Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Advogado • OAB/105.042
lei federal: (art. 1°-F, da L ei n° 9.494/97, com redação dada pelo art. 5° da Lei n°
11.960/09);
Com isso, o Tribunal mineiro encerrou a discussão do feito nas vias ordinárias,
confirmando o debate acerca da matéria, não restando ao Recorrente alternativa
senão passar à esfera extraordinária do Poder Judiciário.
V- DAS RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA, (ART. 1029, II DO CPC)
Cumpre recordar e esclarecer que se trata de apelação contra sentença da
MM. Juíza da comarca de Dores do Indaiá, que julgou parcialmente procedentes os
embargos opostos pelo Município de Estrela do Indaiá à execução de sentença
promovida por Marina Morais Campos e Dirce Morais Pinto, para determinar o
seguinte: “- O total da indenização é de 300 salários mínimos, pelo valor vigente
quando da citação. - A parcela será corrigida e acrescida de juros a partir do evento
danoso. A verba de patrocínio é de 15% sobre o valor da condenação, após
corrigida e acrescida de juros a partir do evento danoso”.
O recorrente sustentou que “os juros de mora e a correção monetária não são
alcançados pela estabilização da coisa julgada”; que a definição sobre os índices de
juros de mora e correção monetária constitui matéria de ordem pública, podendo ser
analisada de ofício e em qualquer grau de jurisdição; e que deve determinada a
incidência dos índices de remuneração básica (TR) a título de correção monetária, e
de juros de mora aplicáveis à caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da
lei 9.494/97, com a redação dada pela lei 11.960/09;
No julgamento em questão, o culto relator acatou o entendimento do
cabimento do apelo, e, no mérito, pelo não conhecimento aduzindo sinteticamente
que há inovação recursal tendo em vista a impossibilidade da modificação dos
consectários aplicados.
Confira-se o seguinte inserto do acordão discutido: (..) Por outro lado, assiste
razão às apeladas quanto à preliminar de inovação recursal. Isso porque o Município
não questionou os índices aplicáveis a título de juros e correção monetária, nos
8
aquela Corte modulou os efeitos da sua decisão, decidindo que a TR poderá ser
utilizada como fator de correção monetária no período de 30/06/2009, data de
entrada em vigor da Lei nº 9.494/97, até 25/03/2015.
A partir de 26/03/2015 determinou a aplicação dos juros da caderneta de
poupança como juros moratórios e o IPCA-E como índice de correção monetária.
Tendo em vista que o art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, com redação dada pela
Lei nº 11.960/2009, possui aplicação imediata (STJ, EREsp 1207197/RS, Rel. Ministro
CASTRO MEIRA, Corte Especial, DJe 02/08/2011) e que a citação é o meio pelo qual
se constitui o devedor em mora, os juros moratórios somente podem incidir a partir
dessa data. Por conseguinte, como o STF desmembrou o art. 1º-F, delimitando que a
TR corresponde à correção monetária e os juros da caderneta de poupança
correspondem aos juros de mora, antes da citação somente incidirá a correção
monetária pela TR.
Após a citação incidem os índices da caderneta de poupança, na forma do art.
1º-F, da Lei nº 9.494/97, até 25/03/2015, quando se passa a aplicar os juros da
caderneta de poupança como juros moratórios e o IPCA-E como índice de correção
monetária.
Não por menos, este Tribunal da Cidadania possui o seguinte entendimento:
(..) O Plenário do STF declarou a inconstitucionalidade parcial por
arrastamento do art. 5º da Lei n. 11.960/09, no julgamento da ADI
4357/DF, Rel. Min. Ayres Britto, em 14.3.2013. 2. A Primeira Seção, por
unanimidade, na ocasião do julgamento do Recurso Especial repetitivo
1.270.439/PR, assentou que, nas condenações impostas à Fazenda Pública
de natureza não tributária, os juros moratórios devem ser calculados com
base no índice oficial de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de
poupança, nos termos da regra do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com redação da Lei
n. 11.960/09; (AgRg no REsp 1.422.349/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS,
SEGUNDA TURMA, julgado em 4/2/2014, DJe 10/2/2014). (grifei);
11
12
Consoante já decidido por esta Corte, não há falar em reformatio in pejus quando o
Tribunal altera tão somente os consectários legais, por integrarem o pedido de forma
implícita, justamente por serem matéria de ordem pública, cognoscível de ofício. (A
respeito: AgRg no AREsp 324.626/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA
TURMA, DJe 28/06/2013).3. Embargos de declaração rejeitados." (EDcl nos EDcl no
Ag 1074207/RS, Rel. Ministra ALDERITA RAMOS DE OLIVEIRA (DESEMBARGADORA
CONVOCADA DO TJ/PE), SEXTA TURMA, DJe 04/09/2013).
"PROCESSUAL CIVIL. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. ART. 1º-F DA LEI N.
9.494/97 COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.960/09. DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTO (ADIN 4.357/DF).
QUESTÃO DECIDIDA SOB O RITO DO ART. 543-C DO CPC. TRÂNSITO EM JULGADO.
DESNECESSIDADE. JULGAMENTO DE ADI NO STF. SOBRESTAMENTO.
INDEFERIMENTO.1. O Plenário do STF declarou a inconstitucionalidade
parcial por arrastamento do art. 5º da Lei n. 11.960/09, no julgamento da
ADI 4357/DF, Rel. Min. Ayres Britto, em 14.3.2013. 2. A Primeira Seção,
por unanimidade, na ocasião do julgamento do Recurso Especial repetitivo
1.270.439/PR, assentou que, nas condenações impostas à Fazenda Pública
de natureza não tributária, os juros moratórios devem ser calculados com
base no índice oficial de remuneração básica e juros aplicados à caderneta
de poupança, nos termos da regra do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com
redação da Lei n. 11.960/09. Já a correção monetária, por força da declaração
de inconstitucionalidade parcial do art. 5º da Lei n. 11.960/09, deverá ser calculada
com base no IPCA, índice que melhor reflete a inflação acumulada do período. 3. A
pendência de julgamento no STF de ação em que se discute a constitucionalidade de
lei não enseja o sobrestamento dos recursos que tramitam no STJ. Cabível o exame
de tal pretensão somente em eventual juízo de admissibilidade de Recurso
Extraordinário interposto nesta Corte Superior. 4. A jurisprudência do STJ assenta-se
no sentido de que, para fins de aplicação do art. 543-C do CPC, é desnecessário que
13
pedido formulado na fase executiva que não pôde ser suscitado no processo de
conhecimento, porquanto decorrente de fatos e normas supervenientes "à última
oportunidade de alegação da objeção de defesa na fase cognitiva, marco temporal
que pode coincidir com a data da prolação da sentença, o exaurimento da instância
ordinária ou mesmo o trânsito em julgado, conforme o caso" (REsp 1.235.513/AL,
Rel. Min. Castro Meira, Primeira Seção, DJe de 20.8.2012. submetido ao Regime dos
Recursos Repetitivos).4. E ainda, "é possível a revisão do capítulo dos
consectários legais fixados no título judicial, em fase de liquidação ou
cumprimento de sentença, em virtude da alteração operada pela lei nova"
(REsp 1.111.117/PR e REsp 1.111.119/PR, Rel. p/ Acórdão Ministro Mauro
Campbell Marques, Corte Especial, DJe 2.9.2010, submetido ao Regime dos
Recursos Repetitivos).5. Quanto à distribuição da verba honorária, o STJ tem
entendimento pacífico de que a aferição do quantitativo em que autor e réu saíram
vencidos na demanda, bem como da existência de sucumbência mínima ou
recíproca, mostra-se inviável em Recurso Especial, tendo em vista a circunstância
obstativa decorrente do disposto na Súmula 7 desta Corte.6. Assinale-se, por fim,
que fica prejudicada a apreciação da divergência jurisprudencial quando a tese
sustentada já foi afastada no exame do Recurso Especial pela alínea "a" do
permissivo constitucional.7. Agravo Interno não provido. (AgInt no AREsp
1810521/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
16/08/2021, DJe 31/08/2021)
Constata-se, pois, que o entendimento jurisprudencial consolidado neste
Tribunal é o de que a fixação de correção monetária e juros de mora configura
questão de ordem pública e, pois, pode ser analisada de ofício e não encontra
vedação no princípio da proibição da reformatio in pejus.
Saliente-se, por fim, que, não obstante a existência desta jurisprudência
aplicadora do princípio da proibição da reformatio in pejus em se tratando de
modificação dos critérios fixados para os juros de mora e a correção monetária, os
16
17
20
21