Você está na página 1de 4

AO JUÍZO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE XXXXXXXXX – SC

Autos nº XXXXXXXXXXXX
XXXXXXXXXXX, já qualificado nos autos da açã o penal em epígrafe, vem, por seu advogado
dativo nomeado, com escritó rio na Rua XXXXX, nº XXXX, Bairro XXXXXXX, município de
XXXXXXX – SC, com fundamento no art. 396 e 396-A, do Có digo de Processo Penal,
apresentar
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
à s alegaçõ es formuladas pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DE SANTA CATARINA, pelos fatos e
fundamentos de direito expostos adiante:
I. DOS FATOS
Narra a inicial acusató ria que o acusado, no dia XX de XXXXXX de XXXXXX, teria se dirigido
à obra que estava em construçã o na Rua XXXXXX, nº XXXXX, Bairro XXXXXX, Município de
XXXXX– XXX, e, aproveitando-se da distraçã o da vítima XXXXXX, de modo consciente e
voluntá rio, subtraiu para si a carteira da vítima, com dois cartõ es de banco, sendo uma
conta em nome de XXXXXXX outra em nome de XXXXXXXX, irmã o de XXXXXXX.
Alega ainda o Ministério Pú blico que já em posse tranquila dos cartõ es de banco com as
respectivas senhas, o acusado teria efetuado três saques nos valores de R$ XXXXXXX, R$
XXXXXX e R$ XXXXXX, causando à s vítimas prejuízo de R$ XXXXXXXX para cada uma.
Com base nestes fatos, o Ministério Pú blico ofereceu denú ncia em face do acusado, que foi
incurso, em tese, no artigo 155, do Có digo Penal Brasileiro.
Razã o, porém, nã o lhe assiste, conforme se mostra adiante, bem como ante ao que será
comprovado em instruçã o processual a posteriori.
II. PRELIMINARMENTE: DA FALTA DE JUSTA CAUSA PENAL E INSUFICIÊNCIA
PROBATÓRIA
No caso dos autos, inexiste materialidade suficiente a sufragar eventual açã o penal, na
medida em que as provas – se é que assim podem se chamar - coligidas aos autos sã o
oriundas do testemunho em inquérito policial, o que, como se sabe, nã o podem
fundamentar eventual sentença condenató ria, já que produzidas em sede onde nã o há o
exercício do contraditó rio ou ampla defesa.
Nunca é demais lembrar que o testemunho policial nã o possui cará ter absoluto de
veracidade, tendo valor relativo (presunçã o relativa de veracidade dos atos
administrativos).
É primordial destacar, ainda, que o inquérito policial é subsidiado por depoimentos das
supostas vítimas, sem qualquer conteú do probató rio adicional, visto que o acusado se
manteve calado, conforme assegurado pela Carta Magna.
Disto isto, o ú nico indício de prova da ocorrência dos supostos fatos delineados poderia
residir nas imagens fornecidas pela instituiçã o bancá ria, caso fossem fidedignas, e, ainda
assim, nunca poderiam imbuir presunçã o de que uma pessoa que estivesse no banco
estaria praticando, necessariamente, um ato ilícito.
O curioso é que tais imagens colacionadas sequer têm relaçã o com os acontecimentos que o
Ministério Pú blico narra na peça acusató ria, nã o sendo há beis à identificaçã o do acusado
como Autor do delito objeto desta açã o, nem podem comprovar qualquer ocorrência de ato
tipificado penalmente.
Assim sendo, por inexistirem indícios mínimos de materialidade do crime nem de Autoria,
faltando justa causa para a açã o penal, requer seja a denú ncia rejeitada, conforme art. 395,
III, c/c art. 386, II, V e VII, todos do CPP.
III. DAS TESES DEFENSIVAS
Hodiernamente, a apresentaçã o de resposta à acusaçã o tem se revelado mero formalismo
processual, porquanto as teses neste momento arguidas nã o produzem qualquer efeito
jurídico, na medida em que se mostra impossível ao acusado defender-se antes da oitiva de
testemunhas e até mesmo de seu depoimento, porquanto as provas, neste tipo de açã o,
naturalmente nascem precipuamente de testemunhos e depoimentos de quem presenciou
os supostos fatos.
Ademais, as alegaçõ es da acusaçã o, ao menos nesta fase processual em que nã o há qualquer
possibilidade de defesa fatual, têm ganhado maior valor probató rio, mesmo sem apresentar
provas do referido, o que escancara ainda mais o simbolismo da presente defesa à
acusaçã o.
Assim sendo, por entender que a apresentaçã o de teses defensivas no momento nã o
produziria qualquer vantagem processual à defesa do acusado, reserva-se sua
apresentaçã o para apó s a instruçã o do feito, de onde ressoará incontestá vel a absolviçã o do
acusado.
IV. DO DIREITO À SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR
RESTRITIVA DE DIREITO OU MULTA
Requer o Acusado, desde já , a Substituiçã o da Pena Privativa de Liberdade porventura
aplicada por uma ou mais penas restritivas de direito ou multa, já que preenche todos os
requisitos exigidos pelo artigo 44 e seguintes do Có digo Penal Brasileiro.
Nesse passo, nã o restam dú vidas de que o acusado, acaso condenado a pena privativa de
liberdade, preenche os requisitos dispostos no artigo 44 e incisos do Có digo Penal
Brasileiro, tendo direito subjetivo à Substituiçã o da Pena Corporal porventura aplicada por
uma ou mais Penas Restritivas de Direito.
V. DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO
O acusado faz jus à suspensã o condicional do processo, por estarem presentes todos os
requisitos para tanto previstos no art. 89, da Lei 9.099/95 c/c art. 77, do CP.
Assim, tendo em vista todo o exposto, requer seja aplicada tal medida de forma sumá ria,
como forma de justiça, deixando de prolongar o sofrimento e penú ria oriundo de um
processo criminal que poderia ser abreviado neste momento em face da aplicabilidade dos
institutos despenalizadores alhures tratados.
VI. PEDIDOS
Ante o exposto, requer:
a) O arquivamento do processo, por falta de justa causa para a açã o;
b) A absolvição sumária, nos termos do art. 397, do CPP;
c) A absolvição, nos termos do art. 386, III e VII, por ausência de tipicidade e por falta de
provas suficientes;
d) Nã o sendo o caso, requer a produçã o de provas por todos os meios admitidos em direito
e, posteriormente, seja proferida sentença absolutória consoante os artigos 386, III, VI e
VII, do CPP;
e) Subsidiariamente, requer a aplicaçã o do benefício da suspensão condicional do
processo, e, finalmente, de penas restritivas de direito.
f) A fixaçã o dos honorá rios ao advogado dativo, mediante habilitaçã o no sistema da AJG do
TJSC.
Requer, ainda, ante a impossibilidade de contato prévio com o acusado bem como com suas
testemunhas, seja possibilitado à defesa que arrole posteriormente ou até mesmo
leve à audiência de instrução suas testemunhas independentemente de arrolamento,
devendo, neste ú ltimo caso, estar constando do mandado tal ordem, tudo isto com
embasamento em precedentes do STJ: “não há preclusão se a parte, no momento da
apresentação da defesa prévia, formula pedido de indicação de rol de testemunhas a
posteriori; tampouco há violação do contraditório se o magistrado defere o pedido em busca
da verdade real e diante da impossibilidade de contato do defensor público com o acusado”
(REsp 1443533, rel. min. Maria Thereza de Assis Moura, 6ª Turma, j. 23/06/2015), no
princípio do devido processo legal e da ampla defesa, e na CADH, artigo 8, de onde
exsurgem as garantias judiciais mínimas, principalmente as de "concessão ao acusado do
tempo e dos meios adequados para a preparação de sua defesa" e "da defesa de inquirir as
testemunhas presentes no tribunal e de obter o comparecimento, como testemunhas ou
peritos, de outras pessoas que possam lançar luz sobre os fatos".
Nestes termos, pede deferimento.
Município, 01 de setembro de 2019.
Advogado
OAB
______________________________
Quer ter acesso amais de 20 Mil Modelos de Petições Atualizadas?CLIQUE AQUI!

Você também pode gostar