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Luisa Baroni
Freud dedica boa parte dos seus estudos a
compreender luto e melancolia. Ele
correlaciona os dois temas, pois possuem
semelhantes manifestações, mas origens
distintas. O luto é uma reação normal diante
da perda de alguém querido, já a
melancolia é uma tristeza profunda e
persistente que não está atrelada á um
único fato ou perda, mas no
rememoramento constante de uma dor que
nunca é superada
O luto não é uma condição patológica e
sim uma reação natural à perda de um
ser amado. Não há um período certo para
a superação de um luto, mas a dor vai se
tornando mais leve com o tempo e
eventualmente passa. Se o luto não
passar de forma natural é porque
acarretou uma patologia, a melancolia
(depressão).
Os sintomas do luto são: desânimo,
desmotivação, perda de interesse por
coisas que antes gostava e apatia. É
comum apresentar também perda de
apetite, crises de choro e insônia.
A perda de um ser amado gera um
“vazio emocional”, uma libido que
perdeu objeto e acumula dentro de si,
sem encontrar caminho de saída. Se o
luto for muito profundo pode haver perda
de interesse pelo mundo externo e pelas
outras pessoas. Surtos de raiva e até
alucinações podem acontecer embora
não seja comum em um luto normal.
Pessoas que já tem uma tendência
neurótica podem sentir culpa pela perda
ou por algo que fizeram ou deixaram de
fazer enquanto a pessoa vivia. Outras
pessoas podem culpar a terceiros e até
entidades metafísicas como o destino e a
Deus.
A superação do luto é sempre longa e
dolorosa e exige um enorme gasto de
energia psíquica. A resignificação do ser
perdido não é linear, ou seja, mesmo
depois de passado algum tempo e a
pessoa já se sentir recuperada, ela pode
ser tomada por rompantes de dor
profunda e choro compulsivo. Isso deve
durar por pouco tempo, até que a pessoa
recupere o progresso na resignificação.
Em 1960, a psiquiatra Kübler-Ross estuda as
fases pelas quais passaria o luto a partir de sua
experiência profissional com pacientes
terminais. A obra Sobre a morte e o morrer,
publicada em 1969, analisa os estágios pelos
quais passam as pessoas no processo de
terminalidade Estes são: negação e isolamento,
raiva, barganha, depressão e aceitação. Essas
fases do luto são consideradas até hoje por
especialistas. Embora nem todo mundo viva
todas as fazes e nem sempre seja nessa ordem, o
luto para a maior parte das pessoas costuma ser
experienciado como analisado por Kübler-Ross.
Embora não tenha uma fórmula para
vivenciar ou passar pelo luto,
normalmente o luto é superado em até 2
anos após a perda. Os sintomas de
desânimo são mais fortes nas primeiras
semanas logo após a perda. Porém, se a
pessoa for estimulada, ela recupera seus
interesses e consegue se “distrair” do
sofrimento
Existe ainda uma outra forma de luto, o luto
de si mesmo. Isso acontece quando a
pessoa sente que perdeu algo significante
em si, algo que a representava, que ela
identificava com sendo a si mesmo. Quando
uma mãe que se identifica a cima de tudo
como mãe perde o filho ela pode viver o
luto de si, na identidade maternal. A mesma
coisa pode acontecer com alguém que se
define como esposa e se separar etc.
Na eminência ou certeza da morte a as
pessoas podem viver o luto antes mesmo
do falecimento.
O sentimento de luto, de luto de si e luto
antecipado é um sentimento muito
comum no idosos.
Por isso, um paciente idoso exige um
cuidado especial quanto ao seu processo
de luto, pois tem uma forte tendência de
virar um depressão.
Primeiro estágio: Negação.
Segundo estágio: Raiva.
Terceiro estágio: Negociação/Barganha.
Quarto estágio: Tristeza.
Quinto estágio: Aceitação.
Consiste em uma fase de negação do
acontecimento; a pessoa não acredita, acha que
pode haver enganos. Esta fase está sujeita a ser vista
como forma de defesa de algo improvável e pode
durar minutos ou até mesmo anos (como nos casos
das pessoas que continuam sempre esperando seus
entes queridos).
Pessoa em iminência de morte e pessoa com
vínculo afetivo: logo duvida, não acredita, pode achar
que o outro está mal intencionado, tem dificuldade
em ter a clareza desta realidade, pode querer
esquecer isso e até mesmo buscar fatos e
argumentos que neguem a realidade.
Como lidar?
Esta é uma fase em que, tanto o paciente, quanto o enlutado,
encontram-se em estado de choque e bastante entorpecidos pela
situação. Geralmente a pessoa se pergunta como ela pode
continuar, se pode continuar, quais motivos tem para seguir em
frente, entre diversos outros questionamentos, que a fazem buscar
por uma forma de passar por cada dia.
Neste caso, por mais que pareça estranho, a fase da negação, bem
como o estado de choque, contribuem para que o indivíduo passe
por esse momento, tornando a sobrevivência possível e
estimulando que sentimentos, como a tristeza, realmente ganhem
o espaço que precisam ganhar.
A pessoa deve enxergar a negação como uma forma da natureza
lhe mostrar tudo com o que ela pode e consegue lidar. Aceitando
esta fase, assim como a dura realidade que ela traz, fazendo-se os
questionamentos que citei acima e diversos outros, o paciente e o
enlutado dão, sem perceber, início ao seu processo de cura.
Sentimento de raiva, dor, medo e culpa que
podem variar muito em intensidade e
freqüência. Esta fase é a mais delicada, a pessoa
está incongruente e pode ter atitudes
desagradáveis, piorando o clima diante de um
tratamento ou em um velório.
Pessoa em iminência de morte e pessoa com
vínculo afetivo: sente raiva de quem informou, do
fato que causou, de alguém que poderia ter
evitado, e se sujeita até a questionar Deus como
sendo injusto, podendo ter reações
imprevisíveis;
Como lidar?
Para lidar com a fase 2 do luto, que é a raiva, o primeiro passo
que a pessoa deve dar é no sentido de entender que esse estágio
faz parte e é verdadeiramente necessário dentro do processo de
cura. Assim, o que o indivíduo deve fazer é se dispor a sentir a
raiva, mesmo que, no momento em que ela surgir, tenha-se a
impressão de que ela nunca vai passar.
É importante se deixar viver esta emoção, já que, quanto mais a
pessoa, seja o paciente ou o enlutado, permitir que ela venha a
tona, mais chances tem de que ela se dissipe com o tempo e que o
processo de cura realmente tenha o efeito esperado.
Compreender que por baixo da raiva, o que existe, na verdade, é
a dor, que é natural nos sentirmos abandonados, e que, por mais
que cause estranheza, a raiva pode trazer força, servindo como
âncora e estrutura, quando a pessoa sente que não tem nada,
contribui, significativamente, para que esta fase seja superada.
A revolta anterior não trouxe alívio, aí
vem os pensamentos sobre fazer algo
para reverter o acontecido.