM gN negativa). Como dissemos, espera-se,
entretanto, que o empresário racional não deixe chegar a esse ponto, dado
que o mercado para seu produto está crescendo, e deve aumentar a área culti
vada, deslocando a função de produção para cima.
O Prêmio Nobel Arthur Lewis estudou uma situação na qual a produtivida
de marginal da mão-de-obra seria nula. Em países subdesenvolvidos, que prati
cam a chamada agricultura de subsistência (os agricultores só cultivam para o
seu próprio consumo), os filhos de agricultores permanecem na região, ajudan
do na roça, sem que isso represente aumento do produto agrícola. É a chamada
tese do desemprego disfarçado na agricultura, segundo a qual essas pessoas
teriam produtividade marginal nula. Essa observação levou Lewis a formular
uma estratégia para o crescimento econômico desses países, em processo de
industrialização: o deslocamento de mão-de-obra da agricultura para a indús
tria nas cidades não diminui o produto agrícola, ao mesmo tempo que permite
abastecer de trabalhadores a indústria (inicialmente em função de menor qua
lificação) como na construção civil, limpeza urbana etc., aumentando o produ
to industrial.
q = f (N , K )
com ambos os fatores variáveis. Essa função de produção pode ser representada
por uma curva chamada Isoquanta.
Produ ção 117
Isoquanta significa igual quantidade e pode ser definida como sendo uma
linha na qual todos os pontos representam infinitas combinações de fatores,
que indicam a mesma quantidade produzida. Ou seja, a isoquanta expressa um
menu de processos produtivos igualmente eficientes, determinado pela tecnolo
gia disponível, capazes de produzir a mesma qualidade do bem ou serviço final.
Como vemos, é um conceito análogo ao de curva de indiferença da Teoria
da Demanda, aplicado à Teoria da Produção.
Graficamente, a isoquanta pode ser representada como na Figura 5.4.
K
ik
\ \ \
N . q 3 = 3.000
q2 = 2.000
^ ------ q, = 1.000
----------------------------------------------------------------► N
QUESTÕES DE REVISÃO
1 INTRODUÇÃO
Exemplos:
Como vimos anteriormente, a curto prazo, alguns fatores são fixos, qual
quer que seja o nível de produção. Normalmente, consideramos como fator fixo
a planta da empresa e os equipamentos de capital. Assim, os fatores fixos geram
custos fixos, enquanto os fatores variáveis geram custos variáveis.
Custo Variável Total ( CVT): parcela do custo que varia, quando a produção
varia. E a parcela dos custos da empresa que depende da quantidade produzida.
C V T =/(q)
1 Os economistas não costumam ter o mesmo grau de especificidade dos contadores no tocante aos conceitos de custos e
despesas. Na Contabilidade, os custos (variáveis e fixos, também chamados diretos e indiretos) estão associados ao processo
operacional (dependem da quantidade produzida), enquanto as despesas são associadas ao resultado geral do exercício (despesas
financeiras, comerciais, administrativas). Para o economista, essas despesas costumam também ser consideradas como custos fixos.
C u stos d e Produ ção 125
Custo Total (C T): é a soma do custo variável total com o custo fixo total:
C T = CV T + C F T
produzida)
O custo total CT só varia com o custo variável total CVT, que depende da
quantidade produzida.
Notamos que, até certo ponto, as curvas CT e CVT crescem, mas a taxas
decrescentes, para depois crescer a taxas crescentes. Significa que, dada certa
instalação fixa, no início, o aumento de produção dá-se a custos declinantes.
Contudo, um aumento maior de produção começa a “ saturar” o equipamento
de capital (suposto fixo a curto prazo) e os custos crescem a taxas crescentes.
No fundo, é a lei dos rendimentos decrescentes do lado dos custos (aqui, mais
apropriadamente chamada de lei dos custos crescentes).
Isso ocorre, justamente, pelo fato de os custos serem um “reflexo no espe
lho” da produção. Assim, produtividades crescentes estão associadas com custos
decrescentes, e vice-versa.
, x custos totais _ CT
Custo M edio (CAÍe ou CTJVfe) - qUantidade produzida q
(ou Custo Unitário)
CVT
Custo Variável M édio (CVMe) =
q
CFT
Custo Fixo M édio (CFM e) =
<?
126 Econom ia M icro e M acro • Vasconccllos atfcfi
Fi{
ou seja, os custos marginais não são influenciados pelos custos fixos, que são
invariáveis a curto prazo.
Custos CTMe
Médios e
Marginais
($)
Condui-se que, quando o custo marginal for igual ao custo médio (total ou variá
vel), o marginal estará cortando o médio no ponto de mínimo do custo médio.
Exem plo: Suponhamos que, com 10 unidades produzidas, o custo total
seja de $ 5.000,00; portanto, o custo médio de se produzirem 10 unidades será
de $ 500,00. Se, ao produzirmos a 1 I a unidade, o custo adicional (marginal) for
de $ 400,00, o custo total passa para $ 5.400,00, e o custo médio de 11 unidades
cairá para aproximadamente $ 490,91. Analogamente, se o custo marginal da
11 a unidade fosse de $ 600,00, o custo médio da 11 a unidade seria de aproxima
damente $ 509,09. Fica então claro que, enquanto o custo marginal for inferior
ao custo médio, o médio estará caindo e, quando o marginal superar o médio, o
custo médio estará crescendo.
Custos i
k CMeL
($)
\ )
•i
/
Tamanho (escala) ótimo.
2 Nesse ponto, o custo médio é cortado pelo custo marginal de longo prazo, como ocorre também com o a curto prazo. Ou
seja: CMgC = CMeC = CMgL = CMeL.
C u stos d e Produ ção 131
6 LINHA DE ISOCUSTO
K0
Ki
j\ lSOCUSTO
No Ni N
7 EQUILÍBRIO DO PRODUTOR
Lembrando, como vimos no Capítulo 5, que o lucro total pode ser expresso
por LT = RT - CT; dado o orçamento (custo total), a empresa deverá maximizar
a receita total. Assumindo, por enquanto, que a empresa não pode afetar o pre
ço do bem ou serviço final que produz ,3 significa que a maximização da receita
total implicará a maximização da produção. Assim, dado seu orçamento (cus
to total), a empresa deverá escolher a combinação de fatores de produção com
patível com a isoquanta mais alta possível, que, como nos mostra a Figura 6.9,
é a que tangencia a linha de isocusto.
K
ú \
K*
u v
\ ----- - y2
■N*o
AT N
3 Como veremos no próximo capítulo, é o caso de um mercado em concorrência perfeita, onde o preço do produto é
determinado pelo mercado, e não pela firma.
Cu stos de Produ ção 133
QUESTÕES DE REVISÃO
2. Defina Custo Total, Custo Variável Total e Custo Fixo Total. Ilustre grafica
mente.
3. Defina Custo Total Médio, Custo Variável Médio, Custo Fixo Médio e Custo
Marginal. Ilustre graficamente.
pode-se afirmar, então, que, quando opera a lei dos rendimentos decrescentes:
a) Os custos totais médios sempre crescem com o aumento da produção.
C u stos dc Produ ção 135
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVO DA FIRMA
• maximizar lucro;
• maximizar mark-up (margem sobre os custos diretos).
ART ACT
Aq ' Aq
1 Veremos no tópico 3.2.4 deste capítulo que, se a curva de custo marginal tiver formato em U, teremos dois pontos em que
RMg = CMg. O lucro total máximo corresponde ao ponto (produção) maior.
Estruturas d e M ercado 139
Nos anos 30, alguns estudos revelaram que a regra de formação de preços
seguida pela grande maioria das grandes empresas era a maximização do mark-
up, definido como margem sobre os custos diretos, em que o preço seria
determinado fundamentalmente a partir dos custos da empresa, dada a dificul
dade de prever as receitas. Como veremos a teoria de mark-up só é aplicável em
estruturas de mercado mais concentradas em grandes empresas (monopolistas
ou oligopolistas), que têm poder de barganha para formar seu preço, o que não
ocorre num mercado muito competitivo. Nesse sentido, é uma teoria aplicável a
um tipo de mercado específico.
R T = pq
142 Econom ia M icro c M acro • Vasconcellos
RMe = - Z £ -
RMe = P ' q = P
Assim, RM e = p
Portanto, a receita média é sempre igual ao preço unitário de venda. Por outro
lado, como o preço p 0é a própria demanda da firma individual, a RMe é a pró
pria curva de demanda da firm a individual, ou seja, a RMe mostra o que o consu
midor compra, a dados preços; portanto, reflete a própria demanda.
Em concorrência perfeita, a RMe é fixa, pois p 0é constante.
Finalmente, como já havíamos definido anteriormente, a Receita Margi
nal (R M g ) é a receita adicional, ou a variação da receita total, quando varia a
quantidade vendida, ou seja, a receita extra, quando se vende uma unidade a
mais.
Em concorrência perfeita, a receita marginal é o preço recebido pela unidade
adicional vendida. Então, a RMg é igual ao preço e é fixada (pois o que se ganha de
receita adicional é constante).
dq dp \ =o
RMg = = P -l ~T“ 1 + q 1~j~ 1 = P
Aq dq \ d qi ' dq /
Portanto, RM g = p
dp
( - ^q~ -
dq
0» porque p é constante, e sabemos que a derivada de uma constante
é zero).
p ik
($)
9
(Uma firma isolada)
CMg
ik CMg
(S ) /
/ CTMe
Po V / RMg - P0 - RMe
---------------- 1
% q
Então, se:
p = CMg
p Ák CMg
($)
Po ----- -p T ----------- «M g
A .......
<?o
c
Figura 7.5 Os dois pontos onde RMg = CMg em uma firm a em concorrência perfeita.
CMg• = 100
6
CMg = 80
P0 -CM g2 = CMg] - 60
CMg' = 40
CMg = 30
• q, : RMg = 60
' Nestes três pontos, com custo marginal decrescente, é
CMg = 80
vantajoso aumentar a produção, pois a RMg é cons-
9% ' RMg = 60 , tante, mas os custos são decrescentes (então os lucros
CMg = 60 marginais são crescentes).
RMg = 60 Por isso, o ponto q2, embora RMg = CMg, ainda não é
* % :
CMg = 30 i o máximo lucro.
}
RMg = 60 0 CMg é crescente, mas ainda é possível aumentar o
CMg = 40 lucro aumentando um pouco mais a produção até
CMg = RMg.
RMg = 60
}
Na produção q5, tem-se o máximo lucro.
CMg = 60 Não deve aumentar mais a produção, pois o CMg é cres
RMg = 60 cente (e RMg fixa), o que significa lucros menores, a
CMg = 100 partir de qs.
Portanto, a produção ótima para a firma ocorre no ponto q5, onde RMg =
CMg, com CMg crescente.
No ponto q2, também RMg = CMg, mas o CMg é decrescente. Mostraremos
mais adiante que esse é um ponto de prejuízo máximo.
Como a receita média e os custos médios são a receita e os custos por uni
dade, multiplicando ambos pelas unidades produzidas, teremos a receita e os
custos totais (e, portanto, o lucro ou prejuízo total), como pode ser visualizado
na Figura 7.7, a seguir:
Figura 7.7 Área de máximo lucro de uma firma em concorrência perfeita, em termos de curvas médias
e marginais.
146 Econom ia M icro c M acro • Vasconccllos
custos e receitas
médias e marginais
Figura 7.8 Curvas de máximo lucro e máximo prejuízo de uma firm a em concorrência perfeita, em
termos de curvas totais.
A curva de Receita Total (RT) é uma reta que parte da origem, no modelo
de concorrência perfeita. Sua declividade é constante e é a própria receita mar
ginal (R M g ),2 que é o próprio preço p Q. O q0 representa o lucro máximo, q,
prejuízo, e q2e q3 lucro zero (RT = CT).
Figura 7.10 Alterações da quantidade ofertada, dadas variações no preço de mercado, para uma
firm a em concorrência perfeita.
• Quando o preço é p0, a firma oferece q0 (que maximiza seu lucro a p0).
• Quando o preço é p,, a firma oferece q, (que maximiza seu lucro a p,).
• Quando o preço é p2, a firma oferece q2 (que maximiza seu lucro a p2).
148 Econom ia M icro e M acro • Vasconcellos Htlffl
p = CVMe m ínim o
p . q = CVMe . q
R T = CVT
p \k
($) CMg
J ^ CTMe
“o - RMeo
\ \ f / /C VM e 0
CIMeo
CVMeo
| | lucro
9o N
Figura 7.11 Curva de oferta de uma firm a em concorrência perfeita: p > CTMe.
b) p < CTMe, mas p > CVMe (RT < CT, mas RT > CVT). A firma consegue pagar
todos os custos variáveis e parte dos custos fixos (Figura 7.12):
CTMe o
Po = prejuízo
CVMeo
Figura 7.12 Curva de oferta de uma firm a em concorrência perfeita: p > CVMe e p < CTMe.
Lembrando que a diferença entre o custo total médio CTMe e o custo variável
médio CVMe é o custo fixo médio CFMe, a firma apresenta nessa situação um
prejuízo (área hachurada), mas ela não deve paralisar a produção, pois assim
teria que pagar todos os custos fixos (aluguel, parcelas de compra do equipamen
to etc.). Dessa forma, se pára, tem que pagar todo o custo fixo. Se continuar, a
receita auferida permitirá pagar todos os custos variáveis (salários, matérias-pri-
mas) e uma parte dos custos fixos. Como é uma situação de curto prazo, a firma
pode esperar por uma melhoria futura do mercado, o que redundaria numa ele
vação de preços e conseqüentemente do faturamento.
CTMe o
prejuízo
CVMeo=
CTMeo
prejuízo
CVMe o
Figura 7.14 Curva de oferta de uma firm a em concorrência perfeita: p < CVMe.
Como sabemos, a longo prazo não existem custos fixos, ou seja, todos os
custos são variáveis (salários, aluguéis etc.). Portanto:
L
Estruturas de M ercado 151
1. Dada a tabela
0 10.00 5.00
1 15.00 5.00
2 18.00 5.00
3 20.00 5.00
4 21.00 5.00
5 23.00 5.00
6 26.00 5.00
7 30.00 5.00
8 35.00 5.00
9 41.00 5.00
10 48.00 5.00
11 56.00 5.00
pede-se:
a) Completar a Tabela, com os valores da Receita Total, do Lucro Total, do
Custo Marginal e da Receita.
b) Qual a produção em que o lucro é máximo?
Resolução:
Estruturas d e M ercado 153
2. Dados CT = 1 + 2q + 3q2
p = 2 0
pede-se:
Resolução:
• RMg = p = 20 20 = 2 4- 6q
dCT •
• CMg = = 2 + 6c/ % = 3
dq
b) LT = R T - C T
• RT = p0qQ= 20 x 3 = 60
LT = 26
• CT = 1 + 2q + 3q2 = 1 + 2(3) + 3(3 )2 = 34
}
3. Dados CT = 0,04q3 - 0,9q2 + lOq + 5
RT = 4q
pede-se:
Resolução:
a) RMg = CMg
dRT d(4q) „
• RMg = ------ - — = 4
dq dq
q0 = 10 máximo lucro e
q, = 5 máximo prejuízo.
Lembrando que o CMg pode cortar a RMg em dois pontos, o máximo lucro
ocorre no nível de produção mais elevado. Portanto, q0 = 10
b) LT - R T - C T
. RT = 4q = 40
c) A firma fecha as portas quando p < CVMe mínimo. Precisamos saber quan
to é o CVMe, no ponto q 0 = 10, e verificar se o CVMe é menor que o preço,
(igual a 4) nesse ponto.
Graficamente:
4 MONOPÓLIO
p 'k
($)
^mercado = Afirma
-----------------------------------------------------------► q
5 Mais recentemente, vem se desenvolvendo um novo campo de estudo, denominado Econom ia da Regulação, dedicado
ao estudo do papel e da forma de atuação das Agências Reguladoras e de Defesa da Concorrência em mercados estratégicos,
dominados por monopólios e oligopólios públicos e privados. Como incorpora muitos aspectos jurídicos, faz parte do campo
denominado genericamente “Law and Economics” .
I
Estruturas d e M ercado 157
RMe = p
Figura 7.17 Receita Média e Receita Marginal para uma firm a monopolista.
RT 1.275x11
RMe = = 1.275
q 11
A receita marginal RMg fica igual a
p 1k
\ N. RMe = D
\ 'v sendo 0A = AB
\lM g \
0 A B " <7
Figura 7.18 Receita Média e Receita Marginal para uma firm a monopolista: análise gráfica.
se p T <? RT T
se p i q T RT 1
Figura 7.19 Relação entre as curvas RT, RMe e RMg para uma firm a monopolista.
Figura 7.21 Equilíbrio de curto prazo de uma firma monopolista, em termos de curvas médias e marginais.
1St¥T
IBS
Estruturas dc M ercado 161
Figura 7.22 Equilíbrio de curto prazo de uma firm a monopolista, em termos de curvas totais.
7 Diferentemente do modelo de concorrência perfeita, em monopólio não necessariamente a RMg corta o CMg no ramo
crescente do CMg. A receita marginal pode cortar duas vezes a curva de custo marginal em seu ramo descendente, e mesmo
assim o monopolista aufere lucro, bastando para isso que o ponto onde RMg = CMg esteja acima do custo total mcdio Cl'Me. Fica
como exercício para o leitor mostrar graficamente essa situação.
162 Econom ia M icro e M acro • Vasconcellos ütlrJS
O gráfico da Figura 7.23 deixa esse ponto mais claro. O CMg intercepta
RMg 110 mesmo ponto A, supondo duas curvas de demanda diferentes. Se a
demanda for D v o lucro é máximo no ponto A, onde RMg0 = CMg, e o preço de
mercado é p,; se a demanda for D0, também em A temos o equilíbrio, onde RMg()
= CMg, e o preço é py. Assim, temos uma quantidade qo igual nas duas situa
ções, mas dois preços (pQe p {). Então, não é possível estabelecermos uma rela
ção bem definida entre preços e quantidades ofertadas pelo monopolista, como
em concorrência perfeita.
Figura 7.23 A curva de oferta do monopolista é apenas um ponto em cima da curva de demanda.
4.6 EXERCÍCIO
Pede-se:
a) a quantidade ótima para a empresa;
b) a magnitude do Lucro Total.
Resolução:
a) RMg = CMg
dRT
RMg =
dq
RT
Como temos RMe = , podemos achar a curva da RT.
RT = 45q - q 2/2;
b) LT - RT - CT
RT = 45q - q2/2
CT = 2q3- 40q2 + 220q
LT = (45q - q 2/2) - (2q 3- 40q2 + 220q)
c) Graficamente
5.2 OLIGOPÓLIO
• proteção de patentes;
• controle de matérias-primas-chave;
• tradição;
• oligopólio puro ou natural.
p = C (1 + m)
onde:
p = preço do produto
C = custo unitário direto ou variável
m = taxa (% ) de mark-up
A taxa de mark-up deve ser suficiente para cobrir os custos fixos e a mar
gem de rentabilidade desejada pela empresa. O conceito de mark-up é muito
semelhante ao conceito de margem de contribuição da contabilidade privada.
O nível de mark-up depende da força dos oligopolistas de impedir a entrada
de novas firmas, o que depende do grau de monopólio do setor. Quanto mais
alto o poder de monopólio, mais limitado o acesso de novas empresas e, portan
to, maior a taxa de mark-up que as empresas oligopolistas podem aferir. Assim,
quanto menor for a elasticidade-preço da demanda e, portanto, quanto maior o
poder de mercado do monopolista, maior será o mark-up.
5.4.1 Monopsônio/oligopsônio
10 Para uma visão mais detalhada, veja VASCONCCLLOS e GUENA, Op. cit., Capítulo 16, sobre Teoria dos Jogos, e Capítulo
22, sobre Economia da Informação. Uma síntese da Teoria da Organização Industrial pode ser encontrada em AZEVEDO, R F.
Organização industrial. In: Equipe de Professores da USR Manual de economia. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 1998. Capítulo 8.
172 Econom ia M icro c M acro • V asconccllos Hífen
tretanto, pode ser seguida pelo país B. Este pode retaliar a estratégia do país A,
também elevando as alíquotas de importação provenientes deste país, impedin
do a esperada melhora na balança comercial. Essas e outras situações que en
volvem problemas econômicos ou mesmo de outras áreas das ciências sociais
podem ser adequadamente analisadas pela Teoria dos Jogos.
Podemos caracterizar um jogo como um conjunto de regras em que estão
presentes os seguintes elementos: (i) os jogadores ou os agentes econômicos;
(ii) o conjunto de ações disponíveis para cada jogador; (iii) as informações dis
poníveis que são relevantes aos resultados dos jogos; e, finalmente, (iv) os pró
prios resultados, comumente denominados de payoffs.
Tomando como exemplo a empresa que deseja lançar um produto no mer
cado, os jogadores são a empresa e os concorrentes. As ações disponíveis são
lançar ou não o novo produto no mercado. As informações dizem respeito, por
exemplo, ao fato de os concorrentes saberem ou não das intenções da empresa
em lançar o novo produto. Por fim, os resultados representam os possíveis níveis
de lucro com o lançamento do novo produto.
Um dos problemas mais interessantes quando se trabalha com um jogo diz
respeito à identificação dos prováveis resultados. Existe uma série de conceitos
de solução de um jogo. Trataremos aqui de um dos conceitos mais utilizados em
Teoria dos Jogos: o “Equilíbrio de Nash”. Para entendermos esse conceito, po
demos inicialmente nos utilizar de um jogo “clássico” denominado de “Dilema
dos prisioneiros”.
Considere dois prisioneiros que cometeram determinados crimes juntos. Para
obter a confissão (sem violência, como todo bom policial), o policial separa os
dois prisioneiros, tomando-os incomunicáveis, propondo as seguintes alternati
vas para cada um: se um dos prisioneiros confessar e o outro não, o que confes
sou ganha liberdade e o outro pega 10 anos de prisão. Se ambos confessarem,
ganha três anos de prisão cada um. Se ambos não confessarem, cada um ganha
apenas um ano de prisão. Esses resultados podem ser representados com base na
seguinte matriz, também conhecida como “Matriz de resultados”:
Prisioneiro B
Confessa (- 3, - 3) ( 0, - 10)
Prisioneiro A
Empresa B
Empresa A
posição diferenciada no mercado, o que pode fazer com que não seja possível
encontrar uma situação de equilíbrio (ou de ótimo) como nos modelos conven
cionais. Em todas as estruturas de mercado que vimos até aqui, foi suposto que
o produto negociado era bem conhecido tanto por seu comprador quanto por
seu vendedor, o que nem sempre é verdade.
Cada vez mais, os problemas de informação têm sido levados em conta nas
análises das transações econômicas e desempenho dos mercados. Essa é uma
linha de pesquisa relativamente recente em economia, cujo desenvolvimento
deve-se aos trabalhos pioneiros de George Akerloff, Michael Spence e Joseph
Stiglitz, entre outros, nas décadas de 70 e 80. A seguir, apresentamos uma sínte
se dos problemas de informação nas transações econômicas.
Todas as transações econômicas são realizadas, de uma forma ou de ou
tra, por meio de contratos. Isso é verdade para operações de empréstimos, alu
guéis, relações de trabalho etc. Um contrato, seja formal ou informal, tem como
objetivo garantir que a transação ocorra de forma que os benefícios esperados
sejam usufruídos por ambas as partes contratantes. Existem situações, entre
tanto, em que, numa relação contratual, uma das parte possui informação pri
vilegiada, ou seja, não observada pela outra parte, a não ser mediante custo e
tempo, sendo essa informação importante para o resultado da transação. To
memos como exemplo um contrato de empréstimo em que o credor disponibiliza
certa quantia de dinheiro para o devedor, que promete devolvê-la a partir de certa
data, acrescida de juros e demais encargos estabelecidos no contrato. O grande
problema dessa relação é que o credor não necessariamente conhece o risco ou
“caráter” do devedor a ser selecionado. Também pode não ter condições de monitorar
se o empréstimo está ou não sendo aplicado de forma adequada. O devedor, entre
tanto, conhece seu próprio caráter e disposição de pagar o empréstimo.
Exemplos como este são tratados na literatura como problemas de “infor
mação assimétrica” ou assimetria de informação. Tais problemas surgem quan
do, numa relação contratual, uma das partes detém informação não disponível
para a outra, tirando proveito dessa informação em detrimento dos resultados
da transação. Em geral, os modelos que consideram a existência de informação
assimétrica denominam a parte que detém a informação privilegiada de agente
e a parte menos informada de principal. Tais modelos também são conhecidos
como modelos agente/principal.
Os problemas decorrentes da existência de informação assimétrica nas re
lações econômicas são conhecidos como de “seleção adversa” e de “risco mo
ral” ( m ora l hazard). Uma das formas de compreendermos os aspectos gerais
desses dois problemas consiste em tomar como referência o contrato.
O problema de seleção adversa pode ser considerado como um problema
“pré-contratual” . Tomemos como exemplo mais uma vez o mercado de crédito.
Determinado indivíduo (principal) deseja disponibilizar determinada quantia
de dinheiro para empréstimo. Ofertando o contrato de empréstimo, o potencial
credor pode estar selecionando maus pagadores, uma vez que ele pode não es
tar conseguindo diferenciar os bons dos maus. Outro exemplo diz respeito ao
contrato de trabalho. O empregador (principal) deseja contratar um trabalha
dor (agente), mas não consegue diferenciar a qualidade do candidato, podendo
estar selecionando uma pessoa não apta para o trabalho.
176 Econom ia M icro c M a cro • Vasconcellos
Grau de
INDÚSTRIA concentração
média do setor (% )
1. Alimentos 54
2. Bebidas e fumo 85
3. Eletroeletrônico 66
4. Borracha (pneus e artefatos) 75
5. Material de transporte 94
6. Mecânica 67
7. Metalurgia 72
8. Química 49
9. Papel e celulose 56
10. Têxtil 29
12. Mineração 76
Grau de
COMÉRCIO concentração
média do setor (% )
2. Distribuição de gás 66
3. Distribuição de derivados de 79
petróleo
Acesso de novas
Estrutura Objetivo da Número de ,, Hpo de Lucros a Exemplos
empresas ao
empresa firmas produto mercado longo prazo (aproximados)
No Quadro
Monopólio Uma Único Barreiras^
de Lucrosf1) Extraordinários (Bom-Bril)
3. Sobre monopólio:
a) Caracterize as curvas de demanda e oferta de uma empresa monopolista.
Ilustre graficamente.
b) Por que o monopólio apresenta um custo social, quando comparado
aos mercados concorrenciais? Ilustre graficamente.
c) Resuma as estratégias de precificação que podem ser seguidas por uma
firma monopolista.
7. A quantidade que uma firma deverá produzir para maximizar seus lucros:
a) Pode comumente ser determinada pelo estudo de sua escala de procura
ou de receita.
b) Deve ser estabelecida procurando-se a produção que acarrete o custo
total mais baixo.
c) Deve ser estabelecida procurando-se a produção com o menor custo
marginal.
d) Depende de uma comparação dos custos fixos com os custos variáveis.
e) Encontra-se no ponto em que a curva do custo total estará a maior
distância vertical, abaixo da curva de receita total.
APÊNDICE MATEMÁTICO
RMg ii
RMe
\ N. RMe = D
\RMg \
0 A B "9
*1 *2
OB
prova-se que OA = , ou seja, a receita marginal (R M g) corta o eixo da
RMe = p = a - bq
RT = p • q = (a - bq) ■ q = aq - bq2
RMg = — = a -2 b q
0= a - bq, a = bq] ou q, =
0= a - 2bq a = 2bq ou q =
26
Assim:
q2 OB
q, = - J — ou OA =
Parte III
MACROECONOMIA
Fundam entos de T e o ria e
P o lític a M acro eco n ô m ica 1
1 IN T R O D U Ç Ã O
1 O autor beneficiou-se muito neste capítulo das observações e comentários do Prof. Dr. Carlos Antonio Luque, da FEA-USR
188 Econom ia M icro e M acro • Vasconcellos Htfc»
Os objetivos não são independentes uns dos outros, podendo inclusive ser
conflitantes. Atingir uma meta pode ajudar a alcançar outras.
Fu n dam en tos d e T eo ria e P o lítica M a croecon ôm ica 191
cular a relação de troca, ou seja, o preço relativo entre diferentes moedas. In-
corpora-se, então, no estudo macroeconômico o mercado cambial.
Os gastos do governo e a oferta da moeda, na análise macroeconômica,
não são determinados nesses mercados, mas sim de forma autônoma pelas au
toridades. Dizemos que são variáveis determinadas institucionalmente. Ou
seja, os gastos públicos e a oferta de moeda não são determinadas, e sim deter
minam o comportamento das demais variáveis, de acordo com os objetivos do
governo. Assim, o objetivo da análise macroeconômica é estudar como são de
terminados os agregados econômicos, e como atuar sobre o seu comportamen
to, através do manejo dos instrumentos de política macroeconômica.
• política fiscal;
• política monetária;
• política cambial e comercial;
• política de rendas (controle de preços e salários).
• emissões;
• reservas compulsórias (percentual sobre os depósitos que os ban
cos comerciais devem reter junto ao Banco Central);
• open market (compra e venda de títulos públicos);
• redescontos (empréstimos do Banco Central aos bancos comer
ciais);
• regulamentação sobre crédito e taxa de juros.
2 Um dos maiores pilares da teoria clássica, criada pelo francês Jean Baptiste Say, essa lei preconizava que tudo que fosse
produzido seria automaticamente demandado. Como não existia especulação financeira no modelo clássico, a produção gerava
renda (salários, lucros), que, por falta de alternativas, deveria ser toda gasta com bens e serviços.
196 Econom ia M icro c M acro • V a s c o n c e l l o s _______________________________________________________________________________________________________________________ nttai
Em 1937, J. Hicks lança o artigo “Mr. Keynes and the classics: a suggested
interpretation” , que se tornou a versão oficial do livro de Keynes, de tal sorte que
todas as análises posteriores foram efetuadas mais com base nesse artigo do
que na própria leitura do livro. A partir desse artigo, que introduz o aparato
conhecido como IS/LM, vai-se estruturando a chamada síntese neoclássica-
keynesiana (ou, simplesmente, síntese neoclássica), que permite analisar a
economia tanto pela hipótese de pleno emprego (clássica ou neoclássica) como
pela de desemprego (keynesiana).
A síntese neoclássica, representada pela Análise IS/LM, gera resultados
razoáveis, mas apresentava uma dicotomia entre uma economia a pleno em
prego e uma economia abaixo do pleno emprego. Como ficará claro no Capítulo
10, supõe-se que, abaixo do pleno emprego, os preços permaneçam constantes,
variando o produto e o emprego, enquanto, no pleno emprego, apenas os pre
ços variam, permanecendo constante o produto. Outro ponto a destacar, que
também será mostrado no Capítulo 10, é a ênfase dada à demanda ou procura
agregada, conhecida como Princípio da Demanda Efetiva, pelo qual são os
movimentos da demanda que respondem pelas alterações da produção, e não o
contrário, como preconiza a Lei de Say.
Uma lacuna no modelo IS-LM é que ele negligencia o papel que as expecta
tivas têm no comportamento dos agentes econômicos, e como isso se reflete no
próprio desempenho da economia, tal como fora enfatizado por Keynes.
Surge, nos anos 50, a Curva de Phillips, que procura incorporar movi
mentos da oferta agregada, pouco enfatizada em Keynes, prevendo situações
em que havia movimentos conjuntos de preços e salários e produção e emprego,
ou seja, um trade-off (relação inversa) entre taxas de inflação e taxas de desem
prego. Como existe uma relação direta entre nível de atividade (produção) e
nível de emprego, a Curva de Phillips corresponde a uma oferta agregada (que
relaciona preços e produto) positivamente inclinada. Assim, aumentos de pre
ços (inflação) estão associados a variações positivas da produção agregada e,
portanto, do emprego.
Até os anos 60, tinha-se todo o instrumental IS/LM analisando os compo
nentes da demanda agregada acoplado à Curva de Phillips, que retratava as
condições da oferta agregada. No entanto, numa herança keynesiana, a ênfase
da política econômica ainda era calcada nos instrumentos de política fiscal,
negligenciando-se a política monetária (que era associada aos clássicos ou aos
neoclássicos).
A Teoria Monetária ressurgiu a partir da segunda metade dos anos 50,
liderada por Milton Friedman, da Universidade de Chicago. Friedman também
teve uma importante função na ênfase ao papel das expectativas inflacionárias
(taxa de inflação esperada), sobre a produção e o emprego e com isso também,
como Phillips, recuperou o papel da oferta agregada na Teoria Macroeconômica.
Com isso, os economistas voltam a dar ênfase ao papel das expectativas
dos agentes sobre a atividade econômica. Começa a desenrolar-se a noção de
que os agentes econômicos não podem ser ludibriados sistematicamente, ou
seja, que cometam erros sistemáticos de previsão. E é justamente essa idéia que
se constitui na base da Escola de Expectativas Racionais, que viria a dar susten
Fu n dam en tos de T eo ria e Política M acroecon ôm ica 197
QUESTÕES DE REVISÃO______________________________________________________
2. A “política fiscal” de um governo pode ser definida como sua política rela
tiva à (ao) (aos):
a) Relação entre o total de suas compras de bens e serviços e o total de
seus pagamentos de pensões.
b) Regulamentação de atividades bancárias e de crédito.
c) Total e aos tipos de despesas e à maneira de financiar essas despesas
(tributação, levantamento de empréstimos etc.).
Fu n dam en tos de T eo ria e Política M acroecon ôm ica 199
1 INTRODUÇÃO
(PN -- Ip i
UNIDADES
FAMÍLIAS
PRODUTORAS
---------
Fornecimento dos Serviços dos Fatores de Produção
flu xo m o n e tá rio
flu x o rea l
MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO
1 O lucro também pode ser entendido como remuneração da capacidade gerencial, ou seja, seria a rentabilidade dos
empresários pela organização produtiva da empresa.
C on tabilid ad e Social 203
Pelo ângulo das famílias, proprietárias dos fatores de produção, são vistos
como rendimentos; pelo ângulo das empresas, representam custos de produção.
Fica claro que, na Contabilidade Social, os custos de produção são o paga
mento aos fatores de produção, na forma de salários, juros, aluguéis e lucros, e
não incluem o pagamento a insumos intermediários como matérias-primas,
peças, energia elétrica etc., que são pagamentos de empresas a empresas, que
acabam se anulando no agregado.
Tem-se então um fluxo circular, no sentido de que a moeda gira pelo cir
cuito, criando renda: firmas recebem das famílias pela venda de bens e serviços
produtivos; firmas remuneram as famílias; famílias compram das firmas etc.;
ou seja, o produto gera renda, que gera consumo, que gera produto, que gera
renda etc.
Papel do lucro
Exemplo: supondo
vendas = $ 1 .000.000
custos = $ 650.000
lucro = vendas - custos = $ 350.000
2 Mais precisamente, ju ros são a renda do capital monetário aplicado na produção, pagos pelas empresas aos capitalistas
privados. Os juros pagos pelas empresas aos bancos não são considerados remuneração a fator de produção, mas pagamentos
de um serviço intermediário, semelhante à luz, água etc. Ou seja, eles anulam-se na consolidação das contas agregadas das
empresas.
204 Econom ia M icro e M a cro • Vasconcellos
Portanto:
PN 2 pi qi — P sacas café ’ ^ sacas + P fogão ' ^fogões + + Pbilhete metrô ' ^viagens
;= i
__ A _________
r \ r_________A _ ,--------- A--------->>
setor setor setor
primário secundário terciário
(agricultura, (indústria, (serviços,
pecuária, extração comércio,
pesca, mineral) transportes,
extração vegetal) comunicações)
3 Os conceitos de bens intermediários e bens finais dependem da utilização que se faz do bem ou serviço, mais do que de
uma característica física. Tudo que é vendido diretamente a famílias, governo e setor externo é considerado um bem final.
Nesse sentido, a reposição de peças ou a exportação de matérias-primas também são consideradas como bens finais. Também
são bens finais as matérias-primas que permaneceram em estoque, já que não foram utilizadas na elaboração de outros
produtos no período.
C o n ta bilid ad e Social 2 0 5
No entanto, existe ainda uma terceira ótica que também possibilita medir
a atividade econômica total do país, que é a Renda Nacional.
A Renda Nacional é a soma dos rendimentos pagos às famílias, que são
proprietárias dos fatores de produção, pela utilização de seus serviços produti
vos, em determinado período de tempo.
RN = w + j + a + l
Observamos, então, que existem três óticas que permitem medir o resulta
do econômico agregado de um país. São óticas conceitualmente diferentes, mas
que chegam ao mesmo valor numérico, fazendo com que PN = DN = RN. Vamos
demonstrar esse ponto.
Nesse modelo simplificado, não existem estoques, ou seja, a empresa vende
tudo o que produz. Então
PN = D N = RN
20 6 Econom ia M icro e M acro • Vasconcellos
Exemplo:
Portanto:
C o n ta bilid ad e Social 2 0 7
Resumo
S = R N -C (C = Consumo Agregado)
I = P N -C
1. máquinas e equipamentos;
2. imóveis;
3. variação de estoques (produtos acabados e intermediários) —> AE
I = Ibk + AE
IL = I B - d
PNL = PNB - d
Definimos S = RN - C
e / = P N -C
PN = RN
S = I
Exemplos:
/ = AE = 20 e
S = I = 20;
S = I = 30.
C o n ta bilid ad e Social 211
Portanto, o ato de produzir bens de capital cria, por definição, uma pou
pança no mesmo montante.
Veremos, no próximo capítulo, que essa identidade ocorre sempre nas Con
tas Nacionais (ex post). Nos modelos da Teoria Econômica, em que os agrega
dos são planejados (ou ex ante, antes de ocorrerem), essa identidade só ocorrerá
no ponto de equilíbrio macroeconômico.
Essa identidade permanecerá, como veremos, com a inclusão do governo e
do setor externo.
4 No sistema de Contas Nacionais da ONU, como por definição, considera-se que todos os investimentos são realizados
pelas unidades produtoras (empresas), as despesas do Governo e das famílias em bens de capital são consideradas dentro da
conta das empresas. Tudo o que é comprado pelo Governo e famílias é considerado como bens de consumo final. Mais adiante,
neste capítulo, retornaremos a esses pontos.
212 Econom ia M icro e M acro • V a s c o n c e l l o s _______________________________________________________________________________________________________________________ íitlffl
PNpm = R N cf + Ti - Sub
5 Se excluirmos dos gastos ou juros nominais sobre estoque da dívida pública (interna e externa), temos o conceito de
déficit superávit primário do setor público. Se incluirmos os juros, temos o conceito mais amplo de déficit/superávit
nominal ou total. Ver Capítulo 15.
C on tabilid ad e Social 213
RLFE = R R - R E
6 Embora tenha-se popularizado a dicotomia PIB x PNB, o mais correto seria considerar em termos de renda (R1B x RNB),
pois essa diferença está associada ao conceito de renda, não do produto.
7 Juros, lucros, royalties, assistência técnica, rendas do trabalho e aluguel de equipamentos são chamados de serviços de
fatores, pois representam remuneração aos fatores de produção. Fretes, seguros, turismo, serviços de embaixadas e
representações no exterior são serviços não fatores, por se constituírem em pagamentos a empresas ou órgãos prestadores
de serviços, e não a pessoas físicas proprietárias dos fatores de produção. Retornaremos a esses conceitos no Capítulo 14
(Setor Externo).
C o n ta bilid ad e Social 215
A RLFE não deve ser confundida com a diferença entre Exportações (X) e
Importações (Aí). Os lucros recebidos pela Petrobras do exterior não represen
tam importações; a remessa de lucros da Fiat não constitui exportações. A RLFE
representa parte da renda gerada por essas empresas, e não suas vendas ou
compras.
DN=C + I + G + X -M
DIBpm = C + I + G + X - M
Poupança e:x s m a
------------------
Poupança do governo (Saldo do balanço de traij isações correntes)
SETOR
FORMAÇÃO DE
____;__________
Poupança Investimento Importações
privada agregado
Consumo agregado de bens e serviços
RESTO
. . .
}f§ S E T O R * SETOR Exportações DO
W A M IU A W l EMPRESAS
_ _____________
MUNDO
Remuneração a fatores de produção
(salários + juros + aluguéis + lucros) = RENDA NACIONAI.
e sabendo-se que os valores dos salários, juros, aluguéis e lucros são brutos,
no sentido de que ainda não foram descontados os impostos diretos, a depre
ciação e a renda enviada do exterior, e não incluída a renda recebida do exte
rior, pede-se:
Resoluções:
ICTB = 22,38%
isso não significa que a economia brasileira cresceu quase 10% nesse período,
já que está incluído nesse cálculo o crescimento dos preços “p.” (além do cresci
mento do produto “q ”).
PN nominal
PNreai — 100
índice de Preços
n\i _ PN nominal _ # ■Q _ ~
r A/real — ------------------------------- = ------------- =
índice de Preços p'
8 O índice de preços reflete o crescimento m édio dos preços agregados. Como, por convenção estatística internacional,
os índices de preços são multiplicados por 100 (denom inador), eles devem ser compensados no numerador, multiplicando-
o por 100.
220 Econom ia M icro c M acro • V a s c o n c e l l o s _____________________________________________________
PIB real
Deflator Implícito PIB real
(a preços constantes
PIB da Renda p e r capita
de 1990)
a preços
Ano
correntes índice Taxa de R$ 1.000 Taxa de Taxa de
(R$ 1.000.000) base inflação crescimento crescimento
1990 =100 (% ) (% ) (% )
(1 )
(4 ) ---------100
(1 ) (2 ) (3 ) (2) (5 ) (6 )
Resolução:
. Faturamento nominal
Faturamento real = -------------------------------------------- • 100
índice de preços do setor químico
Como está sendo solicitado o faturamento com base no mês de janeiro, que
é o período-base do índice da tabela, basta então dividir a coluna ( 1 ) pela colu
na (2) e multiplicar por 100, com o que se obtém (Tabela 9.3):
— r~ — ;------------------
índice de preços por Faturamento real
atacado do setor do setor químico a
Meses
químico preços constantes
(base: abril = 100) de abril
c) Para calcular a taxa de crescimento real mês a mês, podemos usar qualquer
das duas séries de faturamento real, pois a alteração da base de comparação
não modifica as variações reais mensais. Como não temos o dado de dezem
bro do ano anterior, não é possível calcular a taxa de crescimento para ja
neiro.
As taxas de crescimento mensais, em termos percentuais, são calculadas da
seguinte forma:
í V a lo re m t - 1V 100 (% )
\ Valor em t - 1 )
Taxa de crescimento
Meses
de faturamento real
Janeiro —
Fevereiro 3,9%
Março 4,6%
Abril - 1,0%
Maio 3,2%
Mostra como a renda gerada é utilizada pelas famílias. Da renda que rece
bem (na forma de salários, juros, aluguéis e lucros), ou consomem (C), ou pou
pam (S), ou pagam impostos ( T). Observe-se que no consumo C estão incluídas
as importações M.
I + G + X = S + T + M
/ = S + (T -G ) + (M - X )
T T t
Poupança Saldo do Saldo do
Privada Governo Setor Externo
ou ‘ global = Sglobal
9 A identidade já está corrigida pelas importações, conforme mostrado no tópico 2.4.3 deste capítulo.
224 Econom ia M icro c M acro • Vasconcellos ______________________________________________________________________________________________________________________ Btlas
PIB + M = C + I + G + X,
PIB = C + I + G + X - M
Assim:
PIB = (C + / + G) + X - M
PIB = E + X - M
PIB-E = X - M
Pagamentos de transferência
São transações que não alteram o produto e a renda nacionais. Por exem
plo, pagamentos a aposentados e ex-pracinhas, bolsas de estudo, subsídios, não
são computados no PN por não representarem remuneração a fatores de produ
ção do período corrente. Trata-se apenas de transferências do governo ao setor
privado. Também são consideradas transferências as transações financeiras,
bem como o valor das transações com bens de segunda mão, como máquinas,
226 Econom ia M icro e M acro • Vasconcellos Htl»
Atividades ilegais
É o caso de fazendeiros que consomem parte dos bens que produzem. Hou
ve remuneração a trabalhadores, capital investido etc., o que faz com que esses
bens devam ser considerados no PN.
Trata-se de uma distinção nem sempre muito clara e ainda motivo de con
trovérsias no âmbito da Contabilidade Nacional. Por exemplo, a escada dos pin
tores, macacão dos trabalhadores, carro de propriedade dos vendedores não
deveriam ser classificados como bens intermediários, pois seriam produtos ne
cessários às famílias, para que produzam bens e serviços finais? A atividade do
governo (construção de estradas, corpo de bombeiros, polícia etc.) não seria
uma atividade intermediária para fornecer a infra-estrutura necessária para o
funcionamento dos demais setores econômicos?
Observa-se assim como é difícil traçar a linha divisória entre bens finais e
bens intermediários. No limite, até o consumo de alimentos poderia ser conside
rado como produto intermediário, por dar condições para que exerçamos nos
sas atividades.
Além disso, há uma série de dificuldades práticas de medição para distinguir
se um bem ou serviço é intermediário ou final. Se uma empresa fornece matérias-
primas para outra empresa produzir um produto acabado, se essa matéria-prima
não for utilizada até o fim de um período, deixa de ser classificada como bem
intermediário e passa a ser considerada como bem final. Como já citamos antes,
não é possível distinguir se a gasolina vendida num posto foi fornecida para con
sumo final das famílias ou para o consumo intermediário de empresas.
Por essa razão, a ONU recomenda como norma geral que tudo o que fo r
comprado pelas famílias, pelo governo, mesmo que sejam matérias-primas ou com
ponentes, deve ser considerado produto final nas Contas Nacionais, já que esses
agentes não processam, não manufaturam nenhum bem. Também são consi
derados bens finais todas as exportações e os estoques, não importando que
sejam de produtos finais ou intermediários.
P I Bppp = I p ü$ . q
USA USA USA
P I B ppp = I p US • q
BRASIL USA BRASIL
P I B ppp = I p u$ • q
C H IN A USA CHINA
Por esse motivo, devemos diferenciar o conceito de Bem -estar Social (mais
amplo) de Bem-estar Econômico, medido pelo Produto Nacional do país, que é
avaliado no mercado, tem um preço de mercado. O Produto Nacional mede
essencialmente o bem-estar no sentido econômico .10
O indicador mais utilizado para avaliar o bem-estar do ponto de vista
social é o índice de Desenvolvimento Humano (ID H ), divulgado periodica
mente pelas Nações Unidas. Trata-se de um índice calculado a partir de uma
média de indicadores sociais (taxa de alfabetização, nível de escolaridade e
expectativa de vida) e econômicos (PIB real per capita):
10 Nessa linha, alguns economistas sugerem que, para aproximar mais o cálculo do PN ao conceito de bem-estar social,
deveria ser retirado do cálculo do PN o custo social causado pelo crescimento econômico (as chamadas externalidades negati
vas, como poluição ambiental, custos de congestionamentos urbanos etc.). Na mesma linha, poderiam ser acrescidos os
benefícios advindos do aumento do lazer, refletido no fato de que as horas trabalhadas têm diminuído ao longo dos anos,
enquanto o PN tem aumentado (eqüivale a dizer que a produtividade média do trabalho tem aumentado).
C o n ta bilid ad e Social 231
Débitos Créditos
7. Salários 1. Consumo das famílias (ou consumo
8. Excedente operacional bruto pessoal)
9. Impostos indiretos 2. Consumo do govemo
10. (-) subsídios 3. Investimentos em bens de capital (ou
Formação bruta de capital fixo)
4. Variação de estoques
5. Exportações CIF11
6. (-) Importações CIF11
Produto Interno Bruto a preços Despesa Interna Bruta a preços de
de mercado mercado
11 Exportações e Importações CIF ( cost, insurance and freight) : incluem fretes e seguros.
Exportações e Importações FOB (free on board): custo da mercadoria, isento de fretes e seguros.
C o n ta bilid ad e Social 233
Débitos Créditos
1. Consumo das famílias 7. Salários
2. Consumo do governo 8. Excedente operacional bruto
14. Saldo: poupança interna 9. Impostos indiretos
10. (-) Subsídios
11. (-) Depreciação
12. (-) Renda enviada ao exterior
13. Renda recebida do exterior
Débitos Créditos
12 No Brasil, como não tem sido calculada a depreciação, essa conta denomina-se Conta Renda Nacional Disponível Bruta.
23 4 Econom ia M icro e M acro • Vasconcellos
iv ) CONTA DE CAPITAL
CONlA DE CAPITAL
Débitos Créditos
Podemos obter ainda mais três conceitos, a partir das Contas Nacio
nais: poupança do setor privado e renda disponível do setor privado e do
setor público.
É a renda que o setor público dispõe efetivamente para gastar (ou poupar).
ou simplesmente
13 A Renda Disponível do Setor Privado também costuma ser definida com base na Renda Interna Bruta a custo de fatores,
e não com base na Renda Disponível Total. Nesse caso, temos que especificar a depreciação (d ) e a renda líquida de fatores
externos (RR - RE), assim: RDrnv = RlBf+ TR + Sub - Ti - Td - Outras Receitas do Governo - d + RR -R E .
236 Econom ia M icro e M acro • Vasconcellos irtlín
40.000
atj = --------------- = 0,4
100.000
IMPORTAÇÕES Mi Mi M3
Coeficientes intersetoriais a.
o
Como vimos:
14 Todos os valores estão a preços de mercado, ou seja, incluem impostos indiretos e subsídios. Incluem ainda os custos de
comercialização dos produtos (basicamente custos de transportes). Com isso, o valor bruto da Produção X corresponde ao
próprio faturamento ou receita de vendas de cada setor.
23 8 Econom ia M icro e M acro • Vasconcelios
Como esses coeficientes se referem aos gastos de cada setor, eles são calcu
lados por coluna, na vertical, assim:
X n X» X 13
a l\ Q 12 Q 13
x, X 2 X 3
X 21 X22 X 23
a 22
°2 I _
x,
~
X2 Q 23 ~
X 3
*3 1 X 32 X 33
^31 ~ X, °3 2 ~~ °3 3 —
X 2 X 3
Coeficiente de importação m.
M, m2
m. = m2 = m3 = E 3
XT X.,
Supondo dois setores de atividade (setor A e setor B), e dados (em R$ bi-
lhões)
pede-se:
Resolução
a) (e m R$ m ilh ões)
B 80 50 300 430
IMPORTAÇÕES 10 20
VALOR ADICIONADO 210 260
VALOR BRUTO
390 430
DA PRODUÇÃO
PIB = 470
PIB = 470
240 Econom ia M icro e M acro • V a s c o n c e l l o s _______________________________________________________________________________________ ___ ____________________________ íitfcfi
90 100
~ 390 — ^>2308 aAH — — 0,2326
q ba ~ 390 — 0 j2 0 5 1 aBB = = ^ . 1 1 6 3
coeficientes de importação:
m = — = 0,026
* 390
20
m = — = 0,047
B 430
Isso apenas numa primeira etapa, pois o setor A, ao receber uma injeção de
R$ 4,652, também vai demandar insumos de outros setores, que demandarão
de outros setores etc...
Para sabermos o resultado final desse processo, devemos resolver o exercí
cio aplicando álgebra matricial.
15 Para maiores detalhes sobre a nova metodologia e sua adoção no Brasil, ver PAULANI, L.; BRAGA, M. B. A nova
contabilidade social. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
C o n ta bilid ad e Social 241
rença importante reside no fato de que, como no Brasil não é calculada a depre
ciação, a conta renda é denominada de “Renda Nacional Disponível Bruta”, e
não Líquida.
As TRUs, anteriormente denominadas de Tabelas de Insumo-Produto,
investiga a unidade de produção. Todas as suas informações são desagregadas
por setor de atividade (entidades financeiras, administrações públicas, agricul
tura, indústria e serviços), mostrando as compras intermediárias que os setores
efetuam entre si, numa forma semelhante a que apresentamos resumidamente
no tópico anterior.
4. Suponha uma economia em que não exista governo nem transações com o
exterior. Então:
a) PIBpm > PIBcf > RNB.
b) PIBpm < PIBcf < RNB.
c) PIBpm = PIBcf > RNB.
d) PIBpm = PIBcf < RNB.
e) PIBpm = PIBcf = RNB.
sendo: PIBpm - Produto Interno Bruto a preço de mercado.
PIBcf - Produto Interno Bruto a custo de fatores.
RNB - Renda Nacional Bruta.
__________________ __ ____________________________________ _________________________________________________ C on tabilid ad e Social 243
Subsídios 250
Consumo final das famílias 400
Formação bruta de capital fixo 400
Variação de estoques 100
Exportações de bens e serviços de não-fatores 500
Importações de bens e serviços de não-fatores 100
Depreciação 100
Impostos diretos 200
Transferências de assistência e previdência 150
Outras receitas correntes líquidas do governo 600
Juros da dívida pública interna 100
Poupança corrente do governo (superávit) 100
10. A diferença entre Renda Nacional Bruta e Renda Interna Bruta é que a
segunda não inclui:
a) O valor das importações.
b) O valor da renda líquida de fatores externos.
c) O valor dos investimentos realizados no país por empresas estrangeiras.
d) O valor das exportações.
e) O saldo da balança comercial do país.
c) Manutenção de estradas.
d) Salários de funcionários aposentados.
e) Vacinação em massa.
1 CONCEITO DE NÚMERO-ÍNDICE
2 ÍNDICES DE PREÇOS
Soma (H 100%
MÉDIA ARITMÉTICA _ 0,2 • 0,1 + 0,1 • 0,2 + 0,1 • 0,4 + 1 • 0,05 + 0,1 • 0,25 =
PONDERADA j (Xpesos)
Se, erroneam ente, tivéssem os calculado uma média aritm ética sim
ples, teríamos uma variação conjunta de 30% (150% divididos por 5). Es-
taríam os dando idêntica im portância para os cinco produtos, superesti
mando evidentem ente a variação do preço do fósforo e subestimando os
demais produtos.
c) Fórmula de cálculo
Po •í i = bens
(f )
r o ZPo ■<lo FÓRMULA
ORIGINAL
variação de preços participação relativa
do bem i no total
1 INTRODUÇÃO___________________________________________
(antes de ocorrer, a priori); aquilo que todos desejam fazer, quando examinam
a situação no início de um período. Diz respeito às expectativas teóricas, com
base nos dados disponíveis.
Embora a Contabilidade Nacional forneça a base de dados, o referencial
estatístico para a Análise Macroeconômica não se preocupa, por exemplo, em
discutir se o produto obtido está abaixo ou acima do produto potencial da eco
nomia e que alternativas de política econômica estão disponíveis para levá-lo ao
pleno emprego. Isso é tarefa da Teoria Macroeconômica.
DA = C + 1 + G + X - M
a uma dada Renda Nominal Y, quando o nível de preços P se eleva, a renda real
y reduz-se; ou seja, há relação inversa entre P e y , conforme podemos verificar
na Figura 10.1.
1 Há uma diferença entre os conceitos de Demanda Agregada (D A ) e de Despesa Nacional (D N ), vistos na Contabilidade
Social. ÍK D A éex ante, planejada, enquanto a DN é um conceito expost, já realizada.
252 Econom ia M icro e M acro • Vasconcellos
y pleno
emprego
▲ Curva de oferta
agregada (CM)
trecho
clássico
(pleno
emprego)
♦
trecho keynesiano
(desemprego)
-> v
ype
a) Desemprego de recursos.
b) Curto prazo.
OA = f(N ,K ,T ec).
Como esses fatores são relativamente constantes a curto prazo, segue que
a OA permanece fixada a curto prazo.
No gráfico da Figura 10.4, de y 0 para y u a curva de OA permanece fixa,
embora a quantidade produzida (o nível de renda) varie, devido à maior utiliza
ção do estoque de fatores de produção; ou seja, não há deslocamento da curva,
mas movimentos ao longo da curva de OA.
3 Segundo a síntese neoclássica keynesiana, o desemprego seria causado em grande medida pelo que se chamou de rigidez
de salários nominais. Contrariamente à teoria clássica, que pressupunha flexibilidade de preços e salários, esta abordagem
mostra que os salários nominais, devido à atuação dos sindicatos, seriam rígidos para baixo, encarecendo o custo da mão-de-
obra e fazendo com que as empresas demandem menos trabalhadores, gerando desemprego.
25 6 Econom ia M icro e M acro • Vasconcellos
c = / (y )
C = a + by
onde:
PM gC = b =
2 58 Econom ia M icro e M a cro • Vasconcellos
PMeC = —
y
S=y-C
S = y - (a + by) = y - a - b y
S = - a + (l-b)y
PMgS = 1 - b = —
Ay
PM gS + PM gC = 1
y -c y c c
Como S = y - C, PMeS = ------ = — - — = 1 -----
y y y y
Assim, PMeS = 1 - PMeC
PMeS + PM eC = 1
C = 10 + 0,8y
S = - 10 + 0,2y
PMgS = 0,2
2 6 0 Econom ia M icro e M acro • Vasconcellos Htfcn
90 10
PMeC = ^ = 0 , 9 e PMeS = ^ - = 0,1
T ou I */(y)
G o u G í / (y)
T ou T * / ( y )
C - a + b (y - T ) ou C = a + byt
S = - a + [(1 - b ) ( y - T ) ] ou S = - a + (1 - b) yd
X o u X */ (y )
É uma hipótese realista, dado que as exportações realmente não são afeta
das pela renda nacional, mas pela renda dos outros países (renda mundial),
entre outros fatores.
Ãíou Aí */(y)
DA = C + I + G + X - M
ii ■i \
renda de equilíbrio renda de pleno
entre DA e OA emprego
Figura 10.12 Equilíbrio macroeconômico de curto prazo, em termos de oferta e demanda agregadas.
• condição de equilíbrio: OA = DA
como: oferta agregada: OA = y
demanda agregada: DA = C + 1 + G + X - M
a condição de equilíbrio fica:
y —C + I + G + X - M
266 Economia M icro e M a cro • V a s c o n c e i l o s __________________________________ ____________________________________________________________________________________ Btlas
Exemplo: C = 20 + 0,75 ( y - T )
I = 20
G = 25
T =25
X = 30
M = 15
y = 20 + 0,75 (y - 25) + 20 + 25 + 30 - 15
e resolvendo
Vaz = S + T + M
In j = I + G + X
4 Evidentemente, quedas de investimentos, gastos públicos e de exportações representam vazamentos, enquanto quedas
de poupança, impostos e importações representam injeções ao fluxo de renda.
D eterm in ação d o N ív e l d e Renda e Produ to N acion ais: O M erca d o d e Bens e Serviços 2 6 7
T = 25
M = 15
I = 20
G = 25
X = 30
268 Econom ia M icro c M acro • V a s c o n c c l l o s _______________________________________________________________________________________________________________________ Htfcfi
S + T + M = I + G + X
20 + 0,25 ( y - 25) + 25 + 15 = 20 + 25 + 30
Resolvendo, temos:
O Paradoxo da Parcimônia
Vazamentos = injeções
i
2 7 0 Econom ia M icro e M acro • Vasconcellos
Exemplo: Dados
c = 20 + 0,8 (y
I = 20 + 0,2y
T = 25 + 0,1 y
M = 25 + 0,2y
G = 25
X = 30
determinar a renda de equilíbrio e o valor dos demais agregados macroeco
nômicos.
Solução:
condição de equilíbrio: OA = DA
demanda agregada: DA = C + I + G + X - M
y = C + I + G + X - M
y = 20 + 0,8 [y - (25 + 0 ,ly )] + (20 + 0,2y) + 25 + 30 - (25 + 0,2y)
T=f(y)
Ay dy
ki = — — (ou = , em termos de derivada)
AI dl
total de gastos, basta realizarmos a soma dos termos da R G., que é igual ao
primeiro termo (100), dividido por 1 menos a razão 0,75. Nesse caso, será:
100
= 400
(1 - 0,75)
Percebe-se que o gasto inicial foi multiplicado por 4, valor este que é o
chamado multiplicador de gastos. Seu valor corresponde ao inverso da propen
são marginal a poupar:
5 Ou seja, num primeiro momento há um deslocamento da curva de demanda agregada (variação autônoma); os passos
seguintes representam movimento.'; ao longo da curva de demanda agregada, e mais especificamente da função consumo,
induzidos pelas variações da renda nacional.
D eterm in ação d o N ív e l de Renda e Prod u to N acion ais: O M erca d o d e Bens e S erviços 273
y —C + I + G + X - M
y — a + b(y - T ) + I + G + X - M = a + b y - b T + I + G + X - M
y —by — a —bT + / + G + .X—Aí
y (1 - b) = a - bT + I + G + X - M
b = 0,75 => kt = 4
b = 0,8 => kí = 5
Substituindo as funções
* = 'o + h y
T = t 0 + tl y e
M = m0 + m ,y
k =
1
1- bÇ1 - í, ) + m, - i,
k =
1
1 - 0,8 ( 1 - 0 , 1) + 0 ,2 - 0,2
1 - b - ij
D eterm in ação d o N ív e l d e Renda e Prod u to N acion ais: O M ercado d e Bens e Serviços 2 7 5
Trata-se de um famoso teorema, que mostra que uma economia pode au
mentar a renda e o emprego, e manter ao mesmo tempo o equilíbrio orçamen
tário. O teorema de Haavelmo diz que “se o governo efetuar gastos no mesmo
montante dos tributos recolhidos (isto é, se o orçamento estiver equilibrado), a
renda, em vez de permanecer constante, como se poderia supor, aumentará de um
montante igual ao aumento de G e T
Isso se explica pela diferença entre os multiplicadores dos gastos do gover
no G (positivo) e da tributação T (negativo). Tomando os multiplicadores sim
plificados
a) kGé maior que kr, em módulo, isto é, | ^ | > [ y * ^-J, o que mostra que
1 , 1 i • 1
b) kG + kT = 1, pois - — — + - — - = - — — = 1.
- b 1 -b
1- b l-o l-o
6 Uma crítica a esse Teorema é que implica um montante excessivo de gastos e tributos, quando poder-se-ia obter o mesmo
aumento de renda apenas com um aumento menor de gastos ou, alternativamente, com diminuição da tributação, embora com
desequilíbrio orçamentário. Isso porque os multiplicadores isolados de G e T provocam variações de renda mais fortes do que
quando atuam conjuntamente (no orçamento equilibrado). Por exemplo, se kfí = 5 e kT = - 4, e queremos Ay = 100, em vez
de fazer AG = AT = 100, no orçamento equilibrado, poderíamos considerar ou AG = 20, ou então AT = - 25, que, isoladamente,
levariam a Ay = 100. Outra crítica é que os acréscimos de renda só serão exatamente iguais aos acréscimos de gastos e tributos
quando se supõem impostos autônomos em relação à renda. Entretanto, como foi dito, esse Teorema destaca como é importante,
para avaliar os resultados da política fiscal, ter-se conhecimento dos valores dos multiplicadores de gastos e tributos.
276 Economia M icro c M acro • V a s c o n c e l l o s _______________________________________________________________________________________________________________________
estabilizar preços, emprego e nível de atividade. Uma política fiscal pura ocor
re quando a atuação do governo se dá apenas por meio de instrumentos fiscais,
sem alterar a política monetária. Analogamente, entende-se por política mo
netária pura aquela que é implementada sem mudanças na política fiscal.
Hiato Deflacionário
Hiato Inflacionário
kc = 1 - 0,8 = 5
basta elevar os gastos em 10, para obter um aumento de renda de 50.
Observações
Y= P y
EMC, H
Compra de novas máquinas
25%
Compra de computadores
18%-
Ampliação das instalações
15%-
Compra de mobiliário
10% -
5% — Compra de ventiladores
3%—
“ i— r--------------------- ► / (milhões $)
1 2 3 4 5 6 7 8 9
De todos esses projetos, é racional que a firma deseje realizar aqueles in
vestimentos em que a EMC seja superior à taxa de juros do mercado (i), que
representa o custo do empréstimo para a compra de bem de capital. Caso a
firma tenha recursos próprios, a taxa de juros pode ser medida pelo que a firma
ganharia se aplicasse o dinheiro no mercado financeiro. Nesse caso, a taxa de
juros i representa o custo de oportunidade de usar os recursos para financiar os
investimentos dos projetos.
Dessa forma, quando:
4
282 Econom ia M icro c M acro • V a s c o n c e l l o s ________________________________________________________________________________________________________________________ fltlas
I ($ bilhões)
p re ç o d e
a q u is iç ã o d o
eficiê n cia m a rg in a l
b e m d e cap ital
d o cap ital
fa tu ra m e n to
{EMC) v a lo r p re se n te d o s
e s p e ra d o
d e m a n d a de re to rn o s líq u id o s
in vestim entos e s p e ra d o s
custos d e o p e ra ç ã o
(!)
e m a n u te n ç ã o d o
ta x a d e ju r o s d e e q u ip a m e n to (e n e r
m ercad o (f) g ia, d e p re c ia ç ã o ,
m ã o -d e -o b r a )
/ = v(Y-y( i) ou I, = vAy
I, = K, - K f _, = AK
segue que
Ay
multiplicador: k = Ay = kAI
AI ’ / = v(kAI)
acelerador: I = vAy
2 8 4 Econom ia M icro e M acro • Vasconcellos atkn
QUESTÕES DE REVISÃO___________________________________________________
8. Segundo Keynes, três elementos básicos estão envolvidos nas decisões para
investir:
a) Disponibilidade de capital de giro, taxa de juros e nível de lucros espe
rados.
b) Custo do investimento, fluxo de renda líquida a ser gerado pelo investi
mento e taxa de juros.
c) Taxa de juros do mercado, custo de produção dos bens de capital e taxa
de salários.
d) Custos variáveis de produção, taxa de salários vigente e lucro esperado.
e) Fluxo de renda a ser gerado pelo investimento, disponibilidade de capi
tal de giro e taxa de juros.
11. Conhecidas, para uma economia fechada e sem governo (e supondo que
não haja lucros retidos pelas empresas):
Função poupança: S = -10 + 0,2yt(, onde: yd = renda pessoal disponível
Função investimento: I - 20 + 0 ,ly, onde: y = renda (produto) nacional,
1 M O ED A: C O NC EITO E FUNÇÕES
Moeda pode ser definida como um ativo financeiro de aceitação geral, uti
lizado na troca de bens e serviços, que tem poder liberatório (capacidade de
pagamento) instantâneo. Sua aceitação é garantida por lei (ou seja, a moeda
tem “curso forçado” e sua única garantia é a legal).
As principais funções da moeda são as seguintes:
2 OFERTA DE MOEDA
M = PP + DV
1 Para maiores detalhes, ver “Nota Técnica do Banco Central” , de agosto de 2001, no site do Banco Central: < www.bcb.gov.br> .
292 Econom ia M icro e M a cro • V a s c o n c c l l o s ______________________________________________________________________________________________________________ a t la s
• emissões;
• reservas obrigatórias dos bancos comerciais;
• operações de mercado aberto;
• política de redescontos; e
• regulamentação da moeda e do crédito.
2 As diretrizes de política monetária e a definição das taxas de juros são estabelecidas pelo COPOM - Comitê de Política
Monetária (Copom ), constituído pela Diretoria e por Chefes de Departamento do Banco Central.
294 Econom ia M icro e M acro • Vasconccllos Otfcfi
Política de Redescontos
Vimos que o Banco Central também é o banco dos bancos, que, inclusive,
empresta a eles. São dois os tipos de redescontos: o redesconto de liquidez e o
redesconto especial. O redesconto de liquidez, ou normal, visa socorrer os
bancos quando de eventual saldo negativo na conta de depósitos voluntários, ou
seja, quando o banco comercial está com problemas de liquidez. O redesconto
especial ou seletivo é aquele utilizado pelas autoridades monetárias para in
centivar alguns setores específicos da economia; ou seja, o Banco Central abre
uma linha de crédito aos bancos comerciais, desde que estes utilizem essa verba
adicional em setores específicos (por exemplo, para a compra de fertilizantes,
para exportação etc.).
3 Parte das reservas obrigatórias pode ser feita com títulos federais que rendem juros.
O Lado M o n e tá rio da Econom ia 295
O Banco Central cobra uma taxa de juros sobre esses empréstimos, chama
da taxa de juros do redesconto. Evidentemente, se essa taxa for baixa e o
montante de redesconto elevado, representa um estímulo ao aumento de em
préstimos por parte dos bancos comerciais, que poderão repassá-los ao setor
privado, aumentando o volume de meios de pagamentos.
O sistema bancário pode criar moeda num valor múltiplo de uma injeção
monetária inicial. Vejamos como isso ocorre, por meio de um exemplo.
Suponha que existe um único banco na economia, a razão dos depósitos
que os bancos devem manter como reservas é 40% e o depósito inicial neste
banco é de R$ 100,00. Destes R$ 100,00, destina R$ 40,00 para reservas e
empresta R$ 60,00. Estes R$ 60,00 retornam ao banco na forma de novo de
pósito; destes, R$ 24,00 viram reservas e R$ 36,00 são reemprestados. Estes
voltam como depósito e reinicia-se o ciclo. Percebe-se que os R$ 100,00 iniciais
de depósitos multiplicaram-se, gerando uma seqüência de depósitos nos va
lores: R$ 60,00; R$ 36,00; R$ 21,60; R$ 12,96;... Essa seqüência constitui
uma progressão geométrica (PG) decrescente de razão 0,6, que corresponde à
fração livre dos depósitos bancários, isto é, o depósito adicional menos as
reservas que devem ser compostas (1 menos a porcentagem de reservas:
1 - 0,4 = 0,6).
Para avaliarmos o total de depósitos do banco com base no depósito inicial,
basta realizarmos a soma dos termos da P G. com razão menor que 1.
LPG = a — -—
1 -q
2 9 6 Econom ia M icro e M acro • Vasconcellos
onde:
I PG = soma dos termos de uma progressão geométrica
B = PP + R
As reservas dos bancos comerciais são a soma do caixa dos bancos co
merciais, dos depósitos voluntários e dos depósitos obrigatórios dos bancos co
merciais junto ao Banco Central.
Assim, a base monetária consiste em todo o montante de moeda emitida
em mãos do setor privado, inclusive bancos. É todo o estoque de moeda primá-
4 Não devemos confundir esse multiplicador monetário (de meios de pagamento) com o multiplicador keynesiano de
gastos, que se refere ao aumento da renda nacional (e não dos meios de pagamento) decorrente de uma injeção autônoma em
algum componente da demanda agregada de bens e serviços.
O Lado M o n etá rio da Econ om ia 297
atlas
ria, também chamada moeda de alta potência (high pow er m oney), ou, ain
da, passivo monetário das autoridades monetárias.5
Por um mecanismo de multiplicação, via empréstimos bancários, essa
moeda primária dá origem ao total de meios de pagamento. Existe uma rela
ção bastante estável e previsível entre base monetária e meios de pagamento,
assim:
M
---- = m ou M = mB
B
E = D V -R
M = PP + DV (1)
B = PP + R (2 )
PP DV
M _ PP + DV _ DV DV (3)
B PP + R PP R
DV DV
Chamemos
PP
c = = taxa de retenção do público, que é a relação entre moeda
com o público e os depósitos a vista.
5 O termo passivo monetário significa que o portador de moeda tem um direito sobre o Banco Central. Quando o Banco
Central emite moeda e fornece à coletividade, tem uma obrigação com o público. O passivo não monetário é constituído,
basicamente, pelos títulos públicos.
298 Econom ia M icro c M acro • Vasconceilos atlas
R
r = = taxa de reservas bancárias, que é o total de encaixes e reser
DV
vas em relação aos depósitos a vista .6
M c + 1 1+ c
ou M = B
B c + r c + r
7
1 + c
sendo: m =
c -I- r
Deve ser observado que as políticas monetárias não têm efeito direto sobre
a taxa de retenção do público, pelo menos a curto prazo, dado que é um
parâmetro que depende de hábitos da coletividade, como, por exemplo, o uso de
cartões de crédito. A atuação maior das autoridades dá-se sobre a taxa de reser
vas bancárias e sobre a base monetária, podendo afetar a taxa de retenção de
moeda pelo público a partir das variações da taxa de juros induzidas pela políti
ca monetária.
Tomando os dados para o Brasil, relativos a dezembro de 1998, temos:
M 50.707 , _
m = l “ = l& 2 Õ 3 = 1 '40
Ou seja, uma expansão primária de moeda de 10%, por exemplo, leva a
um total de meios de pagamento superior em cerca de 40%.
O multiplicador também pode ser obtido a partir dos parâmetros de com
portamento c e r:
_ PP 21.185 R _ 15.018 _
C DV 29.522 ’ DV 29.522
_ 1+ c = 1 + 0,7176 1,7176
m ~ c + r 0,7176 + 0,5087 1,2263
DEMANDA DE MOEDA
Nesta parte, estamos interessados em saber os motivos que fazem com que
as pessoas retenham moeda, guardem moeda pela moeda, em vez de aplicá-la,
por exemplo, em títulos ou imóveis, que proporcionam rendimentos. Se existem
essas possibilidades, por que se retém moeda que não rende nada (conceito M l)?
Para explicar esse fato, precisamos recorrer a uma teoria de demanda de
moeda.
Existem três motivos para demandar moeda, isto é, para reter encaixes
monetários:
• motivo transação;
• motivo precaução;
• motivo especulação (ou portfólio).
Chamando
Mdr
A relação entre Md e Y, ou seja: k, =
60.000
segue que: fc,. = ] ^ ^ —
1
M d T = k,Y
1
ou
II
P -Ky
H
M d p = kpY = kpPy
M d T+P = k Y = kPy
J
rai O Lado M o n e tá rio da Econom ia 301
atfen
Keynes deu nova dimensão à moeda ao colocá-la também como uma for
ma de poupança de acumular patrimônio. Segundo Keynes, as pessoas deman
dam moeda não apenas para satisfazer a transações correntes, mas também
para especular com títulos, imóveis etc.
A moeda não apresenta rendimentos, mas também não apresenta riscos,
especialmente quando a inflação é baixa. As pessoas, para reduzir os riscos,
podem diversificar sua carteira de títulos (seu “portfólio”) em vários títulos e
aplicações, inclusive guardando certa quantidade de moeda. Dessa forma, essa
quantidade de moeda também dependerá da rentabilidade dos títulos, ou seja,
da taxa de juros.
Do ponto de vista de quem retém moeda, a taxa de juros representa o ren
dimento que esse indivíduo teria se comprasse títulos. Ou seja, a taxa de juros é
0 “preço implícito” ou custo de oportunidade de reter moeda.
Podemos então estabelecer uma relação entre demanda de moeda por es
peculação e taxa de juros de mercado. É de se esperar que essa relação seja
inversa: quanto maior a taxa de juros, os agentes reterão menos moeda (que
não rende juros) em seu poder.
Assim, quanto maior a taxa de juros, maior a compra de títulos e menor a
demanda de moeda para especulação.
Chamando
Md = MdT+p + MdF
Md = k Y + f ( i )
AMd AMd
AY
> 0 e — t~- <
Al
0
(a uma
dada renda Y0)
Md = Mdr+P = Mde
*
MdTyP MdE Md
Aí° = —7 7 — • Py ou M V = Py
V J
Py = Y = 1.440.000
segue que
L440000_
60.000
1
3 0 4 Econom ia M icro c M acro • Vasconcellos
8 Uma versão anterior da Teoria Quantitativa da Moeda (a versão original) era apresentada da seguinte forma:
M V = PT
onde T é o volume total de transações (e não apenas as transações que criavam renda) e V a velocidade de circulação
da moeda ou velocidade de transações da moeda. Evidentemente, como a velocidade de circulação envolve transações
com todos os bens e serviços, inclusive intermediários, ela é maior que a velocidade-renda da moeda.
O Lado M o n e tá rio da Econom ia 305
i ^
* M
M°
Renda Nominal Y
M V = Py,
~ PoYo
para Y, = P ,y 0
Y0 = P0y 0
para 7, = P 0y,
M 0V0 = P 0y 0 (1)
M .V ^ P .y , (2 )
O L ado M o n e tá rio da Econ om ia 3 0 7
MjVi _ PiYi
M0V0 P0y 0
V, P
como: = 1,2 e ----- = 1,06
yo
Mi
segue que: — - = 1,2 ■ 1,06 = 1,272
M0
/=/©
sendo
Se a hipótese for de renda real a pleno emprego, então deve ocorrer au
mento nos preços P, com y constante. Esquematicamente:
308 Econom ia M icro c M acro • Vasconcellos Htfen
) -
com desemprego, P y I
+
Graficamente (Figura 11.6), o efeito Keynes pode ser assim ilustrado (su
pondo economia abaixo do pleno emprego):
dem anda de
equilíbrio investim entos
do lado
monetário
+ G +x
I+ G + x
Vazamentos
Injeções
S +T + M
A eficácia das políticas monetária e fiscal pode ser avaliada com base em
sua velocidade de implementação, pelo grau de intervenção na economia e pela
importância relativa das taxas de juros e do multiplicador keynesiano.
Quanto à velocidade de implementação, já pudemos observar anterior
mente que a política monetária é mais eficaz que a política fiscal, pois as deci
sões das autoridades monetárias normalmente são aplicadas de imediato, en
quanto as decisões na área fiscal, de acordo com a Constituição Federal, devem
passar pelo Poder Legislativo e só serem implementadas no exercício fiscal se
guinte, devido ao Princípio da Anterioridade. Não obstante isso, os efeitos da
política monetária sobre a atividade econômica não são imediatos, pois as deci
sões de investimento não se alteram de forma instantânea com as mudanças na
taxa de juros.
Quanto ao grau de intervenção na economia, a política fiscal é mais pro
funda que a política monetária. Uma alteração numa alíquota de impostos, ou
a criação de novos impostos, por exemplo, representam praticamente aumento
de custos e interferem mais diretamente no setor privado do que qualquer polí
tica monetária. A política fiscal tem impactos mais fortes sobre o grau de distri
buição de renda e sobre a estrutura produtiva, enquanto a política monetária é
mais difusa quanto a aspectos distributivos.
Como pudemos verificar na Figura 11.6 (Efeito Keynes), a discussão da
eficácia das políticas econômicas também depende do papel da taxa de juros -
em particular, na sensibilidade (elasticidade) dos investimentos privados e na
I
310 Econom ia M icro e M acro • Vasconcellos Btlffi
efetiva mês etc. Entretanto, todas essas taxas estão relacionadas com uma taxa
básica da economia. Essa é a taxa que os bancos pagam pelos fundos de outros
bancos, no chamado mercado interbancário.9
A taxa à qual os bancos emprestam fundos depende basicamente da oferta
e da demanda de dinheiro da economia. Como o Banco Central tem o monopó
lio de emissão de moeda, ele influencia de maneira decisiva essa taxa. O Banco
Central atua especialmente no mercado de títulos, comprando e vendendo, de
maneira que leve todo o espectro de taxas de juros para o nível desejado pelas
autoridades monetárias.
O Banco Central também afeta a taxa de juros por meio da chamada taxa
de juros do redesconto, que é quanto ele cobra em empréstimos ao sistema ban
cário. Também é considerada uma taxa básica, pela qual os bancos comerciais
aplicam uma margem de rentabilidade, para então emprestar ao público.
Quando muda o nível de juros, todos os mercados da economia são afeta
dos. Quando sobe a taxa básica, sobe o custo para tomadores de fundos, bem
como a remuneração dos aplicadores de recursos. Uma alta de juros também:
9 No Brasil, a taxa básica é a taxa Selic, que é fixada pelo Comitê de Política Monetária (COPOM). O COPOM, ao fixar a cada
45 dias essa taxa, anuncia um viés de baixa, ou viés de alta, ou viés neutro, sinalizando ao mercado que o presidente do Banco
Central pode alterar a taxa de juros, sem aguardar a próxima reunião. Esse sistema passou a ser adotado a partir de junho de
1999, quando adotou-se a sistemática de fixar metas de inflação ( inflation targets), como diretriz de política monetária.
312 Econom ia M icro c M acro • V a s c o n c e l l o s _________________________________________________________________________________________________________________ _____ Btlas
(1 + 0 - (1 + r) (1 + if)
onde: i = taxa nominal de juros; r = taxa real de juros; vf = taxa de inflação esperada.
(1 + 0
(1 + r) =
e: (1 + Jt)
r = (1 + 0/(1 + ne) - 1
Como exemplo, vamos supor que a taxa de inflação esperada em um certo
mês seja igual a 10,3%. Se a taxa de juros nominal for de 10,8515% nesse mes
mo mês, qual será a taxa real de juros? Aplicando-se a fórmula anterior, obte
mos 0,005 ou 0,5% de juros em termos reais nesse mês.
10 No Brasil, muitos economistas argumentam que as elevadas taxas de juros SELIC são devidas ao fato de que o mecanis
mo de transmissão seria fraco, em função do escasso acesso ao crédito de grande parte da população.
O L a do M o n e tá rio da E con om ia 313
QUESTÕES DE REVISÃO
10. Na hipótese de que um país esteja produzindo com plena utilização dos
fatores de produção, um aumento da oferta monetária provocará:
a) Aumento da renda real.
b) Diminuição da renda real.
c) Aumento do nível geral de preços.
d) Diminuição do nível geral de preços.
e) Aumento de emprego de mão-de-obra.
12. Uma das medidas abaixo é inconsistente com uma política tipicamente
monetarista de combate à inflação. Identifique-a:
a) Restrições às operações de crédito ao consumidor.
b) Elevação das taxas de juros.
c) Diminuição dos depósitos compulsórios dos bancos comerciais no Ban
co Central.
d) Reajustes salariais abaixo da inflação do período.
e) Cortes em subsídios governamentais.