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História

Do Mundo Antigo ao Feudalismo

Objetivo
Você aprenderá sobre a formação do feudalismo e das bases do Período Medieval.

Se liga
Para essa matéria é importante que você saiba o conteúdo sobre o Mundo Antigo.

Curiosidade
Foi durante o Período Medieval que surgiram alguns dos contos de fadas famosos, como Chapeuzinho
vermelho.

Teoria

Formação do Mundo Medieval


A partir do século III, o Império Romano passou por intensas crises. As guerras de conquista não aconteciam
desde o século II d.C e, com isso, a obtenção de novos escravos foi interrompida. Com a diminuição na
quantidade de escravos, a disponibilidade dessa mão de obra no império começou a diminuir. Assim, esse
processo afetou a economia romana e causou a diminuição de sua produtividade, provocando,
consequentemente, um aumento no custo de vida em todo o império.
Para agravar esse cenário, os altos gastos para manter suas extensas fronteiras protegidas, além de invasões
de povos chamados de bárbaros, principalmente os germânicos, ajudaram a desestabilizar o Império.
Ocorreram diversas tentativas de restabelecer a estabilidade, como a divisão do território em duas partes:
Império Romano do Ocidente, com capital em Roma, e Império Romano do Oriente,
com capital em Constantinopla, visando melhorar a administração.
No entanto, em meio às invasões ao Império Romano do Ocidente, houve um
intenso processo de ruralização, com o objetivo de fugir e buscar proteção. Tal fato
culminou na queda de Roma, em 476, marcando o fim da Idade Antiga e o início da
Idade Média. Vale lembrar que essas invasões não foram todas agressivas, mas
em muitos casos um processo de migração para o interior das fronteiras do então
império, em busca de segurança e estabilidade. Esse processo provocou uma
pluralidade cultural que forneceu as bases para o feudalismo.

A Idade Média e o feudalismo


A Idade Média começou a se estruturar com a queda de Roma, quando começou a se desenvolver uma nova
estrutura social, política e econômica, caracterizada por uma sociedade rural, descentralizada e estamental.
O período durou mais de 1000 anos e pode ser dividido em Alta Idade Média e Baixa Idade Média. Nesse longo

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período se consolidou o que ficou conhecido como o feudalismo, modo de produção que associava
elementos romanos e germânicos, como o teocentrismo, baseado na grande influência ideológica da Igreja
Católica Apostólica e na descentralização política que acontecia nos últimos anos do império romano.
No feudalismo, as relações políticas entre nobres eram baseadas no princípio da suserania e da vassalagem,
no qual um nobre doava terras conquistadas por ele (suserano) a outro nobre (vassalo) em troca de fidelidade
nos compromissos militares do suserano. Apesar da existência da figura do rei, seus poderes eram limitados,
já que o poder estava descentralizado entre diversos senhores feudais.
Essa relação era estabelecida através de uma cerimônia conhecida como homenagem, que era dividida em
dois atos: o juramento e a investidura. Pelo ato de juramento, o vassalo anunciava sua lealdade e seus
serviços, enquanto pela investidura, o senhor doava uma parte de suas terras ao vassalo, tudo realizado frente
a testemunhas e normalmente selado com um beijo. Essas alianças entre diversos vassalos e suseranos
construía uma rede de proteção entre os feudos na Idade Média que envolvia até mesmo os reis que, com o
tempo, passaram a acumular cada vez mais vassalos ao seu redor.
A economia feudal também ocorria de forma descentralizada, dentro de estruturas chamadas de feudos. Os
feudos se baseavam na atividade agrícola, realizada pelos servos, e, em geral, eram autossuficientes, ou seja,
produziam os principais produtos necessários à sobrevivência de seus habitantes, tendo pouca necessidade
de troca entre os feudos. Isso gerou um desaquecimento do comércio e das atividades urbanas. A sociedade
feudal se caracterizou por uma estrutura estamental. Os estamentos eram divididos entre os que guerreavam
(nobreza), os que rezavam (clero) e os que trabalhavam (servos). A mobilidade social era quase inexistente,
já que a posição ocupada era determinada pelo nascimento.
Apesar de cada classe ter sua função, cada uma apresentava também as suas obrigações, no entanto, apenas
os servos não possuíam privilégios, sendo condenados ao pagamento de diversos tributos e serviços para
poderem produzir ou viver no feudo. Dentre os chamados impostos feudais, cobrados aos servos, podemos
citar: talha, corveia, banalidade, tostão de Pedro e mão morta.
Por parte da nobreza e dos senhores feudais, a principal obrigação que estes tinham era a de manter a
segurança no feudo e garantir a estabilidade nas terras. Para isso, realizavam alianças com outros feudos e
contratos de suserania e vassalagem para ampliar suas conexões, influências e poderes. Neste acordo, um
nobre com maior influência doava um pequeno pedaço de terra para outro nobre de menor influência,
normalmente o segundo filho de algum senhor, que não teria direito a grande herança (direito de
primogenitura). Desta forma, o que doava a terra se tornava o suserano e prometia proteger aquele que
recebeu, este, por sua vez, se tornava um vassalo, um cavaleiro do senhor, jurando lealdade, apoiando em
guerras, protegendo o feudo, cobrando impostos e realizando serviços ao seu suserano.
.

A sociedade feudal: rígida hierarquização social.

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A Igreja Medieval
As relações sociais e o modo de produção feudal foram característicos fundamentais da
sociedade medieval, mas, não podemos compreender este período sem entendermos
importância da influência da Igreja Católica neste mundo. A questão espiritual, desde a
antiguidade, sempre se manifestou como característica essencial de diversas culturas e, no
caso europeu, desde o fim do Império Romano, o cristianismo se tornava cada vez mais a
grande influência religiosa da região.
Com o período Carolíngio, como visto, a Igreja Católica passou a exercer mais do que um poder
espiritual, pois adentrou definitivamente nas questões políticas dos reinos germânicos, passou
a influenciar decisões, controlar a vida das pessoas e se tornou, enfim, uma grande proprietária de terras,
fortemente vinculada à estrutura feudal. Assim, a Igreja Católica detinha um vasto poder sobre os calendários,
as datas, as decisões políticas, as horas de trabalho e até mesmo os dias que poderiam ter batalhas e os dias
santos.
Dominando grande parte da Europa e se relacionando com as principais monarquias e nobrezas, a Igreja
conseguiu se tornar a principal instituição do mundo e realizar obras faraônicas para constantemente reforçar
o seu poder. Visto isso, durante a Idade Média, diversas igrejas de arquitetura gótica, mosteiros e abadias
foram construídas pela Europa, sendo estes últimos importantes centros de cultura letrada.
Nos mosteiros e nas abadias os monges preservavam textos antigos, traduziam livros estrangeiros,
organizavam bibliotecas e escolas e guardavam artefatos considerados sagrados. Muitos monges chegaram
a abandonar a chamada “vida secular” (em contato com a terra, com as riquezas), para se dedicarem
integralmente às regras do cristianismo, isolando-se em mosteiros e abrindo mão de todos os bens materiais,
ficando conhecidos como o clero regular.
Por outro lado, o chamado clero secular, manteve-se ligado às riquezas possuídas pela Igreja Católica, à
administração de terras e ao mundo material. Muitos monges acumularam vastas riquezas através das
doações que recebiam de fiéis que buscavam perdão por seus pecados. Por volta do ano 1000 essa onda de
doações se tornou ainda maior, visto que a crença na proximidade do fim do mundo desesperava muitos fiéis,
que tentavam de tudo para conseguir o perdão. De fato, o apego de parte deste clero a tais bens materiais
acabou gerando muitas críticas e denúncias por parte de fiéis que não concordavam com essa ostentação e,
antes mesmo das grandes reformas protestantes.

Baixa Idade Média


Em comparação com as disputas territoriais do início da Alta Idade Média, a Europa vivia neste momento uma
fase muito mais segura. As alianças realizadas entre os feudos e a proteção dos cavaleiros garantiu uma
maior estabilidade para os senhores e servos. No entanto, a condição estável e a redução dos saques e
invasões garantiram também um crescimento demográfico neste período. Este aumento da população
proporcionou um inchaço dos feudos, que não conseguiu proporcionar alimentação para todas as pessoas e
ainda precisava se esforçar cada vez mais para submeter tantos servos aos tributos e opressões.
Apesar de inovações técnicas terem facilitado a produção agrícola neste período, essas novidades foram
insuficientes para garantir uma produção que atendesse as necessidades da população desses séculos. Este
cenário, portanto, provocou um deslocamento de massas de camponeses e cavaleiros que, expulsos de suas
terras, passaram a vagar entre feudos ou a vadiar em busca de trabalhos temporários e pequenos saques.
Nessa conjuntura, apesar de muitos ainda vagarem pelos bosques e terras vazios, outros decidiram se
aventurar nas antigas ruínas do Império Romano e reocupar as cidades abandonadas.

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Esse processo de crescimento demográfico e de êxodo marcou o início da Baixa Idade Média e deu origem
ao que conhecemos como a crise do feudalismo. Tendo em vista esse cenário, que além da miséria europeia
ainda contava com a expansão árabe, um movimento religioso com apoio da nobreza surgiu tentando
conciliar soluções para os dois problemas. As chamadas cruzadas, portanto, tinham como objetivo
reconquistar a cidade sagrada de Jerusalém (dominada pelos turcos desde o século VII), expandir a fé cristã,
penetrar novamente o catolicismo romano no Império Bizantino e, por fim, resolver o problema do crescimento
demográfico e da miséria na Europa.
Ainda que as cruzadas não tenham solucionado muitos desses problemas, sobretudo o da quantidade de
miseráveis vagantes, ela acabou abrindo caminhos para outras questões. As marchas cruzadistas além de
reconquistarem novos territórios, também foram fundamentais para a abertura de antigas rotas comerciais,
dominadas pelos árabes, pelo estabelecimento de postos comerciais, que garantiram um ressurgimento das
cidades e, enfim expandiram a fé cristã.
Uma outra importante conquista das cruzadas também foi a retomada das rotas comerciais
do mediterrâneo, dominada pelos muçulmanos desde o século VIII, isolando a Europa. As
cruzadas, portanto, abriram caminhos para o acesso a importantes centros comerciais da
região, como Veneza, Gênova e até mesmo Constantinopla. Visto isso, podemos perceber
que as cruzadas foram fundamentais para desenvolver um processo que já se iniciava há
anos na Europa, o de renascimento comercial e urbano.

O outono da Idade Média


Se a crença na chegada iminente do fim do mundo assolava os cristãos durante o ano 1000, a crise do século
XIV representou para a Europa quase um apocalipse atrasado. Durante este século, a população europeia
enfrentou não só as guerras que já estava acostumada, mas também sofreu com a fome causada pelas más
colheitas e pelo fechamento de rotas comerciais por batalhas e, enfim, conheceu a chamada peste negra.
Em 1315, intensas chuvas no noroeste da Europa dificultaram a produção agrícola da região, causando uma
crise de abastecimento no continente. Para piorar, alguns anos depois os alimentos e produtos que
atravessavam as novas rotas comerciais começaram a sofrer com o bloqueio dos caminhos ocasionado por
batalhas, como a Guerra dos Cem anos, entre 1337 e 1453. Esse cenário caótico de más colheitas e bloqueio
comercial acabou gerando a chamada grande fome do século XIV.
Com a fome e as guerras assolando a maior parte da Europa, um novo problema também surgiu neste período
para ampliar o número de mortos e devastar cerca de 1/3 da população europeia: a peste negra. Na época,
com uma medicina incipiente e com poucos estudos sobre a questão, não havia medicamentos ou
tratamentos eficazes contra a doença e nem mesmo uma informação exata sobre os motivos reais da peste
negra, sendo genericamente associada à grande população de ratos que circulavam pelas cidades
reocupadas. No entanto, a verdadeira causa da peste, descoberta graças aos estudos da microbiologia no
século XIX, estaria nas pulgas que transmitiam a doença.

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Essa conjuntura de fome, doenças, guerras e mortes, somados à vida precária e submissa de
servos no campo acabou sendo o estopim para diversas revoltas na Europa e, naturalmente,
para o desgaste do próprio feudalismo. Não bastasse todo o infortúnio, os senhores feudais
começam a aumentar o valor dos impostos sobre os camponeses a fim de suprir a diminuição
de seus ganhos em decorrência da peste e da baixa produtividade.
Um grande exemplo dessas revoltas que apavorou senhores feudais na Europa foi a chamada
jacquerie, que estourou no norte da França em 1358. Cerca de 20 mil camponeses foram
mortos pelo exército francês após se rebelarem contra as opressões sofridas e contra os problemas que
abatiam a população local. Este movimento acabou dando o nome de jacqueries para diversas outras
manifestações camponesas do período.
Todo esse contexto gerou um clima de insegurança nos senhores feudais, que começaram a se assustar com
as constantes revoltas camponesas. Boa parte deles, começam a, gradualmente, ceder o seu poder e sua
fidelidade a figura do rei (sim, ele mesmo, aquele que quase não possuía poder político) com o intuito de
proteger suas terras. Além disso, a ascensão da burguesia e o seu interesse na expansão comercial mostrou
como o feudalismo havia entrado em colapso e que ele, na verdade, não dava mais conta das transformações
da modernidade que ganhavam cada vez mais força na sociedade.

E quais foram as consequências desse rolê histórico? Aguardem as cenas dos próximos capítulos…

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Exercícios de fixação

1. Cite três características do feudalismo.

2. No que consistia a relação de suserania e vassalagem?

3. Qual foi a importância das cruzadas?

4. Explique como era organizada a sociedade feudal.

5. Como surgiu a burguesia?

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Exercícios de vestibulares

1. (Enem 2014)
Sou uma pobre e velha mulher,
Muito ignorante, que nem sabe ler.
Mostraram-me na igreja da minha terra
Um Paraíso com harpas pintado
E o Inferno onde fervem almas danadas,
Um enche-me de júbilo, o outro me aterra.
(VILLON, F. In: GOMBRICH, E. História da arte. Lisboa: LTC, 1999.)

Os versos do poeta francês François Villon fazem referência às imagens presentes nos templos
católicos medievais. Nesse contexto, as imagens eram usadas com o objetivo de:
a) redefinir o gosto dos cristãos.
b) incorporar ideais heréticos.
c) educar os fiéis através do olhar.
d) divulgar a genialidade dos artistas católicos.
e) valorizar esteticamente os templos religiosos.

2. (Enem PPL 2014) Veneza, emergindo obscuramente ao longo do início da Idade Média das águas às
quais devia sua imunidade a ataques, era nominalmente submetida ao Império Bizantino, mas, na
prática, era uma cidade estado independente na altura do século X. Veneza era única na cristandade
por ser uma comunidade comercial: “Essa gente não lavra, semeia ou colhe uvas”, como um surpreso
observador do século XI constatou. Comerciantes venezianos puderam negociar termos favoráveis
para comerciar com Constantinopla, mas também se relacionaram com mercadores do islã.
(FLETCHER, R. A cruz e o crescente: cristianismo e islã, de Maomé à Reforma. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004.)

A expansão das atividades de trocas na Baixa Idade Média, dinamizadas por centros como Veneza,
reflete o(a)
a) importância das cidades comerciais.
b) integração entre a cidade e o campo.
c) dinamismo econômico da Igreja cristã.
d) controle da atividade comercial pela nobreza feudal.
e) ação reguladora dos imperadores durante as trocas comerciais.

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3. (UEA 2013) Igreja, em torno de 1030, proclamou que, segundo o plano divino, os homens dividiam-se
em três categorias: os que rezam, os que combatem, os que trabalham, e que a concórdia reside na
troca de auxílios entre eles. Os trabalhadores mantêm, com sua atividade, os guerreiros, que os
defendem, e os homens da Igreja, que os conduzem à salvação. Assim a Igreja defendia, de maneira
lúcida, o sistema político baseado na senhoria.
(DUBY, Georges. Arte e sociedade na Idade Média, 1997. Adaptado.)
Segundo essa definição do universo social, feita pela Igreja cristã da Idade Média, a sociedade medieval
era considerada
a) injusta e imperfeita, na medida em que as atividades dos servos os protegiam dos riscos a que
estavam submetidos os demais grupos sociais.
b) perfeita, porque era sustentada pelas atividades econômicas da agricultura, do comércio e da
indústria.
c) sagrada, contendo três grupos sociais que deveriam contribuir para o congraçamento dos
homens.
d) dinâmica e mutável, na medida em que estava dividida entre três estamentos sociais distintos e
rivais.
e) guerreira, cabendo à Igreja e aos trabalhadores rurais a participação direta nas lutas e empreitadas
militares dos cavaleiros,

4. Analisando as condições de trabalho da Europa medieval, o historiador Marc Bloch afirmou:


O servo, em resumo, dependia tão estreitamente de um outro ser humano que, fosse ele para onde
fosse, esse laço o seguia e se imprimia à sua descendência. Essas pessoas, para com o senhor, não
estavam obrigadas apenas às múltiplas rendas ou prestações de serviços. Deviam-lhe também auxílio
e obediência, e contavam com a sua proteção.
(BLOCH, Marc. A sociedade feudal. Lisboa: Edições 79, s/d., p. 294-295. Adaptado.)

De acordo com o texto, é correto afirmar que a servidão na Europa medieval


a) baseava-se na cobrança de taxas e no trabalho em troca de proteção e moradia.
b) organizava a produção monocultora de exportação que predominava no período.
c) proporcionava ampla mobilidade social para os servos e seus descendentes.
d) garantia aos servos a participação nas decisões políticas dentro dos feudos.
e) impedia a circulação dos trabalhadores nas lavouras dos territórios senhoriais.

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5. (Mackenzie 2014) Aquilo que dominava a mentalidade e a sensibilidade dos homens da Idade Média
era o seu sentimento de insegurança (…) que era, no fim das contas, a insegurança quanto à vida futura,
que a ninguém estava assegurada (…). Os riscos da danação, com o concurso do Diabo, eram tão
grandes, e as probabilidades de salvação, tão fracas que, forçosamente, o medo vencia a esperança.
(Jacques Le Goff. A civilização do Ocidente medieval.)

O mundo medieval configurou-se a partir do medo da insegurança, como retratado no texto acima.
Encontre a alternativa que melhor condiz com o assunto.

a) A crise econômica decorrente do final do Império Romano, a guerra constante, as invasões


bárbaras, a baixa demográfica, as pestes, tudo isso aliado a um forte conteúdo religioso de punição
divina aos pecados contribuiu para o clima de insegurança medieval.

b) A peste bubônica provocou redução drástica na demografia medieval, levando a crenças


milenaristas e apocalípticas, sufocadas, por sua vez, pela rápida ação da Igreja, disponibilizando
recursos médicos e financeiros para a erradicação das várias doenças que afetam seus fiéis.

c) O clima de insegurança que predominou em toda a Idade Média decorreu das guerras constantes
entre nobres – suseranos – e servos – vassalos, contribuindo para a emergência de teorias
milenaristas no continente.

d) As enfermidades que afetavam a população em geral contribuíram para a demonização de


algumas práticas sociais, como o hábito de usar talheres nas refeições, adquirido, por sua vez, no
contato com povos bizantinos.

e) A certeza da punição divina a pecados cometidos pelos humanos predominava na mentalidade


medieval; por isso, nos vários séculos do período, eram constantes os autos de fé da Inquisição,
incentivando a confissão em massa, sempre com tolerância e diálogo.

6. (Enem 2019) A cidade medieval é, antes de mais uma sociedade da abundância, concentrada num
pequeno espaço em meio a vastas regiões pouco povoadas. Em seguida, é um lugar de produção e de
trocas, onde se articulam o artesanato e o comércio, sustentados por uma economia monetária. É
também centro de um sistema de valores particular, do qual emerge a prática laboriosa e criativa do
trabalho, o gosto pelo negócio e pelo dinheiro, a inclinação para o luxo, o senso da beleza. E ainda um
sistema de organização de um espaço fechado com muralhas, onde se penetra por portas e se caminha
por ruas e praças e que é guarnecido por torres.
(LE GOFF, J.; SCHMITT, J.-C. Dicionário temático do Ocidente Medieval. Bauru: Edusc, 2006.)

No texto, o espaço descrito se caracteriza pela associação entre a ampliação das atividades urbanas e
a
a) emancipação do poder hegemônico da realeza.
b) aceitação das práticas usurárias dos religiosos.
c) independência da produção alimentar dos campos.
d) superação do ordenamento corporativo dos ofícios.
e) permanência dos elementos arquitetônicos de proteção.

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7. (Enem 2018) A existência em Jerusalém de um hospital voltado para o alojamento e o cuidado dos
peregrinos, assim como daqueles entre eles que estavam cansados ou doentes, fortaleceu o elo entre
a obra de assistência e de caridade e a Terra Santa. Ao fazer, em 1113, do Hospital de Jerusalém um
estabelecimento central da ordem, Pascoal II estimulava a filiação dos hospitalários do Ocidente a ele,
sobretudo daqueles que estavam ligados à peregrinação na Terra Santa ou em outro lugar. A
militarização do Hospital de Jerusalém não diminuiu a vocação caritativa primitiva, mas a fortaleceu.
(DEMURGER, A. Os Cavaleiros de Cristo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002 (adaptado).)

O acontecimento descrito vincula-se ao fenômeno ocidental do(a)


a) surgimento do monasticismo guerreiro, ocasionado pelas cruzadas.
b) descentralização do poder eclesiástico, produzida pelo feudalismo.
c) alastramento da peste bubônica, provocado pela expansão comercial.
d) afirmação da fraternidade mendicante, estimulada pela reforma espiritual.
e) criação das faculdades de medicina, promovida pelo renascimento urbano.

8. (Enem 2013) Quando ninguém duvida da existência de um outro mundo, a morte é uma passagem que
deve ser celebrada entre parentes e vizinhos. O homem da Idade Média tem a convicção de não
desaparecer completamente, esperando a ressurreição. Pois nada se detém e tudo continua na
eternidade. A perda contemporânea do sentimento religioso fez da morte uma provação aterrorizante,
um trampolim para as trevas e o desconhecido.
(DUBY, G. Ano 2000 na pista dos nossos medos. São Paulo: Unesp, 1998 (adaptado).)
Ao comparar as maneiras com que as sociedades têm lidado com a morte, o autor considera que houve
um processo de:
a) mercantilização das crenças religiosas.
b) transformação das representações sociais.
c) disseminação do ateísmo nos países de maioria cristã.
d) diminuição da distância entre saber científico e eclesiástico.
e) amadurecimento da consciência ligada à civilização moderna.

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9. (Enem 2018) TEXTO I


Não é possível passar das trevas da ignorância para a luz da ciência a não ser lendo, com um amor
sempre mais vivo, as obras dos Antigos. Ladrem os cães, grunhem os porcos! Nem por isso deixarei de
ser um seguidor dos Antigos. Para eles irão todos os meus cuidados e, todos os dias, a aurora me
encontrará entregue ao seu estudo.
(BLOIS, P. Apud PEDRERO SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média: texto e testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000.)

TEXTO II
A nossa geração tem arraigado o defeito de recusar admitir tudo o que parece vir dos modernos. Por
isso, quando descubro uma ideia pessoal e quero torná-la pública, atribuo-a a outrem e declaro: — Foi
fulano de tal que o disse, não sou eu. E para que acreditem totalmente nas minhas opiniões, digo: — O
inventor foi fulano de tal, não sou eu.
(BATH, A. Apud PEDRERO SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média: texto e testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000.)

Nos textos são apresentados pontos de vista distintos sobre as mudanças culturais ocorridas no
século XII no Ocidente. Comparando os textos, os autores discutem o (a)
a) produção do conhecimento face à manutenção dos argumentos de autoridade da Igreja.
b) caráter dinâmico do pensamento laico frente à estagnação dos estudos religiosos.
c) surgimento do pensamento científico em oposição à tradição teológica cristã.
d) desenvolvimento do racionalismo crítico ao opor fé e razão.
e) construção de um saber teológico científico.

10. (UFG 2014) Leia o fragmento a seguir.


A cidade contemporânea, apesar de grandes transformações, está mais próxima da cidade medieval
do que esta última da cidade antiga.
(LE GOFF, Jacques. Por amor às cidades. São Paulo: Editora Unesp,1998. p. 25.)

Nessa passagem, o historiador Jacques Le Goff compara a cidade medieval com a contemporânea,
estabelecendo uma aproximação entre ambas. A característica da cidade medieval que permite tal
relação é a
a) exaltação da vida cívica, associada aos jogos e aos espetáculos promovidos por seus
governantes.
b) laicização da cultura, expressa na arquitetura dos edifícios públicos em contraste com o domínio
religioso.
c) afirmação da autonomia política, revelada pela oposição dos citadinos ao poder dos senhores
feudais.
d) valorização das atividades de produção e de trocas comerciais, alimentadas por uma economia
monetária.
e) segregação social, manifestada na criação de bairros periféricos pobres e violentos.

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Gabaritos

Exercícios de fixação

1. Características: Descentralização política / relação de suserania e vassalagem / economia agrária /


sociedade estamental / trabalho servil.

2. As relações políticas entre nobres eram baseadas no princípio da suserania e da vassalagem, no qual
um nobre doava terras conquistadas por ele (suserano) a outro nobre (vassalo) em troca de fidelidade
nos compromissos militares do suserano. Essas alianças entre diversos vassalos e suseranos construía
uma rede de proteção entre os feudos que envolvia até mesmo os reis, que poderiam ser tanto suseranos
quanto vassalos.

3. As cruzadas foram missões da Igreja Católica com intuito de conquistar a cidade sagrada de Jerusalém
do domínio dos turcos, expandir a fé cristã, penetrar novamente o catolicismo romano no Império
Bizantino. Dentro do contexto de ruralização e do fechamento da economia dentro dos feudos, as
cruzadas facilitaram a reocupação das antigas cidades, o reavivamento do comércio e a abertura de
antigas rotas comerciais.

4. A sociedade feudal se caracterizou por uma estrutura estamental. Os estamentos eram divididos entre
os que guerreavam (nobreza), os que rezavam (clero) e os que trabalhavam (servos). A mobilidade social
era quase inexistente, já que a posição ocupada era determinada pelo nascimento.

5. A burguesia surgiu durante a Baixa Idade Média e é resultado direto da ocupação das antigas cidades e
do reavivamento do comércio. A nova classe social surgiu com os burgos, que eram cidades onde os
habitantes se dedicavam a produção artesanal e a atividade mercantil, ficando conhecidos como
burgueses.

Exercícios de vestibulares

1. C
A maioria dos fiéis católicos durante a Idade Média não sabia ler e nem escrever, logo, para fins
educativos, os vitrais e as imagens católicas auxiliaram muito na difusão das ideias.

2. A
Com o renascimento das cidades e o reavivamento do comércio durante a Baixa Idade Média, as cidades
comerciais começaram a ganhar importância com suas atividades mercantis.

3. C
Essa divisão defendida pelos religiosos, com base na fé (sagrada) favorecia as classes que batalhavam
e oravam, ou seja, a nobreza e o clero.

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4. A
Os servos, presos a terra, deviam uma série de obrigações ao senhor, cobradas na forma de impostos,
como a corveia, banalidade e talha.

5. A
Nesse contexto, a ideologia medieval altamente religiosa atribuía uma explicação punitiva aos eventos
como a peste e as guerras. Deste modo, mantinham a estrutura social com base no medo divino.

6. E
As cidades medievais se tornaram, sobretudo, na baixa idade média um espaço de trocas comerciais
centrada em uma economia monetária. Apesar do contraste com o ambiente feudal, as cidades
mantiveram elementos arquitetônicos dos feudos, como as muralhas.

7. A
O grande projeto de expansão do cristianismo, especialmente com as cruzadas, a partir de uma
estratégia de retomada de territórios levou a Igreja Católica a um processo de militarização da própria
instituição.

8. B
As mudanças sociais, culturais e econômicas realizadas entre o ano 1000 e o ano 2000 provocaram
alterações também na forma como o ser humano se relaciona com o mundo físico e espiritual, ou seja,
houve uma mudança nas representações sociais do que seria entendido como vida, morte e eternidade.

9. A
Ambos os textos tratam de uma importante característica da filosofia medieval: a valorização dos
argumentos de autoridade, isto é, das ideias e perspectivas de autores consagrados. De fato, seja vista
sob um prisma positivo (como no texto I) ou negativo (como no texto II), o fato é que o pensamento
medieval sempre entendia que as novas verdades devem sempre ser procuradas a partir da tradição e
não contra ela.

10. D
Com o reavivamento das antigas cidades e o do comércio, a ocupação desses locais se tornou cada vez
mais comum na Baixa Idade Média e, dentro desses espaços, as atividades comerciais eram
preponderantes. Essa questão pode parecer confusa, haja vista que durante o período medieval ocorreu
à retração do comércio e uma ruralização, porém o trecho está se referindo ao período de crise da Idade
Média e da transição para a modernidade, aonde a atividade mercantil e a ocupação das antigas cidades
se tornaram cada vez mais comum.

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