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Trinta e Três Propostas de Emendas

Constitucionais para alavancar o Brasil.

Fortalecer as instituições nacionais, moralizar a política e


aperfeiçoar a democracia brasileira.

Rodrigo Carvalho Müller

(contatos: rodrigoc.muller@hotmail.com)

(47)9187-2207 e 3370-4158

Obra registrada no Escritório de Direitos Autorais – EDA- da


Biblioteca Nacional.

Jaraguá do Sul, 16 de janeiro de 2016.

1
Prefácio

Percival Puggina

Quando uma indústria elabora um molde com defeito, esse defeito


se reproduzirá em todas as peças produzidas até que a falha seja
identificada e corrigida. Em grandes empresas, muitos desses casos
determinam os chamados recalls, com convocação aos compradores para
que o reparo seja realizado.

Há um dado da realidade, análogo a esse, muito mais grave,


reproduzindo-se através das décadas (no caso brasileiro há mais de um
século), em que o defeito do molde causa terríveis danos sociais, políticos
e econômicos. Refiro-me à modelagem das nossas instituições de Estado.
Na política, os vícios do molde que o país adota se reproduzem nos
poderes de Estado e nas condutas dos partidos, dos agentes, dos
detentores de mandato, dos cidadãos como entes políticos e como
agentes dos processos de produção e consumo. E por aí vai. E não há
recall.

A maior parte da sociedade brasileira brada contra as


consequências, excomunga as consequências, mas absolve as causas dos
descalabros de origem política que, com tanta facilidade, detecta na vida
social. Foi por atribuir tais males aos agentes e não ao modelo
institucional adotado que, nos anos 90 até 2007, entidades de expressão
nacional pediam uma regra que estabelecesse a fidelidade partidária.
Abraçada pela mídia como providência necessária para sanar nossos
males, a demanda alcançou a opinião pública e, finalmente, em 27 de
março de 2007, o TSE emitiu a Resolução nº 22.610 definindo que os
mandatos pertenciam aos partidos.

2
Impedidos, por lei, de cambiar de legenda, tornar-se-iam nossos
parlamentares fieis a elas? E elas a seus bem intencionados programas? O
Dr. Rodrigo Carvalho Müller, autor deste livro, foi um dos brasileiros com
visão mais ampla, que perceberam não haver razões para aquela fixação
nacional. O problema era muito maior e mais profundo. A infidelidade
partidária não sintetizava nossos males políticos e não poderia ser o
coração de uma necessária reforma. É dessa reforma, através de uma
série de projetos de emendas à Constituição de 1988, que aqui se trata.

O tempo, aliás, veio suprimir qualquer dúvida que pudesse


remanescer sobre a absoluta insuficiência daquela medida diante da
magnitude dos problemas recorrentes do molde institucional. Na
legislatura seguinte, as boas intenções de muitos permaneceram contidas
pela patifaria dos patifes. Em raciocínio dotado da profundidade de um
pires, os formadores de opinião e outras 46 entidades concluíram, então,
que a solução do problema consistia em afastar os delinquentes da
política. E nasceu a campanha pela Lei da Ficha Limpa. "Agora vai!",
proclamavam. Afinal, se são os patifes que atrapalham, vamos excluí-los
do jogo. Cartão vermelho para todos! E veio, festejada por efusivos
abraços, a lei que expurgaria da vida pública os condenados pela Justiça.

Para quem não lembra, o projeto de lei que se tornou conhecido


como da "Ficha Limpa" foi aprovado em 2010 na Câmara dos Deputados
com 412 votos a favor e nenhum contra. Depois, tramitou no Senado e
saiu de lá consagrado com um placar de 76 votos a zero. Está bem, nem
toda unanimidade é burra, mas nessa aí, obviamente, havia alguma coisa
estranha. De fato, a porção menos virtuosa, menos seráfica dos dois
plenários votara convencida de que a lei não seria para valer. Ela não
haveria de passar pelo rigoroso crivo do STF. De fato, para o pleito de
2010 não passou. Em 2012, retornou às portas do Supremo e ...surpresa!
Colheu a bênção de sete ministros. No entanto, a lei da ficha limpa incidia
no mesmo erro de pontaria. Atirava longe do alvo verdadeiro. O molde,
definitivamente ficha suja, permanecia intacto.

3
O evangelista Lucas cita palavras de Jesus afirmando que fé do
tamanho de um grão de mostarda permitiria arremessar montanhas ao
mar. Pois a maioria de nós, brasileiros, acredita, com fé do tamanho de
uma semente de abacate, que políticos ficha limpa possam produzir
grande bem num sistema ficha suja. A modelagem institucional do país
infelizmente não entra no foco de nossas habituais análises. O cidadão, via
de regra, pensa em nomes, em pessoas, em indivíduos. Quando avança
um pouco mais pensa em ideias, princípios, valores. Mas raramente se
detém a examinar nossas instituições. Por esse motivo, estamos sempre
tentando consertar consequências e desatentos às causas dos problemas.
É como se proclamássemos: "Abaixo as consequências! Longa vida às
causas!"

Nem mesmo políticos de grande respeitabilidade e experiência


conseguem atravessar a rua para olhar a realidade desde o lado de fora,
como fez o Dr. Rodrigo Carvalho Müller ao produzir esta instigante obra.
Há poucos anos, o senador CristovamBuarque, para citar um caso
paradigmático, subiu à tribuna sugerindo um plebiscito para que a
população decidisse sobre se o Congresso devia ou não ser fechado.
Afirmou ele, falando sobre o Poder Legislativo: “As razões não são apenas
as dos escândalos. São as razões da inoperância e são as razões do fato de
que estamos hoje numa situação de total disfunção diante do poder. De
um lado, tem as medidas provisórias do Executivo e, de outro, as medidas
judiciais do Judiciário. Nós somos quase que irrelevantes”.

Por que, senador? Quais as causas da situação que descreve?


Silêncio. Não fosse o tom brando, o referido discurso teria sido peça
padrão do papo político nacional. Típico, típico, mesmo seria proferi-lo em
tom indignado, numa mesa de bar, como faz a maior parte dos brasileiros.

****
4
A nossa temática institucional, nossa modelagem, para ficar com a
palavra adotada à melhor compreensão destas linhas, tem sido tema de
minhas preocupações e ocupações ao longo dos últimos 30 anos. Talvez
por isso, belo dia, me chega às mãos, por iniciativa do autor, o documento
intitulado "Trinta e três propostas de emendas constitucionais para
alavancar o Brasil".

De início assustou-me a amplitude do trabalho. Trinta e três! Um


pacote e tanto, pensei. No entanto, percebi a inteligência e a originalidade
do esforço empreendido pelo Dr. Rodrigo Carvalho Müller. Com
sagacidade, não adota a arriscada, simplista e perigosa via da "nova
Constituinte". O caminho escolhido é mais escarpado, mas não é suicida. É
possível percorrê-lo, mediante emendas à Carta, dentro do poder
constituinte derivado de que desfruta o Congresso Nacional, na forma da
própria Constituição. Uma nova constituinte abriria espaço para demasias
ainda maiores do que as de 1988. Reformas pontuais, emendas incidindo
sobre temas específicos é conduta mais sábia e prudente.

O autor deu-se ao trabalho de adiantar o serviço. Cada um dos 33


itens explicita o texto que sugere alterar, propõe a nova redação a ser
adotada e a faz acompanhar de uma justificativa com as razões que o
levam a sugerir a mudança. Elas atingem a ordem política, a ordem
econômica, a organização e a forma do Estado.

A probabilidade de que todos os leitores desta obra concordem com


o conjunto inteiro das propostas sugeridas pelo Dr. Rodrigo Carvalho
Müller não deve ser muito grande. Temas constitucionais, especialmente
os temas políticos, são polêmicos. Mas não há como não acolher com
ânimo aberto, simpatia e reconhecimento, um esforço cívico desta
magnitude, num país onde, até hoje, senadores ainda não perceberam os

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tantos defeitos do molde que, desde a Proclamaçãoda República, vem
desenhando nossa desajeitada e mal costurada alfaiataria institucional.

Este trabalho do Dr. Rodrigo é uma importante contribuição, tarefa


desinteressada e missionária, janela aberta para que nosso país ascenda a
um patamar institucional e democrático superior.

* http://www.puggina.org

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Introdução

Brasil, um país do futuro.

Em 1941 o judeu Stefan Zweig publicou o livro “Brasil, um país do


futuro”, exaltando as maravilhas e as características do Brasil. Ele veio da
Europa com sua mulher fugindo da guerra e do nazismo na Europa e se
radicou no Rio de Janeiro.O título deste livro se tornou um epíteto do povo
brasileiro. É reconfortante ouvir que o Brasil é o país do futuro.
Mas há quanto tempo ouvimos e repetimos esta afirmação? Desde a
primeira publicação do livro se passaram 74 anos. Enfim, o futuro chegou, mas
não para o Brasil, não para os brasileiros. Por algum momento deixamos de ser
o país do futuro para nos tornamos definitivamente o país do presente?
Progredimos em muitas áreas, no entanto exibimos vergonhosos
indicadores sociais e problemas típicos de países subdesenvolvidos.
Porém apenas admitir que existem muitas coisas erradas não fará com
que os erros sejam corrigidos espontaneamente. É preciso decidir e agir para
corrigir o que for necessário.
A Ex-primeira-ministra do Reino Unido, Margaret Thatcher durante sua
visita ao Brasil em 1994 declarou que "o Brasil é o país do futuro, mas para
tanto é preciso decidir que o "futuro" é amanhã. E, como bem sabem, isto
significa que as decisões difíceis têm que ser tomadas hoje".
Uma dessas difíceis decisões é a reforma pontual da carta constitucional
de 1988. Após vinte e cinco anos de sua vigência é inquestionável a
necessidade desta reforma.
Muitos dos entraves atuais que impede o país de atingir seu
desenvolvimento político, social e econômico têm guarida na Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988 - CRFB/88.
O autor convicto da importância dessa reforma formulou neste trabalho
trinta e três proposições de emendas a Constituição. É uma proposta de
reforma na estrutura da República Brasileira com a finalidade de fortalecer as
instituições, moralizar a política e aperfeiçoar a democracia brasileira.
Não se trata de uma proposta de caráter revolucionária que visa
modificar violentamente as instituições nacionais e a estrutura do Estado, mas

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sim uma proposta de reforma prudente que leva em consideração os aspectos
tradicionais do Estado Brasileiro e que observa atentamente as cláusulas
pétreas do artigo 60 da constituição.
Propostas como adoção da pena de morte e prisão perpétua ou abolição
dos governos estaduais, são ideias pueris, pois se chocam com princípios
constitucionais. Nenhuma proposta pode ser levada a sério se não houver uma
rigorosa observação das cláusulas pétreas, a menos que o signatário proponha
uma ruptura institucional ao violar os ditames constitucionais vigentes.
Cabe ainda ressaltar que este livro tem por finalidade apenas apontar
alterações de ordem constitucional. Outras questões que precisam ser revistas
e não sejam de matérias constitucionais terá de ser solucionado através de
norma infraconstitucional, como por exemplo, a quantidade exagerada de
assessores parlamentares.
A divisão deste trabalho se dará em três partes. No primeiro capítulo
serão apresentadas as trinta e três propostas de alterações constitucionais,
com as sugestões de novas redações e suas respectivas justificativas.
O segundo capítulo do trabalho será reservado para a análise sobre o
Sistema de Governo Parlamentarista.
E no último capítulo constatará a proposta de nova redação
constitucional especificando as atribuições, forma de eleição e destituição da
Chefia de Governo e da Chefia de Estado, em decorrência da proposta de
adoção do sistema parlamentarista.
Por fim, para aqueles que não têmafinidade com o tema é recomendado
fazer a leitura deste livro acompanhada de uma edição da Constituição.
Boa leitura.

“A probabilidade de fracassarmos na luta não nos deve deter no impulso de combater por
uma causa justa”. Abraham Lincoln.

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Capítulo 1 - Propostas de Emendas Constitucionais.

Seção I
Organização Política

1 - Parlamentarismo: Mudança no “Sistema de Governo”.

Redação atual:
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Redação sugerida:
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo, o Judiciário e a Presidência da República.

Justificativa:
É necessário fazer a devida separação entre Estado e Governo. O
Estado é perene enquanto o Governo é transitório. O Presidente é o Chefe de
Estado (ou o Monarca no caso das monarquias) e tem atribuições distintas das
atribuições do Primeiro-Ministro que é o Chefe de Governo.
O Chefe de Governo é responsável pela nomeação dos demais
ministros e pela administração do governo federal. Ele deve contar com a
aprovação da Câmara dos Deputados para assumir e para permanecer no
cargo. Não possuiu mandato fixo e ode ser destituído a qualquer tempo se for
rejeitado pela maioria. É a figura política mais poderosa do país.
O Chefe de Estado é o comandante supremo das Forças Armadas e das
relações diplomáticas. Deve zelar pelo respeito à Constituição, pela
democracia e pelo aperfeiçoamento das instituições políticas. Se a Câmara dos
Deputados não formar uma maioria estável para apoiar o Primeiro-Ministro o
Presidente deve dissolver o Parlamento e imediatamente convocar novas
eleições. É a figura política mais importante do país.
Com o Sistema Parlamentarista dividem-se as competências e o poder
entre as duas figuras políticas evitando a concentração numa única pessoa.

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2 - Primeiro-Ministro: Criação do cargo de Chefe de Governo.

Redação atual:
CAPÍTULO II
DO PODER EXECUTIVO
Seção I
DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado
pelos Ministros de Estado.

Redação sugerida:
CAPÍTULO
DO PODER EXECUTIVO
Seção
DO PRIMEIRO-MINISTRO

Art. O Poder Executivo é exercido pelo Primeiro-Ministro, auxiliado pelos


Ministros de Estado.

Justificativa:
Naturalmente com a implantação do Sistema Parlamentarista é
necessária a criação do cargo de Primeiro-Ministro. Na abertura da primeira
sessão legislativa do Parlamento Nacional o Presidente da República indicará
dentre os deputados federais um nome para o cargo de Primeiro-Ministro
levando-se em conta o resultado eleitoral e depois de ouvido as lideranças
políticas. A Câmara dos Deputados deverá em cinco dias aprovar por maioria
absoluta o nome indicado ou apresentar um novo nome aprovado igualmente
por maioria absoluta.
O Primeiro-Ministro poderá ser destituído após moção de censura
proposta por um quarto dos deputados federais, acompanhada
obrigatoriamente de um novo nome, e aprovada pela maioria absoluta da
Câmara dos Deputados.
Enquanto tiver a aprovação da Câmara permanecerá no cargo durante
sucessivas legislaturas, contudo poderá ser destituído a qualquer tempo exceto
nos seis primeiros meses de sua posse e nos últimos seis meses do término da
presente legislatura. Seu substituto será o Ministro da Justiça ou outro Ministro
previamente por ele indicado.

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3 - Presidente da República: Apenas atribuições deChefe de Estado.

Redação atual:
CAPÍTULO II
DO PODER EXECUTIVO
Seção I
DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado
pelos Ministros de Estado.

Redação sugerida:
CAPÍTULO
DA PRESIDÊNCIA DA REPÚLICA
Seção
DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Art. A Presidência da República é a chave de toda a organização política e é


delegado privativamente ao Presidente como Chefe Supremo da Nação e seu primeiro
representante, para que incessantemente vele sobre a manutenção da independência,
equilíbrio e harmonia dos mais Poderes Políticos.

Justificativa:
Além da criação do cargo de Primeiro-Ministro é ainda necessário fazer
alterações nas atribuições da Presidência da República, que deverão ser
reduzidas, permanecendo apenas as correlatas à função de Chefia de Estado.
O texto do artigo proposto é uma cópia do artigo 98 da Constituição do
Império do Brasil de 1824 no qual são especificadas as características do
Poder Moderador e do Imperador durante o regime monárquico sendo apenas
substituído as expressões Poder Moderador e Imperador por Presidência da
República e Presidente, respectivamente.
Desta forma o Presidente torna-se um árbitro entre os três Poderes
formulados por Montesquieu: Executivo, Legislativo e Judiciário.
O Presidente será eleito por voto direto, de acordo com a regra atual,
contudo não haverá debate entre os candidatos, haja vista que ele deverá ser
eleito por suas qualificações pessoais para representar o Estado e velar pelo
cumprimento da constituição e não para administrar o governo federal.

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No capítulo 3 deste trabalho foram expostas as propostas de alterações
constitucionais referente ao Presidente e ao Primeiro-Ministro.

4 - VOTO DISTRITAL PURO.

Redação atual:
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo,
eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito
Federal.
§ 1º O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo
Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à
população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para
que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de
setenta Deputados.

§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados.

Redação sugerida:
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo,
eleitos, pelo sistema distrital puro, em cada Estado, em cada Território e no Distrito
Federal.
Parágrafo Único. Os candidatos concorrerão apenas no distrito eleitoral onde
possuírem domicilio eleitoral e os partidos apresentarão apenas um candidato por
distrito eleitoral.

§ 1º. O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e


pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à
população procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para
que toda unidade da Federação tenha ao menos de um deputado.

Justificativa:

O sistema proporcional apresenta diversas distorções que acabam por


desacreditar o Poder Legislativo e o sistema representativo perante o
eleitorado. Com o voto distrital puro pretende-se corrigir essas deformidades
dividindo o país em 513 distritos eleitorais - que é o número de vagas de
deputados federais.
Os candidatos disputarão as eleições em apenas um único distrito
eleitoral - naquele distrito onde é seu domicílio eleitoral - e será eleito apenas
um candidato por distrito eleitoral.
Tomamos como exemplo o estado de Santa Catarina, que elege 16
deputados federais. Neste caso, dividir-se-ia o estado em 16 distritos eleitorais.
E os candidatos concorrerão somente em um distrito eleitoral e não no estado
inteiro.
O mesmo processo será repetido para a escolha de deputados
estaduais e de vereadores. Citando ainda o exemplo de Santa Catarina que

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tem 40 vagas na Assembleia Legislativa de Santa, o Estado deveria ser
dividido em 40 distritos eleitorais para a eleição dos 40 deputados estaduais
onde cada candidato concorreria apenas em um distrito eleitoral e não no
Estado inteiro. O mesmo procedimento seria aplicado nos municípios para a
escolha dos vereadores.
Com o atual sistema durante eleição de 2014 no Estado de Santa
Catarina 124 candidatos disputaram as 16 vagas de deputados federais.
Outros 404 candidatos disputaram as 40 vagas de deputados estaduais1. São
muitos candidatos concorrendo pelo estado inteiro para o eleitor analisar.
O voto distrital facilitaria a tarefa do eleitor de escolher em quem votar,
analisando cuidadosamente as propostas de cada candidato, já que haveria
menos candidatos concorrendo pelo distrito do que atualmente ocorre no
sistema proporcional.
Assim os eleitores estariam mais próximos de seu representante na
Câmara dos Deputados - e também na Assembleia Legislativa e na Câmara de
Vereadores - para cobrá-lo e fiscalizá-lo, já que o político eleito por
determinado distrito eleitoral será um morador da respectiva região.
E somente seriam eleitos os que efetivamente recebessem votos. Nas
eleições de 2010, somente 36 deputados federais foram eleitos com votos
próprios. Os demais foram beneficiados pela regra do quociente eleitoral. Cita-
se o exemplo do Deputado Tiririca, que teve 1,3 milhões de votos e garantiu
uma vaga para mais três candidatos de seu partido2.
O voto corporativo também desapareceria, pois sua base eleitoral é
geograficamente diluída. Mais uma vez ganharia a sociedade, visto que um
deputado não deve defender apenas interesse de um segmento da sociedade.
Na última eleição foram eleitos 35 sindicalistas e 21 líderes religiosos3.
Como a campanha se daria em apenas um distrito eleitoral seu custo
seria em muito reduzido evitando a necessidade de campanhas milionárias e o
possível comprometimento de candidatos com seus financiadores
Conclui-se que haveria uma redução da corrupção, conforme estudo da
cientista política Mirian Golden, da Universidade da Califórnia: “Quando a
campanha eleitoral tem de ser feita em regiões muito grandes e com vários

1
http://www.tre-sc.jus.br/site/eleicoes/eleicoes-2014/resultado-1o-turno/index.html

2
Revista Veja. Edição de 7 de setembro de 2011.
3
Revista Veja. Edição de 7 de setembro de 2011.

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partidos, os estímulos para obter recursos ilegais são mais fortes do que o
medo das denúncias de adversários”4.
Outra disparidade grotesca a ser corrigida, será a representação do
eleitorado na Câmara dos Deputados, onde um deputado federal eleito por
Roraima representa 21 mil eleitores e em São Paulo representa 280 mil
eleitores. É preciso "acabar com o dispositivo constitucional que determina que
cada estado tenha no mínimo 8 deputados federais e no máximo 70
deputados”.
Como a Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo,
os distritos serão formados de acordo com o número de eleitores: Um eleitor,
um voto. Cada Deputado Federal deverá ser representante da mesma
quantidade de eleitores. Porém será assegurado que os estados tenham ao
menos um representante na Câmara dos Deputados. O mesmo critério - um
eleitor, um voto - será utilizado para a definição dos distritos eleitorais nas
eleições estaduais e municipais.

5 - Novo Senado Federal.

Redação atual:
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do
Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário.

§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato


de oito anos.

§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de


quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços.

§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes.

Redação proposta:
Art. 46. O Senado Federal compor-se-á de dois representantes dos Estados e
do Distrito Federal, sendo um oriundo do Poder Executivo Estadual e Distrital e outro
oriundo do Poder Legislativo Estadual e Distrital.

§ 1º O mandato dos Senadores será de quatro anos.

§ 2º Os Deputados Estaduais e Distritais elegerão dentre seus pares um nome


para ocupar uma vaga no Senado Federal e a vaga remanescente na Assembleia
Legislativa e Distrital será ocupada pelo segundo deputado estadual e distrital mais
votado no distrito deste deputado que foi eleito Senador.

§ 3º O outro Senador deverá integrar a mesma chapa que os candidatos a


governador e vice-governador e desta forma ser eleito diretamente pelo povo em

4
Revista Veja. Edição de 7 de setembro de 2011.

14
eleição majoritária. Seu substituto será um Deputado Estadual ou Distrital eleito pela
respectiva Assembleia.

Justificativa:
Tradicionalmente o Brasil utiliza o parlamento bicameral desde sua
independência com a fundação do Império do Brasil e o manteve durante todo
o período republicano.
Os países com organização federativa adotam o parlamento bicameral
com o Senado Federal representando as unidades federativas e com a Câmara
de Deputados representando o povo. Se os Senadores são representantes dos
Estados, compreende-se neste caso, o Poder Executivo e o Poder Legislativo
do respectivo Estado, que são diretamente eleitos pelo povo.
Na atual legislação brasileira os eleitores elegem diretamente senadores
e deputados. Neste caso podem-se eleger senadores de partidos opostos e
adversários do governador eleito e assim não haver nenhuma representação
positiva e benéfica ao estado de origem devido a falta de sintonia entre
governador e senadores. A presente proposta pretende corrigir e evitar esta
possibilidade fazendo com que senadores sejam efetivamente representantes
dos Estados e que ao menos um senador esteja em consonância com o
governado estadual já que comporão a mesma chapa.
Outra grande vantagem desta proposta é a eliminação de despesas nas
campanhas para Senadores.
.
6 - Extinção do carreirismo político.
Redação atual:
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se
compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos.

Redação proposta:
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Parlamento Nacional, que se
compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos.

§ 1º - Todas as eleições nos três níveis de governo serão unificadas na mesma


data.

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§ 2º - Não haverá reeleição nem será permitido concorrer a qualquer cargo
eletivo nos três níveis de governo na legislatura subsequente ao término do atual
mandato.

Justificativa:
A alternância do poder é um dos fundamentos da democracia. Portanto
é imprescindível acabar definitivamente com a profissão de político por meio da
extinção do instituto da reeleição. É comum casos de políticos eternizados no
poder. Isso impede renovação dos quadros, a inovação de ideias e facilita
sobremaneira a corrupção.
Mas não basta impedira reeleição para acabar com o carreirismo
político: É necessário impedir também o exercício ininterrupto de qualquer
mandato político eletivo no Executivo e no Legislativo nas três esferas de
governo. Se não houver essa disposição constitucional poderíamos ver
políticos exercendo um mandato de vereador, outro mandato de prefeito, outro
de deputado estadual, outro de governador, outro de deputado federal, e assim
sucessivamente. Isto prejudica a democracia.
O candidato deve exercer um único mandato e voltar a sua profissão de
origem, exercer um cargo de autoridade política numa legislatura e na
legislatura subsequente voltar a ser um cidadão comum. Não devemos permitir
que exista a possiblidade de alguém se eternizar na politica.
Ainda verifica-se a necessidade que todas as eleições ocorram na
mesma data, para que as eleições municipais não sejam influenciadas pelas
eleições estaduais e federais, além da economia de recursos públicos com os
gastos na realização de outro pleito.

7 - Cláusula de barreira para a Câmara de Deputados.


Redação atual:
Não existe cláusula de barreira no Brasil. Qualquer partido, por menor que seja
sua representatividade, pode concorrer a todos os cargos eletivos.

Redação proposta:
Art. 44. [...]
§ 3º - Para concorrera eleição para a Câmara dos Deputados é necessário que
na eleição anterior o respectivo partido tenha atingido o mínimo de 5% dos votos
válidos distribuídos em pelo menos nove estados, incluídos nesse montante o total dos
votos para os Poderes Legislativo e Executivo nos três níveis de governo.

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Justificativa:
A intenção da proposta não é limitar a criação de partidos, extinguir ou
dificultar a atuação dos partidos pequenos, mas sim exigir que na Câmara dos
Deputados apenas participe partidos com uma sólida representatividade.
O Primeiro-Ministro saíra dos quadros da Câmara e é preciso que haja
um mínimo de estabilidade para o consenso na escolha do nome e sua
manutenção ou numa eventual destituição.
Os partidos políticos terão quatro anos - o período de uma legislatura –
para promover suas ideias e angariar votos e apoio dos eleitores para então na
eleição seguinte conquistar o direito de lançar candidatos à Câmara dos
Deputados.
O TSE ficará responsável pela apuração deste percentual e pela
autorização do lançamento de candidatos à Câmara dos Deputados na eleição
subsequente quando o partido politico atingir tal percentual de votos.

8 - Voto aberto nas deliberações legislativas.

Justificativa:
Todo ato público deve ser de conhecimento público, desde a escolha de
embaixadores a destituição de Primeiros-Ministros. É de interesse e é um
direito do eleitor saber como votam o deputado federal, o deputado estadual e
o vereador de seu distrito e os senadores de seu Estado.
Democracia também pressupõe transparência no trato da coisa pública.
Em todas as deliberações legislativas, o processo se dará de forma
ostensiva a fim de que o eleitorado possa avaliar como cada envolvido no pleito
votou.
Sigilo é pertinente apenas em situações que comprometam a segurança
nacional ou de seus agentes, como em caso de guerra ou questões pontuais,
como as relacionadas à Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), por exemplo.

9 - Condições para elegibilidade: Idade mínima.

Redação atual:
A) Art. 14. [...]
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:

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[...]
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito
Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital,
Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para Vereador.

B) Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de


vinte e um anos e no exercício dos direitos políticos.

Redação proposta:

A)Art. 14. [...]


§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
[...]
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) vinte e cinco anos para Deputado Federal
c) e os demais conforme previsão nas Leis Orgânicas municipais, nas
Constituições Estaduais e em lei federal.

B) Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de


trinta e cinco e no exercício dos direitos políticos.

Justificativa:
É extremamente salutar o interesse da juventude pelos assuntos
políticos do país, contudo a responsabilidade por decisões que afetarão a vida
de todos deve estar alicerçada numa sólida experiência além do respaldo nas
urnas. Entre os vinte e trintas anos a maioria dos jovens ainda estão
empenhados em consolidar uma carreira profissional.
Portanto a idade mínima para concorrer a uma vaga na Câmara dos
Deputados passa a ser de vinte e cinco anos e para ser empossado Ministro de
Estado trinta e cinco anos.
Os Estados decidirão quanto as idades mínimas de seus agentes
políticos, assim como os municípios, observadas as constituições estaduais.

10 - Condições para elegibilidade: Escolaridade mínima.

Redação atual:
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto
direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
[...]
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

18
Redação proposta:
§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os que não possuírem diploma de
conclusão do Ensino Médio ou equivalente.

Justificativa:

A CRFB/88 diz que são inelegíveis os analfabetos e os inalistáveis (que


são os estrangeiros e os jovens durante o serviço militar obrigatório). Basta ao
cidadão saber ler e escrever para concorrer a eleição enquanto que para
conquistar uma vaga de chefia e liderança no mercado de trabalho exige-se
qualificação constante do profissional.
Uma matéria publicada pela revista Época Negócios em 2014
demonstrou os resultados de uma pesquisa realizada com os líderes das 120
maiores empresas do país: Apenas 5% dos CEOs não possuem curso
superior. Porém eles são proprietários das empresas que dirigem.
Portanto plenamente aceitável a exigência da conclusão de pelo menos
o ensino médio para se candidatar a qualquer cargo político5.
Não se trata de criar um modelo eleitoral aristocrático e discriminatório,
mas sim de exigir uma qualificação mínima para aqueles que pretendem
ocupar cargos políticos e tomar decisões que afetarão a todos os cidadãos.
Seria discriminatóriaa exigência da conclusão do ensino superior neste
momento, pois conforme o Tribunal Superior Eleitoral, apenas 5,5% dos
eleitores em 2014 concluíram curso superior6.
E, afinal, é assegurado a todo cidadão acesso a escola pública e gratuita
para a formação no ensino médio e fundamental.
A exigência de conclusão do ensino médio evitaria também contendas
desnecessárias e situações humilhantes como a que passou o deputado
Tiririca ao ter que provar que não era analfabeto.

Seção II
Participação Popular
11 - Voto facultativo para maiores de 16 anos.

5
http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Resultados/noticia/2014/05/quer-ser-presidente.html
6
http://www.ebc.com.br/noticias/politica/2014/07/maioria-dos-eleitores-tem-ensino-fundamental-
incompleto-diz-tse

19
Redação atual:
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto
direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
[...]
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:

I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;

II - facultativos para:

a) os analfabetos;

b) os maiores de setenta anos;

c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

Redação proposta:

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto
direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
[...]
§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:

I - Revogado.

II - Facultativos todos os maiores de dezesseis anos.

Justificativa:
O cidadão deve ser estimulado a participar da atividade pública, mas
não obrigado em virtude da lei. Tal obrigação se constitui mais num fardo que
não num direito.
Considera-se a idade mínima de dezesseis anos porque a lei já
estabelece o voto facultativo aos maiores de dezesseis anos.

12 - Projeto de Lei de Iniciativa Popular.

Redação atual:
Art. 61. [...]
§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos
Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado
nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos
por cento dos eleitores de cada um deles.
Redação proposta:
Art. 61
[...]

20
§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos
Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado
nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos
por cento dos eleitores de cada um deles.
§ 3º A Câmara dos Deputados disponibilizará em seu sítio na internet espaço
para a proposição de projetos de iniciativa popular e espaço para a subscrição por
parte do povo dos projetos propostos.
§ 4º Para propor projeto de lei de iniciativa popular o cidadão deverá registrar
seu projeto no site e enviar o formulário específico digitalizado com sua assinatura
reconhecida em cartório. Para subscrever projeto o procedimento será o mesmo citado
anteriormente.
§ 5º Os projetos de iniciativa popular ficarão expostos no site da Câmara dos
Deputados pelo período de quatro anos. Assim que determinada proposição atingir o
percentual exigido no parágrafo 2º o projeto seguirá o tramite ordinário do processo
legislativo. Se não atingir o percentual exigido nos quatro anos o projeto será retirado
do site.

Justificativa:

A democracia indireta, onde periodicamente o povo elege diretamente


seus representantes, não significa que a participação ativa do eleitorado se
dará apenas nos pleitos eleitorais. A CRFB/88 já estabelece alguns institutos
representativos da democracia semidireta: O referendo, o plebiscito e a
iniciativa popular.
A intenção desta proposta é utilizar a tecnologia da internet para
promover a participação popular do eleitorado na atividade política nacional ao
facilitar a exposição e divulgação das ideias dos eleitores de todo o país.
Bastaria ao eleitor proponente registrar seu projeto no site anexando o
formulário especifico digitalizado com sua assinatura reconhecida em cartório.
Todo aquele que ler o respectivo projeto no sítio da Câmara dos Deputados na
internet e desejar subscreve-lo deverá fazer o mesmo procedimento para a
proposição do projeto de lei.
Facilitar esse procedimento não significa vulgarizá-lo, tanto que se deve
exigir que o eleitor reconheça em cartório sua assinatura do formulário para
apresentar uma proposição tanto quanto para subscrever aquela que ele
concorda. Isso não é apenas uma petição online ou uma curtida no facebook.
Este instituto deverá ser utilizado pelo eleitor com seriedade e ponderação.

Seção III
Composição dos Conselhos

21
13 - Conselho da República

Redação atual:

Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente


da República, e dele participam:

I - o Vice-Presidente da República;
II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
III - o Presidente do Senado Federal;
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados;
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal;
VI - o Ministro da Justiça;
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade,
sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal
e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a
recondução.

Redação proposta:
Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente
da República, e dele participam:

I - o Primeiro-Ministro;
II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
III - o Presidente do Senado Federal;
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados;
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal;
VI - o Ministro da Justiça;
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade,
sendo nomeados pelo Presidente da República, todos com mandato de três anos,
vedada a recondução.
VII - o Ministro das Relações Exteriores
VIII - o Ministro do Planejamento
IX - o Ministro da Defesa
X - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica
XI - o Diretor da ABIN
XII - o Diretor da DPF
XIII - o Presidente do STF
XIV - o Presidente do STJ
XV - o Promotor-Geral da União

22
XVI - o Promotor-Geral de Justiça (alternadamente, um por Estado, em ordem
alfabética pelo nome do Estado, para mandato de três anos, vedada a recondução)

Justificativa:
A proposta é ampliar as vagas do conselho para contemplar
equilibradamente representantes de todos os Poderes do Estado - Executivo,
Legislativo, Judiciário e a Presidência, considerando a adoção do
Parlamentarismo - e acrescentar dirigentes de outras instituições essenciais na
organização do Estado Brasileiro e no fortalecimento da democracia: Ministério
Público, Forças Armadas, ABIN e Polícia Federal. E com isso equilibrar o
número de integrantes entre servidores de carreira, políticos e cidadãos
nomeados pelo Presidente.
E com a adoção do Parlamentarismo o Primeiro-ministro passa também
a ter competência para convocar o conselho. Os membros do conselho reunido
o número de dois terços podem convocar a reunião. Em ambos os casos cabe
ao Presidente da República a presidência da reunião. Essas modificações
constarão em lei específica, conforme com o atual parágrafo 2º do artigo 90.

14 - Composição do Conselho de Defesa Nacional


Redação atual:

Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da


República nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado
democrático, e dele participam como membros natos:

I - o Vice-Presidente da República;
II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
III - o Presidente do Senado Federal;
IV - o Ministro da Justiça;
V - o Ministro de Estado da Defesa
VI - o Ministro das Relações Exteriores;
VII - o Ministro do Planejamento.
VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
Redação proposta:
Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da
República nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado
democrático, e dele participam como membros natos:
I - o Primeiro-Ministro;

23
II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
III - o Presidente do Senado Federal;
IV - o Ministro da Justiça;
V - o Ministro de Estado da Defesa;
VI - o Ministro das Relações Exteriores;
VII - o Ministro do Planejamento.
VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
IX - Diretor da Agência Brasileira de Inteligência.
X - Diretor do Departamento de Polícia Federal.

Justificativa:
É imprescindível a participação dos diretores da Agência Brasileira de
Inteligência - ABIN - e do Departamento de Polícia Federal - DPF - no
Conselho de Defesa Nacional. São duas instituições essenciais para a
produção de dados que irão subsidiar as decisões políticas, sobretudo quando
se fizer necessário a convocação para reunião do conselho.
E com a adoção do Parlamentarismo o Primeiro-ministro passa também
a ter competência para convocar o conselho. Os membros do conselho reunido
o número de dois terços podem convocar a reunião. Em ambos os casos cabe
ao Presidente da República a presidência da reunião. Essas modificações
constarão em lei específica, conforme com o atual parágrafo 2º do artigo 91.

Seção IV
Pacto Federativo: Estados e Municípios

15 - Assembleias Legislativas dos Estados.

Redação atual:

Art. 27. O número de Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao


triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de
trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de
doze.

§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-


lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades,
remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças
Armadas.

24
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de iniciativa da
Assembléia Legislativa, na razão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele
estabelecido, em espécie, para os Deputados Federais, observado o que dispõem os
arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.

§ 3º Compete às Assembléias Legislativas dispor sobre seu regimento interno,


polícia e serviços administrativos de sua secretaria, e prover os respectivos cargos.

§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legislativo estadual.

Redação proposta:

Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa Estaduais será


fixado por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa.

§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-


lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades,
remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças
Armadas.

§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de iniciativa da


Assembleia Legislativa.

§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre seu regimento interno,


polícia e serviços administrativos de sua secretaria, e prover os respectivos cargos.

§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legislativo estadual.

Justificativa:
É consenso a necessidade de se reformular o pacto federativo no Brasil.
Se logo após a independência de Portugal o governo monárquico brasileiro
teve necessidade de exercer uma forte centralização administrativa e política
hoje devemos percorrer o caminho inverso.
A União concentra grande percentual da arrecadação tributária e a
consequente responsabilidade de executar e financiar obras e projetos por todo
o país. A república herdou do Império um país unificado, um território com
dimensões continentais e com fronteiras definidas. Portanto, hoje, com a quinta
maior população do mundo e um território gigantesco, não existe mais
necessidade desta concentração de poder no governo central.
Os entes federados devem ter maior autonomia frente à União para
formular políticas de seus interesses de acordo com as características e
necessidade de cada região. Para isso é primordial rever a partilha de recursos
públicos e respectivas obrigações da união, estados, distrito federal e
municípios. Pacto federativo pressupõe divisão adequada dos tributos.

25
A questão da reforma tributária e partilha dos recursos a fim de
promover o pacto federativo com maior autonomia dos entes federados será
proposta neste trabalho na proposta de número 31.
Neste tópico a proposta é permitir que os estados definam o número dos
seus deputados, o valor do subsídio de seus agentes políticos, ou se haverá
subsídio, condições de elegibilidade, todavia em consonância com a CRFB/88.

16 - Câmeras de Vereadores Municipais.

Redação atual:

Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o
interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara
Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição,
na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:

I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para mandato de


quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo realizado em todo o País;

II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro domingo de


outubro do ano anterior ao término do mandato dos que devam suceder, aplicadas as
regras do art. 77, no caso de Municípios com mais de duzentos mil eleitores;

III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do ano subseqüente


ao da eleição;

IV - para a composição das Câmaras Municipais, será observado o limite máximo


de:

a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze mil) habitantes;

b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000 (quinze mil)


habitantes e de até 30.000 (trinta mil) habitantes;

[...]

x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 8.000.000 (oito


milhões) de habitantes;

V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Municipais fixados


por lei de iniciativa da Câmara Municipal, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39,
§ 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;

VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câmaras Municipais


em cada legislatura para a subseqüente, observado o que dispõe esta Constituição,
observados os critérios estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes
limites máximos:

26
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
corresponderá a vinte por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;

[...]

f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos


Vereadores corresponderá a setenta e cinco por cento do subsídio dos Deputados
Estaduais;

VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores não poderá


ultrapassar o montante de cinco por cento da receita do Município;

VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no


exercício do mandato e na circunscrição do Município;

IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, similares, no que


couber, ao disposto nesta Constituição para os membros do Congresso Nacional e na
Constituição do respectivo Estado para os membros da Assembléia Legislativa;

X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;

XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câmara Municipal;

XII - cooperação das associações representativas no planejamento municipal;

XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da


cidade ou de bairros, através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do
eleitorado;

XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, parágrafo único.

Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Municipal, incluídos os


subsídios dos Vereadores e excluídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar
os seguintes percentuais, relativos ao somatório da receita tributária e das
transferências previstas no § 5o do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente
realizado no exercício anterior:

I - 7% (sete por cento) para Municípios com população de até 100.000 (cem mil)
habitantes;

[...]

VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Municípios com
população acima de 8.000.001 (oito milhões e um) habitantes.

§ 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cento de sua receita
com folha de pagamento, incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores.

§ 2o Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Municipal:

I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste artigo;

II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou

27
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei Orçamentária.

§ 3o Constitui crime de responsabilidade do Presidente da Câmara Municipal o


desrespeito ao § 1o deste artigo.

Nova redação:

Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o
interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara
Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição,
na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:

I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para mandato de


quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo realizado em todo o País;

II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro domingo de


outubro do ano anterior ao término do mandato dos que devam suceder, aplicadas as
regras do art. 77, no caso de Municípios com mais de duzentos mil eleitores;

III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do ano subseqüente


ao da eleição;

IV - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no


exercício do mandato e na circunscrição do Município;

V - proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, similares, no que


couber, ao disposto nesta Constituição para os membros do Congresso Nacional e na
Constituição do respectivo Estado para os membros da Assembléia Legislativa;

VI - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;

VII - organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câmara Municipal;

VIII - cooperação das associações representativas no planejamento municipal;

IX - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da


cidade ou de bairros, através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do
eleitorado;

X - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, parágrafo único.

Justificativa:
O número de vereadores, o valor do subsídio, ou se haverá subsídio, a
despesa e os investimentos do município são matérias de competência de lei
municipal. Portanto estas questões de interesse municipal serão debatidas e
aprovadas pela Câmara de Vereadores, desde que estejam em consonância
com a constituição estadual. A Constituição Federal não deve interferir na
estrutura politica-administrativa dos municípios.

28
A reforma tributária e partilha dos recursos mencionados na proposta
de número 31 também contempla municípios para permitir maior autonomia
destes em relação aos Estados e a União.

SEÇÃO V
Poder Judiciário

17- Fim do Quinto Constitucional.

Redação atual:

Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais
dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do
Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber
jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional,
indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes.

Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice,


enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subseqüentes, escolherá um de
seus integrantes para nomeação.

Redação proposta:

Art. 94. Revogado.

Parágrafo único. Revogado.

Justificativa:
O acesso ao cargo de desembargo é uma promoção, uma progressão
na carreira do juiz que ingressou na carreira da magistratura por meio de
concurso público. Desta maneira a única forma de acesso aos Tribunais de
Justiça dos Estados, do Distrito Federal e Territórios será pela progressão na
carreira da magistratura.
Para contestar argumentos em favor da manutenção deste instituto como,
por exemplo, "para que os tribunais tenham uma constituição arejada e em prol
da sociedade" ou "colaborar para um julgamento mais democrático" basta a
lembrança de que a República Federativa do Brasil se constitui em Estado
Democrático de Direito. Portanto, os tribunais não são formados por
magistrados nomeados por um rei absolutista ou por um presidente ditatorial,
mas sim por cidadãos que foram aprovados em concurso público de provas e

29
títulos e que foram promovidos em suas carreiras de acordo com critérios
legais previamente estabelecidos.
Não devemos permitir interferência política e tráfico de influência na
composição dos membros dos tribunais. Reformar o atual instituto não é
suficiente. É necessária a extinção. Fazer eleição direta por advogados e
promotores para escolher um nome para ocupar a vaga do quinto
constitucional não é menos prejudicial e deve ser descartada a essa ideia. Não
devemos permitir verdadeiras campanhas políticas entre advogados e
promotores para integrar os tribunais.
Já contamos com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que é uma
instituição pública que visa aperfeiçoar o trabalho do sistema judiciário
brasileiro, principalmente no que diz respeito ao controle e à transparência
administrativa e processual”7.
Dos quinze membros que compõe o CNJ dois são advogados, dois são
cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada e dois são membros do
Ministério Público, ou seja, quarenta por cento dos membros do órgão que
controla e fiscaliza a magistratura no país é formada por profissionais de fora
da magistratura.

18 - Composição do Supremo Tribunal Federal.

Redação atual:

Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos


dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de
idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada.

Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados


pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do
Senado Federal.

Redação proposta:

Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, eleitos


pelos Ministros do Superior Tribunal de Justiça dentre seus pares que tenham no
mínimo dois anos de experiência.
Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão aposentados quando
completarem oito anos de atividade ou quando atingirem a idade estabelecida para a
aposentadoria compulsória.

7
http://www.cnj.jus.br/sobre-o-cnj/quem-somos-visitas-e-contatos

30
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão empossados
pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do
Senado Federal.

Justificativa:
É vital livrar o Supremo Tribunal Federal da influência direta do Poder
Executivo e reforçar a independência entre os Poderes do Estado. A
constituição confere ao Presidente uma liberdade muita elástica quanto a
nomeação dos Ministros do STF ao estabelecer critérios subjetivos
como notável saber jurídico e reputação ilibada.
Há neste caso duas grandes falhas no sistema de escolha dos Ministros:
a) A escolha monocrática pelo Presidente; b) Os critérios extremamente
subjetivos na escolha.
Ao retirar do Presidente a prerrogativa de escolha unipessoal dos
Ministros do STF evitamos a possibilidade de se criar vínculos escusos entre
os Poderes do Estado. E com Ministros oriundos do STJ reforçamos a
independência e isenção do STF por se tratar de servidores de carreira
concursados apartados da política partidária, afinal estes julgarão atos dos
demais Poderes do Estado à luz da constituição.
Com isso também garantimos a excelência técnica da composição do
STF, pois os Ministros serão juristas com uma longa e destacada carreira na
magistratura, escolhidos por seus pares em virtude de suas qualificações
pessoais e profissionais.
Devido a importância do Supremo Tribunal Federal - última instância do
Poder Judiciário e tribunal constitucional - o nome escolhido pelo STJ será
submetido a aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal. Uma decisão
colegiada do Senado para ratificar a decisão colegiada do STJ.
Embora seja um cargo vitalício, os Ministros do STF deverão ser
aposentados compulsoriamente quando completarem oito anos de atividade –
caso não tenham atingido a idade máxima para a aposentadoria compulsória -
a fim de garantir a salutar renovação do tribunal.

19 - Composição do Superior Tribunal de Justiça.

Redação atual:

31
Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três
Ministros.

Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados


pelo Presidente da República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos
de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de
aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:

I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre


desembargadores dos Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo
próprio Tribunal;

II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério


Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados
na forma do art. 94.

Redação proposta:

Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de um Ministro eleito por


cada Tribunal de Justiça e cada Tribunal Regional Federal dentre os
desembargadores com mínimo dois anos de experiência.

Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão


empossados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria
absoluta do Senado Federal.

Justificativa:
Com o fim do quinto constitucional não há mais vagas para advogados e
promotores no Superior Tribunal de Justiça. Da mesma forma como que
ocorrerá no Supremo Tribunal Federal, o Superior Tribunal de Justiça será
composto por Ministros oriundos da magistratura de carreira.

20 - Composição dos Tribunais Regionais Federais.

Redação atual:

Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete


juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente
da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos,
sendo:

I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade


profissional e membros do Ministério Público Federal com mais de dez anos de
carreira;

II - os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos


de exercício, por antigüidade e merecimento, alternadamente.

32
Redação proposta:

Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete


juízes, oriundos da magistratura de carreira mediante promoção de juízes federais por
antiguidade e merecimento, alternadamente.

Justificativa:
Com o fim do quinto constitucional não há mais vagas para advogados e
promotores nos Tribunais Regionais Federais. Da mesma forma como que
ocorrerá no Supremo Tribunal Federal, os Tribunais Regionais Federais serão
compostos por magistrados oriundos da magistratura de carreira.

21 - Composição do Tribunal Superior do Trabalho

Redação atual:

Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete


Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de
sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela
maioria absoluta do Senado Federal, sendo:

I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade


profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de
efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;

II os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da


magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.

Redação proposta:

Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de um Ministro eleito


por cada Tribunal Regional do Trabalho dentre os magistrados com mais de dois anos
de experiência.

Parágrafo único. Os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho serão


empossados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria
absoluta do Senado Federal.

Justificativa:
Com o fim do quinto constitucional não há mais vagas para advogados e
promotores no Tribunal Superior do Trabalho. Da mesma forma como que
ocorrerá no Supremo Tribunal Federal, o Tribunal Superior do Trabalho será
composto por Ministros oriundos da magistratura de carreira. Cada um dos
vinte e quatro Tribunais Regionais do Trabalho - TRT – elegerá um de seus
magistrados para compor o Tribunal Superior do Trabalho.

33
22 -Composição dos Tribunais Regionais do Trabalho.

Redação atual:
Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete
juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente
da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos,
sendo:
I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de
efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;
II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antigüidade e
merecimento, alternadamente.

Redação proposta:

Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete


juízes, oriundos da magistratura de carreira mediante promoção de juízes do trabalho,
por antiguidade e merecimento, alternadamente.

Justificativa:
Com o fim do quinto constitucional não há mais vagas para advogados e
promotores nos Tribunais Regionais do Trabalho. Da mesma forma como que
ocorrerá no Supremo Tribunal Federal, os Tribunais Regionais do Trabalho
serão compostos por juízes oriundos da magistratura de carreira.

23 - Composição do Tribunal Superior Eleitoral.

Redação atual:

Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete


membros, escolhidos:

I - mediante eleição, pelo voto secreto:

a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;

b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;

II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis


advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo
Tribunal Federal.

Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-


Presidente dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral
dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.

34
Nova Redação:
Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete
membros, escolhidos:

I - mediante eleição:
a) quatro juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;
b) três juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;

II –Revogado.

III - Os Ministros serão empossados pelo Presidente da República.

Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-


Presidente dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral
dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.

Justificativa:
Com o fim do quinto constitucional não há mais vagas para advogados
no Tribunal Superior Eleitoral. Da mesma forma como que ocorrerá no
Supremo Tribunal Federal, o Tribunal Superior Eleitoral será composto por
Ministros oriundos da magistratura de carreira.
E o voto passará a ser aberto e não secreto, da mesma forma que as
deliberações legislativas, conforme o item 6 deste capítulo.

24 - Composição dos Tribunais Regionais Eleitorais.

Redação atual:

Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no


Distrito Federal.

§ 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:

I - mediante eleição, pelo voto secreto:

a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;

b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;

II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou


no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso,
pelo Tribunal Regional Federal respectivo;

III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis
advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de
Justiça.

35
§ 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente
dentre os desembargadores.

Redação proposta:

Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no


Distrito Federal.
§ 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:
I - mediante eleição, pelo voto aberto:
a) de três juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;
b) de três juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;
II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou
no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso,
pelo Tribunal Regional Federal respectivo;
III - Revogado.
§ 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente-
dentre os desembargadores

Justificativa:
Com o fim do quinto constitucional não há mais vagas para advogados
nos Tribunais Regionais Eleitorais. Da mesma forma como que ocorrerá no
Supremo Tribunal Federal, os Tribunais Regionais Eleitorais serão compostos
por Ministros oriundos da magistratura de carreira.
E o voto passará a ser aberto e não secreto, da mesma forma que as
deliberações legislativas, conforme o item 6 deste capítulo.

25 - Composição do Superior Tribunal Militar.


Redação atual:

Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros vitalícios,


nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado
Federal, sendo três dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais
do Exército, três dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto
mais elevado da carreira, e cinco dentre civis.

Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da


República dentre brasileiros maiores de trinta e cinco anos, sendo:

I - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de
dez anos de efetiva atividade profissional;

II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério


Público da Justiça Militar.

36
Redação proposta:
Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros vitalícios,
nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado
Federal, sendo três dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais
do Exército, três dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto
mais elevado da carreira, e cinco dentre civis.
Parágrafo único. Os Ministros civis serão eleitos por juízes auditores e por
membros do Ministério Público da Justiça Militar dentre seus pares e empossados pelo
Presidente da República depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do
Senado Federal.

Justificativa:
Com o fim do quinto constitucional não há mais vagas para advogados
no Superior Tribunal Militar, da mesma forma como que ocorrerá no Supremo
Tribunal Federal. Os Ministros Civis do Superior Tribunal Militar serão oriundos
da magistratura e promotoria de carreira.

Seção VI
Órgãos de Fiscalização

26 - Tribunal de Contas.

Redação atual:

Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede
no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional,
exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96. .

§ 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre


brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos:

I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;

II - idoneidade moral e reputação ilibada;

III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou


de administração pública;

IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade


profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior.

§ 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos:

I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal,


sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao
Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antigüidade e
merecimento;

37
II - dois terços pelo Congresso Nacional.

[...]

Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à


organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do
Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.

Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de


Contas respectivos, que serão integrados por sete Conselheiros.

Redação proposta:

Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros,


aprovados em concurso público de provas e títulos, tem sede no Distrito Federal,
quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que
couber, as atribuições previstas no art. 96.
[...]
Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à
organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do
Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.
Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de
Contas respectivos, que serão integrados por sete Conselheiros aprovados em
concurso público de provas e títulos.

Justificativa:
A adoção de concurso público para recrutamento de Ministros do
Tribunal de Contas da União é uma das principais propostas sugeridas neste
trabalho, pois critérios estabelecidos pela constituição para a nomeação dos
Ministros como idoneidade moral e reputação ilibada, notórios conhecimentos
jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública
e mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional
que exija os conhecimentos mencionados, tem sido preteridos por critérios
políticos prejudiciais ao interesse do país.
Em abril de 2014 o Instituto Transparência Brasil divulgou relatório sobre
os 238 conselheiros dos 34 tribunais de contas existentes no país: "A pesquisa
mostra que 60% deles são ex-políticos, 20 % sofrem processos na Justiça ou
foram punidos pela Justiça Eleitoral ou pelos próprios TCs por irregularidades
administrativas e ao menos 15% são parentes de políticos"8.

8
http://www.excelencias.org.br/docs/tribunais_de_contas.pdf

38
A isso se contam as nomeações de pessoas sem capacidade, formação
e experiência para o desempenho da função, como por exemplo, a indicação
de dentista, veterinários entre outros.
O Tribunal de Contas da União tem uma importantíssima missão que
consiste na "fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta 9" e por
isso deve ser composto por Ministros sem vínculos políticos, com experiência
e formação adequadas e isento de processos judiciais e administrativos.

27 - Promotor-Geral da União:Chefe do Ministério Público da União.

Redação atual:

Art. 128. O Ministério Público abrange:

[...]

§ 1º O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da


República, nomeado pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira,
maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta
dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a
recondução.

§ 2º A destituição do Procurador-Geral da República, por iniciativa do


Presidente da República, deverá ser precedida de autorização da maioria absoluta do
Senado Federal.

§ 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal e Territórios


formarão lista tríplice dentre integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para
escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo,
para mandato de dois anos, permitida uma recondução.

§ 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Federal e Territórios


poderão ser destituídos por deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na
forma da lei complementar respectiva.

Redação proposta:

Art. 128. O Ministério Público abrange:

[...]

9
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm

39
§ 1º A - O Ministério Público da União tem por chefe o Promotor-Geral da
União eleito pelos subpromotores-gerais da União dentre seus pares, em votação
aberta para um único mandato de quatro anos.

Paragrafo Único O Promotor-Geral da União será empossado pelo Presidente


da República depois de aprovada a escolha por maioria absoluta do Senado Federal.

§ 2º - A destituição do Promotor-Geral da União por iniciativa do Presidente da


República deverá ser precedida de autorização da maioria absoluta do Senado
Federal.

§ 3º - Os promotores dos Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito


Federal elegerão dentre seus membros seus respectivos chefes para mandato de
quatro anos, sem recondução, após aprovação por maioria absoluta das respectivas
Assembleias e Câmara Legislativas.

§ 4º - Os Promotores-Gerais nos Estados e no Distrito Federal e Territórios


poderão ser destituídos por deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na
forma da lei complementar respectiva.

Justificativa:
Para real a independência funcional é preciso que o Procurador-Geral
da República seja escolhido diretamente pelos procuradores dentre seus pares
sem interferência do Presidente da República. Ao Senado Federal caberia a
ratificação da escolha pela maioria absoluta dos senadores.
Os Procuradores-Gerais da República exercerão um único mandato de
quatro anos durante toda a carreira sendo que o mandato iniciará no terceiro
ano do mandato presidencial. Desta forma atuará como chefe do MPU durante
a metade de duas legislaturas.
Ainda cabe uma alteração no que diz respeito a denominação do cargo
dos integrantes e chefe do MPU: Procuradores da República e Procurador-
Geral da República. Como membros do Ministério Público o termo adequado
seria Promotor, pois Procurador é o profissional que defende os interesses de
uma instituição especificamente, como por exemplo, o INSS, o governo
estadual, o governo municipal, uma autarquia, entre outras.
E como forma de harmonizar a designação dos cargos com o nome da
instituição, que é Ministério Público da União, propõe-se a alteração para
Promotores da União e no caso do chefe, Promotor-Geral da União.

40
Os Ministérios Públicos dos Estados e do Distrital adotarão o mesmo
modelo que o Ministério Público da União, substituindo o termo Procurador-
Geral de Justiça por Promotor-Geral de Justiça.

28 - Diretor do Departamento de Polícia Federal.

Redação atual:

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de


todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

I - polícia federal;

II - polícia rodoviária federal;

III - polícia ferroviária federal;

IV - polícias civis;

V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e


mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:"

I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de


bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas
públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou
internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;

II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o


contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos
públicos nas respectivas áreas de competência;

III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;

IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

[...]

Redação proposta:

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de


todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

[...]

41
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e
mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:"

[...]

V - o Diretor Geral da Polícia Federal será eleito por seus pares dentre os
delegados federais com no mínimo dez anos de experiência para um único mandato
de quatro anos, após a aprovação por maioria absoluta do Senado Federal. O
mandato do Diretor Geral iniciará no terceiro ano do mandato presidencial para
coincidir com a metade de duas legislaturas.

Justificativa:
Assim como o Promotor-Geral da União (anterior denominado
Procurador-Geral da República) o Diretor-Geral da Polícia Federal será
escolhido diretamente pelos delegados federais dentre seus pares com no
mínimo dez anos de experiência, sem interferência do Presidente da República
ou do Ministro da Justiça. Ao Senado Federal caberia a ratificação da escolha
pela maioria absoluta dos senadores.
Os Delegados exercerão um único mandato de quatro anos como
Diretor-Geral durante toda a carreira sendo que o mandato iniciará no terceiro
ano do mandato presidencial. Desta forma o Diretor-Geral atuará neste cargo
durante a metade de duas legislaturas.

29 - Unificação das Polícias Estaduais.

Redação atual:

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de


todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

I - polícia federal;

II - polícia rodoviária federal;

III - polícia ferroviária federal;

IV - polícias civis;

V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e


mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:

42
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de
bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas
públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou
internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;

II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o


contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos
públicos nas respectivas áreas de competência;

III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;

IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela


União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento
ostensivo das rodovias federais.

§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela


União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento
ostensivo das ferrovias federais.

§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem,


ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de
infrações penais, exceto as militares.

§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem


pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei,
incumbe a execução de atividades de defesa civil.

§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e


reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos
Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos


responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas
atividades.

§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à


proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.

§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos


relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do art. 39.

§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da


incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas:

I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de


outras atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade
urbana eficiente; e

II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos


respectivos órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados
em Carreira, na forma da lei.

43
Redação proposta:

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de


todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

I - polícia federal;

II - polícia rodoviária federal

III - polícias militares

IV - corpos de bombeiros militares.

§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e


mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:" (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de


bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas
públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou
internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;

II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o


contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos
públicos nas respectivas áreas de competência;

III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de


fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

V - o Diretor-Geral da Polícia Federal será eleito por seus pares dentre os


delegados federais com no mínimo dez anos de experiência para um único mandato
de quatro anos, após a aprovação por maioria absoluta do Senado Federal. O
mandato do Diretor Geral iniciará no terceiro ano do mandato presidencial para
coincidir com a metade de duas legislaturas.

§ 2º - A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido


pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento
ostensivo das rodovias federais.

§ 3º - Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem


pública, e incumbem ressalvadas a competência da União, as funções de polícia
judiciária e a apuração de infrações penais; aos corpos de bombeiros militares, além
das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.

§ 4º - Após oito anos da implantação desta emenda que institui a incorporação


da Polícia Civil pela Polícia Militar, os estados poderão decidir livremente a
organização das suas polícias e corpos de bombeiros, observando o preceito
constitucional de polícia única com ciclo completo e deverão utilizar a nomenclatura de
Polícia Estadual e Corpo de Bombeiros Estadual do respetivo Estado.

44
§ 5º - As polícias estaduais e corpos de bombeiros estaduais subordinam-se,
aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

§ 6º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção


de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.

§ 7º - Aos integrantes de instituições policiais, dos corpos de bombeiros e das


guardas municipais são vedados o direito de greve, a sindicalização e a filiação
política durante a ativa.

§ 8º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis


pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.

§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados


neste artigo será fixada na forma do § 4º do art. 39.

§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da


incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas:

I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de


outras atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade
urbana eficiente; e

II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos


respectivos órgãos ou entidades executivas e seus agentes de trânsito, estruturados
em Carreira, na forma da lei.

Justificativa:
Unificação, ciclo completo e desmilitarização são temas recorrentes em
discussão quando o assunto trata das duas polícias estaduais.
No Brasil as policiais estaduais lidam com a maior parte do código penal
e atuam isoladamente e de forma desconectada. Não se pode apontar de
quem é a falha no atual quadro negativo em que se encontra a segurança
pública: A Polícia Civil que é ineficiente na investigação ou a Polícia Militar que
é ineficiente no patrulhamento uniformizado preventivo?
É preciso unificar os comandos e traçar novas estratégias a fim de
melhorar os vergonhosos índices de violência e criminalidade em todo o país.
Outro importante ganho com a unificação das duas instituições policiais
é com a significativa redução de custos. Atualmente os Estados precisam
manter duas estruturas dispendiosas. A centralização da administração, da
logística, das edificações, veículos e servidores, significaria redução de gastos.

45
A questão da desmilitarização parece-me mais ideológica que técnica.
Muitos defendem a desmilitarização, pois ainda associam a Polícia Militar ao
período ditatorial de 1964 e alegam que o sistema militarizado das Polícias
Militares enseja truculência, violência e desrespeito aos Direitos Humanos.
Creio que o regime civil seja mais condizente com a filosofia de
policiamento moderno focado na proteção do cidadão e respeito absoluto ao
ser humano que o regime militar que se baseia, sobretudo, na conquista e
manutenção de poder e espaço.
Porém é preciso lembrar que as polícias civis também podem ser
truculentas e violentas, basta lembrar-nos do Departamento de Polícia de New
York antes da reforma do Prefeito Giuliani.
Da mesma forma não significa que uma tropa militarizada, vinculada a
um rigoroso código de conduta, esteja imune a insubordinação corrupção e a
prática de crimes diversos, como muitos exemplos podem confirmar tal
afirmação.
Assim a proposta opta pela incorporação da Polícia Civil pela Polícia
Militar por uma questão prática e lógica: A Polícia Civil é bem menor. Portanto,
mais fácil seria a adaptação.
Mesmo mantendo a organização militar, deve ser suprimida a expressão
força reserva e auxiliar do Exército visto que a função precípua das Polícias
Militares é a atividade policial, de natureza civil. A força reserva das Forças
Armadas é composta por militares de carreira inativos - R1 - e os militares
reservistas do serviço militar obrigatório - R2 ou reserva não remunerada.
Ambos receberam treinamento adequado e específico para tais atividades.
E de acordo com o espírito federativo deste trabalho, passados oito anos
de melhorias e adaptações pelas Secretarias de Segurança Públicas dos
Estados, caberá aos próprios Estados decidirem qual seria o modelo adequado
para cada unidade federativa.
Ainda se propõe que todas as forças policiais brasileiras e os corpos de
bombeiros estaduais estivessem vinculados às mesmas restrições impostas a
magistrados e promotores - o direito de greve, a sindicalização e a filiação
política durante a ativa - devido a complexidade e importância das funções
desempenhada pelos profissionais da área de segurança pública.

46
30 - Controle das Ouvidorias de polícias pelo Ministério Público.

Redação atual:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;

II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de


relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as
medidas necessárias a sua garantia;

III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do


patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e
coletivos;

IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de


intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição;

V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;

VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua


competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei
complementar respectiva;

VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei


complementar mencionada no artigo anterior;

[...]

Redação proposta:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:


[...]

VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei


complementar mencionada no artigo anterior;

VII A – exercer o controle das Ouvidorias de Polícia para receber e apurar toda
e qualquer denúncia contra as instituições policiais e seus agentes e tomar as devidas
providências, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior. Após a
apuração o Ministério Público encaminhará as denúncias às corregedorias internas
das polícias para providências administrativas que sejam pertinentes.

Justificativa:
Quem policia a polícia? Uma instituição armada pelo Estado e legitimada
para o uso da força deve ter controle e fiscalização maiores que as demais
instituições estatais.

47
No Estado Democrático a missão da polícia consiste em prevenir e
apurar infrações criminais de acordo com princípios éticos, técnicos e
legais. Não deve pairar dúvidas sobre a legalidade da atuação policial.
A proposta é fazer com que o Ministério Público seja o primeiro a
receber informação sobre possíveis situações envolvendo policiais: Casos de
prevaricação, ou quaisquer crimes, abuso de autoridade, procedimentos
ilegais, descaso e desleixo no atendimento a população.
É sabido que dói cortar na própria carne e a ideia é evitar que denúncias
feitas às corregedorias sejam engavetadas, seja por descaso, desídia,
interesse em proteger o policial denunciado ou por a denúncia envolver
policiais graduados. Ou ainda, receber a denúncia e concluir a apuração de
forma subjetiva imputando o fato ilegal apenas aos policiais do baixo escalão.
Não se trata de autorizar o Ministério Público a decidir e gerenciar a
atuação policial, mas de coibir atos ilegais através da certeza da punição pelo
fato da isenção das Ouvidorias.
As corregedorias receberão as denúncias após apuração realizada pelas
ouvidorias para verificarem possíveis infrações administrativas e tomarem os
procedimentos cabíveis.
Seção VII
Sistema Tributário

31 - Reforma Tributária: Imposto Sobre Movimentação Financeira.

Redação atual:

1) Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

I - importação de produtos estrangeiros;

II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;

III - renda e proventos de qualquer natureza;

IV - produtos industrializados;

V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores


mobiliários;

VI - propriedade territorial rural;

VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

48
[...]

2) Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:

I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;

II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de


serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as
operações e as prestações se iniciem no exterior;

III - propriedade de veículos automotores.

3) Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:

I - propriedade predial e territorial urbana;

II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens


imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os
de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição;

III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos
em lei complementar.

Redação proposta:

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

I - movimentação e transação financeira - IMF;

II – imposto sobre ganho de capital do mercado financeiro;

III - impostos parafiscais;

§ 1º É facultado ao Poder Executivo Federal, atendidas as condições e os


limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas do imposto enumerado no inciso I, II e
III, de acordo com lei complementar.

§ 2º Os impostos previstos nos incisos I e IImencionados neste parágrafo serão


repartidos em partes iguais entre união, estado, município ou distrito federal onde
ocorreu a movimentação ou transação financeira.

Justificativa:
O sistema tributário brasileiro figura entre os piores e mais caros
sistemas tributários do mundo. Para o jornalista e palestrante na área de
política econômica, Carlos Alberto Sardenberg, temos sim o pior sistema
tributário do mundo e um ambiente nada favorável aos negócios, como ele
afirmou durante sua palestra na 45ª Convenção Estadual do Comércio Lojista
realizada no município de Blumenau em maio de 2103: “Temos o pior sistema

49
tributário do mundo, faltam investimentos públicos em infraestrutura e
educação e o ambiente de negócios é comprometedor”10.
Quanto ao sistema tributário considero que esta situação possa ser
atribuída por dois aspectos:
A) alta carga tributária e, principalmente, pelo B) sistema de
arrecadação extremamente complicado.
A carga tributária brasileira cresce a cada ano e já atingiu 35,95% do
Produto Interno Bruto. Isso significa que o brasileiro trabalha mais de quatro
meses por ano apenas para cumprir sua obrigação tributária com o Estado.
Temos a 13º maior carga tributária do mundo11. Excluído o Brasil, a média dos
BRICS é de 18,5% do PIB12. É muito tributo ao se considerar a renda per capita
brasileira e, sobretudo, e o retorno que os contribuintes têm dos tributos pagos
ao Estado. Tributação alemã para serviços públicos brasileiros.
Além do nível da carga tributária temos que lidar com uma
legislação extremamente complexa e absurdamente extensa.
Um estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário - IBPT –
divulgado em 2014 revelou que desde a promulgação da CRFB/8813:

“Foram editadas mais de 4,9 milhões de normas


Em média são editadas 782 normas por dia útil
Em matéria tributária, foram editadas 320.343 normas
São mais de 2,10 normas tributárias por hora (dia útil)
Em 26 anos, houve 15 reformas tributárias [...]

Os contribuintes ainda precisam lidar com uma centena de obrigações


assessórias que tornam o sistema ainda mais oneroso.
E o mesmo estudo do IBPT menciona o elevado custo que as empresas
tem devido à complexidade do sistema tributário: “Em decorrência desta
quantidade de normas, as empresas gastam cerca de R$ 50 bilhões por ano

10
http://wp.clicrbs.com.br/moacirpereira/2013/05/25/sardenberg-brasil-tem-o-pior-sistema-tributario-
do-mundo/?topo=67,2,18,,,67
11
http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2014-12/peso-dos-tributos-no-bolso-dos-
brasileiros-chegou-3595-do-pib-em-2013
12
http://www.ibpt.com.br/noticia/1443/Carga-tributaria-brasileira-e-quase-o-dobro-da-media-dos-
BRICS
13
http://www.ibpt.com.br/noticia/1927/Quase-5-milhoes-de-normas-foram-editadas-no-pais-desde-a-
Constituicao-de-88

50
somente para manter pessoal, sistemas e equipamentos no acompanhamento
das modificações da legislação”.
Não se deve esquecer que da mesma forma o poder público tem um alto
custo na manutenção da administração tributária. E os resultados negativos
deste sistema de impostos predominantemente declaratórios que facilitam a
sonegação também se refletem no Poder Judiciário. De acordo com o
Relatório Justiça em Números 2103, produzido pelo Conselho Nacional de
Justiça, os processos de execução fiscal representam 40% do estoque de
processos pendentes e 13% dos casos novos14.

PEC 474/2001
Precisamos urgentemente de um novo sistema tributário, mais ágil,
eficiente e econômico para contribuintes e para a administração pública. Um
sistema que dificulte a corrupção dos agentes públicos e a sonegação dos
contribuintes, que desafogue a justiça e que necessite de menos recursos do
orçamento público.
Tal sistema foi formulado pelo professor e economista doutor Marcos
Cintra. Ele foi eleito deputado federal em 1998 pelo Estado de São Paulo e
apresentou a Proposta de Emenda Constitucional número 474 de 2001 15que
objetivava a criação do Imposto Único Federal - IMF - sobre movimentações e
transações financeiras.

A proposta do IMF é extinguir todos os demais tributos e substituir o


complexo sistema de tributos declaratórios por um sistema moderno e
automático de tributação das movimentações financeira, semelhante a
conhecida CPMF. O autor explicou os benefícios do IMF em artigo publicado
na coluna de economia do Portal Brasil na internet em julho de 201316:

No Congresso Nacional há uma alternativa que pode ser a base para a


retomada da reforma tributária. Ela reduziria a carga individual de impostos
dos atuais contribuintes e os custos administrativos empresariais,
combateria a sonegação e simplificaria a estrutura burocrática dos

14
http://www.cnj.jus.br/images/pesquisas-judiciarias/Publicacoes/relatorio_jn2013.pdf
15
http://imagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/DCD23FEV2002.pdf#page=70

16
http://www.portalbrasil.net/2013/colunas/economia/julho_01.htm

51
impostos. Ela faria os que pagam impostos em excesso pagarem menos,
como as empresas formais e os assalariados, e obrigariam os delinquentes,
os ilegais e informais a arcarem com a diferença. Essa é a noção de
equidade tributária que o Brasil deseja.

Ao abolir os tributos declaratórios, este modelo de arrecadação reduziria


a burocracia, diminuiria a estrutura governamental e combateria a sonegação
dos contribuintes e a corrupção de agentes do estado. Não haveria
necessidade de notas fiscais e grande esforços para a manutenção da
contabilidade fiscal das empresas.
O professor Marcos Cintra mantém um site na internet -
www.marcoscintra.org - onde encontramos explicações detalhadas acerca do
IMF. Abaixo segue a transcrição literal de tais explicações:

FONTE: http://marcoscintra.org/mc/imposto-unico/o-que-e-o-imposto-unico/

O Imposto Único em 10 questões

1-O que é o Imposto Único?

A proposta do professor Marcos Cintra prevê a substituição de vários impostos por apenas um.
O Imposto Único seria de apenas 2,81% para quem paga e 2,81% para quem recebe em todas
as transações financeiras, tais como cheques, ordens de pagamento, DOCs, TEDs,
transferências eletrônicas etc. Veja um exemplo: Se você emite um cheque de R$ 100,00 para
uma pessoa haveria um desconto em sua conta-corrente de R$ 102,81. A pessoa para quem
você passou o cheque receberia um crédito em sua conta-corrente de R$ 97,19. Portanto,
nessa transação o governo arrecadaria R$ 5,61.

2-Quais são os benefícios para o trabalhador?

O trabalhador deixaria de ter descontos do Imposto de Renda quando recebesse seu salário.
Ou seja, com o Imposto Único o assalariado teria seu poder de compra elevado. O mercado
consumidor seria ampliado, criando condições para o crescimento econômico auto-
sustentado.

3-Quais são os benefícios para as empresas?

As empresas seriam beneficiadas com a redução de seus custos administrativos e burocráticos.


Estima-se que as necessidades relacionadas a administração dos tributos representam de 20%
a 30% dos custos administrativos das empresas. Esses recursos poderiam ser aplicados pelas
empresas em novos investimentos, gerando produção, emprego e renda.

4-Qual a influência do Imposto Único no preço final dos produtos?

52
Com a eliminação dos atuais impostos embutidos nos preços das mercadorias seus preços
seriam significativamente reduzidos. Os alimentos, os remédios, as roupas e os calçados, para
citar apenas alguns exemplos, poderiam ter seus preços reduzidos. Com isso, os assalariados,
que já se beneficiariam de ganhos em seus rendimentos, por conta do fim dos descontos em
seus holleriths, teriam mais poder de consumo. As empresas venderiam mais e a economia
ganharia um forte impacto para crescer. A burocracia, a corrupção fiscal e a sonegação, seriam
eliminados, e o famigerado “custo-Brasil” seria significativamente reduzido, aumentando a
competitividade dos produtos brasileiros no exterior.

5-O que aconteceria com a escrituração fiscal das empresas?

As empresas não estariam mais sujeitas às complexas escritas fiscais. A contabilidade


continuaria sendo exigida apenas para demonstração do patrimônio e de lucros e perdas, no
caso das sociedades. As notas fiscais seriam abolidas, pois a comprovação de qualquer
transação se daria através do pagamento efetuado, extinguindo-se qualquer tipo de
fiscalização nas empresas. Assim, eliminar-se-ia a sonegação e a corrupção praticada por fiscais
desonestos.

6-E o governo não perderá capacidade de investimento?

Estudos realizados pelo professor Marcos Cintra mostram que com uma alíquota de 2,81% em
cada lançamento bancário a arrecadação do governo permanecerá em 35% do PIB, que é a
carga tributária atual. O ideal seria voltar à carga tributária histórica brasileira, de cerca de 22%
a 25% do PIB. Neste caso, a alíquota do Imposto Único seria de 1% em cada débito e crédito
bancário. Essa carga tributária seria melhor repartida entre todos, inclusive a economia
informal, que hoje não paga imposto. A distribuição da arrecadação para Estados e municípios
seria feita de maneira automática e instantânea pelos bancos, evitando a centralização do
dinheiro público em Brasília.

7-Qual o impacto do Imposto Único na inflação?

Apesar de ser baixa, a inflação ainda produz estragos. As reposições salariais, por exemplo, são
raras por conta do alto desemprego. O Imposto Único, além de elevar salários, reduz os preços
das mercadorias, o que, por sua vez, provoca queda na inflação e conseqüente valorização dos
salários.

8-Como evitar a sonegação com a utilização de papel-moeda ao invés de cheque ou cartão


eletrônico?

As transações de baixo valor continuarão sendo realizadas com moeda manual, como ocorre
atualmente. Ou seja, as notas e moedas continuarão circulando normalmente. Já aquelas que
envolvem valores elevados continuariam ocorrendo pelo sistema bancário, uma vez que o
custo da transação em moeda é muito mais alto do que o custo tributário do uso da moeda
escritural, por meio dos bancos. Ademais, além do alto custo do transporte de valores, haveria
um risco considerável de perda ou de assalto, sem falar nos custos logísticos elevados de
cobranças e pagamentos em dinheiro, que teriam de ser feitos nos endereços dos devedores
ou dos credores. Além disso, o projeto do Imposto Único prevê que saques em espécie no
caixa sejam taxados em dobro. Prevê ainda que todas as transações acima de determinados

53
valores, para terem validade jurídica, terão de ser feitas obrigatoriamente com a
intermediação do sistema bancário, e cheques terão de ser emitidos nominalmente,
tornando-se não-endossáveis.

9- A chamada cumulatividade do Imposto Único não prejudica o mercado interno, as


exportações, as bolsas, e o mercado financeiros?

O projeto prevê salvaguardas para evitar tais distorções. As exportações deverão ser
desoneradas mediante remissão fiscal dos valores arrecadados ao longo da cadeia de
produção (as modernas técnicas das matrizes-insumo/produto, calculadas pelo FIBGE,
permitem o cálculo dos créditos fiscais com facilidade). As transações nos mercados financeiro
e de capitais, inclusive bolsas, serão imunes ao imposto sobre movimentação financeira
enquanto permanecerem dentro do circuito financeiro. Tais recursos serão alcançados pela
tributação quando de sua transferência para o circuito mercantil, para uso pessoal ou
empresarial de seus proprietários. Ademais, o alegado impacto da cumulatividade sobre os
preços das mercadorias no mercado interno certamente será menor do que o efeito altamente
distorcivo da sonegação e da evasão tributária na formação dos preços das mercadorias e
serviços, como ocorre atualmente, pois a complexidade, a iniquidade e as altas alíquotas do
sistema tributário existente estimulam tais práticas lesivas à concorrência, além de
introduzirem fortes distorções alocativas nos preços das mercadorias.

10-Se o Imposto Único é tão bom, por que não foi implantado ainda?

O Imposto Único contraria interesses de grupos poderosos que lucram com o caos tributário
atual. Sonegadores e a burocracia pública e privada ligada à arrecadação e fiscalização de
impostos formaram poderosos lobbies para combater o Imposto Único. É preciso que você,
contribuinte, exerça pressão sobre os políticos para que aprovem o Imposto Único. Somente a
união organizada dos contribuintes será eficaz para termos um sistema mais justo e eficiente.

O IMF e o Pacto Federativo: Utilizar o IMF como instrumento de


autonomia orçamentária

Admito na integra a proposta do ilustre professor Marcos Cintra. Contudo


ainda reconheço a necessidade de apenas uma complementação:
A divisão e repasse automáticos dos tributos arrecadados
entre união, estados, municípios e distrito federal em
partes iguais, na proporção de 1/3para cada ente.
Também resolveríamos definitivamente o pacto federativo e a guerra
fiscal entre os estados. Haveria uma centralização por parte da União apenas
na arrecadação. O repasse correspondente aos estados, municípios e distrito
federal haveria de ser automático.
Hoje a União fica com 63% dos tributos arrecadados enquanto os
Estados ficam com 24% e os municípios com 13%.

54
Esta é a principal medida para criarmos no Brasil um ambiente propício
aos negócios e com isso contribuir para obtermos um grande desenvolvimento
econômico, no aumento da oferta de empregos e da renda per capita.

32 - Terrenos de Marinha.

Redação atual:

Art. 20. São bens da União:

I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;

II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações


e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental,
definidas em lei;

III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio,


ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se
estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais
e as praias fluviais;

IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias
marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a
sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade
ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;

V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica


exclusiva;

VI - o mar territorial;

VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;

[...]

Redação proposta:

Art. 20. São bens da União:

[...]

VII – revogado.

Justificativa:
Os chamados terrenos de marinha e seus acrescidos devem ser
excluídos dentre os bens da União, pois se trata atualmente de uma aberração
na legislação brasileira utilizada para tributar ainda mais os contribuintes.

55
Mas afinal o que são os terrenos de marinha? No sítio da Secretaria de
Patrimônio da União há a seguinte explicação: "Os terrenos de marinha são
bens da União medidos a partir da linha do preamar médio de 1831 até 33
metros para o continente ou para o interior das ilhas costeiras com sede de
município. Além das áreas ao longo da costa, também são considerados
terrenos de marinha as margens de rios e lagoas que sofrem influência de
marés17" .
Portanto imóveis que se encontram a 33 metros da costa marítima ou
dos rios, riachos e lagoas que sofrem influência de marés encontram-se em
áreas chamadas de terrenos de marinha e sofrem tributação pela União.
Os terrenos de marinha foram instituídos no tempo da colonização
portuguesa com a finalidade de garantir acesso ao interior do território e de
defesa já que 33 metros era o alcance de uma bala de canhão. Posteriormente
o governo passou a tributar os imóveis em terrenos de marinha e seus
acréscimos. Portanto há muito tempo isso perdeu a razão de existir.
De acordo com artigo divulgado pelo movimento SOS Terreno de
Marinha em dezembro de 2014 o Ministério do Planejamento existem 300 mil
imóveis em terrenos de marinha no país, sendo 65% residenciais e 35%
comerciais. Até os imóveis no entorno de qualquer pequeno riacho que sofre
influência de maré é considerado em terreno de marinha. Em 2013 o governo
brasileiro arrecadou 728,3 milhões de reais com os terrenos de marinha18.
A proposta deste trabalho é simplesmente extinguir do patrimônio da
União os terrenos de marinha e seus acréscimos e consequentemente os
tributos correspondentes. Os legítimos proprietários dos imóveis situados
nessas áreas serão aqueles cidadãos que possuírem as escrituras
públicas expedidas pelos respectivos Ofícios de Registros de Imóveis, obtendo
assim o domínio pleno do imóvel e não apenas o domínio útil.
Seção VIII
Organização do Sistema Educacional

33 - Educação infantil, ensino fundamental, médio, técnico e superior.

17
http://www.planejamento.gov.br/servicos/faq/patrimonio-da-uniao/terrenos-de-marinha
18
http://sosterrenosdemarinha.org.br/noticias/terrenos-de-marinha-ganham-beneficio

56
Redação atual:

Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão


em regime de colaboração seus sistemas de ensino.

§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios,


financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria
educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de
oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante
assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios;

§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na


educação infantil.

§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino


fundamental e médio.

Redação proposta:

Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão


em regime de colaboração seus sistemas de ensino.

§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios,


financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria
educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de
oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante
assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios;

§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino médio, ensino


fundamental e na educação infantil.

§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino técnico


e no ensino superior.

Justificativa:
Todas as creches, pré-escolas e escolas devem ser mantidas e
administradas pelo poder público local, que é o município. A educação
fundamental será de responsabilidade única do município.
Ao governo estadual caberá o provimento de vagas no ensino técnico e
superior levando em consideração as características de cada região e a
estratégia governamental de desenvolvimento, já que instituições de ensino
técnico e ensino superior geralmente demandam uma quantidade maior de
estudante e contemplam vários municípios.

57
Capítulo 2- Sistema Parlamentarista de Governo.

A Teoria da Separação dos Poderes

O filósofo francês Montesquieu criou a famosa Teoria da Separação


dos Poderes que estabelece a existência de três poderes independentes e
harmônicos, quais sejam: o Poder Legislativo, o Poder Judiciário e o Poder
Executivo. Esta teoria é reconhecida como um dos pressupostos do Estado
Democrático de Direito.

A Teoria do Poder Moderador

Como fonte de equilíbrio entre os três Poderes do Estado (Executivo,


Legislativo e Judiciário) o filósofo franco-suíço Benjamin
Constant desenvolveu a Teoria do Poder Moderador que deve ser exercido
pelo Chefe de Estado, que sendo neutro e imparcial, deve zelar pelo bem da
nação, desvinculado de interesses políticos ou econômicos.

Chefia de Estado e Chefia de Governo

Nas democracias que adotam o Sistema Parlamentar a Chefia de


Estado é exercida por umPresidente ou Monarca e a Chefia de Governo fica a
cargo de um Primeiro-Ministro.
O Chefe de Governo é responsável pela nomeação dos ministros, dos
secretários e pela administração do país. Ele deve contar com a aprovação da
maioria parlamentar para assumir e para permanecer no cargo. Não possuiu
mandato fixo. Pode ser destituído a qualquer tempo se for rejeitado pela
maioria parlamentar. É a figura política mais poderosa do país.
O presidente - ou monarca - é o chefe das Forças Armadas e das
relações diplomáticas. Não tem vínculo político ou econômico. É o Poder
Moderador que estabelece o equilíbrio entre os demais Poderes do Estado.
Deve zelar pelo respeito à Constituição, pela democracia e pelo
aperfeiçoamento das instituições políticas.
O Chefe de Estado deve dissolver o Parlamento e imediatamente
convocar novas eleições se os partidos não formarem uma maioria estável
para apoiar o Primeiro-ministro. É a figura política mais importante do país.

58
O Presidencialismo

O presidencialismo criou um desequilíbrio no sistema da Tripartição do


Poder, criado pelo filósofo Montesquieu, ao reunir as duas funções num
mesmo cargo.
A primeira constituição republicana de 1891 extinguiu o Poder
Moderador. Entretanto, após a Revolução Constitucionalista de 1932, onde se
discutiu a promulgação de uma nova constituição, Borges de Medeiros,
governador do Rio Grande do Sul, presidente do Partido Republicano Rio-
grandense e umas das principais lideranças republicanas no Brasil do século
XIX, propôs no anteprojeto da Constituiçãode 1934 novamente a volta
do Poder Moderador, a exemplo do previsto na Constituição do Império do
Brasil de 1824, a constituição brasileira que por mais tempo esteve em vigo 19.
O jurista Ives Granda Silva Martins cita a lição de Raul Pilla sobre o
presidencialismo: Uma vez eleito o Presidente da República, o povo deveria
suportá-lo, bom ou mau, até o fim do mandato. Se muito ruim, apenas a ruptura
institucional poderia viabilizar sua substituição, posto que a figura do
impeachment é aplicável somente à inidoneidade administrativa e não à
incompetência20.
Rui Barbosa afirmava que “preferia a instabilidade do parlamentarismo
a irresponsabilidade do presidencialismo21”.

O Parlamentarismo

As mais ricas nações do mundo, monarquias ou repúblicas, adotaram o


Parlamentarista como Sistema de Governo (com exceção dos Estados Unidos
da América, todavia neste país o voto para presidente é indireto).
Ives Granda da Silva Martins ensina que “o parlamentarismo é, por
excelência, o sistema de governo representativo, posto que toda a sua
conformação foi plasmada – modelada – a partir das conquistas populares de
co-partipação, no excelente laboratório que a Inglaterra se transformou para a
democracia”.
“E a própria separação da figura de Chefe de Estado da do Chefe de
Governo não permite que o Chefe de Estado seja envolvido nas crises
políticas, fator de equilíbrio que o presidencialismo não pode ofertar pela
confusão na mesma pessoa das duas representações”.
19
http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/198714/000901836.pdf
20
http://www.brasilimperial.org.br/imagens/gazeta/Gazeta_Imperial_Setembro_2012_web.pdf
21
http://www.brasilimperial.org.br/imagens/gazeta/Gazeta_Imperial_Setembro_2012_web.pdf

59
O eminente jurista Paulo Bonavides (2008, p.279) traz em sua obra
conceitos sobre o sistema parlamentar:
A superioridade do parlamentarismo sobre o presidencialismo é
manifesta. Concepção mais democrática e mais atualizada de
organização da função governativa, a seu favor militam inumeráveis
razões. Põem termo ao governo de um homem só, que acumula
poderes e funções, como as de principal executivo, principal
legislador (que assim o é de fato), chefe de Estado e chefe de
partido, enfeixando três chefias nas quais se condensa um poder
político quase impossível de conter-se nos limites de uma
Constituição; esse governo já é de si mesmo o prefácio virtual da
ditadura ou o convite ao exercício absoluto do poder.

Ainda leciona que há uma maior harmonia entre os Poderes do Estado:


No parlamentarismo, os poderes se aproximam e se coordenam para
o desempenho da tarefa harmônica de governo, sem maior rivalidade
ou ressentimento. De antemão já se sabe que quem governa é o
ministério, sob a chefia responsável de um primeiro-ministro. E o
governa unicamente enquanto mantiver a confiança da maioria
parlamentar.

E sustenta que mudança na direção do governo pode ocorrer com


capacidade para absorve crises, através da estabilidade do sistema:
O parlamentarismo é laço de união política mais eficaz que o
presidencialismo, uma vez que inclina o poder para a
responsabilidade, absorve crises, faz estáveis as instituições, torna os
conflitos da sociedade normais. Longe de fazer das controvérsias
mais agudas uma contestação do poder, as converte em disputa ao
redor do governo, cuja queda, por vício ou incompetência, não
acarreta o fim do regime, senão apenas as mudanças corretivas que
se fizer mister.

E quanto ao presidencialismo, adverte que é mais propenso ao


desrespeito aos ditames democráticos:
Um congresso forte e autônomo no sistema presidencial de governo
se torna tão improvável quanto a autonomia dos Estados-membros
na presente moldura federativa da Nação. O presidencialismo em si
já é um mal; aliás, mal necessário, salvo para os que têm a vocação
da autocracia. Quando o presidencialismo se assenta sobre um
pedestal de força, sobre uma constituição ilegítima, sobre uma
descrença ou um desrespeito aos valores democráticos, não há
alicerce de estabilidade para as instituições nem solidez para um
Estado de Direito apto a garantir as franquias fundamentais do
homem.

Durante todo o período monárquico, o Brasil caminhou para o


aprimoramento do sistema parlamentar de governo, tendo bem definidas as
funções de chefe de Estado e de chefe de Governo.

60
Com a proclamação da república, adotou-se o sistema presidencialismo
nos moldes do sistema estadunidense e foram esquecidas as particularidades
da política norte-americana.

Em 1993 o povo brasileiro teve a oportunidade de votar, através de


plebiscito, a forma e o sistema de governo para o país: Monarquia ou república,
parlamentarismo ou presidencialismo.
A campanha da república presidencialista, conduzida pelo especialista
em marketing político, Chico Santa Maria, saiu vitoriosa. Ao final do pleito, um
repórter o questionou sobre sua posição pessoal. Ele, apesar de trabalhar pela
república presidencialista, respondeu que era parlamentarista:

E sou mesmo, intrinsecamente. Na sua essência – e na teoria – trata-


se de um regime político mais democrático e mais eficiente, já testado
e aprovado em diferentes situações, na maioria dos países do
primeiro mundo, como França, Itália, Japão e Inglaterra.

Mas conclui que o Brasil deverá reunir algumas condicionantes, como


instituições fortes, representatividade política, partidos políticos bem-definidos,
leis definitivas e educação e politização do povo, para que então ele possa
conduzir uma campanha pelo parlamentarismo.
Em abril de 2007, o Senador Fernando Collor protocolou no Senado a
Proposta de Emenda à Constituição de Nº 31 que institui o sistema parlamentar
de governo.
Todavia, a referida proposta, que aborda um tema extremamente
relevante para o país, não foi alvo de questionamentos e de exposição nos
meios de comunicações.

Segue abaixo trecho da conclusão da justificativa da PEC Nº 31:


O parlamentarismo, ao contrário, supõe, na maioria dos países em
que é hoje praticado, especialmente na Europa, uma garantia de
continuidade e estabilidade das diferentes orientações políticas. Na
Inglaterra, por exemplo, Margareth Tatcher governou durante onze
anos e foi substituída por seu colega e ex-ministro, o conservador
John Major, que a substituiu durante mais sete anos, até a ascensão
do atual titular, o trabalhista Tony Blair, no poder desde 1997. Na
Espanha, o socialista Felipe González governou treze anos e foi
substituído pelo conservador José Maria Aznar, que permaneceu no
poder durante mais oito. Na Alemanha, Konrad Adenauer foi
Chanceler por quatorze anos, Helmuth Schmidt por oito, Helmuth
Kohl por dezesseis e Gerhard Schröder, durante outros oito anos.
Propor e discutir uma proposta de adoção do sistema parlamentar de
governo, no momento em que o país aguarda há quase duas
décadas a materialização de uma reforma política, tão intensamente
prometida, tão seguidamente discutida e tão ansiosa esperada,
como capaz de aprimorar nossa organização política, não me parece

61
um ato gratuito. Pareceu-me, antes, um dever, sem que isso
signifique aprová-la antes de discuti-la, ou preconizá-la sem discuti-
la. O Brasil, que possui uma das mais antigas tradições
parlamentares do mundo ocidental e cuja primeira Constituição, ao
ser revogada com a proclamação da República, era o 3o texto
constitucional mais antigo do mundo, superado apenas pela dos
Estados Unidos, de 1787, e pela da Suécia, de 1816, pode e deve
fazer do aprimoramento do nosso sistema político e de nossa
organização institucional, objeto de permanente debate e de uma
conseqüente e necessária discussão.

Todavia a referida proposta que aborda um tema extremamente


relevante para o país não foi alvo de questionamentos e de exposição nos
meios de comunicações.
Podemos concluir que o parlamentarismo demonstra ser um sistema de
governo mais democrático e eficiente que o presidencialismo. Contudo, por ser
mais complexo, o parlamentarismo exige algumas condicionantes como bem
explicou o publicitário Chico Santa Maria após o plebiscito de 1993.
Ainda não atingimos o grau de maturidade de outras democracias mais
antigas e dos países desenvolvidos que contam com partidos políticos fortes,
instituições públicas sólidas e respeitadas, povo com alto índice de
escolaridade, porém passados vinte e dois anos do plebiscito creio que o Brasil
já alcançou solidez necessária em suas instituições políticas para adotarmos o
sistema parlamentarista. Mas de qualquer maneira não devemos postergar a
mudança do sistema infinitamente até a alcançarmos a condição ideal.
E com a adoção das propostas mencionadas na seção I trabalho
facilitaria sobremaneira a transição definitiva e exitosa do sistema
parlamentarista na república brasileira para o Brasil ser novamente, como foi
durante o século XIX, referência de prosperidade, democracia, estabilidade
política e na América do Sul.

62
Capítulo 3 – Proposta de nova redação:
A Presidência da República e o Poder Executivo Federal.

Com a implantação do Sistema Parlamentarista de Governo será


necessário readequar o trecho constitucional entre os artigos 76 e 86 para
acrescentar um capítulo destinado a Chefia de Governo e estabelecer o
regramento para a eleição e destituição do Primeiro-Ministro.

Redação proposta:

CAPÍTULO I
DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Seção I
DO PRESIDENTE

Art. 1. A Presidência da República é a chave de toda a organização


política e é delegada privativamente ao Presidente como Chefe Supremo da
Nação e seu primeiro representante, para que incessantemente vele sobre a
manutenção da independência, equilíbrio e harmonia dos mais Poderes
Políticos.

Art. 2. A eleição do Presidente da República realizar-se-á,


simultaneamente, no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no
último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao
do término do mandato presidencial vigente.

§ 1º - Não haverá debate entre os candidatos.

§ 2º - Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por


partido político, obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em
branco e os nulos.

§ 3º - Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira


votação far-se-á nova eleição em até vinte dias após a proclamação do
resultado, concorrendo os dois candidatos mais votados e considerando-se
eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.

§ 4º - Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência


ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o
de maior votação.

§ 5º - Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em


segundo lugar, mais de um candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o
mais idoso.

63
Art. 3. O Presidente tomará posse em sessão do Congresso Nacional,
prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição,
observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a
integridade e a independência do Brasil.

Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o
Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será
declarado vago.

Art. 4. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder- lhe-


á, no de vaga, o Vice-Presidente.

Art. 5. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou


vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao
exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado
Federal e o do Supremo Tribunal Federal.

Art. 6. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da


República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga.

§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período


presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da
última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.

§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de


seus antecessores.

Art. 7. O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá


início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição.

Art. 8. O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem


licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a
quinze dias, sob pena de perda do cargo.

Seção II
Das Atribuições do Presidente da República

Art. 9. Compete privativamente ao Presidente da República:

I - Indicar o Primeiro-Ministro e dissolver a Câmara dos Deputados, nos


termos desta Constituição;

II - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta


Constituição;

III - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir


decretos e regulamentos para sua fiel execução;

IV - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;

64
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus
representantes diplomáticos;

VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a


referendo do Congresso Nacional;

IX – decretar o estado de defesa e o estado de sítio;

X - decretar a intervenção federal;

XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário,


dos órgãos instituídos em lei;

XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os


Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus
oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;

XVIII - convocar e presidir o Conselho da República da República e o


Conselho de Defesa Nacional;

XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo


Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das
sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente,
a mobilização nacional;

XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Parlamento


Nacional;

XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;

XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças


estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
temporariamente;

XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.

Seção III
Da Responsabilidade do Presidente da República

Art. 10. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da


República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:

I - a existência da União;

II - o livre exercício do Poder Executivo, do Poder Legislativo, do Poder


Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da
Federação;

III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;

65
IV - a segurança interna do País;

V - a probidade na administração;

VI - a lei orçamentária;

VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que


estabelecerá as normas de processo e julgamento.

Art. 11. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois


terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o
Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado
Federal, nos crimes de responsabilidade.

§ 1º - O Presidente ficará suspenso de suas funções:

I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime


pelo Supremo Tribunal Federal;

II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo


Senado Federal.

§ 2º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não


estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do
regular prosseguimento do processo.

§ 3º - Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações


comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão.

§ 4º - O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode


ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.

CAPÍTULO II
DO PODER EXECUTIVO
Seção I
DO PRIMEIRO-MINISTRO

Art. 12. O Poder Executivo é exercido pelo Primeiro-Ministro, auxiliado


pelos Ministros de Estado.

Art. 13. O Primeiro-Ministro será indicado pelo Presidente da República


dentre os deputados federais para formar o Governo Federal, levando-se em
conta o resultado eleitoral e depois de ouvido as lideranças políticas, durante a
abertura da primeira sessão legislativa do Parlamento Nacional.

66
Art. 14. A Câmara dos Deputados deverá, em cinco dias, aprovar por
maioria absoluta o nome indicado ou apresentar um novo nome aprovado por
sua maioria absoluta. Se houver aprovação por maioria absoluta o deputado
será empossado Primeiro-Ministro. Caso não haja aprovação do nome indicado
e nem apresentação de outro nome aprovado por maioria absoluta durante o
referido período o Presidente da República fará uma nova indicação.

Art. 15. Se em cinco dias persistir a recusa e não houver apresentação


de um nome pela maioria absoluta da Câmara caberá ao Presidente da
República decidir, depois de ouvido o Senado Federal, empossar um deputado
no cargo de Primeiro-Ministro ou dissolver a Câmara dos Deputados e
convocar imediatamente novas eleições conduzidas pela Justiça Eleitoral, de
acordo com a legislação.

Art. 16. Uma vez dissolvida a Câmara e novamente iniciados os


procedimentos de escolha e posse do Primeiro-Ministro, esta não poderá ser
novamente dissolvida diante da falta de consenso parlamentar, devendo assim
prevalecer o nome indicado pelo Presidente da República.

Art. 17. O Primeiro-Ministro não poderá ser destituído nos primeiros seis
meses de sua posse e nos últimos seis meses do respectivo mandato
parlamentar.

Art. 18. O Primeiro-Ministro poderá ser destituído após moção de


censura proposta por um quarto dos deputados federais acompanhada,
obrigatoriamente, de um novo nome e aprovada pela maioria absoluta da
Câmara. Se negada a moção, os signatários desta não poderão apresentar
nova moção na mesma legislatura.

Art. 19. Na sua ausência ou impossibilidade o Primeiro-Ministro será


substituído pelo Ministro da Justiça ou então por outro Ministro do Conselho de
Ministros por ele previamente indicado.

Art. 20. O Primeiro-Ministro não tem mandato fixo, sendo que após o
término da presente legislatura ele permanecerá no cargo e poderá ser nele
mantido se contar com o apoio da maioria absoluta da nova composição da
Câmara dos Deputados.

Seção II
Das Atribuições do Primeiro-Ministro

Art. 21. Compete privativamente ao Primeiro-Ministro:

I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;

II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da


administração federal;

III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta


Constituição;

67
IV – dispor, mediante decreto, sobre:

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não


implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

V – propor o estado de defesa e o estado de sítio;

VI - propor e executar a intervenção federal;

VII - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Parlamento


Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do
País e solicitando as providências que julgar necessárias;

VIII – convocar o Conselho da República e o Conselho de Defesa


Nacional;

IX - enviar ao Congresso Parlamento Nacional o plano plurianual, o


projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento
previstos nesta Constituição;

X - prestar, anualmente, ao Congresso Parlamento Nacional, dentro de


sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao
exercício anterior;

XI - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;

XII - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;

XIII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.

Parágrafo único. O Primeiro-Ministro poderá delegar as atribuições


mencionadas nos incisos IV e XI, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao
Promotor-Geral da União ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os
limites traçados nas respectivas delegações.

Seção III
Da Responsabilidade do Primeiro-Ministro

Art. 22. São crimes de responsabilidade os atos do Primeiro-Ministro que


atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:

I - a existência da União;

II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do


Ministério Público, da Presidência da República e dos Poderes constitucionais
das unidades da Federação;

III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;

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IV - a segurança interna do País;

V - a probidade na administração;

VI - a lei orçamentária;

VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que


estabelecerá as normas de processo e julgamento.

Art. 23. Admitida a acusação contra o Primeiro-Ministro, por dois terços


da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o
Superior Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado
Federal, nos crimes de responsabilidade.

§ 1º - O Primeiro-Ministro será destituído de suas funções:

I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime


pelo Superior Tribunal Federal;

II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo


Senado Federal.

II – na moção de censura aprovada pela maioria absoluta da Câmara


dos Deputados acompanhada de um nome substituto.

Redigida em vinte e três artigos, a redação proposta praticamente


manteve o atual texto constitucional no que se refere a eleição do Presidente
da República. A única alteração foi a proibição do debate entre os candidatos
ao cargo, já que o Presidente da República é o representante do Estado e não
o responsável pela administração federal.
Determinadas atribuições do Presidente da República - atribuições
típicas do Poder Executivo - foram repassadas ao Primeiro-Ministro.
E foram inseridas regras para a eleição e destituição do cargo de
Primeiro-Ministro bem como suas responsabilidades.

69
Considerações Finais

Chegamos ao fim deste trabalho onde foi apresentado ao leitor um


conjunto de ousadas propostas de emendas constitucionais com a finalidade
de aprimorar e modernizar as principais instituições nacionais e contribuir para
inserção do Brasil entre as mais destacadas nações democráticas e
desenvolvidas.
Podemos considerar ousadas tais propostas, pois certamente
haveríamos de encontrar resistência às mudanças por parte de agentes
políticos - eleitos, nomeados e concursados - que reivindicariam a manutenção
do status quo.
Não pretendemos aqui esgotar todas as alterações possíveis e adequar
a Constituição de forma definitiva, porém acreditamos que os pontos
cruciais neste momento a serem reformados foram apontados e soluções
foram apresentadas.
Essas soluções foram baseadas no princípio do Estado Democrático,
com real alternância de poder, na clareza e publicidade dos atos públicos, na
participação voluntária dos cidadãos e na rigorosa observância aos sagrados
direitos e garantias individuais.
Cabe ressaltar que neste trabalho nos concentramos apenas nas
reformas constitucionais, entretanto ainda há muito que ser corrigido por meio
de legislação infraconstitucional.
A implantação destas trinta e três propostas deve passar por um difícil e
moroso processo no Congresso Nacional. Mas como disse Henry Ford "os dias
prósperos não vem por acaso, nascem de muita fadiga e persistência". Não
obstante todas as dificuldades a implantação destas reformas não deve ser
postergada pela classe política ou, muito menos, desprezada pela sociedade
livre e de bons costumes.
Deveremos exigir com perseverança a implementação de reformas que
beneficiem toda a sociedade. O amanhã se faz agora. O Brasil do futuro
criaremos hoje.

“Uma vida inútil é uma morte prematura”. Goethe.

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