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MUSEU INTERATIVO
À EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA
Chanceler
Dom Jaime Spengler
Reitor
Joaquim Clotet
Vice-Reitor
Evilázio Teixeira
Conselho Editorial
Presidente
Jorge Luis Nicolas Audy
Diretor da EDIPUCRS
Gilberto Keller de Andrade
Editor-Chefe
Jorge Campos da Costa
Agemir Bavaresco
Augusto Buchweitz
Carlos Gerbase
Carlos Graeff-Teixeira
Clarice Beatriz da Costa Söhngen
Cláudio Luís C. Frankenberg
Érico João Hammes
Gleny Terezinha Guimarães
Lauro Kopper Filho
Luiz Eduardo Ourique
Luis Humberto de Mello Villwock
Valéria Pinheiro Raymundo
Vera Wannmacher Pereira
Wilson Marchionatti
Organizadores
Regina Maria Rabello Borges
Valderez Marina do Rosário Lima
Ana Lúcia Imhoff
CONTRIBUIÇÕES DE UM
MUSEU INTERATIVO
À EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA
porto alegre
2015
© EDIPUCRS, 2015
Versão Eletrônica da 1º Edição impressa no ano de 2009;
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por
sistemas gráficos, microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos. Vedada a memorização e/ou a recuperação
total ou parcial, bem como a inclusão de qualquer parte desta obra em qualquer sistema de processamento de dados. Essas
proibições aplicam-se também às características gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos direitos autorais é punível como
crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal), com pena de prisão e multa, conjuntamente com busca e apreensão e indenizações
diversas (arts. 101 a 110 da Lei 9.610, de 19.02.1998, Lei dos direitos Autorais)
SUMÁRIO
10. LUZ, CÂMERA, AÇÃO! OLHA O PASSARINHO! – Maira Leandra Alves, José Carlos
Menegoto, Roberto Silvestrin, Sérgio Luís Kessler, João Bernardes da Rocha Filho, Valderez
Marina do Rosário Lima .................................................................................................... 65
15. TALES E AS SOMBRAS – Karine Pértile, Thaís Philipsen Grützmann, Nara Regina de
Souza Basso ....................................................................................................................... 99
17. O PERISCÓPIO NAS AULAS DE MATEMÁTICA – Ana Paula Santos Rebello, Mirela
Stefânia Pacheco, Renata Brito Pereira, Maurivan Güntzel Ramos, Nara Regina de Souza
Basso .................................................................................................................................. 111
19. BATATAS COMO GERADORES DE ENERGIA – Ana Paula Santos Rebello, Maurivan
Güntzel Ramos ................................................................................................................... 125
22. A SIMETRIA DO UNIVERSO – Angela Maria Wilges, Claudia Suzana Ferigolo, Denise de
Sena Pinho, Joelene de Oliveira de Lima, Karina de Oliveira Machado, Ana Maria Marques
da Silva ............................................................................................................................... 147
Este livro foi produzido no contexto do projeto CAPES nº 057: Observatório da Edu-
cação, Museu Interativo e Educação em Ciências: relações construtivas – um projeto
unificado que abrangeu diversos projetos individuais, avaliando a situação educacional
no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, mediante consultas aos bancos de dados
do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (INEP). A partir dessas
avaliações, foram elaboradas, testadas e avaliadas propostas educacionais inspiradas na
interatividade dos experimentos do Museu de Ciências e Tecnologia (MCT/PUCRS),
considerando que uma das questões de pesquisa do projeto referido foi a seguinte: Como
um museu interativo pode contribuir para a melhoria da educação em Ciências?
É importante avaliar a educação básica em Ciências e Matemática, mas é funda-
mental também propor alternativas para sua melhoria. Isso já vem sendo realizado
por outras pesquisas, muitas das quais ligadas ao MCT-PUCRS, anteriores a esta, en-
volvendo tanto a educação científica escolar como a formação de novos professores
e a educação continuada de professores em efetivo exercício, de modo especial nas
escolas públicas. Portanto, este livro, produzido com o apoio da Central de Aperfeiçoa-
mento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES), entidade do governo brasileiro voltada
à formação de recursos humanos, apresenta subsídios nessa direção em seus diversos
capítulos. O mesmo projeto teve apoio também da Fundação de Amparo à Pesquisa
do Rio Grande do Sul (FAPERGS), mediante concessão de uma Bolsa de Iniciação
Científica (BIC).
10 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
As Organizadoras
2
IDEIAS DE PROFESSORES PARTICIPANTES
DE UM PROJETO SOBRE A NATUREZA
DAS CIÊNCIAS E A EDUCAÇÃO
CIENTÍFICA ESCOLAR
Este capítulo apresenta uma pesquisa com abordagem quantitativa e qualitativa sobre
contribuições do Projeto Escola-Ciência (PROESC) à educação em Ciências, popularização
das ciências e alfabetização científica, a partir dos seus relatórios anuais. Buscou também
identificar concepções sobre a natureza das ciências entre os professores participantes, sem
intenção de generalizar. Entretanto, antes de apresentar essa análise com abordagem qualita-
tiva, é importante apresentar o PROESC em uma síntese contendo seu histórico e seus obje-
tivos, seguida de uma análise quantitativa das informações disponíveis nos relatórios anuais.
O Projeto Escola-Ciência (PROESC) foi idealizado pelo Prof. Dr. Jeter Jorge Berto-
letti, enquanto Diretor do Museu de Ciências e Tecnologia (MCT-PUCRS), e viabilizado
12 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
pelo apoio de diversas instituições (Fundação VITAE, CNPq, Banco Santander, FAPER-
GS, PUCRS). Iniciou em dezembro de 2001 e continua vigente. Oferece, gratuitamente,
transporte, alimentação, orientações e ingresso no Museu para alunos e professores de
escolas comprovadamente carentes do Ensino Fundamental e Médio, abrangendo a rede
pública Estadual e Municipal de Porto Alegre e de alguns municípios distantes. Conta
com um ônibus moderno, acompanhado por um funcionário preparado para o atendi-
mento e a organização de grupos escolares com seus professores. A intenção é propor-
cionar uma aprendizagem prazerosa, interativa e dinâmica.
Segue uma síntese dos objetivos do projeto segundo seus relatórios anuais (BERTO-
LETTI, 2002, 2003, 2004).
O PROESC atende a escolas carentes da rede pública desde 27/12/2001 e foram pro-
duzidos seis relatórios anuais (2002 a 2007). Desde sua criação em dezembro de 2001
até 2007, o PROESC atendeu mais de 2.383 municípios, parte deles mais de uma vez,
deslocando 57.813 alunos e 5.196 professores de 1.314 escolas do RS e outros estados
até o MCT. Destas, algumas receberam alimentação, ingresso e transporte por conta do
projeto PROESC, enquanto outras apenas dois dos benefícios citados, tendo aquelas que
apenas usufruíram de uma dessas formas de auxílio.
A tabela 1 mostra a evolução do número de atendimentos realizados pelo projeto
desde seu início. Esse número apresentou redução nos anos de 2003, 2004 e 2005 em
função da diminuição dos recursos aportados, voltando o projeto a receber incentivos
apenas nos dois últimos anos. Assim, o número de beneficiados pode diminuir em
função de análise feita pelo setor competente do Museu, bem como por limitações de
recursos.
Para cada escola da rede pública atendida pelo projeto, foi solicitada a entrega de
um relatório sucinto após a visitação. Do total de 530 escolas atendidas no período
2002/2004, somente 186 (35%) encaminharam relatório (Tabela 3).
As causas para o baixo percentual de relatórios podem ser muitas. Talvez o relatório
não tenha sido elaborado diretamente pelo professor visitante, ou talvez o professor te-
nha interpretado que deveria avaliar e destacar pontos positivos da visita ao Museu, ou
fazer um agradecimento pela isenção de pagamento. Quase todos destacam a ludicidade,
a interatividade e a organização dos experimentos, com ênfase em aspectos educacionais.
O Museu [...] proporciona uma nova visão dos conteúdos; uma confirmação das
teorias através das práticas vivenciadas; constatação e vivências de acontecimen-
tos; experiências e fenômenos com possibilidades de interação de forma lúdica e
científica; um local organizado, limpo, criativo, bem planejado, etc.
Para nós, a visita foi muito importante, porque, de maneira simples e rápida,
aprendemos sobre conceitos e experiências complexas, que embora estejam sem-
pre presentes no nosso cotidiano, não são fáceis de compreender.
Contribuições de um Museu Interativo 17
Devemos também ressaltar que um projeto inovador do museu torna mais fácil e
agradável a tarefa de entender, aprendendo os fenômenos por assim dizer da na-
tureza, da física, da matemática, da química, da biologia, da informática, de outras
ciências e de suas aplicações tecnológicas.
Considerações finais
Por meio do PROESC, visitantes das mais diferentes origens têm a oportunidade de
interagir com os experimentos do Museu, possibilitando, além de atingir um público
sem condições de pagar seu deslocamento e ingresso, uma socialização ainda maior do
conhecimento científico.
A partir da análise dos relatórios, destacam-se, no contexto do projeto, a popula-
rização das ciências, a alfabetização científica e a complementação de aprendizagens
formais realizadas em sala de aula. Embora os depoimentos escritos pelos professores
visitantes não permitam concluir a respeito de suas concepções sobre a natureza do co-
nhecimento científico, é evidente a preocupação com a aprendizagem dos alunos e meios
de torná-la mais efetiva, sendo consensual a ideia de que o Museu proporcione grande
contribuição nesse sentido.
Referências
Introdução e contextualização
Chamamos de Casa Maluca (CM) uma casa com o piso e paredes inclinados em
relação a um referencial. As pessoas, quando em seu interior, experimentam alterações
na percepção de alguns fenômenos do cotidiano, tais como: o fato de levantar-se de uma
cadeira sem o auxílio das mãos e a observação do prumo de um filete de água que sai
de uma torneira colocada numa das suas paredes, bem como uma bola que se desloca
num plano inclinado. Tendo passado por essa experiência, um dos autores propôs ao
grupo o seguinte problema: Por que acontecem distorções na percepção, no interior do
experimento denominado Casa Maluca, e como essa atividade pode contribuir para uma
abordagem interdisciplinar na educação em Ciências?
Na disciplina “Museu Interativo”, do Mestrado em Educação em Ciências e Matemática
da PUCRS, foi desenvolvido um trabalho visando a compreender alguns fenômenos físicos
no plano inclinado da Casa Maluca e as possíveis alterações que ocorrem na percepção em
relação a esses fenômenos. Buscando compreender melhor e conhecer os fenômenos que
20 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
Fundamentação Teórica
Passa a ser Real para cada um aquilo que se é capaz de Perceber. (Alberto Bar-
bosa Pinto Dias)
A percepção não é uma ciência do mundo, não é nem mesmo um ato, uma tomada
de decisão deliberada; ela é o fundo sobre o qual todos os atos se destacam e ela
é pressuposta por eles. (Maurice Merleau-Ponty)
Weber e Fechner colocam que o sistema sensorial extrai quatro atributos básicos
de um estímulo: modalidade, intensidade, tempo e localização (OLIVEIRA, 2005). A
partir dessa descoberta a neurobiologia começa efetivamente a estudar os fenômenos da
percepção. Perguntas como: “Há som, quando uma árvore desaba numa floresta, se não
tiver alguém para ouvir?”, que são comuns em estudos filosóficos e fenomenológicos ou
mesmo para o cidadão comum que não está preocupado em fazer ciência, na concepção
mais erudita, podem ser respondidas claramente: “Não, a queda da árvore gera vibra-
ções. O som só ocorre se elas forem percebidas por um ser vivo!” Os sistemas sensoriais
captam as informações e o cérebro as utiliza para as funções de percepção, controle dos
movimentos corporais e manutenção do estado de vigília.
As células especializadas denominadas receptores sensoriais são as responsáveis
pelo contato com o mundo exterior ao corpo humano. Embora cada receptor seja sensí-
vel a uma forma de energia, os estímulos (som, luz, calor, pressão, paladar e cheiro) são
captados pelo sistema sensorial e convertidos em sinais eletroquímicos, compartilhando
um mesmo meio de sinalização. Dois estágios ocorrem a partir desse momento: os sinais
são elaborados em uma área de processamento primário (codificação neural), identifi-
cando informações como cor, forma, distância, tonalidade e em seguida essa informação
é transmitida aos centros de processamento secundário do tálamo. De origem límbica ou
cortical, também acontece nesse momento a incorporação de outras informações relacio-
nadas com experiências similares. O que denominamos percepção, no nível da consciên-
cia, vai acontecer, então, na região do córtex cerebral.
Na CM, os mecanismos sensoriais envolvidos são, provavelmente, os que permitem
manter a postura e o equilíbrio: a visão, a propriocepção e o aparelho vestibular. A visão
é o sentido que nos localiza no mundo exterior através da noção de distância, velocidade
e movimento. A propriocepção dos membros é provocada por deslocamentos mecânicos
dos músculos e das articulações. Ela informa o cérebro da posição, grau de contração e
tensão de cada músculo do corpo. É através desse sentido que temos a noção de onde
estão nossos membros. Para a manutenção do equilíbrio, os canais semicirculares, com-
ponentes do aparelho vestibular, na orelha interna, informam a posição da cabeça em
relação ao chão. O cérebro utiliza informações desses três sentidos para interpretar qual
a melhor posição do corpo em relação à manutenção do equilíbrio.
Uma vez no interior da CM, o indivíduo tentará se orientar pelas paredes e piso
neste novo referencial. O estímulo visual, em alguns momentos, sobrepõe-se aos
demais sentidos para a manutenção do equilíbrio e é o que realmente se observa
com a maioria das pessoas que ingressam na CM. A nova orientação em relação ao
22 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
O problema colocado pela atenção seletiva foi primeiro definido em 1980 por
William James em seu Principles of Psychology: “Milhões de itens... são apresentados
aos meus sentidos e nunca entram propriamente na minha experiência. Por quê? Por-
que não têm interesse para mim. Minha experiência é aquilo em que eu concordo em
prestar atenção”.
Atenção é o que chamamos de tomada de posse, pela mente, de modo claro, de um
dentre os possíveis objetos ou linhas de pensamento. A focalização, concentração da
consciência, implica abstenção de algumas coisas para poder lidar eficazmente com ou-
tras.
Considerado, por algumas pessoas, como sendo um sexto sentido, o sistema senso-
rial cinestésico nos permite perceber a posição dos membros e o sentido do equilíbrio
do corpo, também conhecido como sentido vestibular. O sentido vestibular refere-se
à percepção e manutenção do equilíbrio do corpo como um todo, ele nos informa
quando estamos de pé, inclinados, caindo ou de cabeça para baixo. Essa sensação de
desequilíbrio depende da posição em que a nossa cabeça se encontra, em relação à
orientação da força gravitacional da Terra. De acordo com Smith (1997, p. 26), os prin-
cipais receptores sensitivos para orientar a posição da cabeça em relação à gravidade
são os órgãos receptores do equilíbrio, localizados dentro do labirinto de cada orelha
interna, e também receptores localizados no pescoço, capazes de monitorar a orienta-
ção da cabeça em relação ao tronco. Esses receptores emitem impulsos nervosos que
chegam aos centros motores do tronco cerebral, permitindo uma regulação da postura
corporal ereta. Entretanto, Smith (1997, p. 26) adverte que “comandos de controle vo-
luntário podem ser superpostos aos comandos motores involuntários a fim de executar
uma postura ou movimento particular”. Nesse sentido, isso interfere na tendência da
pessoa em pé a posicionar o corpo em posição paralela às paredes da CM, sobretudo
considerando que a manutenção do equilíbrio corporal é favorecida também, segundo
Smith (1997, p. 132), pela visualização de “pontos de referência no ambiente imedia-
to” (SMITH, 1997, p. 132) – no caso, as paredes da CM, o próprio piso e tudo o que
se encontra dentro dela.
Assim, ao longo do texto, podemos perceber que a sensação de desequilíbrio está
diretamente relacionada com a inclinação do nosso corpo (cabeça) em relação à orien-
tação da força gravitacional da Terra, e que essa sensação poderá ser ampliada quando
estivermos submetidos a um plano inclinado.
24 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
Px = P. sen αe
Py = P . cos α,
α=0
Py = P . cos 0º Px = P.sen 0º
Py = P Px = 0º
não existirá força na direção e sentido da parede, existindo somente na direção e sentido
do piso.
Quando a CM (Casa Maluca) forma um ângulo α com a horizontal, temos:
Px = P. sen αe
Contribuições de um Museu Interativo 25
Py = P. cos α.
Px ≠ 0
Metodologia
A casa maluca conterá um conjunto de experimentos que serão vivenciados pela pes-
soa que entrar em seu interior. Esses experimentos serão realizados como se a pessoa
estivesse em uma casa normal (comum). No entanto, a percepção dessa pessoa estará
alterada, pois, após algum tempo, ela manterá a orientação e o equilíbrio tomando como
referencial as paredes inclinadas. Os fenômenos físicos respeitarão as regras aplicadas
ao plano inclinado formado pelo piso da casa com a superfície que apoia a casa inteira.
Mais detalhes poderiam ser incluídos em um experimento a ser disponibilizado no
espaço de um museu interativo. Entretanto, o aqui descrito, embora apresentando limita-
ções, parece ser suficiente para ilustração, em sala de aula, das percepções alteradas de
quem se encontra no interior do experimento.
Considerações finais
Referências
Introdução
Metodologia
Sugestões de atividades
• Teorema de Pitágoras:
• Metro cúbico
• Quebra-cabeçatriangular:
Considerações finais
Não serão somente esses materiais que serão construídos. Eles servirão apenas
como uma inspiração para os professores, para que a partir deles possamos construir
muitos outros. E as reuniões que serão realizadas servirão para que essa troca aconteça.
O material a ser apresentado ao Secretário de Educação e aos professores está pronto,
mas de maneira nenhuma este trabalho está acabado. Podemos dizer que este é apenas
um começo, para algo muito maior, que desejamos ser acolhido por todos com muita
seriedade, mas também com a alegria de podermos estar trazendo algo novo que irá fa-
cilitar muito o trabalho do professor e a aprendizagem dos alunos.
Posteriormente, essa proposta será estendida também para professores e alunos de
séries iniciais, abrangendo assim todo ensino fundamental municipal. A proposta deverá
ser bem acolhida pelos professores dessas séries, já que a maioria não possui especiali-
zação em matemática e encontra dificuldades para ensiná-la aos alunos.
Acreditamos na importância deste projeto para o município no qual trabalhamos e,
especialmente, na importância que ele teve para o nosso crescimento intelectual e profis-
32 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
sional. O trabalho em grupo, juntamente com o auxílio da professora, foi de grande valor
para nós e as aulas nos proporcionaram importantes momentos de trocas e reflexões.
Enfim, o presente projeto reuniu a teoria e a prática, o que muitas vezes não é possí-
vel na nossa prática docente, porém, é uma busca constante do professor...
Referências
Introdução
Fundamentação teórica
rede municipal e estadual de ensino, mas as atividades sugeridas podem ser adaptadas a
outros contextos.
Essa atividade pode ser desenvolvida em duplas ou trios. Cada componente lança
na sua vez as sementes ou grãos, num total de oito. As divisões representam unidade,
dezena e centena. Cada componente da equipe anota o número formado em cada uma
da jogadas. Essa atividade permite ainda trabalhar a operação de adição dos números
formados em determinadas jogadas e pode ser desenvolvida juntamente com a disciplina
de língua portuguesa, que pode explorar a escrita por extenso dos números.
Contribuições de um Museu Interativo 37
Referências
FRIZON, L. M. B. Pesquisa como Superação da Aula Copiada. In: MORAES, R., LIMA, V. M.
do R. Pesquisa em Sala de Aula, Tendências para a Educação em Novos Tempos. Porto Alegre.
EDIPUC, 2004.
BORGES, R. R, MANCUSO, R. Museu Interativo: fonte de inspiração para a escola. Porto Alegre.
EDIPUCRS. 2004.
MACEDO, Lino. PETTY, A L. S., PASSOS, N. C. Os jogos e o Lúdico na aprendizagem escolar.
Porto Alegre. Artmed. 2005.
6
A EVOLUÇÃO DA TECNOLOGIA EM JOGOS
DIDÁTICOS: APRENDIZAGEM INTERATIVA
E INTERDISCIPLINAR
Introdução
ano do Ensino Médio, tornando-os participantes ativos da construção dos seus conheci-
mentos de maneira interativa, interdisciplinar e lúdica. Os alunos serão responsáveis pela
criação, elaboração das regras e construção dos jogos, abordando os temas pesquisados
da Unidade de Aprendizagem que está sendo desenvolvida com a turma.
Partindo de um momento proporcionado para a discussão de um tema em sala de
aula, será solicitada aos alunos uma produção de texto, através de entrevistas realiza-
das com seus pais ou pessoas mais idosas da família, resgatando conhecimentos do
passado. Esse texto posteriormente será analisado e discutido em sala de aula pelas
professoras de Física e de Biologia, em forma de seminário. Os demais professores
da turma serão convidados a participar dessa proposta de trabalho. Os jogos, então,
poderão ser trabalhados de maneira interdisciplinar, com as áreas de biologia, física,
química, português, literatura, filosofia, religião, educação artística e/ou outras. Os
professores discutirão como cada um trabalhará o tema em sua disciplina, em sala de
aula, de modo a propiciar o estabelecimento de relações entre as disciplinas, num tra-
balho cooperativo e reflexivo.
Fundamentação teórica
Desenvolvimento
Em sala de aula, haverá uma problematização do tema junto aos alunos (neste caso,
A Evolução da Tecnologia), o que os levará a expor seus conhecimentos prévios e a
questionar as ideias surgidas. A partir das ideias serão elaboradas algumas categorias.
Nesse contexto, os alunos poderão buscar informações sobre as fontes de energia, seu
histórico, suas vantagens e desvantagens relacionadas com as questões sociais, políticas,
econômicas e ambientais, bem como realizar um estudo sobre as fontes alternativas que
vêm sendo criadas e implantadas em várias regiões do Brasil. Os alunos farão o estudo
em grupos e apresentarão depois aos colegas.
A seguir, a turma irá participar da construção e uso dos jogos interdisciplinares em
sala de aula. Os alunos serão divididos em grupos, sendo a escolha por eles definida. Os
grupos terão encontros no turno inverso, onde, além de definirem qual jogo será criado,
precisarão elaborar as regras e as questões pertinentes ao mesmo.
Para essa atividade, será solicitado aos alunos que tragam de casa materiais para a
construção dos jogos, como caixas de sapato e de camisa, tampinhas de garrafas, papéis
coloridos e outros que possam ser reutilizados, além de cola, tesoura, canetas coloridas e
o que mais for necessário à construção do jogo que o grupo escolher.
Parte-se então para as etapas seguintes.
Formulação das regras. Os alunos estabelecem as regras do seu jogo. Se for seme-
lhante a outro, caberá somente uma análise para adequação a um jogo pedagógico. Se
o jogo for novo, é importante que os alunos discutam a viabilidade de cada regra que
criarem.
Elaboração das questões. Partindo do estudo realizado e das discussões em sala de
aula, os alunos passam a elaborar questões (perguntas, respostas, figuras) que serão uti-
lizadas no jogo.
Construção. Os alunos passam a construir o jogo, com acompanhamento e orientação
dos professores.
Utilização dos jogos. Após uma análise detalhada sobre o jogo construído, cada
grupo deve experimentar, isto é, sentar e jogar.Assim saberá se o jogo está correto e pode
ser utilizado por todos.
Troca-troca. Cada grupo, depois de conhecer bem seu jogo, troca de lugar com outro
de outro grupo.
Observação: para as atividades citadas, foram utilizados 4 períodos em turno inverso.
Segue-se a Divulgação ao público. As produções dos alunos podem ser divulgadas em
42 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
Considerações finais
O professor pode levar, para a sala de aula, práticas diferenciadas de trabalhos que
possam contribuir para o processo de ensino e aprendizagem. Nessa perspectiva, a cons-
trução de jogos em sala de aula apresenta características que a diferenciam do ensino
tradicional. Proporciona o desenvolvimento da criatividade, do raciocínio lógico, das
relações interpessoais e da espontaneidade, despertando nos alunos a curiosidade. Incen-
tiva, também, o trabalho em grupo durante todo o procedimento, que envolve a elabora-
ção, construção até a utilização dos jogos como produto final dessa atividade. O diálogo
e a discussão são utilizados na elaboração de regras e confecção de jogos em sala de
aula, contribuindo para que o aluno saiba se posicionar diante das situações que lhes são
colocadas, desenvolvendo, assim, a capacidade de pensar e agir de forma crítica.
Referências
Introdução
Fundamentação teórica
Dinâmica da oficina
Iniciando o trabalho, em sala de aula, pode se solicitar aos alunos que escrevam per-
guntas sobre o tema. Para exemplificar, podem surgir algumas, tais como: Por que o céu
é azul? Qual a cor da atmosfera de outros planetas? Como outros organismos enxergam?
Quais os principais defeitos visuais? Como são feitos os exames de visão? Que relações
podem existir entre ilusões de óptica e o trânsito? Como funcionam os aparelhos de TV?
Qual a influência das ilusões de óptica nas artes plásticas? Podem ser feitas também per-
guntas sobre museus de arte, história, cinema e efeitos especiais. A partir das perguntas
dos alunos – que variam em cada grupo – as atividades serão programadas.
As imagens virtuais e as ilusões a elas associadas podem ser utilizadas no teatro e,
consequentemente, em sala de aula. Outro ponto no qual podem ser fortemente abor-
dadas em sala de aula é o estudo do comportamento da luz (olho humano) e o papel do
cérebro na visão. No ensino de matemática podem ser muito úteis em geometria espacial
(profundidade). Importante ressaltar que a ilusão de ótica não é apenas útil no ensino da
ótica, mas também em todas as demais disciplinas, por vincular-se a situações da vida
cotidiana gerando uma comunicação que faz parte do processo de ensino e aprendiza-
gem.
Vejamos alguns exemplos de ilusão de ótica:
Contribuições de um Museu Interativo 47
+ O
Tapando o olho direito e olhando o círculo com o outro olho, movimente para mais
perto ou longe a cartela e descobrirá o ponto cego de sua visão quando a cruz à esquerda
desaparecer completamente. Isso ocorre quando a imagem atinge a parte do olho onde
o nervo ótico liga o olho ao cérebro, onde não existem bastonetes e cones (receptores
visuais). Compensamos essa deficiência pelo fato de termos dois olhos.
Muitos outros exemplos de ilusão de ótica estão disponíveis na Internet (ex.: http://
educar.sc.usp.br/otica/curiosid.htm). Há também algumas figuras inverossímeis, como
as que podem ser observadas na figura 3.
Figura 3 – Figuras inverossímeis disponível em www.mdig.com.br; acesso em 26\06\07.
Outro exemplo – faça o seguinte teste: fique na frente de uma porta com maçaneta em
L, estique o braço paralelamente à mesma e, com o indicador esticado, deslize o braço
até tocar a ponta da maçaneta com o dedo indicador. Tape um dos olhos e faça o mesmo
movimento. Você consegue acertar a ponta da maçaneta?
A partir de situações como a descrita acima pode haver o planejamento para a reso-
lução de problemas, envolvendo, por exemplo: pesquisa dos alunos (diversas fontes);
visita ao MCT; atividades práticas; visita a museus de arte; visita a faculdades de cinema;
ver filmes. Para a avaliação, podem ser considerados: entrega de trabalho escrito; apre-
sentação oral; discussões com os alunos.
Cada professor/a pode acrescentar atividades ou solicitar aos alunos uma busca
na Internet, em pequenos grupos, seguindo-se a apresentação ao grande grupo, a
fim de compartilhar com os demais. Podem também ser elaborados jogos sobre esse
tema.
48 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
Referências
Introdução
Ângulos
Antes de abordar ângulos propriamente ditos, podemos mencionar a ideia que a maio-
ria de nós tem sobre ponto, reta e plano.Sendo assim, observando situações corriqueiras
do dia a dia, podemos fazer analogias, considerando como ponto uma estrela no céu, a
marca de um giz no quadro-negro, um furo de compasso na folha de papel.Uma reta pode
ser observada num barbante bem esticado, num varal de roupas, num raio de luz solar
penetrado pelo orifício de uma janela, no encontro de duas paredes entre outros.Já um
plano pode ser observado num campo de futebol, na superfície de um lago, num mapa,
num quadro-negro, numa folha de livro, etc. Assim, esses três elementos são ideias for-
madas em nossa mente de modo intuitivo, pela observação do mundo em que vivemos.
O estudo da geometria elementar inicia com esses três entes geométricos não defini-
dos: ponto, reta e plano.
Cabe ressaltar que dois segmentos de reta são denominados consecutivos quando
possuem uma extremidade em comum. Tal situação pode ser observada na porta da sala
de aula, numa tesoura, num caderno, ou seja, quando temos suas semirretas que partem
da mesma origem, podemos dizer que a abertura entre elas é um ângulo.
Podemos destacar que o ângulo compõe-se dos seguintes elementos:
Obs.: Quando não especificamos qual deles é côncavo ou convexo, fica subentendido
tratar-se do ângulo convexo.
Medida de Ângulo
1° = 60’
1’= 60”
Obs.: Quando falamos em minutos como medida de ângulos usamos (‘) e, quando
falamos em minutos como medida do relógio, usamos (min).Ao indicarmos as horas
usamos a representação 10h20min, por exemplo.
Conforme sua medida, os ângulos podem ser classificados em: agudo (menor que
90º), obtuso (maior do que 90º), raso ou de meia volta (ângulo cujas semirretas ficam
uma no prolongamento da outra, com amplitude de 180º), nulo (as semirretas que cons-
tituem os ladosdo ângulo coincidem e sua amplitude é de 0º).
1. Solicitar que cada aluno trace e recorte cinco circunferências para, através de do-
bradura, representar os diferentes ângulos.Neste momento, apresentar o ângulo
de volta inteira.
2. Levar para a sala de aula um cartaz com um relógio e fazer as seguintes solici-
tações:
52 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
Podemos demonstrar ângulos opostos pelo vértice traçando, numa folha ofício, duas
retas colineares em sentidos opostos, indicando os ângulos opostos pelo vértice com
cores iguais.Em seguida, recortam-se os ângulos e comprova-se a congruência. Assim,
ângulos opostos pelo vértice são os ângulos cujos lados são semirretas colineares de
sentidos opostos. Esses ângulos são sempre congruentes, isto é, têm a mesma medida.
Contribuições de um Museu Interativo 53
Medir os ângulos na figura e criar uma legenda de modo que possa indicar quais são
os ângulos: Opostos pelo vértice; Agudos; Retos; Obtusos; Rasos ou de meia volta.
Bissetriz de um Ângulo
A bissetriz de um ângulo é um segmento de reta que divide o ângulo em duas partes iguais.
Assim, os ângulos ê-g e d-f são alternos internos, ou seja, são ângulos alternados no
interior das retas paralelas.Os ângulos â-h e b-m são alternos externos, isto é, são ângulos
alternados no exterior das retas paralelas. Os ângulos â-d, b-ê, g-m e f-h são corresponden-
tes, pois ocupam as mesmas posições nas duas retas. Os ângulos ê-f e d-g são colaterais
internos. Os ângulos â-m e b-h são colaterais externos e ambos são congruentes.
Para encontrar a medida da altura da sala de aula, usando o material concreto e com-
parando com as fórmulas, sen, cos e tg, são necessários alguns materiais: régua, tábua do
ciclo trigonométrico e teodolito.
Procedimentos:
Pedir para que alguns alunos venham até a frente e meçam a altura de um deles, do
chão até a altura do olho, e depois calculem a distância do aluno até a parede. Depois,
questionar sobre a fórmula de seno, cosseno e tangente adequada a usar (sen, cos ou tg) e
aplicá-la. Verificar o ângulo formado no teodolito e encontrar a medida do ângulo na tá-
bua do ciclo trigonométrico. Substituir na fórmula o valor encontrado, calcular a medida
da parede e verificar a veracidade do valor encontrado.
Construindo um teodolito
Avaliação:
Verificar se houve entendimento pelo grupo da atividade proposta, deixando que cal-
culem outras alturas na própria sala de aula, como por exemplo, a altura da porta, de
outros colegas, etc.
Conclusão
Quanto ao estudo dos ângulos, é válido investigar com os alunos a origem da sua
história, que está vinculada à história da geometria, nascida provavelmente no antigo
Egito devido às medições de terra que eram necessárias devido às inundações periódicas
do rio Nilo.É possível seguir estudando a origem da trigonometria, que nasceu como
resposta às necessidades de astronomia, navegação, cartografia e topografia, verificando
as relações entre os lados e ângulos de um triângulo.
Atualmente a escola, assim como a última geração de museus, tem permitido a intera-
ção dos alunos com os objetos do seu conhecimento. É possível que os alunos construam
o conhecimento de ângulos, porém se faz necessário ter segurança quanto à teoria que
serve de âncora para a realização do trabalho, visto que nossa prática denota implicita-
mente as teorias sobre as quais nos baseamos.
Contribuições de um Museu Interativo 57
Referências
Marcelo Vettori
Ana Lúcia Imhoff
com o seu nome e uma breve explicação do que fazer, entretanto, não existe nenhuma
teoria sobre o fenômeno físico que as pessoas vivenciam. O objetivo é que o aluno pense,
reflita e desenvolva uma teoria sobre aquele instrumento e o fenômeno que o envolve.
O processo de desenvolvimento de teorias sobre os fenômenos observados foi traba-
lhado ao longo de doze períodos (aproximadamente um mês) em sala de aula. O labora-
tório de informática e a biblioteca foram amplamente utilizados.
Os pressupostos do educar pela pesquisa – questionamento reconstrutivo, argumenta-
ção de ideias e comunicação oral e escrita – foram trabalhados constantemente.
Após o período de estudos, foi a vez das apresentações. Primeiramente, cada grupo
apresentou a vida e a obra do cientista que recebeu como tarefa. Em seguida, utilizando
a apresentação de slides do PowerPoint, cada grupo demonstrou aquilo que aprendeu em
suas pesquisas sobre os experimentos que foram vivenciados.
O manejo das ferramentas, como editores de filmes e imagens, foi amplamente uti-
lizado pelos grupos. A qualidade e a criatividade nas apresentações demonstraram que
todos os participantes de cada grupo tiveram um envolvimento bastante significativo.
Os grupos foram avaliados de acordo com alguns critérios estabelecidos pelo profes-
sor e de concordância dos alunos.
Por essa experiência, vimos que o Museu de Ciências é um espaço que proporciona
aprendizagens vivenciadas no concreto e impulsiona movimentos de interação entre su-
jeito e objeto, assim como entre os próprios sujeitos.
A seguir, detalharemos o desenvolvimento do processo produtivo e os aspectos teó-
ricos do educar pela pesquisa.
Bom trabalho!
Arquimedes
Durante três semanas, as aulas tradicionais foram interrompidas para que os grupos
trabalhassem em sala de aula.
O laboratório de informática foi utilizado para os alunos editarem as suas apre-
sentações. A biblioteca foi a principal fonte de consulta para o entendimento dos
experimentos. A internet, por sua vez, serviu de apoio para a pesquisa sobre cada
62 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
vulto da ciência, uma vez que os livros da escola não continham as biografias de-
sejadas.
O processo produtivo foi acompanhado diretamente pelo professor e pela estagiá-
ria. Esse é um dos caminhos que Demo (1998) sugere para pesquisa em sala de aula:
se começa pelo questionamento do fenômeno, busca-se construir argumentos e se faz
a comunicação dos resultados pela escrita. Nesse sentido, os alunos, de acordo, foram
orientados com algumas sugestões propostas pelo professor.
Primeiramente, o professor reuniu os alunos e explicou a eles como elaborar uma
apresentação de slides utilizando o PowerPoint. Foi sugerido que cada slide deveria con-
ter pelo menos uma foto do experimento e que tivesse apenas palavras-chave para que
o apresentador lembrasse o que iria falar. Em segundo lugar, orientou os alunos de cada
grupo para que todos falassem em tempos iguais de apresentação. Cada grupo teria 30
minutos para apresentar os seus trabalhos. Desses 30 minutos, 10 minutos ficariam re-
servados a perguntas dos colegas e comentários do professor. Em um terceiro momento,
foi explicado aos alunos que era preciso uma produção textual do trabalho desenvolvido.
Para esse, o professor levou os alunos à biblioteca e explicou como elaborar um texto
em grupo. Destacou-se que, em um grupo de quatro pessoas, duas ficariam responsáveis
pela leitura de diferentes livros, retirando informações e escrevendo-as em uma folha de
papel, que seria repassada aos outros dois colegas. Com essas informações, os colegas fi-
cariam responsáveis por manter as informações em comum e verificar outras diferentes,
para apresentar mais novidades no trabalho. Após, cada dupla deveria elaborar um texto
com tais informações e comparar com o da outra, para, finalmente, os quatro elaborarem
uma única versão da futura produção textual.
Trabalhando de acordo com as sugestões, a comparação dos textos levou naturalmen-
te os alunos aos pressupostos defendidos por Pedro Demo no educar pela pesquisa: ques-
tionamento reconstrutivo, argumentação e comunicação pela escrita (DEMO, 1998).
aos seus visitantes que pensem e tentem responder as causas daquilo que percebem. Por
essa razão, alunos, professor e estagiária vivenciaram o ciclo dialético do educar pela
pesquisa. E o primeiro momento foi o questionamento das certezas provisórias e das
dúvidas temporárias.
Moraes (2004) sustenta que toda aprendizagem inicia-se com um questionamento
sobre um conhecimento existente, problematizando o que se sabe, apontado seus limites,
deficiências e incompletudes. As certezas provisórias sobre um determinado fenômeno
levaram os estudantes à reconstrução das mesmas diante de novos argumentos, e os
avanços nesse processo se deram diante dos questionamentos das dúvidas temporárias.
Acontecimentos dessa natureza movimentaram a dinâmica da sala de aula, em que os
alunos perceberam as diversas lacunas existentes em seus conhecimentos.
A consulta de livros e a busca de informações da internet foram intensamente traba-
lhadas para construir argumentos que respondessem à causa dos fenômenos observados
no museu. Ramos (2002) destaca que o objeto da argumentação passa a ser um novo
estado dos sujeitos, produto das atividades de investigação desenvolvidas, incluindo o
resultado das leituras, dos experimentos, das entrevistas, dos debates e dos textos elabo-
rados. Esse estado de argumentação não apenas qualificou o desenvolvimento do pro-
cesso produtivo, mas também permitiu a apropriação de atitudes de respeito ao olhar do
outro. Mediar as relações, nessa comunidade argumentativa, foi o papel do professor e
de sua estagiária, que amenizaram conflitos e problematizaram situações desfavoráveis
ao trabalho em grupo.
A comunicação escrita foi o momento que antecedeu as apresentações dos grupos.
Foi por meio de textos bem desenvolvidos e articulados que os alunos apresentaram as
suas produções textuais, marcadas pela interpretação pessoal e coletiva. Cada estudante
construiu e desconstruiu o seu próprio texto, o que possibilitou a impregnação no objeto
de estudo e, consequentemente, a sua aprendizagem. Nesse sentido, Demo (1998) des-
taca que, na escrita, o sujeito demonstra a qualidade formal e política que todo trabalho
escolar e acadêmico deveria ter, isto é, a marca pessoal do estudante capaz de aprender
como sujeito do processo e não como objeto de ensino.
64 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
Referências
DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. São Paulo: Autores Associados, 1998.
MORAES, R.; RAMOS, M.G.; GALIAZZI, M.C. A epistemologia do aprender no educar pela
pesquisa em Ciências: alguns pressupostos teóricos. In: MORAES, R.; MANCUSO, R. Educação
em Ciências: produção de currículos e formação de professores. Ijuí: Editora Unijuí, 2004.
RAMOS, Maurivan G. Educar pela pesquisa é educar para a argumentação. In: MORAES, R.;
LIMA, V.M.R. (Orgs.). Pesquisa em sala de aula: tendências para a educação em novos tempos.
Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002.
10
LUZ, CÂMERA, AÇÃO! OLHA O
PASSARINHO!
Introdução
A Pinhole
Nessa atividade você observará a formação de imagens numa câmara escura, relacio-
nando a altura das imagens com a distância da câmara ao objeto luminoso, onde fazemos
a ligação entre a matemática e a óptica e a fotografia.
Material: câmara escura (caixa de papelão com um orifício e tela de papel vegetal),
lâmpada incandescente, régua pequena (15 cm) e régua grande (1 m).
68 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
Procedimentos:
Considerações finais
Referências
BUSSELLI, Michael. Tudo Sobre Fotografia. Circulo do Livro, São Paulo, 1977.
PIETROCOLA, M. A Matemática como Estruturante do Conhecimento Físico. Caderno Brasileiro
de Ensino de Física. v. 19, n.1: p.93-114, abril 2002
COSTA, Antônio. Fotografia [http://www.ifi.unicamp.br/~accosta/, 07/06/2005]
11
O ESTUDO DA GEOMETRIA PLANA E
ESPACIAL A PARTIR DA CONSTRUÇÃO DE
UM CALEIDOSCÓPIO
Este texto apresenta um trabalho realizado com alunos do terceiro ano do Ensino
Médio, relacionando o conhecimento da Geometria Plana e Espacial a partir da constru-
ção de um caleidoscópio, utilizando materiais reciclados. O trabalho foi desenvolvido na
disciplina Museu Interativo, no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e
Matemática da PUCRS. Apresentava alguns elementos sobre Geometria Plana e Espacial
e o caminho percorrido pelos alunos e professora de Matemática de uma escola estadual
do município de Porto Alegre.
O objetivo foi a construção de conceitos matemáticos a partir da construção de um
caleidoscópio, o que exigiu de alunos e professora comprometimento com as atividades,
possibilitando fundamentar conceitos que serão utilizados pelos discentes ao longo de
todo o ano. O processo é relatado na primeira pessoa pela professora/mestranda que
desenvolveu o trabalho.
72 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
Introdução
Trabalhando em uma escola estadual na zona sul de Porto Alegre, tenho, atualmente,
duzentos estudantes divididos nos três níveis do ensino médio. Qualquer que seja o nível
de ensino ou o turno, tenho tentado entender por que muitos alunos não fazem conexões
de fatos da vida cotidiana com a existência de entes matemáticos.
Preocupada com essas questões, imaginei a elaboração de um trabalho que envolves-
se pesquisa e confecção de um “brinquedo”, como um caleidoscópio, para que as difi-
culdades apresentadas pelos alunos na construção dos conceitos sobre geometria plana e
espacial fossem diluídas. Segundo Murari e Perez,
Espelhos e caleidoscópios são utilizados como instrumentos facilitadores no ensi-
no-aprendizagem de alguns conceitos de Geometria, especialmente simetria, po-
lígonos regulares e pavimentações do plano. (MURARI, PEREZ, 2002, p.1)
Sendo assim, fiz alguns questionamentos: Construir conceitos sobre geometria plana
e espacial a partir da construção de um caleidoscópio é possível? A construção desse
projeto a partir da utilização de materiais reciclados é viável?
Apresento, então, este trabalho, com a expectativa de tornar a confecção do caleidos-
cópio mais uma alternativa para dinamizar a educação matemática.
Material necessário
Figura 1 – Projeto do caleidoscópio (Fonte: Física 2, GREF - Grupo de Reestruturação do Ensino de Física, 1998, p. 319)
Contribuições de um Museu Interativo 73
Histórico
O termo Caleidoscópio vem do grego que significa kalós, que significa belo, eîdos,
que significa forma e skopein, olhar.
O caleidoscópio foi criado na Inglaterra há quase 200 anos: em 1817, o inglês
David Brewster registrou a invenção, que consistia em um tubo que continha ca-
quinhos de vidro colorido e ainda dois espelhos que formavam um ângulo de 45
a 60 graus entre si. Os vidros coloridos se refletiam nos espelhos, criando figuras
muito bonitas. (MASSARANI, 2005).
O caleidoscópio gera desenhos simétricos. Antigamente era produzido com dois es-
pelhos, atualmente são utilizados três. Em sua construção são utilizados vários materiais,
como bolinhas de gude, miçangas, lantejoulas, pedaços de plástico colorido.
Relato da experiência
Para confeccionar caleidoscópios, inicialmente pedi aos alunos que lessem sobre
isso. Enquanto eles se envolveram com o estudo fiz uma investigação de preços em vi-
draçarias do bairro. Consegui sem dificuldades, com o
auxílio dos vidraceiros, tubos plásticos de silicone va-
zios que faziam parte do lixo do local, os quais vieram
ser a base para a colocação dos espelhos. Os tubos fo-
ram levados para a sala de aula e em seguida começa-
mos o trabalho cortando o bico contido no tudo cedido,
conforme a figura 2, a seguir.
Figura 2 – Início do trabalho com corte do tubo.
Logo após, como os alunos já possuíam a ideia sobre o cálculo da área do círculo,
pedi-lhes que medissem, utilizando suas réguas, o diâmetro e o raio da base do cilindro
para posteriormente calcular a área da base. Depois desse cálculo, questionei se era pos-
sível calcularmos o volume do cilindro. A resposta foi imediata: “É claro!”. Perguntei
sobre como seria feito e eles não souberam responder. Pedi então que, se quisessem,
fossem até a biblioteca. Logo voltaram com a resposta: “É só multiplicar a área da base,
que é a área do círculo, pela altura”.
Como teríamos que dar as medidas dos espelhos que iam dentro do tubo plástico para
os vidraceiros, perguntei aos alunos se eles podiam calcular as medidas desse triângulo
74 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
Figuras 4 e 5 – Etapas da montagem do caleidoscópio.
Contribuições de um Museu Interativo 75
Logo após colocar os espelhos dentro do cilindro, coloca-se o círculo de vidro, com
o objetivo de travar os espelhos dentro do tubo e separá-los das miçangas ou cacos de
vidro, que serão colocados em seguida (figuras 6 e 7).
Figuras 6 e 7 – Miçangas que vão ser colocadas dentro do caleidoscópio.
É necessário que se diga que o trabalho foi inspirado na “Caleidosfera” (Figura 9) vista
no Museu Interativo da PUCRS. Esta é uma foto ilustrativa do que vemos quando estamos
em frente à caleidosfera, apreciando os movimentos que se produzem sobre ela. Chama-se
caleidosfera, pois apresenta em forma de caleidoscópio imagens da Terra e suas estações.
Conclusões
Referências
FIGUEIRA, Mariana. Passaporte para um mundo colorido. Revista CHC 163, nov. 2005.
Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br/4077>. Acesso em 16 mai. 2008.
GREF - Grupo de Reestruturação do Ensino de Física. FÍSICA 2: Física térmica/óptica. 4. ed. São
Paulo: EDUSP, 1998. p. 318-320.
MURARI, C.; PEREZ, G. O Uso de Espelhos e Caleidoscópio em Atividades Educacionais de
Geometria para 7ª e 8ª séries.BOLEMA, v. 18, n. 18, p. 1-25, 2002.
12
INTERAGINDO COM GRÁFICOS DE
FUNÇÕES: TESTES DAS DERIVADAS
Marcelo Cavasotto
Ruth Portanova
Lorí Viali
Nas últimas décadas, muito tem se discutido e questionado sobre o uso das tecnolo-
gias computacionais na Educação, nos diferentes níveis de ensino (fundamental, médio e
superior) e em todas as áreas do conhecimento. A introdução do computador no cotidiano
escolar vem causando mudanças na concepção de como pensar o ensino e a aprendiza-
gem. Tão ou mais importante que o equipamento é qualquer software a ser utilizado em
aula. Existem programas para explorar quase todos os conteúdos curriculares.
Com relação à área da Matemática, no que diz respeito ao ensino superior, Viali
(2004, p.351-352) questiona o modo com o qual os recursos informatizados têm sido
utilizados:
O esforço é inteiramente exercido pelo professor, cabendo ao aluno pouca ou ne-
nhuma participação [...] Isso gera desestimulo e baixa produtividade [...] O aluno
não dispõe de exercícios em quantidade suficiente, bem como não pode fazer ex-
perimentações por si próprio, de forma a ver como “a coisa funciona”.
78 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
O “mapeador” funciona basicamente como uma transformação entre dois planos, onde
são pedidas as funções u(x,u) e v(x,y). Marcar a opção “abrir última” significa que, na
próxima vez que o programa for iniciado, ele automaticamente abrirá o último arquivo
trabalhado. “Usar padrão”, como o nome já diz, representa usar as configurações padro-
nizadas do Winplot. Finalmente, “sair” é a opção para fechar o programa.
Para dar seguimento à atividade, pode ser trabalhada a opção “2-dim”, que ao ser
clicada apresentará, com possíveis variações decorrentes de utilizações anteriores, a se-
guinte tela:
Respeitados alguns minutos para este primeiro contato com o programa, segue-se um
“roteiro” no qual são traçados alguns gráficos de funções, fazendo algumas observações
e registrando-as. Em seguida adotam-se procedimentos análogos para os respectivos grá-
ficos das derivadas primeira e segunda de cada função analisada anteriormente, sem que
seja necessário fazer cálculos, pois existe uma ferramenta no próprio software com essa
finalidade.
Nessa etapa é possível trabalhar com funções predefinidas, possibilitando que os
alunos cheguem às suas próprias conclusões sobre o teste da derivada primeira para
verificar se a função é crescente ou decrescente, bem como sobre o teste da derivada
segunda para saber se a concavidade do gráfico é voltada para cima ou para baixo, num
dado intervalo. Podemos ainda aproveitar esse tipo de trabalho para os extremos relati-
vos e pontos de inflexão.
Contribuições de um Museu Interativo 81
Cabe a cada professor adaptar esse estudo ao seu contexto, mas a seguir, como fecha-
mento deste capítulo, será disponibilizado um roteiro, como sugestão.
ii. se f ′ (x) < 0 para todo , exceto possivelmente nos extremos do intervalo,
então f (x) é decrescente em I.
Obs.: quando f ′ (x) = 0 temos um ponto crítico, que poderá ser máximo ou mínimo
relativo.
Referências
Leandro Duso
Roseléia Ferreira Prestes
Tais Silveira Leão
Lucia Maria Martins Giraffa
Introdução
Este texto relata uma experiência voltada a alunos de escola particular da 4ª série do
ensino fundamental da cidade de Porto Alegre, em conjunto com uma escola de Santo
Ângelo, que oportunizou aos alunos novas vivências de aprendizagem e o aprofunda-
mento dos seus conhecimentos em educação ambiental.
No experimento selecionado para esse trabalho no MCT-PUCRS há breves orien-
tações descritas, complementadas com um programa de computador, permitindo uma
aprendizagem individual e coletiva, num contexto em que todo o grupo seja favorecido
pelo intercâmbio de ideias.
86 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
Para exemplificar, será relatado o trabalho desenvolvido entre duas escolas localiza-
das em municípios diferentes.
Relato de atividades
Tarefas no Blog
Tarefa 1
Tarefa 2
Tarefa 3
Tarefa 4
Tarefa 5
Figura solidariedade
90 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
Considerações finais
Vivenciar este trabalho foi ótimo em todos os sentidos! Mas não vamos detalhar os
resultados. Faça você também!
Contribuições de um Museu Interativo 91
Referências
ARAÑAO, Ivana V.D. A Matemática através de brincadeiras e jogos. Campinas. São Paulo. 1996.
BORGES, Regina. M. R.; MANCUSO, Ronaldo. Museu Interativo: fonte de inspiração para a
escola. Porto Alegre: EDIPUCRS. 2004.
MACEDO, Lino. et al. Os jogos e o Lúdico na aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artmed. 2005.
14
INTEGRAÇÃO ENTRE EXPERIMENTOS
DE ECOLOGIA NO MUSEU E O
SENSORIAMENTO REMOTO EM SALA DE
AULA
Introdução
A presente proposta busca fazer do MCT e da sala de aula sistemas integrados, pro-
movendo uma conscientização ecológica e de respeito pelo meio ambiente, além de des-
pertar a curiosidade pela ciência e a visão crítica sobre aspectos corriqueiros do dia a dia,
como o uso da Internet. É possível também a integração com a tecnologia do sensoria-
mento remoto nesse contexto?
O MCT não possui experimentos em que os alunos possam interagir com a ferra-
menta do sensoriamento remoto. Existe um computador que disponibiliza imagens do
satélite GOES-1211 em tempo real. Entretanto, os visitantes podem observar o tempo
no estado do Rio Grande do Sul, mas não há interação com o experimento “Estação
meteorológica”.
O professor pode, em sua escola, solicitar a instalação do aplicativo Google Earth,
que está disponível gratuitamente na Internet, para trabalhar em sala de aula, produzir
materiais interessantes e atualizados para os alunos e inspirar atividades diferenciadas
na escola. Mas o aplicativo não é compatível com qualquer computador, apesar de ser
de fácil instalação e gratuito. As recomendações são que o computador tenha a seguinte
configuração mínima:
Sistema Operacional: Windows 2000 ou Windows XP. CPU: Pentium 3 de 500
Mhz. Memória de Sistema (RAM): 128 MB. Disco Rígido: 400 MB de espaço
livre. Velocidade de Rede: 128 Kbits/s. Placa Gráfica: 3D com 16 MB de VRAM.
Tela: 1024x768, “High Color de 16 bits”, conforme as especificações no site http://
earth.google.com/intl/pt/.
1
GOES-12 é um satélite meteorológico que fornece imagens da América do Sul a cada meia hora. É utiliza-
do para previsões meteorológicas no Brasil juntamente com outros satélites.
96 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
relevante. É possível o estudo dos biomas, por exemplo. Alguns dos experimentos que
ilustram ou tratam sobre os biomas e Ecologia são os seguintes: sete dioramas (Floresta
amazônica – 2505, Campos – 2508, Banhados – 2507, Planaltos de Araucárias – 2503,
Cerrado – 2504, Capão litorâneo – 2506, Litoral – 2502); Viajando pela América do
Sul – 2306, que traz os biomas Caatinga, Cerrado, Pantanal, Amazônia e Mata Atlântica;
Bingo da Biodiversidade – 2606; Equilíbrio da Vida – 2613; Biomas do Brasil – 2618;
Animais em extinção – 2612; Árvores e Florestas – 2611, entre outros experimentos
dispostos pelo Museu.
Os dioramas representam biomas. Bioma é uma classificação feita para facilitar o es-
tudo do meio ambiente. É um ecossistema terrestre caracterizado por vegetação e outras
peculiaridades que o diferenciam de outros ecossistemas (Purves, 2007).
No Brasil, com seus mais de 8 milhões de quilômetros quadrados e grande variabi-
lidade de luminosidade e clima, existem diferentes biomas. Os principais são, conforme
o IBGE e o IBAMA2, órgãos do governo brasileiro: a Amazônia, a Caatinga, a Mata
Atlântica, o Cerrado, o Pantanal e o Pampa, ou Campos do Sul. Hoje é estimado que
entre 10 espécies de animais ou plantas, uma se encontra aqui em nosso país. Por isso
é importante conhecermos mais sobre os ecossistemas brasileiros, reconhecermos sua
importância para a sobrevivência de milhões de espécies, incluindo a nossa. E que se crie
consciência dos impactos das ações sobre esses sistemas.
Purves (2007, p.1014) e outros autores utilizam o método de combinar imagens e
textos explicativos para descrever fenômenos, na tentativa de fazer com que a teoria seja
entendida mais facilmente.
É mais fácil de entender as semelhanças e as diferenças entre os biomas terrestres
por meio da combinação de fotografias e gráficos de temperatura, precipitação e
atividade biológica, suplementados por uma breve descrição da riqueza de espé-
cies e de outros atributos dos biomas.
IBGE é sigla para Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IBAMA é o Instituto Brasileiro do Meio
2
ambiental, antes utilizado para fins militares (SILVA, 2004). Mas o que é sensoriamento
remoto, afinal? É uma tecnologia que nos permite visualizar uma região sem estarmos
presentes (FLORENZANO, 2002).
Utilizar o sensoriamento remoto na educação, como recurso didático, permite atender
à necessidade de atualização da educação brasileira e criar importantes chances a um
trabalho interdisciplinar na escola. Apenas uma imagem de satélite pode conter muitas
informações diferentes, e cabe ao professor intermediar as informações e guiar o aluno
para o saber.
Considerações finais
Referências
Karine Pértile
Thaís Philipsen Grützmann
Nara Regina de Souza Basso
Introdução
De acordo com isso, propomos uma atividade na qual o aluno interaja com o projeto
Tales e as Sombras, utilizando o conteúdo semelhança de triângulos, desenvolvido atra-
vés da proporção ou regra de três simples.
A justificativa encontra-se fundada em fatores observados em sala de aula. Entre
esses, podemos citar desinteresse dos alunos em função da repetição mecânica de vários
exercícios em sala de aula, os quais têm pouca ligação com sua realidade, gerando des-
motivação discente em relação ao processo vivenciado nas aulas, devido ao formalismo
matemático exagerado e à falta de interação com os conteúdos propostos. Conforme
Ramos (2002), as salas de aula necessitam de transformações para contribuir de maneira
mais decisiva para o desenvolvimento da autonomia dos cidadãos, de modo a transfor-
má-los de objetos em sujeitos.
Além disso, segundo os PCNs (1997), associar a História da Matemática a recursos
metodológicos e didáticos contribui ao processo de aprendizagem da matemática, pois
pode fornecer respostas a alguns questionamentos dos alunos.
Ao revelar a Matemática como uma criação humana, ao mostrar necessidades e
preocupações de diferentes culturas, em diferentes momentos históricos, ao esta-
belecer comparações entre os conceitos e processos matemáticos do passado e do
presente, o professor tem a possibilidade de desenvolver atitudes e valores mais
favoráveis do aluno diante do conhecimento matemático. (BRASIL, 1997, p. 45).
Por isso estamos propondo esse trabalho, que é de fácil aplicabilidade por parte dos
professores e não exige recursos financeiros para execução.
Fundamentação Teórica
assim por Eves (2004, p. 95): “Se dois triângulos têm dois ângulos e um lado em cada
um deles respectivamente iguais, então esses triângulos são iguais.” Nesse caso, particu-
larmente, não são utilizados triângulos iguais, mas sim, semelhantes.
Sobre a Pirâmide de Quéops, supõe-se que tenha sido construída por cerca de 100 mil
pessoas, durante um período de 20 anos, tendo
“aproximadamente 230 metros de lado, na base, e
145 metros de altura, medidas que não foram supe-
radas por nenhuma outra obra humana até o ad-
vento das monumentais catedrais góticas” (BAR-
SA, 2001a, p. 343). Não se tem certeza sobre o real
motivo de sua construção. “Os árabes acreditavam
[...] que o faraó Quéops ergueu a pirâmide para
conservar seu corpo, seus tesouros e todos os co-
nhecimentos adquiridos” (ibidem).
Uma das versões mais difundidas no âmbito
escolar é a de que o procedimento adotado por
Tales para calcular a altura da Pirâmide de Qué-
ops, atendendo o pedido do faraó trazido por um
mensageiro, sem precisar escalar até seu topo, tenha sido o seguinte, utilizando a arte
geométrica: “no plano em que se assenta a pirâmide, Tales fincou uma estaca em posição
vertical e observou simultaneamente a sombra da estaca e a sombra da pirâmide projeta-
das pela luz do Sol” (DI PIERRO NETTO, 1998, p. 9). Segundo Bongiovanni, Vissoto e
Laureano (1995),Tales esperou que sua sombra fosse igual à de sua própria altura e então
ordenou ao mensageiro que fosse medir o comprimento da sombra projetada pela grande
pirâmide, pois seria o mesmo da altura da pirâmide. Assim, nesse teste, Tales utilizou
o conceito de proporcionalidade, pois, se a vara estava projetando um comprimento de
sombra igual ao de sua altura, o mesmo acontecia com a pirâmide.
Sugestão de Procedimentos
O projeto pode ser desenvolvido com os alunos conforme os passos descritos a seguir.
• Os recursos necessários para a execução da atividade são o pátio da escola ou
outro espaço aberto, um graveto ou vara para ser apoiado no chão, fitas métricas
e cadernos para anotação dos dados obtidos.
• A explicação da proporcionalidade pode ser feita antes, em sala de aula, ou dire-
tamente no pátio, a critério do professor. É interessante que os alunos já tenham
estudado a semelhança de triângulos, pois a visualização direta a partir da som-
bra pode dificultar o entendimento de alguns alunos.
• O desenvolvimento poderá ocorrer no pátio da escola, num dia de sol, com os
alunos reunidos em grupos de três componentes: umaluno terá medida sua altu-
ra, através da projeção da sombra; outro fará a medição e o terceiro anotará os
valores envolvidos; depois, os cálculos serão efetuados pelo grupo.
• Inicialmente, o professor poderá utilizar um dos grupos para fazer a explica-
ção em relação à semelhança de triângulos, mostrando ângulos retos e ângulos
congruentes ao da inclinação do sol, caracterizando dois triângulos retângulos
semelhantes, e as proporções entre alturas e sombras.
• Realização dos cálculos através da proporção ou regra de três simples, a critério
do grupo, sendo que todos os alunos devem ser medidos.
• Discussão, em sala de aula, sobre os resultados obtidos e a experiência vivencia-
da da interação com os conteúdos.
Considerações finais
Referências
Introdução
Fenômeno do arco-íris
cores, sendo aproximadamente 300.000 Km/s. Já em outros meios, como em água, vidro
etc. o valor da velocidade de propagação dos raios diminui significativamente, variando
de acordo com a cor correspondente a cada raio luminoso.
No caso do ar, essa variação é pequena, quase não sendo percebida. Dessa forma,
quando os raios solares atingem as gotículas de água suspensas na atmosfera sofrem
refração, ou seja, modificam a velocidade ao penetrar em suas gotículas. Em seguida
sofrem reflexão, ao atingirem o outro lado das gotículas da água. Como os raios de
diferentes cores possuem velocidades diferentes e, consequentemente, comprimento de
onda diferentes, essas cores sofrem maior ou menor refração, separando-se e originando
a sequência de cores que forma o arco-íris
O arco-íris não possui ângulos, tamanho nem local certo para ocorrer, essas carac-
terísticas são variáveis. O ângulo varia por causa das gotas de água que o influenciam.
A percepção do tamanho do arco-íris depende da paisagem que está próxima ao ob-
servador, pois, como é uma ilusão de óptica, nosso cérebro o relaciona à imagem mais
próxima. Se o observador estiver próximo de montanhas, o arco-íris será maior do que
se o observador estiver em um local plano. É possível perceber algumas formações de
arco-íris simultaneamente, quando a luz solar se reflete em gotas de chuvas ou numa
cachoeira.
Sugestões de atividades
Após o levantamento dessas e outras questões, a turma pode ir para a biblioteca con-
sultar livros e outras fontes para realizar o levantamento de dados para ajudar a responder
as questões que ficaram em dúvida.
108 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
• A fonte de luz (projetor) substitui o sol; o balão cheio de água substitui as gotas
de chuva; uma tela na qual se recolhe a luz substitui o fundo do céu.
• Dirigi-se o feixe de luz branca atingindo o balão e penetrando na água que muda
de direção ampliando a abertura do feixe.
• Ao sair da água novamente ocorre uma mudança de direção e nova ampliação
da abertura do feixe ocorre possibilitando o fenômeno da refração que se faz
acompanhar da decomposição da luz branca.
• As luzes coloridas provenientes dessa decomposição atingem a tela. As várias
cores surgem, uma vez que os feixes adquirem velocidades diferentes no interior
do meio aquoso.
• Cada gota de chuva que participa dessa decomposição é que torna possível ver
o arco-íris.
Referências
LOPES, Plínio Carvalho. Ciências - o ecossistema: fatores químicos e físicos. 8ª série. 4. ed. São
Paulo: Saraiva, 1996. 92p.
MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia de la percepción. Barcelona: Península, 1975.
PARANÁ, Djalma Nunes. Física. São Paulo: Ática, 1999. 464 p.
17
O PERISCÓPIO NAS AULAS DE
MATEMÁTICA
Introdução
A falta de contextualização nas aulas de Matemática faz com que os alunos percam
o interesse pelos conteúdos desenvolvidos, já que esse perde o seu significando quando
descontextualizado. Uma alternativa viável é a interdisciplinaridade, pois possibilita ao
educando condições de vincular diferentes disciplinas em diferentes contextos ao seu
cotidiano. Sendo assim, procuramos utilizar o periscópio como ferramenta na aprendiza-
gem de ângulos na sétima série do ensino fundamental.
Este artigo tem como objetivo contextualizar o estudo de ângulos através da asso-
ciação de espelhos planos, oportunizando ao educando condições de relacionar a teoria
aprendida na escola com a aplicabilidade fora do contexto escolar.
Partindo desse pressuposto, pretendemos oportunizar ao educando condições de in-
teragir com o material concreto com o intuito de verificar a ocorrência de uma apren-
dizagem significativa. Uma alternativa pedagógica é o Museu de Ciência e Tecnologia
112 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
(MCT/PUCRS), pois esse permite que o aluno interaja como os experimentos de uma
maneira atrativa e funcional.
Aprendizagem Interdisciplinar
A ação interdisciplinar exige mais do que o domínio de uma área específica. A in-
terdisciplinaridade manifesta-se por um esforço de correlacionar as disciplinas (WEIL,
D’AMBROSIO E CREMA, 1993). Na escola, a interdisciplinaridade partirá daquilo que
o aluno já sabe, valorizando seus conhecimentos prévios. Assim, o educador contribuirá
para ampliar e enriquecer o conhecimento do aluno e abrir-lhe outra visão de mundo.
Alguns educandos, não tendo sido previamente orientados, consideram a ida ao Mu-
seu um momento de descontração, mas não uma oportunidade de aprender ao interagir
com experimentos, alguns dos quais não podem ser reproduzidos no ambiente escolar.
Entretanto, alguns podem sê-lo – por exemplo, o periscópio.
Ao final da confecção dos periscópios em sala de aula, haverá uma exposição para
que a escola e a comunidade escolar tenham a possibilidade de prestigiar o que os alunos
construíram.
Aula 2
Socialização das informações obtidas.
(1 hora-aula)
Aula 3
Visita ao Museu Interativo da PUC.
(4 horas-aula)
Aula 4
Construção do periscópio pelos alunos em sala de aula.
(2 horas-aula)
Aula 5
Exposição dos periscópios.
(1 hora-aula)
Considerações finais
Referências
Introdução
Área verde é um espaço urbano com predomínio de vegetação com objetivos recre-
ativos, esportivos, de lazer, contemplação da natureza, passeios, caminhadas, encontros,
namoros, enfim os mais diversos anseios. Enquadram-se nessa categoria de área verde as
praças1, parques e jardins, entre outros.
Segundo o site da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, a cidade possui 571 praças
urbanizadas, ocupando uma área total superior a três milhões de metros quadrados. A
1
Em uma definição ampla, praça é qualquer espaço público urbano livre de edificações e que propicie
convivência ou recreação para seus frequentadores.
120 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
primeira praça urbanizada de que se tem registro é a Praça Brigadeiro Sampaio, de 1865,
no centro da cidade. A manutenção e a qualificação dessas áreas é uma premissa da
qualidade de vida na cidade e preocupação constante da Prefeitura, através da SMAM -
Secretaria Municipal do Meio Ambiente.
Um desses espaços é a Praça Simões Lopes Neto, localizada no Bairro Teresópolis,
onde tivemos a pretensão de realizar um trabalho educacional, social, estético e ecológico
junto aos alunos da 6ª série da Escola Estadual de Ensino Fundamental Simões Lopes Neto.
Segundo o currículo do ensino fundamental, na sexta série são trabalhados os cinco
Reinos2 dos seres vivos - Monera, Protista, Fungi, Animalia e Plantae. Obedecendo a
essa sequência, o estudo do Reino Plantae é a última unidade de estudo do ano letivo. Por
ser este trabalho experimental deu-se preferência a trabalhar, primeiramente, a unidade
Plantae, aliando-se a teoria à prática do ensino.
Materiais e métodos
2
Classificação antiga, na qual não estão incluídos os vírus.
Contribuições de um Museu Interativo 121
Foram feitas coletas do material arbóreo, abrangendo toda a comunidade existente no lo-
cal, sendo anotados dados sobre as formas biológicas e confeccionado um mapa da área
verde do local. O referido mapa teve como objetivo orientar alunos e professores quanto
à posição e localização das espécies na Praça Simões Lopes Neto.
O material botânico coletado foi identificado com o auxílio de bibliografia especiali-
zada e através de consultas ao Prof. Dr. Cláudio Augusto Mondin, da Faculdade de Bio-
ciências da PUCRS. A cobertura vegetal analisada resultou em uma Chave de Classifica-
ção Morfológica de Botânica para uso da 6ª série do ensino fundamental, confeccionada
pelas autoras, sob a orientação do Prof. Mondin.
Com o intuito de sabermos qual era o conhecimento prévio dos alunos sobre os ve-
getais, aplicou-se um questionário, ao qual chamamos de abordagem cognitiva relevante
- “As árvores e o ambiente-1”. Também com o propósito de avaliar o nível de autonomia
adquirido por esses estudantes, foi empregado um questionário, que chamamos de abor-
dagem cognitiva construída – “As árvores e o ambiente-2”.
Após leitura do questionário preenchido pelos alunos, esse material foi utilizado para
identificar os conhecimentos prévios dos estudantes. O maior interesse manifestado por
eles era pelas árvores frutíferas. Decidimos, então, trabalhar as espécies arbóreas frutí-
feras existentes na praça.
Para Ausubel (1978), o principal no processo de ensino é que a aprendizagem seja
significativa, isto é, o material a ser aprendido precisa fazer algum sentido para o aluno.
Isso acontece quando as novas informações são integradas aos conceitos já existentes na
estrutura cognitiva do estudante.
Solicitamos à Secretaria de Meio Ambiente de Porto Alegre – SMAM, órgão exe-
cutivo responsável pela proteção do sistema natural e pelo controle da qualidade am-
biental no município, uma palestra aos alunos. Foram também solicitados, previamente,
dois policiais que acompanharam a atividade extraclasse. A palestra foi realizada no dia
12/05/2008, por dois monitores, uma bióloga e um geólogo, na data e horários previa-
mente agendados.
Na Praça Simões Lopes Neto, dividimos os trinta alunos em dois grupos e iniciamos
nosso roteiro: reconhecemos algumas espécies arbóreas entre outras vegetações, obser-
vamos as briófitas (musgos), liquens (associação de algas e fungos), diversas plantas
parasitas, tipos e formas de folhas, além de educação ambiental. O Mapa de Identificação
das Espécies conferia com a fala dos monitores.
Os monitores reforçaram os cuidados com a natureza: economizar água, separar o
lixo e ter cuidado com as árvores, pois elas melhoram as condições do solo, reduzem a
122 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
Sugestões de atividades
Considerações finais
Referências
Introdução
Nesse experimento é possível integrar conceitos das duas disciplinas, podendo tam-
bém envolver conceitos de outras áreas.
Na Química, com o estudo de Eletroquímica, é envolvido em especial o conceito de
potencial produzido pelas pilhas. O processo no qual uma corrente elétrica produz uma
reação de óxido-redução, denominada pilha eletroquímica, é estudado nessa experiência.
A corrente elétrica flui, no circuito externo, do eletrodo de zinco para o eletrodo de cobre,
ou seja, os elétrons, por apresentarem carga negativa, transferem energia para o eletrodo
positivo (polo positivo), que, nesse caso, é a placa de cobre. Isso é possível, pois a ba-
tata possui soluções eletrolíticas que permitem a passagem de corrente elétrica entre as
placas de cobre e zinco.
Na Física, o estudo permeia a associação de geradores, pois é possível associar as
pilhas de batatas e observar o funcionamento de uma calculadora ou de um relógio e,
ainda, nos estudos de potencial e de corrente elétrica, pois essas medidaspodem ser feitas
por meio de um multímetro simples.
Atividades sugeridas
A seguir, os alunos podem montar o mesmo circuito no ambiente escolar. Podem tam-
bém realizar testes com outros legumes ou frutas, estudando diferenças de desempenho e
outras propriedades e buscando meios de tornar o experimento mais eficiente.
Nessa etapa de pesquisas, de visita ao Museu e de experimentação, o principal obje-
tivo é de reconstrução do conhecimento inicial, tornando-o mais complexo, mais cien-
tífico. É o momento em que ocorre a reconstrução dos argumentos dos alunos sobre os
fenômenos observados, sobre as leituras feitas e sobre as discussões ocorridas com os
colegas e com o professor.
A pesquisa em sala de aula precisa do envolvimento ativo e reflexivo permanente
de seus participantes. A partir do questionamento é fundamental pôr em movi-
mento todo um conjunto de ações, de construção de argumentos que possibilitem
superar o estado atual e atingir novos patamares do ser, do fazer e do conhecer
(MORAES, GALIAZZI e RAMOS, 2004, p. 16).
• O que vocês entendem por geradores? Cite exemplos de geradores que você
utiliza em seu dia a dia.
• Você acha possível trocar os geradores comuns por batatas? Se afirmativo, expli-
que quimicamente e fisicamente essa possibilidade.
• Qual o papel da batata na passagem de corrente elétrica, permitindo que a cal-
culadora ou o relógio funcionem? Qual substância presente na batata que possi-
bilita tal experimento. Vocês seriam capazes de estender para outros legumes ou
frutas, além debatatas? Quais e por quê?
• Sabe-se que se associarmos geradores podemos obter uma maior corrente. Isso
se aplicaria com as batatas estudadas? Qual tipo de associação seria adequado?
Explique.
• Decorrido algum tempo, o que ocorrerá com a lâmina de cobre? E de zinco?
• Que outros metais poderiam ser empregados no experimento?
O professor pode pensar em outras perguntas que julgar relevantes a partir do traba-
lho realizado.
Para a confecção dessa atividade cada grupo necessitará dos seguintes materiais:
- duas batatas grandes;
130 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
Nesse caso, a corrente produzida tem uma diferença de potencial de 1,10 V. A inten-
sidade de corrente, necessária para fazer funcionar a calculadora digital ou um relógio,
vai depender do número de células associadas. Por isso, apenas um conjunto de lâminas
em uma batata pode produzir uma diferença de potencial aproximado de 1,10 V, mas a
intensidade de corrente pode ser baixa, não produzindo o efeito esperado.
1
Esses valores são padrões, obtidos com reações entre placas dos metais e soluções dos cátions em concen-
tração 1,0 mol/L, a 25oC.
132 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
Considerações finais
Os estudos de geradores de energia nem sempre são apresentados de modo que es-
timulem os alunos a aprender, problematizando situações cotidianas e contextualizando
o ensino e a aprendizagem na sala de aula. Somado com a visita ao Museu de Ciências
e Tecnologia da PUCRS e ao trabalho conjunto entre Química e Física, o estudo desse
conteúdo pode ser mais significativo para os alunos e tornar a aula um lugar de apren-
dizado de forma mais descontraída e prazerosa. É importante não desvincular a prática
da teoria, para contribuir mais efetivamente para a educação dos alunos, de modo que se
tornem cidadãos críticos e conscientes do seu papel na sociedade.
Contribuições de um Museu Interativo 133
Referências
MESTERTON, William L.; SLOWINSKI, Emil J.; STANITSKI, Conrad L. Princípios de química.
6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1990.
MORAES, M. B. dos S. A., RIBEIRO-TEIXEIRA, R. M. Circuitos elétricos: novas e velhas
tecnologias como facilitadoras de uma aprendizagem significativa no ensino médio. Porto Alegre:
UFRGS. v.17, n.1,2006. p.88.
MORAES, Roque, GALIAZZI, Maria do Carmo; RAMOS, Maurivan Güntzel. Pesquisa em sala
de aula: fundamentos e pressupostos. In: MORAES, Roque; LIMA, Valderez. Pesquisa em sala
de aula: tendências para a educação em novos tempos. 2. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004.
20
PROPOSTA PARA O ESTUDO DE ENERGIA
EÓLICA E VENTO NO ENSINO MÉDIO
Contextualização
Sugestão de atividades
Pode ser proposto um trabalho para turmas do ensino médio, nos diferentes anos.
No primeiro momento serão apresentados à turma os conteúdos específicos a serem
estudados em cada disciplina, como uma forma de aprofundar seus conhecimentos. As
aulas serão ministradas em diferentes disciplinas, como Biologia, Física, Matemática,
Geografia e História, integrando assim alunos e professores, em um trabalho interdis-
ciplinar.
Os alunos podem ser incentivados a realizar uma consulta em livros, revistas, inter-
net, a partir da qual as turmas construirão uma maquete para simular as diversas situa-
ções encontradas quanto à energia eólica e vento. A turma será dividida em grupos de no
máximo quatro participantes, e cada grupo deverá integrar os conceitos que foram traba-
lhados em sala de aula, na construção da sua maquete. Também será realizado um estudo
a partir das maquetes, gerando tabelas e gráficos para serem analisados pelos alunos.
Contribuições de um Museu Interativo 137
Pode ser trabalhado o consumo de energia elétrica das residências, analisando contas de
luz e questionando os alunos sobre alternativas para economizar energia elétrica em suas
casas. Para finalizar, sugere-se realizar uma Feira de Ciências, na qual os trabalhos serão
apresentados para as demais turmas da escola.
O tema proposto para desenvolver este trabalho abrange uma série de conteúdos.
Poderá ser desenvolvido em diferentes disciplinas e os professores, por meio de unidades
de aprendizagem, podem planejar as atividades em conjunto, com abordagens específi-
cas para sua disciplina e área de conhecimento.
FÍSICA
BIOLOGIA
MATEMÁTICA
GEOGRAFIA
Como exemplo de atividades a serem realizadas, os alunos poderão fazer uma análise
de contas de luz trazidas pelos alunos, em pequenos grupos. O professor orientará como
fazer a leitura dessas contas: data de processamento, dias de consumo de energia, con-
sumo em kWh/mês, valor pago... Mas diversos outros conteúdos e metodologias podem
ser trabalhados, a critério de cada professor.
Considerações finais
Referências
ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica. Energia Eólica. Disponível on-line no site http://
www.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/pdf/06-Energia_Eolica(3).pdfAcessado em 23/05/2007.
AMBIENTE BRASIL. Energia eólica. Disponível on-line no site http://www.ambientebrasil.com.
br/composer.php3?base=./energia/index.html&conteudo=./energia/artigos/eolica.html
ARAUJO, Eliete de Pinho. Energia Eólica. Arquitextos artigo número 050 e texto especial 245,
jul. 2004. Disponível on-line no site http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp245.asp
Acessado em 23/05/2007.
CARVALHO, Annelise Gomes. Serviço Brasileiro de respostas Técnicas. Instituição respondente
Disque-Tecnologia/CECAE/USP. 2006. Disponível em http://sbrt.ibict.br/upload/sbrt2842.pdf?P
HPSESSID=2d4ea0378af0d5a2a06138cba7f1f4e6 Acessado em 17/06/2007.
CARVALHO, Paulo. Geração Eólica. Fortaleza: Imprensa Universitária, 2003.
CBEE - Centro Brasileiro de Energia Eólica. http://www.eolica.com.br/index_por.htmlAcessada
em 23/05/2007.
CERPCH - Centro Nacional de Referência em Pequenas Hidrelétricas. http://www.cerpch.unifei.
edu.br/fontes_renovaveis/eolica.htm Acessada em 17/06/2007
FICHÁRIO ON-LINE. Termodinâmica. 1ª Lei e 2ª Lei da Termodinâmica. Disponível em http://
www.ficharionline.com/ExibeConteudo.php5?idconteudo=5551, acessado em 17/06/2007
FURUKAWA, Cláudio Hiroyuki. A energia como um tema de estudos no ensino de física de nível
médio: Uma abordagem interdisciplinar e contextualizada – Um estudo de caso. 1999. 214 f.
Dissertação (Mestrado) - Programa interunidades de Pós-Graduação em Energia, USP, São Paulo,
1999.
NETTO, Luiz Ferraz. Meteorologia: a ciência da atmosfera. Disponível em http://www.
feiradeciencias.com.br/sala02/02_0m0.asp Acesso em 17/06/2007
PEREIRA, Márcia da Silva. Energia eólica e energia solar em aulas de física para alunos do
ensino médio. 2004. 54f. Trabalho de conclusão do Curso de Licenciatura Plena em Física.
Faculdade de Física, PUCRS, Porto Alegre, 2004.
21
PRÁTICAS INTERDISCIPLINARES:
POSSIBILIDADE DE FORMAÇÃO DE UM
PENSAMENTO EM REDE
Introdução
visita, buscamos, via Internet, as organelas e suas respectivas funções, assim como a
geometria ali presente.
Com o objetivo de tentar guiar o leitor para uma compreensão significativa desse
projeto, primeiramente, teceremos algumas considerações a respeito da atual organiza-
ção curricular apontando alguns dos problemas decorrentes de sua fragmentação. Em
seguida, relacionaremos os conteúdos das disciplinas de Ciências Biológicas, Matemá-
tica e Artes. E, por fim, apresentaremos possíveis alternativas para minimizar essa frag-
mentação.
Os educadores devem estar cada vez mais preparados para atuar num currículo integra-
do, que abranja diferentes conceitos e conteúdos, incluindo diversas estratégias. “Enfim,
um espaço criativo em que a criança realmente se sinta mais feliz e alegre, em decorrência
de sua participação em algo criativo, produtivo” (MORAES, 1997, p. 166). Participando de
um currículo abrangente, o educando desenvolve-se integralmente, adquirindo característi-
cas e habilidades necessárias para atuar num mundo globalizado como cidadãos críticos e
ativos, capazes de construir conhecimentos e aplicá-los para transformar a realidade.
Refletindo, também, sobre a ligação entre Matemática e Artes, percebe-se que, apesar
de não ser muito desenvolvido nas salas de aula, o trabalho artístico é evidenciado em
grande parte dos conteúdos matemáticos. Os educadores, mesmo sabendo disso, restrin-
gem a liberdade pessoal que o educando poderia ter para se limitar ao uso do livro didá-
tico, do caderno, do quadro e do giz. Nesse sentido, Maria Cândida Moraes salienta que,
[...] de um modo geral, os professores não oferecem condições adequadas para o
desenvolvimento da criatividade dos educandos e estão despreparados para essa
função, o que é profundamente lamentável considerando a grande demanda de
talentos criativos por parte da sociedade (MORAES, 1997, p. 166).
A partir disso, nos perguntamos: não está na hora de mudar a concepção fragmentada
de currículo?
Com as relações entre as disciplinas que evidenciamos, os educadores poderiam tra-
balhar integradamente, propondo a realização de projetos interdisciplinares que poderão
facilitar a compreensão dos educandos nas três áreas do conhecimento e promover o de-
senvolvimento de um pensamento em rede, ao invés de ideias fragmentadas. Para salien-
tar a relevância dos projetos interdisciplinares, citamos Hernández e Ventura (1998), que
afirmam que a intenção da prática por projetos é facilitar aos alunos “a transformação da
informação procedente dos diferentes saberes disciplinares em conhecimento próprio”
(HERNÁNDEZ; VENTURA, 1998, p.61)
Sugestão de atividades
Para a realização desse trabalho nas escolas, os educandos poderiam realizar obser-
vações das estruturas celulares e organismos unicelulares através do microscópio, caso a
escola o disponibilize em seu laboratório de Ciências, ou ainda de imagens retiradas via
Internet, indicando as fontes, que precisam ser confiáveis. Se, porventura, a escola não
disponibilizar essas ferramentas, a visita ao Museu é uma alternativa.
O educador pode incentivar os educandos a buscarem funções das organelas encon-
tradas nas células animal e vegetal, relacionando-as com a Matemática e a Arte, através
da geometria. A seguir há alguns exemplos do que pode ser encontrado.
Contribuições de um Museu Interativo 145
CÉLULA ANIMAL
MITOCÔNDRIA
TECIDO VEGETAL
CLOROPLASTO
• Célula Animal:
- Mitocôndria: respiração celular e produção de energia
- Complexo de Golgi: armazenamento, transformação e secreção de substâncias
146 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
• Célula Vegetal:
- Estômatos: transpiração e respiração
- Parênquimas: tecidos de reserva.
Entre eles:
- Parênquima clorofiliano: reserva de clorofila (pigmento responsável pela realização
da fotossíntese)
- Parênquima aerífero: reserva de ar
- Parênquima aquífero: reserva de água
- Parênquima amilífero: reserva de amido
Referências
Introdução
por toda a parte: nas artes, nas construções, na natureza, nos seres humanos, nas mais
diversas coisas que manipulamos diariamente e na maioria das vezes não nos damos
conta da sua existência (FERIGOLO, 2004). Por isso pode ser contextualizada e abor-
dada de forma interdisciplinar.
Após a visita dos alunos no MCT, eles fizeram um breve relato sobre a visita, apre-
sentaram um relatório escrito individual e a professora deu continuidade ao conteúdo. O
trabalho será detalhado a seguir, iniciando por sua fundamentação.
Fundamentos
Existem vários tipos de Simetria, mas neste trabalho foram abordados apenas três:
reflexão, rotação e translação.
Reflexão
A Simetria de reflexão é a mais conhecida, por ser a de mais fácil visualização pelas
pessoas. Na reflexão há um eixo de simetria (imaginário) que divide o objeto em duas
partes idênticas, como se fosse colocado um espelho sobre o eixo de Simetria que reflete
a outra parte do objeto.
Rotação
Na Simetria de rotação, a figura gira em torno de um ponto que pode estar na figura ou
ficar fora dela, sendo que cada ponto da figura percorre um ângulo com vértice nesse ponto.
Translação
Em sala de aula foi organizado, no quadro, o relato das consultas realizadas, listando os
diferentes conceitos encontrados pelos alunos para construir a ideia de Simetria. A turma,
dividida em grupos, criou cartazes com figuras de revistas para identificar imagens que apre-
sentavam Simetria. Em um segundo momento, o objetivo foi identificar a existência de ei-
xos de Simetria em diferentes figuras geométricas. Essas foram manipuladas em dobraduras,
classificadas por número de lados e registradas em forma de tabela no caderno. Depois foram
realizados exercícios sobre diferentes eixos de Simetria, em papel quadriculado. Houve ex-
ploração dos diferentes eixos através de figuras geométricas desenhadas. Ao mesmo tempo,
foram discutidas as aplicações das noções de simetria existentes nas criações humanas.
A proposta do trabalho incluiu uma visita orientada ao MCT/ PUCRS. A professora
preparou a turma, enquanto o grupo planejava a visita, tanto fazendo reserva, buscando
alternativas para transporte, como preparando um instrumento de registro da visita, que
seria preenchido pelos alunos. Quando, finalmente, chegou o momento da visita ao Mu-
seu, os alunos foram orientados a explorar livremente o espaço por uma hora, podendo
pesquisar sobre o conteúdo.
Durante uma hora e trinta minutos, em grupos de seis alunos, voltaram o “olhar” para
a existência de Simetria em diferentes experimentos em exposição.
De volta à escola, o grupo foi desafiado a escrever um relatório da visita colocando
suas opiniões, fazendo desenhos que indicavam Simetria, descrevendo o que mais gosta-
ram e também o que não gostaram, suas sugestões para uma próxima visita e quais foram
as suas conclusões.
De posse dessas informações, o grupo de professoras passou a escrever sobre a expe-
riência. Nos trabalhos dos alunos havia relatos desta forma: “Eu gostei do vôlei virtual,
da parede onde ficava a marca do nosso corpo”. E outros relatos: “Dentro do museu,
fomos a vários lugares divertidos e legais, mas nunca desviando do nosso objetivo, que
era ver e anotar onde encontramos simetria”. Um aluno avaliou assim: “Eu concluí que
o passeio estava ótimo, gostei de muitas coisas (objetos e brinquedos), mas o que mais
chamou atenção foram os fetos de crianças”.
E assim essa visita não terminou num simples relatório realizado pelos estudantes, mas
continua progredindo, na medida da evolução da disciplina e do conteúdo de Geometria.
Conclusões
Referências
BORGES, Regina Maria Rabello. Museu interativo: fonte de inspiração para a escola. Porto
Alegre: EDIPUCRS, 2004.
DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. Campinas, SP: Autores Associados, 2000.
FERIGOLO, Claudia Suzana. O Padrão de Beleza da Matemática. Trabalho de Conclusão de
Curso (Licenciatura em Matemática) - Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas, UNISINOS, São
Leopoldo, 2004.
RODHE, Geraldo Mario. Simetria: Rigor e Imaginação. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1997.
23
AVALIAÇÃO DE UMA OFICINA
SOBRE SEXUALIDADE NA ESCOLA:
A SEXUALIDADE COM STATUS DE
CONHECIMENTO SÉRIO
Este capítulo relata uma vivência que fez parte das atividades previstas no Pro-
jeto Oficinas sobre sexualidade humana: tecendo a rede de autocuidado e proteção
contra DSTs/AIDS. Destaca a importância da escola e do/a educador/a ao abrir um
espaço para a discussão/reflexão de aspectos da sexualidade, legitimando-a com sta-
tus de conhecimento sério e possibilitando a promoção de saúde sexual e reprodu-
tiva, direito de todos/as, e resgatando o prazer como algo positivo e importante na
existência humana.
154 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
A sexualidade e a educação sexual estão presentes na vida das pessoas. Alguns au-
tores afirmam que surgem desde quando pai e mãe tecem expectativas e sonhos sobre o
bebê que vai chegar. Essas ideias e posturas se refletem em muitas atitudes e comporta-
mentos pela vida afora, na família, na escola, em todos os espaços sociais. A sexualidade
de cada um/a é uma construção individual e coletiva, sofrendo interferências e interferin-
do na vida dos grupos. É manifestação de cada grupo humano, segundo Pinto (1999), em
diferentes momentos da história, em diferentes locais geográficos, com valores e práticas
diversas. É parte do desenvolvimento biopsicossocial de cada um de nós, manifestando-
se com suas peculiaridades, em diferentes momentos da vida.
A sexualidade sempre esteve na escola e até a LDB/9.396 era clandestina, isto é, não
estava expressa no currículo e houve momentos em que era proibida e severamente con-
trolada. A história da educação sexual no Brasil mostrou que, em muitos momentos, edu-
cadores/as que ousaram transitar nesse território sofreram represálias e foram execrados.
É importante ressaltar, segundo Groppa e colaboradores/as (1997), que em qualquer
desses movimentos, em diferentes datas da história em que houve tentativas de oficiali-
zar a sexualidade na escola, os/as jovens manifestaram interesse e expuseram suas ques-
tões, reafirmando que essa parte da vida está presente na escola. No entanto, somente a
partir da LDB/9.396, via Temas Transversais, é que as questões emergentes das proble-
máticas da vida cotidiana foram incorporadas oficialmente ao currículo da escola. Assim,
a sexualidade ganhou espaço oficial no currículo escolar e passou a ser uma preocupação
na busca por atender as exigências da vida real, produzidas pelas dramáticas transforma-
ções sociais, econômicas e culturais dos últimos cinquenta anos e do advento da AIDS.
O número cada vez maior de pessoas com o HIV e com a AIDS, especialmente entre
os jovens, trouxeram à tona muitos aspectos da sexualidade e desvelaram mitos, tabus e
preconceitos. Não há, diante deste quadro, alternativa para a escola, senão a de assumir
seu papel na educação sexual das pessoas sobre as quais influi. Já se fazia presente sob a
forma de controles, discursos, oportunidades e possibilidades. A diferença é que, a partir
da LDB/9.396, a escola deve oficialmente tratar das questões que envolvem a sexuali-
dade. Deve abrir espaço para a discussão/reflexão de seus múltiplos aspectos e oferecer
alternativas para que cada um/a escolha, de modo consciente e bem fundamentado, a
opção que mais se adéqua ao seu modo de vida, aos seus valores e crenças.
Nesse cenário, há, então, por um lado, a força da lei destacando a tarefa da escola
nessa área e, por outro, o despreparo, as dúvidas, as angústias, as preocupações dos/as
Contribuições de um Museu Interativo 155
educadores/as que vivenciaram uma educação sexual assistemática, não verbal, carre-
gada de mitos, tabus, vergonha e preconceito. E que permanecem presos a padrões em
que o silêncio ocupou um lugar considerável, tendo hoje dificuldades para encarar de
modo aberto, crítico e honesto as questões da sexualidade. Assim, fogem das mesmas e
se refugiam em um discurso que remete à preocupação de não invadir, não ultrapassar
limites, não incentivar, ou outro argumento. O importante, contudo, é não esquecer que a
indústria de pornográficos, os pedófilos e outros problemas que cercam crianças e jovens
não têm pudores, aproveitando-se da ignorância e do medo para abusar e com isso roubar
a crença na humanidade.
Há, assim, um hiato entre o que está proposto na lei e o que os/as educadores/as
trazem como possibilidades pessoais e profissionais para enfrentar questões polêmicas e
de fórum particular, que se manifestam na vida coletiva. Tudo o que se refere à educação
sexual na escola exige um mínimo preparo e muita ousadia e coragem para o trabalho
com os grupos, sem esquecer que esse é um espaço educativo e não terapêutico.
Há realidades diferentes em cada sala de aula, dentro de cada pessoa e que exigem
preparo para encontrar formas de lidar com as questões de maneira aberta, honesta, pre-
cisa, objetiva e multifacetada. Nessa perspectiva, a escola e a universidade têm um papel
importante na formação inicial e continuada de educadores/as e educandos/as e ambas
precisam encarar com coragem a problemática e se preparar para atender as urgências
dos tempos atuais.
Estudos e pesquisas têm mostrado, conforme Gavranic (2004, p. 142), que “discutir
sobre o tema adia a iniciação sexual e torna essa decisão mais refletida por nossos jo-
vens”. Quando se pode falar sobre o corpo e o respeito por esse corpo na escola, continua
a autora, “estamos prevenindo também a questão da violência e do abuso sexual”. Não
há como deixar de ver que há estreita relação entre essa aprendizagem e a forma como
cuidamos ou não do nosso corpo ou do outro/a.
Reafirma-se, assim, que a intervenção educativa no que se refere à educação sexual
tem contribuído para promover saúde sexual e reprodutiva entre os/as jovens, fazendo
até com que posterguem para um momento mais tarde a sua iniciação sexual.
Nesse contexto, no Curso de Ciências Biológicas da PUCRS, na modalidade Licen-
ciatura, foram desenvolvidas atividades educacionais, no ano de 2007, via projetos, pos-
sibilitando intervenções relativas a questões da sexualidade, conforme a LDB/9.396. Na
estrutura curricular da modalidade licenciatura, o curso apresenta as disciplinas de Meto-
dologia e Prática do Ensino de Ciências e Metodologia e Prática do Ensino de Biologia.
Elas são propostas com o objetivo de realizar o diálogo com a realidade escolar, desde
156 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
efetivada e devidamente registrada, inclusive com fotos. Os resultados podem ser evi-
denciados nos depoimentos dos/as envolvidos/as, principalmente dos/as que realizaram
os jogos criados e propostos para dar conta, com tranquilidade e objetividade, de temas
polêmicos no campo da sexualidade, como são os que se referem às DSTs./AIDS e ou-
tros que, de alguma forma, foram desencadeados a partir dos mesmos.
As oficinas pedagógicas, de acordo com Afonso (1997, p.3), “se constituem em in-
tervenção psicossocial”, como um trabalho estruturado de grupos, podendo incluir vários
encontros, focalizando uma questão central que seus componentes se propõem elaborar.
A vivência de oficinas implica, afirma Afonso (1997, p. 5), “um esforço pedagó-
gico pessoal e coletivo, com a racionalidade e a objetividade próprias da pedagogia,
associado à abordagem da dimensão afetiva-emocional da pessoa, de modo a permitir a
desconstrução de preconceitos e tabus e a reconstrução social dos valores, das crenças,
social e historicamente construídos”. Constituem, desse modo, segundo alguns autores,
a metodologia mais adequada para tratar de temas tão vivos quanto os que se referem à
sexualidade e seus múltiplos desdobramentos na vida de todos nós.
Dentre as muitas oficinas realizadas dentro e fora dos muros da universidade, des-
tacamos a que ocorreu como parte da proposta de atividades do BioClube, sob a coor-
denação da Profª Berenice Rosito. O Bioclube é um projeto que pretende revitalizar a
experiência com Clubes de Ciências no contexto da universidade e da escola de ensino
fundamental. No ano de 2007, estiveram envolvidos alunos/as do curso de Biologia e do
ensino fundamentalde uma escola da Rede Educacional Marista, que aderiu ao projeto
e vem, conjuntamente, desenvolvendo suas tarefas. As atividades são desenvolvidas se-
manalmente no espaço acadêmico e se realizam com a participação dos/as educadores/
as do colégio.
Como dito, muitas oficinas em diferentes locais foram realizadas no decorrer do ano.
Os jogos produzidos especialmente para este trabalho também estiveram à disposição na
Feira das Profissões, um evento da universidade do qual alunos/as das escolas da cidade
e do interior participam a fim de conhecer um pouco mais sobre o universo de cada fa-
culdade, de cada profissão.
Após nossa presença marcante na Feira das Profissões, momento em que atendemos
e divulgamos informações sobre a temática em foco e também as atividades pedagógi-
cas desenvolvidas na Faculdade de Biociências, fomos convidadas a participar de um
Contribuições de um Museu Interativo 159
encontro no BioClube. A convite, então, das professoras que atuam junto ao Bioclube,
organizamos uma oficina com três momentos definidos.
No primeiro momento, o objetivo foi abrir um espaço para a escuta de ideias sobre a
sexualidade, possibilitando a aproximação entre os/as participantes da oficina, requisito
importante na discussão/reflexão de aspectos que englobam a sexualidade. Aproveita-
mos a ocasião para pedir que cada participante registrasse suas dúvidas e questões, de
forma anônima, possibilitando sua expressão sem constrangimento, pois muitas dúvidas
e a apresentação das mesmas trazem consigo o peso do não conhecimento. Desconhecer
temas da sexualidade é algo difícil de as pessoas admitirem. Assim, garantindo o anoni-
mato e valorizando a participação de cada sujeito na oficina, ressalta-se uma metodolo-
gia eminentemente participativa, condição de relevância no trabalho nessa área.
Registramos algumas das falas que fluíram a partir da palavra sexualidade. Alguns
dos comentários estão registrados e, muitas vezes, foi necessário instigar a que pen-
sassem sobre o que haviam dito, quando surgiram questionamentos importantes sobre
aspectos que passam, por vezes, despercebidos. Informação sobre sexualidade, é preciso
ressaltar, não falta, o que falta é a significação, reafirmam Nunes e Silva (2000), e esta
surge da problematização, representada pela pergunta, pela possibilidade de pensar so-
bre, de ouvir e expressar ideias e sentimentos relativos à temática.
Ouvindo atentamente os comentários dos/as participantes da oficina sobre a palavra
sexualidade, à qual deveriam associar outras palavras, destacamos alguns aspectos:
A1- calcinha/motel/cueca/“galinha”
A2- transa é diferente de fazer amor
A3- sexo/reprodução/genes
A4- sexo/mulher/pênis/vida
A5- amor/camisinha/sexo/prazer/romance
comportamento que vigorou até fins do século XIX, com força no Ocidente. Assim, toda
atividade sexual – como a masturbação, a busca do prazer, as relações homossexuais –
que fugia desse paradigma era considerada anormal. E nessa perspectiva há ainda muita
confusão e ignorância.
O segundo momento envolveu a realização de jogos sobre os mais variados aspectos
da sexualidade. Nesse momento, fizemos as orientações quanto aos jogos, outro foco do
projeto em que nos propusemos a elaborar recursos para facilitar intervenções educativas
na sala de aula. O jogo foi a opção mais interessante e revelou-se adequado para a discus-
são de temas polêmicos e carregados de tabus e vergonha, as DSTs, a homossexualidade
e outros. Foram oferecidos vários jogos e os/as educando/as começaram a jogar.
Cada jogo, de acordo com a temática que aborda, oferece uma série de perguntas e
informações que os/as jogadores/as devem responder, discutir, opinar ou executar. Um
dos jogos, o Trilha da Saúde, constituído de cartas de informação, questões da história
da camisinha e situações hipotéticas que permitam pensar sobre mitos, tabus e precon-
ceitos relacionados a temas polêmicos, como DSTs, foi colocado à disposição. E logo
foi aceito.
Os/as jogadores/as iniciaram timidamente a trilhar o tabuleiro e, à medida que acer-
tavam, discutiam ou ampliavam seus conhecimentos sobre o tema em destaque, foram
se descontraindo e começaram a pensar em situações hipotéticas que permitiam explorar
ocorrências reais e vislumbrar alternativas para dar o encaminhamento necessário a cada
evento.
Desde o início do trabalho foram disponibilizados Atlas do corpo humano, gravuras
do corpo, dois modelos de papelão representando o homem e a mulher, camisinhas mas-
culinas e femininas e um modelo de pênis de plástico. Tudo foi oferecido para exame e
manuseio. Em um dado momento de um jogo foi solicitada a descrição de como colocar
a camisinha masculina e novamente o modelo de pênis foi oferecido.
Esse exercício é mais uma possibilidade para a manifestação de dúvidas e um meio
de verificar o que de fato os/as educandos/as sabem sobre os passos para o uso da ca-
misinha, embora o saber como usar não garanta o uso. É comum adolescentes portarem
camisinhas, como forma de exibir uma nova condição que o inclui no mundo adulto.
O momento de aproximação do modelo de pênis de plástico foi muito interessante e re-
velador. Ao apresentá-lo ao grupo, houve grande agitação e recusa a tocar nele. As adoles-
centes do grupo faziam comentários associando o pênis a sujo e feio e evitavam tocá-lo. Foi
então que uma das professoras acostumada com o grupo levantou-se e pegou o modelo de
pênis e o mostrou. E, como num passe de mágica após esse movimento, as adolescentes se
Contribuições de um Museu Interativo 161
A1- Quando falaram no trabalho sobre sexualidade pensei que seria uma palestra
chata.
A2- Achei que mostrariam figuras e falariam sobre o corpo apenas, como sempre.
A3- Pensei que não tinha dúvidas; agora sei que tem que cuidar a data de validade da
camisinha masculina ou feminina
A4- Nunca imaginei que haveria jogos e que as perguntas seriam tão variadas.
A5- Achei que sabia tudo, que seria um pouco chato ficar ouvindo, ouvindo, ouvin-
do...; que sabia como usar a camisinha masculina. Também nunca tinha pegado a
camisinha feminina; é estranha.
A1- O casal pode usar duas camisinhas para ter mais proteção?
A2-Um dia acordei gozado. Isso é normal?
A3-Se masturbar cria pelo nas mãos?
A4- Transar menstruada pode engravidar?
A5- Que mudanças acontecem no menino após a perda da virgindade? E nas meninas?
Sobre as questões discutidas em grupo a partir do que cada um sabia sobre o assunto
e se dispunha a compartilhar, fomos organizando as respostas, esclarecendo dúvidas e
apresentando alternativas. O conhecimento prévio de cada um/a é condição importante
para o trabalho, pois, como assevera Souza Pinto (1997, p. 47), “é preciso transformar o
conhecimento em caso pessoal, fazer o que proponho chamar de subjetivação do conhe-
cimento”. Fazê-lo vivo, com muita emoção e história pessoal.
A educação sexual é primordialmente da família e à escola cabe corrigir, discutir,
analisar, ver alternativas diversas para um mesmo aspecto, completar, abrir espaço para
pensar questões que em outros momentos da história da humanidade não foram possíveis.
A escola é um espaço privilegiado de encontros, em que a vida se apresenta com grande
diversidade, alternativas e possibilidades. No caso da sexualidade, há que ter horizontes
distantes e pensar em muitas direções, aceitando e respeitando vivências diversas.
Em referência às manifestações sobre a oficina com jogos e questões, salientamos
alguns depoimentos que evidenciam como esse espaço é necessário e valioso, além de
registrar, de modo significativo, o quanto a escola e seus/suas educadores/as estão com-
prometidos/as com a tarefa de educar para a sexualidade consciente e responsável.
Ressaltamos alguns depoimentos que revelam o quanto a sexualidade precisa ainda,
apesar da LDB/9.396, fazer um intenso movimento para resgatar o significado da sexu-
alidade humana e possibilitar às novas gerações vivências mais felizes e responsáveis,
com escolhas mais fundamentadas. Os relatos abaixo falam por si sós.
A1- Gostei deste trabalho, vou contar para quem não veio.
A2- Não foi chato, foi legal.
A3- A gente consultou o Atlas e as gravuras.
A4- Não sabia que Cleópatra usava camisinha, pensei que camisinha era coisa mais moderna.
A5- Quero continuar este trabalho; foi muito legal; o jogo foi interessante.
Contribuições de um Museu Interativo 163
4. Considerações finais
Oficinas são possibilidades ricas de repensar e reviver situações importantes que po-
dem e/ou devem ser (re)escritas, no sentido de transformações possíveis que possam
libertar o/a humano/a de amarras tão fortes, acenando com oportunidades nunca antes
possíveis a todos/as. Não podemos esquecer que vivemos em um tempo de muitas pos-
sibilidades nunca antes disponíveis. Separamos sexo e prazer, expandimos as fronteiras
do saber e do sentir, começamos a conquistar novas formas de expressar e assumir por
inteiro nossas concepções sobre a vida.
O trabalho nessa oficina, em especial, foi muito interessante, envolveu acadêmicos/
as, educandos/as da escola em questão e educadoras, tanto da escola como da univer-
sidade, e vislumbrou um movimento no sentido de trazer os/as educadores/as para a
discussão sobre a sexualidade. Os/as acadêmicos/as do curso de Biologia também ma-
nifestaram suas ideias e, podemos arriscar, se engajaram e dispuseram a aprender sobre
os assuntos que envolvem a sexualidade. Além disso, buscaram aprender a ensinar como
se aprende sobre esse aspecto tão crucial de nossas vidas e que tem sido, por séculos,
negligenciado, trazendo muita dor, sofrimento, vergonha e culpa em cada geração. Re-
velam também a necessidade de aprofundar estudos até mesmo nas questões biológicas
e, fundamentalmente, marcaram as questões sociais e culturais.
Falar de sexo na escola, enfatiza Ribeiro (2004, p.43), “é muito mais que tocar nas
diferenças genitais entre homens e mulheres. Vai além de ensinar cuidadosamente as
vantagens e as desvantagens dos métodos anticoncepcionais. Ou os perigos de se pegar
uma doença sexualmente transmissível”. É importante, continua o mesmo autor, “resga-
tar o prazer, que garanta aos jovens um espaço onde cada um possa falar do que angustia,
quais são os seus conflitos, medos, dificuldades e também sobre outras questões” em
que o/a professor/a considere adequado intervir. E, principalmente, que o/a aluno/a tenha
interesse e busque conhecer. Em uma oficina com jogos é possível abrir esse espaço no
qual a emoção possa circular sem trazer desgaste e gerar problemas difíceis de adminis-
trar.
Por fim, queremos registrar, uma vez mais, que a sexualidade na escola de maneira
sistemática e intencional é premissa importante da tarefa educativa e se manifesta em
duas vertentes: atender aos anseios dos/as educandos/as e assessorar as famílias. Só as-
sim, assevera Rena (2001), legitimando a sexualidade com status de conhecimento sério
no cotidiano da escola, teremos grandes possibilidades de ver esses conteúdos aplicados
à vida diária, permitindo a (re)significação da sexualidade humana.
164 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
Referências
Introdução
não formal, por conhecer a definição de museu apresentada pelo International Council of
Museuns (ICOM) em 1974, atualizada em 2007 em seu artigo 3º:
Section 1. Museum. A museum is a non-profit, permanent institution in the service
of society and its development, open to the public, which acquires, conserves,
researches, communicates and exhibits the tangible and intangible heritage of hu-
manity and its environment for the purposes of education, study and enjoyment
(ICOM, 2007).
Desenvolvimento
O roteiro museológico que estruturou o museu foi construído com base no acervo já
constituído; no desenvolvimento de textos relacionados a temas pertinentes aos conteú-
dos do currículo de Ciências (abrangendo o conteúdo do ensino fundamental e médio);
na concepção de expositores e no orçamento.
Os expositores, em número de sete, constituem módulos que apresentam uma plas-
ticidade, permitindo um rearranjo conforme os projetos museográficos. Cada expositor
apresenta as seguintes dimensões: 1,9m de altura, 1,6m de largura e 0,75m de profun-
didade. O espaço disponível foi dividido em dois ambientes: área de exposição e área
técnico-administrativa.
Para o funcionamento do museu constituiu-se uma equipe técnica de oito curadores
responsáveis pelo acervo e pela exposição, sob supervisão do diretor. O critério de se-
leção para membros da equipe compreendeu manifestação de interesse, disponibilidade
de tempo e desempenho escolar. Formou-se um conselho de representantes da escola e
colaboradores, com a finalidade de determinar os projetos e supervisionar as atividades
Contribuições de um Museu Interativo 167
A exposição também possui dois aquários de 300 litros (Figura 3), um dos quais imita
o ambiente dos arroios do Rio Grande. Há plantas e peixes encontrados na região, dada
a necessidade de informar aos visitantes sobre a biodiversidade, visando uma conscien-
tização pela proteção aos ecossistemas.
Considerações finais
O MN foi inicialmente dirigido pelo autor, Guy Barros Barcellos (2002 a 2004), se-
guido por Cláudio Alves Rodrigues (2005 a 2007) e Bruno Salomão Hirsch (a partir de
2008). Nestes seis anos de existência, desempenhou um papel relevante na comunidade
escolar, como um espaço formador de opinião, difusor de conhecimento e estimulador
de vocações. Ao mobilizar estudantes por causas científicas, culturais, sociais e ambien-
tais prepara-os para o exercício da cidadania. Além disso, proporciona relações afetivas
devido à convivência entre os membros da equipe, fundamentais na sua formação, como
denota a frase do colega: “Este lugar mudou os caminhos de minha vida”.
O MN foi registrado no Sistema Estadual de Museus sob o número 7.30º. Além de
desempenhar sua missão de mobilizar os cidadãos pela proteção ao meio ambiente, é um
espaço de humanização. Tanto assim que uma ideia singela surgida em 2001 permanece
vigorosa e ascendente, mobilizando outros jovens até hoje.
Observação complementar:
Este texto foi escrito em setembro/2008, cinco meses antes do encerramento das
atividades do Museu da Natureza por tempo indeterminado.
Contribuições de um Museu Interativo 171
Referência
“[...] e quem quiser ser um criador, no bem e no mal, tem de ser, antes de tudo, um
destruidor e arrebentarvalores.”(NIETZSCHE, 2008, p. 145)
Introdução
Mesmo que não seja possível conhecer a realidade, nosso dia a dia pressupõe um
modelo de relação com o real. Cada um de nós constrói seu próprio modelo de com-
preensão, ao longo de sua história. É uma questão de sobrevivência. Esse modelo que
construímos ao longo da nossa existência relaciona-se a situações práticas. Verificamos o
calor do fogo quando nos queimamos, a força gravitacional quando caímos e todos os fe-
nômenos que nos rodeiam, experimentando. Assim vamos construindo nossas represen-
tações íntimas, nossas teorias pessoais sobre o mundo, que constituem o senso comum.
Se considerarmos a ciência como uma forma estruturada, metódica e consensual de
entender a realidade, podemos entender a concordância que existe entre professores e
174 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
cientistas de que nas disciplinas de ciências, em seus diversos níveis, devemos recorrer
à experimentação, partindo do que os alunos já conhecem, mesmo não sendo essa uma
prática comum.
A temática que abordamos neste texto está associada a como utilizar os experimentos
em função dos nossos objetivos de ensino. Essa temática pode ter várias abordagens, que
dependerão das representações de ensino assumidas pelos professores e aqui, mais uma
vez, falamos em representações. A tomada de consciência dos fundamentos epistemológi-
cos que conduzem à prática do professor e à sua metodologia é uma necessidade. Ter esse
posicionamento claro, seja pessoal ou institucional, contribui para a melhor representação
de ciência que estamos reconstruindo com os aprendizes e as competências que intencio-
namos desenvolver. Entendendo os processos de ensino e aprendizagem como partilha, as
competências são desenvolvidas mutuamente. Além disso, ter essa posição clara permite
contextualizar nossas estratégias, num mundo que se transforma freneticamente.
Ao apresentarmos a ideia de experimentos interativos integrados ao ensino pela pes-
quisa, propomos uma estratégia para desencadear um processo de desenvolvimento de
competências para essa realidade que se caracteriza pela constante reformulação concei-
tual e reestruturação de conhecimentos.
Experimentos interativos
Seja qual for o tipo de assunto ou disciplina das ciências, o vínculo entre a educação
pela pesquisa e os experimentos em ciências podem conduzir nosso trabalho a resultados
contextualizados com essa realidade, na qual o novo é a reconstrução constante do co-
nhecimento, especialmente o científico. Alfabetizar digitalmente não significa ensinar a
manipular objetos eletrônicos ou possuir um acesso adequado ao cibermundo. Antes disso,
é oferecer oportunidades aos estudantes para desenvolverem competências adequadas e
consonantes com as exigências sociais dessa forma de viver. Isso é tão ou mais importante
que o seu acesso. Por isso, necessitamos entender as bases epistemológicas em que esse
mundo emergente se alicerça. Desenvolver as competências para viver nesse novo mundo
é entender como mudam as formas de aprender e conviver nessas novas relações.
Nessa perspectiva, o ensino pela pesquisa toma uma importância enorme e o ex-
perimento interativo serve de motivação para despertar o interesse dos estudantes por
determinado fenômeno a ser estudado, como nos exemplos anteriores, pois esse ainda é
restrito se pensarmos no desenvolvimento de competências mais complexas.
Vivemos um presente difícil no contexto escolar e universitário. A dicotomia de viver
um admirável mundo novo, entre aqueles que têm acesso à cibercultura, e a miséria dos
excluídos, analfabetos digitais, com os quais convivemos, em turnos diferentes, ecoa
internamente em nós, professores, como uma realidade caótica e sem um rumo. Esse
processo de mudança frenético e contínuo tende a estabelecer-se de forma mais concreta,
na medida em que uma nova forma social consolida-se. Pierre Lèvy reforça esta tese e
afirma que, historicamente, a internet é o sistema de comunicação que mais rapidamente
se difundiu. Mas não podemos restringir a cibercultura à internet, senão a todos os arte-
fatos que nos conectam uns aos outros, criando redes de relacionamentos e de informa-
ções. Essa realidade, que se estrutura de uma forma interativa, democrática e com uma
dinâmica reconstrutiva rápida, exige o desenvolvimento de competências diferentes das
que nossas propostas de ensino ainda tentam desenvolver (LÈVY, 2000).
1
Disponível em http://www.scienceinschool.org/2007/issue4/spectrometer/portuguese#emission#emission
Acesso em: 30 jun. 2008. Último acesso em 10 jun 2009.
178 Regina Maria Rabello Borges • Valderez Marina do Rosário Lima • Ana Lúcia Imhoff
Nosso desafio é preparar nossos estudantes para essa nova forma de viver, inde-
pendentemente de suas condições sociais, uma vez que a popularização do acesso ao
ciberespaço é iminente.
Conforme Demo (1996), a proposta de educar pela pesquisa tem pelo menos quatro
pressupostos principais que, a nosso ver, estão em perfeita sintonia com essa estrutura
social emergente: a pesquisa é a especificidade mais adequada à educação nos diversos
níveis de ensino; o “questionamento reconstrutivo com qualidade formal e política” é a
base do processo de pesquisa; a pesquisa deve ser uma atitude constante entre professo-
res e alunos; assim a educação se torna um processo de formar competências (DEMO,
1996, p. 05).
Sob essa perspectiva, o ensino por meio da pesquisa aponta para uma mesma condi-
ção entre professor e aluno, frente ao tema de aprendizagem proposto, quebrando uma
relação descontínua e promovendo uma aproximação entre as partes, ainda que possuam
funções diferentes dentro do processo. Essa aproximação é fundamental para a partilha e
crescimento mútuos: “[...] o sujeito estará mais ou menos disposto a adquirir o conheci-
mento do outro em razão da confiança que esse lhe inspira” (PAÍN, 1999, p. 165).
De acordo com os pressupostos discutidos, os experimentos podem servir como fer-
ramentas de desenvolvimento de competências, muito antes de nos importarmos com
seus resultados ilustrativos. A concordância com os resultados previstos pelas teorias
estudadas em sala de aula, apresentadas pelos livros e entendidas pela consensualidade
científica é importante, mas os desacordos também ilustram que o conhecimento cien-
tífico foi construído a partir de erros. Os acertos são a parte elegante de uma história
transitória, que muda conforme muda o entendimento sobre o universo.
Nas disciplinas de ciências, de forma geral, a experimentação pode ser empregada de
forma natural dentro do contexto de educar pela pesquisa. Sobre isso, Moraes, Ramos
e Galiazzi citam que “na interpretação que se dá para essa abordagem de ensino deno-
minada por Demo (1996), a linguagem passa a ser a principal ferramenta do objeto de
conhecimento” (MORAES; RAMOS; GALIAZZI. 2006 p. 96). Desde há muito tempo,
estudos indicam que a linguagem é a principal alavanca para desenvolvimento cognitivo
do ser humano. Luria e Yudovich citam Pavlov:
Contribuições de um Museu Interativo 179
Considerações finais
numa falta. Só se pode desejar o que não se tem. [...] E toda a ausência tem de estar
preenchida por algo. (PAÍN, 1996, p. 71)
Referências
iniciais. Há que se chamar atenção, entretanto, para o fato de que dependendo da forma
como a atividade é encaminhada ela pode estar associada a diferentes modelos epis-
temológicos. Entre os elementos que identificam a atividade experimental associada à
perspectiva construtivista, destacam-se: (1) a existência de problematização inicial que
auxilia o aluno, nesse primeiro momento, a estruturar respostas, amparado em seus co-
nhecimentos prévios. Na maioria das vezes, essas respostas iniciais revelam ao estudante
a fragilidade das hipóteses por ele formuladas e, nesse instante, instaura-se a dúvida, o
desejo de saber mais. Na continuidade, o contato com material concreto, realizando a
atividade experimental proposta, faz o aluno pensar sobre suas conjecturas iniciais; (2)
a discussão com os colegas e com o professor sobre os resultados encontrados, aliada
à leitura de teoria pertinente, proporciona a reelaboração das concepções iniciais num
sentido de maior complexidade; (3) a organização dessas outras ideias e sua expressão
de forma clara constituem os novos argumentos construídos, sendo essencial a vivência
de atividades diversas, com o objetivo de sistematizar os conhecimentos construídos.
Colocar a experimentação na agenda de trabalho dos professores de Ciências requer
a preparação de docentes de modo a garantir o necessário alinhamento com a perspecti-
va de construção de conhecimentos. Nessa medida, nada mais coerente do que a oferta
de uma disciplina, denominada Museu Interativo, aos alunos do curso de Mestrado do
Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática da PUCRS. Nessa
disciplina o foco encontra-se na idealização de propostas interdisciplinares de ensino,
que enfatizem a interatividade de experimentos. Para organização de suas proposições
os mestrandos visitam o Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS, em busca de inspi-
ração para o desenvolvimento dos projetos.
O material apresentado neste livro é basicamente a expressão dos resultados da disci-
plina mencionada. À exceção do capítulo 1, que trata de contextualizar a produção divul-
gada neste livro, na perspectiva dos órgãos de fomento que auxiliaram na sua consecução
e do capítulo 2, que apresenta os resultados de uma pesquisa sobre as contribuições do
Projeto Escola-Ciência (PROESC) à educação em Ciências, os demais capítulos expõem
propostas de atividades experimentais, direcionadas aos estudantes da Educação Bási-
ca, cuja unicidade é garantida pela interatividade de experimentos. Ainda que tenham
sido desenhadas para serem desenvolvidas em diversos espaços de aprendizagem, que
incluem o MCT da PUCRS, laboratórios de matemática e salas de aula, as propostas
apresentadas têm em comum o fato de inscreverem-se numa perspectiva epistemológica
construtivista. Dito de outro modo, elas contribuem para que estudantes da educação
básica construam conceitos científicos e apresentem em suas estruturas os elementos
Contribuições de um Museu Interativo 183
2. Propostas voltadas à área de Física: essa categoria reúne trabalhos que focalizam a
construção de conceitos científicos da Física, aliando interatividade e ludicidade,
interatividade e ênfase na pesquisa. Essas proposições encontram-se descritas no
capítulo 3, A percepção dos fatos na casa maluca; capítulo 7, Construindo concei-
tos a partir de ilusões de ótica; capítulo 10, Luz, câmera, ação! Olha o passarinho.
4. Propostas voltadas para área de Química: capítulo 19, Batatas como geradores
de energia; e capítulo 25, Experimentos interativos como motivadores para o
ensino pela pesquisa.
5. Propostas que reúnem trabalhos com maior caráter interdisciplinar. Essa catego-
ria reúne proposições que além da interatividade preveem a integração de áreas
do conhecimento. O capítulo 6, A evolução da tecnologia em jogos didáticos:
aprendizagem interativa e interdisciplinar, apresenta uma atividade que integra
Física, Biologia e Tecnologia; o capítulo 15, Tales e as sombras, explicita um
estudo que integra Matemática, Filosofia e História; o capítulo 16, A interdisci-
plinaridade entre Matemática e Ciências – estudo das ondas e da luz, divulga
um trabalho que integra conceitos científicos de Ciências e Matemática; o capí-
tulo 20, Proposta de estudo de energia eólica e vento no Ensino Médio, integra
conceitos de Física, Biologia, Matemática e Geografia; o capítulo 21, Práticas
interdisciplinares: possibilidade de formação de um pensamento em rede, expõe
uma atividade que integra Arte, Ciências e Matemática; o capítulo 22, A simetria
do universo, enfatiza o estudo de eixos de simetria em diferentes experimentos
do Museu, envolvendo, predominantemente, as áreas de Ciências Biológicas e
Física.
Convictos de que para aprender é preciso que ocorra ação física e mental, os autores
reiteram que as proposições aqui apresentadas têm em comum o fato de oferecerem múl-
tiplas oportunidades de interação, situando o estudante como protagonista de sua apren-
dizagem. Fica então o convite, a outros professores que não participaram do processo,
para que se inspirem no material divulgado e criem oportunidades semelhantes para seus
alunos de Ensino Fundamental e Médio.