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Como funciona o Triângulo das Bermudas

Introdução

Ele não existe em nenhum mapa oficial e não tem


como saber como podemos chegar até ele. Mas, de
acordo com alguns estudiosos, o Triângulo das
Bermudas é um lugar que realmente existe e onde
dezenas de navios, aviões e pessoas desapareceram
sem qualquer tipo de explicação racional. Desde que
uma revista usou pela primeira vez a frase "Triângulo
das Bermudas", em 1964, esse mistério tem atraído a
atenção de todos. No entanto, ao pesquisar a maioria
das casos a fundo, eles se tornam muito menos
misteriosos. Geralmente os desaparecidos nunca
estiveram na área do Triângulo, ou acabaram sendo
encontrados ou há uma explicação razoável para o
desaparecimento. 

Isso quer dizer que não há nada de coerente nas


alegações de que tantas pessoas tiveram experiências
estranhas no Triângulo das Bermudas? Não
necessariamente. Os cientistas já documentaram
desvios de padrão na área e encontraram algumas
formações interessantes no leito oceânico dentro da
região do Triângulo das Bermudas. O que significa
que para aqueles que querem acreditar, há bastante
lenha para a fogueira. 
Neste artigo, vamos olhar os fatos mais conhecidos
deste lugar e também algumas das histórias mais
contadas. Além disso, vamos explorar as teorias
bizarras que falam de alienígenas e portais do espaço,
além das explicações mais mundanas. 

Muitos pensam no Triângulo das Bermudas, também


conhecido como Triângulo do Diabo, como uma área
"imaginária". O Board of Geographic Names
(Comissão de Nomes Geográficos) dos EUA não
reconhece a existência do Triângulo das Bermudas e
não possui um arquivo oficial sobre ele. No entanto,
dentro dessa área imaginária, muitos navios de
verdade e as pessoas que estavam a bordo deles
parecem ter desaparecido sem deixar explicações. 

O Triângulo das Bermudas fica próximo à costa do


Sudeste dos Estados Unidos, no Oceano Atlântico, e
suas extremidades atingem as proximidades de
Bermuda, Miami, Flórida e San Juan, em Porto Rico.
Ele cobre cerca de 1,295 milhão de quilômetros
quadrados. 
A área pode ter recebido esse nome por causa de sua
extremidade que fica próxima à Bermuda, que já foi
conhecida como a "Ilha dos Demônios". Nas
redondezas desse país, há recifes traiçoeiros que
encalham barcos que navegam nas proximidades.

Imagem cedida NASA


Ilha Miyake, no Japão

O Mar do Diabo

O Mar do Diabo, também chamado de Triângulo de


Formosa, localiza-se na costa do Japão, em uma
região do Pacífico nas proximidades da Ilha Miyake, a
cerca de 177km ao sul de Tóquio. Assim como o
Triângulo das Bermudas, o Mar do Diabo não aparece
em nenhum mapa oficial, mas seu nome é utilizado
por pescadores japoneses. Essa é uma área
conhecida por desaparecimentos estranhos de navios
e aviões. 

Outra lenda diz que, assim como o Triângulo das


Bermudas, o Mar do Diabo é a única outra área em
que uma bússola aponta para o Norte real em vez do
Norte magnético (vamos falar mais sobre isso
depois). 
Uma teoria popular diz que a atividade vulcânica ao
redor da área, especialmente um vulcão submarino,
poderia ser a causa dos desaparecimentos. 

Qual é o mistério?

Nos últimos 100 anos, o Triângulo das Bermudas foi o


local onde aconteceu um número absurdo e
significativamente alto de desaparecimentos
inexplicáveis de aviões, navios e pessoas. Alguns
relatórios dizem que até 100 navios e aviões
desapareceram na área, com mais de mil vidas
perdidas. A guarda costeira dos EUA, no entanto,
alega que a área não tem um número incomum de
incidentes. 

Em 1975, Mary Margaret Fuller, editora da revista


"Fate", entrou em contato com a Lloyd, de Londres,
para saber as estatísticas de pagamentos de seguros
por incidentes que haviam ocorrido dentro dos limites
do Triângulo. Ela descobriu que, de acordo com os
registros da Lloyd, 428 navios sumiram no mundo
todo entre 1955 e 1975, não havendo nenhuma
incidência maior de eventos no Triângulo das
Bermudas do que no resto do mundo. 
Gian J. Quasar, autor de "Into the Bermuda Triangle:
pursuing the truth behind the world's greatest
mystery" (Dentro do Triângulo das Bermudas: em
busca da verdade por trás do maior mistério do
mundo) e diretor do Bermuda-triangle.org, alega que
esse relatório "é completamente falso". Ele diz que
devido ao fato da Lloyd não segurar veículos
pequenos como iates e normalmente não oferecer
seguros para pequenos barcos alugados ou aviões
particulares, seus registros não podem ser levados
totalmente em consideração. Além disso, ele também
diz que os registros da guarda costeira, publicados
anualmente, não incluem "navios desaparecidos". Ele
solicitou os dados sobre "veículos marítimos que não
retornaram" e recebeu (após 12 anos solicitando)
registros de 300 barcos desaparecidos/atrasados nos
dois anos anteriores. E não se sabe se estes
embarcações acabaram retornando. Sua página na
internet possui a lista destas embarcações (em
inglês). 

O banco de dados da NTSB (Comissão Nacional de


Transportes e Segurança) indica (de acordo com Gian
J. Quasar) que somente umas poucas aeronaves
desapareceram sobre a costa da Nova Inglaterra nos
últimos 10 anos, enquanto mais de 30 casos desses
ocorreram no Triângulo das Bermudas. 

O mistério do Triângulo provavelmente começou com


o primeiro desaparecimento a tomar um bom espaço
na mídia, em 1945, quando cinco aviões Avengers da
marinha norte-americana desapareceram na área.
Embora o motivo do desaparecimento originalmente
tenha sido definido como "erro do piloto", os
familiares do piloto que liderava a missão não
aceitaram que ele havia cometido aquele tipo de erro
e acabaram convencendo a marinha a mudar o
veredito para "causas ou razões desconhecidas". 

Mas o mito do Triângulo ganhou evidência após o


repórter E. V. W. Jones ter compilado uma lista de
"desaparecimentos misteriosos" de navios e aviões na
região que se estende entre a costa da Flórida e de
Bermuda. Dois anos depois, George X. Sand escreveu
um artigo para a revista "Fate" com o título "Mistério
marítimo na porta do nosso quintal". O artigo falava
sobre uma "série de estranhos desaparecimentos
marítimos, os quais não deixavam qualquer tipo de
rastro, que ocorreram nos últimos anos" em um
"triângulo sobre o mar cujas fronteiras são as
proximidades da Flórida, Bermuda e Porto Rico". 

Conforme mais incidentes iam ocorrendo, a reputação


do lugar aumentava e eventos antigos eram
analisados novamente e somados à lenda. Em 1964,
a revista "Argosy" batizou o triângulo em um artigo
com o nome de "O letal Triângulo das Bermudas", de
Vincent Gaddis. O slogan da revista que dizia ser
"sobre ficção", não impediu que o mito se espalhasse.
E, então criaram-se mais artigos, livros e filmes, cada
um sugerindo uma nova teoria que ia de abduções
alienígenas a polvos gigantes. 

A seguir, vamos dar uma olhada em alguns dos


primeiros incidentes famosos atribuídos àquela área. 

O preço do seguro é maior no Triângulo das


Bermudas?

De acordo com Norman Hooke, que conduziu os


estudos de vítimas de acidentes marinhos para os
Serviços de Informações Marítimos da Lloyd (em
inglês), com sede em Londres, "o Triângulo das
Bermudas não existe". Em vez disso, ele diz que os
desaparecimentos na área foram diretamente
relacionados às condições climáticas. Por isso, apesar
das teorias sobre o motivo de navios e aviões
desaparecerem na área, as apólices não são mais
caras do que as apólices feitas para qualquer outro
lugar do oceano.

Desaparecimentos famosos

Muitas páginas da internet sobre o Triângulo das


Bermudas incluem grandes listas de navios e aviões
desaparecidos. Mas a verdade é que muitos deles não
estavam nem um pouco próximos ao Triângulo
quando desapareceram, ou reapareceram
posteriormente com explicações perfeitamente
racionais para os seus desaparecimentos. Por
exemplo, o Mary Celeste, encontrado flutuando em
1872 sem nenhuma pessoa à bordo e com tudo
exatamente da maneira como as pessoas tinham
deixado, está em todas as listas de desaparecimentos
atribuídos ao Triângulo das Bermudas. Mas a verdade
é que esse incidente ocorreu a centenas de
quilômetros do Triângulo. 

Aqui vai uma amostra de alguns dos incidentes mais


notáveis. Como você vai poder comprovar, alguns
deles têm explicações razoáveis, mas ainda assim
continuam sendo atribuídos aos poderes ocultos e
estranhos da área. 

O navio U.S.S. Cyclops, 1918

Durante a Primeira Guerra Mundial, o U.S.S. Cyclops


servia na costa Leste dos EUA até 9 de janeiro de
1918. Ele havia sido designado para o Serviço de
Transporte Naval. O Cyclops teria de viajar até o
Brasil para reabastecer navios britânicos no Sul do
oceano Atlântico. Ele partiu do Rio de Janeiro em 16
de fevereiro e, após uma rápida parada em Barbados,
entre 3 e 4 de março, nunca mais foi visto. Todos as
306 pessoas, entre passageiros e tripulação,
desapareceram sem deixar rastro. 
Imagem cedida New York Navy Yard/Navy Historical
Center
O USS Cyclops ancorado no rio Hudson em
3 de outubro de 1911

Funcionários do Ministério da Marinha ficaram


perdidos, já que nenhuma tempestade foi registrada
na área do desaparecimento. E também não houve
destroços encontrados ou pedidos de socorro
transmitidos pelo equipamento potente do Cyclops.
De acordo com Marshall Smith, que escreveu um
artigo publicado na "Cosmopolitan", em setembro de
1973, as "teorias variavam de um mar revolto até
coisas como uma explosão na caldeira que destruiu o
equipamento de rádio e impediu qualquer pedido de
socorro". Mas a teoria mais bizarra é a de que um
polvo gigante prendeu o navio com seus tentáculos e
o arrastou para o fundo do oceano. 

Aviões Avengers da Marinha Americana, vôo 19,


em 1945
A história mais famosa do Triângulo das Bermudas,
sem dúvida, é o mistério que cerca o
desaparecimento de cinco aviões Avengers da
marinha em 1945. A história do vôo 19 costuma ser
resumida assim: uma patrulha de rotina partiu em
um dia ensolarado com cinco pilotos muito
experientes. De repente, a torre começou a receber
transmissões do líder do vôo alegando que estavam
perdidos, que as bússolas não funcionavam e que
"tudo parecia errado". Depois disso, eles nunca mais
foram vistos e investigações posteriores da marinha
não tiveram nenhum sucesso em explicar o incidente.

Imagem cedida
U.S. Naval Historical Center
Um Grumman TBF Avenger da marinha americana

O Tenente Charles C. Taylor era quem liderava a


missão, que incluía várias mudanças de rota
planejadas. Os aviões partiram às 13h15 do dia 5 de
dezembro de 1945. Às 15h, o tenente Robert F. Cox
estava sobrevoando a cidade de Fort Lauderdale, na
Flórida, quando ouviu um sinal que pensou vir de um
barco ou avião em perigo. Então, ele chamou o
serviço de operações da Estação Aérea da Marinha
para contar o que tinha acabado de ouvir. Cox
mandou Taylor viajar com o sol em direção à sua asa
esquerda pela costa até que atingisse Miami. Taylor
respondeu que seu grupo estava sobrevoando uma
pequena ilha e que só viam mar por todos os lados.
No entanto, se ele estivesse sobre os recifes da
Flórida, como havia dito

Com menos de duas horas de vôo até que acabasse o


combustível, Taylor descreveu uma grande ilha para o
serviço de operações da marinha. Se presumirmos
que se tratava da Ilha de Andros, a maior nas
Bahamas, o serviço de operações enviou diretrizes
que o levariam diretamente para Fort Lauderdale. E
aparentemente estas diretrizes estavam corretas, já
que após terem tomado o novo rumo, a voz de Taylor
começou a ficar mais forte no rádio. Mas o problema
foi que Taylor não acreditou que esse rumo estivesse
correto e, após alguns minutos, disse que eles não se
afastaram muito do Leste. Contornaram novamente e
seguiram para o Leste. Com essa manobra, as
transmissões começaram a perder força como
resultado de voarem na direção errada e saírem do
alcance do rádio. Por razões ainda desconhecidas,
Taylor ignorou o procedimento padrão de vôo que
mandava para Oeste quando estivessem sobre a água
e para o Leste quando estivessem sobre o solo. 

Dois hidroplanos PBM-5 dos fuzileiros navais foram


fazer buscas na área, mas um explodiu logo após a
decolagem. O outro não conseguiu localizar o vôo 19.
Ex-pilotos interrogados por Michael McDonnel para
um artigo da "Naval Aviation News", em junho de
1973, disseram que um Avenger tentando efetuar um
pouso forçado sobre o mar aberto durante a noite,
muito provavelmente não resistiria ao impacto. O
avião provavelmente se despedaçou com o impacto e
quaisquer tripulantes que tivessem sobrevivido à
colisão não durariam muito na água gelada, sob
fortes ventos. 

Outros desaparecimentos 

Aeronave DC-3, vôo NC-16002, em 1948 


Em 28 de dezembro de 1948, o capitão Robert
Lindquist, do vôo NC-16002, pilotava um DC-3 em
um vôo comercial de San Juan, em Porto Rico, com
destino a Miami, na Flórida. Ele entrou em contato
com Miami por rádio quando estava a 80 quilômetros
de distância e pediu instruções de pouso. Miami
respondeu passando as instruções, mas não houve
mais respostas vindas do capitão Lindquist. O avião
nunca chegou e nunca mais foi visto. Embora muitos
relatórios afirmem que não houve problemas no rádio
e que as condições climáticas eram muito boas, o
relatório de investigação do acidente, feito pela Civil
Aeronautics Board (Comissão de Aeronáutica Civil,)
não concordou com essas informações. 

De acordo com o relatório, o avião teve problemas


elétricos desde o início e suas baterias precisavam ser
recarregadas para que pudesse se comunicar com a
torre. Mas, em vez de carregar as baterias antes da
decolagem, Lindquist instruiu a equipe de terra a
encher a água das baterias e substituí-las no avião.
Primeiro, ele havia cancelado o vôo por causa desses
problemas com a bateria e recebeu ordens para ficar
em San Juan até que pudesse estabelecer contato por
rádio com a torre e reconfirmar seu plano de vôo.
Mas 11 minutos após a decolagem, ele entrou em
contato com a torre para informar que continuaria o
curso até Miami. A torre nunca recebeu essa
transmissão, mas a CAA Communications em San
Juan, sim. Nenhuma tentativa de entrar em contato
com o vôo teve sucesso. Na última comunicação por
rádio enviada pelo vôo, Lindquist disse que estavam a
80 quilômetros ao Sul de Miami. 
Imagem cedida U.S. Library of Congress
Um Douglas DC-3, o mesmo modelo do avião que
desapareceu sobre o Triângulo das Bermudas em
1948

O relatório de análise da Civil Aeronautics Board inclui


a hipótese de que alguma falha no sistema elétrico
fez com que o rádio e a bússola da aeronave
parassem de funcionar após a última comunicação.
Ela também acredita que devido ao fato do capitão
Lindquist não ter se comunicado com a torre, ele não
tinha como saber das mudanças no clima. A direção
do vento havia mudado, o que teria feito seu avião
sair cerca de 80 quilômetros da rota. E como a
localização do capitão era estimada baseando-se no
seu tempo de vôo, velocidade e condições climáticas,
ele poderia ter saído do curso facilmente. Outro ponto
que vale a pena ressaltar é que o avião tinha
combustível suficiente para sete horas e meia de vôo
e já tinha voado por pouco mais de seis horas quando
o último contato foi feito, o que poderia ter causado
sua queda no Golfo do México depois de ter ficado
sem combustível. Não foram encontrados destroços,
mas isso é explicado pelo fato de que o avião pode
ter caído em uma área muito profunda e as
evidências do acidente desapareceram rapidamente. 

O S.S. Marine Sulphur Queen

O S.S. Marine Sulphur Queen era um navio-tanque


que rumava para Norfolk, na Virgínia, vindo de
Beaumont, no Texas, e carregava 15 mil toneladas de
enxofre derretido em tanques aquecidos. Sua última
comunicação aconteceu em 3 de fevereiro de 1963,
quando o capitão enviou um relatório de rotina por
rádio informando sua posição. Essa mensagem dizia
que eles estavam próximos de Key West, no Estreito
da Flórida, mas eles nunca chegaram à Virgínia. 

Três dias após o relatório indicando a posição, as


equipes de busca da guarda costeira encontraram um
único colete salva-vidas flutuando 64 km a sudoeste
da última posição conhecida do navio. É muito
provável que um vazamento de enxofre tenha
causado uma explosão. E o gás de enxofre poderia ter
envenenado a tripulação e impedido que eles
enviassem um sinal de alerta. Os tripulantes de um
barco de bananas hondurenho relataram à guarda
costeira que seu navio de carga entrou em uma área
com um odor forte e ácido a 24 km do Cabo San
Antonia, na extremidade Oeste de Cuba, pouco antes
do amanhecer de 3 de fevereiro. 
Imagem cedida Waypoint U.S. Coast Guard Digital
Archive
Destroços do S.S. Marine Sulpher Queen

A área era conhecida por ser infestada por tubarões e


barracudas, o que explicaria o fato dos corpos nunca
terem sido encontrados. O U.S. Coast Guard History
Archive (Arquivo histórico da guarda costeira
americana) tem a seguinte lista dos itens encontrados
que estavam no Sulphur Queen: dois pedaços de
madeira com o nome do navio, oito coletes salva-
vidas (alguns com rasgos que acreditam ter sido
causados por dentes de tubarões), cinco bóias, uma
camisa, um pedaço de remo, uma lata de óleo, uma
lata de gasolina, uma bóia em forma de cone e uma
sirene de neblina. 

440º Esquadrão de Milwaukee, Avião 680, em


1965 
Em uma noite clara de 1965, uma experiente
tripulação de vôo que pertencia a 440º Esquadrão do
comando da reserva da aeronáutica dos EUA voavam
de Milwaukee, usando uma rota muito percorrida, em
direção à ilha de Grand Turk, nas Bahamas. Eles
pousaram conforme o cronograma na base aérea de
Homestead, na Flórida, às 17h04 e permaneceram
duas horas e 43 minutos no solo. A seguir, decolaram
às 19h47 rumando para o Sul em direção às
Bahamas, mas nunca atingiram seu destino. 

Imagem cedida Air Force Reserve Command


O 440º Esquadrão voava no Fairchild C-119 "Flying
Boxcar", que recebeu esse nome por causa de seu
grande compartimento de carga

Não havia nenhuma indicação de problemas e todas


as comunicações de rádio aconteciam normalmente.
Quando eles não pousaram, os controladores de vôo
tentaram contatar o Avião 680, mas não obtiveram
resposta. Somente uns poucos destroços foram
encontrados e eles poderiam ter sido jogados para
fora do avião de carga intencionalmente. E o estranho
é que entre a tripulação havia uma equipe de
manutenção experiente, o que significa que se
houvesse algum problema mecânico no vôo, haveria
muitas pessoas para resolvê-lo. Não houve explicação
para o desaparecimento do Avião 680.

Casos recentes

Nos dias de hoje, em que a orientação por GPS é


muito utilizada, é difícil imaginar que um navio ou
avião possam realmente desaparecer. Mas isso não
quer dizer que não houve alguns desaparecimentos
recentes atribuídos ao Triângulo das Bermudas: 

• DC-3 N407D, sumiu em 21 de setembro de 1978 


• Fighting Tiger 524, sumiu em 22 de fevereiro de
1978 
• Beechcraft N9027Q, desaparecido em 11 de
fevereiro de 1980 
• Ercoupe N3808H, sumiu em 28 de junho de 1980 
• Beech Bonanza, sumiu em 5 de janeiro de 1981 
• Piper Cherokee N3527E, desaparecido em 26 de
março de 1986 
• Grumman Cougar Jet, último contato realizado em
31 de outubro de 1991 
• o barco a motor Jamanic K, desaparecido quando ia
de Cape Haitian para Miami, em 20 de março de
1995 
• o barco a motor Genesis, que sumiu no caminho de
Port of Spain, em Trinidad, para St. Vincent, em 21
de abril de 1999 
• Cessna 210, desapareceu do radar quando ia de
Freeport a Nassau, em 14 de junho de 1999

Teorias bizarras 

Alienígenas e Atlântida

Por se tratar de uma das áreas com a maior


incidência de aparições de OVNIs, não se admira que
as abduções alienígenas tenham se tornado uma
explicação popular para os desaparecimentos
ocorridos no Triângulo das Bermudas. Mas elas não
são a única teoria, há quem já tenha teorizado que o
local é um portal para outros planetas. Mas por que
essa área específica? 

Muitos acreditam que a área do Triângulo das


Bermudas é o local da cidade perdida de Atlântida e
dos restos de suas avançadas tecnologias. O famoso
paranormal Edgar Cayce disse que a Atlântida já
possuía muitas das tecnologias que julgamos
modernas, incluindo uma arma letal de raios que teria
destruído a cidade, ainda de acordo com Edgar. Há
até os que dizem que os habitantes de lá eram uma
raça alienígena proveniente do aglomerado estelar
das Plêiades. 

Cayce previu que pesquisadores descobririam o limite


ocidental da Atlântida perto da costa de Bimini, nas
Bahamas, e eles realmente encontraram uma
"estrada" de pedras no local em 1968. Mas os
primeiros pesquisadores e arqueólogos que
estudaram o local, conhecido como "Estrada de
Bimini", logo o consideraram como uma ocorrência
natural. No entanto, investigações recentes
descobriram evidências que parecem sustentar a idéia
de que as pedras foram moldadas e colocadas lá para
formar uma parede. E essa descoberta de uma
possível cidade submersa próxima de Cuba só vai
aumentar o ímpeto dos que apóiam a teoria da
Atlântida. 

A "Estrada de Bimini", ou "Pedras de Atlântida", uma


formação rochosa na costa da Ilha de Bimini, nas
Bahamas

Diz a lenda (e especulações) que a cidade de


Atlântida dependia do poder de cristais de energia
especiais que eram extremamente poderosos. Cayce
apoiava essa idéia e a descoberta de uma grande
pirâmide submersa e de um cristal, realizada pelo dr.
Ray Brown, em 1970, fortalecem ainda mais essa
teoria. O Dr. Brown estava mergulhando com
equipamentos nas Bahamas quando, alega ele,
encontrou uma grande pirâmide feita de pedras com
características de espelho. Continuando sua busca,
entrou na pirâmide e viu um bastão metálico com
uma gema vermelha de várias faces pendurada no
ponto mais alto da sala. E diretamente abaixo do
bastão estava uma bancada onde mãos de bronze
seguravam uma esfera de cristal de 10 cm de
diâmetro. Ele removeu o cristal e o guardou
secretamente até 1975, quando o exibiu em um
seminário paranormal sediado em Phoenix, no
Arizona. Ele relatou que ao olhar dentro do cristal, é
possível ver três imagens de pirâmides, uma em
frente a outra e com tamanhos decrescentes, e há até
os que viram uma quarta pirâmide na frente das
outras três após terem entrado em estados de
meditação profunda. 

Brown diz acreditar que as linhas partidas vistas ao


observar a lateral da esfera do cristal podem ter
natureza elétrica, como se fossem uma espécie de
circuito microscópico. Especula-se que esses cristais
de energia estejam em algum tipo de estado alterado
que os capacite a enviar raios de energia que
confundam instrumentos de navegação ou
simplesmente desintegrem os veículos. 

Anomalias magnéticas e a neblina


"The Fog: A Never Before Published Theory of the
Bermuda Triangle Phenomenon" (A Neblina: uma
teoria jamais publicada sobre o fenômeno do
Triângulo das Bermudas), de autoria de Rob
MacGregor e Bruce Gernon, traz relatos de uma
"neblina eletrônica" que ambos viram ao voar sobre o
Triângulo. A história é a seguinte: em 4 de dezembro
de 1970, Gernon e seu pai voavam para Bimini em
um céu claro quando viram uma nuvem estranha com
extremidades quase que perfeitamente arredondadas
pairando sobre a costa da Flórida. E conforme voaram
sobre ela, a nuvem começou a se espalhar, igualando
ou até ultrapassando a velocidade deles. A 3.505
metros de altura, acharam que haviam escapado da
"nuvem", mas acabaram descobrindo que ela havia
formado um túnel, e a única possibilidade de fuga
parecia ser passar por esse túnel. E quando estavam
lá dentro, viram linhas nas paredes que giravam no
sentido anti-horário, os instrumentos de navegação
ficaram descontrolados e a bússola também passou a
girar no sentido anti-horário. 

Gernon disse que havia "percebido a ocorrência de


algo muito estranho. Em vez do céu azul e limpo que
esperávamos no final do túnel, tudo parecia branco-
acinzentado. Além disso, a visibilidade parecia ser de
3 quilômetros, mas não havia absolutamente nada
para ver. " Não havia oceano, horizonte ou mesmo
céu, somente um nevoeiro cinza", disse ele. 

Quando Gernon entrou em contato com o controle de


tráfego aéreo de Miami para obter uma identificação
de radar, o controlador disse não haver aviões
aparecendo no radar entre as regiões de Miami,
Bimini e Andros. Após vários minutos, Gernon ouviu o
controlador dizer que um avião havia acabado de
aparecer diretamente sobre Miami. Gernon não achou
que poderia estar sobre Miami Beach, já que o tempo
normal de viagem é de 75 minutos para chegar até lá
e só tinham passado 47 minutos desde o início do
incidente. Mas nesse mesmo momento, o túnel
começou a se desfazer no que ele descreveu como
tiras de neblina. E mais, os instrumentos começaram
a operar normalmente e viram Miami Beach logo
abaixo deles. E foi essa passagem de tempo,
confirmada por seus relógios e pelo relógio do avião,
que levou Gernon a acreditar que a neblina eletrônica
possuía características relativas a viagens no tempo. 
Bruce Gernon, Don Pelz e outros pilotos já disseram
ter saído de um estranho túnel formado por nuvens
quando voavam sobre o Triângulo das Bermudas

O interessante é que Gernon passou por essa


experiência mais uma vez enquanto voava com sua
mulher e, muitos outros pilotos também tiveram
experiências semelhantes ao sobrevoar a área.
Gernon diz acreditar que as potentes tempestades
eletromagnéticas que ocorrem no interior da Terra
passam através da superfície e atingem a atmosfera,
onde logo desaparecem, deixando essa neblina
eletrica. E ainda de acordo com Gernon, um cientista
suíço descobriu que o magnetismo é mais fraco no
triângulo do que em qualquer outro lugar da Terra,
uma possível explicação para essa neblina ocorrer
mais lá do que em qualquer outro lugar. 

Para saber mais sobre essa teoria, ouça (em inglês)


essa Paranormal Podcast interview (Podcast de
entrevista paranormal) feito com Bruce Gernon.
Quando Don Pels, de Indiana, ouviu a experiência de
Gernon, ele entrou em contato para contar sua
própria experiência. Ele não só havia visto as mesmas
nuvens com forma de rosquinhas há 10 anos como
também conseguiu obter imagens de radar daquilo
que Gernon chamou de "tempestade do tempo". Se
quiser vê-las, acesse a página de Pelz na internet (em
inglês). 

Problemas nas bússolas

Em quase todos os relatos de mistério que cercam o


Triângulo das Bermudas, você vai ouvir algum tipo de
menção ao fato de que ele é um dos dois lugares da
Terra (o outro é o Mar do Diabo, na costa do Japão)
em que os ponteiros da bússola apontam para o
Norte real em vez do Norte magnético. E há teorias
que dizem que este é o motivo das bússolas não
funcionarem e aviões e navios saírem de seus rumos
nesses lugares. 

Uma bússola funciona porque sua agulha magnética é


atraída pelo magnetismo da Terra, fazendo a agulha
apontar para o Pólo Norte Magnético, que está em
constante movimento. O Pólo Norte Geográfico, por
outro lado, é permanente e localiza-se a cerca de
1.931 quilômetros ao Norte do Pólo Magnético. Essa
variação entre as duas leituras é conhecida como
declinação magnética, que pode mudar em até 20º
conforme você se movimenta pelo globo terrestre. 
Imagem cedida National Geophysical Data Center
Neste mapa da declinação magnética de 2004, a linha
agônica (preta) passa pelo Meio-Oeste e pelo Golfo do
México

A linha agônica é uma linha imaginária na qual o


Norte real e o Norte magnético estão alinhados
perfeitamente, sem que haja declinação magnética.
Nos pontos a Oeste da linha agônica, uma agulha
magnética irá apontar para o Leste do Norte
verdadeiro (declinação positiva). Já nos pontos a
Leste da linha agônica, uma agulha magnética irá
apontar para o Oeste do Norte verdadeiro (declinação
negativa). As linhas que marcam a declinação
magnética constante que ocorre fora da linha agônica
são chamadas de linhas isogônicas. 

No começo do século XVIII, Edmund Halley, percebeu


que a linha agônica estava se movendo lentamente
para o Oeste. E, desde então, os cientistas notaram
que existe uma movimentação da linha agônica em
direção ao Oeste com uma velocidade de cerca de
0,2º por ano. Mas essa movimentação não é igual em
todos os lugares. Ela é mais forte no hemisfério do
Oceano Atlântico do que no do Pacífico. Os
navegadores devem sempre levar a declinação
magnética em consideração ao mapear suas rotas. 

Embora a linha agônica já tenha passado pelo


Triângulo das Bermudas, ela atualmente passa pelo
Golfo do México, fazendo com que as alegações de
que ela pode contribuir com os desaparecimentos no
Triângulo não sejam precisas. A verdade é que erros
de cálculos que levem a desvios de rota podem
acontecer em qualquer local. Além do mais, esta
teoria também presume que pilotos e capitães
experientes que passam pela área desconhecem a
declinação magnética, o que é muito improvável. 

Buracos azuis

Os buracos azuis são cavernas e cavidades azuladas


cheias de água. Estas cavernas podem ser
simplesmente buracos no solo em ilhas (buracos azuis
terrestres) ou buracos em águas rasas sobre bancos
(buracos azuis marinhos ou oceânicos). O
mergulhador britânico Rob Palmer dirigiu um centro
de pesquisas sobre buracos azuis nas Bahamas
durante vários anos. Em julho de 1997, ele não
voltou à superfície após um mergulho no Mar
Vermelho e foi declarado morto. Algumas pessoas
pensam que os buracos azuis podem ter relação com
(ou mesmo ser formados por) pontes de Einstein-
Rosen (buracos de minhoca) que acreditam existir na
área. Acredita-se até mesmo que eles sejam pontos
de transporte para OVNIs vindos de outras
dimensões. 

Imagem cedida Aqua Cat Cruises/ Rick Frehsee


Um dos muitos buracos azuis nas proximidades das
Bahamas

Teorias plausíveis 

A maioria das explicações racionais para os incidentes


no Triângulo das Bermudas, incluindo as fornecidas
pela marinha e guarda costeira americanas, está
relacionada a erros humanos e efeitos ambientais.
Como a área é uma das mais usadas por pilotos e
marinheiros amadores, há uma probabilidade maior
de ocorrerem acidentes e desaparecimentos. 

Padrões climáticos e topografia

A área está sujeita a tempestades e mudanças


climáticas violentas e inesperadas. Essas tempestades
curtas e intensas podem se desenvolver e dissipar tão
rapidamente que nem chegam a ser detectadas pelos
satélites. Além disso, trombas d'água capazes de
destruir facilmente um avião ou navio passando pela
área são bastante comuns. Uma tromba d'água nada
mais é do que um tornado que ocorre no mar e puxa
a água da superfície do oceano até milhares de
metros de altura. Outro fator ambiental possível são
os terremotos submarinos, já que cientistas
encontraram bastante atividade sísmica na área. E
mais, os cientistas também já observaram ondas de
até 30 metros de altura. 

A topografia submarina da área também pode ser um


fator importante, já que varia de uma plataforma
continental levemente inclinada para uma queda
extremamente profunda. Na verdade, alguns dos
fossos mais profundos do mundo se encontram nessa
área. E se um navio ou avião afundar em um desses
fossos, a probabilidade de que nunca seja encontrado
é muito grande. 
Imagem cedida por Jacques Descloitres, da Equipe de
Resposta Rápida MODIS, NASA/GSFC
Efeito da irregularidade da superfície do mar na
Corrente do Golfo, captado pelo satélite Terra, da
NASA, em 8 de abril de 2004

A Corrente do Golfo, onde o Triângulo se localiza, é


extremamente rápida e turbulenta, podendo criar
condições extremamente difíceis para a navegação,
especialmente para navegadores inexperientes. Já foi
relatado que essa corrente pode se mover a
velocidades superiores a 8 km/h em algumas áreas, o
que é suficiente para desviar o curso de barcos em
várias centenas de quilômetros se os tripulantes não
fizerem a compensação correta. Outra coisa que essa
velocidade de corrente pode fazer é limpar
rapidamente qualquer evidência de um desastre. 

Hidratos de metano
Esta teoria parece ser muito promissora para explicar
ao menos alguns dos desaparecimentos no Triângulo
das Bermudas. Cientistas da Cardiff University
descobriram a presença de grandes concentrações de
gás metano presas no leito do oceano. Esse gás é
criado devido a organismos marítimos em
decomposição, já que o leito possui bactérias que
produzem metano, que pode se acumular como gelo
de metano superconcentrado, chamado de hidratos
de metano. E essa camada de gelo acaba por
aprisionar o gás metano (os cientistas estão
estudando isso como uma possível fonte de energia). 

Imagem cedida Office of Naval Research


Depósitos de cristais de hidrato de metano

É possível que essas concentrações de metano


existam em partes do leito do oceano dentro do
Triângulo das Bermudas, embora algumas pessoas
ainda questionem quais seriam essas quantidades.
Desmoronamentos que costumam ocorrer na
plataforma continental norte-americana, ao Norte do
Triângulo das Bermudas poderiam levar pedras e
outros escombros, rompendo a camada de hidrato de
metano abaixo do leito oceânico e liberando o gás
contido nela. 

Poucos segundos após o rompimento do bolsão de


gás, esse gás se eleva e causa uma erupção
inesperada na superfície. Caso haja algum navio na
área da explosão, a água debaixo dele ficaria menos
densa em questão de segundos, fazendo com que o
navio ou barco afundasse. E para completar, os
sedimentos retornando ao leito poderiam cobrir esse
navio rapidamente. Mesmo os aviões na área
poderiam pegar fogo durante uma dessas explosões.
Embora Bill Dillon, um geólogo do US Geological
Survey (Centro de Pesquisas Geológicas dos EUA,)
não concorde com o uso da teoria do hidrato de
metano para explicar o Triângulo das Bermudas, ele
disse que, "em várias ocasiões, plataformas de
perfuração de petróleo já afundaram devido à fuga de
gás metano". 

Piratas

Muito embora os piratas históricos, como Barba


Negra, ou os fictícios, como o Capitão Jack Sparrow
(do filme Piratas do Caribe), não sejam os prováveis
culpados pelos desaparecimentos, o mesmo não pode
ser dito sobre os piratas modernos. Nas décadas de
1970 e 1980, traficantes de drogas costumavam
abordar barcos para transportar as drogas. E essa
teoria também pode ter se tornado realidade durante
os tempos de guerra. Confira Como funcionam os
piratas para obter mais informações sobre a pirataria
e os piratas da vida real. 

Imagem feita pelo suboficial da marinha norte-


americana, Kenneth Anderson
cedida pelo U.S. Department of Defense
O U.S.S. Winston S. Churchill persegue uma suposta
embarcação pirata, em 2006

Mesmo que algumas destas teorias provavelmente


sejam as explicações para os desaparecimentos na
área conhecida como Triângulo das Bermudas, há
várias pessoas que ainda preferem acreditar que
alienígenas, neblinas eletricas ou outros fenômenos
subrenaturais estejam envolvidos. E enquanto essas
teorias existirem, o Triângulo das Bermudas vai
continuar sendo uma fonte de fascinação e mistério. 

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