Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
1º Semestre - 1º Tema
1º Período
“Em educação, nenhuma oportunidade deve ser perdida, tanto para aprender, quanto para
ensinar, como para sentir”.
Apresentação da disciplina
Querido Estudante!
A humanidade tem passado por mudanças significativas a partir das últimas décadas,
precisamente nesse período que vem sendo chamado de globalização. Desde o advento da
imprensa, que pode ser considerado o grande marco distintivo da cultura moderna, quando o
conhecimento produzido e acumulado pela humanidade começou a ser socializado, não
assistimos a tantas mudanças em termos de disseminação do conhecimento.
Nossa disciplina é o eixo norteador que lhe dará subsídios para a sistematização dos
conhecimentos adquiridos em todas as outras disciplinas ao longo do curso, viabilizando a
instrumentalização de normas e procedimentos acadêmicos e científicos importantes e
necessários para a sua vida profissional.
Vamos iniciar agora a disciplina “Metodologia do Trabalho Científico”. Ela está dividida em 2
blocos e 4 temas.
temas.
Portanto, nossa postura diante do curso, dos textos, das atividades e dos conteúdos que serão
trabalhados ao longo de todo o processo é que nos oportunizará absorver os conhecimentos
necessários para a compreensão das constantes mudanças que estamos vivendo nos últimos
tempos.
1
Metodologia do trabalho científico
1º Semestre - 1º Tema
1º Período
“Em educação, nenhuma oportunidade deve ser perdida, tanto para aprender, quanto para
ensinar, como para sentir”.
Apresentação da disciplina
Querido Estudante!
A humanidade tem passado por mudanças significativas a partir das últimas décadas,
precisamente nesse período que vem sendo chamado de globalização. Desde o advento da
imprensa, que pode ser considerado o grande marco distintivo da cultura moderna, quando o
conhecimento produzido e acumulado pela humanidade começou a ser socializado, não
assistimos a tantas mudanças em termos de disseminação do conhecimento.
Nossa disciplina é o eixo norteador que lhe dará subsídios para a sistematização dos
conhecimentos adquiridos em todas as outras disciplinas ao longo do curso, viabilizando a
instrumentalização de normas e procedimentos acadêmicos e científicos importantes e
necessários para a sua vida profissional.
Vamos iniciar agora a disciplina “Metodologia do Trabalho Científico”. Ela está dividida em 2
blocos e 4 temas.
temas.
Portanto, nossa postura diante do curso, dos textos, das atividades e dos conteúdos que serão
trabalhados ao longo de todo o processo é que nos oportunizará absorver os conhecimentos
necessários para a compreensão das constantes mudanças que estamos vivendo nos últimos
tempos.
1
Bloco Temático 01
O conhecimento humano e a ciência
O nosso primeiro bloco temático versa sobre “O conhecimento humano e a ciência”. Nesta
oportunidade, são contempladas questões tais como: a formação humana, o conhecimento
(significação, principais elementos, tipos, registro e sistematização), a relação entre metodologia
e universidade, estudo, aprendizagem e leitura.
l eitura.
Dentre as contribuições proporcionadas pelos conteúdos propostos neste bloco temático consta a
formação contínua do estudante na qualidade de sujeito ativo e transformador que percebe seu
entorno de modo reflexivo, crítico e criativo e se constitui enquanto produtor de conhecimento e
saberes.
Então vamos juntos nessa caminhada com determinação e disposição constante para a
aprendizagem!!!
O que significa “Ser Humano”? O Ser Humano nasce já pessoa ou torna-se pessoa?
Como cada um de nós percebe a significação do humano mediante o contexto que vivencia
e as escolhas que faz?
Que tal postar em nosso fórum, tópico “Ser Humano, Conhecimento e Saber”, possíveis
respostas e comentários para os questionamentos acima? Estamos aguardando sua participação!
2
Esses e outros questionamentos remetem ao vasto campo de
discussão que hoje se estabelece sobre a formação humana.
Conforme o educador francês contemporâneo, Charlot (2000),
nascer significa ver-se submetido à obrigação de aprender. Aprender
para construir-se em triplo processo de hominização (tornar-se
homem), de singularização (tornar-se um exemplar único de
homem), de socialização (tornar-se membro de uma comunidade,
partilhando seus valores e ocupando um lugar nela).
Nesse triplo processo o ser humano vai construído seu próprio ser, se estabelecendo na qualidade
de sujeito transformador, de ser da e para a relação... Para as diversas relações com o saber.
A relação com o saber é uma forma da relação com o mundo: é essa a proposição básica.
Voltemos ao ponto de partida: a condição antropológica, fundamento de toda e qualquer
elaboração teórica sobre a relação com o saber. "Por um lado", a criança enquanto indivíduo
humano inacabado; "do outro", um mundo pré-existente e já estruturado. Mas, precisamente, não
se deve situá-las assim, frente a frente, pois isso impedirá que se pense sua relação. A criança
não é um objeto incompleto situado em um "ambiente" (um conjunto de outros objetos em torno
dela). Situar o problema em termos de ambiente é precipitar-se em inextricáveis dificuldades,
pois, assim, é-se obrigado a raciocinar em termos de influências do ambiente sobre a criança.
Mas "a influência" não influencia senão quem se deixa influenciar por essa influência... Um
evento, um lugar, uma pessoa produzem efeitos sobre tal indivíduo sem por isso surtir
obrigatoriamente um efeito sobre outro indivíduo, que apresenta no entanto as mesmas
características objetivas. Em outras palavras, um é "influenciado" e o outro, não. Para entender
isso, deve-se procurar a relação que existe entre cada um desses indivíduos e esse evento, esse
lugar, etc. Isso quer dizer que, na verdade, a "influência" é uma relação e, não, uma ação
exercida pelo ambiente sobre o indivíduo [...].
A relação com o saber é relação de um sujeito com o mundo, com ele mesmo e com os outros. É
relação com o mundo como conjunto de significados, mas, também, como espaço de atividades,
e se inscreve no tempo. Precisemos esses três pontos.
O mundo é dado ao homem somente através do que ele percebe, imagina, pensa desse mundo,
através do que ele deseja, do que ele sente: o mundo se oferece a ele como conjunto de
significados, partilhados com outros homens. O homem só tem um mundo porque tem acesso ao
universo dos significados, ao "simbólico"; e nesse universo simbólico é que se estabelecem as
relações entre o sujeito e os outros, entre o sujeito e ele mesmo. Assim, a relação com o saber,
forma de relação com o mundo, é uma relação com sistemas simbólicos, notadamente, com a
linguagem.
Nem por isso devemos esquecer que o sujeito e o mundo não se confundem. O homem tem um
corpo, é dinamismo, energia a ser despendida e reconstituída; o mundo tem uma materialidade,
ele preexiste, e permanecerá, independentemente do sujeito. Apropriar-se do mundo é também
apoderar-se materialmente dele, moldá-lo, transformá-lo. O mundo não é apenas conjunto de
significados, é, também, horizonte de atividades. Assim, a relação com o saber implica uma
3
atividade do sujeito. E exatamente para marcar essa "exterioridade" do mundo e do sujeito é que
eu falo em "relação" com o saber, de preferência a "ligação" com o saber: o termo "relação"
indica melhor que o sujeito se relaciona com algo que lhe é externo (Mosconi, in Beillerot,
Blanchard-Laville, Mosconi et al., 1996).
Por fim, a relação com o saber é relação com o tempo. A apropriação do mundo, a construção de
si mesmo, a inscrição em uma rede de relações com os outros - "o aprender" - requerem tempo e
jamais acabam. Esse tempo é o de uma história: a da espécie humana, que transmite um
patrimônio a cada geração; a do sujeito; a da linhagem que engendrou o sujeito e que ele
engendrará. Esse tempo não é homogêneo, é ritmado por "momentos" significativos, por
ocasiões, por rupturas; é o tempo da aventura humana, da espécie, do indivíduo. Esse tempo, por
fim, se desenvolve em três dimensões, que se interpenetram e se supõem uma à outra: o presente,
o passado, o futuro.
São essas as dimensões constitutivas do conceito de relação com o saber. Analisar a relação com
o saber é estudar o sujeito confrontado à obrigação de aprender, em um mundo que ele partilha
com outros: a relação com o saber é relação com o mundo, relação consigo mesmo, relação com
os outros. Analisar a relação com o saber é analisar uma relação simbólica, ativa e temporal.
Essa análise concerne à relação com o saber que um sujeito singular inscreve num espaço social.
CHARLOT, Bernard. A relação com o saber: conceitos e definições. Disponível em:
< http://pedagogia.incubadora.fapesp.br/portal > Acesso em: 14 nov. 2006.
Você já se indagou sobre todo este conhecimento e informações que nos deparamos em nosso
dia-a-dia?
4
Pois é...
Estas e muitas outras indagações serão discutidas ao longo dos nossos estudos e teremos o prazer
de manter diálogos investigativos em nosso fórum de discussão para, cada vez mais,
conhecermos essas questões.
O Ato de conhecer
O século XXI se apresenta como a Era do Conhecimento. Nos meios políticos, econômicos,
acadêmicos, por toda a parte houve-se dizer que o conhecimento é a moeda corrente e a
informação é matéria prima que constrói o conhecimento. Mas que informações, que
conhecimento? Conhecimento racional construído pelos setores intelectualizados da sociedade
que considera os fora da Universidade como seres de segunda categoria? Conhecimento afetivo,
perceptivo, construído a partir da subjetividade individual entrelaçado nas inter-relações
pessoais?
Agora que você já visualizou a animação ”Caçador de Mim” e esteve diante dos
questionamentos propostos em torno do autoconhecer e de suas implicações na qualidade de
movimento educativo, importa pensar sobre a nossa intencionalidade perante o processo de
construção dos saberes, importa pensar as finalidades do educar...
• Quem conhece?
• Como Conhece?
• Para que conhece?
• O conhecimento verdadeiro
é o conhecimento objetivo?
• E o conhecimento subjetivo
é falso?
5
Esse modelo tem a sua razão de ser, expressa um modo de conhecer e dominar racionalmente a
realidade, mas não deveria ser a única abordagem. E mais ainda, esse modelo se acha
comprometido muitas vezes com os interesses e discursos ideológicos de dominação social.
O estudo desses problemas nos remete à constatação de controvertidas respostas a exigir uma
análise esclarecedora do sentido do conhecimento.
Partindo da etimologia da palavra, o termo conhecimento vem do latim cognoscere, que significa
conhecer pelos sentido.
É o pensamento que resulta da relação que se estabelece entre o sujeito que conhece e o objeto a
ser conhecido.
Modos de Conhecer
No dia-a-dia, o ato de conhecer se manifesta tão natural que nem nos damos conta da sua
complexidade. Visto que existem múltiplas interpretações a respeito do real, diversos são os
modos de significar o conhecimento. Só o exame nos possibilita compreender o que está sendo
passado de obscuro e de ideológico no meio cultural, e recebido por nós, na maioria das vezes
sem nenhuma crítica.
Então...
O conhecimento é o atributo geral que tem os seres vivos de reagir ativamente ao mundo
circundante, na medida de sua organização biológica e no sentido de sua sobrevivência. O
homem, utilizando de suas capacidades, procura conhecer o mundo que o rodeia, o
conhecimento, a informação, enfim, a prática de vida resulta em conhecimentos.
6
À primeira vista pode até parecer complicado, mas é só impressão...
Entender o conhecimento é entender a nossa realidade.
Vamos pensar em respostas possíveis para as questões abaixo? Essas reflexões convidam outras
questões? Quais?
O sujeito?
O objeto?
A relação entre
entre sujeito
sujeito e objeto?
Então, para compreendermos de fato esse assunto vamos lançar o olhar sobre a Teoria do
Conhecimento.
A Teoria do Conhecimento
A Teoria do Conhecimento é uma explicação ou interpretação filosófica do conhecimento
humano. É também denominada de filosofia da ciência, e tem seus fundamentos estabelecidos de
acordo com cada perspectiva de interpretação.
A relação entre os dois elementos é ao mesmo tempo uma correlação. O sujeito só é sujeito para
um objeto e o objeto para um sujeito. Ambos só são o que são enquanto o são para o outro. Mas
esta correlação não é reversível. Ser sujeito é algo completamente distinto de ser objeto. A
função do sujeito consiste em apreender o objeto, a do objeto em ser apreendido pelo sujeito.
7
Os homens são os únicos seres que possuem razão, capacidade de relacionar, e ir além da
realidade imediata. O conhecimento é uma forma de estar no mundo, e o processo do
conhecimento mostra aos homens que eles jamais são alguma coisa pronta na medida em que
estão sempre nascendo de novo, quando têm a coragem de se mostrar abertos diante da realidade.
A capacidade dos homens pode:
POSICIONAR-SE DIANTE
FAZER CONHECIMENTO USAR CONHECIMENTO DO CONHECIMENTO
ESTAR CRIATIVAMENTE NO
NO MUNDO ESTAR SIMPLESMENTE NO
NO MUNDO ESTAR CRITICAMENTE NO
NO MUNDO
usa alguma coisa que já está
estar aberto para reavaliar a própria pronta, acabada, definitiva, implica colocar a relação do
capacidade no trabalho do conforme determinado fazer e do usar de maneira
conhecer conhecimento considerado como dialética
suficiente
TIPOS DE CONHECIMENTO
Conhecimento Popular
É o modo comum, espontâneo ou pré-crítico da maioria das pessoas conhecer; vem da tradição
ou do ouvir-dizer dentro da sociedade [...].
Surge fragmentariamente, sem método ou sistema conforme as ocasiões da vida aparecem; tal
conhecimento não é procurado por si, mas acontecimentos da vida familiar, profissional,
religiosa e social colocam a pessoa ao par de informações[...].
Este conhecimento atinge o fato, o fenômeno sem se preocupar com leis mais gerais que o
explique, por isso gera certezas intuitivas e pré-criticas.
CAMARGO, Marculino. Filosofia do Conhecimento e Ensino-Aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 2004. p. 48-49
8
conseqüência o que Isaac Newton demonstrou: que a matéria em uma relação equacional
e que a força de atração entre os corpos é denominada gravidade.
c) Subjetivo: Há, nesse caso, uma concepção individual e particular das coisas que estão
dispostas no cosmo. Trata-se de um conhecimento direto com o mundo objetivo imediato,
em que se projeta o eu individual com a sua competência espontânea e sensitiva.
d) Destituído de método (assistemático): Não possui definições metodológicas que
permitem a ordenação intencional e generalizada de fases que viabilizem a construção de
um modelo inteligível, simples, preciso e verificável do mundo em que se vive.
Consequentemente,
Consequentemente, o saber é dispersivo e assistemático.
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
O conhecimento científico é factual [...], denotando coisas que existem no espaço e no tempo.
CONHECIMENTO FILOSÓFICO
Veja de que modo Marilena Chauí nos convida ao entendimento da atitude e da reflexão
filosófica e da atitude crítica.
A atitude filosófica
Imaginemos, agora, alguém que tomasse uma decisão muito estranha e começasse a fazer
perguntas inesperadas. Em vez de "que horas são?" ou "que dia é hoje?", perguntasse: O que é o
9
tempo? Em vez de dizer "está sonhando" ou "ficou maluca", quisesse saber: O que é o sonho? A
loucura? A razão?
Se essa pessoa fosse substituindo sucessivamente suas perguntas, suas afirmações por outras:
“Onde há fumaça, há fogo”, ou “não saia na chuva para não ficar resfriado”, por: O que é causa?
O que é efeito? ; “seja objetivo”, ou “eles são muito subjetivos”, por: O que é a objetividade? O
que é a subjetividade? ; “Esta casa é mais bonita do que a outra”, por: O que é “mais”? O que é
“menos”? O que é o belo?
Alguém que tomasse essa decisão, estaria tomando distância da vida cotidiana e de si mesmo,
teria passado a indagar o que são as crenças e os sentimentos que alimentam, silenciosamente,
nossa existência.
Ao tomar essa distância, estaria interrogando a si mesmo, desejando conhecer por que cremos no
que cremos, por que sentimos o que sentimos e o que são nossas crenças e nossos sentimentos.
Esse alguém estaria começando a adotar o que chamamos de atitude filosófica.
Assim, uma primeira resposta à pergunta “O que é Filosofia?” poderia ser: A decisão de não
aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os
comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado
e compreendido.
Perguntaram, certa vez, a um filósofo: “Para que Filosofia?”. E ele respondeu: “Para não darmos
nossa aceitação imediata às coisas, sem maiores considerações”.
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. Disponível em: <http://www.pfilosofia.pop.com.br/03_filosofia/
03_01_convite_a_filosofia/convite_a_filosofia.htm>. Acesso em: 09 nov. 2006
A atitude crítica
A primeira característica da atitude filosófica é negativa, isto é, um dizer não ao senso comum,
aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos fatos e às idéias da experiência cotidiana, ao que “todo
mundo diz e pensa”, ao estabelecido.
A segunda característica da atitude filosófica é positiva, isto é, uma interrogação sobre o que são
as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos. É
também uma interrogação sobre o porquê disso tudo e de nós, e uma interrogação sobre como
10
tudo isso é assim e não de outra maneira. O que é? Por que é? Como é? Essas são as indagações
fundamentais da atitude filosófica.
A face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem o que chamamos de atitude
crítica e pensamento crítico.
A Filosofia começa dizendo não às crenças e aos preconceitos do senso comum e, portanto,
começa dizendo que não sabemos o que imaginávamos saber; por isso, o patrono da Filosofia, o
grego Sócrates, afirmava que a primeira e fundamental verdade filosófica é dizer: “Sei que nada
sei”. Para o discípulo de Sócrates, o filósofo grego Platão, a Filosofia começa com a admiração;
já o discípulo de Platão, o filósofo Aristóteles, acreditava que a Filosofia começa com o espanto.
Admiração e espanto significam: tomamos distância do nosso mundo costumeiro, através de
nosso pensamento, olhando-o como se nunca o tivéssemos visto antes, como se não tivéssemos
tido família, amigos, professores, livros e outros meios de comunicação que nos tivessem dito o
que o mundo é; como se estivéssemos acabando de nascer para o mundo e para nós mesmos e
precisássemos perguntar o que é, por que é e como é o mundo, e precisássemos perguntar
também o que somos, por que somos e como somos.
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. Disponível em: Pfilosofia.pop.com.br. Acesso em: 09 nov. 2006
A reflexão filosófica
A reflexão filosófica também se volta para essas relações que mantemos com a realidade
circundante, para o que dizemos e para as ações que realizamos nessas relações.
A reflexão filosófica organiza-se em torno de três grandes conjuntos de perguntas ou questões:
1. Por que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos e fazemos o que fazemos? Isto é,
quais os motivos, as razões e as causas para pensarmos o que pensamos, dizermos o que
dizemos, fazermos o que fazemos?
2. O que queremos pensar quando pensamos, o que queremos dizer quando falamos, o que
queremos fazer quando agimos? Isto é, qual é o conteúdo ou o sentido do que pensamos,
dizemos ou fazemos?
3. Para que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos, fazemos o que fazemos? Isto é,
qual é a intenção ou a finalidade do que pensamos, dizemos e fazemos?
11
Essas três questões podem ser resumidas em: O que é pensar, falar e agir? E elas pressupõem a
seguinte pergunta: Nossas crenças cotidianas são ou não um saber verdadeiro, um
conhecimento?
Como vimos, a atitude filosófica inicia-se indagando: O que é? Como é? Por que é?, dirigindo-se
ao mundo que nos rodeia e aos seres humanos que nele vivem e com ele se relacionam. São
perguntas sobre a essência, a significação ou a estrutura e a origem de todas as coisas.
Já a reflexão filosófica indaga: Por quê?, O quê?, Para quê?, dirigindo-se ao pensamento, aos
seres humanos no ato da reflexão. São perguntas sobre a capacidade e a finalidade humanas para
conhecer e agir.
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. Disponível em:
O quadro a seguir apresenta reflexões sobre a experiência que, conforme Platão e Aristóteles,
proporcionam ao ser humano o empenho do pensar filosoficamente. Essa experiência
corresponde ao thauma, perplexidade...
Admiração e Desbanalização
Platão e Aristóteles deram à filosofia uma de suas melhores definições. Eles viram a filosofia
como um discurso admirado e/ou espantado com o mundo. É difícil abandonar a idéia, que vem
dos clássicos gregos, de que um discurso que fala sobre o mundo e que responde questões do tipo
“o que é um raio?”, “como acontece um raio?”, é um discurso curioso – como discurso da
ciência –, mas que não denota alguém tão admirado e/ou tão espantado quanto aquele que
pergunta “o que é o que é ?” – uma pergunta do discurso filosófico. As perguntas da filosofia
mostram uma atitude de máxima admiração, pois demonstram inquietude com aquilo que até
então era o mais banal. Se alguém pergunta “o que é o que é ?”, este alguém está criando a
desbanalização de algo superbanal, que é a condição de ser , o que até então não havia
preocupado ninguém. Nós, por exemplo, estamos cotidianamente preocupados em saber coisas
que não sabíamos. Agora, perguntar pelo ser das coisas que queremos saber o que são, nos
parece meio fora de propósito – por que teríamos de perguntar pelo que é tão banal? Ora, o que a
filosofia faz, na acepção tradicional que vem de Platão e Aristóteles, é justamente isto: ela põe
certas perguntas que nos obrigam a olhar o banal como não mais banal. A filosofia, então, é o
vocabulário com o qual desbanalizamos o banal. Tudo com o qual estamos acostumados fica sob
suspeita, sob o crivo de uma sentença indignada – e, assim, deixamos de nos ver acostumados
com as coisas às quais, até então, estávamos acostumados!
GHIRALDELLI JUNIOR, Paulo. Que é Filosofia? Disponível em: <http://www.pfilosofia.pop.com.br/03_filosofia/
03_07_leia_tam_bem/leia_tambem_16.htm> . Acesso em: 09 nov. 2006
CONHECIMENTO RELIGIOSO
12
mundo. O Objetivo é detectar um princípio e um fim unívoco no que se refere à gênese essencial
e existencial do cosmo. A teologia tem por objetivo de estudo os princípios da vida enquanto
estes têm a sua causa suficiente em outro ser.
É o estudo do Absoluto e da relação que existe entre Absoluto X relativo. [...] Há, nesse nível de
conhecimento, a reflexão sobre a essência e a existência naquilo que elas têm como causa
primeira e última de toda a vida. [...] Do ponto de vista teológico, a existência divina é evidente,
e evidencia não se demonstra e nem se experimenta (pr1ocedimento experimental), mas analisa,
interpreta-se e explica-se.
BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de Metodologia
Científica: um guia para a iniciação científica. 2ª ed. São Paulo: Paerson, 2006. p.36.
Agora, busque ativar sua memória e tente relacionar os diversos tipos de conhecimento
destacando as principais características de cada um deles e/ou associando à prática
pedagógica. Lembre-se, é para buscar na memória... Não vale olhar no texto. Utilize-o
apenas para verificar se suas observações estavam corretas, ok?!
Confiamos em você e aguardamos sua participação em nosso fórum!
Concepções de Ciência
Visto que a ciência é fruto da tendência humana para procurar respostas e justificações positivas
e convincentes, nesse conteúdo iremos analisar a natureza da ciência, conceituando seu aspecto
lógico como método de raciocínio e de inferência acerca dos fenômenos já conhecidos ou a
serem investigados.
A Ciência
13
Para Ander-Egg (1978) a ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis,
obtidos metodologicamente sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma
mesma natureza.
São múltiplos os olhares lançados sobre a ciência, gerando diversas correntes do pensamento.
Vejamos as considerações realizadas por Barros e Lehfeld sobre duas dentre essas correntes e
seus principais postulados:
Positivismo
14
Dialética
Concepções da ciência
Não existe uma única concepção de ciência. Podemos dividí-la em períodos históricos, cada um
com modelos e paradigmas teóricos diferentes a respeito da concepção de mundo, de ciência e de
método, destacando-se três grandes concepções: a ciência grega, que abrange o período que vai
do século VIII a.C. até o final do século XVI; a ciência moderna, do século XVII até o início do
século XX; e a ciência contemporânea, que surge no início deste século até nossos dias.
Com os gregos, a ciência é tida e conhecida como filosofia da natureza. Tinha como única
preocupação a busca do saber, a compreensão da natureza das coisas e do homem.
15
Os mitos da ciência
Nos últimos três séculos, a ciência e a tecnologia foram capazes de alterar a face do
mundo, com mudanças tão radicais como nunca se teve notícia antes. Era inevitável que se
criasse uma aura em torno desse saber e desse poder, fazendo surgir, lá onde se pensava
apenas existires as luzes da razão, algumas regiões “nebulosas”, os mitos da ciência.
Esses mitos atingem leigos e cientistas, maravilhados com o rigor do saber e a eficácia da
técnica, alcançando a sociedade como um todo, sempre que os critérios da razão
instrumental [...] passam a interferir nos domínios da vida afetiva, fazendo com que a
ciência e a técnica se desviem de sua destinação humana.
O mito do cientificismo
A confiança total na ciência valoriza apenas a recionalidade científica, como se ela fosse a
única forma de resposta às perguntas que fazemos. Essa maneira de pensar começa com os
primeiros sucessos da ciência, e foi valorizada no século XIX pelo filósofo francês
Augusto Comte, fundador do positivismo [...].
Em decorrência disso, muitos pensam que a ciência é um saber neutro, ou seja, que as
pesquisas científicas não sofrem influencia social ou política e visam apenas ao
conhecimento “puro” e desinteressado. Nesse sentido, o cientista se ocuparia com a
descrição dos fenômenos, e não com juízos de valor. Estando a atividade científica à
margem das questões históricas, não caberia ao cientista discutir o uso político de suas
descobertas.
16
No entanto, sabemos que não é bem assim: a humanidade corre riscos diante do “aprendiz
de feiticeiro” incapaz de discutir os fins a que se destinam suas descobertas. Basta
indagarmos a respeito dos valores do indivíduo “urbano e civilizado” que sofre de solidão
e tem sido vítima dos desconfortos do progresso, como a poluição ambiental. Isso nos leva
a questionar o mito do progresso, que justifica as ilusões e preconceitos dos povos
“civilizados” quando se julgam superiores aos “menos desenvolvidos” [...].
A bomba atômica não pode ser apenas o resultado do saber sobre a energia atômica, nem
da simples técnica de produzir explosão. Trata-se de um saber e de uma técnica que dizem
respeito à vida e à morte de seres humanos [...].
Diante dessas questões, não há como sustentar a neutralidade da ciência. Cabe ao cientista
a responsabilidade social de indagar sobre os fins a que se destinam suas descobertas, sem
alegar isenção, uma vez que a produção científica não se realiza fora de um determinado
contexto social e político.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de Filosofia. 2ª ed. São Paulo:
Moderna, 2000. p. 111 – 112.
Lembre-se que quanto mais informações adquirimos, mais condições temos de construir
conhecimento. Portanto, busque investigar um pouco mais acerca dessas concepções de ciência:
ciência grega, ciência moderna e ciência contemporânea. Aproveite para descobrir outras
concepções de ciências que não estão citadas aqui.
17
Todo risco
(Damário da Cruz)
A possibilidade de arriscar
É que nos faz homens
Vôo perfeito
no espaço que criamos
Ninguém decide
sobre os passos que evitamos
Certeza
de que não somos pássaros
e que voamos
Tristeza
de que não vamos
por medo dos caminhos
18
Natureza/Dimensão da Ciência
Podemos ainda considerar a natureza da ciência sob três aspectos. São eles:
• Componentes da Ciência
19
Função: aperfeiçoamento, através do crescente acervo de conhecimentos, da relação do homem
com o seu mundo.
As ciências empíricas, por sua vez, podem ser classificadas em naturais e sociais. Dentre as
ciências naturais estão: a Física, a Química, a Biologia, a Astronomia. Dentre as ciências sociais
estão: a Sociologia, a Antropologia, a Ciência Política, a Economia, a Psicologia, a História.
• Características
De maneira geral, a ciência possui características e exigências comuns a serem consideradas. São
elas: Conhecimento pelas causas (racionalismo); profundidade e generalidade de suas
condições; objeto formal; controle dos fatos; exige investigação e a utilização de métodos ; é
comunicável.
Implica em conhecer pelas causas. Se o cientista observa a chuva, ele quer saber por que chove,
dispensando a influência dos deuses. Utiliza-se o raciocínio analítico, lógico e despojado de
impactos emocionais. Trata-se da racionalização do conhecimento.
O conhecimento pelas causas é o modo mais íntimo e profundo de se atingir o real. A ciência não
se contenta em registrar fatos, quer também verificar a sua regularidade, a sua coerência lógica, a
sua previsão etc. A ciência generaliza porque atinge a constituição íntima e a causa comum a
todos os fenômenos da mesma espécie. A validade universal dos enunciados científicos confere à
ciência a prerrogativa de fazer prognósticos seguros.
- Objeto formal
A finalidade da ciência é manifestar a evidência dos fatos e não das idéias. Procede por via
experimental, indutiva, objetiva; suas demonstrações consistem na apresentação das causas
físicas determinantes ou constitutivas das realidades experimentalmente controladas. Não se
submete a argumentos de autoridade, mas tão-somente à evidência dos fatos.
20
“tentativa”, no seu estado atual de desenvolvimento, a ciência fixa degraus sólidos na subida para
o integral conhecimento da realidade. (RUIZ, 1979, p. 124 a 126).
- É comunicável
Os estudos e resultados das investigações científicas devem ser comunicados à sociedade. Para
tal, o cientista deve fazer uso das definições, conceitos e termos, a fim de representar fielmente
as idéias que se quer expressar.
Os objetivos da ciência são determinados pela necessidade que o homem tem de compreender e
controlar a natureza das coisas e do universo. Delineados os objetivos, cabe à ciência realizar
suas três funções, a saber: descrever, explicar e prever os dados que permeiam a realidade em
estudo.
Metodologia Científica não é um simples conteúdo a ser decorado pelos estudantes. Numa
definição em sentido amplo, é o estudo dos métodos de conhecer. Trata-se de fornecer aos
estudantes um instrumental indispensável para que sejam capazes de atingir os objetivos da
Academia, que são o estudo e a pesquisa em qualquer área do conhecimento. Trata-se, então, de
se aprender também fazendo, conforme sugerido por perspectivas contemporâneas da Educação.
O que se deve fazer, na medida do possível, é seguir rigorosamente as regras definidas pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, para elaboração de trabalhos científicos.
Caso alguma regra não esteja sendo cumprida, a responsabilidade é da desatenção do autor.
Quando falamos de um curso superior, estamos nos referindo a uma Academia de Ciências, já
que qualquer Faculdade corresponde ao local próprio da busca incessante do saber científico.
Neste sentido, a Metodologia Científica tem uma importância fundamental na formação do
profissional. Se os estudantes procuram a Academia para buscar saber, precisamos entender que
a Metodologia Científica é também compreendida como o “estudo dos caminhos do saber”, se
entendermos que “método” quer dizer caminho, “logia” quer dizer estudo e “ciência” quer dizer
saber.
• Conceitos e Objetivos
Método, etimologicamente, significa methodos ou metodus meta = meta, hodos = caminho.
21
Caminho para se chegar a determinado fim.
O Método Científico é a ordem que se segue na investigação da verdade, no estudo feito por uma
ciência, ou para alcançar um fim determinado. Não há ciência sem o emprego de métodos
científicos.
Métodos científicos
A Metodologia Científica é uma disciplina que está intimamente relacionada com o estudo
crítico dos fatos. Ela estuda e avalia os métodos disponíveis e suas implicações, além de avaliar
as técnicas de pesquisa. De modo geral, ela é uma reunião de procedimentos utilizados por uma
técnica.
É por meio da Metodologia Científica que ocorre o contato entre o conhecimento e a análise
crítica, possibilitando a ampliação do saber, posicionando-o no plano sócio-histórico e político.
Vale considerar que a Metodologia Científica não aponta soluções, mas indica o caminho para
encontrá-las.
Visto que essa disciplina permite o questionamento da realidade, ela tem função também de
oferecer suporte à Pesquisa Científica. Dessa forma, ela pode ser entendida como uma abstração,
observando-se a relação intrínseca entre o conhecer e o intervir.
A sua maior importância está na apresentação e exame de diretrizes para a eficácia do estudo e
da aprendizagem. Ela está sincronicamente relacionada com o principal objetivo da universidade
que é ensinar e divulgar o procedimento científico.
Portanto, para adquirir o método de estudo mais adequado e conveniente, o estudante deve fazer
uso dos fundamentos que o orientará no processo de investigação para tomadas de decisões
oportunas na busca do saber e na formação do seu espírito crítico.
A história da ciência é a da conquista gradual, pela ciência experimental, de uma posição central
na cultura e na visão do mundo do homem moderno. A ciência se desenvolveu basicamente fora
22
das universidades tradicionais, e só no século XIX a ligação íntima entre ciência e universidade,
que hoje muitos consideram natural, ocorre de forma efetiva.
Os novos parâmetros curriculares serão propostos visando a orientar as ações educativas nas
escolas e assegurar a todos "a aquisição do instrumental básico para acesso aos códigos do
mundo contemporâneo (leitura, escrita, expressão oral, cálculo, etc.)".
2º Tema
Metodologia do trabalho científico
"Aprendendo a Aprender"
E provável que vocês já tenham ouvido a expressão que serve de título para o nosso tema.
“Aprender a aprender” tornou-se um verdadeiro lema da educação na atualidade, na qual se
entende que a preparação para a vida e o trabalho depende muito mais do desenvolvimento de
habilidades relevantes que dos conteúdos a que se tem acesso na vida escolar. Nosso objetivo
aqui será, portanto, discutir atitudes e ações úteis para que você, estudante, possa aprender de
maneira cada vez mais eficiente, organizada e integrada.
Para alcançar este objetivo, lançaremos um novo olhar para a prática do estudo, para que
possamos adotar atitudes compatíveis com sua importância para a aprendizagem, em particular
no ensino à distância. Discutiremos também a leitura como uma habilidade imprescindível para o
23
estudo e a aprendizagem, e ofereceremos a você técnicas para melhorar a leitura e a compreensão
de textos. Por fim, apresentaremos diversos recursos para organizar e sistematizar os
conhecimentos aprendidos, para que você possa aproveitá-los durante toda a sua vida acadêmica
e profissional.
Esperamos, assim, que você termine a disciplina munido das ferramentas necessárias para
alcançar o sucesso ao longo do curso e, mais importante, para sobreviver em uma sociedade que
exige o aprendizado em tempo integral. Bom trabalho!
Informação e Conhecimento
Uma coisa é certa: a dinâmica da informação demanda certas habilidades para que os indivíduos
se integrem a ela de maneira autônoma e responsável. O ensino tradicional, centrado na
transmissão de conteúdos, já não é mais suficiente para assegurar uma formação humana integral
(ZABALA, 1998), e portanto fica aquém da missão de contribuir para a inserção autônoma e
responsável dos indivíduos.
Mas será que consumir informação é equivalente a construir conhecimento? À primeira vista,
parece que não: enquanto a informação corresponde a um dado da realidade, o conhecimento
supõe uma elaboração intelectual desses dados, a reflexão. Evidentemente, a informação é
necessária para construir o conhecimento, mas se tratam de objetos diferentes. Para o filósofo
alemão Robert Kurz, o paradoxo da chamada “sociedade do conhecimento” é que nela estamos
cada vez mais soterrados de informação e menos reflexivos, ou seja, mais ignorantes (KURZ,
2006). Acesse o texto em: http://obeco.planetaclix.pt/rkurz95.htm
24
APRENDIZADO E METACOGNIÇÃO
Como podemos, então, construir conhecimento a partir das informações a que temos acesso?
Essa construção do conhecimento, ou aprendizado, depende de vários fatores relativos ao
ambiente da aprendizagem e aos próprios aprendizes. Segundo revisão da literatura acerca dos
padrões de aprendizado dos estudantes, Vermunt e Vermetten (2004), os fatores relativos aos
estudantes que influenciam em seu aprendizado são de ordem cognitiva, metacognitiva e
afetiva/motivacional.
Vamos primeiro examinar o próprio termo “metacognição”. Ele é formado por duas palavras:
meta + cognição. A palavra “meta” corresponde a um prefixo grego, significando “mudança,
posteridade, além, transcendência” (FERREIRA, 1975, p. 922). Cognição, segundo o mesmo
dicionário, corresponde à “aquisição de um conhecimento” (FERREIRA, 1975, p. 343), ou
segundo Ribeiro (2003, p. 110), “representação dos objetos e fatos” da realidade. Assim, o termo
“metacognição” pode ser entendido como uma visão mais ampla do conhecimento. De acordo
com Ribeiro (2003, p. 110):
Assim, como objeto de investigação e no domínio educacional encontramos duas
formas essenciais de entendimento da metacognição: conhecimento sobre o
conhecimento (tomada de consciência dos processos e das competências necessárias
para a realização da tarefa) e controle ou auto-regulação (capacidade para avaliar a
execução da tarefa e fazer correções quando necessário - controle da atividade
cognitiva, da responsabilidade dos processos executivos centrais que avaliam e orientam
as operações cognitivas).
25
As discussões acadêmicas sobre a metacognição ganharam proeminência a partir da década de
1970, e em pouco tempo a literatura estava repleta de termos derivados da definição original
(VEENMAN; Van HOUT-VOUTERS; AFFLERBACH, 2006). O interesse na área surgiu
depois que vários estudos demonstraram que estudantes bem-sucedidos em geral empregam
estratégias tanto para “adquirir, organizar e utilizar seu conhecimento, como na regulação de seu
processo cognitivo” (RIBEIRO, 2003, p. 109). Em suma: estudantes bem-sucedidos parecem
monitorar conscientemente seu processo de aprendizado.
Essa é a sua oportunidade de parar para pensar sobre você mesmo. Como vai a sua vida de
estudante? Quais são os seus hábitos de estudo? Em que tarefas você se sai muito bem, e quais
são aquelas em que tem mais dificuldade?
A disciplina de Metodologia é o ponto inicial de sua jornada na graduação. Por isso, vale a pena
fazer uma “revisão de viagem”, para verificar como andam seus “equipamentos” de aprendizado.
E claro que a partir de agora, essa terá de ser uma atividade rotineira, sobretudo no ensino a
distância.
Por fim, reflita: como você controla seu processo de aprendizado? Você dispõe de técnicas e
hábitos de avaliação constante do andamento de seu estudo? Quando você percebe que o
estudo não está chegando aos objetivos esperados, o que você faz?
26
• Estratégias metacognitivas - Conhecimentos sobre a regulação dos processos de
aprendizagem: referentes à execução da auto-regulação, apóiam-se nos metaconhecimentos para
a monitoração e controle da aprendizagem. Incluem o planejamento, a decisão sobre as
estratégias mais adequadas à realização de determinada tarefa, a aplicação dessas estratégias, a
avaliação de seu desempenho e a correção de cursos de ação quando necessário.
Toda essa discussão se relaciona diretamente com os conteúdos tratados no tema 2 de nossa
disciplina. Agora que você já tem uma idéia geral do que é a metacognição e de sua importância,
perceberá que todos aqueles conteúdos se referem a estratégias e atitudes relativas à consciência
sobre o aprendizado, bem como a estratégias úteis para realizá-lo, e se destinam dar a você maior
controle sobre ele. Estas estratégias, no entanto, precisam estar aliadas à reflexão, ou então
ficarão reduzidas a um amontoado de procedimentos automatizados e vazios. Essa breve
introdução nem mesmo se aproxima de esgotar todas as discussões relacionadas à metacognição.
Nossa intenção aqui foi despertar seu interesse e sua atenção a você mesmo, a suas atitudes e
ações, e temos certeza de que sua reflexão lhe tornará uma pessoa mais crítica e consciente.
A educação a distância (EaD) tem sido vista como uma grande promessa por seu potencial para
democratizar o acesso à educação. Trata-se de uma modalidade em expansão em todo o mundo,
cada vez mais integrada às novas tecnologias de comunicação, e estendendo-se além do
tradicional público adulto para alcançar jovens e mesmo crianças (SHERRY, 1995). A principal
característica da educação a distância você já conhece até pela sua denominação: a separação
física e temporal entre professores e aprendizes. Embora seja alvo de muitas críticas, diversos
trabalhos apontam que seus resultados são pelo menos equivalentes aos alcançados pelo ensino
tradicional.
27
esse modelo classificam-no como “verbalista, autoritário e inibidor da participação do aluno”
(LOPES, 1991, p. 36-37).
Na EaD, por outro lado, a distância entre alunos e professores ressalta ainda mais o fato de que a
aula não é suficiente para que o estudante saia do curso com o domínio da matéria. Isto ocorre
também no ensino tradicional, mas nos acomodamos com a conveniência de ter outra pessoa
responsável pelo andamento do processo de ensino-aprendizagem e pela transmissão dos
conteúdos: tudo o que temos a fazer é ouvir. Desse modo, na EaD opera-se uma mudança no
papel de estudantes e professores, que pode ser de difícil assimilação no primeiro momento. No
entanto, segundo Briggs (2005), o esclarecimento dos papéis de estudantes e professores é
fundamental para o desenvolvimento das competências necessárias ao desempenho de cada um
destes papéis.
Para isso, podemos refletir um pouco acerca do que significa ser um estudante do ensino a
distância. O perfil geral desse estudante é o de um adulto, que necessita de flexibilidade para
superar dificuldades relativas a horários, distância de centros de ensino, e financiamento dos
cursos (SHERRY, 2005). Desse público normalmente heterogêneo, no entanto, espera-se o
mesmo comportamento (RAILTON; WATSON, 2005): a atuação como aprendizes autônomos
desde o ingresso no curso superior.
De acordo com Railton e Watson (2005), ser um estudante autônomo exige que você domine as
habilidades necessárias para gerir, com eficiência, uma grande porção de tempo de estudo
independente, com pouca ou nenhuma orientação expressa. Tais habilidades incluem,
principalmente (KERR; RYNEARSON; KERR, 2006):
28
3. Motivação: Estudantes motivados guiam-se pelos objetivos que impõem a si
mesmos, assumindo maior responsabilidade pelo processo de aprendizagem.
4. Familiaridade com a tecnologia: A facilidade com que os estudantes utilizam os
recursos tecnológicos disponíveis traduz-se também em maior facilidade no processo de
aprendizagem. Afinal, a tecnologia é o meio através do qual os conteúdos são
trabalhados.
As informações acima são fruto de alguns estudos acadêmicos acerca da situação do estudante na
EaD. De posse desses dados, avalie sua própria situação. Como estamos no início do curso, esta
é a hora de estabelecer um programa de ações para melhorar seu desempenho acadêmico. O
primeiro passo é a reflexão sobre as próprias características, e a avaliação de pontos fortes e
fracos. A seguir, estabeleça prioridades: que aspectos necessitam ser trabalhados primeiro?
Alguns deles provavelmente já serão abordados aqui na disciplina. Então, aproveite o máximo e
mãos a obra!
ATIVIDADE PROPOSTA
Complete o quadro abaixo com as atividades em que você tem mais facilidade e mais dificuldade
durante o estudo, realizadas habitualmente. A seguir, liste os aspectos que você supõe que
exigirão mais trabalho no estudo à distância. Essa parte do quadro será o DIAGNÓSTICO dos
seus hábitos de estudo. Agora, apresente propostas de ações que você poderia utilizar para
avaliar seu próprio desempenho; essa será a parte de AVALIAÇÃO. Por fim, na parte de
SUGESTÕES, imagine que atividades você pode praticar, ou que conteúdos terá de aprender
para se tornar um estudante bem-sucedido e... feliz!
Agir metodologicamente é condição básica de qualquer pesquisa científica, por mais elementar
que seja.
29
Trata-se efetivamente de um conjunto de processos que o espírito humano deve empregar na
investigação e demonstração da verdade. Não devemos considerar o método como o essencial,
mas lembrar que ele é um instrumento intelectual, um meio de acesso, enquanto a inteligência,
junto com a reflexão, descobre o que os fatos realmente são.
Entre duas pessoas que tenham o mesmo grau de escolaridade, processos cognitivos semelhantes
e graus de motivação semelhantes, certamente aquele que fizer uso de um método de estudar
compatível terá melhor rendimento. A eficiência do estudo depende de método, mas o método
depende de quem o aplica, da maneira como o faz, adequando-o as suas necessidades e
convicções. Podemos citar como pontos essenciais para eficiência nos estudos o que se segue:
O ofício de estudar requer algumas qualidades específicas que podemos sintetizar na seguinte
trilogia: constância, paciência e perseverança. A constância vence as impressões de falso cansaço
que freqüentemente se apoderam do espírito e do corpo. A persistência, no entanto, faz as
articulações se desenferrujarem, os músculos se revigorarem, a respiração se dilatar, de repente,
um novo ânimo empurra para frente, coisa semelhante pode acontecer com os estudos, em vez de
ceder diante dos primeiros sintomas de fadiga, o estudante deve romper para frente, forçar a
saída da energia interior. E a paciência para aguardar com amor o natural resultado dos esforços
desenvolvidos.
É regra de ouro não empreender nada além da capacidade pessoal. Cada um tem seu ritmo
próprio e suas limitações. O presunçoso é aquele que se julga superior ao que realmente é e pode
ser, contenta-se com aparências e facilmente é vítima de auto-ilusão. Conhecer os reais limites
pessoais é fator de honestidade para consigo mesmo e para com os outros. Quando o trabalho é
fruto do próprio esforço, então é que tem valor, mesmo não atingindo inteiramente a qualidade
acadêmica exigida. Deve-se desistir da tentação de sempre querer comparar-se com os outros. O
que eu mesmo sou capaz de produzir, dentro das minhas condições pessoais, é o que contribui
efetivamente para minha realização humana.
Ambiente: Procura-se, se possível, um lugar sossegado. O quarto de estudo deve ser bem
arejado e iluminado. Na escrivaninha do estudante devem ser afastados todos os objetos que
30
podem distrair. O que não pode faltar é um bom dicionário, papel ou fichas, lápis, borracha e
caneta.
Saúde: Às vezes tratam-se de casos relativamente simples de serem resolvidos. Assim, por
exemplo, sonolência constante em períodos de estudos pode ter como motivação a inadequação
do horário de estudo ou tipo de alimentação efetuada antes do estudo.
Intercâmbio: É de grande utilidade reunir-se de tempos em tempos com colegas estudantes para
trocar experiências de estudo, confrontar resultados, preparar um exame ou um debate em aula.
Esse tipo de intercâmbio abre novos horizontes, estimula o esforço e esclarece dúvidas.
• A aprendizagem
Toda aprendizagem é uma “estrutura” que deve ser assimilada globalmente, portanto deve-se
pensar sempre em termos de totalidade e relação das partes entre si.
Um estudo eficiente passa necessariamente por três etapas que, articuladas, levarão o educando a
atingir com mais eficiência a aprendizagem desejada, denominada aqui de síncrese, a primeira
etapa, análise, a etapa intermediária, e síntese, a etapa final.
Vejamos o quadro abaixo:
• Planejamento e Organização
Não se pode esperar ter êxito nos estudos sem planejamento e organização. O planejamento diz
respeito ao tempo disponível, enquanto a organização se refere à utilização eficiente deste tempo
em termos de estudo. Estudo exige, por sua própria natureza, autodisciplina e disponibilidade.
Elaborar um “Quadro de Horário” prevendo a distribuição do tempo dedicado ao estudo é um
excelente recurso para otimização do tempo, possibilitando o acompanhamento das tarefas a
médio e longo prazo. Também no sentido de contribuir na organização das atividades seria bom
elaborar um “Quadro de Tarefas”, possibilitando o acompanhar das atividades.
31
• Regras Gerais de Estudo
Se você adotar as técnicas aqui expostas, em pouco tempo terá aprendido a aprender. Seu estudo
renderá mais, terá maior eficácia. Mas as regras apresentadas não devem escravizá-lo. Você
deverá dominá-las e aplicá-las como um senhor, usando-as em seu proveito.
MÉTODO DE ESTUDO
Fases Atitude e Técnicas Básicas do Estudo
Comportamento
1. Perguntar-se antes do estudo:
- Qual é o assunto?
Curiosidade - O que sei sobre isso?
Interesse - Que acho que vai tratar-se aqui?
Propósito definido 2. Pausa para responder-se mentalmente a essas perguntas.
G 3. Leitura rápida sobre todo o livro (quando é o primeiro contato com
L ele):
O - Tentar obter o plano da obra
B - Informações sobre o autor e seu trabalho
A - Tentar descobrir seu método expositivo4. Leitura rápida sobre o
“Olho clínico” capítulo, a lição:
L Atenção - Tentar apenas se informar do que se trata
Não-passividade - Tentar esboçar o plano do capítulo ou do texto
- Estabelecer rapidamente relações com temas anteriores
- Sem anotações – veloz
- Esta primeira leitura é sem análise
32
ATIVIDADE PROPOSTA
Exercite agora com o próprio conteúdo de MTC. Na etapa de Síncrese, descubra qual o sentido
da estrutura de nosso material: como a organização das partes se relaciona com o conteúdo
apresentado no material inteiro? Na etapa de Análise, faça um resumo de tudo o que você
aprendeu até aqui. Na etapa de Síntese, aponte suas principais conclusões em forma de tópicos.
• Elementos da Leitura
A leitura amplia e integra os conhecimentos, desonerando a memória, abrindo cada vez mais os
horizontes do saber, enriquecendo o vocabulário e a facilidade de comunicação, disciplinando a
mente e alargando a consciência pelo contato com formas e ângulos diferentes sob os quais o
mesmo problema pode ser considerado. Quem lê constrói sua própria ciência; quem não lê
memoriza elementos de um todo que não se atingiu.
Os livros ou textos selecionados servem para leituras ou consultas: podem ajudar nos estudos em
face dos conhecimentos técnicos e atualizados que contêm, ou oferecer subsídios para a
elaboração de trabalhos científicos, incluindo seminários, trabalhos escolares, monografias etc.
33
• Modalidades de Leitura
A realidade da leitura é extremamente complexa e variada, visto que o diálogo que se estabelece
entre emissor e receptor não se dá sempre da mesma forma. As nossas leituras têm origens e
objetivos bastante diferenciados. Assim, há leituras de pura informação, como noticiários,
jornais, revistas; leituras de passatempo, como revistas em quadrinhos, romances etc.; leituras
literárias que são, antes de tudo, uma comunicação íntima entre o texto e o leitor.
No caso específico de leituras acadêmicas, trata-se de uma linguagem científica que se
caracteriza pela clareza, precisão e objetividade. Ela é fundamentalmente informativa e técnica,
firma-se em dados concretos, a partir dos quais analisa e sintetiza, argumenta e conclui. A
objetividade e racionalidade da linguagem científica a distingue de outras expressões, igualmente
válidas e necessárias.
O que é mais presente é a leitura de estudo ou informativa, pois visa à coleta de informações para
determinado propósito, destacando-se três objetivos predominantes:
- certificar-se do conteúdo do texto, constatando o que o autor afirma, os dados que apresenta e
as informações que oferece;
- correlacionar os dados coletados a partir das informações do autor com o problema em pauta;
• Etapas da Leitura
A leitura pode ser feita com diferentes finalidades. Em outras palavras, você está lendo para
adquirir conhecimentos suficientes que o levará ao sucesso.
A seleção dos seus textos de leitura deve ser feita a partir daí. As técnicas de leitura que você
deverá usar serão escolhidas também a partir dessa finalidade principal. Portanto:
34
- discuta freqüentemente o que foi lido com os colegas, professores e outras pessoas.
Para um estudo proveitoso de um texto, de um artigo ou de um livro, com boa assimilação de seu
conteúdo, alguns passos fazem-se necessários:
c) reflexão - consideração e ponderação sobre o que se lê, observando todos os ângulos, tentando
descobrir novos pontos de vista, novas perspectivas e relações;
d) espírito crítico - ler com espírito crítico significa fazê-lo com reflexão, não admitindo idéias
sem analisar ou ponderar, proposições sem discutir, nem raciocínio sem examinar;
e) análise - divisão do tema em partes, determinação das relações existentes entre elas, seguidas
do entendimento de toda sua organização;
f) síntese - reconstituição das partes decompostas pela análise, procedendo-se ao resumo dos
aspectos essenciais, deixando de lado tudo o que for secundário e acessório, sem perder a
seqüência lógica do pensamento.
TEMA: Idéia central ou assunto tratado pelo autor, o fenômeno que se discute no decorrer do
texto. Em primeiro lugar, busca-se saber do que fala o texto. A resposta a esta questão revela o
tema ou assunto da unidade.
PROBLEMA: A apreensão da problemática, aquilo que “provocou” o autor, isto é, pode ser
visto como o questionamento de motivação do autor.
OBJETIVO: A finalidade que o autor busca atingir. Que mensagem ele espera transmitir com o
texto. O objetivo pode estar explícito ou implícito no texto.
35
IDÉIAS CENTRAIS: Idéias principais do texto. A cada parágrafo podemos selecionar idéias
centrais ou secundárias.
ATIVIDADE PROPOSTA
Nada como a prática! Sugerimos que você utilize as técnicas que apresentamos na leitura de um
texto que será muito útil na realização da sua Atividade Orientada. O texto se chama “ O
professor, seu saber e sua pesquisa ”, de autoria da Profª Menga Lüdke. Para ler o artigo, acesse
o endereço:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302001000100006
&lng=en&nrm= iso
Devemos compreender que cada texto tem uma idéia principal, um conceito fundamental, que se
apresenta como fio condutor do pensamento. Portanto, devemos captar o fato essencial do texto,
destacando, com marcas e cores diferentes, cada parte importante do todo. A técnica de sublinhar
tem por objetivo destacar, no próprio texto, as idéias principais e secundárias do argumento
elaborado pelo(a) autor(a). Se não seguir essa técnica, muitas vezes o estudante acaba
sublinhando idéias demais, o que prejudica a leitura do texto depois por deixar as páginas
“poluídas”, ou então sublinha palavras ou idéias que se mais aparecem, levando à redundância.
36
a) Leitura integral do texto;
e) Ler e sublinhar, em cada parágrafo, as palavras que contém a idéia-núcleo e os detalhes mais
importantes. Não sublinha-se a mesma palavra novamente;
f) Sublinhar apenas as idéias principais e os detalhes importantes, usando dois traços para as
palavras-chave e um para os pormenores mais significativos, assinalar com uma linha vertical, à
margem do texto, os tópicos mais importantes, com dois os tópicos muito importantíssimos;
O esquema é utilizado como trabalho preparatório para o resumo, para memorizar mais
facilmente o conteúdo integral de um texto. Utiliza-se de setas, linhas retas ou curvas, círculos,
colchetes, chaves, símbolos diversos. Pode ser montado em linha vertical ou horizontal. É
importante que nele apareçam as palavras que contém as idéias principais, de forma clara,
compreensível.
37
e) faça uma distribuição gráfica do assunto, mediante divisões e subdivisões que representem a
sua subordinação hierárquica;
f) construa o esquema através de chaves de separação ou por listagens itemizadas com
diferenciação de espaço e/ou classificação numérica para as divisões e subdivisões dos
elementos;
Depois que você verificou as principais técnicas que facilitam a compreensão do texto, vamos
examinar algumas técnicas que permitem a organização das diversas leituras. A partir dessa
organização você poderá construir um arquivo ou banco de dados a partir de suas leituras,
armazenando sua interpretação, opiniões, resumos, citações, enfim: tudo o que você julgar
pertinente em relação ao texto lido.
Fichar é transcrever anotações em fichas, para fins de estudo ou pesquisa. À medida que o
pesquisador tem em mãos as fontes de referência, deve transcrever os dados em fichas, com o
máximo de exatidão e cuidado. A ficha, sendo de fácil manipulação, permite a ordenação do
assunto, ocupa pouco espaço e pode ser transportada de um lugar para outro. Até certo ponto,
leva o indivíduo a pôr ordem no seu material. Possibilita ainda uma seleção constante da
documentação e seu ordenamento.
A estrutura das fichas, de qualquer tipo, compreende três partes principais: cabeçalho, referência
bibliográfica e corpo ou texto, a indicação da obra (quem, principalmente, deve lê-la) e o local
em que ela pode ser encontrada (qual biblioteca).
38
39
Elaboração de fichas passo a passo
A elaboração de fichas pode parecer uma atividade nova para você. Na verdade, a técnica serve
apenas para organizar algo que já realizamos cotidianamente, que é a anotação durante a leitura.
À medida que vamos lendo, vamos naturalmente questionando, interpretando, estabelecendo elos
com outras leituras. Essas idéias é que constituem a base dos trabalhos acadêmicos, então nada
melhor do que registrá-las para que você se beneficie de seu pensamento.
A primeira coisa a fazer para iniciar um fichamento é realizar um plano do tema que você quer
estudar. Às vezes, não temos certeza ainda do que vamos estudar; nesse caso, você não vai
conseguir fazer o plano, e vai precisar deixar vários campos do cabeçalho em branco. Mas não se
apresse. Vamos ver uma hipótese em que sabemos o que queremos estudar e fazemos então um
plano desse assunto. Um plano nada mais é que uma organização hierarquizada dos assuntos.
Quando você faz um índice de um trabalho, você pode colocar, por exemplo, o nome do capítulo
1 numa linha, e depois, nas linhas seguintes, colocar as seções que aquele capítulo contém. No
plano, vai ser a mesma coisa.
coisa. Observe o nosso exemplo
exemplo aí embaixo. Nosso
Nosso exemplo aqui trata do
ensino de ciências. Que tal tentar elaborar um esquema a partir de um tema de seu interesse?
1. Ensino de Ciências
Veja que, nesse exemplo, o Tema geral, mais abrangente, do meu estudo, é o ensino de ciências.
Podemos, depois, estudar diversos aspectos diferentes do ensino de ciências. Por exemplo,
poderia estudar métodos
métodos de avaliação, planejamento
planejamento de currículo,
currículo, etc. Mas eu escolhi
escolhi estudar três
aspectos em especial: a história do ensino de ciências no Brasil, o processo de alfabetização
científica e os recursos didáticos disponíveis para o ensino de ciências. Esses três aspectos estão
contidos no tema geral, o Ensino de Ciências. Por sua vez, em cada aspecto desses, eu posso
ainda particularizar meu estudo ainda mais. Por exemplo, eu escolho estudar apenas dois
recursos didáticos dos muitos que existem disponíveis: os mapas conceituais e os projetos. Da
mesma forma, esses dois recursos estão contidos no item “Recursos Didáticos”.
Você percebeu a hierarquia? Agora perceba, no exemplo, que essa hierarquia está marcada pela
atribuição de uma seqüência de números a cada item. Examine o exemplo e veja como essa
numeração funciona.
Você pode fazer vários tipos de fichas diferentes. Tenha em mente que cada ficha vai se referir a
apenas um livro ou artigo ou qualquer tipo de trabalho científico. No entanto, para um mesmo
livro, você pode fazer uma ficha bibliográfica, e depois decidir fazer uma outra ficha, de citação.
40
Veja que, nesse exemplo, a ficha de citação não é seqüência da ficha bibliográfica, elas atendem
a objetivos diferentes.
Digamos que eu queira, agora, fazer uma ficha bibliográfica. Decida qual o tamanho da ficha (do
papel cartão que você compra na papelaria). Para ter mais flexibilidade, você pode escolher um
tamanho grande, caso depois decida fazer uma ficha de resumo, ou citação, etc. No entanto,
agora eu vou fazer a ficha bibliográfica.
O cabeçalho da ficha é o elemento que vai organizar todo o seu fichamento. Isso porque ele deve
ser preenchido de acordo com o esquema que você fez anteriormente. Veja abaixo quais são os
campos do cabeçalho, isto é, os espaços que você vai ter que preencher.
Então, vejam que o cabeçalho deve ocupar duas linhas. Na primeira, você vai colocar o Título
genérico remoto, isto é, aquele título que é o mais abrangente do planejamento que você fez. No
nosso exemplo, vai ser, então, Ensino de Ciências. A linha de baixo tem quatro campos, ou
espaços, delimitados pelas caixinhas na figura. No primeiro, você vai colocar o título genérico
próximo, ou seja, o tema de seu estudo que se refere de forma mais próxima ao texto que vai ser
fichado. Digamos que, no nosso exemplo, eu esteja lendo um trabalho sobre mapas conceituais.
Então, no local destinado ao Título Genérico Próximo, eu vou preencher com o item “Recursos
Didáticos”. Vejam que esse título inclui o tema do meu texto, mas ainda é mais abrangente do
que ele; no esquema, o item “Recursos Didáticos” inclui “Mapas conceituais” e “Projetos”.
Então, no próximo campo, o do título específico, eu coloco o Título que se refere mais
diretamente ao assunto do meu texto. No caso, então, vai ser o item “Mapas Conceituais”. Vejam
que eu usei, até agora, as informações do esquema, e não disse nada sobre o texto.
Nos dois últimos espaços temos o número de classificação e o código indicativo da seqüência. O
número de classificação corresponde àquele número da hierarquia do plano de trabalho que você
fez antes. No exemplo, chegamos até o item “mapas conceituais”. Lá no nosso plano, o número
associado a ele é “1.3.2”, e colocamos esse número no espaço adequado. Por fim, o código da
seqüência só é preenchido quando você precisa usar mais de um papel para a mesma ficha.
Digamos que você queira fazer uma ficha de esboço, que é extensa, e apenas uma folha daquele
papel que você comprou não foi suficiente para escrever todo o seu esboço. Você então pode
pegar outro papel, repetir todas as informações do cabeçalho, exceto esse código, vai repetir a
referência, e simplesmente continuar seu esboço a partir do ponto em que parou no papel
anterior. Daí, para você diferenciar as duas e indicar a seqüência de leitura, pode preencher esse
campo no primeiro papel com uma indicação da seqüência, como por exemplo “1/2”, em que se
lê “primeira página de duas”, e nesse campo, na segunda ficha, preencher com “2/2”, ou
“segunda página de duas”. Assim você vai saber por qual ficha começar a leitura.
41
Etapa 4 – Referência .
Aqui, você coloca a referência bibliográfica do texto que você leu, de acordo com as normas da
ABNT. Por exemplo, digamos que o texto seja:
Etapa 5 – Corpo .
Aqui, você vai preencher com as informações que pretende armazenar com o fichamento. No
caso da ficha bibliográfica, basta uma descrição breve do que o texto trata.
No nosso exemplo,
exemplo, vou colocar
colocar simplesmente o seguinte:
seguinte:
Etapa 6 – Indicação .
Aqui, você indica para que público aquele texto é interessante. Nosso exemplo:
“Indicado para alunos de licenciatura em ciências e para estudos de psicologia cognitiva”.
Etapa 7 – Localização .
Escreva em que local o texto pode ser encontrado. Pode ser na sua biblioteca pessoal, na
biblioteca municipal, pode ser que o texto original seja de um amigo seu. Não importa, diga
exatamente onde ele pode ser encontrado. No nosso exemplo, poderia ser: “Página da revista
eletrônica Investigações no Ensino de Ciências - Instituto de Física, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul . Disponível em
e m <http://www.if.ufrgs.br/public/ensino/>.
Construa agora sua ficha! Experimente construir uma ficha de um texto que você já leu.
42
E se você não conseguiu fazer o plano de estudos?
Não deixe de fichar suas leituras, mesmo que você ainda não tenha o plano definido. Você pode
preencher no cabeçalho somente o título genérico remoto. Coloque pelo menos um título bem
geral, como “Didática”, “Filosofia da Educação” ou “Avaliação”. E não esqueça de colocar a
referência de maneira correta, porque sem isso seu fichamento perderá a função de organizador
dos seus estudos.
Espero que a técnica de fichamento tenha ficado mais clara para você. Relaxe e aproveite suas
leituras!
Ficha Bibliográfica
a) Ser breve - quando se desejam maiores detalhes sobre a obra, o ideal é a ficha de resumo ou
conteúdo, ou, melhor ainda, a de esboço. Na ficha bibliográfica algumas frases são suficientes;
b) Utilizar verbos ativos - para se caracterizar a forma pela qual o autor escreve, as idéias
principais devem ser precedidas por verbos tais como: analisa, compara, contém, critica, define,
descreve, examina, apresenta, registra, revisa, sugere.
Ficha de Citações
a) Toda citação tem de vir entre aspas - é através desse sinal que se distingue uma ficha de
citações das de outro tipo. Além disso, a colocação das aspas evita que, mais tarde, ao utilizar a
ficha, se transcreva como do fichador os pensamentos nela contidos;
b) Após a citação, deve constar o número da página de onde foi extraída - isso permitirá a
posterior utilização no trabalho, com a correta indicação bibliográfica;
c) A transcrição tem de ser textual - isso inclui os erros de grafia, se houver. Após eles, coloca-
se o termo sic, em minúsculas e entre parênteses ou colchetes;
43
d) A supressão de uma ou mais palavras deve ser indicada , utilizando-se no local da omissão,
três pontos, precedidos e seguidos por espaços, no início ou final do texto e entre parênteses, no
meio;
f) A frase deve ser complementada, se necessário - quando se extraí uma parte ou parágrafo de
um texto, este pode perder seu significado, necessitando de um esclarecimento, o qual deve ser
intercalado, entre colchetes;
g) Quando o pensamento transcrito é de outro autor, tal fato tem de ser assinalado - muitas
vezes o autor fichado cita frases ou parágrafos escritos por outra pessoa. Nesse caso, é
imprescindível indicar, entre parênteses, a referência bibliográfica da obra da qual foi extraída a
citação.
Ficha de Resumo
Apresenta uma síntese bem clara e concisa das idéias principais do autor ou um resumo dos
aspectos essenciais da obra. Na sua elaboração, considere que a ficha de resumo:
a) Não é um sumário ou índice das partes componentes da obra, mas exposição abreviada
das idéias do autor;
b) Não é transcrição, como na ficha de citações, mas é elaborada pelo leitor, com suas próprias
palavras, sendo mais uma interpretação do autor;
c) Não é longa, apresenta mais informações do que a ficha bibliográfica, que por sua vez, é
menos extensa do que a do esboço;
d) Não precisa obedecer estritamente à estrutura da obra, lendo a obra, o estudioso vai
fazendo anotações dos pontos principais. Ao final, redige um resumo, contendo a essência do
texto.
Ficha de Esboço
Na ficha de esboço, você registrará impressões gerais sobre a obra sendo fichada. Um esboço
corresponde a um rascunho, uma primeira tentativa de alguma ação. Pode-se entender a natureza
de esboços e rascunhos observando seu emprego nas artes: o artista, antes de iniciar o desenho
ou pintura definitiva, traça as linhas gerais do objeto a ser representado.
No caso da ficha de esboço, o texto que você escreverá é o primeiro passo na elaboração de um
outro texto posterior, definitivo, que pode ser um resumo ou uma resenha. Assim, ao escrever
seu esboço você deverá treinar sua redação tendo em mente o trabalho final. Como se trata da
ficha mais extensa, é interessante que você indique as páginas do texto original às quais
correspondem os parágrafos ou seções do seu texto de esboço.
Ficha de Comentário
Sempre que estamos lendo um texto, estamos ao mesmo tempo avaliando-o. A leitura é
interessante e acessível? O conteúdo é relevante? A argumentação é convincente ou apresenta
44
contradições? Todas essas impressões do leitor, e muitas outras, podem ser registradas na ficha
de comentário. Este modelo de fichamento destina-se a explicitar o julgamento, a avaliação, a
opinião do leitor sobre os mais diversos aspectos do texto sendo fichado, incluindo a forma, o
estilo, a argumentação, os propósitos, as conclusões, entre outras. É interessante que você
compare a obra sendo fichada a outros trabalhos lidos sobre o mesmo tema, para que se
estabeleça uma rede de conexões entre suas leituras. Não é preciso que se transcreva as partes do
texto a serem comentadas.
Um resumo é uma apresentação breve, concisa e seletiva de um texto que permite ao destinatário
tomar conhecimento de um documento sem a necessidade de ler as partes componentes. Nele
destacam-se os elementos de maior interesse e importância, identificando as idéias principais do
autor e da obra. Um resumo precisa explicitar a abordagem implícita, o valor dos achados e a
originalidade, se houver. A finalidade de se resumir consiste na difusão das informações contidas
em livros, artigos, teses etc., permitindo a quem o ler decidir sobre a conveniência ou não de
consultar o texto completo.
O como fazer um resumo depende muito do objetivo ou demanda que se tenha. Ele pode ser uma
apresentação de um sumário narrativo das partes mais significativas, não dispensando a leitura
do texto; uma condensação do conteúdo, expondo ao mesmo tempo, tanto a metodologia e as
finalidades quanto os resultados obtidos e as conclusões, permitindo a utilização em trabalhos
acadêmicos, dispensando, assim, a leitura posterior do texto original; uma análise interpretativa
de um documento criticando os diferentes aspectos inerentes ao texto.
Como Resumir
Levando-se em consideração que quem escreve obedece a um plano lógico através do qual
desenvolve as idéias em uma ordem hierárquica, ou seja, proposição, explicação, discussão e
demonstração, é aconselhável, em uma primeira leitura, fazer um esboço do texto, tentando
captar o plano geral da obra e seu desenvolvimento.
A seguir, volta-se a ler o trabalho para responder a duas questões principais: de que trata este
texto? o que pretende demonstrar? Com isso, identifica-se a idéia central e o propósito que
nortearam o autor.
Em uma terceira leitura, a preocupação é com a questão: como disse? Em outras palavras, trata-
se de descobrir as partes principais em que se estrutura o texto. Esse passo significa a
compreensão das idéias, provas, exemplos etc. que servem como explicação, discussão e
demonstração da proposição original (idéia principal). É importante distinguir a ordem em que
aparecem as diferentes partes do texto. Geralmente quando o autor passa de uma idéia para outra,
inicia novo parágrafo.
Tipos de Resumo
45
a) Resumo descritivo ou indicativo - nesse tipo de resumo descrevem-se os principais tópicos
do texto original, e indicam-se sucintamente seus conteúdos.
b) Resumo informativo ou analítico - é o tipo de resumo que reduz o texto a 1/3 ou 1/4 do
original, abolindo-se gráficos, citações, exemplificações abundantes, mantendo-se, porém, as
idéias principais.
c) Resumo crítico - consiste na condensação do texto original a 1/3 ou 1/4 de sua extensão,
mantendo as idéias fundamentais, mas permite opiniões e comentários do autor do resumo sobre
o trabalho e não sobre o autor. Estes comentários podem se centrar na forma (com relação aos
aspectos metodológicos), no conteúdo (análise do teor em si do trabalho), do desenvolvimento
(da lógica utilizada na demonstração); e na técnica de apresentação das idéias principais.
Para elaborar um bom resumo crítico, você pode seguir a seqüência das estratégias que
mostramos aqui:
Comece a escrever seu resumo com base nesse esquema, utilizando uma linguagem clara e
direta: evite frases longas e repetições. É essencial manter a fidelidade às idéias do autor mas
observe: isso NÃO significa que você deve COPIAR o texto original, nem fazer transcrições.
A elaboração do resumo exige que você reescreva as idéias apresentadas com a suas palavras;
assim asseguramos a construção do seu conhecimento.
ATIVIDADE PROPOSTA
Sei que você adorou o texto que sugerimos, da profª Lüdke: então, que tal trabalhá-lo um pouco
mais? Faça a união do útil com o agradável e elabore uma ficha de resumo para ele!
Para fechar com chave de ouro seu estudo do tema 2, propomos abaixo uma representação
conceitual dos temas que trabalhamos até aqui. Seu desafio será relacionar entre si os conceitos
colocados nas caixas, por meio de setas, reorganizando-os de modo a formar uma rede. Cada seta
deverá vir acompanhada de uma palavra ou expressão que informe o tipo de relação representada
por ela. Por exemplo, se você vir os conceitos abaixo:
Você poderá reorganizar e relacionar as caixas de diversas maneiras, adicionando uma ou outra
nova caixa quando julgar necessário (abaixo, as caixas acrescentadas estão com a linha
pontilhada), como por exemplo:
46
Exemplo 01 Exemplo 02
Não há uma única maneira certa de organizar os conceitos, o importante é que você pense bem
antes de fazer as relações. Tente estabelecer uma hierarquia de conceitos, identificando quais são
os mais importantes e quais são os secundários; de preferência, coloque os conceitos principais
no topo da sua rede. Quanto mais conexões você fizer, melhor; isso significará que seu
conhecimento está bastante integrado.
47
Agora, pode começar a organizá-los e a relacioná-los. Ao terminar, que tal comparar sua rede
com a de outro colega? Comparem as hierarquias e relações estabelecidas, e discutam os motivos
pelos quais colocaram um conceito como muito importante ou atribuíram certa relação. Será que
é possível elaborar uma rede conjunta? Pode ser um pouco difícil, mas vencer desafios é sempre
divertido.
3º Tema
Existem algumas técnicas e procedimentos que podem ser adotados para a eficiente elaboração
de seus trabalhos acadêmicos. De posse dos conhecimentos adquiridos ao longo da nossa
disciplina, podemos agora aprofundar mais um pouco e aplicar tais conhecimentos nos trabalhos
que serão elaborados por você daqui para frente.
A partir de agora trataremos da parte prática do nosso curso, ou seja, todo conhecimento
adquirido até então serviu de base para a construção adequada dos seus trabalhos acadêmicos.
Daqui a diante, você será mais exigido quanto ao rigor das normas técnicas.
É sabido que a linguagem se processa por uma manifestação mental que juntamente com o
pensamento, significa e orienta o contacto inter-pessoal, ou seja, ela é responsável pela
comunicação entre aquele que fala (o emissor) com aquele que recebe a mensagem (o receptor).
Quando estudamos a linguagem, devemos perceber sua distinção, a expressão verbal (fala) e a
expressão gráfica (escrita). Ambas as expressões são um conjunto de sinais próprios de cada
língua com os quais manifestamos nosso pensamento.
Ela também se faz a partir de um sistema constituído por diversos elementos de signos,
gestos, sinais, sons, símbolos ou palavras, que tem como principal objetivo a comunicação,
que podemos definí-la como permuta de informações entre sujeitos ou objetos.
Toda atividade pressupõe o uso de normas que visam auxiliar e uniformizar os procedimentos,
melhorando a comunicação de modo geral, além de imprimir qualidade e facilitar o intercâmbio
de informações. Desta forma, a normatização ou o conjunto de procedimentos padronizados se
48
aplica à elaboração de documentos técnicos e científicos, organizando assim, todo o seu
conteúdo.
No caso específico de redação de trabalhos acadêmicos, esta deve atender algumas
características para que a transmissão da informação e a sua compreensão por parte do leitor
sejam eficazes. Alguns dos princípios básicos desta interação que deve existir entre autor e leitor
são os seguintes:
Clareza de expressão
Todo o texto escrito deve ser perfeitamente compreensível pelo leitor. Este não deve ter
nenhuma dificuldade para entender o texto.
As sentenças estão bem construídas? As idéias estão bem encadeadas? Há uma seqüência
adequada na apresentação dos seus resultados e de sua argumentação?
Leia cuidadosamente o que escreveu como se você fosse o seu leitor.
Precisão na linguagem
A linguagem científica deve ser precisa. Cuidado com termos vagos ou que podem ser mal
interpretados. As palavras e figuras que entrarão no seu texto devem ser escolhidas com cuidado
para exprimir o que o você tem em mente.
Objetividade na apresentação
Convém selecionar os conteúdos que farão parte do seu texto. Selecione a informação que você
dispõe e apresente só o que for relevante. Elabore um relato lógico, objetivo e, se possível,
retilíneo tanto das observações como do raciocínio. Isto é ainda mais importante em um artigo,
em que a concisão é geralmente desejada pelo periódico e pelo leitor.
Escrever erradamente pode resultar de ignorância ou de desleixo. Se for por ignorância, informe-
se melhor, consulte dicionários e textos de gramática. Se for por desleixo, o leitor (e membro da
Banca Examinadora) terá todo direito de pensar que o trabalho em si também foi feito com
desleixo. Seja qual for a razão, é um desrespeito ao leitor.
• Trabalho Científico
Os trabalhos científicos devem ser elaborados de acordo com normas preestabelecidas e com os
fins a que se destinam, devendo ser inéditos ou originais e contribuírem não só para a ampliação
49
de conhecimentos ou a compreensão de certos problemas, mas também servirem de modelo ou
oferecer subsídios para outros trabalhos.
a) Reproduzir as experiências e obter os resultados descritos, com a mesma precisão e sem
ultrapassar a margem de erro indicada pelo autor;
c) Verificar a exatidão das análises e deduções que permitiram ao autor chegar às conclusões.
Aponta-se como trabalhos científicos, aqueles que apresentam, concomitantemente, uma das
seguintes características:
b) trabalhos experimentais cobrindo os mais variados campos e representando uma das mais
férteis modalidades de investigação, por submeter o fenômeno estudado às condições controladas
da experiência;
Os trabalhos científicos podem ser realizados com base em fontes de informações primárias ou
secundárias e elaborados de várias formas, de acordo com a metodologia e com os objetivos
propostos.
A palavra projeto, vem do latim que quer dizer pro-jicere: literalmente falando é colocar adiante.
A elaboração de qualquer projeto, seja ele de pesquisa ou não, depende exclusivamente de dois
fatores fundamentais. São eles:
50
1. A capacidade de construir uma imagem mental de uma situação futura;
- O que fazer;
- Porque fazer;
- Onde fazer;
Já sabemos que para elaboração do trabalho científico é necessário seguir uma estrutura
composta por partes definidas. Usaremos ABNT, que estabelece uma ordenação lógica,
esclarecendo que, algumas dessas partes são consideradas essenciais e outras opcionais.
Abaixo elas se encontram na ordem em que devem ser apresentadas.
Partes do trabalho científico: Todo o trabalho científico é definido em três partes: pré-textual;
textual e pós-textuais.
Pré-textuais
Capa (obrigatório)
Folha de rosto (obrigatório)
Errata (opcional)
Folha de aprovação (obrigatório)
Dedicatória (opcional)
Agradecimento (opcional)
Epígrafe ( opcional)
Resumo na língua vernácula (obrigatório)
Resumo em língua estrangeira (obrigatório)
Lista de ilustrações ( opcional)
Lista de tabelas se ( opcional)
Lista de abreviaturas e siglas (opcional)
Lista de símbolos (opcional)
Sumário (obrigatório)
51
A seguir, veja modelos de capa, folha de rosto e sumário
52
53
TEXTO COMPLEMENTAR
5. Margens:
54
5.1 Superior 3 cm;
7. Parágrafos: justificados;
9. Estruturas de parágrafos: iniciar sempre o parágrafo com uma tabulação para indicar o início
(faça um recuo no começo do parágrafo).
Agora vamos apresentar, de maneira bastante detalhada, os chamados Elementos textuais. São
eles:
Introdução - parte do texto que deve constar a formulação, delimitação do tema e os objetivos
do trabalho a ser apresentado. O modo como se inicia um texto, e basicamente, o título, são de
grande importância para despertar e segurar a atenção do leitor.
Elementos Pós-textuais
Referências (obrigatório)
Obras consultadas(opcional)
Glossário (opcional)
Apêndice (opcional)
Anexos(opcional)
ATENÇÃO:
55
Saiba Mais
Na introdução deve-se expor a finalidade e os objetivos do trabalho de modo que o leitor tenha
uma visão geral do tema abordado.
Agora que já sabemos como estruturar uma pesquisa, vamos falar de cada um dos trabalhos
científicos estudados, apontando características específicas de cada um deles. Começaremos com
a elaboração da Resenha.
Resenha
- É um tipo de trabalho que exige conhecimento do assunto, para estabelecer comparação com
outras obras da mesma área e maturidade intelectual para fazer avaliação e emitir juízo de valor.
(ANDRADE, 1995);
- Tipo de resumo crítico, contudo mais abrangente: permite comentários e opiniões, inclui
julgamentos de valor, comparações com outras obras da mesma área e avaliação da relevância da
obra com relação às outras do mesmo gênero. (ANDRADE, 1995).
Elementos da Resenha
*Tipos de Resenha
56
Aspectos Gerais da Resenha
Modelo de resenha
Em algumas revistas estão elaboradas boas resenhas de livros e filmes. Vale a pena verificar.
57
Estrutura da Resenha Crítica
a ) Referência Bibliográfica:
Autor. Título da obra. Local da edição, Editora, Data. Número de páginas.
b) Credenciais do autor:
Informações sobre o autor, nacionalidade, formação universitária, títulos, cargos exercidos e
obras publicadas.
d ) Conclusões da autoria:
f) Indicações do resenhista:
Artigo Científico
É a apresentação do resultado de uma pesquisa, de forma sucinta, para ser lido ou estudado por
um grupo de pesquisadores ou comunidades afins. É um texto dissertativo sobre determinado
tema, de pequena extensão (máximo de 20 páginas), usado para publicação em revistas
especializadas. Deve conter introdução, desenvolvimento e conclusão.
Para se fazer um bom artigo científico deve-se fazer uma descrição seqüencial dos componentes
típicos de um documento desta natureza. O artigo científico comunica idéias e informações de
maneira clara e concisa. Sua característica principal é ser publicado em periódicos científicos.
58
- Artigo de revisão: São conhecidos como “reviews”. Os artigos de revisão com enfoque
histórico devem obedecer a uma ordem cronológica de pensamento.
• Título
• Autores (caso tenha mais de um autor, colocar em ordem alfabética )
• Resumo
• Texto
• Referência bibliográfica das obras citadas no texto.
O artigo é uma pequena parcela de um saber maior, cuja finalidade, de um modo geral, é tornar
pública parte de um trabalho de pesquisa que se está realizando. São pequenos estudos, porém
completos, que tratam de uma questão verdadeiramente científica, mas que não se constituem em
matéria para um livro.
59
Saiba Mais
Palavras-chave: escolher entre três e cinco palavras importantes sobre o tema que foi
desenvolvido, e colocar como palavras-chave do artigo (fonte 12; espaço entre linhas 1,5;
parágrafo justificado).
Texto Complementar
60
NBR 6023 – Referências é o “[ . . . ] conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados
de um documento, que permite sua identificação individual” (ABNT, 2002, p. 2) no todo ou em
parte, impressos ou registrados em diversos tipos de suporte.
São de mera importância para identificação de uma obra, é imprescindível conter na sua
elaboração, dados minuciosos, para facilitar ao leitor a identificação do texto citado ou estudado
pelo pesquisador.
Saiba Mais
As citações são apresentadas no texto com objetivo de ilustrar ou completar as opiniões do autor,
dando suporte para as afirmações. Toda documentação consultada deve ser obrigatoriamente
citada em decorrência aos direitos autorais, e para possíveis consultas.
As citações se justificam quando nos referir às idéias de outros autores, a frases específicas e
conclusões de outros autores/trabalhos. Elas podem ser transcrições do texto original ou
referências que nem sempre precisam ser cópias.
A própria natureza da pesquisa pressupõe a inspiração em outras obras, buscando nelas o apoio
necessário para fundamentar pontos de vista, elaborar exemplos e ilustrações. Desta forma,
podemos usar citações literais (textuais), isto é, quando transcrevemos as palavras de um texto
incorporando-as ao nosso ou citações livres (paráfrases), quando retiramos do texto a idéia que
nos interessa e apresentamos com nossas próprias palavras.
SANTOS, Gildenir Carolino ; PASSOS,Rosemary .Curso Online de Citações Bibliográficas . Disponível
em<www.bibli.fae.unicamp.br/citbib/cbb.html - 27k> Acesso em 14 de nov.2007
No caso das citações que possuam até 3 linhas, devemos mantê-las dentro do parágrafo,
incorporadas ao texto. Observe o exemplo abaixo:
Para Piaget (2001, p. 26) “a escola deve atender as necessidades básicas do aluno [...]”. Como a
citação possui menos de 3 linha, a citação apresenat aspas e está dando continuidade ao
parágrafo. Os colchetes com reticências indicam que uma parte do texto foi suprimida.
Para as citações mais longas, com mais de 3 linhas, devemos recuar 4 cm à margem esquerda,
mas não é necessário o uso de aspas. Veja o exemplo:
61
A concepção materialista de Marx carrega em sua base uma concepção de natureza e da relação
do homem com essa natureza. Para Marx, [...] o homem é um ser natural porque foi criado pela
própria natureza, porque depende da natureza, da sua transformação para sobreviver. Por outro
lado, o homem não se confunde com a natureza, [...] já que usa a natureza transformando-a
conscientemente segundo suas necessidades e, nesse processo, faz-se homem. (ANDERY, 2004,
P. 403).
Grifo em citação
Deve-se utilizar itálico ou negrito para destacar a parte fundamental da citação, indicando, por
meio da expressão “grifo nosso” ou “grifo do autor”. Veja os exemplos:
Sendo assim, a escola deve atender as necessidades básicas do aluno levando em consideração
seu conhecimento [...] (PIAGET, 2001, p. 26, grifo nosso).
OU
Sendo assim, a escola deve atender as necessidades básicas do aluno levando em consideração
seu conhecimento [...] (PIAGET, 2001, p. 26, grifo do autor).
Aplicamos a citação de citação quando queremos fazer referência a uma idéia à qual não tivemos
acesso direto, mas por intermédio de outro texto. Ela só pode ser utilizada se for impossível
entrar em contato com o texto original. Veja o exemplo:
Piaget, citado por Zabala, afirma que a escola deve atender as necessidades básicas do aluno
levando em consideração seu conhecimento [...].
A expressão “citado por” pode ser substituída pela expressão latina apud , como no exemplo a
seguir:
Para Piaget, ( apud ZABALA, 2002, p. 57) a escola deve atender as necessidades básicas do
aluno levando em consideração seu conhecimento [...].
REFERÊNCIA:
Memorial
Trata-se de uma autobiografia que descreve, analisa e crítica acontecimentos sobre a trajetória
acadêmico-profissional e intelectual do autor, avaliando cada etapa da sua experiência. Deve
62
incluir todas as fases do autor, enfatizando-se as fases mais significativas e importantes. Deve-se
destacar as experiências mais relevantes, fazendo-se um comparativo entre a vida profissional e a
vida pessoal, evidenciando-se as influências de uma para com a outra, e vice-versa.
O memorial deve ser iniciado com uma breve introdução, evidenciando a finalidade da
elaboração do mesmo. Deve-se incluir em sua estrutura informações significativas como
formação do autor, atividades tecno-científicas e artístico-culturais importantes, produções
científicas, dentre outras. O texto do memorial deve ser escrito na primeira pessoa do singular.
Estrutura de um Memorial
a) Capa e folha de rosto – deve conter nome, título (memorial), local, ano;
b) Sumário – deve vir logo depois da folha de rosto;
c) Corpo do memorial – apresenta-se de forma narrativa. Devem-se inserir comentários sobre as
diversas etapas da vida pessoal, acadêmica e profissional do autor. As folhas devem vir
numeradas com algarismos romanos.
Fiquem bem atentos na elaboração do memorial, pois ele será muito presente na sua caminhada
do conhecimento. Ele será exigido para ingressar em alguns cursos de pós-graduação de Lato e
Stricto Sensu.
Agora que já sabemos como elaborar trabalhos científicos com a linguagem escrita, vamos
passar para os trabalhos que usam a oralidade como meio de divulgação de suas pesquisas.
Também conhecidos como eventos acadêmicos, suas propostas levam o caráter educativo,
esportivo, cultural, social, científico, artístico ou tecnológico, sem necessariamente possuir o
caráter de continuidade. São desenvolvidas de forma planejada com objetivos e períodos de curto
prazo.
Seminário
O seminário é uma técnica de estudo que inclui pesquisa, discussão e debate, constituindo-se
numa das técnicas mais eficientes de aprendizagem, quando convenientemente elaborado e
63
apresentado. A pesquisa, especialmente a bibliográfica, é o primeiro passo, requisito
indispensável na elaboração do Seminário.
A pesquisa leva à discussão do material pesquisado, mas, para que os objetivos sejam
alcançados, não se pode dispensar o debate.
Estrutura de um Seminário
Organizador - figura que surge apenas quando o seminário é grupal, e as tarefas são divididas
entre seus integrantes.
Relator ou Relatores - é aquele que expõe os resultados dos estudos; pode ser um só elemento,
vários ou todos do grupo, cada um apresentando uma parte.
64
1. o coordenador propõe determinado estudo, indica a bibliografia mínima, forma os grupos de
seminário, escolhe o comentador e o secretário;
2. formado o grupo, este escolhe o organizador, decide se haverá um ou mais relatores, divide as
tarefas, inicia o trabalho de pesquisa, de procura de informações, através de bibliografia,
documentos, entrevistas com especialistas, observações etc. Depois reúne-se diversas vezes, sob
a coordenação do organizador, para discutir o material coletado, confrontar pontos de vista,
formular conclusões e organizar os dados disponíveis.
Para refletir
O Seminário é uma atividade acerca de um tema ou assunto, onde educador e educando, de modo
teórico e/ou prático, interagem suas percepções , sentimentos e experiências buscando suscitar,
através de análise, raciocínio e reflexão, novas considerações dos seus participantes.
Você já participou de algum seminário? Gostou? Você acha que realmente é uma prática
adequada para facilitar o estudo?
Tente formular um seminário no decorrer do curso. O seu conhecimento na prática, com certeza,
fará a diferença.
Painel
O Painel é uma reunião de vários alunos interessados que vão expor suas idéias sobre
determinado assunto, diante dos demais colegas, de maneira informal e dialogada, em tom de
conversa, de troca de idéias, mesmo que exponham posições diversas e apreciem perspectivas
diferentes.
Tem por objetivo proporcionar o conhecimento mais aprofundado de um tema, através da
65
discussão informal que implica a participação mais ativa dos presentes, que não se limitam a
ouvir as exposições. A discussão do assunto entre os expositores, diante do auditório, induz o
ouvinte à participação espontânea, por meio de perguntas e respostas dirigidas aos componentes
do painel.
a) de interrogação, onde cada um dos participantes buscará responder algumas questões básicas
indicadas pelo professor consideradas centrais ao tema;
Condução de um Painel:
- encerrar assuntos e iniciar outros, não permitindo que se voltem a discutir temas já debatidos;
- evitar a dispersão, comprometendo a obtenção dos resultados pretendidos;
• mesmo sem expor seu ponto de vista, propor questões para discussão entre os
componentes;
• levar a platéia ä participação organizada,através de perguntas pertinentes;
• fazer uma síntese dos trabalhos;
• agradecer aos componentes e encerrar a sessão.
Mesa Redonda
66
Estudo de Caso, Palestra e Conferência
Estudo de Caso
Pode ser aplicado de modo individual, acentuando-se os traços de solução do problema e decisão
pessoal, quando grupal, a solução de caso, requer que cada participante do grupo tenha clara
compreensão da questão, além de conhecimentos e argumentos que permitam convencer os
demais membros, na busca de uma solução comum ou aceita por todos. Esta capacidade de
convencimento deve ser desenvolvida, pois será fundamental na vida profissional.
Se você já é professor ou aluno, faça da sua sala de aula o objeto a ser observado. Perceba que
existem vários pontos interessantes que precisam ser estudados. A sala de aula será o objeto
usado na pesquisa do Estudo de Caso.
Saiba Mais
TESE - Documento resultante de uma pesquisa científica sobre um tema, inédito, tratado de
forma aprofundada, contendo ampla discussão dos fundamentos e dos dados coletados. Usado
para obtenção do grau de doutor.
Ensaio – Texto com a estrutura de um artigo que busca expressar a visão ou impressões pessoais
do autor sobre um tema, de forma aprofundada.
O estudo de caso estimula a tomada de decisão ou escolha, haja visto que ,sempre haverá mais de
uma solução adequada para um problema,e que cada indivíduo poderá propor uma das diferentes
alternativas. Buscar, ainda assim, a unidade na ação.
Quando aplicado em grupo, faz-se necessário a escolha de um coordenador que deverá volver-se
com a tarefa e contribuir para que o grupo efetivamente trabalhe de modo conjunto e articulado,
buscando considerar a contribuição dos membros, de maneira que todos venham a contribuir
com suas percepções e intuições, evitando que um membro venha a prevalecer sobre os demais
participantes.
O Estudo de Caso envolve algumas etapas básicas na solução do problema, que podem ser
apontados como:
67
• leitura cuidadosa do caso: o caso, habitualmente tem nexos com situações do
cotidiano das pessoas,incluindo fatos e opiniões congruentes ou divergentes, que podem
esconder ou distorcer fatos que realmente ocorreram;
• identificação dos fatos: deve-se reunir os principais elementos contidos no caso,
de modo sistematizado por escrito, dos elementos objetivos, assim como dos elementos
subjetivos, podendo já considerar as opiniões, sentimentos, intuições;
• avaliação dos fatos: em função da relevância dos fatos reunidos, separe-os
deixando de lado, aqueles que não tem importância para o caso. Por isso, importa indicar
os fatos de maior e menor importância, através de alguma indicação ou sinalização;
• identificação do problema: parte mais delicada do caso, e que pressupõe a clara
compreensão do caso e do elemento central do mesmo, o problema , além claro, dos seus
possíveis desdobramentos.
• identificação das alternativas de solução para o problema: não se preocupe em
encontrar de imediato uma solução, mas, nesse momento,diversas soluções sempre
embasadas em fatos, relatando todas as alternativas e seus desdobramentos no presente e
no futuro;
• escolha da alternativa mais adequada: pressupõe a escolha de uma das alternativas
que melhor se aplique a situação, verificando se é claro para você as razões de tal
escolha, que o nível de argumentos objetivos, como de elementos subjetivos, a exemplo
de sentimentos , intuições;
• implementação: aponte com base nos elementos envolvidos, uma proposta para
implementação da alternativa escolhida;
• respeite suas percepções e sentimentos: não se deixe levar por preconceitos, juízo
de valor , ousando construir algo baseado no seu sentimento para com o caso trabalhado.
Palestra
68
Saiba Mais
Para saber mais como elaborar uma palestra acesse o site: www.milpalestras.com.br
Conferência
Conferência é uma exposição científica, oral, acerca de um determinado tema, realizada por
especialista, de modo simples e direto, permitindo ao público compreender e assimilar melhor o
que está sendo exposto. Ao término da conferência, o conferencista poderá facultar aos
participantes a formulação de indagações sobre os pontos que o desejam esclarecer.
A duração considerada adequada para a conferência deve ser de 01h (uma hora), em razão de
indagações dirigidas pela platéia ao conferencista. Considera-se 30min (trinta minutos) um
tempo ideal para exposição, pois o alongar da mesma torna-a cansativa, com perda de interesse.
TEXTO COMPLEMENTAR
- Oficina: atividade pedagógica centrada na valorização da experiência por parte dos alunos,
através de estudos teóricos já estudados e, principalmente, práticos.
- Fórum: local ou reunião pública para discussão de assuntos relevante, não só de cunho
acadêmico, mais principalmente de interesse social.
Disponível em:
<www.uniformg.edu.br/imagens/depcom/outros/modalidadesdeatividadesextensionistas.doc >.
Acesso em: 09 de nov.2006.
69
4º Tema
Já vimos que lidaremos constantemente com o conhecimento nessa disciplina e em todas as
outras ao longo do nosso Curso. Por isso, tenho certeza que você já tem conhecimento suficiente
para aprofundarmos um pouco mais os nossos conteúdos.
Iniciaremos agora o estudo acerca da pesquisa científica, sua importância para a descoberta de
novos acontecimentos e novos fatos. Iremos abordar também como elaborar um projeto de
pesquisa, buscando capacitá-lo nesta jornada rumo ao seu trabalho de conclusão.
Bom estudo!!!
Pode-se definir pesquisa como um processo formal e sistemático, controlado e crítico, que
permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento.
Esse processo é reflexivo, pois avalia a todo o momento sua própria realização; é sistemático,
uma vez que se organiza de acordo com um sistema de pensamento e ação; é controlado, tendo
em vista que consiste na observação de características específicas de um fenômeno em um dado
contexto; e crítico porque pressupõe o conhecimento dos fundamentos lógicos, teóricos e as
implicações de suas ações na interpretação dos resultados. (Ander-Egg 1978:28 apud Marconi &
Lakatos 2003).
Mas a realidade é múltipla, diversa nas relações sociais, políticas, culturais e nos aspectos
naturais, biológicos, físicos e químicos que permeiam a interação entre os seres humanos e a
natureza. A partir dessa imensidão de objetos do nosso conhecimento, que integram a realidade
em que vivemos, podemos nos perguntar: quando uma pesquisa se torna necessária?
70
elementos, encontram-se: a seleção do assunto que se deseja investigar, a formulação e
delimitação do problema/questão para a qual se pretende buscar uma (ou várias) resposta (s), o
levantamento de hipóteses para indicar as possibilidades de solução para o problema, a coleta,
sistematização e classificação dos dados, análise e interpretação dos dados e a elaboração de um
documento científico capaz de comunicar os resultados da pesquisa realizada.
O Método Científico
Na tentativa de compreender a realidade, a ciência necessita de critérios precisos que sejam
capazes de perceber criticamente os preconceitos, as ilusões dos sentidos, as superstições. Mas o
que é o método científico? Podemos dizer que é um conjunto de critérios definidos pela
comunidade científica, destinado à busca de explicações e à construção de conhecimento. É por
isso que todos que querem estudar e fazer ciência precisam conhecer os métodos específicos da
investigação científica: eles representam o percurso a ser seguido nessa viagem rumo à
construção do saber!
Veremos agora com detalhes quais são as fases que constituem o método de investigação
científica.
- Escolha do Tema: tema é o assunto que se deseja estudar e pesquisar. O trabalho de definir
adequadamente um tema pode, inclusive, perdurar por toda a pesquisa. Nesse caso, deverá ser
freqüentemente revisto.
- Levantamento de Dados: Para obtenção de dados podem ser utilizados três procedimentos:
pesquisa documental, pesquisa bibliográfica e contatos diretos. A pesquisa bibliográfica é um
apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados, revestidos de importância, por serem
capazes de fornecer dados atuais e relevantes relacionados com o tema.
Esta fase inclui a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental e a pesquisa de campo, realizada
por meio de contatos diretos com as fontes. Aqui serão coletados os dados e informações
necessários à pesquisa.
71
O que é um dado?
“O termo revela-se um pouco enganador. Contrariamente ao que poderia fazer crer a definição
do Dicionário Aurélio transcrita, [elemento ou quantidade conhecida que serve de base à
resolução de um problema], ele designa, na verdade, algo que não é dado, que não é evidente,
mas que é preciso ir procurar com o auxílio de técnicas e de instrumentos, busca que demanda
esforços e precauções.
- Definição dos Termos: O objetivo principal da definição dos termos é torná-los claros,
compreensivos e objetivos e adequados. É importante definir todos os termos que possam dar
margem a interpretações errôneas. O uso de termos apropriados, de definições corretas, contribui
para a melhor compreensão da realidade observada.
72
- Seleção dos Métodos e Técnicas: Os métodos e as técnicas a serem empregados na pesquisa
científica podem ser selecionados desde a proposição do problema, da formulação das hipóteses
e da delimitação do universo ou da amostra.
Saiba Mais
Vamos nos permitir alguma liberdade criativa e imaginar que um alienígena recém chegado à
Terra, interessado em conhecer nossos costumes, decide ir ao Maracanã assistir a uma partida de
futebol.
Certamente no início da partida o ET ficaria bastante confuso, vendo todas aquelas pessoas
correndo atrás de uma bola, e muito intrigado ao ver como alguns jogadores ficam tão sensíveis
quando ela se aproxima demais daquelas redes localizadas nas extremidades do campo. Mas ao
longo da partida, percebendo que alguns lances se repetem e têm sempre o mesmo desfecho (por
exemplo, a partida é sempre interrompida quando a bola sai dos limites traçados no campo), ele
provavelmente formularia algumas hipóteses sobre o jogo: “será que o objetivo é enviar a bola o
mais distante possível?”, ele talvez pensasse após assistir um infeliz chute de fora da área; “ou
talvez o objetivo seja matar o humanóide que carrega a bola”, pensaria ao ver um zagueiro
aplicando uma tesoura na altura do pescoço de um outro jogador. É quase certo que após algum
tempo observando a partida e depois de vários palpites errados, o visitante extraterrestre fosse
capaz de compreender a maior parte das regras do nosso futebol.
Pois nós somos como este alienígena. Estamos imersos no grande “jogo” da natureza tentando
entender suas “regras”: será que tudo o que sobe desce? Por que as coisas têm cor? Será que a
posição que os corpos celestes ocupavam no instante de nosso nascimento pode afetar nossa
personalidade? Em outras palavras, ou melhor, nas palavras do físico Richard Feynmann,
“Entender a natureza é como aprender a jogar xadrez somente assistindo a partida”.
Porém ainda que nossa metáfora seja didática, ela não é completa. Pois nela o ET assiste
passivamente ao desenrolar dos lances na partida e propõe hipóteses que somente tem como
verificar esperando que se repitam. Nós por outro lado, não somos meros expectadores da
natureza mas participamos dela; podemos interagir com ela realizando experimentos”.
REIS, Widson Porto. “Método Científico”. 30 de Março de 2003. 10p (artigo não publicado).
73
entendimento de fenômenos sociais. Até então, os métodos de investigação eram orientados pela
perspectiva positivista que supunha:
que os fatos humanos são, como os da natureza, fatos que começam a ser observados
tais quais, sem idéias preconcebidas; fatos que, em seguida, devem ser submetidos à
experimentação, para que se possa determinar sua ou suas causas; depois, tomando uma
medida precisa das modificações causadas pela experimentação, daí tirar explicações
tão gerais quanto possível. Esse procedimento é realizado com a esperança de
determinar, no campo do humano, as leis naturais que o regem. (Laville ; Dionne, 1999,
p. 31)
O debate acerca da metodologia mais adequada para os diversos objetos de pesquisa, fossem eles
de natureza física ou social, permaneceu ativo até a década de 1980 e, ainda hoje se reflete nas
discussões sobre objetividade/subjetividade os nos debates sobre pesquisa qualitativa/pesquisa
quantitativa. Sobre isso, veremos mais adiante. Importa saber que as ciências em geral se
distanciaram da perspectiva positivista e construíram uma orientação que representa o seu
principal método de construção de conhecimento: o método hipotético-dedutivo.
74
Em linhas gerais, esboça-se um caminho que se caracteriza pela definição de um problema,
levantamento de hipótese(s), verificação da(s) hipótese(s) e conclusão. Confira o quadro a seguir:
Técnicas de Pesquisa
As técnicas de pesquisa podem ser categorizadas em três grandes grupos: documentação indireta;
documentação direta e observação direta intensiva, a seguir delineadas.
1. Pesquisa documental: a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não,
constituindo o que se denomina de fontes primárias. Estas podem ser feitas no momento em que
o fato ou fenômeno ocorre.
75
em fita magnética e audiovisuais: filme e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em
contato direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto. Esses documentos
permitem ao cientista o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou na manipulação de suas
informações.
1. Pesquisa de campo: Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir
informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta,
ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as
relações entre eles.
• Níveis de Pesquisa
- Pesquisas Explicativas: Têm como preocupação central identificar os fatores que determinam
ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Este é o tipo de pesquisa que mais
aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica o porquê das coisas. Por isso mesmo é o
76
tipo mais complexo e delicado, já que o risco de cometer erros aumenta consideravelmente.
Pode-se dizer que o conhecimento científico está assentado nos resultados oferecidos pelos
estudos explicativos. Isto não significa, porém, que as pesquisas exploratórias e descritivas
tenham menos valor, porque quase sempre constituem etapa prévia indispensável para que se
possam obter explicações científicas. Uma pesquisa explicativa pode ser a continuação de outra
descritiva, posto que a identificação dos fatores que determinam um fenômeno exige que este
esteja suficientemente descrito e detalhado. As pesquisas explicativas nas ciências naturais
valem-se quase que exclusivamente do método experimental. Nas ciências sociais, em virtude
das dificuldades já comentadas, recorre-se a outros métodos, sobretudo ao observacional. Nem
sempre se torna possível a realização de pesquisas rigidamente explicativas em ciências sociais,
mas em algumas áreas, sobretudo da Psicologia, as pesquisas revestem-se de elevado grau de
controle, chegando mesmo a ser designadas “quase-experimentais”.
Também se aplica com pertinência nas situações em que o objeto de estudo já é suficientemente
conhecido a ponto de ser enquadrado em determinado tipo ideal. Por exemplo, se as informações
disponíveis fossem suficientes para afirmar que existem três tipos diferentes de comunidades de
base e houvesse interesse em classificar uma comunidade específica em algum desses tipos,
então o estudo de caso seria o delineamento mais adequado.
77
- Pesquisa-Ação: A pesquisa-ação tem sido objeto de bastante controvérsia, em virtude de exigir
o envolvimento ativo do pesquisador e a ação por parte das pessoas ou grupos envolvidos no
problema, a pesquisa-ação tende a ser vista em certos meios como desprovida da objetividade
que deve caracterizar os procedimentos científicos. A despeito, porém, destas críticas, vem sendo
reconhecida como muito útil, sobretudo por pesquisadores identificados por ideologias
“reformistas” e “participativas”.
A pesquisa participante, por sua vez, envolve a distinção entre ciência popular e ciência
dominante. Esta última tende a ser vista como uma atividade que privilegia a manutenção do
sistema vigente e a primeira como o próprio conhecimento derivado do senso comum, que
permitiu ao homem criar, trabalhar e interpretar a realidade sobretudo a partir dos recursos que a
natureza lhe oferece.
Tipos de pesquisa
- Pesquisa Quantitativa
O instrumento de coleta de dados mais utilizado é o questionário, que pode conter questões
fechadas (alternativas pré-definidas) e/ou abertas (sem alternativas e com resposta livre).
Na pesquisa quantitativa, a fim de comprovar as hipóteses, os recursos de estatística nos dirá se
os resultados obtidos são significativos ou mero fruto do acaso.
A Pesquisa Quantitativa é baseada em rígidos critérios estatísticos, que servem de parâmetro para
definição do universo a ser abordado pela pesquisa. Como o nome já diz, o método quantitativo é
útil para o dimensionamento de mercados, levantamento de preferências por produtos e serviços
de parcelas da população, opiniões sobre temas políticos, econômicos, sociais, dentre outros
aspectos.
Os passos para o desenvolvimento e aplicação do método quantitativo tem início com a definição
dos objetivos que o cliente pretende alcançar. Em seguida faz-se o levantamento amostral do
universo, ou seja, o número de entrevistas a serem realizadas; elaboração aplicação de pré-teste
para validação do questionário e, posteriormente, a pesquisa em campo; apuração, cruzamento e
tabulação dos dados; e, por fim, elaboração de relatórios para análise estratégica.
78
- Pesquisa Qualitativa
A pesquisa qualitativa é uma designação que abriga correntes de pesquisa muito diferentes. Em
síntese, essas correntes se fundamentam em alguns pressupostos contrários ao modelo
experimental e adotam métodos e técnicas de pesquisa diferentes dos estudos experimentais. Os
cientistas que partilham da abordagem qualitativa em pesquisa se opõem, em geral, ao
pressuposto experimental que defende um padrão único de pesquisa para todas as ciências,
calcado no modelo de estudo das ciências da natureza. Estes cientistas se recusam a admitir que
as ciências humanas e sociais devam-se conduzir pelo paradigma das ciências da natureza e
devam legitimar seus conhecimentos por processos quantificáveis que venham a se transformar,
por técnicas de mensuração, em leis e explicações gerais.
Um segundo marco que separa a pesquisa qualitativa dos estudos experimentais está na forma
como apreende e legítima os conhecimentos. A abordagem qualitativa parte do fundamento de
que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o
sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito.
O conhecimento não se reduz a um rol de dados isolados, conectados por uma teoria explicativa;
o sujeito-observador é parte integrante do processo de conhecimento e interpreta os fenômenos,
atribuindo-lhes um significado. O objeto não é um dado inerte e neutro; está possuído de
significados e relações que sujeitos concretos criam em suas ações.
79
QUADRO COMPARATIVO DOS TIPOS DE PESQUISA
PESQUISA QUALITATIVA PESQUISA QUANTITATIVA
Questões abertas e exploratórias Predomínio de questões fechadas
Amostra pequena Amostra grande
Análise estatística, a partir de informações rigorosas e
Análise subjetiva e interpretativa
científicas
Pesquisa exploratória Pesquisa descritiva ou casual
Resultado da linha de conduta (opiniões, atitudes e Resultados quantificáveis condensados em tabelas
expectativas) e gráficos
Caráter subjetivo Caráter objetivo
Interpretação Mensuração
Múltiplas realidades Uma realidade
Sistema Organicista Sistema Mecanicista
Raciocínio dialético
Raciocínio lógico e dedutivo
e indutivo
Utiliza a comunicação
Utiliza instrumentos específicos (ex.: questionário)
e a observação (ex.: entrevista)
Trabalha com particularidades Trabalha com generalizações
Saiba Mais
O desmoronamento da perspectiva positivista não se deu sem debates entre seus defensores e
adversários. Esses debates continuam ainda hoje.
Pretende tomar a medida exata dos fenômenos humanos e do que os explica. É, para ela, uma das
principais chaves da objetividade e da validade dos saberes construídos. Conseqüentemente,
deve escolher com precisão o que será medido e apenas conservar o que é mensurável de modo
preciso. Para os adversários desse método, trata-se de truncar o real, afastando numerosos
aspectos essenciais à compreensão.
Os adversários propõem respeitar mais o real. Quando se trata do real humano, afirmam,
tentemos conhecer as motivações, as representações, consideremos os valores, mesmo se
dificilmente quantificáveis; deixemos falar o real a seu modo e o escutemos. Os defensores da
quantificação apenas das características objetivamente mensuráveis respondem, então, que esse
encontro incontrolado de subjetividades que se adicionam só pode conduzir ao saber “mole”, de
pouca validade. Esquecem, desse modo, que para construir suas quantificações, tiveram que
afastar inúmeros fatores e aplicar inúmeras convenções estatísticas que, do real estudado, corre-
se o risco de não ter restado grande substância. Mas é verdade que o que resta é assegurado por
um procedimento muito rigoroso, testado e preciso. E alguns gostam de afirmar que são as
exigências estritas desse rigor que afastam os pesquisadores qualitativos (o que infelizmente
80
parece, às vezes, correto, sobretudo em vista do saber matemático e do estatístico necessário!).
Na realidade, esse debate, ainda que muito presente, parece freqüentemente inútil e até falso.
Inútil, porque os pesquisadores aprenderam, há muito tempo, a conjugar suas abordagens
conforme as necessidades. Vê-se agora pesquisadores de abordagem positivista deixar de lado
seus aparelhos de quantificação de entrevistas, de observações clínicas, etc., e inversamente, vê-
se pesquisadores adversários da perspectiva positivista que não procedem de outro modo quando
é possível tratar numericamente alguns de seus dados para melhor garantir a sua generalização.
Inútil, sobretudo, porque realmente é querer se situar frente a uma altura estéril. A partir do
meomento em que a pesquisa centra-se em um problema específico, é em virtude desse problema
específico que o pesquisador escolherá o procedimento quantitativo, qualitativo, ou uma mistura
de ambos. O essencial permanecerá: que a escolha da abordagem esteja a serviço do objeto de
pesquisa, e não o contrário, com o objetivo de daí tirar, o melhor possível, os saberes desejados.
Em uma pesquisa, nada se faz ao acaso. Desde a escolha do tema, fixação dos objetivos,
determinação da metodologia, coleta dos dados, sua análise e interpretação para a elaboração do
relatório final, tudo é previsto no projeto de pesquisa. Este, portanto, deve responder às clássicas
questões: o quê? porquê? para quê e para quem? onde? como, com quê, quanto e quando? quem?
com quanto?
Entretanto, antes de redigir um projeto de pesquisa, alguns passos devem ser dados. Em primeiro
lugar, exigem-se estudos preliminares que permitirão verificar o estado da questão que se
pretende desenvolver sob o aspecto teórico e de outros estudos e pesquisas já elaborados. Tal
esforço não será desperdiçado, pois qualquer tema de pesquisa necessita de adequada integração
na teoria existente e a análise do material já disponível será incluída no projeto sob o título de
“revisão da bibliografia”.
a) entidade;
SUMÁRIO: Relacionar nos itens e subitens que compõe o projeto, com o respectivo número da
página, onde o mesmo pode ser encontrado.
81
APRESENTAÇÃO: Composto por dois elementos chaves, Quem apresenta, que deverá efetuar
um breve histórico e experiências desenvolvidas e realizadas pela Organização e pela
Coordenação responsável, e O que apresenta, que também se composto por um breve histórico
da atividade em questão e O que espera com tal apresentação.
FINALIDADE: Composto pelo termo Para que é tal trabalho científico, descritos no seu
contexto geral e específico.
a) Objetivo Geral:
b) Objetivos Específicos:
RECURSOS: Busca atender as indagações acerca de Com quem, com quanto e com que será
realizado, desdobrando-se nos seguintes elementos:
a) Humanos
b) Financeiros
d) Materiais
- De consumo
Saiba mais
http://www.cbj.g12.br/~bibcal/bca_manual.html
82
Relatório de Pesquisa e Monografia
A preocupação do relator será a de poder deixar registrado todo o caminho percorrido durante a
pesquisa, especificando os elementos que possam ser importantes para a análise posterior do
estudo realizado.
No relatório de pesquisa, fazendo uso da metodologia, dá-se a sua divisão nas seguintes partes:
a) INTRODUÇÃO: Na introdução considerada como introdutória ao corpo geral do relatório, o
pesquisador descreverá, em termos gerais, os objetivos e a finalidade do estudo realizado. É uma
justificativa que o autor tratará da relevância do tema-problema trabalhado, tentando motivar o
interesses do leitor. Aqui é necessário clarear a definição do assunto e a delimitação do tema,
situando-o no espaço e no tempo; é o significado do problema.
d) SUMÁRIO: Relação das partes, capítulos, itens e subitens do trabalho, com a respectiva
indicação do número de páginas iniciais.
83
f) DESENVOLVIMENTO: O desenvolvimento de um relatório, também denominado corpo, é
a parte mais extensa. Nesta fase deve-se apresentar muito claramente a metodologia usada e todo
o traçado e caminho do estudo envolvendo variáveis e componentes. Estes elementos são de
especial importância pois a partir da análise dos mesmos é que se pode julgar a validade
científica do estudo.
O corpo ou desenvolvimento de um relatório de pesquisa tem por objetivo fornecer a análise dos
componentes mais importantes de um tema-problema. O desenvolvimento de um relatório de
pesquisa deve sofrer um processo metodológico divisório. O corpo do trabalho distribui-se em
partes, as partes em capítulos, os capítulos em secções ou subtítulos, os subtítulos em parágrafos,
os parágrafos em frases ou orações.
i) APÊNDICES: Apresentando tabelas, quadros, gráficos e outras ilustrações que não figuram
no texto; assim como o(s) instrumento(s) de pesquisa, o apêndice é composto de material
trabalhado pelo próprio pesquisador. Deve ter ordenação própria e, no sumário, constar apenas o
título genérico “Apêndices”.
- Monografia
Localiza-se na origem histórica da monografia aquilo que até hoje caracteriza essencialmente
esse tipo de trabalho científico: a especificação, ou seja, a redução da abordagem a um só
assunto, a um só problema. Mantém-se assim o sentido etimológico: monos (um só) e graphein
(escrever: dissertação a respeito de um assunto único).
84
• Estrutura da monografia
- Elementos da Monografia
1. Elementos Pré-textuais
a) capa, deverá conter apenas os dados indispensáveis à identificação do trabalho: título em
destaque na parte superior, o nome do autor em destaque; especificação do trabalho (dissertação,
monografia etc.); dados referentes ao curso; dados referente a instituição acadêmica, com a
respectiva localização; data;
c) contracapa, geralmente sem gravação ou impressão, às vezes utilizada para apresentar um
resumo da obra;
85
f) a página de rosto que contém: na parte superior, o nome completo do autor, sem abreviaturas,
com seus títulos ou cargos logo abaixo; o título real do trabalho com subtítulos, se houver;
indicação de prefácio ou prólogo ou apresentação com o nome do apresentador (quando não
houver apresentador, esse item não deve aparecer); nome da instituição; cidade, ano;
i) sumário completo (de todos os capítulos e suas seções) ou sumário (enumeração das partes
principais) com a indicação das páginas iniciais dos capítulos ou partes destacadas;
2. Elementos Textuais
a) introdução;
b) desenvolvimento com a seqüência dos capítulos destinados ao corpo do trabalho;
c) capítulo(s) das conclusões.
3. Elementos Pós-textuais
f) índice de assuntos, nomes de pessoas, nomes geográficos, acontecimentos, etc., em ordem
alfabética, com indicação de sua localização no texto;
86
VAMOS PRATICAR?
Para que possamos por em prática alguns dos conhecimentos adquiridos nesse tema que você
acaba de estudar, sugiro a atividade seguinte:
1. Escolha três temas que lhe interessem dentro da área científica da sua licenciatura ou
da área de Educação. Delimite-os utilizando uma frase ou palavras-chave.
2. Para observar se os temas que você escolheu são relevantes ou se são de interesse da
comunidade científica, faça uma pesquisa bibliográfica buscando artigos, livros virtuais e
textos na internet que estejam relacionados aos temas que você escolheu. Você pode
começar pesquisando em sites como: www.google.com.br ou www.scielo.br, iniciando a
busca a partir das palavras-chave que você elaborou no item 1 deste exercício.
87
3. Procure também livros, textos e artigos em revistas especializadas.
4. Construa um diário de pesquisa no qual você deve anotar todas as etapas da sua
investigação separando-as por data: Para cada dia de pesquisa, descreva os passos que
você realizou, anotando as idéias que surgiram, as impressões obtidas com as leituras,
refletindo sobre a atividade que você está realizando.
5. Depois disso, converse com seus colegas sobre os temas que lhe interessam e veja se
eles também acham interessantes. Tenho certeza que será uma troca de conhecimentos
bastante rica! Quem sabe dessa atividade não surge um bom projeto de pesquisa?
88
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCAR, Eunice Soriano de. Como desenvolver o potencial criador: uma guia para a
liberação da criatividade em sala de aula. Petrópolis: Vozes, 1990.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação .2. ed. São Paulo: Moderna, 1996.
ARMSTRONG, Thomas. Inteligências múltiplas na sala de aula. Porto Alegre: Artmed, 2001.
CANDAU, Vera Maria. Rumo a uma nova didática . Petrópolis: Vozes, 1995.
CRUZ, Giseli Barreto da. Pesquisa e Formação Docente: Apontamentos teóricos. Disponível
em: <http://www.presidentekennedy.br/rece/trabalhos-num2/artigo04.pdf>. Acesso em: 15 jan.
2007.
DELORS, Jacques (Org.). Educação: um tesouro a descobrir. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
FEIJÓ, Olavo G. Corpo e Movimento. Rio de Janeiro: Shape, 1992.FREIRE, Paulo. Pedagogia
da Autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.
89
HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação mediadora : uma prática em construção da pré-
escola à universidade. Porto Alegre: Mediação. 1993.
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. Perspectiva, 2005.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O brincar e suas teorias. Rio de Janeiro: Thompson, 1998.
LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública : a pedagogia crítico social dos
conteúdos. 14. ed. são paulo: loyola, 1996.
PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e docência. São Paulo:
Cortez, 2004.
SAVIANI, Dermeval. Educação brasileira: estrutura e sistema. São Paulo: Saraiva, 11973.
SCHÖN, Donald. Educando o profissional reflexivo. Porto Alegre: Artes Médias, 1992.
VOLPI, M. T. A formação de professores de língua estrangeira frente aos novos enfoques de sua
função docente. In: LEFFA, V. (Org.). O professor de línguas estrangeiras: construindo a
profissão. Pelotas: Educat, 2001. p. 41-66.
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
90
BEAUCLAIR, João. Educando em tempos difíceis : algumas proposições na perspectiva da
Educação em Direitos Humanos. Disponível em: <http://www.rieoei.org/opinion07.htm>.
Acesso em: 17 ago. 2006.
91