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Resumo
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Acadêmica do curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Ponta Grossa. E-mail:
Luana_1982@hotmail.com
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Doutora em Educação. Professora da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). E-mail:
pa.tyleo12@gmail.com
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Acadêmica de Pedagogia da Universidade Estadual de Ponta Grossa. E-mail: karinaregalio@hotmail.com
ISSN 2176-1396
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Introdução
Outra modificação ocorrida nesse momento foi a suspensão temporária das habilitações
em Supervisão Escolar, Orientação Educacional e Administração Escolar. No entanto, foram
retomadas posteriormente em 1991 devido às demandas das redes de ensino e aos clamores dos
acadêmicos pela volta dessas habilitações, especialmente aqueles que haviam concluído o
Magistério. (MAINARDES; MASSON, 2009).
Papi (2005, p. 102) salienta que havia a “exigência de no mínimo dois anos de
experiência no magistério para cursar estas habilitações”, as quais permaneceram até o ano de
1996, quando o Curso passou por mais uma reformulação.
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De acordo com Mainardes e Masson (2009), concordando com Santos (1998), tal
reformulação foi necessária devido à necessidade da superação da segmentação entre teoria-
prática, tendo em vista as concepções fragmentadas, pragmáticas e racionalmente técnicas que
fundamentavam o Curso de Pedagogia da UEPG nesta época. Uma das principais mudanças
ocorridas pela reformulação de 1996 foi o fortalecimento da identidade da formação de
professores.
Nesse sentido, a partir de 1997, o Curso de Pedagogia da UEPG passou a ter duração de
quatro anos e a ofertar o Curso Licenciatura em Pedagogia e Habilitação Magistério das
Matérias Pedagógicas do 2º Grau, além de Habilitação Magistério das Séries Iniciais do 1º Grau.
Ofertava também as Habilitações de Orientação Educacional, Supervisão Escolar, Educação
Infantil, Educação de Jovens e Adultos e Educação Especial-Deficiência Mental, podendo ser
cursadas após a conclusão do mesmo, ou seja, no 5º ano do curso como formação complementar
(ANTONIACOMI, 2014, p.110).
Santos (1998) enfatiza que nesse momento ocorreram modificações importantes no
Curso, as quais priorizavam valorizar e fortalecer a competência teórica e técnica aliada ao
compromisso político e social, tendo em vista a ênfase na docência como base da formação do
educador articulada ao ensino da pesquisa e extensão.
Posteriormente, com o Decreto 3.276/99 houve uma diferenciação entre o Curso de
Pedagogia e o Normal Superior, o qual preconizava que a “formação em nível superior de
professores da Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental deveria ser feita
exclusivamente em Cursos Normais Superiores” (MAINARDES; MASSON, 2009, p. 175).
O Curso de Pedagogia passou a ser designado “Licenciatura em Pedagogia -
Magistério para a Educação Básica e Habilitação em Administração, Supervisão e Orientação
Educacional”, ficando assim designado até o ano de 2003. Além disso, optou-se por aguardar
as determinações legais em transição, a fim de garantir a titulação aos acadêmicos que já
estavam inseridos no curso.
Neste período, segundo Nadal, Zaias e Marcoccia (2016, p. 4):
A oferta, pela própria Instituição, do Curso Normal Superior para também formar
professores das séries iniciais, fez com que a formação no curso de pedagogia passasse
a ser questionada pelos alunos, dada a duplicidade (por eles entendida como
similaridade) de instâncias formativas. Em 2000, diante da pressão, procedeu-se nova
alteração e a formação dos “especialistas” da educação voltou para corpo curricular,
agora integrada em torno de uma só disciplina ofertada na última série: Fundamentos
Teórico-Metodológicos de Supervisão Escolar, Administração Escolar e Orientação
Educacional, além do estágio em tal área.
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Em 2004, o Curso passou a ter como eixo central a docência, sendo denominado
Licenciatura em Pedagogia – Magistério para a Educação Básica. Simultaneamente a esse
acontecimento, ocorria a elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais. Dessa forma, o
Curso de Licenciatura em Pedagogia da UEPG ficou marcado por conter diferentes concepções
com relação à sua identidade e à sua constituição.
Nesse momento, surgiram muitas discussões e dissensos a respeito da proposta, pois
de um lado havia aqueles que defendiam a docência como base nacional comum nos cursos de
Pedagogia e, por conseguinte, na formação do pedagogo. Em contrapartida, havia outro grupo
de pesquisadores que criticava a proposta. Este fato se expressa nas palavras de Libâneo e
Pimenta:
Estes autores criticavam veemente a definição de que a docência seria a base nacional
comum na formação de educadores no país, pois consideravam que o Curso deveria dedicar-se
a:
Apesar dos avanços, em 2009 foi realizada uma nova reformulação, passando a vigorar
no ano de 2013, e teve por finalidade a formação de docentes para atuar na Educação Básica,
nos níveis de Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Podendo atuar ainda
nas funções da gestão na Educação Básica.
Contudo, o foco da formação é a docência, na perspectiva de uma formação que supere
a fragmentação do especialista, bem como a dicotomia teoria-prática, pesquisa e ensino e,
pensar e fazer.
Em síntese, o Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Ponta Grossa passou
por importantes reformulações, as quais, de algum modo, visavam superar a dualidade
teoria/prática.
A área da Gestão sempre esteve presente na maior parte do tempo, mesmo tendo a
docência como eixo central, pois em se tratando do trabalho escolar, este sempre esteve voltado
para a orientação do processo ensino-aprendizagem, ainda que em alguns momentos houvesse
fragmentações quanto à formação do aluno de pedagogia.
Não obstante, compreende-se que a atual reformulação do Curso tem a finalidade de
capacitar, ao mesmo tempo, o aluno da pedagogia para a docência, para coordenar a prática
pedagógica, planejar e administrar o funcionamento da escola e orientar o desenvolvimento dos
alunos.
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Se por um lado busca-se romper com uma prática instrumental, de outro é necessário
compreender a prática da vida, a qual não se faz sem instrumentação teórica, pois a teoria
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apresenta carga horária de 102 horas, distribuídas igualmente no campo de estágio e em aulas
presenciais.
Sendo assim, o estágio em Gestão na Educação Básica I constitui-se como uma
abordagem prática, mas não somente isso, pois utiliza-se também de fundamentos e conceitos
já trabalhados em outras disciplinas do curso, caracterizando-se assim, como disciplina
articuladora entre teoria-prática.
Tem por objetivo observar e acompanhar o trabalho do coordenador pedagógico dentro
de uma escola pública, bem como investigar como esse profissional desenvolve o trabalho
coletivo.
O estágio em Gestão possibilita ao acadêmico o desenvolvimento de habilidades
concernentes ao trabalho pedagógico, a partir da observação e da análise da atuação da equipe
pedagógica ao longo do período do estágio. Além disso, essa experiência extramuros da
universidade oportuniza ao graduando o resgate de conhecimentos adquiridos em outras
disciplinas do curso de Pedagogia, relacionando-as ao trabalho docente e também com a atuação
do coordenador pedagógico em direção ao alcance de uma educação de qualidade.
A disciplina em questão tem como propósito efetivar a articulação entre teoria e prática,
visto que as discussões acontecem durante as aulas em que são problematizadas a realidade do
trabalho dos coordenadores pedagógicos, a partir do que se passa no cotidiano deles. Dessa
forma, é possível realizar a relação entre os conhecimentos adquiridos ao longo do curso com
a prática do estágio.
O Estágio Curricular Supervisionado em Gestão na Educação Básica I possibilitou o
contato com uma instituição escolar pública no município de Ponta Grossa no Paraná. O
objetivo foi compreender o trabalho do pedagogo dentro da instituição escolar com ênfase no
trabalho coletivo.
Dessa forma, realizou-se uma pesquisa de campo de abordagem qualitativa. Utilizaram-
se como instrumentos para a coleta de dados um diário de campo e questionários4, aplicados
aos professores e pedagogos da escola. Também foi realizada uma intervenção com os
professores da escola com a finalidade de apresentar e discutir os dados sobre o trabalho do
pedagogo e os momentos de organização do trabalho pedagógico coletivo.
A experiência do estágio na escola causou grande impacto e um misto de sensações,
diante de tantos desafios e limites que a equipe gestora enfrenta todos os dias. Percebeu-se que
4
Vale destacar que esse texto irá tratar somente das observações realizadas pelos acadêmicos e não abordará os
dados levantados no questionário, os quais se referem ao trabalho coletivo.
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o trabalho desse profissional está direcionado às questões pedagógicas de sala de aula, questões
burocráticas da escola, atendimento aos pais e alunos etc. Segundo Domingues (2014):
Se a maior parte das suas intervenções ocorre em situações menos formais, há outros
fatores que estão articulados a isso, como o grande volume de atividades burocráticas que
compete à equipe pedagógica. Sobre isso, Malavasi, Almeida e Chaluh (2010, p. 81) constatam
que geralmente:
Lima (2008, p. 200) destaca que o “olhar atento do estagiário aproveitará a oportunidade
de contato com a escola para descobrir valores, organização, funcionamento dela, bem como a
vida e o trabalho dos seus professores e gestores”.
Durante as atividades do estágio, consultaram-se inúmeras vezes o Projeto Político
Pedagógico (PPP) da escola para compreender a visão de mundo, de homem, de sociedade que
aquele coletivo da escola possuía, assim como, quais valores e conhecimentos o coletivo
almejava desenvolver com seus alunos.
Nesse sentido, buscou-se articular as observações sistematizadas realizadas na escola
através do acompanhamento das atividades do trabalho do pedagogo à reflexão dos textos
propostos pela disciplina, somados à análise dos documentos educacionais oficiais, com o
intuito de compreender a realidade educacional na qual nos inserimos como pesquisadoras,
pois:
O cruzamento de dados, feito entre o que a literatura pedagógica diz sobre a escola, o
que dizem os documentos oficiais e a realidade registrada nas observações e
entrevistas, oferece um importante estudo comparativo de compreensão reflexiva e de
crítica da realidade. (LIMA, 2008, p.202).
Corrobora-se com Paro (2012), pois a formação dentro da escola numa perspectiva
crítica, realizada a partir da formação de um coletivo, proporciona a reflexão sobre a prática, o
estudo de temas pertinentes, o compartilhamento de experiências e ideias, analisa situações e
propõe soluções para as problemáticas que emergem dentro do contexto.
Nesse sentido, considera-se que o estágio em gestão possibilita o preparo para enfrentar
os desafios que podem vir a surgir durante a carreira profissional. Além disso, esse preparo se
torna muito mais significativo quando se parte do real, da experiência vivenciada na prática das
funções dos pedagogos, as quais são muitas.
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Considerações Finais
REFERÊNCIAS
SANTOS, S. O curso de Pedagogia e os nexos entre teoria e prática: uma análise necessária.
1998, 194 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Estadual de Ponta Grossa,
Ponta Grossa, 1998.