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DIREITO DESPORTIVO

DISCIPLINAR

MILTON JORDÃO

Copyrigth © 2013 Milton Jordão

Todos os direitos reservados

E-mail: mjordao@iddba.com.br | Twitter: @miltonjordao

Dedico este livro:

Aos meus dois amores, Giovanna e Jane, pela paciência e compreensão para
me permitir escrever estas breves linhas.

À memória do Mestre Marcílio Krieger, não porque o conhecia; mas por


admirá-lo e pela sua influência - mesmo distante e sem de mim saber - na
minha formação no mundo jusdesportivo.

Sentimos a sua falta, Mestre!


SOBRE O AUTOR
O advogado Milton Jordão tão logo iniciou sua jornada profissional
pelos caminhos da advocacia criminal, ainda nos idos de 2002, em paralelo
também dava seus primeiros passos na Justiça Desportiva da Bahia. Fora
nomeado como defensor dativo do Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol
da Bahia.

Atuou por mais de uma década no foro desportivo baiano, não


apenas como defensor, mas, como procurador da mesma corte. Foi ali no
exercício deste mister, sendo sempre uma dos mais ativos e produtivos, que
se apaixonou e aprofundou nos estudos do Direito Desportivo Disciplinar.

Em 2009, fundou o Instituto de Direito Desportivo da Bahia com


outros jovens advogados também integrantes da Justiça Desportiva, que se
revelou como ativa e importante difusora do direito desportivo no Estado e na
região Nordeste, especialmente, através do Seminário Nacional Esporte e
Justiça Desportiva, um dos mais relevantes eventos da área, que ocorre
tradicionalmente em Salvador (BA). Inclusive, exerce sua presidência.

O autor é coordenador de obras jurídicas na seara do direito


desportivo, destacando-se “Direito Desportivo & Esporte - Temas
Selecionados” (Ed. Dois de Julho) e o “Código Brasileiro de Justiça
Desportiva - CBJD-Comentários à Resolução CNE 29, de 10/12/2009” (Ed.
Juruá). Outrossim, integra o Conselho Editorial da Revista Síntese de Direito
Desportivo, sendo, ainda, um constante colaborador.

Atualmente, integra os quadros da Procuradoria do Superior Tribunal


de Justiça Desportiva do Futebol e também do Basquete, além de ser
mestrando em Direito Desportivo pela Universidade de Lleida (Espanha) e
professor convidado do Curso de Extensão, Atualização e Aperfeiçoamento
em Direito Desportivo do Futebol do Instituto de Ciências do Futebol da
Federação de Futebol do Rio de Janeiro (ICF/FFERJ).

Fora do âmbito jusdesportivo, o autor é Conselheiro da Ordem dos


Advogados do Brasil, Seccional Bahia, bem como do Conselho Nacional de
Política Criminal e Penitenciária do Ministério da Justiça (CNPCP/MJ),
Professor de Direito Penal e Mestre em Políticas Sociais e Cidadania pela
Universidade Católica do Salvador (BA).
APRESENTAÇÃO DA OBRA

O Direito Desportivo Disciplinar é fascinante. Cativa todos aqueles


que militam no foro do Justiça Desportiva. Quiçá, a junção de duas paixões, o
direito e o esporte, funciona como combustível a lhe conferir vida tão longa.
Além disso, ao seu derredor sempre existiu uma aura de mistérios e mitos,
que, pouco a pouco, começam a ser desvendada e esclarecida.

A Justiça Desportiva no país se expandiu muito, seja no tamanho dos


tribunais esportivos, assim como a sua exposição na mídia, por causa da força
notória do esporte (principalmente o futebol). Com o advento e incremento
das novas tecnologias da comunicação, as Cortes Desportivas passaram a ser
mais conhecidas, os atores que desfilavam conhecimento nos palcos, nas
sessões de julgamento - auditores, procuradores e advogados -, a partir disso
começaram a se tornar conhecidos e reconhecidos. O que se dizia “caixa de
pandora”, já não é mais.

Naturalmente, passou a atrair interesse de um maior número de


pessoas as teses desenvolvidas ali, o rol de normas que se empregava: o
direito desportivo disciplinar. A sedução pelo seu conteúdo é comum a
advogados e outras pessoas, mesmo as que não têm formação jurídica. Talvez
mirem estes debates com olhar lúdico; porém, acessível, afinal, o esporte é
um elo social. Falar de tática, dribles, cortadas, cestas, de um salto ou golpe é
próprio tanto do atleta, como do torcedor.

Neste contexto, quis trazer para a comunidade jusdesportiva e para


os torcedores em geral uma pequena contribuição para a disseminação do
debate de temas próprios do Direito Desportivo Disciplinar. O leitor
encontrará uma série de artigos sobre casos que ocorreram nos últimos anos e
foram objeto da apreciação dos Tribunais Desportivos no Brasil. Trago textos
novos tratando de problemas e questão ainda de viva memória, bem como
adunei outros que julguei relevantes, não pelo momento vivido no passado ou
sua repercussão à época, mas pela matéria ali discutida.
O querido leitor rememorará, sob minha ótica e percepção -
naturalmente -, casos como o que envolveu o atleta Oscar e decisão do
Ministro Caputo Bastos, em sede de habeas corpus, determinando o direito à
transferência para o Internacional S.C.; voltará à batalha campal ocorrida no
Couto Pereira, em 2009; reviverá a discussão sobre a pena imposta ao
zagueiro Bolívar pela dura entrada que lesionou o então atleta do E.C. Bahia
Dodô; dentre outros temas de interesse, como dito, dos que lidam com o
Direito Desportivo Disciplinar.

Com efeito, os militantes da Justiça Desportiva nem sempre tinham à


mão farta literatura, como sói ocorrer em outras searas do Direito. Malgrado,
diga-se, os autores que nos influenciaram tinham impregnada a excelência,
vide Valed Perry, Serrano Neves, João Lyra Filho; mais recentemente,
destacaria o inesquecível Marcílio Krieger, sendo sucedido pelo Dr. Paulo
Marcos Schmitt.

Hodiernamente, saliento que existe uma nova safra e, digo, muito


boa safra de autores! Há variedade de abordagens e exploração dos temas que
envolvem o Direito Desportivo Disciplinar. Porém, no mundo dos e-books
ainda se está engatinhando.

Mais uma vez, louvo-me na felicíssima postura de vanguarda do


ilustre Paulo Marcos Schmitt, que publicou recentemente suas obras
utilizando-se desta novel tecnologia. E, estimulado e encantando, sigo-o,
como de estilo, agora, por estas sendas.

Movido por anseios de ver o Direito Desportivo Disciplinar florescer


mais ainda, convido-o, caro leitor, a entreter-se nesta obra e dela extrair suas
reflexões. Oxalá, que dai venham mais e mais debates!

Seja bem vindo ao Direito Desportivo Disciplinar, ao mundo da


Justiça Desportiva.
Cidade do Salvador, Bahia, Abril de 2013.

Milton Jordão
CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA DESPORTIVA.

“O desporto invade as cidades,


domina o ar, difunde-se na terra e
avança dentro do mar; não é mais
uma festa lúdica, um movimento de
palestra ou uma vibração de
estádio” (João Lyra Filho)

1. INTRODUÇÃO.

O presente artigo nasceu de um debate que levei ao Tribunal de


Justiça Desportiva da Federação Brasiliense de Futebol de Salão
(TJD/FEBRASA), quando ali se realizou o Momento Cultural Jusdesportivo,
concebido e capitaneado pelo Nobre Dr. Joacy Bastos, então presidente
daquela Corte Desportiva, sem dúvida alguma, um dos baluartes do Direito
Desportivo deste país.

Enfrentar a discussão sobre Constituição e Justiça Desportiva é dever


constante dos estudiosos do Direito Desportivo. Por isso, nada mais adequado
do que trazer este debate para espaço livre e democrático, como essa
publicação. Como dizia João Lyra Filho, em 1952, na introdução ao grande
livro que escrevera sobre o assunto direito desportivo: A importância que atribuo
ao tema DESPORTO não resulta do sentimento, mas da razão que a cultura valoriza. As
realidades sociais e históricas são oriundas da obra do espírito humano, sem cuja
presença os fatos não têm análise e não merecem confronto. Aos conflitos ou à difusão da
cultura interessa o conhecimento daquelas realidades sociais e históricas, tanto mais
diretamente quanto mais seja oriundo das manifestações que vêm do CHÃO, ou do povo. A
vida institucional do desporto já não pode andar indiferente aos homens que têm o
pensamento sobre a vida toda. Através de suas atividades demonstra-se a existência de um
direito costumeiro, de pura criação popular, obedecido como aplicação do próprio direito
codificado.1

Para melhor expor o assunto, que é denso, dividirei a abordagem em


dois momentos: o direito desportivo disciplinar e suas relações com
outros ramos do direito; e a coexistência harmônica entre celeridade, a
ampla defesa e o contraditório no CBJD2.

2. O DIREITO DESPORTIVO DISCIPLINAR E SUAS RELAÇÕES


COM OUTROS RAMOS DO DIREITO.

O tema que me proponho discutir a partir deste momento é, ao meu


sentir, essencial ao bom andamento da Justiça Desportiva, este relevante
braço do Direito Desportivo3. Cediço que este ramo do direito, passa
hodiernamente a ser visto como autônomo, uma nova realidade que se
descortina diante dos operadores do Direito e requer uma especialização4.

Quiçá, no Brasil, o debate em torno da autonomia se deva aos


reflexos dos vindouros megaeventos desportivos no país, que passam a exigir
profissionais mais conhecedores das interseções entre Esporte e Direito. À
guisa de exemplo, veja-se que quando se realizou uma prova de Fórmula 1,
no autódromo de Interlagos, em São Paulo, a declaração de um Promotor de
Justiça ocasionou debates intensos em programas de televisão e na opinião
pública sobre a possibilidade de se aplicar o Estatuto do Torcedor, caso
houvesse o chamado “jogo de equipe” por parte do piloto Felipe Massa (ou
qualquer outro piloto, naturalmente), visando permitir que o seu
companheiro, Fernando Alonso, ganhasse a prova ou posição5.

Assim, saliento, que não se pode mais ver o Direito Desportivo como
um ramo “retalhado”, cujas partes se encontram no Direito Tributário,
Trabalhista, Comercial, Civil, Penal, etc. Talvez, a única exceção seja a
Justiça Desportiva, cujos fundamentos jurídicos se encontram em código
próprio, concebido pelo Ministério do Esporte.

A especialização se impõe, as interseções do direito desportivo com


outros ramos merecem ser analisadas com mais rigor e por quem seja
capacitado para tanto. Por exemplo, no âmbito da justiça laboral, evidencia-se
que o magistrado que desconhece as peculiaridades da atividade de um atleta
profissional de futebol e, querendo, aplicar as regras próprias a um
trabalhador comum, regido essencialmente pela CLT, produzirá distorções na
realidade fático-jurídica.

Destarte, deveriam os Tribunais Regionais do Trabalho destinar tais


feitos a unidades judiciárias competentes (varas com competência exclusiva)
para apreciar tais feitos, onde um magistrado pudesse se especializar no
estudo destes casos, ao invés de querer conferir uma isonomia entre relações
desiguais. Não sem razão, apesar de se cuidar de competência diversa (no
caso penal e civil), observe-se que o legislador ordinário criou o Juizado
Especial do Torcedor6.

Sem querer me alongar mais, pretendo deixar claro que o Direito


Desportivo é autônomo7. Igualmente, tal autonomia legal precisa ser
incentivada e ampliada no âmbito do Direito Desportivo Disciplinar (Justiça
Desportiva8), o mero reconhecimento constitucional (formal) é insuficiente,
sem que seja compreendida e aplicada em sua dimensão material. Além disto,
é um segmento que não se socorre noutra legislação, pois existe código
próprio, desde muito9.

Com efeito, esta legislação desportiva – que em seus primeiros


momentos abrigou os direitos trabalhistas dos atletas -, teve nítida inspiração
nos regramentos Penal e Civil. Por certo, os seus aplicadores se socorriam
dos princípios de direito penal e civil para resolver impasses fruto de lacunas
dos códigos. Aqui reside o nosso debate.

Este costume dos juristas que integram os Tribunais de Justiça


Desportiva é visível ao se proferir um voto, redigir um acórdão, adotar
posturas mais ou menos flexíveis, em virtude da sua formação enquanto
profissional do direito. Diz-se isso, por exemplo, ao se perceber que um
auditor que seja penalista imprime com mais vigor pelo zelo ao processo, à
amplitude de defesa e ao contraditório. De igual sorte, pode-se dizer que os
processualistas civis serão mais inflexíveis em relação às formalidades do
sumário de culpa, não admitindo, por exemplo, uma nova produção de prova,
mesmo que seja esta crucial ao deslinde do feito.

Em síntese assevero que a Justiça Desportiva abriga em seu seio


operadores que atuam nas mais diversas áreas do direito, na sua maioria
advogados, e que, por vezes, em momentos em que o código não é deveras
claro ou se revela lacunoso, trazem para o julgamento os valores da área em
que militam. Quer dizer, os princípios, a técnica, os conceitos conferidos a
determinadas expressões, etc.

Seguramente, isso enriquece o julgamento do feito, todavia, pode


causar dúvidas de como se proceder noutros casos. Ao nosso sentir, mister se
imporá aos membros de Tribunais de Justiça Desportiva uma mudança de
postura. É necessário que se reconheça o Direito Desportivo Disciplinar
enquanto ramo autônomo, portanto, o Código de Justiça Desportivo não
poderá sofrer tais influências de matrizes penal, civil, trabalhista, ou de
qualquer outro ramo jurídico.

O Direito Desportivo Disciplinar é submisso somente à Constituição


Federal. A Lei Maior ao conferir autonomia à Justiça Desportiva - aqui
encarada como instituição apta a julgar feitos que versem sobre competições
e questões disciplinares - alçou o direito desportivo disciplinar ao patamar de
igualdade em relação aos demais ramos jurídicos. Por certo, optou o Estado
Brasileiro por defini-lo por meio de resolução de um de seus ministérios, e
não por Lei Federal.

Logicamente, advém o questionamento se o Código Penal (CP) ou


Código de Processo Penal (CPP) ou Civil (CPC) não seriam
hierarquicamente superiores ao Código de Justiça Desportiva. A princípio,
responder-se-ia positivamente a este questionamento. Quando, em verdade,
aparentemente, tem-se tal hierarquia. Diz-se isso, pois embora seja inegável
que a lei federal, na lógica kelseniana, é superior a uma resolução editada
pelo Ministério do Esporte, não se poderá admitir a interferência do Direito
Penal ou Civil (ou qualquer outro) sobre o ordenamento jusdesportivo. O que
pode se ter é uma ofensa à Constituição Federal. Por exemplo, recordemos da
antiga redação do art. 253 (agressões físicas), do CBJD, que instituía pena de
suspensão mínima de 120 dias. Evidencia-se uma clara ofensa à
proporcionalidade que demanda a Carta Maior quando comparamos que o
ilícito penal de lesões corporais leves adotava como pena mínima a privação
de liberdade por noventa dias.

Assim sendo, o azimute dos Tribunais de Justiça Desportiva não


deve ser outro senão a Lei Fundamental, por duas razões: primeiro, porque
somente desta maneira o direito desportivo disciplinar efetivará sua
autonomia plena; segundo, porque este foi o desejo do legislador constituinte
ao consagrar a instituição Justiça Desportiva como autônoma, sendo,
posteriormente, seguida pelo legislador ordinário (Lei Pelé e Estatuto do
Torcedor). A lei da disciplina desportiva não está submetida a valores
inerentes ao direito penal, embora, a ele se assemelhe. A sua dependência é
exclusiva da Constituição.

D’outro giro, não se poderá admitir sejam incorporadas regras e


normas do direito penal, civil, processual penal ou civil, ou qualquer outro
que seja, sem que estas regras e normas tenham sido admitidas no Código de
Justiça Desportiva ou uma aplicação complementar ou subsidiária tenha sido
ali reconhecida. Veja-se, por exemplo, que o CPC é adotado subsidiariamente
ao CPP ante lacunas ali existentes, consoante autorização do art. 3° daquele
diploma10 e jurisprudência emanada no STF11.

Observe-se que, no âmbito do direito desportivo disciplinar, houve


um zelo por parte do “legislador” (o Conselho Nacional do Esporte), ao
construir no art. 283, CBJD, com a seguinte redação, encerrando em o debate
sobre a interpenetração de outros princípios ou valores, normas ou técnicas,
que não sejam de natureza constitucional, no que concerne às infrações e
penas: Art. 283. Os casos omissos e as lacunas deste Código serão resolvidos
com a adoção dos princípios gerais de direito, dos princípios que regem este
Código e das normas internacionais aceitas em cada modalidade, vedadas,
na definição e qualificação de infrações, as decisões por analogia e a
aplicação subsidiária de legislação não desportiva.

A restrição feita cinge-se, exclusivamente, ao aspecto material do


direito desportivo disciplinar, o que, soa como uma autorização para que,
quanto ao processo, se admita aplicação subsidiária de outros diplomas. Dir-
se-ia que tal inferência não é de toda equivocada, todavia, mister se impõe,
num primeiro momento, que as lacunas sejam regidas por princípios gerais de
direito em consonância com o rol de princípios definidos no CBJD, sempre
tendo como guia maior a Constituição Federal, bem como os interesses de
“defesa da disciplina, da moralidade do desporto e espírito esportivo”(art.
282, CBJD).

A primeira abordagem entre Constituição e Justiça Desportiva se


encerra com a conclusão de que ela não é tributária de outros ramos do
direito, ou mesmo, deles dependentes, é autônoma, apesar de, aparentemente,
ser considerada hierarquicamente inferior. Contudo, a sobredita inferioridade
inexiste, aliás, existe, quando os seus operadores, seja por costumes ou
vícios, deixam de dar vazão a tal comando constitucional.

3. A COEXISTÊNCIA HARMÔNICA ENTRE CELERIDADE, A


AMPLA DEFESA E O CONTRADITÓRIO NO CBJD.

Um dos pontos de maior relevo do Código, que, saliente-se, por


demais demonstra sua estrita e próxima subordinação à Constituição Federal
é a maneira inteligente e hábil que se articulou nos seus dispositivos afetos
aos procedimentos da ação disciplinar desportiva a coexistência entre
celeridade, ampla defesa e contraditório.
Por se tratar de ramo das ciências jurídicas que tem natureza
sancionatória (enfatize-se, punitiva), mister, portanto, que o processo em que
se apura uma falta disciplinar ou burla aos regulamentos seja coberto pelo
manto da mais ampla defesa e seja possível exercer o contraditório.

D’outro giro, o tempo para o esporte não se mede pela mesma baliza
do Direito. O primeiro reclama agilidade, velocidade, rapidez; enquanto, o
segundo, se pauta por maior cautela, análise delongada e pormenorizada.

Ademais, se voltarmos os olhares para a realidade do Poder


Judiciário, por exemplo, veremos litígios sendo resolvidos – com “agilidade”
– pelo menos em uns dois ou três anos. Veja-se, como retrato mais atual, o
que ocorreu com as Séries C e D do Campeonato Brasileiro de Futebol,
quando uma agremiação, o Treze F.C., buscou as vias judiciais seculares para
obter direito a disputar a primeira, vez que foi tido como rebaixado. Esta
demanda, que ocupou demasiadamente as notícias dos periódicos nacionais,
ainda não foi resolvida, entretanto, a Confederação Brasileira de Futebol, que
tardou por iniciar os certames, ante a incerteza da resolução do conflito e as
constantes reviravoltas ao derredor deste caso12, se viu compelida a inserir tal
equipe e dar início aos campeonatos.

Definitivamente, o tempo do esporte não é o do direito. Todavia, um


não vive sem o outro. O avanço do primeiro como atividade econômica
extremamente lucrativa e atrativa, faz como que se imponha cada vez mais a
sua regulamentação por viés jurídico.

No que pertine ao processo disciplinar, portanto, deve-se meditar


sobre forma ideal de equacionar a celeridade inerente ao (e exigida pelo)
esporte, sob o manto do Direito. Além disso, convém recordar que a
Constituição Federal, em seu artigo 217, estabeleceu que a análise dos casos
que impliquem em ofensa à regra disciplinar e burla aos regulamentos de
competição deverão ser julgados no âmbito da Justiça Desportiva em até 60
(sessenta) dias, sob pena de vencido este interregno, ultrapassado, pois, este
requisito de procedibilidade para que a parte possa buscar a solução perante o
Poder Judiciário.

Curial asseverar que o legislador desportivo andou bem e soube


compreender tais necessidades, por conseguinte, harmonizando deveras estes
princípios: ampla defesa, contraditório e celeridade. Mister que se vocifere: o
CBJD, após a Resolução 29/2009, aprimorou seus institutos e procedimentos,
atendendo sobremaneira aos anseios constitucionais de preservação das
mencionadas garantias individuais do cidadão.

Veja-se, inicialmente, que os Tribunais Desportivos são compostos


por dois órgãos judicantes, uma comissão disciplinar (CD) e um tribunal
pleno. Este, na maioria dos casos ali apreciados, funciona como instância de
segundo grau, enquanto aquele de primeiro, fazendo valer, portanto, o duplo
grau de jurisdição. Porém, o CBJD previu algo a mais, ao se tratar de matéria
próprio das Cortes Regionais, existe a possibilidade da parte interessada
buscar a reforma do decisum em terceiro grau de jurisdição, perante o
Superior Tribunal da modalidade.

Outros importante aspecto reside da quase plenitude da oralidade do


procedimento, tanto em sede de primeiro grau (CD), como em segundo
(pleno). Isso garante às partes maior contato com o julgador, permite-se que
as provas seja, inclusive, apresentadas novamente na segunda instância. É,
diga-se, um exercício amplíssimo da defesa.

Outrossim, o julgamento colegiado se traduz em forma mais justa de


apreciar e julgar as matérias ali trazidas, porquanto distribui o poder punitivo,
desconcentrando-o da figura do julgador insólito, personagem comum nos
foros seculares.

É de se ver, igualmente, que a instituição de prazos mais exíguos,


para ambas as partes litigantes no processo não implica em restrição ao
acesso ao provimento judicante, visto que a decisão em si será proferida em
sessão pública, pelos auditores ali presentes. Não se admite, portanto, que as
partes se manifestem e o julgador decida noutro momento, em silêncio e
sozinho.

O novo CBJD retificou, também, a forma de se oferecer notícia de


uma infração. Anteriormente, cuidava-se de direito exclusivo da parte
legítima para fazê-lo, vinculado a um prazo decadencial (três dias após a
ciência da ilicitude). Na hipótese de se operar a decadência, a Procuradoria de
Justiça Desportiva, como órgão responsável pelo zelo da preservação das
regras jurídicas, se via impossibilitada de apresentar denúncia, porquanto
aquele episódio não mais poderia ser conhecido ante a fulminação do direito
da parte pela decadência. Na novel redação, extinguiu-se a chamada queixa e
se deu vida à notícia de infração que não se limita por prazos – nem mesmo
emolumentos, o CBJD neste particular é lacunosos, não veda ou mesmo o
fixa -; permitindo, portanto, que a Procuradoria faça a as suas vezes e analise
da existência ou não de infração, para se propor o arquivamento ou denúncia,
respectivamente.

A estrutura idealizada e concebida pelo CBJD dá vazão ao anseio de


celeridade processual, porquanto mais simples e objetiva, trazendo para o
debate oral, sem desprestígio da forma escrita, das questões levadas à Justiça
Desportiva.

Aspecto novo trazido no Código e que, ao meu ver, implicou em


grande evolução tem-se na possibilidade da Defesa fazer a sustentação oral
após seja o voto proferido pelo relator. Entendo que em se tratando de busca
da verdade real – este é um dos princípios que regem o CBJD, apesar de
implícito -, o momento do julgamento é instante de enfrentamento de idéias,
sejam elas favoráveis à defesa ou à acusação. Certo que a aquela é a parte
hipossuficiente, afinal, milita, de logo, em seu desfavor a presunção de
veracidade da súmula, por exemplo. Destarte, pode se manifestar ciente do
voto do relator é uma garantia que somente favorece à própria certeza da
decisão que a Corte adotará para o caso concreto. É fazer e dizer o direito
sem peias ou amarras, amalgamando objetivos da defesa, da acusação e do
próprio julgador; é o embate de teses sendo exposto, com o único objetivo:
materializar a melhor justiça.
Assim sendo, resta evidente que o CBJD reúne institutos jurídicos e
concebe um procedimento que congregam valores de ampla defesa,
contraditório e celeridade. Com isso, consegue, enquanto um microssistema
jurídico, traduzir de forma qualificada e equilibrada o que pretendeu o
legislador constituinte o que até hoje não fez o Poder Judiciário Secular, que
a todos fosse permitido o pleno gozo de suas garantias individuais.

4. CONCLUSÃO

A Justiça Desportiva tem prestado relevantes serviços ao Brasil, não


apenas no âmbito desportivo ao cuidar de inúmeras causas que lhe chegam a
conhecimento, de lidar com as paixões, quiçá, também o faça ao demonstrar
que é possível se conceber e encontrar caminhos que privilegiem os valores
contidos e trazidos na Constituição Federal. Naturalmente, o acerto é
precedido por erros, que deverão ser corrigidos, entretanto, para isso, mister
se tentar.

O debate sobre este tema, o direito desportivo disciplinar, é ainda se


perdurará, a mudança de costumes e práticas em prol de uma mais
aperfeiçoada Justiça Desportiva é um objetivo que deve ser perseguido por
qualquer um que dela faça ou venha fazer parte.

Embora não seja um meio de sobrevivência para os seus integrantes


(auditores, procuradores e defensores dativo), afinal, as funções ali exercidas
são honoríficas, alimenta-se do amor pela causa que lhe devotam os membros
das Cortes Desportivas. Apesar disso, mister que estes compreendam que a
função ali exercida é vinculada a interesses de matriz constitucional, que
cumprem uma missão, fazer valer a Carta Política de 1988 para os cidadãos
submetidos à jurisdição do CBJD.
NOVA FRONTEIRA DA JUSTIÇA
DESPORTIVA APÓS O ESTATUTO DO
TORCEDOR
O Estatuto do Torcedor (Lei Federal n° 10.671/2003) trouxe uma nova
realidade para a vida desportiva nacional. Este diploma legal consagrou
direitos que os amantes do esporte tinham, mas que eram costumeiramente
desrespeitados porquanto não detalhados em instrumento de lei específico.

O direito à transparência das informações (por exemplo: números de


pagantes, nome dos árbitros, confecção prévia de tabelas, regras do
campeonato, etc.), a cautela com a segurança e conforto do torcedor são
evidências de que esta lei é importante para os que praticam o vivem do
esporte e, principalmente, para os que amam e o acompanham. Neste ano o
Estatuto completará 10 (dez) anos, tempo de vida ideal para um balanço
sobre os efeitos na realidade, não obstante o caminho percorrido até aqui nos
revela que substanciais alterações (cf. Lei n° 12.299/10).

Quiçá, além de tais petrificações de direitos mencionadas, o Estatuto


do Torcedor reconhece a Justiça Desportiva como instituição independente
(art. 34 e ss.) na aplicação da lei e normas vigentes sobre a matéria versada.
Assim, portanto, ratificou-se, por meio desta lei ordinária, o comando
constitucional do art. 217, § 1°, CF/88, que, para as questões referentes ao
desporto, antes da intervenção do Poder Judiciário - se provocado-, haveria
preferência do esgotamento da matéria em sede de justiça desportiva.

O Estatuto do Torcedor revigora e dá novo ânimo às Cortes de Justiça


Esportivas, impondo-lhes uma nova direção: a autonomia do enfrentamento
de questões, seja no âmbito disciplinar desportivo (para atletas, dirigentes,
árbitros e integrantes de entidades desportivas) e quanto da sua infra-estrutura
(para as entidades).

Ao mesmo tempo, a referida lei permitiu, com total razão, ao


Ministério Público - na condição de Fiscal da Lei (custos legis) - fosse mais
atuante no que concerne às questões de segurança, higiene e alimentação do
torcedor nas praças esportivas, fixando sanções na hipótese de violação às
obrigações trazidas em lei (art. 37).

A já aludida alteração, advinda em 2010, incrementou ainda mais o


papel que outorgou ao Parquet, desta feita, criando tipos penais específicos
(art. 41-B e ss.). Outrossim, destacou especialmente o Juizado Especial do
Torcedor como locus para resolução de conflitos - tanto de natureza penal,
como civil-.

Com efeito, nasce um questionamento: o zelo e cuidado pelo conforto


e segurança do torcedor é atribuição exclusiva do órgão ministerial ou
também incumbirá à Justiça Desportiva?

Tem-se interpretado restritivamente tal atribuição, como sendo


exclusiva do Ministério Público. Veladamente, nega-se qualquer papel
proativo da Justiça Desportiva quanto aos preceitos trazidos no Codex do
Consumidor de Esporte. A esta se reserva somente o processamento e
punições dos tipos descritos no Código Brasileiro de Justiça Desportiva
(CBJD), sempre afetos a ofensas disciplinares ocorridas no curso de partidas
ou competições. Ou seja, ao Tribunal Desportivo (STJD ou TJD) competiria
somente processar e julgar tais questões, principalmente uma vez cometidas.

Entrementes, ousamos divergir deste pensamento.

Há uma nova realidade para os Tribunais de Justiça Desportiva


enfrentarem, a sua atuação vai além de mero processamento e julgamento de
questões disciplinares, é, ao nosso sentir, órgão essencial à administração do
desporto, tal qual o Poder Judiciário equilibra as forças na vida secular,
contendo excesso do Executivo e Legislativo. À Justiça Desportiva cumpre
função de regular também os exacerbos perpetrados por entidades de prática
desportiva, confederações ou federações, bem como zelar pelos direitos do
torcedor no estrito limite que lhe confere do CBJD.

A garantia de autonomia exige novo azimute, mais próximo da


realidade, o chamado “tapetão” deve se abrir à sociedade, sendo sua parceira
na mantença da lisura e correição no esporte.

De fato, porquanto sempre esteve atrelada às entidades que organizam


o futebol e outros esportes, os Tribunais Desportivos (STJD ou TJD) se
acostumaram a não buscar novas fronteiras, satisfazendo-se, (quase)
unicamente, na apreciação de querelas no âmbito disciplinar das partidas
realizadas.

Por seu turno, a edição do Estatuto do Torcedor e sua recentes


alterações impõe mudanças a este quadro de inércia, demanda destes órgãos
judicantes ações proativas, não somente na boa conservação da disciplina, e
sim, na proteção dos interesses do torcedor - ainda que não seja este o foco
central de seu mister -, através da vigilância e fiscalização da organização do
esporte como um todo, sem prejuízo, naturalmente, de ter ao lado o
Ministério Público (ou de estar ao seu lado).

Logicamente, dentro da estrutura trazida pelo Código Brasileiro de


Justiça Desportiva (art. 21), este papel caberá à Procuradoria de Justiça
Desportiva, que é o órgão fiscalizador do cumprimento das leis e regras do
desporto. Por conseguinte, se incumbe ao custos legis desportivo, havendo
ofensas às mesmas, deflagrar a competente ação disciplinar desportiva ou
requerer instauração de Inquérito, caberá ao STJD ou TJD o conhecimento da
causa.

Com efeito, deve ser reconhecido que a lei multicitada não faz, nem
estabelece, hierarquia entre o Ministério Público Estadual ou as Cortes
Desportivas, afinal, cuidam-se de instâncias distintas. Portanto, tem-se que
ambos são legitimados a enfrentar tais questões, cada um se valendo das
normas jurídicas que limitam sua atuação.

Nesta toada, tem-se nos artigos 211 e 213, ambos do CBJD, como
exemplos de tipos que versam também sobre a segurança e conforto do
torcedor, permitindo, enfim, que as Procuradorias se incumbam de atuar na
prevenção de tais de ofensas aos valores deduzidos na Lei n° 10.671/2003,
denunciando as entidades desportivas organizadoras do evento para que a
Corte Desportiva se manifeste.

Pensa-se, de lege ferenda, que o dever da Procuradoria não seria


somente de promover a persecução no âmbito desportivo somente quando os
fatos proibidos vêm à tona, se materializam. Parecia justo e adequado ao
ordenamento jurídico específico que uma atuação fiscalizando o
cumprimento de tais regras é ínsita aos deveres institucionais deste órgão,
como conseqüência, do próprio STJD ou TJD.

Assim, portanto, deve a Justiça Desportiva, ante a existência de


previsão legal de tipos que cuidam da proteção da segurança e conforto do
torcedor, atuar diligentemente, por meio da sua Procuradoria, no sentido de
zelar pelos valores concebidos e trazidos no Estatuto do Torcedor. Não será
necessário que se aguarde ocorrência de infração disciplinar; porém, a adoção
de medidas preventivas – apesar destas não haverem sido explicitamente
declinadas no CBJD – soam como avanço em prol da construção de um
ambiente mais seguro e confortável para o torcedor nas praças desportivas.
A JUSTIÇA DESPORTIVA E O COMBATE À VIOLÊNCIA NOS
ESTÁDIOS.

O Campeonato Brasileiro de 2009, definitivamente, foi coroado de


êxito, à época ainda pairava dúvidas e questionamentos sobre o modelo de
pontos corridos. Malgrado o futebol apresentado pelas agremiações não tenha
sido um esplendor, que nos tenha feito crer ser a competição de maior nível
técnico do mundo. Repise-se, no entanto, que se consagrou a fórmula
acolhida desde 2003 e o certame se revelou como um dos mais emocionantes,
sendo decidido por meros detalhes, tendo muitos times aptos a erguer a taça
até a última rodada.

Apesar disto, na última rodada, numa tarde de domingo em que


torcedores do C. R. Flamengo fizeram a festa, fora exposta às câmeras de
televisão uma deplorável realidade: a violência nos estádios de futebol. Este,
sem dúvida, é um assunto que ocupa pautas e pautas de jornais, programação
de seminários e congressos, e, ainda assim, parece distante a sua resolução.

A batalha que teve como palco o gramado do Estádio Couto Pereira,


do Coritiba, deve, neste tão peculiar momento vivido pelo Brasil ante a
proximidade da Copa das Confederações e da Copa do Mundo, deve ainda
servir de alerta. Afinal, saliente-se, não obstante os claros avanços no
combate à violência dentro dos estádios e vulnerações das regras de
civilidade que devem seguir os torcedores, o cenário é de incerteza.

Convém rememorar que os torcedores do Coritiba, quando


confirmado o descenso em campo de jogo, invadiram-no, promovendo uma
arruaça tremenda, que somente não teve resultado mais grave em virtude da
atuação diligente e brava da Polícia Militar.
Não é crível, quiçá aceitável, que torcedores tenham tamanhas
facilidades para ingressar no campo de jogo e fazer dali uma praça de guerra,
acuando policiais, seguranças, árbitros e jogadores. Naturalmente, o Coritiba
sofreu as duras sanções pelos fatos desairosos perpetrados por seus
torcedores13. No entanto, deve-se perceber que houve uma falha generalizada,
ao meu sentir, principalmente, do planejamento de segurança.

O que se deve apreender deste lamentável episódio?

A bem da verdade, a violência nos estádio não é somente caso de


polícia. Importa igualmente aos clubes de futebol, às federações e à Justiça
Desportiva. Entretanto, não há uma consciência destes três atores se unirem
ao Poder Público (Judiciário, Ministério Público e Polícias) para alcançar este
fim. Refiro-me a uma maior colaboração e comunhão de esforços. A mera
criação de leis penais mais severas não significa solução deste mal que nos
assombra.

Atualmente, muitas experiências têm se manifestado Brasil a fora,


algumas com notáveis resultados e outras inócuas. Não ouso dizer na
totalidade, mas, em sua imensa maioria, os trabalhos de combate à violência
em praças desportivas não contempla como um dos atores deste processo a
Justiça Desportiva. É comum somente se contar com a entidade organizadora
(por exemplo: CBF ou Federações estaduais), clubes (os envolvidos em jogos
mais preocupantes) e o Poder Público.

No artigo anterior expus a tese de que, com o advento do Estatuto do


Torcedor, a Justiça Desportiva deveria se mostrar mais preventiva e atenta
para uma gama de direitos, especialmente, aqueles afetos ao torcedor (v.g.:
segurança e infra-estrutura de estádios).

O Código Brasileiro de Justiça Desportiva instituiu como um dos


deveres dos membros da Procuradoria de Justiça a fiscalização dos seus
preceitos. Assim sendo, não deve a Justiça Desportiva ser provocada somente
quando fatos típicos se materializem, deixando para os demais órgãos a dura
missão de zelar pelo cumprimento das leis.

Todavia, deve este órgão desportivo se fazer mais presente no dia-a-


dia do futebol. Deve-se reclamar o espaço que a Lei Federal n. 10.671/03
conferiu à Justiça Desportiva e não somente deixá-las para apreciar expulsões
ou atrasos de partidas. Como bem pontua Dr. Paulo Marcos Schmitt,
eminente Procurador Geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, a
Procuradoria de Justiça Desportiva é órgão simétrico ao Ministério Público,
no âmbito da Justiça comum14. Portanto, a defesa da ordem jurídica, que é sua
obrigação, deve ser exercitada de maneira preventiva, evitando-se prática de
ilicitudes.

Necessita-se de uma Justiça Desportiva mais proativa e próxima.


Logicamente, que a proposição aqui feita forçará um câmbio na mentalidade
de muitos dos seus operadores (salvo honrosas exceções que já compartilham
tais ideais), outras conseqüências advirão deste câmbio copérnico - de uma
Justiça Desportiva que só julga o que vê na súmula (ou nos tapes das
partidas, é claro) para se mostrar vigilante e atuar de maneira preventiva. Este
crescimento é inevitável e urge ser mais presente à medida que a estrutura em
torno do futebol aumenta dia após dia15.

D’outra banda, a Copa do Mundo de 2014 é uma realidade para o


Brasil e precisará ser muito bem executada. Para tanto, todos os que, de uma
forma ou de outra, trabalham no futebol, precisam estar mais atentos a fatos
como a batalha do Couto Pereira, buscando evitar a sua reprodução. Além
disso, existe uma lei que garante aos torcedores segurança em praças
desportivas, que precisa ser imediatamente cumprida em sua plenitude.

Não quero aqui dizer que a participação da Procuradoria do STJD em


reuniões prévias de organização do citado evento esportivo teria sido o
suficiente a evitar aquele triste episódio, porém, a sua participação preventiva
seria deveras útil para conscientizar e forçar o clube ou a federação de futebol
a pensar com maior rigor e cautela quando da organização do certame.
Cediço recordar que o CBJD impõe obrigações de caráter administrativo
tanto a um como ao outro.

Penso que necessitamos enfrentar a violência nos estádios com todas


as armas que existirem, e, nesse particular, tem a Justiça Desportiva
legitimidade e autoridade de se impor e ser guardiã dos direitos e garantias
dos torcedores, compelindo entidades que administram o desporto e clubes,
quando estes divergirem dos termos da Lei, a se enquadrar e cumprir
fielmente os seus dispositivos16.

Voltando os olhos para a batalha do Couto Pereira, foram justa a


sanções impostas ao Coritiba, afinal, foi responsável objetivamente segundo
o Direito e as ofensas ao CBJD se revelaram incontestes e sérias. Mas, deve
ser dito que a culpa pelo ocorrido não é exclusivamente sua.

Por certo, houve erro no planejamento e execução do evento, isso é


fato inequívoco. Apesar disso, espero que não estejamos de diante de mais
um factóide que sirva como oportunidade para criação de mais crimes ou
amaldiçoar o clube paranaense ou ter seus torcedores como violentos.

Em síntese, vi e ainda vejo neste episódio a oportunidade de se rever


a forma como as autoridades - desportivas ou não - pretendem resolver este
doloroso dilema. Não há outra saída, senão o debate prévio de medidas
preventivas mais firmes, a divisão de responsabilidades, principalmente,
convocando para ser um dos atores principais a Justiça Desportiva. E, ao
revés do vê-se hoje, lançar a culpa nos ombros do clube de futebol.
“MALA BRANCA” É CRIME? -
ASPECTOS PENAIS E
JUSDESPORTIVOS.
INTRODUÇÃO: A “MALA BRANCA” NO FUTEBOL BRASILEIRO.

O futebol brasileiro é repleto de polêmicas, que nascem em jogadas


no campo e, quiçá principalmente, fora dele. Impossível deixar de tecer
breves linhas sofre o interessante fenômeno da “mala branca”, que sempre
ronda as derradeiras rodadas dos campeonatos.

Inicialmente, convém delimitar o que se entende, no jargão do


futebolês, como sendo esta ocorrência. Tem-se por “mala branca” o incentivo
financeiro oferecido por terceiros interessados na vitória de alguma
agremiação que não aspira maiores resultados na competição. Geralmente,
estes terceiros são clubes que ainda pelejam, no caso do Campeonato
Brasileiro, por uma vaga para a Copa Libertadores da América, para não ser
rebaixado para a Série B ou, ainda, pelo próprio título nacional.

Esta realidade, apelidada de doping financeiro, ocupa a pauta de


redações de jornais, rádios e televisão, sendo constante objeto de debate. E,
hoje, é tida como usual e comum no futebol, aliás, uma práxis antiga. Em
entrevista ao portal Globo Esporte, o Rei do Futebol, Pelé, asseverou: o que o
pessoal confunde é de você ter um prêmio para ganhar uma partida, isso sim.
É como você dá um incentivo para o aluno tirar uma nota boa. É diferente de
você oferecer dinheiro para entregar o jogo, isso é um absurdo17.

Merece destaque que a dita “mala branca” tem como o escopo


incentivar uma agremiação a obter um resultado positivo, uma vitória ou um
empate, nunca uma derrota. As relações ocorrem entre uma das equipes
envolvidas na partida e terceiros que se beneficiarão com o resultado. Não se
admite como tal, a hipótese em que se paga para a equipe perder o jogo18.

Porque a “mala branca” floresce no futebol brasileiro?

Poder-se-ia responder esta questão por meio de justificativas que,


também, circulam na própria mídia: a falta de pagamento de salários, uma
chance de ganhar um pouco mais no final da temporada, etc. Todavia, a
resposta a questão nos foi dada pelo ex-presidente do Fluminense, Roberto
Horcades, de forma oblíqua: acho que o futebol brasileiro chegou em um
estado de profissionalização que não permite mais esse tipo de situação de
mala branca ou preta. O Fluminense repudia e sempre repudiou na sua
história e preza pelo bom comprometimento técnico das competições19.
Embora não tenha ele dito que falta profissionalismo por partes dos clubes
que utilizam deste expediente, depreende-se de sua afirmação esta conclusão.

Não se pretende aqui investigar as razões pelas quais ainda o futebol


brasileiro admite e convive com este incentivo financeiro, apesar de não ser
possível deixar de falar rapidamente sobre isso.

O objeto do debate é avaliar a sua manifestação à luz da novel


modificação no Estatuto do Torcedor, especialmente, se haveria subsunção
deste tipo de conduta às normas penais incriminadoras ali existentes. Por
oportuno, adentrar também no CBJD e avaliar se não se trataria de infração
disciplinar.

1 – ASPECTOS JURÍDICOS-PENAIS.

Com o advento da Lei n° 12.299/10, o Estatuto do Torcedor sofreu


consideráveis alterações, sendo criado um capítulo exclusivo para abrigar seis
crimes, três tratam de alteração ou falseamento da competição esportiva. Ei-
los: Art. 41-C. Solicitar ou aceitar, para si ou para outrem, vantagem ou
promessa de vantagem patrimonial ou não patrimonial para qualquer ato ou
omissão destinado a alterar ou falsear o resultado de competição esportiva:
Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e multa.

Art. 41-D. Dar ou prometer vantagem patrimonial ou não


patrimonial com o fim de alterar ou falsear o resultado de uma
competição desportiva: Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis)
anos e multa.

Art. 41-E. Fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que


se fraude, de qualquer forma, o resultado de competição
esportiva: Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e
multa Cediço que o bem jurídico protegido é a ética e a
moralidade das relações esportivas. Protegem-se tais
valores por meio do direito penal porque o prejudicado
com a ofensa a tais feridas é o consumidor de eventos
esportivos, o torcedor nos termos do Estatuto. Veja-se,
ainda, que somente existirá o tipo penal se as condutas
descritas ocorrerem em certames profissionais (art.
43).

Força convir que a descrição típica do art. 41-C demanda que a


solicitação ou aceite de vantagem (patrimonial ou não) tenha como escopo
alterar ou falsear o resultado de uma partida ou prova. Este tipo se destina aos
árbitros dos certames ou quem tenha condição de exercer os verbos-núcleo do
tipo. Como a alteração ou falseamento de um resultado é conduta inerente a
quem o fiscaliza, seja anotando a súmula ou aferindo os resultados
produzidos na partida ou prova, vê-se, então, que este crime é considerado
como próprio. Por exemplo, se um fiscal de prova insere na súmula que um
atleta após saltar obteve resultado menor do que de fato se constatou in loco.

No Brasil, este tipo penal nasceu em virtude do escândalo ocorrido


no Campeonato Brasileiro de 2005 (Máfia do Apito20), quando o árbitro
Edilson Pereira de Carvalho e Paulo José Danelon teriam atuado em diversas
partidas com o escopo de alterar o resultado, influindo consideravelmente
marcado penalidades ou faltas perigosas para atingir sua meta.
O artigo seguinte é próprio àquele que deu ou prometeu dar
vantagem (patrimonial ou não), portanto, seria aqui imputado o responsável
pela “contratação do árbitro” ou daquele que alterou ou falseou o resultado.
Portanto, está exclusivamente atrelado ao tipo penal comentado
anteriormente.

O tipo penal descrito no art. 41-E pode ser compreendido em


conduta a ser praticada por um atleta, não sem razão, o Dr. Paulo Castilho o
citou quando da realização do Grande Prêmio de Fórmula 1 em 2010, no
autódromo de Interlagos, em São Paulo, fazendo referência ao chamado
“jogo de equipe”, dizendo que se o piloto Felipe Massa permitisse que o seu
companheiro, Fernando Alonso, o ultrapassasse para ganhar a prova,
incorreria na comissão delitiva acima declinada21.

No pretendo aqui incursionar no mérito desta questão – apesar de


discordar da avaliação do festejado promotor de justiça -, pois o centro do
debate reside sobre a “mala branca”.

O que constituiria o tipo penal em comento?

Fraudar significa se valer de artifício22 ou ardil23 ou outro meio24 para


enganar alguém, no caso a vítima.

Este “alguém” é o torcedor, aquele que adquiriu ingresso para ver


uma partida em que as equipes atuem em campo enlevadas por motivos
nobres, inerentes à prática do desporto, qual seja, a obtenção de um resultado
positivo.

Na hipótese do incentivo financeiro de terceiros para que se vença


um jogo é difícil a sua subsunção ao tipo penal do art. 41-E, pois a vitória
num certame é a meta de qualquer equipe. Fraudar seria se a equipe, ou
alguns de seus componentes, adentrasse o gramado com o objetivo nítido e
definido de perder a partida. Caso se deseje punir a “mala branca” teríamos
também que punir os próprios dirigentes das equipes que prometem e pagam
o famoso “bicho”25.

2 – ASPECTOS JUSDESPORTIVOS.

D’outro giro, na seara do Direito Desportivo Disciplinar, igualmente


não se pode subsumir esta conduta às normas hoje vigentes. No capítulo V,
Livro III (Infrações em espécie), do CBJD, se encontram as normas
disciplinares que protegem o bem jurídico ética desportiva. Entre elas duas se
destacam como mais próximas de compreender a manifestação humana aqui
debatida, ei-las: Art. 243. Atuar, deliberadamente, de modo prejudicial à
equipe que defende.

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem


mil reais), e suspensão de cento e oitenta a trezentos e sessenta
dias.

§ 1º Se a infração for cometida mediante pagamento ou


promessa de qualquer vantagem, a pena será de suspensão de
trezentos e sessenta a setecentos e vinte dias e eliminação no
caso de reincidência, além de multa, de R$ 100,00 (cem reais)
a R$ 100.000,00 (cem mil reais).

§ 2º O autor da promessa ou da vantagem será punido com


pena de eliminação, além de multa, de R$ 100,00 (cem reais) a
R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Art. 243-A. Atuar, de forma contrária à ética desportiva, com


o fim de influenciar o resultado de partida, prova ou
equivalente.

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem


mil reais), e suspensão de seis a doze partidas, provas ou
equivalentes, se praticada por atleta, mesmo se suplente,
treinador, médico ou membro da comissão técnica, ou pelo
prazo de cento e oitenta a trezentos e sessenta dias, se
praticada por qualquer outra pessoa natural submetida a este
Código; no caso de reincidência, a pena será de eliminação.

Parágrafo único. Se do procedimento atingir-se o resultado


pretendido, o órgão judicante poderá anular a partida, prova
ou equivalente, e as penas serão de multa, de R$ 100,00 (cem
reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), e suspensão de doze a
vinte e quatro partidas, provas ou equivalentes, se praticada
por atleta, mesmo se suplente, treinador, médico ou membro
da comissão técnica, ou pelo prazo de trezentos e sessenta a
setecentos e vinte dias, se praticada por qualquer outra pessoa
natural submetida a este Código; no caso de reincidência, a
pena será de eliminação.

Novamente, colhe-se que a redação legal, tal qual no Estatuto,


revela-se insuficiente para compreender o incentivo financeiro para que uma
equipe ganhe uma partida. O primeiro tipo disciplinar demanda que os atletas
atuem com de modo prejudicial à equipe, leia-se, perder o jogo
intencionalmente ou ceder empate quando esteja ganhando, por exemplo.

O art. 243-A, aparentemente, resolve a questão, ao fixar ser proibido


atuar com o fim de influenciar o resultado da partida, de maneira contrária à
ética desportiva. Esta redação pode, num primeiro instante, nos fazer crer que
a “mala branca”, finalmente, tenha sido tipificada. Todavia, é postulado
comezinho da ética desportiva a atuação com o objetivo de vencer,
respeitando o chamado fair play26.

Assim, como punir aquele que deseja vencer, ainda que movido por
interesses financeiros?
Afinal, não se pode negar que, atualmente, o atleta é um profissional
e vive do seu esforço pessoal para ganhar a vida. É uma tarefa árdua conjugar
o interesse econômico com os valores éticos desportivos. E, neste particular,
o doping financeiro afronta somente a pura moral e não as regras jurídicas,
vez que não há fraude ao resultado do jogo. A se considerar que o aceite
deste incentivo sirva como móvel será contraditório admitir-se como normal
o ganho de bichos ou premiações de artilheiro ou de melhor jogador
oferecidas aos atletas, seja pelo clube em que atuam ou entidades
organizadoras do esporte.

Seria, portanto, ofensa à ética esportiva querer ser o artilheiro,


independente dos resultados da equipe? Esta é uma questão que também viria
à tona, dentre outras que surgiriam, caso a interpretação do art. 243-A, do
CBJD, fosse estendida às raias do extremo subjetivismo.

3 – CONCLUSÃO.

Ante o exposto, evidencia-se, portanto, que a tão decantada “mala


branca” é apenas um ato imoral, à luz de uma ética pura do esporte e também
dentro da perspectiva do profissionalismo que este assume como business.
Ainda assim, algumas vozes hão de surgir em sentido contrário.

De fato e respondendo a questão que serve de título: tem-se que


“mala branca” não é crime, nem mesmo infração disciplinar.

Convém assinalar que o STJD conheceu e julgou recurso oriundo do


TJD/BA, e findou por reconhecer a existência da “mala branca”, por maioria,
como hipótese prevista no art. 243 ao revés do 243-A. Quiçá, poder-se-ia
intuir que o debate se solucionaria através deste precedente. Todavia, se
cuidava de outra composição do Tribunal e o julgado foi objeto de intenso
debate, sendo ali ventilada teses absolutória (similar à que me filio) e
condenatórias (tanto um tipo disciplinar, como pelo outro).
CASO DODÔ: ACERTO NO PRESENTE,
PRUDÊNCIA PARA O FUTURO.
INTRODUÇÃO.

O campeonato nacional de futebol é repleto de emoções. A cada


rodada surgem novos candidatos ao título, as posições alteram na zona do
descenso e se ampliam os pretendentes por vagas nas Copas Libertadores de
América e Sul Americana.

Entretanto, assim como estas empolgantes novas situações de caráter


esportivo, advêm hipóteses que reclamam do Superior Tribunal de Justiça
Desportiva (STJD) adoção de posicionamento firme e conciso para a sua
solução.

O denominado “Caso Dodô” é mais um destes episódios da crônica


forense desportiva, mas, ao que nos parece, trouxe e trará a lume um debate
relevantíssimo sobre o afastamento de atleta condenado até que a sua vítima
retorne ao treinamento.

Exige-se que o STJD defina linha de jurisprudência sobre a matéria,


que, embora, não seja inédita27, ganhou imensa repercussão na mídia
esportiva e no mundo jurídico-desportivo.
1. O CASO DODÔ: ASPECTOS FÁTICOS.

No certame nacional de 2011, em sua reta final, um lance ocorrido


no jogo entre S.C. Internacional e E.C. Bahia28, envolvendo dois atletas – o
lateral esquerdo do tricolor baiano, Dodô, e o zagueiro colorado, Bolívar-
conseguiu atrair os olhares e atenção de toda a comunidade esportiva.

Em suma, o zagueiro da scracht gaúcho deu uma entrada muito


vigorosa (na ótica da CDN do STJD, conforme se exporá a seguir, violenta),
que ocasionou a saída compulsória de campo do lateral do time baiano
devido a uma contusão. Mais tarde, alguns dias após, constatou-se um
rompimento dos ligamentos cruzados do jovem atleta de futebol, impondo-
lhe afastamento dos gramados, pelo menos, por quatro meses. Este episódio
se deu no interior da grande área do Internacional e o árbitro unicamente
aplicou o cartão amarelo ao jogador colorado, sequer assinalou a penalidade
máxima, interpretando o lance como jogada perigosa.

Cediço que as lentes das inúmeras câmeras são hoje os maiores


“inimigos” do árbitro e, neste caso, não foi diferente. O lance visto e revisto
pelos mais diversos ângulos denunciou que o árbitro errou e que o atleta do
Internacional atou em desconformidade com o Código Brasileiro de Justiça
Desportiva (CBJD).

A Procuradoria do STJD, com arrimo na prova de vídeo, levou


Bolívar às barras da Justiça Desportiva, denunciando-o pela prática de jogada
violenta (art. 254, CBJD), requerendo, além das sanções cominadas no tipo
em tela, o seu afastamento até que o atleta vitimado retorne aos treinamentos,
a teor do § 3°, do art. 254, CBJD.

O Tribunal, por meio da Primeira Comissão Disciplinar, acolheu a


unanimidade a voto do relator, Dr. Diego Mendes Echebarrena, entendendo
que o atleta teria cometido o referido tipo e aplicou o disposto no supracitado
parágrafo.
Inúmeras foram as manifestações sobre este julgamento.
Majoritariamente, especialmente entre torcedores e meios de imprensa,
aprovando, principalmente, o afastamento do atleta.

Por se turno, nos meios especializados do direito desportivo,


suscitou-se mais dúvidas sobre os desdobramentos e o que implicava tal
decisum, por exemplo, se debatendo a própria constitucionalidade do art. 254,
§ 3°, do CBJD.

São estas questões que se passa a enfrentar.

2. O TIPO DE JOGADA VIOLENTA E AFASTAMENTO DO ATLETA


CONDENADO ATÉ A RECUPERAÇÃO DO LESIONADO.

O novel tipo disciplinar jogada violenta foi substancialmente alterado


através da reforma no Código que foi publicada em 31 de dezembro de 2009,
passando a vigorar como a seguinte redação: Art. 254. Praticar jogada
violenta:

PENA: suspensão de uma a seis partidas, provas ou


equivalentes.

§ 1º Constituem exemplos da infração prevista neste artigo, sem


prejuízo de outros: (AC).

I - qualquer ação cujo emprego da força seja incompatível com


o padrão razoavelmente esperado para a respectiva
modalidade; (AC). II - a atuação temerária ou imprudente na
disputa da jogada, ainda que sem a intenção de causar dano ao
adversário. (AC) § 2º É facultado ao órgão judicante substituir
a pena de suspensão pela de advertência se a infração for de
pequena gravidade. (AC).

§ 3º Na hipótese de o atingido permanecer impossibilitado de


praticar a modalidade em conseqüência de jogada violenta
grave, o infrator poderá continuar suspenso até que o atingido
esteja apto a retornar ao treinamento, respeitado o prazo
máximo de cento e oitenta dias. (AC).

§ 4º A informação do retorno do atingido ao treinamento dar-se-


á mediante comunicação ao órgão judicante (STJD ou TJD)
pela entidade de prática desportiva à qual o atingido estiver
vinculado. (AC) A mudança da sanção imposta (suspensão por
jogos) foi a alteração mais comentada. No entanto, a inserção do
afastamento do atleta agressor até o regresso da vítima de sua
conduta aos treinamentos tenha sido a mais relevante, embora,
até então, por raras vezes aplicado.

Antes de se seguir com a análise deste artigo, reclama-se fazer uma


pequena digressão histórica para melhor conhecer a matéria.

Alguns temas trazidos à baila remetem a um debate que existiu no


âmbito do Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol da Bahia, quando a pena
da agressão física tinha como mínimo o prazo de 120 dias (redação do antigo
art. 25329, CBJD). Em virtude da excessiva e desproporcional pena mínima,
havia, por vezes, um mal-estar em impor condenações sob o manto de
agressões físicas, principalmente quando consideradas a inexistência de
maiores repercussões da conduta.

Imagina-se que noutras Cortes Desportivas também os julgadores


nutriam o mesmo sentimento em aplicar esta sanção, repise-se,
especialmente, quando se tratava de condutas que provocaram quase (ou
nenhuma) repercussão visível. Não eram poucas as desclassificações de
agressões para ato hostil, ou até mesmo para jogada violenta30.

Discutia-se à época que tal disposição era inconstitucional, porquanto


malferia a proporcionalidade31 entre ação/resultado, bem como seria abuso ao
direito do livre exercício constitucional. A suspensão desportiva era superior
à pena mínima imposta ao delito de lesões corporais (art. 129, CP), o que
servia de fundamento a mais neste debate sobre a constitucionalidade da
mencionada pena do então vigente CBJD.
A angústia grassava, afinal, aqueles que militam nos Tribunais de
Justiça Desportiva dos Estados, distantes do grande palco e das luzes, viam
atletas não profissionais ou adolescentes serem suspensos por um tapa ou
uma frágil descrição do árbitro de teria ocorrido uma agressão – nutre-se a
suspeita (quase certeza) de que nem sempre o fato (agressão) chegou a
existir.

Sabe-se que a norma (refere-se à penal, que tem natureza análoga à


disciplinar) deve ser abstrata e genérica, para poder o maior número de
pessoas e evitar o excesso de especificidades. E o CBJD tem como guia o
desporto profissional, especialmente o futebol. Esquece-se que a grande parte
dos seus praticantes – profissionais ou não profissionais – não estão entre os
20 maiores clubes do país. Assim, as penas deveriam pensadas como
abrangentes a todo e qualquer atleta e não somente para os fatos que chamam
mais a atenção, como aqueles ocorridos no âmbito no futebol profissional.

Não sem razão o CBJD, neste particular, foi alterado, inserindo a


punição por jogos e corrigindo aquela aberração.

A inserção deste parágrafo obrigando o condenado a somente retomar


o exercício profissional após o retorno do atleta adversário é noviça para o
tipo de jogada violenta, não havia na redação anterior, nem no quase
esquecido CBDF32. Exista na antiga redação do CBJD a hipótese do art. 253,
§ 2º, onde, se a lesão fosse grave e o atleta ficasse impossibilitado de retomar
suas atividades normais, o atleta agressor poderia ser afastado até o seu
pronto regresso, respeitando-se o limite de 720 dias.

O novel legislador aproveitou este dispositivo e o inseriu na redação


da jogada violenta, reduzindo significativamente o prazo limite para 180 dias.
Ou seja, por força do próprio CBJD o afastamento do atleta condenado só
poderá ser mantido até o citado limite.

Sinceramente, entende-se que existe suporte para se impor limitação


ao exercício profissional, sem que isso signifique ofensa à Constituição
Federal. O CBJD é o diploma legal que regulamenta as condutas no âmbito
do esporte é ele quem diz o que é permitido ou proibido. Quer dizer, define
os limites deste exercício profissional. Nesse sentido, socorremo-nos na
preciosa lição extraída do voto do e. Auditor do STJD, Dr. Paulo Bracks, nos
autos do Processo n° 35/2010: “Em analogia ao crime de lesão corporal do
Código Penal, insculpido no art. 129, faço a análise da reprimenda que
entendo justa. Não estou, absolutamente, equiparando o denunciado a um
criminoso ou sua conduta a tanto, apenas faço a analogia para melhor
adequação da sanção. Afinal, o que ocorreu no caso do Willian foi, de forma
literal, uma lesão corporal, mas advinda de um exercício regular de direito –
prática de futebol profissional.”

Outrossim, traz as sanções que se devem impor nos casos em que


houver burla às suas regras. Naturalmente, não se está a impedir que o atleta
exerça seu mister, está a se impedir que o atleta de exerceu mal o seu mister
possa prontamente retornar tranqüilamente a exercê-lo. Para isso, o legislador
construiu um arcabouço jurídico como meio de efetivar a ampla defesa e o
contraditório. E diz-se mais, vai-se além, permite que qualquer cidadão tenha
direito a um TRIPLO grau de jurisdição, o que, no direito secular, sequer
existe.

Voltando os olhos para o Caso Dodô, a Primeira Comissão Disciplinar


do STJD, com arrimo na prova de vídeo, interpretou que o atleta foi além do
que se permite no futebol, violou as suas regras disciplinares, revelando um
animus laedendi (vontade de lesionar), se afastou a imprudência ou
inconseqüência. Os doutos julgadores avaliaram que o atleta contemplou a
produção do resultado como conseqüência senão direta, eventual33.

A prova produzida foi valorada pelo tribunal. Nada mais. E, dada a


gravidade da sua conduta, melhor dizendo, do resultado por ele provocado,
foi apenado em 4 (quatro) jogos, como determina o “caput”, e, por
conseguinte, caso cumpridos, ficasse suspenso até o retorno do jogador. Aqui
se levou em consideração, como dito antes, a extensão do resultado da
conduta por ele praticada.

Com efeito, não se pode falar em pena perpétua ou sem fim, porquanto
o próprio parágrafo 3º, do multicitado artigo, impõe como limite máximo o
prazo de 180 dias. Destarte, fielmente se atende ao princípio da legalidade,
sem aviltar-se a Carta Magna de 1988 e sequer se vislumbra a hipótese de bis
in idem.

Por certo, este afastamento é medida excepcional, não pode ser tido
como regra. Somente se aplicará aos casos em que o atleta condenado atuou
deliberadamente com intenção de provocar dano em seu colega de profissão.
Quer-se dizer, queira ou preveja o resultado negativo e o admita. Atue com
dolo direto ou eventual. Some-se, ainda, a necessidade de que o resultado
obtido por sua ação seja grave o suficiente para instar o Tribunal a impor o
afastamento do condenado da atividade profissional até o regresso do atleta
vitimado aos seus treinamentos.

O tipo de jogada violenta admite que o agente atue com dolo ou culpa
- inclusive a própria redação confere certeza a esta inferência. O primeiro se
verifica na hipótese tal qual descrita acima. No segundo caso, por sua vez, o
atleta não antevê o resultado (culpa inconsciente) ou, sendo o mesmo
possível, crê que não se produzirá em virtude de suas habilidades pessoais
(culpa consciente). Em ambas as hipóteses, evidente a imprudência do atleta
em promover a jogada, que, por sua conseqüência, se revela como violenta.

Destarte, privar o profissional do exercício de seu mister por uma


imprudência é violar a distinção existente entre dolo e culpa, afinal, aquele
sofre desvalor da ação maior do que neste34.

Os resultados por si só não podem servir como baliza a sacramentar a


incidência do art. 253, § 3°, do CBJD. É imperioso que se colha da conduta o
jogador o direcionamento da vontade de perpetrar a defesa jogada violenta.
Noutros termos, reclama-se a análise da ação ou da omissão para servir
também como azimute da pena a ser imposta nestes casos.

3. CONCLUSÃO.

Por certo, os tribunais desportivos não têm o costume de utilizar este


parágrafo, o que não quer dizer que ele não existe juridicamente. Somente é
recomendável que seja utilizado de forma excepcional, afinal, o futebol é
esporte que contempla choques físicos naturais que, às vezes, produzem
lesões como conseqüência, seja em lances de falta ou mesmo naqueles tidos
como normais de jogo.

Teme-se que as Procuradorias saiam numa caça às bruxas a todo o


tempo e a qualquer custo pedindo que se aplique o referido parágrafo
(afastamento do condenado). Todavia, dada a gravidade da sanção para um
atleta, não se pode fazer deste dispositivo letra morta.

Com efeito, o afastamento do condenado até que a vítima retorne aos


treinamentos deve ser reservado a casos em que se sobressaia o DOLO do
agente na prática da jogada violenta, somado com as nefastas conseqüências.

O tema é polêmico e não se encerrará com estas considerações.


O ARTIGO 125, § 2º, DO CBJD E A
REVALORIZAÇÃO DA AMPLA DEFESA
INTRODUÇÃO.

O Direito Desportivo no Brasil vive momentos de intenso


desenvolvimento e crescimento. Com a confirmação dos maiores eventos
esportivos do mundo, a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, o país
passou a observar e conhecer mais sobre este novel ramo, que, há bem pouco
tempo atrás, era um estranho desconhecido.

Em verdade, tem-se por Direito Desportivo não somente os ramos das


ciências jurídicas que tangenciam o esporte, demandando construção de
saberes mais específicos, e a coexistência harmônica entre critérios legais de
matrizes público e privado35 36. Destaca-se como expressão evidente deste
novel ramo do Direito a sua vertente disciplinar, que regula as relações entre
entidades de administração do desporto (confederações e federações), ligas,
clubes, atletas e pessoas envolvidas na administração, gestão e realização do
esporte (dirigentes, técnicos, corpo médico, etc.), no âmbito das competições
e/ou partidas (conforme fixou o art. 217, § 1°, CF/8837).

Nessa perspectiva, a Justiça Desportiva, órgão responsável por


distribuir e aplicar as normas disciplinares na seara do esporte, sobressai
como importante instituição em prol do crescimento do mesmo. Assevera-se
isso, pois esta serve de ponto de equilíbrio para conter as tensões naturais
existentes entre os seus jurisdicionados, bem como prezar pela defesa e
guarda dos valores inerentes à prática desportiva.
A Constituição Federal, em seu artigo 217, consagrou a Justiça
Desportiva como órgão essencial à organização do desporto nacional. Não
obstante a sua estrutura seja de natureza privada, ante o relevante interesse
público, está vinculada a valores e princípios insculpidos na Carta Magna,
que são inerentes à atuação do Poder Judiciário38.

Destarte, evidencia-se que toda e qualquer imposição de sanção


disciplinar no âmbito do Esporte, deverá preceder de investigação que
contemple manifestação dos princípios da ampla defesa e do contraditório
(art. 5º, inciso LIV, CF/88). Não sem razão, o Código Brasileiro de Justiça
Desportiva (CBJD), em seu art. 2°, incisos I e III, respectivamente, os arrola
entre aqueles que deverão servir de baliza por parte de auditores,
procuradores e defensores no exercício do mister.

O presente texto objetiva apontar e discutir os mais relevantes


institutos jurídicos concebidos no Novo Código Brasileiro de Justiça
Desportiva (Resolução n° 29, de 31 de dezembro de 2009), que trazem
manifestações dos aludidos princípios constitucionais.

Destacam-se como significativas mudanças, objeto do debate abaixo


transcrito, a nova forma conferida à sessão de instrução e julgamento (art.
120-135) e o processamento e julgamento de recursos (art. 147-152).

1. O ART. 125, § 2º, DO CBJD: MAXIMIZAÇÃO DA AMPLA DEFESA


E DO CONTRADITÓRIO.

Cediço que o novel Código ainda se encontra em fase de afirmação,


pouco a pouco os Tribunais se familiarizam com os novos institutos e criam
posicionamento e definem sua aplicação. Igualmente, de forma gradual os
aplicadores do da Justiça Desportiva descobrem o que veio para ficar e o que
deverá ser objeto de futura reforma. Não é incomum, por onde se vá, ouvir e
até comentar a certeza de que o Código tem muito pontos positivos; porém,
não é visto como um instrumento definitivo.
Ademais disso, pensa-se que este diploma tem méritos, que devem ser
valorizados e melhor explorados. Nalguns casos, cite-se, está-se diante de
institutos que nunca se poderia pensar em tê-los no âmbito do processo penal
ou civil. Pode-se asseverar que o CBJD andou muito bem no que tange ao
respeito e proteção dos valores inerentes à ampla defesa e ao contraditório,
resta somente que as Cortes Desportivas dêem vazão na práxis aplicando-o,
nos termos em que foi redigido.

Um exemplo significativo disso tem-se na redação do art. 125, § 2º:


Art. 125. Concluída a fase instrutória, com a produção das provas, será dado
o prazo de dez minutos, sucessivamente, à Procuradoria e cada uma das
partes, para sustentação oral.

§ 2º Quando houver apenas um defensor a fazer uso da palavra


na tribuna, este poderá optar entre sustentar oralmente antes ou
após o voto do relator. (NR).

O texto ora reproduzido revela, no que tange ao sumário de culpa no


âmbito do processo desportivo, um inarredável apego aos princípios
constitucionais da ampla defesa e do contraditório. Neste quadrante, vê-se
evolução entre o direito desportivo processual disciplinar e processo penal,
pois este deveria ser o ramo das Ciências Jurídicas com maior elo com os
valores trazidos por estes princípios.

CARNELUTTI já preconizava alhures que “o conceito de defesa é


oposto e complementar ao de acusação, já se disse que formação do juízo
segue a ordem da tríade lógica de tese, antítese e síntese. Não pode existir
acusação sem defesa, a qual é um contrário e, por isso, um igual de
acusação”39 . Assim, no âmbito de um estado democrático de direito, não
convém desprestigiar a ampla defesa e o contraditório, pouco importando a
natureza do processo (civil, administrativo, trabalhista, penal, desportivo,
etc.). Não sem razão, o legislador constituinte erigiu como cláusula pétrea o
princípio da ampla defesa e contraditório40.
Muito embora não se afirme que a sistemática processual – seja ela
civil ou penal – não implique em ofensas consagradas ao direito à ampla
defesa e ao contraditório, todavia, vê-se que, a depender da hipótese, há
maior ou menor manifestação destes sagrados direitos. No âmbito do
processo penal, a luta é contínua e constante em prol da efetividade destas
garantias individuais, principalmente por causa do bem jurídico do acusado
que é atingido por uma condenação penal: a liberdade. Ainda assim, vê-se na
doutrina processual penal pelejas por aperfeiçoamento e adequação deste
ramo ao ideal de amplitude da defesa e do contraditório.

Dessarte, todo o procedimento a ser concebido deve contemplar


oportunização à parte considerada ré de manifestar suas argumentações,
contraditar a prova levada a conhecimento do juízo, produzir elemento
probatório, enfim, exercer livremente seu sagrado direito à defesa. O
reproduzido artigo do Codex Desportivo vai mais além.

Ultrapassa fronteira que o próprio Supremo Tribunal Federal evitou


descortinar quando julgou procedente Ação Direta de Inconstitucionalidade
nº 1127-8, que atacou dispositivos da Lei 8.906/94 (Estatuto da Advocacia),
limitando a sustentação oral do advogado para o momento logo após o
relatório e não mais em seguida ao voto do relator, como quis o legislador
ordinário41.

Observa-se do art. 125, § 2º, CBJD, que há autorização para que, em


sede de instrução perante as Comissões Disciplinares ou Tribunal Pleno,
possa a Defesa se manifestar após a prolação do voto do Auditor Relator.
Assim, com efeito, poderá com maior plenitude se exercer os princípios da
ampla defesa e do contraditório. Evidencia-se, então, hipótese em que a
Defesa pode expor seus argumentos até mesmo contraditando os
fundamentos invocados pelo Auditor Relator perante os demais membros do
colegiado.

Nota-se que o interesse do CBJD reside em se permitir ao máximo aos


réus, no processo desportivo, chance de exercerem sua defesa, com único
objetivo de promover a realização de justiça. Quiçá isso ocorra para servir
como meio de combinar a celeridade processual – marca singular da Justiça
Desportiva -, sem que, com ela, haja substanciais prejuízos à ampla defesa e
ao contraditório.

Talvez o ponto de crítica a tão avançado dispositivo resida na própria


limitação imposta em relação ao número de defensores. Esta restrição é
desnecessária, contraria o espírito do texto da Resolução nº 29/2009, em nada
terá utilidade aos escopos do processo, pois qual a distinção entre um
defensor ou dois defensores se manifestarem após o voto do relator?

Não há distinção ou prejuízo algum, nem mesmo à celeridade do


julgamento.

D’outro giro, sobressai o acerto em reservar este direito somente à


Defesa, não servindo ao órgão acusador, nem a terceiros intervenientes.
Outrossim, no concernente ao tempo a ser destinado às partes, colhe-se
maturidade na redação, quando fixa tempo suficiente (dez minutos) e, ainda,
permite seja convencionado quantidade maior, caso a causa demande maior
grau de complexidade.

A última palavra incumbirá exclusivamente à Defesa, nada mais.

É natural que este privilégio – agora transformado em direito -


permita, principalmente, ao acusado menos favorecido, poder ser mais bem
defendido. Este que, em muitos casos, não conta com os mesmos recursos
que a Procuradoria para produzir provas – esta, aliás, já conta com a súmula
da partida, que goza de relativa presunção de veracidade.

Assim, portanto, é de se elogiar a atitude do legislador desportivo e


servir de estímulo para o florescimento de um processo mais próximo da
busca efetiva pela verdade real dos fatos - inspirado nos valores
estabelecidos na Constituição Federal-, onde a Defesa goze de oportunidades
de construir suas provas e contraditar as da acusação, sem que, com isso, haja
desequilíbrios na relação processual42.

No entanto, teme-se pela colocação deste dispositivo na prática.


Afinal, a vida forense, que serviu e serve de baliza aos membros dos
Tribunais de Justiça Desportiva, no seu dia-a-dia, não contempla tal instituto.
Aliás, consoante exposto, o mesmo foi combatido pela Corte Constitucional.

Observa-se, ainda, o zelo e apreço por tais valores de matriz


constitucional na redação dada ao art. 128, § 3°, CBJD43, ao permitir às partes
proceder a nova sustentação oral, quando o julgamento é retomado em nova
sessão. Ao se analisar regimentos internos de Tribunais Superiores e/ou
Estaduais ou Regionais Federais não se encontram nada semelhante44. Vê-se
que a intenção do Código é conferir máximo exame da prova em busca de
decisão justa, livre de formalismos que possam servir de óbice.

Ademais, esta ampla oportunização à defesa serve ao processo


desportivo deveras, na medida em que a celeridade é regra constitucional que
não pode se perder de vista. Destarte, incumbiu-se o legislador desportivo de
estabelecer este instituto da sustentação oral após o relator como uma das
formas de equacionar este dilema.

2. OS RECURSOS: TRIPLO GRAU DE JURISDIÇÃO,


PROCESSAMENTO E JULGAMENTO.

Outro aspecto a ser enfocado neste escrito, que revela acolhida dos
festejados princípios constitucionais, fugindo ao modelo adotado pelo
ordenamento jurídico pátrio, são os recursos. Um dos institutos que desperta
atenção é a existência de um triplo grau de jurisdição para determinados
casos, hipótese legal que é antiga no âmbito do direito desportivo disciplinar.
Outrossim, a mantença da reformatio in mellium e possibilidade de se repetir
a produção de provas em segundo grau são deveras relevantes.

Segundo se colhe do CBJD, a Justiça Desportiva é estruturada em


Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e suas Comissões
Disciplinares (CD) e Tribunais de Justiça Desportiva (TJD) e suas respectivas
Comissões. Em síntese, os STJD apreciarão fatos envolvendo competições
nacionais ou interestaduais ou regionais, enquanto os TJD apuram o ocorrido
em certames estaduais.

A teor do CBJD a maioria das condutas proibidas ali descritas têm


como juízo originário as Comissões Disciplinares (primeiro grau), portanto,
caberá ao Tribunal (STJD ou TJD) apreciar recurso aviado, tanto pela
Procuradora, quanto pela Defesa (segundo grau).

No entanto, a Justiça Desportiva, além destas vias ordinárias e bem


similares às que são previstas no âmbito do processo penal e civil, ainda
conserva uma possibilidade regular de exercício de um triplo grau de
jurisdição, o que somente expõe maior chance à manifestação da ampla
defesa e do contraditório. No art. 25, inciso II, alínea a45, definiu-se como
competência do STJD de cada modalidade julgar em grau de recurso as
decisões dos TJD. Ou seja, em sede de competição estadual, por exemplo,
Acusação ou Defesa têm ainda mais uma oportunidade de ver sua pretensão
atingida através de recurso ao STJD quando, porventura, discordem do
posicionamento da Corte Desportiva Estadual.

Todas as decisões dos órgãos judicantes desportivos são recorríveis, a


exceção daquelas proferidas pelo Tribunal Pleno do STJD e as dos Tribunais
de Justiça Desportiva que impuserem multa até o valor de R$ 1.000,00 (hum
mil reais) – conforme art. 136.

Estabeleceu-se, também, que ao juízo ad quem será devolvido o


conhecimento de toda a matéria discutida no processo, salvo quando o
recurso atacar somente determinada parte da decisão fustigada (art. 142).
Naturalmente, se a decisão objeto de irresignação, tanto pela Defesa, como
Procuradoria, se revelar como injusta, mesmo na parte em que um ou outro
não recorreram, é licito à Corte promover a sua reforma ex officio, tendo em
vista o princípio do reformatio in mellium (art. 142, parágrafo único).
Igualmente, mesmo em sede de recurso acusatório, poderá o Tribunal
rever a pena imposta para diminuí-la ou, até mesmo, absolver o acusado. Por
conseguinte lógico, não se admite em recurso defensivo se promova o
agravamento da sanção imposta.

Vê-se, portanto, que o sistema recurso atende sobejamente aos


interesses da ampla defesa e do contraditório. E vai alem, diga-se.

A maior novidade no processamento e julgamento dos recursos se


encontra definida no art. 150, parágrafo único, onde, a critério do relator, em
caráter excepcional, poderão ser novamente produzidas as provas colhidas
pela Comissão Disciplinar. Ressalte-se que se poderá repetir os elementos de
convicção colhidos anteriormente e não produzir novos.

Com efeito, está-se diante de grande avanço legal. O recurso,


atualmente, seja no âmbito do processo penal ou civil, não disciplina sobre
este particular, qual seja a possibilidade do relator admitir a reprodução das
provas produzidas no primeiro grau. É digno de se observar que se confere ao
juízo ad quem o conhecimento de toda a causa, o que, ressalte-se, reveste de
plena legalidade e estrita vinculação aos valores próprios do Estado
Democrático de Direito, a realização de atos processuais direcionados à busca
da verdade real dos fatos.

Por certo, trata-se de hipótese inusitada, que somente se prevê no


CBJD e não se percebe nos Códigos de Processo Penal e Civil ou em
regimentos internos de Tribunais. E, na esfera da Justiça Desportiva ela é
deveras aplicada. Logicamente, o recurso é insurgência contra uma decisão
calcada em elementos colhidos (as provas), portanto, já se encontram
produzidos nos autos, bem como as argumentações escritas. Assim, o mais
comum seria proceder ao seu julgamento sem se realizar nova instrução.
Porém, não obstante a celeridade ser comando constitucional de qualquer
órgão judicial – e na Justiça Desportiva é uma ordem que a alicerça - maior
valor é do exercício da ampla defesa e do contraditório.
Portanto, evidencia-se que agiu com acerta o Conselho Nacional do
Esporte ao acolher o presente instituto, que, de forma clara e direta, permite
às partes exercer, no segundo ou terceiro grau de jurisdição, o seu sagrado
direito de se defender amplamente e contraditar as provas contra si reunidas.
E, com espeque neste dispositivo, poderá o juízo do recurso reproduzir a
prova carreada no feito e, com base em seu convencimento livre e real,
decidir com maior certeza.

3.– CONCLUSÃO.

Consoante exposto alhures, o Código é conhecido e têm explorado


seus novos institutos à medida que os Tribunais se deparam com situações
fáticas que se subsumam aos dispositivos previstos.

Mesmo assim, algumas reformas se fazem mister com o fito exclusivo


de aprimoramento da Justiça Desportiva e plena submissão aos mais caros
princípios constitucionais, sem que, com isso, haja ofensa à autonomia do
direito desportivo disciplinar. À guisa de exemplo, tem-se a necessidade de
conferir maior destaque à assistência jurídica para os jurisdicionados que não
tem condições econômicas de arcar com os custos de um advogado
particular. Possivelmente, a criação de quadro de defensores na estrutura do
Tribunal e não somente a existência do defensor dativo, cuja missão é de
fazer a defesa dos atletas menores de 18 (dezoito) anos de idade, a inclusão
deste órgão no CBJD unicamente ratificaria a inspiração garantista que
domina este diploma quanto à ampla defesa e ao contraditório.

Por seu turno, a garantia e manutenção de determinados institutos


novos, como os que foram explorados acima, também se impõe.

O vigente Código Brasileiro de Justiça Desportiva nasceu do


aprendizado de anos e anos de militância forense de muitos abnegados e,
recentemente, foi submetido ao crivo das comunidades esportiva e
acadêmica, por meio de uma série de consultas públicas, realizadas no ano de
2009, em nove capitais do Brasil.

O resultado se encontra em 287 artigos, que, por certo, será alvo de


muitas criticas - algumas justas, outras nem tanto -, afinal, não foi (nem é)
possível atender aos anseios de toda a nação. Todavia, não se pode perder de
vista o grande passo que foi dado, simbolizado nas conquistas representadas
na materialização das garantias individuais do cidadão definidas na
Constituição Federal – especialmente, a ampla defesa e o contraditório - e
que, as vezes, na própria legislação federal (seja no âmbito do processo penal
ou civil) são conspurcadas.

As mudanças debatidas algures são exemplos positivos dos avanços


desta novel legislação disciplinar, principalmente, o dispositivo do art. 125, §
2°, que consagra a Justiça Desportiva como órgão que materializa os
principais postulados constitucionais, embora ainda longe de ser uma justiça
ideal, é aquela mais se aproxima da meta a ser atingida, afinal, combina com
excelência a coexistência harmônica entre celeridade processual, a ampla
defesa e o contraditório.
A IMPORTÂNCIA DO
ARQUIVAMENTO PARA A JUSTIÇA
DESPORTIVA.
O labor na Justiça Desportiva é árduo e exige por parte de seus
integrantes (auditores, procuradores e defensores) extrema agilidade para
cumprir os desígnios da legislação específica, principalmente, quanto aos
prazos de cognição da existência de conduta típica, antidesportiva e culpável.

Cediço que o limite de temporal do processo desportivo que aprecia


querelas disciplinares e afetas às competições desportivas é regido pela
Constituição Federal de 1988, não somente pela garantia constitucional à
razoável e célere duração do processo (art. 5°, inciso LXXVIII46), e sim pelo
próprio art. 217, §§ 1° e 2°47, que estatui o prazo de 60 (sessenta) dias para
que o as supostas infrações e questões mencionadas sejam apreciadas pela
Justiça Desportiva.

Nesta toada, tem-se que o volume de processos que tramitam na


Justiça Desportiva é grande, principalmente, em centros mais desenvolvidos.
Naturalmente, observando-se que este órgão é composto por número limitado
de operadores do Direito, que além destas funções judicantes exercem suas
profissões, demanda-se uma organização e celeridade para que não seja
malferido o comando constitucional.

Exsurge, então, o arquivamento como instituto que se presta a afastar


do âmbito de cognição do Poder Judiciário Desportivo fatos que somente se
assemelham àqueles que interessam ao CBJD para fins de punição. Nesta
perspectiva, o mister exercido pela Procuradoria de Justiça Desportiva na
filtragem preliminar do que deve ou não ser objeto de acusação formalizada
ganha relevo, pois é fundamental reservar aos Auditores somente o que,
necessariamente, deve ser julgado.

O instituto do arquivamento no direito desportivo tem raízes fincadas


no Código de Processo Penal (art. 2848), adotou-se similar previsão e
procedimento. Consiste, portanto, o arquivamento em manifestação da
Procuradoria de Justiça Desportiva, que os fatos levados ao seu conhecimento
não se amoldam ao tipo legal de conduta proibida, ao Presidente do Tribunal
de Justiça Desportiva. Este, por seu turno, concordando determinará remessa
aos arquivos da Corte, em decisão fundamentada. Caso contrário, nomeará
novo procurador para se manifestar sobre os fatos. Se, porventura, este
membro do Parquet Desportivo consentir com as razões argüidas pelo
primeiro, prevalecerá o arquivamento, em sentido oposto, ofertar-se-á
denúncia49.

De fato, o dia-a-dia forense demonstra que em determinados


esportes, principalmente no futebol, em muitas hipóteses de expulsão,
inexiste infração à disciplina, e sim somente à regra do jogo. Assim sendo, a
atuação do procurador se torna demasiadamente importante para evitar que ao
TJD cheguem fatos, repetidamente, que não se amoldam aos tipos
disciplinares previstos no CBJD.

Pode-se, facilmente, exemplificar isto, quando um atleta previamente


advertido com o cartão amarelo, recebe a segunda advertência, consistindo na
aplicação de novo cartão amarelo, o árbitro é compelido a expulsá-lo do
campo de jogo. Ora, qual a razão para este atleta ser levado ao crivo do
Tribunal de Justiça Desportiva, quando não praticou conduta que ofendesse a
ordem e disciplina exigida pelo Código Punitivo Desportivo? Nenhuma.
Está-se diante de infração à regra do jogo, que, inclusive, contempla punição
na expulsão de campo e na vedação automática de participar do jogo
seguinte.

Ao fazer esta leitura e buscar filtrar os fatos que realmente


interessam ser investigados, perante a Justiça Desportiva. A Procuradoria
cumpre também papel de economizar tempo da Secretaria, dos Auditores e
Defensores. Ou seja, atua em prol do bom desenvolvimento da própria Justiça
Desportiva.

Naturalmente, não se está a defender um uso irrestrito deste instituto,


porém, somente deverá o procurador ofertar a denúncia quando convencido
de que o fato em apreço se enquadra numa das condutas expressamente
proibidas pelo Código. Não há, com efeito, espaço para denúncias pautadas
na dúvida, ou deixar a responsabilidade de dirimir a incerteza para o tribunal.

Rege-se qualquer procurador pelo princípio da tipicidade desportiva


(art. 2°, inciso XVI, CBJD), assim, ao pleitear o arquivamento, age dentro
dos limites que lhe faculta a lei e de acordo com a sua consciência como lhe
permite a Constituição Federal, vinculado sempre à necessidade de motivar
suas manifestações.

Ademais do exposto, resta ainda observar que nova redação


conferida ao CBJD atende às necessidades de celeridade e razoável duração
do processo, que exigem a Constituição e o próprio Código; porém, se faz
necessária a sua adequação e harmonia com outros dispositivos trazidos no
Codex.

Tem-se instituído no art. 21, § 1°, do CBJD, a figura do Procurador-


geral, a quem incumbe dirigir a Procuradoria de Justiça Desportiva. Portanto,
com este dispositivo outorgou o legislador infraconstitucional poderes de
representação do órgão acusatório desportivo a um de seus membros,
indicado em lista tríplice pelo presidente da entidade de administração do
desporto, e escolhido pelo Tribunal Pleno, após votação.

Ora, a existência do Procurador-geral cria uma relação hierárquica


entre os procuradores, o que é invadida pela redação conferida pelo art. 78, §
1°, CBJD. Ao se determinar faculdade do Presidente do TJD escolher novo
procurador para se manifestar sobre fatos ditos como atípicos por outro, nota-
se que a lei vacilou em retirar o representante da Procuradoria esta faculdade.
Cite-se, inclusive, que o Código de Processo Penal adota como praxe, quando
o juiz entende que a hipótese não comporta o arquivamento, encaminha os
autos ao Procurador-geral de Justiça e não escolhe outro promotor.

É um critério mais impessoal e menos invasivo, afinal, na nova


redação, deu-se vida plena à Procuradoria de Justiça Desportiva, inclusive,
reclamando o CBJD a necessidade de existir regimento interno deste órgão
(art. 286-B).

Por seu turno, veja-se que a novel redação conferida ao art. 74,
respeita a autonomia da Procuradoria, quando, feita notícia de infração por
terceiro à Procuradoria, quando um dos seus procuradores entende ser o caso
de arquivamento, incumbirá o reexame ao Procurador-geral50, ou, sem
qualquer prejuízo, se o regimento interno admitir, por delegação, a outro
procurador por ele indicado.

Assim sendo, indaga-se: como então harmonizar a redação do art. 78


com o art. 21, § 1°, ambos do CBJD?

Por certo, crê-se como medida mais adequada a previsão em


regimento do TJD de que o “outro procurador” seja o Procurador-geral de
Justiça Desportiva. A mudança na redação, não obstante precisa, pode ser
evitada, para preservar o respeito ao CBJD, se as cortes desportivas buscarem
harmonizar estes institutos por via regimental.

Desta forma, infere-se que o instituto do arquivamento é deveras útil


ao funcionamento da Justiça Desportiva e ao atendimento das exigências
constitucionais de celeridade e razoabilidade na duração dos processos, para
que se torne, cada vez mais, perfeito, incumbirá às Cortes Desportivas adoção
de medidas internas para burilá-lo, zelando sempre pela preservação dos
valores e princípios definidos no CBJD.
A TRANSAÇÃO DISCIPLINAR
DESPORTIVA: COMO APLICAR NO
DIA-A-DIA DOS TRIBUNAIS DE
JUSTIÇA DESPORTIVA?
O Código Brasileiro de Justiça Desportiva, reformado com a
Resolução n° 29/2009, trouxe novos institutos que demandarão dos Tribunais
de Justiça Desportiva e seus integrantes esforços incomuns para aplicá-los e
regulamentá-los. As noviças alterações se colhem ao longo de todo o CBJD,
mudou-se a estrutura sobremaneira. De fato, este novo diploma é um divisor
de águas para o Direito Desportivo, é bom exemplo do aperfeiçoamento da
Justiça Desportiva no Brasil, embora exija deveras dos operadores do direito
desportivo empenho na sua plena adequação e ajustamento.

Não obstante o Ministério do Esporte e o Instituto Brasileiro de


Direito Desportivo, no ano passado, haverem realizado uma série de
consultas públicas, em nove cidades brasileiras, apresentando uma minuta de
alteração do CBJD, promovendo debates e colhendo sugestões, este novo
Código ainda suscitará debates intensos.

Pretende-se, portanto, iniciar uma discussão sobre um destes novos


institutos jurídicos, nascido da reforma do CBJD: a Transação Disciplinar
Desportiva (TDD). Interessa, para conhecimento, reproduzir o caput do art.
80-A: A Procuradoria poderá sugerir a aplicação imediata de quaisquer das
penas previstas nos incisos II a IV do art. 170, conforme especificado em
proposta de transação disciplinar desportiva apresentada ao autor da
infração.

Pode-se asseverar, em suma, que a TDD, ao que parece, inspirou-se


em instituto jurídico-penal trazido pela Lei dos Juizados Especiais Criminais
(Lei Federal n° 9.099/95) - Transação Penal, art. 76 da mencionada lei - e
significa uma proposição de acordo entre Procuradoria e Denunciado,
visando suspensão a não instauração ou suspensão do processo51, desde que
este se submeta ao cumprimento de medidas fixadas no Código52, não
implicando a sua aceitação em condenação – evitando-se, como disposto no
parágrafo quinto do referido artigo, a reincidência.

Prima facie, é uma inovação que aprimora o modelo de Justiça


Desportiva, principalmente, porque permite a negociação e abreviamento do
juízo, conferindo maior celeridade. No entanto, com estranheza, estabeleceu
o CBJD que esta medida requer homologação por um Auditor do Tribunal
Pleno (cf. art. 80-A, § 4°53).

Diz-se isso porque a maioria dos feitos relacionados como passíveis


de oferecimento de TDD tramita na Comissão de Disciplinar, assim, como é
que os Tribunais de Justiça Desportiva deverão lidar com tal hipótese?

Este questionamento deve permear a cabeça dos mais diversos


integrantes da Justiça Desportiva, pois se trata de direito objetivo do
Denunciado, inclusive, podendo ser pleiteada pela Defesa, quando a
Procuradoria não se manifestar previamente, desde que preenchidos os
critérios legais54.

E agora, como fazer?

Quando será o momento de oferecer a transação? E, o qual será o


procedimento a ser seguido pela Secretaria quando o feito for de competência
da Comissão Disciplinar? Será distribuído antes a um Auditor do Pleno?

Inúmeras perguntas são feitas depois de acurada leitura deste artigo


80-A.
Ora, evidencia-se que o CBJD foi cauteloso quando delegou ao
Auditor do Pleno a exclusiva competência de homologar acordo firmado
entre as partes litigantes. Porém, faltou maior sensibilidade e apego à
realidade, quando esta competência não fora outorgada ao Auditor relator do
feito (seja ele membro de Comissão Disciplinar ou do Tribunal Pleno).

Muitos Tribunais de Justiça Desportiva brasileiros contam com mais


de uma comissão disciplinar, que terminam por julgar grande número de
processos e boa parte dos denunciados, saliente-se, se enquadram nas
disposições admitidas como passíveis de transação disciplinar desportiva.
Portanto, a redação legal imporá aos Tribunais Plenos uma sobrecarga, já que
se exige de um de seus membros decida, homologando ou não, o acordo.

Pois bem. Outra questão de ordem prática integra este debate:


oferecida a transação, antes de recebida a denúncia, o feito será interrompido
e levado ao Presidente do STJD ou TJD para nova distribuição para fins de
homologação por um Auditor do Pleno. Esta delonga ainda pode acarretar,
nalguns casos, a impunidade devido a prescrição.

Se a referida proposta for negada, sendo interposto recurso, o temor


revelado acima se torna mais presente. Logicamente, não se tem o direto à
ampla defesa como mal, rogando a sua supressão, ou mesmo, se contesta a
existência de lapso prescricional, somente se demonstra que um excesso de
burocracia indevida poderá malferir os valores que sempre foram baliza da
Justiça Desportiva.

Veja-se mais, por exemplo, se a Procuradoria não quiser oferecer a


benesse legal, a Defesa poderá recorrer ao Pleno para que decida a questão,
afinal, a Comissão Disciplinar não poderá, por razões lógicas, decidir sobre
esta matéria. Assim, poder-se-á criar um óbice legal à fluidez que é
costumeira nas ações desportivas.

Por certo, isto implicará em necessária adequação dos Tribunais para


que não se ultraje o princípio da celeridade e pro competitione.
E, ainda, surge mais uma incerteza: quando houver mais de um
denunciado no mesmo processo, sendo que somente um deles faz jus à
transação, deverá, então, ser o feito desmembrado? A quem competirá dizer
isso?

Com efeito, o CBJD nada diz sobre isso. Ao nosso sentir, criou-se
perigosa brecha para que a célere marcha processual possa ser brecada.
Ademais, um eventual desmembramento nestas condições fere normas
fundamentais da teoria geral do processo.

Poder-se-ia imaginar como solução a delegação de poderes do


Auditor do Pleno para o da Comissão Disciplinar. Infelizmente (ou não), o
texto de lei é deveras claro, ao ponto que sequer não se pode haver delegação
por via regimental do Auditor do Pleno para seu colega da Comissão
Disciplinar, sob pena de nulidade absoluta, posto que, a homologação é ato
decisório, com caráter definitivo. Assim, qualquer delegação de poder
implicaria em ofensa ao princípio constitucional do juiz natural.

Seguramente, a questão demandará esforço coletivo já que uma


mudança na redação não parece ser factível. Ao nosso pensar, o ideal é que as
Cortes busquem conceber seus Regimentos Internos disciplinando este
instituto, principalmente, o momento e forma ideal em que e como a
Procuradoria fará sua oferta, ou quando esta vier no curso do processo
desportivo, ajustar para que sua interrupção não implique em prejuízos ao
bom andamento dos trabalhos forenses.

No entanto, toda atenção se impõe para que a norma regimental não


fira as disposições do CBJD, que lhe são hierarquicamente superiores. É certo
que se pode até discordar de pontos deste diploma, porém, é vedado
transmutá-lo, pois compete unicamente do Conselho Nacional do Esporte
fazer isso.

Então, urge às Cortes Desportivas criar disciplina própria, através de


regimento interno, para, ao menos, evitar que as pautas de julgamentos sejam
trancadas por conta da necessária remessa a nova distribuição para apreciação
da Transação. Ou, na pior das hipóteses, que os pretórios optem por ignorar a
sua aplicação dada dificuldade em disciplinar este instituto, harmonizando-o
com o ritmo veloz que a Justiça Desportiva sempre teve.

O debate ainda renderá muitas e variadas respostas às indagações


acima lançadas. Porém, dentro do espírito de aprimorar a prestação
jurisdicional, impõe-se que os operadores do direito desportivo pensar,
equacionar e solucionar as lacunas e fendas concebidas com o ingresso da
transação disciplinar desportiva no ordenamento jurídico-desportivo nacional.
O DIREITO E LIMITES À CRÍTICA DA ATUAÇÃO DO ÁRBITRO À
LUZ DO CBJD.

Cediço que o Código Brasileiro de Justiça Desportiva tem por escopo


principal estabelecer a proteção ao bens jusdesportivos mais caros no âmbito
do direito desportivo disciplinar. É naquele corpo de lei que constam as
condutas menos valiosas, suscetíveis de sanção quando perpetradas pelas
pessoas submetidas à sua jurisdição55.

Dentre as várias condutas vedadas ali constante, colhe-se que, em


algumas hipóteses, as infrações quando cometidas em desfavor do árbitro ou
de seus auxiliares, ganha maior reprovação, incidindo em pena mais severa56.
Com efeito, não se estranha este zelo pelo conjunto da arbitragem, afinal, no
campo de jogo ou no local da prova, é o árbitro responsável pelo respeito e
preservação das regras do certame e manutenção da boa disciplina.

No entanto, existe uma conduta que nos chama a atenção,


especialmente à luz do novel tipo disciplinar defino no art. 258, do CBJD57.
Cuida-se da crítica feita, principalmente por técnicos e atletas, contra as
marcações dos árbitros.

Surgem, então, alguns questionamentos ante esta limitação da conduta


no âmbito do direito desportivo disciplinar: Até quando se poderá considerar
lícita uma queixa formulada ao árbitro face o que assinalou como marcação
no jogo? Ou, é defeso aos atletas e técnicos criticarem a equipe de
arbitragem?

Tais perguntas são relevantes e merecem um exame um pouco mais


detido, que investigue e revisite este tema.

Tem-se, pois, quiçá por costume, no árbitro um dos pilares da prática


desportiva profissional. Diz-se isso, porque é ele quem tem o dever de aplicar
as regras da modalidade, zelar por sua preservação, assim como, tal qual dito
algures, a disciplina e ordem na praça desportiva. O árbitro, no futebol, por
exemplo, tem poder decidir sobre a ocorrência ou não de uma partida em
determinada situações (casos de falta de luz, chuva, etc). Nalgumas
modalidades existe, ainda, a previsão de que o mesmo possa expulsar da
partida ou prova o atleta ou mesmo qualquer pessoa que macule o bom e fiel
cumprimento das regras do jogos. Assim sendo, observa-se e constata-se que
o árbitro, sem dúvidas, é uma peça fundamental no desporto, principalmente,
o profissional.

Na esfera do direito desportivo disciplinar, colhe-se que o papel do


árbitro é dos mais relevantes na medida em que o art. 58, do CBJD, afirma
que a súmula é revestida de presunção de veracidade. Ressalte-se que, tempos
alhures, na vigência do Código Brasileiro Disciplinar do Futebol (CBDF) esta
presunção era absoluta. Caso as partes não produzam provas em sentido
oposto, em suma, valerá a palavra do árbitro.

Há casos, ainda, em que nem mesmo tal produção de elementos de


convicção consegue vencer a robustez da súmula58, o que já era alertado pelo
competente advogado Mário Bittencourt desde 2009: (...) o tão sonhado
equilíbrio somente se faz presente em alguns tipos de processo, não tendo
eficácia, por exemplo, nos casos de denúncias por ofensa moral, quando na
verdade, a súmula do árbitro da partida continua tendo a presunção
absoluta tão combatida pelos advogados.59

Força convir que haja respeito à autoridade emanda do conjunto de


arbitragem, embora na história desportiva nacional, especialmente no que
concerne ao futebol, encontram-se relatos de xingamentos e agressões contra
estes. A sua missão, realmente, não é das mais fáceis e o erro é inerente à sua
condição humana. Tal mister se torna mais árduo em um mundo cibernético
onde todos os quadrantes de um campo ou quadra são vigiados pelos olhos
eletrônicos das câmeras. E, voltando ao desporto bretão, quando a regra veda
que elementos tecnológicos possam servir à arbitragem, de fato, o árbitro fica
deveras exposto à irracionalidade de atletas, dirigentes e até mesmo dos
torcedores.
Não se está a questionar a proteção destacada, firme e severa que o
CBJD estabelece a fim de assegurar e transmitir aos que arbitrarão um
certame a tranqüilidade ou a certeza de que a impunidade não grassará.

Exatamente, por se sentirem acuados, por vezes, e senhores de tudo e


todos, noutras oportunidade, os árbitros podem revelar maior sensibilidade a
críticas e observações feitas por atletas, técnicos e dirigentes. Tal nos traz a
convicção de que podemos estar diante de cerceamento à liberdade de
expressão: o direito à crítica.

A caracterização de ofensas ao árbitro (art. 243-F, CBJD60) ou mesmo


de reclamações desrespeitosas (art. 258, CBJD61) são as hipóteses legais que
nos servirão de baliza para definir se se está diante de uma infração
disciplinar ou de fato atípico.

Em ambas as hipóteses o tipo legal reclama que a conduta levada a


efeito se demonstra marcada pelo animus, ou seja, o dolo do agente.

No primeiro caso, as ofensas morais, o atleta, membro de comissão


técnica ou dirigente de maneira deliberada, por meio de gestos, escritos ou
palavras, visa menoscabar a honra do árbitro. As expressões empregadas
vergastam o juízo que o ofendido faz de si próprio (honra subjetiva) ou que
terceiros dele fazem (honra objetiva). O fato em apreço deverá reverberá uma
ação voltada exclusivamente para tal escopo.

A segunda hipótese, em algumas situações práticas, pode se aproximar


da primeira. Digno de nota que em inúmeros casos que tramitam na Justiça
Desportiva o emprego de determinadas palavras que se revelam como
ofensas à honra proferidas contra o conjunto de arbitragem tem sido
interpretadas como "coisas de jogo". Não raro opera-se a desclassificação da
conduta do art. 243-F para o 258, porquanto se infere que o atleta "no calor
da partida", necessariamente, não quis ofendê-lo, somente desrespeitá-lo.

A teor da redação do dispositivo sob exame, a ação do atleta, membro


de comissão técnica ou dirigente não se volta contra a honra do árbitro, mas a
sua atuação no certame. A redação do tipo disciplinar não veda, diga-se, a
crítica ao árbitro. Somente se proíbe aquela que extrapola a urbanidade, a
reclamação desrespeitosa.

Assim, portanto, mister se aclarar que há espaço para o gozo da


liberdade de expressão, reverberada na crítica do atleta, membro de comissão
técnica ou dirigente ao desempenho árbitro durante o certame. A Lei
Desportiva não quis que aqueles fossem silentes, se quedassem resignados
com as marcações, aliás, o esporte, na sua maioria, não é disputado em
silêncio sepulcral. Admite o movimento, a tensão, a vibração, a emoção.

A prática desportiva mira o triunfo, move o atleta e aqueles envolvidos


(comissão técnica, dirigentes, etc) a galgar o posto mais alto do pódio, a
sempre vencer. Isso, livre de dúvidas, estimula a competitividade, no entanto,
não autoriza a anarquia, o desvalor e injúria às regras estatuídas. É um
momento delicado. Porém, o mesmo zelo e apego que os que disputam o
certame devem manter com a Lei Desportiva e os princípios, servem ao
próprio árbitro. Não se conferiu poderes ilimitados a este, submete-se ao
mesmo regramento daqueles. Desta maneira, é lícito ao atleta inconformado
com uma marcação exercer sua liberdade de expressão e criticar, sempre
primando pelo emprego de expressões e termos que não aviltem a honra ou se
destinem a desrespeitar o árbitro ou seus auxiliares.

Convém trazer a lume parecer por mim exarado em autos de processo


que tramitou no Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol da Bahia sobre a
matéria acima ventilada: Dessume-se da leitura do Relatório Disciplinar da
Partida que “após o final da partida fui surpreendido com invasão ao campo
de jogo pelo senhor Renato Portaluppi, treinador do E.C. Bahia, que com o
dedo indicador em minha direção proferiu: ‘vocês vão ver na TV as merdas
que fizeram aqui’, sendo afastado pelo policiamento”.

(...)
Outro aspecto de apreciação relevante é a respeito da possível
tipificação da conduta descrita em súmula no artigo 258, II,
CBJD. Todavia, a reprodução das palavras do técnico feita pelo
árbitro não aduz desrespeito ao mesmo, sequer reclamação ou
reivindicação ofensiva ou desrespeitosa contra suas decisões.

Caracteriza-se sim como uma crítica mais severa à atuação dos


membros da equipe de arbitragem, uma manifestação da sua
expressão, que, inclusive, pode se atribuir como fruto da paixão
natural do futebol; mas, que na hipótese vertente, não se revela
como ofensa ao ordenamento jurídico-desportivo.

Não se colhe que tenha desejado o técnico ofender a honra do


árbitro da partida ou de seus auxiliares, os termos empregados
por ele não se ajustam nesta perspectiva. Pode-se até criticá-lo
por se valer de expressão pouco polida (“merda”); contudo,
não é possível admiti-la como reprovável no âmbito jurídico-
desportivo.

Tão evidente a AUSÊNCIA DE CONDUTA ANTIDESPORTIVA


QUE NEM O PRÓPRIO ÁRBITRO CENTRAL O EXPULSOU.
Dessa forma, fica manifesto que nem mesmo o árbitro sentiu-se
lesado a ponto de notificar a atitude do técnico como infração
desportiva.

Com espeque nos princípios da legalidade e taxatividade, à


Procuradoria não resta outra saída senão reconhecer a
INEXISTÊNCIA DE CONDUTA TÍPICA.

Ex positis, requer esta Procuradoria, seja o presente feito


ARQUIVADO, como manifestação de Justiça e aplicação do
melhor Direito.62

Merece destaque que este parecer não foi acolhido pelo Presidente do
TJD do Futebol da Bahia, que designou outro procurador para ofertar
denúncia. Uma vez levada a conhecimento de uma das comissões
disciplinares da Corte Desportiva Baiana, decidiu-se pela absolvição do
técnico, curiosamente, com os mesmos fundamentos vazados no opinativo
supra.

O caso prático ora reproduzido revela muito bem os termos em que


aventamos que há sim direito à crítica da atividade do árbitro que poderá ser
exercido não somente pelo torcedor, mas pelos atletas, membros de comissão
técnica e dirigentes. A aquilatação do que venha a ser termo ou palavra
desrespeitosa diferirá de esporte, naturalmente. O futebol, por exemplo, que
apesar das origens aristocrásticas no Brasil, ganhou as feições do povo,
comporta em seu vocabulários ordinário expressões chulas, que, pelos seus
praticantes, naquele momento e tempo, não têm a conotação ofensiva. Por
seu turno, o mesmo não se pode dizer do tênis. Assim, a reclamação do
"boleiro" comportará palavrões e o árbitro nem mesmo se incomodará
(muitas vezes ele mesmo trata os atletas por meio de impropérios), enquanto
que o "gentleman" (tenista) não poderá se dirigir da mesma maneira.

Assim sendo, evidente que as Procuradoria e Tribunais de Justiça


Desportiva deverão sempre se manter em alerta, visando filtrar o que, de fato,
consiste em incidência de infração disciplinar ou mero exercício do direito à
crítica da atuação árbitro, como forma de resguardar a legalidade e os
primados fundantes do Direito Desportivo Disciplinar.
A RESPONSABILIDADE DISCIPLINAR
DAS PESSOAS FÍSICA E JURÍDICA NO
DESCUMPRIMENTO DA PENA DE
MULTA IMPOSTA PELA JUSTIÇA
DESPORTIVA.
INTRODUÇÃO.

Um dos pilares para o pleno êxito de qualquer órgão judicante - seja


ele judicial ou administrativo - reside no zelo, respeito e cumprimento das
decisões dele emanadas. É função inerente a órgãos deste jaez “dizer o
direito”, ou seja, se manifestar formalmente, após exame de evidência e/ou
argumentos sobre determinado fato, por meio de comando que deverá ser
obedecido pelas pessoas submetidas à sua jurisdição.

O desrespeito e avilte da ordem estabelecida, através do


descumprimento de decisões oriundas dos órgãos judicantes conduz ao caos e
impunidade. Não sem razão, a sabedoria popular aduz que “ordem judicial se
cumpre, não se discute”. Assim sendo, evidencia-se que à medida que
decisões oriundas de órgãos judicantes – repita-se, judiciais ou
administrativos – não são cumpridas pelos seus destinatários, o sistema
entrará em colapso. Veja-se, por exemplo, se um réu se furtar a submeter-se à
pena imposta e não há, por isso, reproche, seguramente outros agirão da
mesma forma; de maneira idêntica, se uma empresa sentenciada a pagar
indenização ignora a ordem judicial, o descrédito se abaterá sobre a imagem
da Justiça; de igual sorte, se um servidor faz pouco caso de sanção disciplinar
que lhe foi imposta, a Administração sentirá que os demais atuarão
similarmente.
Com efeito, poder-se-ia enumerar uma série de exemplos que se
enquadrariam no que se quis asseverar. O mesmo discurso se aplica na esfera
da Justiça Desportiva em relação às decisões emanadas dos Tribunais
Desportivos constituídos, como órgãos judicante no âmbito da regulação das
condutas de dirigentes, atletas, agremiações, árbitros e outras pessoas.

A Justiça Desportiva Brasileira se notabilizou por ver suas decisões


cumpridas, polêmicas ou não, pouco importando se sempre acolhidas pela
comunidade desportiva e torcedores. De fato, se observa, na grande maioria
das situações, que as Cortes Desportivas têm se destacado por decidirem e os
seus jurisdicionados cumprirem as ordens deles emanadas.

Apesar deste histórico consistente, existe uma hipótese que vem


despertando preocupação dos operadores jusdesportivos no que concerne à
preservação do fiel cumprimento das decisões advindas das cortes do esporte
nacional.

Trata-se, pois, do não recolhimento de multas aplicadas às


agremiações, o que acarreta a incidência do disposto no art. 223 do CBJD. A
novel condenação repercutirá em sanção pecuniária. Então, indaga-se se
adimplirá esta nova multa ou dará azo à impunidade.

1. RESPONSABILIDADES DAS PESSOAS FÍSICAS E JURÍDICAS


NA ÂMBITO DESPORTIVO DISCIPLINAR.

O Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) assevera, em seu


artigo 1° que toda a matéria afeta à organização, funcionamento, atribuições
da Justiça Desportiva; previsão de infrações disciplinares desportivas e suas
penas; bem como, regras do processo desportivo estão definidas em Lei e no
Código. Ou seja, limitou-se as fontes formais legislativas que regem o direito
desportivo disciplinar. Em seguida, descreve-se minudente rol de pessoas que
às regras e critérios constantes no dito diploma se submetem (art. 1°, § 1°).

Destaca-se, destarte, o reconhecimento de responsabilidade


desportiva disciplinar tanto para as pessoas físicas (atletas, dirigentes,
árbitros, etc.), como para as jurídicas (entidades de administração do
desporto, entidades de prática desportiva, etc.). Não sem razão, uma simples
leitura de infrações previstas no CBJD infirma esta certeza, quer-se dizer,
tanto poderão ser réus ou rés atletas, como federações ou clubes. Em cada
hipótese, à vista de ser azimute do Codex o princípio da legalidade63, o tipo
descreverá se a conduta é exclusiva de pessoa física ou jurídica ou mesmo
poderá admitir concurso entre ambos.

Ademais disso, colhe-se no art. 163 do CBJD, no que pertine ao


concurso de pessoas, que “quem de qualquer modo, concorre para a infração
incide nas penas a esta cominadas, na medida de sua participação”. A
chamada teoria monista (inclusive, que também é adotada pelo Código Penal
Brasileiro64) não veda que haja o concurso entre pessoas física e jurídica, e
tem que a obra infracional é una, apesar de perpetrada por mais de uma
pessoa.

No entanto, a questão a ser enfrentada neste artigo foge a tal regra,


porquanto a conduta infracional em apreço (art. 223, CBJD) se trata de
concurso necessário de agentes65, quer dizer, para que, seja manifesta
demanda que no mínimo duas pessoas a pratiquem.

Ressalte-se que nas próprias disposições sobre as regras de concurso


de pessoas o CBJD não excetua a possibilidade de que haja comunhão de
esforço em prol da comissão infracional entre pessoas físicas e jurídicas. Não
se vedou expressamente, ou seja, é possível a sua manifestação, desde que se
extrai da redação conferida ao tipo legal.
2. O ART. 223 DO CBJD: LIMITES E ALCANCES DO TIPO.

Para que seja possível intensificar o debate proposto, acerca da


responsabilidade das pessoas físicas e jurídicas em relação ao
descumprimento de penas de multa imposta pela Justiça Desportiva, mister,
pois, que incursionemos no tipo disciplinar para compreender o seu alcance e
limite.

Reza o artigo 223 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva que:

Art. 223. Deixar de cumprir ou retardar o cumprimento de


decisão, resolução, transação disciplinar desportiva ou
determinação da Justiça Desportiva.

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem


mil reais).

Parágrafo único. Quando o infrator for pessoa natural, a pena


será de suspensão automática até que se cumpra a decisão,
resolução ou determinação, além de suspensão por noventa a
trezentos e sessenta dias e, na reincidência, eliminação.

Na pena do ilustre auditor do Superior Tribunal de Justiça


Desportiva do Futebol, Dr. Washington Rodrigues de Oliveira, a objetividade
jurídica do tipo é a seguinte: “O art. 223 busca efetividade das medidas
emanadas da Justiça Desportiva, visando extirpar a afronta à desobediência.
Se a própria Constituição Federal impõe o esgotamento das
instâncias desportivas em sessenta dias, necessário que se
procure dar uma maior celeridade aos atos praticados impondo
ao transgressor uma punição, em decorrência de sua conduta em
deixar de praticar o ato que lhe foi determinado, bem como, pelo
seu retardamento, seja, em ambos os casos por conduta omissiva
ou comissiva.”66

Inclusive, calha rememorar que a presente conduta infracional é


antiga no ordenamento jusdesportivo (no antigo Código Brasileiro
Disciplinar do Futebol está descrita no artigo 270).

Evidencia-se, portanto, que o diploma repressivo desportivo


objetivou punir aquelas pessoas, físicas e/ou jurídicas, que descumprem
determinações anteriores oriundas de órgãos judicantes da Justiça Desportiva.

Se uma agremiação deixar de recolher multa que lhe foi imposta, em


decisão transitada em julgado (fruto de transação ou condenação), tal conduta
é subsumível à norma infracional em comento. Disso não se tem qualquer
dúvida.

Ocorre, entretanto, que sempre se interpretou o texto do CBJD como


destinado apenas às pessoas jurídicas, ou seja, estar-se-ia diante de um
círculo vicioso que redundaria em impunidade e descrédito do órgão
judicante.

Todavia, mister se analisar com maior grau de profundidade o tipo e


inferir que, na hipótese em apreço, se cuida de concurso necessário entre a
pessoa jurídica e a física, no caso o representante legal daquela.

Explica-se.

A multa imposta por um órgão judicante a uma pessoa jurídica é


consequência jurídica de ato comissivo ou omissivo por ela perpetrado.
Entrementes, este comando judicante (cumprimento da pena) não poderá ser
cumprido apenas pela pessoa jurídica, que, a bem da verdade, é uma ficção
legal. Por certo, é necessário, pois, que o representante legal desta atue em
seu nome, efetuando o recolhimento dos valores aos cofres da entidade de
administração do esporte. Por exemplo, se o clube A é condenado a pagar
multa em virtude de infração ao artigo 211 do CBJD, a materialização de tal
submissão à ordem surgirá da autorização presidente da agremiação para que
o quantum fixado a título de sanção. Quem sofre a pena é a o clube, mas, na
verdade, quem cumpre a ordem é aquele que por ele responde legalmente.

Ou seja, a pessoa jurídica não tem condições concretas de agir e


precisa que um ser humano para cumprir a pena que lhe foi imposta. Este
poderá ao seu livre alvedrio decidir pelo pagamento ou não da multa imposta.
Assim, infere-se que, nestes casos, há indissolúvel concurso entre ambos. A
conduta descrita no art. 223 do CBJD quando se voltar às hipóteses fáticas
envolvendo pessoas jurídicas contemplarão, outrossim, no rol ativo da
realização da conduta também os seus representantes legais (pessoas físicas).

Convém, trazer lume situação análoga no âmbito do direito penal


pátrio. A Lei Federal n° 9.605/98 traz em seu texto a definição de crimes que
podem ser cometidos por pessoas jurídicas, no entanto, reclama-se a
existência do concurso necessário entre estas e a pessoa física. De bom alvitre
a reprodução de excerto do voto Ministro Félix Fischer do Superior Tribunal
de Justiça, no Resp n° 889.528/SC: “(...) admite-se a responsabilidade penal
da pessoa jurídica em crimes ambientais desde que haja a imputação
simultânea do ente moral e da pessoa física que atua em seu nome ou em seu
benefício, uma vez que não se pode compreender a responsabilização do ente
moral dissociada da atuação de uma pessoa física, que age com elemento
subjetivo próprio.”

Com efeito, poder-se-ia indagar se tal intelecção não deveria servir


como regra geral para as condutas exclusivas para as pessoas jurídicas que
prevê o Código. Entretanto, seguir por tais linhas é deveras perigoso. Veja-se,
por exemplo, o que reza o mencionado artigo 206 (atraso ou retardo
injustificado de início ou reinício de jogo), como se poderia vincular a pessoa
física?

É tarefa árdua, já que, nestes casos, se identificado o autor não


haveria razão para se punir a pessoa jurídica, contudo, como uma partida é
objeto de disputa entre duas agremiações, a estas caberá a responsabilidade
pelo retardo dos seus atletas ao campo de jogo. Óbvio que se estes lhe
causam prejuízos financeiros, deverá buscar em via própria o ressarcimento
junto a estes. Destarte, não caberia a ampliação ou interpretar a norma ao
ponto de açambarcar alguém além da própria entidade de prática desportiva.

D’outro giro, ao se incursionar sobre os limites do tipo do art. 223,


observa-se que a agremiação que deixa de adimplir multa não o faz por assim
deseja ou, necessariamente, porque lhe falta numerário para tanto, por
exemplo; mas, o descumprimento desta ordem é consentido e sustentado pelo
seu representante legal. É ele quem se omitirá no cumprimento desta ordem
oriunda de um órgão judicante em nome daquela.

Ademais disso, diga-se, que o parágrafo único define as sanções


aplicáveis às pessoas físicas que cometem tal infração disciplinar desportiva.
E, na dicção legal do art. 163 do CBJD, responderá pela conduta defesa
“quem, de qualquer modo concorre”, significa dizer, aqueles que atuam
conjuntamente para a construção obra antidesportiva.

In casu, repisa-se, há um elo indissolúvel nesta hipótese que


compelem pessoas jurídica e física figurarem no polo passivo da ação
disciplinar desportiva.
3. CONCLUSÃO

A preservação da Justiça Desportiva é deveras importante para


conservar e garantir a segurança jurídica àqueles submetidos à sua jurisdição.
A anomia ou incerteza são inimigos que devem ser rígida e duramente
combatidos, como meio de se garantir o império da justiça e ordem. Destarte,
o bom e fiel cumprimento das decisões que advém dos órgãos judicantes é
essencial ao próprio sistema organizado de desporto – principalmente, o
profissional.

O tema trazido à baila é objeto de preocupação em inúmeros


Tribunais Desportivos, há relevante preocupação com os seguidos
descumprimentos de sanções impostas, especialmente as de caráter
pecuniário.

O Código, diga-se, não é falho e lacunoso neste particular, a redação


construída no art. 223 alberga a possibilidade de se ter no rol ativo da conduta
tanto a pessoa jurídica descumpridora de pena imposta, como o seu
representante legal, quem, de fato, deixou de cumprir a ordem judicante.

Naturalmente, por via administrativa, é possível sanar ou intentar


conter que tal realidade se reproduza e grasse a impunidade. A simples
inserção nos regulamentos gerais das entidades de administração do desporto
ou mesmo a edição de resolução exigindo a quitação de débitos junto a
Justiça Desportiva são medidas suficientes a fomentar o respeito à ordem
jurídica estabelecida.

Inobstante tal disposição que – aparentemente – soluciona os aviltes


à instituição da Justiça Desportiva, ainda assim não tem o condão de impedir
que, em ocorrendo a omissão no cumprimento de pena, se promova a devida
ação disciplinar em desfavor de ambos, pessoa jurídica ou física.
Consoante se demonstrou algures, o CBJD previu, evidentemente,
ser possível se responsabilizar pessoas físicas e jurídicas, que atuem em
conjunto ou separadamente.

Com efeito, a preservação e zelo pela decisões de órgãos judicantes é


algo por demais importante, entrementes, somente poderá ser feito dentro dos
estritos limites previstos no Código. Não se pode a pretexto de defender a
legalidade ofendê-la com iniqüidades mesmo contra aqueles que a
vilipendiam.

Evidente que os militantes no foro desportivo disciplinar não


precisam dispor da arbitrariedade ou agir ao arrepio das normas, têm às mãos
as ferramentas suficientes para que se almeje evitar as contumazes violações
ao ordenamento jusdesportivo vigente.
O "CASO OSCAR": LEADING CASE OU MERA CAUSÍSTICA?

INTRODUÇÃO.

O mundo jusdesportivo foi surpreendido na última semana (dia 26 de


abril de 2012) com uma decisão, no mínimo, incomum. Cuidou-se de medida
liminar concedida em habeas corpus impetrado junto ao Tribunal Superior do
Trabalho em favor do atleta Oscar dos Santos Emboada Júnior, tendo sido o
prolator deste rogo preambular o e. Ministro Guilherme Caputo Bastos.

O assombro e indignação de muitos advogados especialistas em


direito desportivo adveio da forma e instrumento legal manejados para que o
atleta pudesse estar liberado para atuar .

As manifestações de inúmeros gabaritados especialistas dos mais


diversos quadrantes do país - alguns destes que tenho a honra de privar da
amizade, entre eles, os Drs. João Chiminazzo, Roberto Pugliese, Cristiano
Caús, Alessandro Kishino, Theotônio Chermont de Britto, Ademar Pedro
Scheffer, Pedro Alfonsín, Fábio Menezes, e tantos outros - ecoaram na
prestigiada e democrática lista de discussões do Centro Esportivo Virtual
(CEV-Leis) suscitando uma série de questionamentos sobre o futuro dos
contratos esportivos e da segurança jurídica nesta seara.

De perto e (até então) em silêncio acompanho o intenso e interessante


debate que, para maioria, culmina na fustigação do decisium de lavra do
ilustrado Ministro Caputo Bastos, muito, provavelmente, porque este é figura
reconhecidamente atuante no âmbito do direito desportivo67. Para outros, não
se poderia deixar de registrar, encômios foram dirigidos a Sua Excelência
pela tenacidade na preservação de direito fundamental ao cidadão
(principamente a garantia constitucional de exercer livremente a profissão),
no caso o atleta Oscar, reverberados na decisão liminar.

Vislumbro que a decisão traz duas questões jurídicas de envergadura:


(a) qual o conceito de ir e vir (liberdade pessoal) para ensejar a impetração
de um writ?; (b) poderá o atleta, agora, romper o contrato sem estar
obrigado a arcar com a indenização fixada em contrato?.

Pretendo, nas linhas vindouras, enfrentá-las, não querendo,


naturalmente, esgotar a matéria e sim contribuir com o debate, adunando
mais uma visão, além das até então esposadas.

1. UM HISTÓRICO SOBRE O "CASO OSCAR".

Para melhor se compreender a razão de tamanha ebulição no mundo


jusdesportivo, convém, prima facie, redigir, em suma, os aspectos fáticos que
circundam a matéria jurídica ventilada.

O atleta Oscar Santos Emboaba Júnior celebrou contrato com São


Paulo Futebol Clube, no curso da vigência deste negócio jurídico, irresignou-
se e interpôs reclamação perante a Justiça Trabalhista de São Paulo,
alegando, em suma, que haviam atrasos nos seus vencimentos, tinha sido
coagiado para emancipar-se assinar o contrato aos 16 anos. Através de
decisão judicial o vínculos contratual - e por conseguinte, o desportivo - foi
extinto, então, o jogador pôde se transferir para Sport Club Internacional -
agremiação que até hoje defende as cores.

O tricolor paulista recorreu ao Tribunal Regional do Trabalho,


buscando a reforma da sentença de primeiro grau, e, em março de 2012, o
recurso foi provido, ou seja, Oscar não era mais jogador do colorado gaúcho
e sim do time do Morumbi. O vínculo contratual foi restabelecido, assim
como o desportivo junto a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Após cientificado da decisão, o atleta, de forma expressa, asseverou
que não deseja jogar mais pelo clube paulista. Desde então, segue treinado na
sede do Internacional, em Porto Alegre, sem que possa participar de nenhuma
partida envergando suas cores.

O dilema de Oscar rasgou semanas e semanas, foram inúmeras as


reuniões entre representantes de São Paulo e Internacional que buscavam
encontrar um denominador comum: um valor satisfatório às partes para que o
atleta fosse liberado para jogar pela agremiação gaúcha. Muito se falou e se
fala sobre quais seriam estes valores, uns dizem que o Internacional ofertou 7
(sete) milhões de reais, enquanto o São Paulo queria 17 (dezessete).

A bem da verdade, nunca se expôs com clareza meridiana ao grande


público o valor da multa rescisória (a cláusula de indenização trazida no art.
28, da Lei Pelé) ou se o atleta e o novel clube intencionaram pagá-la ou se ele
sempre pretendeu sair do São Paulo sem quitar com esta obrigação.

O encaminhamento deste episódio era incerto, visto que as notícias


mais recentes davam conta de que não havia espaço para um acordo. No
entanto, a já referida impetração alterou todo o panorama.

2. A DECISÃO DA MEDIDA LIMINAR NO HC IMPETRADO JUNTO


AO TST

A transmutação deste fato de um simples desentendimento entre


atleta-São Paulo-Internacional em um possível leading case de uma nova
alternativa jurídica para situações deste jaez se deve, exclusivamente, à
decisão prolatada, ainda em sede liminar, pelo e. Ministro Caputo Bastos.

Convém, pois, reproduzir a decisão em apreço: DECISÃO

Trata-se de habeas corpus, com pedido liminar, impetrado por


Victor Russomano Junior, Fábio Tomas de Souza e Mozart
Victor Russomano Neto em favor de Oscar dos Santos Emboaba
Junior, apontando como autoridade coatora a egrégia 16ª Turma
do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região que, nos autos
da reclamação trabalhista nº 02770200904002001, deu
provimento ao recurso ordinário para afastar a rescisão indireta
do contrato de trabalho reconhecida em sentença e, em sede de
embargos de declaração, restabeleceu o vínculo desportivo com
o São Paulo Futebol Clube.

Alegam os impetrantes que o v. acórdão regional teria retirado,


"conforme a manifestação da CBF, a ‘condição de jogo' do atleta
e o impossibilita até de trabalhar onde quiser, não podendo
participar de quaisquer competições oficiais em que esteja
engajado - Campeonatos Gaúcho e Brasileiro, Copas
Libertadores e Sulamericana e quaisquer competições
internacionais oficiais, INCLUSIVE AS OLIMPÍADAS - e,
ainda, especialmente, faz o jogador se ver privado do direito à
livre escolha de onde e para quem trabalhar no melhor momento
técnico de toda a sua fulgurante e iniciante carreira desportiva,
bem como impedindo sua convocação para prestar serviços à
Seleção Brasileira de Futebol, pois dela somente podem
participar atletas com condição de jogo vigente" (fl. 15 –
numeração eletrônica).

Desse modo, requerem a concessão de liminar para autorizar o


paciente a exercer livremente a sua profissão, participando de
jogos e treinamentos em qualquer localidade e para qualquer
empregador, conforme sua livre escolha.

É o relatório.

Passo à análise.
Historicamente, pode-se afirmar que a garantia do habeas corpus
ingressou no ordenamento brasileiro em 1824, quando a então
Constituição, denominada Imperial, passou a contemplar o
direito subjetivo à liberdade. A partir de então, tal garantia
passou a constar de todas as Constituições do Brasil, sendo que,
na vigente, encontra-se prevista no artigo 5º, LXVIII, que
assegura a concessão de "habeas corpus sempre que alguém
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder".

Cumpre registrar que, no âmbito trabalhista, o estudo do


cabimento do habeas corpus na Justiça do Trabalho encontra-se
inevitavelmente atrelado à alteração da competência material
implementada no artigo 114 da Constituição Federal, que foi
ampliada com a promulgação da Emenda Constitucional nº
45/2004.

Até a edição da referida emenda constitucional, é certo que


existia, no âmbito jurisprudencial, forte divergência acerca da
competência, ou não, da Justiça do Trabalho para processar e
julgar habeas corpus, ainda que a autoridade coatora fosse um
juiz ou um Tribunal do Trabalho. À época, o debate girava em
torno do cabimento do habeas corpus para as hipóteses de
depositário infiel, já que era pacífica a incompetência do ramo
trabalhista para a análise de questões criminais. Registre-se que
o STF e o STJ eram uníssonos pelo reconhecimento dessa
incompetência.

Essa controvérsia, todavia, restou superada pela referida


ampliação que atribuiu a esta Justiça Especializada expressa
competência para a apreciação de habeas corpus em matéria
trabalhista.

Assim, após a modificação implementada na atual Constituição


Federal, verifico na jurisprudência desta Colenda Corte que essa
espécie de ação constitucional tem sido predominantemente
utilizada para impugnar decisão que determina a prisão civil de
depositário infiel.
Entendo, contudo, que o cabimento de habeas corpus na Justiça
do Trabalho não pode estar restrito às hipóteses em que haja
cerceio da liberdade de locomoção do depositário infiel, pois,
deste modo, estar-se-ia promovendo o esvaziamento da norma
constitucional, face ao reconhecimento da inconstitucionalidade
em relação a essa modalidade de prisão civil.

Dessarte, implica reconhecer que o alcance atual do habeas


corpus há de ser estendido para abarcar a ilegalidade ou abuso de
poder praticado em face de uma relação de trabalho. Vale dizer:
pode ser impetrado contra atos e decisões de juízes, atos de
empregadores, de auditores fiscais do trabalho, ou mesmo de
terceiros.

Assim, a interpretação a ser conferida à Constituição Federal não


pode ser literal ou gramatical, no sentido de se entender cabível
o habeas corpus apenas quando violado o direito à locomoção
em seu sentido físico de ir, vir ou ficar. Ao contrário, deve-se
ampliar tal entendimento para assegurar a utilização de tal ação
constitucional com vistas à proteção da autonomia da vontade
contra ilegalidade ou abuso de poder perpetrado, seja pela
autoridade judiciária, seja pelas partes da relação de trabalho. Há
que se assegurar o livre exercício do trabalho, direito
fundamental resguardado pelos artigos 1º, IV, 5º, XIII, 6º e 7º da
Constituição Federal, bem como a dignidade da pessoa humana.

Nessa linha, destaco o entendimento do Exmo. Ministro César


Peluso, no julgamento da ADI nº 3.684/DF, que, ao discorrer
sobre o cabimento de habeas corpus, destacou que "esse remédio
constitucional pode, como sabe toda a gente, voltar-se contra
atos e omissões praticados no curso de processos e até
procedimentos de qualquer natureza, e não apenas no bojo de
investigações, inquéritos e ações penais".

Colho do Supremo Tribunal Federal o seguinte precedente que,


nos idos de 1968, já admitia o cabimento de habeas corpus para
abarcar outras hipóteses que não apenas o direito de locomoção
do paciente: "INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 48, DO
DL 314, DE 1967 (LEI DE SEGURANÇA). O HABEAS
CORPUS E MEIO IDONEO PARA ANULAR DESPACHO
DO JUIZ QUE APLICA NO CURSO DO PROCESSO,
MEDIDA ADMINISTRATIVA QUE CORRESPONDE A
SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DE DIREITOS DA
PROFISSAO E DO EMPREGO EM EMPRESA PRIVADA. A
MEDIDA PREVENTIVA CORRESPONDE A UMA PENA
ACESSORIA. A SUA APLICAÇÃO DEPENDE DE
CONDENAÇÃO EM PRECEITO QUE INCLUA TAMBÉM A
APLICAÇÃO DE PENA ACESSORIA. A
INCONSTITUCIONALIDADE E DECRETADA POR FERIR
OS ARTS. 150 CAPUT E 150 PAR. 35, DA CONSTITUIÇÃO
PORQUE AS MEDIDAS PREVENTIVAS QUE IMPORTAM
NA SUSPENSÃO DE DIREITOS, AO EXERCICIOS DAS
PROFISSÕES E O EMPREGO EM EMPRESAS PRIVADAS,
TIRA AO INDIVIDUO AS CONDIÇÕES PARA PROVER A
VIDA E SUBSISTENCIA. O PAR. 35, DO ART. 150, DA
CONSTITUIÇÃO DE 1967, COMPREENDE TODOS OS
DIREITOS NÃO ENUMERADOS, MAS QUE ESTAO
VINCULADOS AS LIBERDADES, AO REGIME DE
DIREITO E AS INSTITUIÇÕES POLITICAS CRIADAS
PELA CONSTITUIÇÃO. A INCONSTITUCIONALIDADE
NÃO ATINGE AS RESTRIÇÕES AO EXERCÍCIO DA
FUNÇÃO PÚBLICA PORQUE A LEGISLAÇÃO VIGENTE
SOBRE FUNCIONÁRIOS PUBLICOS, APLICAVEL A
ESPÉCIE, ASSEGURA UMA PARTE DOS VENCIMENTOS
DOS FUNCIONÁRIOS ATINGIDOS PELO ART. 48, DO
REFERIDO DECRETO LEI. A INCONSTITUCIONALIDADE
SE ESTENDE AOS PARAGRAFOS DO ART. 48, PORQUE
ESTES SE REFEREM A EXECUÇÃO DAS NORMAS
PREVISTAS NO ARTIGO E CONSIDERADAS
INCONSTITUCIONAIS" (HC 45232, Relator: Min.
THEMISTOCLES CAVALCANTI, TRIBUNAL PLENO,
julgado em 21/02/1968, DJ 17-06-1968 PP-02228 EMENT
VOL-00721-02 PP-00792 RTJ VOL-00044-03 PP-00322).

Por sua vez, Rui Barbosa já defendia a extensão do cabimento


do presente writ em hipóteses que envolvessem a restrição de
direitos fundamentais. Confira-se o seguinte trecho extraído da
obra Ações Constitucionais, Fredie Didier Jr., 5ª Ed., Salvador:
Juspodium, 2011: "A amplitude do dispositivo deu azo à
construção de doutrina, da qual Rui Barbosa foi o principal
expoente, que conferia ao writ um espectro de abrangência que
ultrapassava a tutela da liberdade de locomoção. Conquanto não
se desconhecesse que o uso do habeas corpus, historicamente,
sempre se destinara á salvaguarda da liberdade de ir, ficar e vir, a
inexistência de remédio célere e eficiente apto a precatar outros
direitos (como os políticos, de expressão, de reunião, já
consagrados constitucionalmente) impulsionou o manejo do
habeas corpus em defesa destes.

Para Rui Barbosa, ao texto constitucional abrangia as


eventualidades de constrangimento arbitrário aos direitos
individuais."

Assim, em cognição sumária, admito o habeas corpus em


questão, passando à análise do pedido liminar.

Discute-se, no presente writ, a restrição indevida ao direito


fundamental de locomoção do paciente – OSCAR DOS
SANTOS EMBOABA JÚNIOR - em virtude de decisão judicial
proferida pela 16ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da
2ª Região, que julgou improcedente o pedido de reconhecimento
de rescisão indireta e restabeleceu o vínculo desportivo com o
SÃO PAULO FUTEBOL CLUBE.

Com efeito, a obrigatoriedade da prestação de serviços a


determinado empregador nos remete aos tempos de escravidão e
servidão, épocas incompatíveis com a existência do Direito do
Trabalho, nas quais não havia a subordinação jurídica daquele
que trabalhava, mas sim a sua sujeição pessoal. Ora, a liberdade,
em suas variadas dimensões, é elemento indispensável ao Direito
do Trabalho, bem como "a existência do trabalho livre (isto é,
juridicamente livre, é pressuposto histórico-material do
surgimento do trabalho subordinado (e via de consequência, da
relação empregatícia)" (DELGADO, Maurício Godinho. Curso
de Direito do Trabalho. São Paulo : LTr, 2003, p.84.).

No presente caso, não há dúvidas que o paciente – OSCAR DOS


SANTOS EMBOABA JÚNIOR – considerou insustentável, no
momento em que se desligou do SÃO PAULO FUTEBOL
CLUBE, a manutenção da relação de emprego então existente,
pelos diversos motivos que alegou na petição inicial de sua
Reclamação Trabalhista nº 2770.2009.040.002.00.1, os quais, a
seu ver, configurariam a rescisão indireta do seu contrato de
trabalho.

A existência ou não desses motivos, bem como a gravidade


deles, a dar ensejo à rescisão indireta do contrato de trabalho, é
matéria afeta ao processo ainda em trâmite perante o Tribunal
Regional do Trabalho da 2ª Região, sobre o qual não cabe
manifestação judicial em sede do presente writ.

É patente, todavia, que a decisão judicial transitada em julgado


nessa reclamação trabalhista, quer procedente, quer
improcedente, jamais poderá impor ao trabalhador o dever de
empregar sua mão de obra a empregador ou em local que não
deseje, sob pena de grave ofensa aos princípios da liberdade e da
dignidade da pessoa humana e da autonomia da vontade, em
torno dos quais é construído todo o ordenamento jurídico pátrio.

Ademais, o prévio afastamento do empregado em caso de


alegação de rescisão indireta configura exercício regular de um
direito a ele garantido pela norma jurídica, ao passo que,
eventual improcedência do seu pleito não acarreta o seu retorno
ao antigo trabalho, mas dá ensejo, apenas, às consequências
previstas em lei, quais sejam, a absolvição do empregador da
falta a ele imputada e a conversão da rescisão indireta em pedido
de demissão, com as respectivas consequências pecuniárias.

Logo, a determinação judicial de restabelecimento de vínculo


desportivo – acessório ao vínculo de emprego - proferida em
reclamação trabalhista ajuizada pelo trabalhador em face de
suposta rescisão indireta, além de afrontar os princípios basilares
do nosso Direito, mostra-se totalmente incongruente, na medida
em que agrava a situação jurídica daquele que submeteu sua
demanda ao Poder Judiciário e excede os limites da lide,
impondo comando judicial incompatível com a pretensão inicial.
Note-se, nesse sentido, que, de acordo com a sentença prolatada
na reclamação trabalhista retromencionada, não houve
reconvenção por parte do empregador SÃO PAULO FUTEBOL
CLUBE a justificar, em tese, esse tipo de determinação.
Desse modo, a possibilidade do empregado rescindir
unilateralmente o seu contrato de trabalho, independentemente
da configuração de justa causa do empregador, decorre da
autonomia da vontade e de sua liberdade fundamental de
escolha, não podendo ser tolhida sequer por decisão judicial.

Em contrapartida, em virtude da natureza sinalagmática de


qualquer relação de trabalho, submete-se o trabalhador que
denuncia o contrato de trabalho à respectiva cominação prevista
em lei, que, no caso específico do paciente, está disciplinada no
artigo 28, § 3º, da Lei nº 9.615/98, o qual estipula o pagamento
de cláusula penal livremente acordada pelas partes para as
hipóteses de descumprimento, rompimento ou rescisão unilateral
do contrato de trabalho do atleta profissional.

Noto, nesse ponto, que o próprio caput do artigo 28 da Lei nº


9.615/98, ao prever a pactuação de cláusula penal para hipóteses
de rescisão unilateral do contrato de trabalho, autoriza ao atleta
profissional se desligar da entidade desportiva a que vinculado
mediante a contraprestação pecuniária previamente acordada.

Acrescento que a cláusula penal é uma compensação pecuniária


pela rescisão unilateral do contrato e não uma condição essencial
para tanto, sob pena de inviabilizar o distrato nos casos em que
fixada em valores elevados, tolhendo do empregado de suas
liberdades fundamentais enquanto vigente o contrato de
trabalho.

Logo, rescindido unilateralmente pelo atleta profissional o


contrato de trabalho, surge, para ele, a obrigação de pagar a
respectiva cláusula penal, somente. O inadimplemento desta
obrigação de pagar, por sua vez, não autoriza à entidade
desportiva prejudicada cobrar do devedor a prestação pessoal de
serviços.

Dito isso, tenho, em primeira análise, que a decisão judicial que


determina o restabelecimento obrigatório do vínculo desportivo
com o SÃO PAULO FUTEBOL CLUBE, em contrariedade à
vontade do trabalhador, cerceia o seu direito fundamental de
exercício da profissão, razão pela qual concedo a liminar em
habeas corpus para autorizar o paciente a exercer livremente a
sua profissão, participando de jogos e treinamentos em qualquer
localidade e para qualquer empregador, conforme sua livre
escolha.

Extraia-se cópia ao paciente desta concessão liminar.

Comunique-se à 16ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da


2ª Região, com urgência, para que preste as informações
devidas.

Determino a retificação da autuação e demais registros


processuais, a fim de que conste como autoridade coatora os
Desembargadores da 16ª Turma do Tribunal Regional do
Trabalho da 2ª Região.

Publique-se.

Brasília, 26 de abril de 2012.

CAPUTO BASTOS

Ministro Relator Observe-se que a decisão está ancorada


num princípio constitucional que se desdobra da idéia
de dignidade da pessoa humana, qual seja a liberdade
do trabalhador em exercer sua profissão. Para
materializar este direito o e. Ministro Relator conferiu
ao habeas corpus uma amplitude inesperada e
incomum.

3. CABIMENTO DO HC: QUAL CONCEITO DE IR E VIR


(LIBERDADE PESSOAL)?
O habeas corpus é uma ação constitucional que tem por objetivo
coarctar abuso de poder ou constrangimento ilegal que padece o cidadão. É
um instituto que tem origens no direito inglês, sendo a tese mais ventilada
sobre seu nascimento, a exigência de barões, clérigos e povo contra o uso
abusivo do poder monárquico por parte do Rei João Sem Terra. Então, em
1215, editou-se a Magna Charta Libertarum vel concordia inter regem
Johanem et Barones, que constituia, em síntese, um acordo entre rei e barões
que, dentre outros direitos, consagrou o de ser preso ou detido senão em
virtude de julgamento de seus pares, de acordo com as leis inglesas68.

Modernamente, a Constituição Federal de 1988 admitiu-o como


garantia individual do cidadão, não como uma inovação, somente reiterando
realidade existente no ordenamento jurídico do país desde o Império69.

Acerca deste relevante instituto, com eloqüência, se pronunciava o


jurista baiano Rui Barbosa: "Eis de onde resulta a suprema importância do habeas
corpus entre as nações livres. As outras garantias individuais contra a prepotência são
faculdades do ofendido. Esta é dever de todos pela defesa comum. E ai está porque ela abre
essa exceção singular às leis do processo. Ninguém pode advogar sem procuração a causa
de outrem. Para valer, porém, a liberdade sequestrada não há instrumento de poderes que
exibir: o mandato é universal; todos o recebem da lei; para exercer validamente, basta estar
no país. Os próprios juízes são obrigados a mandá-la restituir ex officio (por dever do
cargo), se no curso de qualquer processo lhe constar, por testemunha fidedigno, caso de
constrangimento ilegal. O paciente pode não requerer a liberdade; pode, resignado, ou
indignado, desprezá-la; pode até, por um devaneio, rejeitá-la. É indiferente. A liberdade
não entra no patrimônio particular, como as coisas que estão no comércio, que se dão,
trocam, vendem, ou compram: é um verdadeiro condomínio social; todos o desfrutam, sem
que ninguém o possa alienar e, se o indivíduo degenerado, a repudia, a comunhão vigilante,
a reivindica. Solicitando, pois, este habeas corpus, eu propugno, na liberdade dos
ofendidos, a minha própria liberdade, não patrocino um interesse privado, a sorte de
clientes; advogo a minha própria causa, a causa da sociedade, lesada no seu tesouro
coletivo, a causa impessoal do direito supremo, representada na impersonalidade deste
remédio judicial."70
Desde sempre o objetivo do habeas corpus foi o de reprmir agente
público ou quem em seu nome age que atua de maneira a criar
constrangimento ilegal para um cidadão, implicando, por conseguinte, na
obstrução do pleno gozo do direito de ir e vir (liberdade pessoal). Este
instrumento sempre foi pensando para situações onde o cidadão estivesse
preso ou na iminência de ser custodiado indevidamente.

Primitivamente, ainda nos primeiros momentos da república nacional,


o habeas corpus era superdimensionado, deveras em virtude da sua redação
que autorizada interpretar que se estendia além da proteção ao ir e vir
simplesmente, outrossim, à época não existia o instituto do mandado de
segurança. Veja-se, neste particular, o que nos diz Fernando da Costa
Tourinho Filho: É claro que todos sabiam que o habeas corpus era destinado a tutelar a
liberdade de locomoção; mas como não havia outro remédio para resguardar, com presteza
daquela writ, outros direitos, entendeu-se, com apoio na Corte Suprema, que ele se
destinava também a assegurar o exercício de um direito de ordem civil, comercial,
constitucional ou administrativa, desde que fosse líquido eque, para o seu exercício, fosse
necessária a liberdade de locomoção."71

É bem verdade que, atualmente, a ação constitucional em apreço tem


uma amplitude, considerada por muitos inclusive, como exagerada. O habeas
corpus não serve exclusivamente para se opor a uma prisão efetuada ou outra
que venha a ocorrer, basta, para seu manejo, que exista a possibilidade do
paciente vir a ser preso futuramente. A jurisprudência admite impetração,
além da simples libertação de alguém, para anular processo penal ou ato
processual viciado72, trancar inquérito73 ou ação penal74 e até mesmo para
conceder vista dos autos à defesa75.

Destarte, impossível não se questionar se os limites admitidos no


âmbito do TST conferem ao writ novel fronteira. De fato, a leitura da decisão
objeto de nossa reflexão já traz que o Tribunal Laboral, após a emenda
45/2001, passou a conhecer, processar e julgar pedidos de habeas corpus.
Entretanto, a exceção deste, as imperações versam sobre prisão civil (casos
de depositário infiel). Tem-se, portanto, que a decisão do Ministro Caputo
Bastos é singular.

Malgrado o alvoroço causado - muito mais pelos envolvidos, São


Paulo, Internacional e Oscar -, penso que falta esteio ao writ sequer para ser
conhecido. Embora Sua Excelência enfrente esta questão com galhardia,
empregando um julgado do Supremo Tribunal Federal, tal qual a boa
doutrina de Rui Barbosa76, força convir que este fundamento não é mais
aplicável às impetrações hodiernamente. Está ultrapassado.

A via eleita pelos impetrante, parece-me, tinha por função fustigar o


Tribunal Superior do Trabalho a se manifestar sobre a situação de Oscar,
muitos, outrossim, são os elementos colaterais que conduziram e deram azo à
concessão da medida liminar, como, por exemplo, a imagem vitimada do
atleta, que no esplendor da sua forma, vê-se impossibilitado de atuar, assim
como o risco à sua participação nos Jogos Olímpicos ora ameaçada em
virtude deste imbróglio.

Sem temor, diria que a ordem atende mais a critérios de humanidade


do que juridicidade. A medida profiada não é apropriada, penso. A matéria é
muito mais próxima do mandado de segurança77. Todavia, caso se optasse
por este remédio constitucional o órgão competente para julgar seria o
próprio Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo e não o Superior Juízo
Laboral.

Por fim, saliente-se que a liberdade do atleta não sofre qualquer


ofensa, do prisma jurídico-penal, o mesmo, inclusive, deveria se apresentar
ao São Paulo Futebol Clube; mas, não quis e ficou em Porto Alegre.

Observa-se que, de longe, se poderá dizer que a ordem emanada do


TRT paulista consiste em coação à liberdade pessoal do impetrante, ele pode
ir ou ficar para onde bem queira, a Corte não mandará prepostos lhe
prenderem ou tolher sua liberdade de alguma maneira. Porém, a repercussão
do julgado trabalhista atinge o exercício profissional da prática desportiva do
futebol, afinal, o cerne da lide foi a validade ou não do contrato profissional
do atleta junto ao clube paulista.

4. ATLETA VERSUS CLUBE: O DEVER DE CUMPRIR COM


CLÁUSULA INDENIZATÓRIA DESPORTIVA.

A outra vertente deste "Caso Oscar", que foi amplamente alardeada e


combatida, diz respeito à ordem de permitir que o atleta atue pela equipe que
lhe bem pareça, no caso concreto, o restabelecimento do vínculo desportivo
com o S.C. Internacional, sem que, para tanto, se imponha o pagamento da
cláusula de indenização.

Tal trecho do decisium tem sido firmemente combatido, sob o


argumento de se instalar um clima de insegurança jurídica. Ou seja, seria esta
uma tese jurídica aprovada pelo Tribunal Superior do Trabalho, portanto,
com potencial para encorajar atletas a não mais cumprir contratos e eleger
esta via como a ideal para buscar novos caminhos e causar danos ao clube
por onde atuava.

A Lei n° 9.615/98, estabelecia no art. 28, a obrigação de ser adimplir a


cláusula penal - hoje, nominada de cláusula indenizatória desportiva (CID) -
nos casos em que havia rescisão unilateral antes do termo fixado em contrato.
No mesmo dispositivo, tem-se positivado que o vínculo desportivo é
acessório, todavia, desaparecerá, nos casos de rescisão unilateral quando for
quitada a indenização acima mencionada.

Art. 28. A atividade do atleta profissional, de todas as


modalidades desportivas, é caracterizada por remuneração
pactuada em contrato formal de trabalho firmado com entidade
de prática desportiva, pessoa jurídica de direito privado, que
deverá conter, obrigatoriamente, cláusula penal para as hipóteses
de descumprimento, rompimento ou rescisão unilateral.

§ 1o Aplicam-se ao atleta profissional as normas gerais da


legislação trabalhista e da seguridade social, ressalvadas as
peculiaridades expressas nesta Lei ou integrantes do respectivo
contrato de trabalho.

§ 2o O vínculo desportivo do atleta com a entidade contratante


tem natureza acessória ao respectivo vínculo empregatício,
dissolvendo-se, para todos os efeitos legais, com o término da
vigência do contrato de trabalho.

§ 2o O vínculo desportivo do atleta com a entidade desportiva


contratante tem natureza acessória ao respectivo vínculo
trabalhista, dissolvendo-se, para todos os efeitos legais: I - com o
término da vigência do contrato de trabalho desportivo; ou II -
com o pagamento da cláusula penal nos termos do caput deste
artigo; ou ainda III - com a rescisão decorrente do
inadimplemento salarial de responsabilidade da entidade
desportiva empregadora prevista nesta Lei.

Tendo em vista, na espécie, que o TRT/SP reformou a decisão de


primeiro grau que reconhecia a rescisão indireta, ao atleta restou somente a
obrigação de arcar com a cláusula penal, podendo fazê-lo solidariamente com
a sua novel equipe.

Contudo, no "Caso Oscar" há uma zona gris neste particular. Ao


certo, é bem verdade, ninguém sabe (refiro-me ao grande público) qual valor
da indenização. Fala-se, inclusive, que o São Paulo não teria aceitado receber
os valores ofertados pelo Internacional, posto que entenderia ser o valor
muito maior.

Certo é que o TRT/SP impôs a obrigação de ser restabelecido o


vínculos, todavia, foi omisso em relação à fixação do valor a ser indenizado,
vez que a Lei Pelé autoriza que o atleta rompa com o contrato firmado, desde,
indenize a entidade de prática desportiva. Tendo em vista que existe um feito
em curso, não poderia o Internacional vir a juízo e depositar valor que
entende como alusivo à cláusula penal de outrora e postular a liberação do
vínculo desportivo do atleta. Aliás, neste processo trabalhista a agremiação
gaúcha nem mesmo é parte.

Ademais disso, não há sinais de que o atleta tenha pretendido se


eximir do pagamento da cláusula indenizatória, somente esta não restou
determinada pelo TRT/SP, sendo evidente óbice aos interesses do atleta
Oscar.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A IMPETRAÇÃO E O


DESFECHO DO "CASO OSCAR".

Este artigo tem como título uma indagação, que ora se repete: ante a
impetração incomum estaríamos diante de um leading case ou mera
causuística?

Penso que não mais haverão impetração deste jaez. É uma mera
causuística.

Não se pode querer aviltar o Ministro Caputo Bastos, os advogados do


atleta ou ele próprio, os Desembargadores do TRT/SP, o São Paulo ou o
Internacional. A bem da verdade, o processo em si é repleto de idas e vindas,
e, ao final, não houve a clareza necessária no seu desfecho, especialmente no
que concerne à determinação da cláusula indenizatória desportiva. Isso, ao
meu sentir, encerraria qualquer dúvida. Ou o atleta e o novo clube pagavam,
ou ele seria compelido a jogar ou não mais jogar até o seu vínculo com o
clube fosse encerrado.

No entanto, vejo que a decisão do Ministro Caputo Bastos foi além da


mera forma jurídica, teve como escopo solucionar uma questão que se arrasta
por mais de 30 (trinta) dias, que, para o Poder Judiciário é curto espaço de
tempo; mas, para o mundo do esporte é uma imensidão. Uma Copa do
Mundo se disputa neste período. Quis Sua Excelência por termo uma
incerteza que grassava, não em relação ao dever de arcar com a indenização,
mas sobre o direito do trabalhador poder se determinar e escolher onde bem
queira exercer seu mister. Isso incomodava, colocava o hipossuficiente em
posição degradante e, nitidamente, de indignidade. Disse o direito, ao meu
sentir, com justiça, porém, em formas jurídicas inidôneas. Porém, coragem
não lhe faltou, afinal, foi provocado e não hesitou em agir de acordo com sua
consciência.

Ademais disso, não vislumbro na hipótese a descoberta de uma tese


jurídica que vingará e causará um abalo nas relações entre clubes e atletas.
Não se trata de um leading case. Mais ainda, tivesse o sodalício laboral
fixado a CID, já se teria uma definição sobre o futuro do atleta.

O desfecho deste episódio já era conhecido, os clubes entraram em


acordo e, por fim, requereu-se a desistência e o arquivamento do writ: enfim,
o objetivo não declarado da impetração foi atingido.
ANEXO I - CÓDIGO BRASILEIRO DE JUSTIÇA DESPORTIVA
(CBJD)

CÓDIGO BRASILEIRO DE JUSTIÇA DESPORTIVA (Texto


Consolidado)
LIVRO I

DA JUSTIÇA DESPORTIVA

TÍTULO I

DA ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA E DO PROCESSO DESPORTIVO

Capítulo I

DA ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DESPORTIVA

Art. 1o A organização, o funcionamento, as atribuições da Justiça Desportiva


brasileira e o processo desportivo, bem como a previsão das infrações
disciplinares desportivas e de suas respectivas sanções, no que se referem ao
desporto de prática formal, regulam-se por lei e por este Código. (Redação
dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).
Parágrafo Único (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o Submetem-se a este Código, em todo o território nacional: (AC).

I - as entidades nacionais e regionais de administração do desporto; (AC).

II - as ligas nacionais e regionais; (AC).

III - as entidades de prática desportiva, filiadas ou não às entidades de


administração mencionadas nos incisos anteriores; (AC).

IV - os atletas, profissionais e não-profissionais; (AC).

V - os árbitros, assistentes e demais membros de equipe de arbitragem; (AC).

VI - as pessoas naturais que exerçam quaisquer empregos, cargos ou funções,


diretivos ou não, diretamente relacionados a alguma modalidade esportiva,
em entidades mencionadas neste parágrafo, como, entre outros, dirigentes,
administradores, treinadores, médicos ou membros de comissão técnica;
(AC).

VII - todas as demais entidades compreendidas pelo Sistema Nacional do


Desporto que não tenham sido mencionadas nos incisos anteriores, bem como
as pessoas naturais e jurídicas que lhes forem direta ou indiretamente
vinculadas, filiadas, controladas ou coligadas. (AC).
§ 2o Na aplicação do presente Código, será considerado o tratamento
diferenciado ao desporto de prática profissional e ao de prática não-
profissional, previsto no inciso III do art. 217 da Constituição Federal. (AC).

Art. 2o A interpretação e aplicação deste Código observará os seguintes


princípios, sem prejuízo de outros: (Redação dada pela Resolução CNE no 29
de 2009).

I - ampla defesa;

II - celeridade;

III - contraditório;

IV - economia processual; V - impessoalidade; VI - independência; VII -


legalidade; VIII - moralidade; IX - motivação; X - oficialidade;

XI - oralidade;

XII - proporcionalidade; XIII - publicidade; XIV - razoabilidade;

XV - devido processo legal; (AC).

XVI - tipicidade desportiva; (AC).

XVII - prevalência, continuidade e estabilidade das competições (pro


competitione); (AC). XVIII - espírito desportivo (fair play). (AC).
Art. 3o São órgãos da Justiça Desportiva, autônomos e independentes das
entidades de administração do desporto, com o custeio de seu funcionamento
promovido na forma da lei:

I - o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), com jurisdição


desportiva correspondente à abrangência territorial da entidade nacional de
administração do desporto; (NR).

II - os Tribunais de Justiça Desportiva (TJD), com jurisdição desportiva


correspondente à abrangência territorial da entidade regional de
administração do desporto; (NR).

III - as Comissões Disciplinares constituídas perante os órgãos judicantes


mencionados nos incisos I e II deste artigo. (NR).

Art. 3o-A. São órgãos do STJD o Tribunal Pleno e as Comissões


Disciplinares. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 4o O Tribunal Pleno do STJD compõe-se de nove membros,


denominados auditores, de reconhecido saber jurídico desportivo e de
reputação ilibada, sendo: (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de
2009).
I - dois indicados pela entidade nacional de administração do desporto; II -
dois indicados pelas entidades de prática desportiva que participem da
principal competição da entidade nacional de administração do desporto; III -
dois advogados indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados
do Brasil; IV - um representante dos árbitros, indicado por entidade
representativa; e (Alterado pela Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução
no 13 de 2006) V - dois representantes dos atletas, indicados por entidade
representativa. (Alterado pela Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução no
13 de 2006)

Art. 4o-A. Para apreciação de matérias relativas a competições interestaduais


ou nacionais, funcionarão perante o STJD, como primeiro grau de jurisdição,
tantas Comissões Disciplinares Nacionais quantas se fizerem necessárias,
compostas, cada uma, por cinco auditores, de reconhecido saber jurídico
desportivo e de reputação ilibada, que não pertençam ao Tribunal Pleno do
STJD. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o Os auditores das Comissões Disciplinares serão indicados pela maioria


dos membros do Tribunal Pleno do STJD, a partir de sugestões de nomes
apresentadas por qualquer auditor do Tribunal Pleno do STJD, devendo o
Presidente do Tribunal Pleno do STJD preparar lista com todos os nomes
sugeridos, em ordem alfabética. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de
2009).

§ 2o Cada auditor do Tribunal Pleno do STJD deverá, a partir da lista


mencionada no § 1o, escolher um nome por vaga a ser preenchida, e os
indicados para compor a Comissão Disciplinar serão aqueles que obtiverem o
maior número de votos, prevalecendo o mais idoso, em caso de empate.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 3o Caso haja mais de uma vaga a ser preenchida em uma ou mais


Comissões Disciplinares, a votação será única e a distribuição dos auditores
nas diferentes vagas e Comissões Disciplinares far-se-á de modo sucessivo,
preenchendo-se primeiro as vagas da primeira Comissão Disciplinar, e
posteriormente as vagas das Comissões Disciplinares de numeração
subsequente, caso existentes, conforme a ordem decrescente dos indicados
mais votados. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 4o-B. São órgãos de cada TJD o Tribunal Pleno e as Comissões


Disciplinares. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 5o Cada TJD compõe-se de nove membros, denominados auditores, de


reconhecido saber jurídico desportivo e de reputação ilibada, sendo: (Redação
dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

I - dois indicados pela entidade regional de administração de desporto; II -


dois indicados pelas entidades de prática desportiva que participem da
principal competição da entidade regional de administração do desporto; III -
dois advogados indicados pela Ordem dos Advogados do Brasil, por
intermédio da seção correspondente à territorialidade; IV - um representante
dos árbitros, indicado por entidade representativa; e (Alterado pela Resolução
CNE no 11 de 2006 e Resolução no 13 de 2006) V - dois representantes dos
atletas, indicados por entidade representativa. (Alterado pela Resolução CNE
no 11 de 2006 e Resolução no 13 de 2006)

Art. 5o-A. Para apreciação de matérias relativas a competições regionais e


municipais, funcionarão perante cada TJD, como primeiro grau de jurisdição,
tantas Comissões Disciplinares Regionais quantas se fizerem necessárias,
conforme disposto no regimento interno do TJD, compostas, cada uma, por
cinco auditores, de reconhecido saber jurídico desportivo e de reputação
ilibada, que não pertençam ao Tribunal Pleno do respectivo TJD. (Incluído
pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o Os auditores das Comissões Disciplinares serão indicados pela maioria


dos membros do Tribunal Pleno do TJD, a partir de sugestões de nomes
apresentados por qualquer auditor do Tribunal Pleno do TJD, devendo o
Presidente do Tribunal Pleno do TJD preparar lista, com todos os nomes
sugeridos, em ordem alfabética. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de
2009).

§ 2o Cada auditor do Tribunal Pleno do TJD deverá, a partir da lista


mencionada no § 1o, escolher um nome por vaga a ser preenchida, e os
indicados para compor a Comissão Disciplinar serão aqueles que obtiverem o
maior número de votos, prevalecendo o mais idoso, em caso de empate.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 3o Caso haja mais de uma vaga a ser preenchida em uma ou mais


Comissões Disciplinares, a distribuição dos auditores nas diferentes vagas e
Comissões Disciplinares far-se-á de modo sucessivo, preenchendo-se
primeiro as vagas da primeira Comissão Disciplinar, e posteriormente as
vagas das Comissões Disciplinares de numeração subsequente, caso
existentes. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 6o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 7o Os órgãos judicantes só poderão deliberar e julgar com a presença da


maioria de seus auditores, excetuadas as hipóteses de julgamento
monocrático admitidas por este Código. (Redação dada pela Resolução CNE
no 29 de 2009).

Art. 8o Os órgãos enumerados no art. 3o serão dirigidos por um Presidente e


um Vice-Presidente, eleitos pela maioria de seus membros. (Alterado pela
Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução no 13 de 2006)

Parágrafo único. A Presidência e a Vice-Presidência do STJD e do TJD serão


exercidas pelos respectivos Presidentes e Vice-Presidentes de seus Tribunais
Plenos. (NR).

Art. 8o-A. Em caso de vacância na Presidência do órgão judicante, o Vice-


Presidente assumirá imediatamente o cargo vago, que será exercido até o
término do mandato a que se encontrava vinculado o Presidente substituído.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único. Ao assumir a Presidência do órgão judicante, o Vice-


Presidente terá a incumbência de convocar sessão, a ser realizada no prazo
máximo de trinta dias, com o fim de preencher a Vice-Presidência, que será
exercida até o término do mandato a que se encontrava vinculado o até então
Vice-Presidente. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 8o-B. No caso de vacância concomitante na Presidência e na Vice-


Presidência do órgão judicante, a Presidência será temporariamente exercida
pelo auditor mais antigo, e a Vice-Presidência, pelo segundo auditor mais
antigo. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o O auditor que assumir temporariamente a Presidência terá a


incumbência de convocar sessão, a ser realizada no prazo máximo de trinta
dias, com o fim de preencher os cargos vagos. (Incluído pela Resolução CNE
no 29 de 2009).

§ 2o Os auditores eleitos ocuparão os cargos a que se refere o caput até o


término dos mandatos a que se encontravam vinculados os auditores
substituídos. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).
Capítulo II

DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DO STJD, DOS


TRIBUNAIS E DAS COMISSÕES DISCIPLINARES

Art. 9o São atribuições do Presidente do Tribunal (STJD ou TJD), além das


que lhe forem conferidas pela lei, por este Código ou regimento interno:
(Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

I - zelar pelo perfeito funcionamento do Tribunal e fazer cumprir suas


decisões; II - ordenar a restauração de autos;

III - dar imediata ciência, por escrito, das vagas verificadas no Tribunal ao
Presidente da entidade indicante;

IV - determinar sindicâncias e aplicar sanções aos funcionários do Tribunal,


conforme disposto no regimento interno; (NR).

V - sortear os relatores dos processos de competência do Tribunal Pleno;


(NR).

VI - dar publicidade às decisões prolatadas; VII - representar o Tribunal nas


solenidades e atos oficiais, podendo delegar essa função a qualquer dos
auditores; (NR).

VIII - designar dia e hora para as sessões ordinárias e extraordinárias e dirigir


os trabalhos; IX - dar posse aos auditores do Tribunal Pleno e das Comissões
Disciplinares, bem como aos secretários; (NR).

X - exigir da entidade de administração o ressarcimento das despesas


correntes e dos custos de funcionamento do Tribunal e prestar-lhe contas; XI
- receber, processar e examinar os requisitos de admissibilidade dos recursos
provenientes da instância imediatamente inferior; (NR).

XII (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

XIII - conceder licença do exercício de suas funções aos auditores, inclusive


aos das Comissões Disciplinares, secretários e demais auxiliares; (NR).

XIV - exercer outras atribuições quando delegadas pelo Tribunal; (NR).

XV - determinar períodos de recesso do Tribunal; (AC).

XVI - criar comissões especiais e designar auditores para o cumprimento de


funções específicas de interesse do Tribunal. (AC).

§ 1o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009). § 2o (Revogado pela


Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 3o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009). Art. 10. Compete ao


Vice-Presidente: I - substituir o Presidente nas ausências ou impedimentos
eventuais e definitivamente quando da vacância da Presidência; (NR).

II - exercer as funções de Corregedor, na forma do regimento interno. (NR).


III (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 10-A. No caso de ausência ou impedimento eventuais concomitantes do


Presidente e do Vice-Presidente do órgão judicante, a Presidência será
temporariamente exercida pelo auditor mais antigo, ao passo que a Vice-
Presidência será temporariamente ocupada pelo segundo auditor mais antigo,
salvo disposição diversa do regimento interno do Tribunal (STJD ou TJD).
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 10-B. No caso de impetração de mandado de garantia em que o


Presidente do STJD figure como autoridade coatora, competirá ao Vice-
Presidente do STJD praticar todos os atos processuais de atribuição do
Presidente do STJD. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único. Quando o Vice-Presidente do STJD estiver afastado,


impedido ou der-se por suspeito para a prática dos atos a que se refere este
artigo, o auditor mais antigo do Tribunal Pleno do STJD cumprirá as
atribuições ali mencionadas. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 10-C. Os Presidentes das Comissões Disciplinares terão, no que for


compatível, as mesmas atribuições dos art. 9o, I, V, VI, VII, VIII e XIV, e os
Vice-Presidentes, a mesma atribuição do art. 10, I. (Incluído pela Resolução
CNE no 29 de 2009).

Art. 10-D. Salvo disposição diversa do regimento interno do Tribunal (STJD


ou TJD), os mandatos dos Presidentes e Vice-Presidentes do Tribunal Pleno e
das Comissões Disciplinares serão de dois anos, autorizadas reeleições.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Capítulo III
DOS AUDITORES
Art. 11. O Presidente do Tribunal (STJD ou TJD) dará posse aos auditores do
Tribunal Pleno e das Comissões Disciplinares. (Redação dada pela Resolução
CNE no 29 de 2009).

§ 1o A posse dos auditores do Tribunal Pleno dar-se-á na primeira sessão


subsequente ao recebimento, pelo Presidente do Tribunal (STJD ou TJD), da
indicação pela entidade a quem competir o preenchimento do cargo. (AC).

§ 2o A posse dos auditores das Comissões Disciplinares dar-se-á na primeira


sessão subsequente à aceitação, pelo contemplado, da indicação feita pelo
Tribunal Pleno do Tribunal (STJD ou TJD). (AC).

§ 3o No caso de o auditor indicado, ao Tribunal Pleno ou a Comissão


Disciplinar, mesmo que não empossado, deixar de comparecer ao número de
sessões necessário à declaração de vacância do cargo, haverá nova indicação
pela mesma entidade, salvo justo motivo para as ausências, assim
considerado pelo Tribunal Pleno (STJD ou TJD). (AC).
Art. 12. O mandato dos auditores terá a duração máxima permitida pela
legislação brasileira, assim como poderá haver tantas reconduções quantas
forem legalmente admitidas. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de
2009).

Art. 13. A antiguidade dos auditores conta-se da data da posse. (Redação


dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único. Quando a posse houver ocorrido na mesma data, considerar-


se-á mais antigo o auditor que tiver maior número de mandatos; se persistir o
empate, considerar-se-á mais antigo o auditor mais idoso. (AC).

Art. 14. Ocorre vacância do cargo de auditor: I - pela morte ou renúncia;

II - pelo não-comparecimento a cinco sessões consecutivas, salvo se


devidamente justificado; (NR).

III - pela incompatibilidade. (NR).

IV (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).


Parágrafo único. Ocorre incompatibilidade para o exercício do cargo de
auditor: (AC).

I - a partir da condenação criminal, passada em julgado na Justiça Comum,


ou disciplinar, passada em julgado na Justiça Desportiva, quando, a critério
do Tribunal (STJD ou TJD), conforme decidido por dois terços dos membros
de seu Tribunal Pleno, o resultado comprometer a probidade necessária ao
desempenho do mandato; (AC).

II - quando o auditor, durante o mandato, incorrer nas hipóteses do art. 16.


(AC).

Art. 15. Ocorrendo a vacância do cargo de auditor no Tribunal Pleno, o


Presidente do Tribunal (STJD ou TJD), no prazo de cinco dias, comunicará a
ocorrência ao órgão indicante competente para preenchê-la. (Redação dada
pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o Decorridos trinta dias do recebimento da comunicação, se o órgão


indicante competente não houver preenchido a vaga, o respectivo Tribunal
(STJD ou TJD) designará substituto para ocupar, interinamente, o cargo até a
efetiva indicação. (AC).

§ 2o A comunicação a que se refere este artigo far-se-á pela mesma forma das
citações e intimações. (AC).

§ 3o O descumprimento deste artigo pelo Presidente do Tribunal (STJD ou


TJD) ensejará a aplicação da penalidade prevista no art. 239. (AC).

Art. 15-A. Ocorrendo a vacância do cargo de auditor em Comissão


Disciplinar, o Presidente da respectiva Comissão Disciplinar comunicará, no
prazo de cinco dias, a ocorrência ao Presidente do Tribunal (STJD ou TJD), e
o Tribunal Pleno procederá na forma dos arts. 4o-A e 5o-A, conforme o caso,
na primeira sessão subsequente à vacância. (Incluído pela Resolução CNE no
29 de 2009).

Parágrafo único. O descumprimento deste artigo pelo Presidente da Comissão


Disciplinar ensejará a aplicação da penalidade prevista no art. 239. (Incluído
pela Resolução CNE no 29 de 2009).
Art. 15-B. Os auditores poderão afastar-se temporariamente de suas funções,
pelo tempo que se fizer necessário, conforme licença a ser concedida pelo
Presidente do Tribunal (STJD ou TJD), o que não interrompe nem suspende o
transcurso do prazo de exercício do mandato. (Incluído pela Resolução CNE
no 29 de 2009).

§ 1o Durante a licença dos auditores de Comissões Disciplinares, os


respectivos órgãos judicantes deverão indicar auditor substituto para a
composição temporária do colegiado, conforme o procedimento previsto nos
arts. 4o-A e 5o-A, conforme o caso. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de
2009).

§ 2o Durante a licença de auditor de Tribunal Pleno, o auditor substituto será


indicado pela mesma entidade elencada nos arts. 4o e 5o, conforme o caso,
que tiver indicado o auditor licenciado. (Incluído pela Resolução CNE no 29
de 2009).

Art. 16. Respeitadas as exceções da lei, é vedado o exercício de função na


Justiça Desportiva: a) (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

b) (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

c) (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).


I - aos dirigentes das entidades de administração do desporto; (AC).

II - aos dirigentes das entidades de prática desportiva. (AC).

Art. 17. Não podem integrar concomitantemente o Tribunal Pleno, ou uma


mesma Comissão Disciplinar, auditores que tenham parentesco na linha
ascendente ou descendente, nem auditor que seja cônjuge, companheiro,
irmão, tio, sobrinho, sogro, padrasto, enteado ou cunhado, durante o
cunhadio, de outro auditor. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de
2009).

Art. 18. O auditor fica impedido de atuar no processo: (Redação dada pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

I - quando for credor, devedor, avalista, fiador, patrono, sócio, acionista,


empregador ou empregado, direta ou indiretamente, de qualquer das partes;
(NR).

II - quando se manifestar, específica e publicamente, sobre objeto de causa a


ser processada ou ainda não julgada pelo órgão judicante; (NR).

III - quando for parte. (AC).


§ 1o Os impedimentos a que se refere este artigo devem ser declarados pelo
próprio auditor tão logo tome conhecimento do processo; se não o fizer,
podem as partes ou a Procuradoria argui-los na primeira oportunidade em que
se manifestarem no processo.

§ 2o Arguido o impedimento, decidirá o respectivo órgão judicante, por


maioria. (NR).

§ 3o Caso, em decorrência da declaração de impedimento, não se verifique


maioria dos auditores do órgão judicante apta a julgar o processo, este terá
seu julgamento adiado para a sessão subsequente do órgão judicante. (NR).

§ 4o Uma vez declarado o impedimento, o auditor impedido não poderá a


partir de então praticar qualquer outro ato no processo em referência. (AC).

§ 5o O impedimento a que se refere este artigo não se aplica na hipótese de o


auditor ser associado ou conselheiro de entidade de prática desportiva. (AC).
Art. 19. Compete ao auditor, além das atribuições conferidas por este Código
e pelo respectivo regimento interno: I - comparecer, obrigatoriamente, às
sessões e audiências com a antecedência mínima de vinte minutos, quando
regularmente convocado; II - empenhar-se no sentido da estrita observância
das leis, do contido neste Código e zelar pelo prestígio das instituições
desportivas; III - manifestar-se rigorosamente dentro dos prazos processuais;
IV - representar contra qualquer irregularidade, infração disciplinar ou sobre
fatos ocorridos nas competições dos quais tenha tido conhecimento; V -
apreciar, livremente, a prova dos autos, tendo em vista, sobretudo, o interesse
do desporto, fundamentando, obrigatoriamente, a sua decisão.

VI - (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 20. O auditor, sempre que entender necessário para o exercício de suas
funções, terá acesso a todas as dependências do local, seja público ou
particular, onde estiver sendo realizada qualquer competição da modalidade
do órgão judicante a que pertença, à exceção do local efetivo da disputa da
partida, prova ou equivalente, devendo ser-lhe reservado assento em setor
designado para as autoridades desportivas ou não. (Redação dada pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único. O acesso a que se refere este artigo somente será garantido
se informado pelo respectivo órgão judicante à entidade mandante da partida,
prova ou equivalente, com antecedência mínima de quarenta e oito horas.
(NR).
Capítulo IV

DA PROCURADORIA DA JUSTIÇA DESPORTIVA

Art. 21. A Procuradoria da Justiça Desportiva destina-se a promover a


responsabilidade das pessoas naturais ou jurídicas que violarem as
disposições deste Código, exercida por procuradores nomeados pelo
respectivo Tribunal (STJD ou TJD), aos quais compete: (Redação dada pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

I - oferecer denúncia, nos casos previstos em lei ou neste Código; (Alterado


pela Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução no 13 de 2006) II - dar
parecer nos processos de competência do órgão judicante aos quais estejam
vinculados, conforme atribuição funcional definida em regimento interno;
(NR).

III - formalizar as providências legais e processuais e acompanhá-las em seus


trâmites; -(NR). IV - requerer vistas dos autos; (Alterado pela Resolução
CNE no 11 de 2006 e Resolução no 13 de 2006) V - interpor recursos nos
casos previstos em lei ou neste Código ou propor medidas que visem à
preservação dos princípios que regem a Justiça Desportiva; (Incluído pela
Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução CNE no 13 de 2006) VI -
requerer a instauração de inquérito; (Incluído pela Resolução CNE no 11 de
2006 e Resolução CNE no 13 de 2006) VII - exercer outras atribuições que
lhe forem conferidas por lei, por este Código ou regimento interno. (Incluído
pela Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução CNE no 13 de 2006)

§ 1o A Procuradoria será dirigida por um Procurador-Geral, escolhido por


votação da maioria absoluta do Tribunal Pleno dentre três nomes de livre
indicação da respectiva entidade de administração do desporto. (AC).
§ 2o O mandato do Procurador-Geral será idêntico ao estabelecido para o
Presidente do Tribunal (STJD ou TJD). (AC).

§ 3o O Procurador-Geral poderá ser destituído de suas funções pelo voto da


maioria absoluta do Tribunal Pleno, a partir de manifestação fundamentada e
subscrita por pelo menos quatro auditores do Tribunal Pleno. (AC).

Art. 22. Aplica-se aos procuradores o disposto nos artigos 14, 16, 18 e 20.
(Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Capítulo V
DA SECRETARIA
Art. 23. São atribuições da Secretaria, além das estabelecidas neste Código e
no regimento interno do respectivo Tribunal (STJD ou TJD): (Redação dada
pela Resolução CNE no 29 de 2009).

I - receber, registrar, protocolar e autuar os termos da denúncia e outros


documentos enviados aos órgãos judicantes, e encaminhá-los, imediatamente,
ao Presidente do Tribunal (STJD ou TJD), para determinação procedimental;
(NR).

II - convocar os auditores para as sessões designadas, bem como cumprir os


atos de citações e intimações das partes, testemunhas e outros, quando
determinados; (Incluído pela Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução
CNE no 13 de 2006) III - atender a todos os expedientes dos órgãos
judicantes; (Incluído pela Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução CNE
no 13 de 2006) IV - prestar às partes interessadas as informações relativas ao
andamento dos processos; (Incluído pela Resolução CNE no 11 de 2006 e
Resolução CNE no 13 de 2006) V - ter em boa guarda todo o arquivo da
Secretaria constante de livros, papéis e processos; (Incluído pela Resolução
CNE no 11 de 2006 e Resolução CNE no 13 de 2006) VI - expedir certidões
por determinação dos Presidentes dos órgãos judicantes; (NR).

VII - receber, protocolar e registrar os recursos interpostos. (Incluído pela


Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução CNE no 13 de 2006)

TÍTULO II

DA JURISDIÇÃO E DA COMPETÊNCIA
Capítulo I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 24. Os órgãos da Justiça Desportiva, nos limites da jurisdição territorial


de cada entidade de administração do desporto e da respectiva modalidade,
têm competência para processar e julgar matérias referentes às competições
desportivas disputadas e às infrações disciplinares cometidas pelas pessoas
naturais ou jurídicas mencionadas no art. 1o, § 1o. (Redação dada pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

Capítulo II

DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA

Art. 25. Compete ao Tribunal Pleno do STJD: (Redação dada pela Resolução
CNE no 29 de 2009).

I - processar e julgar, originariamente: a) seus auditores, os das Comissões


Disciplinares do STJD e os procuradores que atuam perante o STJD; (NR).

b) os litígios entre entidades regionais de administração do desporto; c) os


membros de poderes e órgãos da entidade nacional de administração do
desporto; d) os mandados de garantia contra atos ou omissões de dirigentes
ou administradores das entidades nacionais de administração do desporto, de
Presidente de TJD e de outras autoridades desportivas; (NR).

e) a revisão de suas próprias decisões e as de suas Comissões Disciplinares; f)


os pedidos de reabilitação;

g) os conflitos de competência entre Tribunais de Justiça Desportiva; h) os


pedidos de impugnação de partida, prova ou equivalente referentes a
competições que estejam sob sua jurisdição; (NR).

i) as medidas inominadas previstas no art. 119, quando a matéria for de


competência do STJD; (AC).

j) as ocorrências em partidas ou competições internacionais amistosas


disputadas pelas seleções representantes da entidade nacional de
administração do desporto, exceto se procedimento diverso for previsto em
norma internacional aceita pela respectiva modalidade; (AC).

II - julgar, em grau de recurso:

a) as decisões de suas Comissões Disciplinares e dos Tribunais de Justiça


Desportiva; b) os atos e despachos do Presidente do STJD; (NR).

c) as penalidades aplicadas pela entidade nacional de administração do


desporto, ou pelas entidades de prática desportiva que lhe sejam filiadas, que
imponham sanção administrativa de suspensão, desfiliação ou desvinculação;
(NR).

III - declarar os impedimentos e incompatibilidades de seus auditores e dos


procuradores que atuam perante o STJD; (NR).

IV - criar Comissões Disciplinares, indicar seus auditores, destituí-los e


declarar sua incompatibilidade; (NR).
V - instaurar inquéritos;

VI - uniformizar a interpretação deste Código e da legislação desportiva a ele


correlata, mediante o estabelecimento de súmulas de jurisprudência
predominante, vinculantes ou não, editadas na forma do art. 119-A; (NR).

VII - requisitar ou solicitar informações para esclarecimento de matéria


submetida à sua apreciação; VIII - expedir instruções às Comissões
Disciplinares do STJD e aos Tribunais de Justiça Desportiva; (NR).

IX - elaborar e aprovar o seu regimento interno; X - declarar a vacância do


cargo de seus auditores e procuradores; XI - deliberar sobre casos omissos;

XII - avocar, processar e julgar, de ofício ou a requerimento da Procuradoria,


em situações excepcionais de morosidade injustificada, quaisquer medidas
que tramitem nas instâncias da Justiça Desportiva, para evitar negativa ou
descontinuidade de prestação jurisdicional desportiva. (AC).

Parágrafo único - (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Capítulo III

DAS COMISSÕES DISCIPLINARES DO STJD


Art. 26. Compete às Comissões Disciplinares do STJD: (Redação dada pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

I - processar e julgar as ocorrências em competições interestaduais e


nacionais promovidas, organizadas ou autorizadas por entidade nacional de
administração do desporto, e em partidas ou competições internacionais
amistosas disputadas por entidades de prática desportiva; (NR). II - processar
e julgar o descumprimento de resoluções, decisões ou deliberações do STJD
ou infrações praticadas contra seus membros, por parte de pessoas naturais ou
jurídicas mencionadas no art. 1o, § 1o, deste Código; (NR).

III - declarar os impedimentos de seus auditores. (Incluído pela Resolução


CNE no 11 de 2006 e Resolução CNE no 13 de 2006)

Capítulo IV

DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA DESPORTIVA

Art. 27. Compete ao Tribunal Pleno de cada TJD: (Redação dada pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

I - processar e julgar, originariamente: a) os seus auditores, os das Comissões


Disciplinares do TJD e os procuradores que atuam perante o TJD; (NR).

b) os mandados de garantia contra atos ou omissões de dirigentes ou


administradores dos poderes das entidades regionais de administração do
desporto; (NR).

c) os dirigentes da entidade regional de administração do desporto; (NR).


d) a revisão de suas próprias decisões e as de suas Comissões Disciplinares;
e) os pedidos de reabilitação;

f) os pedidos de impugnação de partida, prova ou equivalente referentes a


competições que estejam sob sua jurisdição; (NR).

g) as medidas inominadas previstas no art. 119, quando a matéria for de


competência do TJD; (AC).

II - julgar, em grau de recurso:

a) as decisões de suas Comissões Disciplinares; b) os atos e despachos do


Presidente do TJD; (NR).

c) as penalidades aplicadas pela entidade regional de administração do


desporto, ou pelas entidades de prática desportiva que lhe sejam filiadas, que
imponham sanção administrativa de suspensão, desfiliação ou desvinculação;
(NR).

III - declarar os impedimentos e incompatibilidades de seus auditores e dos


procuradores que atuam perante o TJD; (NR).

IV - criar Comissões Disciplinares e indicar os auditores, podendo instituí-las


para que funcionem junto às ligas constituídas na forma da legislação em
vigor; (NR).

V - destituir e declarar a incompatibilidade dos auditores das Comissões


Disciplinares; (NR).

VI - instaurar inquéritos;

VII - requisitar ou solicitar informações para esclarecimento de matéria


submetida a sua apreciação; VIII - elaborar e aprovar o seu Regimento
Interno; IX - declarar vacância do cargo de seus auditores e procuradores;
(NR).

X - deliberar sobre casos omissos. (AC).

Art. 28. Compete às Comissões Disciplinares de cada TJD: (Redação dada


pela Resolução CNE no 29 de 2009).

I - processar e julgar as infrações disciplinares e demais ocorrências havidas


em competições promovidas, organizadas ou autorizadas pela respectiva
entidade regional de administração do desporto; (AC).

II - processar e julgar o descumprimento de resoluções, decisões ou


deliberações do TJD ou infrações praticadas contra seus membros, por parte
de pessoas naturais ou jurídicas mencionadas no art. 1o, § 1o, deste Código.
(AC).

III - declarar os impedimentos de seus auditores. (AC).

Capítulo V
DOS DEFENSORES
Art. 29. Qualquer pessoa maior e capaz é livre para postular em causa própria
ou fazer-se representar por advogado regularmente inscrito na Ordem dos
Advogados do Brasil, observados os impedimentos legais. (Redação dada
pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o O estagiário de advocacia regularmente inscrito na Ordem dos


Advogados do Brasil poderá sustentar oralmente, desde que instruído por
advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil. (AC).

§ 2o A instrução a que se refere o § 1o deverá ser comprovada mediante


declaração por escrito do advogado, que assumirá a responsabilidade pela
sustentação oral do estagiário. (AC).

Art. 30. A representação de que trata o art. 29 caput habilita o defensor a


intervir no processo, até o final e em qualquer grau de jurisdição, podendo as
entidades de administração do desporto e de prática desportiva credenciar
defensores para atuar em seu favor, de seus dirigentes, atletas e outras
pessoas que lhes forem subordinadas, salvo quando colidentes os interesses.
(Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).
Parágrafo único. Ainda que não colidentes os interesses, é lícita a qualquer
das pessoas mencionadas neste artigo a nomeação de outro defensor.

Art. 31. O STJD e o TJD, por meio das suas Presidências, deverão nomear
defensores dativos para exercer a defesa técnica de qualquer pessoa natural
ou jurídica que assim o requeira expressamente, bem como de qualquer atleta
menor de dezoito anos de idade, independentemente de requerimento.
(Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 32.(Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

TÍTULO III
DO PROCESSO DESPORTIVO
Capítulo I

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 33. O processo desportivo, instrumento pelo qual os órgãos judicantes


aplicam o direito desportivo aos casos concretos, será iniciado na forma
prevista neste Código e será desenvolvido por impulso oficial.

Parágrafo único. O órgão judicante poderá declarar extinto o processo, de


ofício ou a requerimento de qualquer interessado, quando exaurida sua
finalidade ou quando houver a perda do objeto. (NR).

Art. 34. O processo desportivo observará os procedimentos sumário ou


especial, regendo-se ambos pelas disposições que lhes são próprias e
aplicando-se-lhes, obrigatoriamente, os princípios gerais de direito.
§ 1o O procedimento sumário aplica-se aos processos disciplinares. § 2o O
procedimento especial aplica-se: (NR).

I - ao inquérito;

II - à impugnação de partida, prova ou equivalente; (NR). III - ao mandado de


garantia; IV - à reabilitação;

V - à dopagem, caso inexista legislação procedimental aplicável à


modalidade; (NR).

VI (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

VII - à suspensão, desfiliação ou desvinculação imposta pelas entidades de


administração ou de prática desportiva; VIII - à revisão;

IX - às medidas inominadas do art. 119; (NR).

X - à transação disciplinar desportiva. (Inclusão dada pela Resolução CNE no


29 de 2009).

Capítulo II

DA SUSPENSÃO PREVENTIVA

Art. 35. Poderá haver suspensão preventiva quando a gravidade do ato ou


fato infracional a justifique, ou em hipóteses de excepcional e fundada
necessidade, desde que requerida pela Procuradoria, mediante despacho
fundamentado do Presidente do Tribunal (STJD ou TJD), ou quando
expressamente determinado por lei ou por este Código. (Redação dada pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o O prazo da suspensão preventiva, limitado a trinta dias, deverá ser


compensado no caso de punição. (Incluído pela Resolução CNE no 11 de
2006 e Resolução CNE no 13 de 2006)

§ 2o A suspensão preventiva não poderá ser restabelecida em grau de recurso.


(Incluído pela Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução CNE no 13 de
2006)

Capítulo III
DOS ATOS PROCESSUAIS
Art. 36. Os atos do processo desportivo não dependem de forma determinada
senão quando este Código expressamente o exigir, reputando-se válidos os
que, realizados de outro modo, atendam à sua finalidade essencial. (Redação
dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único. Os órgãos judicantes poderão utilizar meios eletrônicos e


procedimentos de tecnologia de informação para dar cumprimento ao
princípio da celeridade, respeitados os prazos legais. (AC).

Art. 37. Não correm em segredo os processos em curso perante a Justiça


Desportiva, salvo as exceções previstas em lei.

Art. 38. Todas as decisões deverão ser fundamentadas, mesmo que


sucintamente.

Art. 39. O acórdão será redigido quando requerido pela parte ou pela
Procuradoria, e deverá conter, resumidamente, relatório, fundamentação,
parte dispositiva e, quando houver, a divergência. - (Redação dada pela
Resolução CNE no 29 de 2009).
Parágrafo único. O auditor incumbido de redigir o acórdão terá o prazo de
dois dias para fazê-lo, devolvendo os autos à Secretaria. (NR).

Art. 40. As decisões proferidas pelos órgãos da Justiça Desportiva devem ser
publicadas na forma da legislação desportiva, podendo, em face do princípio
da celeridade, utilizar-se de edital ou qualquer meio eletrônico, especialmente
a Internet. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 41. A Secretaria do órgão judicante numerará e rubricará todas as folhas


dos autos, e fará constar, em notas datadas e rubricadas, os termos de juntada,
vista, conclusão e outros. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de
2009).

Capítulo IV
DOS PRAZOS
Art. 42. Os atos relacionados ao processo desportivo serão realizados nos
prazos previstos por este Código.

§ 1o Quando houver omissão, o Presidente do órgão judicante fixará o prazo,


tendo em conta a complexidade da causa e do ato a ser praticado, que não
poderá exceder a três dias.

§ 2o Não havendo preceito normativo nem fixação de prazo pelo Presidente


do órgão judicante, será de três dias o prazo para a prática de ato processual a
cargo da parte.

§ 3o Nas hipóteses de competições que se realizem ininterruptamente e


findem em prazo não superior a vinte dias, o Presidente do órgão judicante
fixará o prazo, tendo em conta a complexidade da causa e do ato a ser
praticado, que não poderá exceder a três dias. (AC).
Art. 43. Os prazos correrão da intimação ou citação e serão contados
excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o dia do vencimento, salvo
disposição em contrário. (Alterado pela Resolução CNE no 11 de 2006 e
Resolução CNE no 13 de 2006)

§ 1o Os prazos são contínuos, não se interrompendo ou suspendendo no


sábado, domingo e feriado.

§ 2o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se o início ou


vencimento cair em sábado, domingo, feriado ou em dia em que não houver
expediente normal na sede do órgão judicante.

Art. 44. Decorrido o prazo, extingue-se para a parte e para a Procuradoria,


exceto em caso de oferecimento de denúncia, o direito de praticar o ato.
(Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Capítulo V

DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS

Art. 45. Citação é o ato processual pelo qual a pessoa natural ou jurídica é
convocada para, perante os órgãos judicantes desportivos, comparecer e
defender-se das acusações que lhe são imputadas. (Redação dada pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 46. Intimação é o ato processual pelo qual se dá ciência à pessoa natural
ou jurídica dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer
alguma coisa. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 47. A citação e a intimação far-se-ão por edital instalado em local de


fácil acesso localizado na sede do órgão judicante e no sítio eletrônico da
respectiva entidade de administração do desporto. (Redação dada pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o Além da publicação do edital, a citação e a intimação deverão ser


realizada por telegrama, fac-símile ou ofício, dirigido à entidade a que o
destinatário estiver vinculado. (AC).
§ 2o Poderão ser utilizados outros meios eletrônicos para efeito do previsto
no § 1o, desde que possível a comprovação de entrega. (AC).

Art. 48. O instrumento de citação indicará o nome do citado a entidade a que


estiver vinculado, o dia, a hora e o local de comparecimento e a finalidade de
sua convocação. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 49. O instrumento de intimação indicará o nome do intimado, a entidade


a que estiver vinculado, o prazo para realização do ato e finalidade de sua
intimação. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 50. Feita a citação, por qualquer das formas estabelecidas, o processo
terá seguimento, independentemente do comparecimento do citado. (Redação
dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o O comparecimento espontâneo da parte supre a falta ou a irregularidade


da citação(AC).

§ 2o Comparecendo a parte apenas para arguir a falta ou a irregularidade da


citação e sendo acolhida, considerar-se-á feita a citação na data do
comparecimento, adiando-se o julgamento para a sessão subsequente. (AC).

Art. 51. O intimado que deixar de cumprir a ordem expedida pelo órgão
judicante fica sujeito às cominações previstas por este Código.

Art. 51-A. Se a pessoa a ser citada ou intimada não mais estiver vinculada à
entidade a que o destinatário estiver vinculado, esta deverá tomar as
providências cabíveis para que a citação ou intimação seja tempestivamente
recebida por aquela. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único. Sujeitam-se às penas do art. 220-A, III, a entidade que


deixar de tomar as providências mencionadas no caput, salvo se demonstrada
a impossibilidade de encontrar a pessoa a ser citada ou intimada. (Incluído
pela Resolução CNE no 29 de 2009).
Capítulo VI
DAS NULIDADES
Art. 52. Quando prescrita determinada forma, sem cominação de nulidade, o
órgão judicante considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe
alcançar a finalidade. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 53. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em
que couber à parte manifestar-se nos autos e só será declarada se ficar
comprovada a inobservância ou violação dos princípios que orientam o
processo desportivo.

Parágrafo único. O órgão judicante, ao declarar a nulidade, definirá os atos


atingidos, ordenando as providências necessárias, a fim de que sejam
repetidos ou retificados.

Art. 54. A nulidade não será declarada: I - quando se tratar de mera


inobservância de formalidade não essencial; II - quando o processo, no
mérito, puder ser resolvido a favor da parte a quem a declaração de nulidade
aproveitaria; III - em favor de quem lhe houver dado causa.
Capítulo VII

DA INTERVENÇÃO DE TERCEIRO

Art. 55. A intervenção de terceiro poderá ser admitida quando houver


legítimo interesse e vinculação direta com a questão discutida no processo,
devendo o pedido ser acompanhado da prova de legitimidade, desde que
requerido até o dia anterior à sessão de julgamento. (Redação dada pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único. As entidades de administração do desporto têm a


prerrogativa de intervir no processo no estado em que se encontrar. (NR).

Capítulo VIII
DAS PROVAS
Seção I

Das Disposições Gerais

Art. 56. Todos os meios legais, ainda que não especificados neste Código,
são hábeis para provar a verdade dos fatos alegados no processo desportivo.
(Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 57. A prova dos fatos alegados no processo desportivo incumbirá à parte
que a requerer, arcando esta com os eventuais custos de sua produção.
(Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único. Independem de prova os fatos: I - notórios;

II - alegados por uma parte e confessados pela parte contrária; III - que
gozarem da presunção de veracidade.
Art. 58. A súmula, o relatório e as demais informações prestadas pelos
membros da equipe de arbitragem, bem como as informações prestadas pelos
representantes da entidade desportiva, ou por quem lhes faça as vezes,
gozarão da presunção relativa de veracidade. (Redação dada pela Resolução
CNE no 29 de 2009).

§ 1o A presunção de veracidade contida no caput deste artigo servirá de base


para a formulação da denúncia pela Procuradoria ou como meio de prova,
não constituindo verdade absoluta.

§ 2o Quando houver indício de infração praticada pelas pessoas referidas no


caput, não se aplica o disposto neste artigo.

§ 3o Se houver discrepância entre as informações prestadas pelos membros


da equipe de arbitragem e pelos representantes da entidade desportiva,
ausentes demais meios de convencimento, a presunção de veracidade recairá
sobre as informações do árbitro, com relação ao local da disputa de partida,
prova ou equivalente, ou sobre as informações dos representantes da entidade
desportiva, nas demais hipóteses. (Inclusão dada pela Resolução CNE no 29
de 2009).
Art. 58-A. Nos processos disciplinares, o ônus da prova da infração incumbe
à Procuradoria. (Inclusão dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 58-B. As decisões disciplinares tomadas pela equipe de arbitragem


durante a disputa de partidas, provas ou equivalentes são definitivas, não
sendo passíveis de modificação pelos órgãos judicantes da Justiça
Desportiva. (Inclusão dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo Único. Em caso de infrações graves que tenham escapado à


atenção da equipe de arbitragem, ou em caso de notório equívoco na
aplicação das decisões disciplinares, os órgãos judicantes poderão,
excepcionalmente, apenar infrações ocorridas na disputa de partidas, provas
ou equivalentes. (Inclusão dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 59. A matéria de prova relativa à dopagem será regulada pela legislação
específica. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Seção II

Do Depoimento Pessoal
Art. 60. O Presidente do órgão judicante pode, a requerimento da
Procuradoria, da parte ou de terceiro interveniente, determinar o
comparecimento pessoal da parte a fim de ser interrogada sobre os fatos da
causa. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o O depoimento pessoal deve ser, preferencialmente, tomado no início da


sessão de instrução e julgamento.

§ 2o A parte será interrogada na forma determinada para inquirição de


testemunhas.

Seção III

Da Prova Documental

Art. 61. Compete à parte interessada produzir a prova documental que


entenda necessária.
Seção IV

Da Exibição de Documento ou Coisa

Art. 62. O Presidente do órgão judicante poderá ordenar, a requerimento


motivado da parte, de terceiro interveniente ou da Procuradoria, a exibição de
documento ou coisa necessária à apuração dos fatos. (Redação dada pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único. A desobediência da determinação a que se refere o caput


implicará as penas previstas no art. 220-A, I, deste Código. (Inclusão dada
pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Seção V

Da Prova Testemunhal

Art. 63. Toda pessoa pode servir como testemunha, exceto o incapaz, o
impedido ou o suspeito, assim definidos na lei.
§ 1o A testemunha assumirá o compromisso de bem servir ao desporto, de
dizer a verdade sobre o que souber e lhe for perguntado, devendo qualificar-
se e declarar se tem parentesco ou amizade com as partes.

§ 2o Quando o interesse do desporto o exigir, o órgão judicante ouvirá


testemunha incapaz, impedida ou suspeita, mas não lhe deferirá compromisso
e dará ao seu depoimento o valor que possa merecer.

Art. 64. Incumbe à parte, até o início da sessão de instrução e julgamento,


apresentar suas testemunhas.

§ 1o É permitido a cada parte apresentar, no máximo, três testemunhas.

§ 2o Nos processos com mais de três interessados, o número de testemunhas


não poderá exceder a nove.

§ 3o As testemunhas deverão comparecer independentemente de intimação,


salvo nos casos previstos nos procedimentos especiais.

§ 4o É vedado à testemunha trazer o depoimento por escrito, ou fazer


apreciações pessoais sobre os fatos testemunhados, salvo quando inseparáveis
da respectiva narração.

§ 5o Os auditores, diretamente, a Procuradoria e as partes, por intermédio do


Presidente do órgão judicante, poderão reinquirir as testemunhas.

§ 6o O relator ouvirá as testemunhas separada e sucessivamente, primeiro, as


da Procuradoria e, em seguida, as das partes, providenciando para que uma
não ouça os depoimentos das demais.

Seção VI

Dos Meios Audiovisuais

Art. 65. As provas fotográficas, fonográficas, cinematográficas, de vídeo tape


e as imagens fixadas por qualquer meio ou processo eletrônico serão
apreciadas com a devida cautela, incumbindo à parte que as quiser produzir o
pagamento das despesas com as providências que o órgão judicante
determinar. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 66. A produção das provas previstas no art. 65 deverá ser requerida pela
parte até o início da sessão de instrução e julgamento. (Redação dada pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 67. As provas referidas no art. 65, quando não houver motivo que
justifique a sua conservação no processo, poderão ser restituídas, mediante
requerimento da parte, depois de ouvida a Procuradoria, desde que
devidamente certificado nos autos.

Seção VII

Da Prova Pericial

Art. 68. A prova pericial consiste em exame e vistoria.

Parágrafo único. O Presidente do órgão judicante indeferirá a produção de


prova pericial quando: I - o fato não depender do conhecimento especial de
técnico; II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas ou
passíveis de produção; III - for impraticável; IV - for requerida com fins
meramente protelatórios.

Art. 69. Deferida a prova pericial, o Presidente do órgão judicante nomeará


perito, formulará quesitos e fixará prazo para apresentação do laudo.

§ 1o É facultado às partes indicar assistente técnico e formular quesitos, no


prazo de vinte e quatro horas.

§ 2o A nomeação de perito deverá recair sobre pessoa com qualificação


técnica comprovada. (Alterado pela Resolução CNE no 11 de 2006 e
Resolução no 13 de 2006)

§ 3o O prazo para conclusão do laudo será de quarenta e oito horas, podendo


o Presidente do órgão judicante prorrogá-lo a pedido do perito, em casos
excepcionais.

Seção VIII Da Inspeção


Art. 70. O relator, de ofício, a requerimento da Procuradoria ou da parte
interessada, poderá promover a realização de inspeção, a fim de buscar
esclarecimento sobre fato que interesse à decisão da causa, sendo-lhe
facultado requerer auxílio de outros auditores. (Redação dada pela Resolução
CNE no 29 de 2009).

Art. 71. Concluída a inspeção, o relator mandará lavrar auto circunstanciado,


mencionando nele tudo quanto for útil ao julgamento da causa.

Capítulo IX

DO REGISTRO E DA DISTRIBUIÇÃO

Art. 72. O registro e a distribuição dos processos submetidos à Justiça


Desportiva serão regulados no regimento interno do respectivo Tribunal
(STJD ou TJD). (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

TÍTULO IV

DAS ESPÉCIES DO PROCESSO DESPORTIVO


Capítulo I

DO PROCEDIMENTO SUMÁRIO

Art. 73. O procedimento sumário será iniciado privativamente mediante


denúncia da Procuradoria e destina-se à aplicação de medidas disciplinares.
(Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 74. Qualquer pessoa natural ou jurídica poderá apresentar por escrito
notícia de infração disciplinar desportiva à Procuradoria, desde que haja
legítimo interesse, acompanhada da prova de legitimidade. (Redação dada
pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o Incumbirá exclusivamente à Procuradoria avaliar a conveniência de


promover denúncia a partir da notícia de infração a que se refere este artigo,
não se aplicando à hipótese o procedimento do art. 78. (AC).

§ 2o Caso o procurador designado para avaliar a notícia de infração opine por


seu arquivamento, poderá o interessado requerer manifestação do Procurador-
Geral, no prazo de três dias, para reexame da matéria. (AC).

§ 3o Mantida pelo Procurador-Geral a manifestação contrária à denúncia, a


notícia de infração será arquivada. (AC).

Art. 75. A súmula e o relatório da competição serão elaborados e entregues


pelo árbitro e seus auxiliares dentro do prazo estipulado em lei ou, em sendo
omissa, no regulamento.

§ 1o A inobservância do prazo previsto no caput não impedirá o início do


processo pela Procuradoria, sem prejuízo de eventual punição dos
responsáveis pelo atraso.

§ 2o A entidade responsável pela organização da competição dará


publicidade aos documentos previstos no caput, na forma da lei.

Art. 76. A entidade de administração do desporto, quando verificar existência


de qualquer irregularidade anotada nos documentos mencionados no art. 75,
os remeterá ao respectivo Tribunal (STJD ou TJD), no prazo de três dias,
contado do seu recebimento. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de
2009).

Art. 77. Recebida e despachada a documentação pelo Presidente do Tribunal


(STJD ou TJD), a Secretaria procederá ao registro, encaminhando-a à
Procuradoria para manifestação no prazo de dois dias. (NR) (Redação dada
pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 78. Se a Procuradoria requerer o arquivamento, o Presidente do Tribunal


(STJD ou TJD), considerando procedentes as razões invocadas, determinará o
arquivamento do processo, em decisão fundamentada. (Redação dada pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o Se o Presidente do Tribunal (STJD ou TJD) considerar improcedentes as


razões invocadas, fará remessa dos autos a outro procurador, para reexame da
matéria. (NR).

§ 2o Mantida a manifestação contrária à denúncia, os autos serão arquivados.


§ 3o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

I (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

II (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009). III -(Revogado pela


Resolução CNE no 29 de 2009). IV (Revogado pela Resolução CNE no 29 de
2009).

§ 4o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 78-A. Recebida a denúncia, os autos serão conclusos ao Presidente do


respectivo Tribunal (STJD ou TJD) que, no prazo de dois dias a contar de seu
recebimento: (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

I - sorteará relator; (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

II - analisará a incidência da suspensão preventiva, caso já não tenha sido


determinada; (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

III - designará dia e hora da sessão de instrução e julgamento; (Incluído pela


Resolução CNE no 29 de 2009).

IV - determinará o cumprimento dos atos de comunicação processual e


demais providências cabíveis. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).
Parágrafo único. Sendo de competência da Comissão Disciplinar o
processamento da denúncia, será a ela encaminhada, procedendo o Presidente
da Comissão Disciplinar na forma dos incisos I, III e IV deste artigo.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 78-B. O regimento interno dos Tribunais (TJD ou STJD) poderá atribuir
aos Presidentes de Comissões Disciplinares os trâmites processuais
estabelecidos pelos arts. 77, 78 e 78-A. (Incluído pela Resolução CNE no 29
de 2009).

Art. 79. A denúncia deverá conter:

I - descrição detalhada dos fatos; (NR). II - qualificação do infrator; III -


dispositivo supostamente infringido. (NR).

Parágrafo único. A indicação de dispositivo inaplicável aos fatos não inquina


a denúncia e deverá ser corrigida pelo procurador presente à sessão de
julgamento, podendo a parte interessada requerer o adiamento do julgamento
para a sessão subsequente. (AC).

Capítulo II
DOS PROCEDIMENTOS
ESPECIAIS

(Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Seção I

Das Disposições Gerais

Art. 80. Nos procedimentos especiais, o pedido inicial deverá ser,


obrigatoriamente, acompanhado do comprovante do pagamento do preparo,
quando incidente, no valor e forma estabelecidos pelo regimento de
emolumentos a ser editado pelo STJD de cada modalidade, sob pena de
indeferimento. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único. A Procuradoria e as entidades de administração do desporto


são isentas do recolhimento de emolumentos. (AC).
Seção I-A

(Incluída pela Resolução CNE no 29 de 2009).

DA TRANSAÇÃO DISCIPLINAR DESPORTIVA

(Incluída pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 80-A. A Procuradoria poderá sugerir a aplicação imediata de quaisquer


das penas previstas nos incisos II a IV do art. 170, conforme especificado em
proposta de transação disciplinar desportiva apresentada ao autor da infração.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o A transação disciplinar desportiva somente poderá ser admitida nos


seguintes casos: - (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

I - de infração prevista no art. 206, excetuada a hipótese de seu § 1o;


(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

II - de infrações previstas nos arts. 250 a 258-C; (Incluído pela Resolução


CNE no 29 de 2009). III - de infrações previstas nos arts. 259 a 273.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).
§ 2o Não se admitirá a proposta de tramitação disciplinar desportiva quando:
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

I - o infrator tiver sido beneficiado, no prazo de trezentos e sessenta dias


anteriores à infração, pela transação disciplinar desportiva prevista neste
artigo; (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

II - o infrator não possuir antecedentes e conduta desportiva justificadores da


adoção da medida; (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

III - os motivos e as circunstâncias da infração indicarem não ser suficiente a


adoção da medida. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 3o A transação disciplinar desportiva deverá conter ao menos uma das


penas previstas nos incisos II a IV do art. 170, que poderão ser cumuladas
com medidas de interesse social. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de
2009).

§ 4o Aceita a proposta de transação disciplinar desportiva pelo autor da


infração, será submetida à apreciação de relator sorteado, que deverá ser
membro do Tribunal Pleno do TJD ou STJD competente para julgar a
infração. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).
§ 5o Acolhendo a proposta de transação disciplinar desportiva, o relator
aplicará a pena, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas
para impedir novamente a concessão do mesmo benefício ao infrator no
prazo de trezentos e sessenta dias. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de
2009).

§ 6o Da decisão do relator que negar a transação disciplinar desportiva


acordada entre Procuradoria e infrator caberá recurso ao Tribunal Pleno.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 7o A transação disciplinar desportiva a que se refere este artigo poderá ser


firmada entre Procuradoria e infrator antes ou após o oferecimento de
denúncia, em qualquer fase processual, devendo sempre ser submetida à
apreciação de relator sorteado, membro do Tribunal Pleno do TJD ou STJD
competente para julgar a infração, suspendendo-se condicionalmente o
processo até o efetivo cumprimento da transação. (Incluído pela Resolução
CNE no 29 de 2009).

§ 8o Quando a denúncia ou o recurso já houver sido distribuído, o relator


sorteado, membro do Tribunal Pleno do TJD ou STJD competente para julgar
a infração, será o competente para apreciar a transação disciplinar desportiva.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).
Seção II

Do Inquérito

Art. 81. O inquérito tem por fim apurar a existência de infração disciplinar e
determinar a sua autoria, para subsequente instauração da ação cabível,
podendo ser determinado de ofício pelo Presidente do Tribunal competente
(STJD ou TJD), ou a requerimento da Procuradoria ou da parte interessada.
(Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o O requerimento deve conter a indicação de elementos que evidenciem


suposta prática de infração disciplinar, das provas que pretenda produzir, e
das testemunhas a serem ouvidas, se houver, sendo facultado ao Presidente
do Tribunal (STJD ou TJD) a determinação de atos complementares. (NR).

§ 2o Sendo o inquérito requerido pela parte interessada, ouvir-se-á


obrigatoriamente a Procuradoria, que poderá: (Incluído pela Resolução CNE
no 11 de 2006 e Resolução CNE no 13 de 2006) I - opinar pela rejeição, caso
a parte interessada não apresente qualquer elemento prévio de convicção;
(Incluído pela Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução CNE no 13 de
2006) II - acompanhar o feito até a conclusão. (NR).
Art. 82. Deferido o pedido, o Presidente do Tribunal (STJD ou TJD) sorteará
auditor processante, que terá o prazo de quinze dias para sua conclusão,
prorrogável por igual período. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de
2009).

§ 1o Para a realização das diligências e oitiva de testemunhas, facultar-se-á


ao auditor processante requerer auxílio de outros auditores ou solicitar que
depoimentos sejam prestados por escrito, caso o deslocamento de depoentes
ao órgão judicante se demonstre de difícil consecução. (NR).

§ 2o Realizadas as diligências e ouvidas as testemunhas, não havendo atos


investigatórios remanescentes, o inquérito, com o relatório, será concluído
por termo nos autos. (NR).

§ 3o Caracterizada, pelo auditor processante, a existência de infração e


determinada sua autoria, os autos de inquérito serão remetidos à
Procuradoria, para as providências cabíveis. (NR).

§ 4o Não restando caracterizada infração ou não determinada a autoria, os


autos de inquérito serão arquivados, por decisão fundamentada do auditor
processante. (AC).
Art. 83. O requerimento de instauração de inquérito será indeferido pelo
Presidente quando verificar a inexistência dos elementos indispensáveis ao
procedimento. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Seção III

Da Impugnação de Partida, Prova ou Equivalente

Art. 84. O pedido de impugnação deverá ser dirigido ao Presidente do


Tribunal (STJD ou TJD), em duas vias devidamente assinadas pelo
impugnante ou por procurador com poderes especiais, acompanhado dos
documentos que comprovem os fatos alegados e da prova do pagamento dos
emolumentos, limitado às seguintes hipóteses: (Redação dada pela Resolução
CNE no 29 de 2009).

I - modificação de resultado; (Incluído pela Resolução CNE no 11 de 2006 e


Resolução CNE no 13 de 2006) II - anulação de partida, prova ou
equivalente. (Incluído pela Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução CNE
no 13 de 2006)

§ 1o São partes legítimas para promover a impugnação as pessoas naturais ou


jurídicas que tenham disputado a partida, prova ou equivalente em cada
modalidade, ou as que tenham imediato e comprovado interesse no seu
resultado, desde que participante da mesma competição. (NR).
§ 2o A petição inicial será liminarmente indeferida pelo Presidente do
Tribunal competente quando: (NR).

I - manifestamente inepta;

II - manifesta a ilegitimidade da parte; III - faltar condição exigida pelo


Código para a iniciativa da impugnação; IV - não comprovado o pagamento
dos emolumentos.

§ 3o O Presidente do Tribunal (STJD ou TJD), ao receber a impugnação, dará


imediato conhecimento da instauração do processo ao Presidente da
respectiva entidade de administração do desporto, para que não homologue o
resultado da partida, prova ou equivalente até a decisão final da impugnação.
(NR).

§ 4o Não caberá pedido de impugnação no caso de inclusão de atleta sem


condição legal de participar de partida, prova ou equivalente. (Incluído pela
Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução CNE no 13 de 2006)

Art. 85. A impugnação deverá ser protocolada no Tribunal (STJD ou TJD)


competente, em até dois dias depois da entrada da súmula na entidade de
administração do desporto. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de
2009).
Art. 86. Recebida a impugnação, dar-se-á vista à parte contrária, pelo prazo
de dois dias, para pronunciar-se, indo o processo, em seguida, à Procuradoria,
por igual prazo, para manifestação.

Art. 87. Decorrido o prazo da Procuradoria, o Presidente do Tribunal (STJD


ou TJD) sorteará relator, incluindo o feito em pauta para julgamento.
(Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Seção IV

Do Mandado de Garantia

Art. 88. Conceder-se-á mandado de garantia sempre que, ilegalmente ou com


abuso de poder, alguém sofrer violação em seu direito líquido e certo, ou
tenha justo receio de sofrê-la por parte de qualquer autoridade desportiva.

Parágrafo único. O prazo para interposição do mandado de garantia extingue-


se decorridos vinte dias contados da prática do ato, omissão ou decisão.
Art. 89. Não se concederá mandado de garantia contra ato, omissão ou
decisão de que caiba recurso próprio e tenha sido concedido o efeito
suspensivo. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 90. A petição inicial, dirigida ao Presidente do Tribunal (STJD ou TJD)


e acompanhada do comprovante do pagamento dos emolumentos, será
apresentada em duas vias, devendo os documentos que instruírem a primeira
via serem reproduzidos na outra.

Parágrafo único. Após a apresentação da petição inicial não poderão ser


juntados novos documentos nem aduzidas novas razões.

Art. 91. Ao despachar a inicial, o Presidente do Tribunal (STJD ou TJD)


ordenará que se notifique a autoridade coatora, à qual será enviada uma via
da inicial, com a cópia dos documentos, para que, no prazo de três dias,
preste informações. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 92. Em caso de urgência, será permitido, observados os requisitos desta


Seção, inclusive a comprovação do pagamento dos emolumentos, impetrar
mandado de garantia por telegrama, fac-símile ou meio eletrônico que
possibilite comprovação de recebimento, desde que comprovada a remessa
do original no prazo do parágrafo único do artigo 88, sob pena de extinção do
processo, podendo o Presidente do Tribunal (STJD ou TJD), pela mesma
forma, determinar a notificação da autoridade coatora. (Redação dada pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 93. Quando relevante o fundamento do pedido e a demora possa tornar


ineficaz a medida, o Presidente do Tribunal (STJD ou TJD), ao despachar a
inicial, poderá conceder medida liminar. (Redação dada pela Resolução CNE
no 29 de 2009).

Art. 94. A inicial será, desde logo, indeferida quando não for caso de
mandado de garantia ou quando lhe faltar algum dos requisitos previstos
neste Código.

Parágrafo único. Do despacho de indeferimento caberá recurso para o


Tribunal Pleno do respectivo Tribunal (STJD ou TJD). (NR).

Art. 95. Findo o prazo para as informações, com ou sem elas, o Presidente do
Tribunal (STJD

ou TJD), depois de sortear o relator, mandará dar vista do processo à


Procuradoria, que terá dois dias para manifestação. (Redação dada pela
Resolução CNE no 29 de 2009).
Parágrafo único. Restituídos os autos pela Procuradoria, será designada data
para julgamento. Art. 96. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 97. Os processos de mandado de garantia têm prioridade sobre os


demais.

Art. 98. O pedido de mandado de garantia poderá ser renovado se a decisão


denegatória não lhe houver apreciado o mérito.

Seção V

Da Reabilitação

Art. 99. A pessoa natural que houver sofrido eliminação poderá pedir
reabilitação ao órgão judicante que lhe impôs a pena definitiva, se decorridos
mais de dois anos do trânsito em julgado da decisão, instruindo o pedido com
a documentação que julgar conveniente e, obrigatoriamente, com a prova do
pagamento dos emolumentos, com a prova do exercício de profissão ou de
atividade escolar e com a declaração de, no mínimo, três pessoas vinculadas
ao desporto, de notória idoneidade, que atestem plenamente as condições de
reabilitação. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único. No caso de infrações por dopagem, observar-se-á o disposto


no art. 244-A. (AC).

Art. 100. Recebido o pedido, será dada vista à Procuradoria, pelo prazo de
três dias, para emitir parecer, sendo o processo encaminhado ao Presidente do
órgão judicante, que, sorteando relator, incluirá em pauta de julgamento.
(Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Seção VI Da Dopagem

Art. 100-A. Aplicar-se-ão as regras desta Seção caso a legislação da


respectiva modalidade não estabeleça regras procedimentais específicas para
as infrações por dopagem. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 101. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).


Art. 102. Configurado o resultado anormal na análise anti-dopagem, o
Presidente da entidade de administração do desporto ou quem o represente,
em vinte e quatro horas, remeterá o laudo correspondente, acompanhado do
laudo da contraprova, ao Presidente do Tribunal (STJD ou TJD), que
decretará, também em vinte e quatro horas, o afastamento preventivo do
atleta, pelo prazo máximo de trinta dias.

§ 1o No mesmo despacho, assinará ao atleta, à entidade de prática ou


entidade de administração do desporto a que pertencer e aos demais
responsáveis, quando houver, o prazo comum de cinco dias, para oferecer
defesa escrita e as provas que tiver.

§ 2o Não havendo se manifestado o atleta no prazo legal, será designado


defensor dativo para apresentação de defesa escrita, no prazo de dois dias.
(NR).

§ 3o Esgotado o prazo a que se refere o § 2o, com defesa ou sem ela, o


Presidente do Tribunal (STJD ou TJD) competente, nas vinte e quatro horas
seguintes, remeterá o processo à Procuradoria para oferecer denúncia no
prazo de dois dias. (AC).
Art. 103. Oferecida a denúncia, o Presidente do órgão judicante, nas vinte e
quatro horas seguintes, sorteará o auditor relator e marcará, desde logo, data
para a sessão de julgamento, que se realizará dentro de dez dias. (Redação
dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 104. Na sessão de julgamento, as partes terão o prazo de quinze minutos


para sustentação oral. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 105. Proclamada eventual decisão condenatória, haverá detração nos


casos de cumprimento do afastamento preventivo. (Redação dada pela
Resolução CNE no 29 de 2009). Art. 106. (Revogado pela Resolução CNE
no 29 de 2009).

Seção VII

Das Infrações Punidas Com Eliminação

Art. 107. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).


Art. 108. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009). Parágrafo único
(Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009). Art. 109. (Revogado pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 110. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Seção VIII

Da Suspensão, Desfiliação ou Desvinculação Impostas pelas Entidades de


Administração ou de Prática Desportiva

Art. 111. A imposição das sanções de suspensão, desfiliação ou


desvinculação, pelas entidades desportivas, com o objetivo de manter a
ordem desportiva, somente serão aplicadas após decisão definitiva da Justiça
Desportiva.

Parágrafo único (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§1o A decisão administrativa expedida para aplicação de suspensão,


desfiliação ou desvinculação imposta pelas entidades de administração ou de
prática desportiva será homologada pelo respectivo Tribunal (STJD ou TJD),
mediante remessa de ofício. (AC).

§2o Caso identificada nulidade, esta será declarada pelo Tribunal competente
(STJD ou TJD) e os autos serão devolvidos à entidade de administração ou de
prática desportiva. (AC).

Seção IX

Da Revisão

Art. 112. A revisão dos processos findos será admitida: I - quando a decisão
houver resultado de manifesto erro de fato ou de falsa prova; II - quando a
decisão tiver sido proferida contra literal disposição de lei ou contra a
evidência da prova; III - quando, após a decisão, se descobrirem provas da
inocência do punido ou de atenuantes relevantes. (NR).

Art. 113. A revisão é admissível até três anos após o trânsito em julgado da
decisão condenatória, mas não admite reiteração ou renovação, salvo se
fundada em novas provas.
Art. 114. Não cabe revisão da decisão que importe em exclusão de
competição, perda de pontos, de renda ou de mando de campo. (Redação
dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 115. A revisão só pode ser pedida pelo prejudicado, que deverá formulá-
la em petição escrita, desde logo instruída com as provas que a justifiquem,
nos termos do art. 112.

Art. 116. O órgão judicante, se julgar procedente o pedido de revisão, poderá


alterar a classificação da infração, absolver o requerente, modificar a pena ou
anular o processo, especificando o alcance da decisão. (Redação dada pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 117. Em nenhum caso poderá ser agravada a pena imposta na decisão
revista. Art. 118. É obrigatória, nos pedidos de revisão, a intervenção da
Procuradoria.

Seção X

Das Medidas Inominadas


Art. 119. O Presidente do Tribunal (STJD ou do TJD), perante seu órgão
judicante e dentro da respectiva competência, em casos excepcionais e no
interesse do desporto, em ato fundamentado, poderá permitir o ajuizamento
de qualquer medida não prevista neste Código, desde que requerida no prazo
de três dias contados da decisão, do ato, do despacho ou da inequívoca
ciência do fato, podendo conceder efeito suspensivo ou liminar quando
houver fundado receio de dano irreparável, desde que se convença da
verossimilhança da alegação. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de
2009).

§ 1o Recebida pelo Presidente do Tribunal (STJD ou TJD) a medida a que se


refere este artigo, proceder-se-á na forma do art. 78-A. (AC).

§ 2o Os réus, a Procuradoria e as partes interessadas terão o prazo comum de


dois dias para apresentar contra-razões, contado a partir do despacho que lhes
abrir vista dos autos. (AC).

§ 3o Caberá recurso voluntário da decisão do Presidente do Tribunal (STJD


ou TJD) que deixar de receber a medida a que se refere este artigo. (AC).
Seção XI

Do Enunciado de Súmula

Art. 119-A. O Tribunal Pleno do STJD poderá, após reiteradas decisões sobre
matéria de sua competência, editar enunciado de súmula que, a partir de sua
publicação na forma do art. 40, poderá ter efeito vinculante em relação a
todos os órgãos judicantes da respectiva modalidade, nas esferas nacional e
regional, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento. (Incluído pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o A edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula


dependerão de decisão tomada por dois terços dos membros do Tribunal
Pleno do STJD. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 2o O enunciado da súmula terá por objeto a validade, a interpretação e a


eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia que
acarrete insegurança jurídica e multiplicação de processos sobre questão
idêntica. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 3o A revisão ou cancelamento de enunciado de súmula poderão ser


propostos: (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).
I - por qualquer auditor do Tribunal Pleno do STJD; (Incluído pela Resolução
CNE no 29 de 2009).

II - pelo Procurador-Geral do STJD; (Incluído pela Resolução CNE no 29 de


2009).

III - pela entidade nacional de administração do desporto; (Incluído pela


Resolução CNE no 29 de 2009).

IV - pelas entidades de prática desportiva que participem da principal


competição da entidade nacional de administração do desporto; (Incluído pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

V - pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; (Incluído


pela Resolução CNE no 29 de 2009).

VI - por entidade representativa dos árbitros; (Incluído pela Resolução CNE


no 29 de 2009). VII - por entidade representativa dos atletas; (Incluído pela
Resolução CNE no 29 de 2009). VIII - pelos Tribunais de Justiça Desportiva.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 4o O Procurador-Geral do STJD, nas propostas que não houver formulado,


manifestar-se-á previamente à edição, revisão ou cancelamento de enunciado
de súmula. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 5o A súmula terá eficácia imediata, mas o Tribunal Pleno do STJD, por


decisão de dois terços dos seus membros, poderá excluir ou restringir os
efeitos vinculantes, bem como decidir que só tenha eficácia a partir de outro
momento, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional
interesse do desporto. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 6o Revogada ou modificada a norma em que se fundou a edição de


enunciado de súmula, o Tribunal Pleno do STJD, de ofício ou por
provocação, procederá à sua revisão ou cancelamento, conforme o caso.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 7o A proposta de edição, revisão ou cancelamento de enunciado de súmula


não autoriza a suspensão dos processos em que se discuta a mesma questão.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Capítulo III

DA SESSÃO DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO

Art. 120. Nas sessões de instrução e julgamento será observada a pauta


previamente elaborada pela Secretaria, de acordo com a ordem numérica dos
processos.
§ 1o Terão preferência os procedimentos especiais e os pedidos de
preferência das partes que estiverem presentes, com prioridade para as que
residirem fora da sede do órgão judicante.

§ 2o As sessões de instrução e julgamento serão públicas, podendo o


Presidente do órgão judicante, por motivo de ordem ou segurança, determinar
que a sessão seja secreta, garantida, porém, a presença da Procuradoria, das
partes e seus representantes.

§ 3o Na impossibilidade de comparecimento do relator anteriormente


sorteado, o processo poderá ser redistribuído e julgado na mesma sessão.
(NR).

Art. 121. No dia e hora designados, havendo quorum, o Presidente do órgão


judicante declarará aberta a sessão de instrução e julgamento.

Art. 122. Deverá ser lavrada ata da sessão de instrução e julgamento em que
conste o essencial. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).
Art. 123. Em cada processo, antes de dar a palavra ao relator, o Presidente
indagará das partes se têm provas a produzir.

Parágrafo único. Compete ao relator deferir ou não a produção das provas.


(AC).

Art. 124. Durante a sessão de instrução e julgamento, após a apresentação do


relatório, as provas deferidas serão produzidas na seguinte ordem: I -
documental;

II - cinematográfica; III - fonográfica; IV - depoimento pessoal; V -


testemunhal; VI - outras pertinentes.

Art. 125. Concluída a fase instrutória, com a produção das provas, será dado
o prazo de dez minutos, sucessivamente, à Procuradoria e cada uma das
partes, para sustentação oral.

§ 1o Quando duas ou mais partes forem representadas pelo mesmo defensor,


o prazo para sustentação oral será de quinze minutos.
§ 2o Quando houver apenas um defensor a fazer uso da palavra na tribuna,
este poderá optar entre sustentar oralmente antes ou após o voto do relator.
(NR).

§ 3o Em casos especiais, poderão ser prorrogados os prazos previstos neste


artigo, a critério do Presidente do órgão judicante. (AC).

§ 4o Quando houver terceiros intervenientes, o Presidente do órgão judicante


fixará prazo para sustentação oral, que ocorrerá após a sustentação oral das
partes. (AC).

Art. 126. Encerrados os debates, o Presidente indagará dos auditores se


pretendem algum esclarecimento ou diligência e, não havendo, prosseguirá
com o julgamento. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o Se algum dos auditores pretender esclarecimento, este lhe será dado pelo
relator.
§ 2o As diligências propostas por qualquer auditor e deferidas pelo órgão
judicante, quando não puderem ser cumpridas desde logo, adiarão o
julgamento para a sessão seguinte.

Art. 127. Após os votos do relator e do Vice-Presidente, votarão os demais


auditores, por ordem de antiguidade e, por último, o Presidente.

Art. 128. O auditor, na oportunidade de proferir o seu voto, poderá pedir vista
do processo e, quando mais de um o fizer, a vista será comum.

§ 1o O pedido de vista não impedirá que o processo seja julgado na mesma


sessão, após o tempo concedido pelo Presidente para a vista.

§ 2o Quando a complexidade da causa assim o justificar, o auditor poderá


pedir vista pelo prazo de uma sessão, prorrogável, no máximo, por mais uma
sessão. (NR).
§ 3o Reiniciado o julgamento, prosseguir-se-á na apuração dos votos,
podendo-se rever os já proferidos; quando o reinício do julgamento se der em
outra sessão, as partes e a Procuradoria poderão proferir nova sustentação
oral. (NR).

§ 4o Nenhum julgamento será reiniciado sem a presença do relator. (AC).

Art. 129. O auditor pode usar da palavra duas vezes sobre a matéria em
julgamento.

Art. 130. Só poderá votar o auditor que tenha assistido ao relatório.

Art. 131. Nos casos de empate na votação, ao Presidente é atribuído o voto de


desempate, salvo quando se tratar de imposição de qualquer das penas
disciplinares relacionadas no art. 170. (Redação dada pela Resolução CNE no
29 de 2009).
Art. 132. Nas hipóteses de imposição de quaisquer das penas disciplinares
relacionadas no art. 170, prevalecerão, nos casos de empate na votação, os
votos mais favoráveis ao denunciado, não havendo atribuição de voto de
desempate ao Presidente. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de
2009).

§ 1o Quando os votos pela condenação do denunciado não forem unânimes a


respeito da qualificação jurídica da conduta, serão computados
separadamente os votos pela absolvição e os votos atribuídos a cada diferente
tipo infracional; somente haverá condenação se o número de votos atribuídos
a um específico tipo infracional for superior ao número de votos absolutórios.
(AC).

§ 2o Na hipótese condenatória do § 1o, apenas os votos atribuídos ao tipo


infracional prevalecente serão computados para quantificação da pena. (AC).

§ 3o Havendo empate na votação para quantificação da pena, em virtude da


diversidade de votos computáveis, prevalecerão, entre os votos empatados, os
mais favoráveis ao denunciado. (AC).

§ 4o Quando o tipo infracional prevalecente permitir a aplicação simultânea


de mais de uma penalidade, far-se-á separadamente o cômputo dos votos para
aplicação, e, se for o caso, quantificação de cada pena específica, aplicando-
se o § 3o em caso de empate. (AC).

§ 5o Na aplicação deste artigo, considerar-se-á a pena de multa mais branda


do que a de suspensão. (AC).

Art. 133. Proclamado o resultado do julgamento, a decisão produzirá efeitos


imediatamente, independentemente de publicação ou da presença das partes
ou de seus procuradores, desde que regularmente intimados para a sessão de
julgamento, salvo na hipótese de decisão condenatória, cujos efeitos
produzir-se-ão a partir do dia seguinte à proclamação. (Redação dada pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único. Nenhum ato administrativo poderá afetar as decisões


proferidas pelos órgãos da Justiça Desportiva. (Incluído pela Resolução CNE
no 11 de 2006 e Resolução CNE no 13 de 2006)

Art. 133-A. As decisões que contemplem condenações definitivas relativas às


penas dos arts. 234 a 238 e 243-A, bem como nos casos de dopagem, serão
encaminhadas pelo Presidente do órgão judicante ao Presidente da entidade
nacional de administração do desporto, a fim de que sejam comunicadas à
entidade internacional da respectiva modalidade. (Incluído pela Resolução
CNE no 29 de 2009).
Art. 134. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 135. Se até sessenta minutos após a hora marcada para o início da sessão
não houver auditores em número legal, o julgamento do processo será
obrigatoriamente adiado para a sessão seguinte, desde que requerido pela
parte, independentemente de nova intimação. (Redação dada pela Resolução
CNE no 29 de 2009).

TÍTULO V
DOS RECURSOS

Capítulo I

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 136. Das decisões dos órgãos judicantes caberá recurso nas hipóteses
previstas neste Código.

§ 1o As decisões do Tribunal Pleno do STJD são irrecorríveis, salvo


disposição diversa neste Código ou na regulamentação internacional
específica da respectiva modalidade. (NR).

§ 2o São igualmente irrecorríveis as decisões dos Tribunais de Justiça


Desportiva que exclusivamente impuserem multa de até R$ 1.000,00 (mil
reais). (NR).
Art. 137. Os recursos poderão ser interpostos pelo autor, pelo réu, por
terceiro interveniente, pela Procuradoria e pela entidade de administração do
desporto. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único. A Procuradoria não poderá desistir do recurso por ela


interposto.

Art. 138. O recurso voluntário será protocolado perante o órgão judicante que
expediu a decisão recorrida, incumbindo ao recorrente: (Redação dada pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

I - oferecer razões no prazo de três dias, contados da proclamação do


resultado do julgamento; (AC).

II - indicar o órgão judicante competente para o julgamento do recurso; (AC).

III - juntar, no momento do protocolo, a prova do pagamento dos


emolumentos devidos, sob pena de deserção. (AC).

§ 1o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009). § 2o (Revogado pela


Resolução CNE no 29 de 2009). § 3o (Revogado pela Resolução CNE no 29
de 2009). § 4o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).
Parágrafo único. Se constar da ata de julgamento a necessidade de elaboração
posterior do acórdão, o prazo estipulado no inciso I deste artigo terá sua
contagem iniciada no dia posterior ao da intimação da parte recorrente para
ciência da juntada do acórdão aos autos. (AC).

Art. 138-A. Protocolado o recurso, o Presidente do órgão judicante que


expediu a decisão recorrida encaminhará os autos no prazo de três dias à
instância superior, sob as penas do art. 223, para o devido processamento.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 138-B. Recebidos os autos pela instância superior, onde o recurso


passará a ter toda a sua tramitação, o Presidente do órgão judicante
competente para julgá-lo fará análise prévia dos requisitos recursais.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 138-C. Se o Presidente do órgão judicante considerar presentes os


requisitos recursais, sorteará relator, designará sessão de julgamento,
determinará a intimação e abrirá vista dos autos para as partes contrárias e
interessados impugnarem o recurso no prazo comum de três dias. (Incluído
pela Resolução CNE no 29 de 2009).
§ 1o Em caso de pedido de efeito suspensivo, os autos serão encaminhados
ao relator para apreciação; em hipóteses excepcionais, dada a urgência, cópia
dos autos poderá ser remetida ao relator por fac-símile, via postal ou correio
eletrônico, e o relator poderá apresentar seu despacho utilizando os mesmos
meios. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 2o A Procuradoria será intimada e terá três dias para emitir parecer.


(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 3o Decorrido o prazo previsto no § 2o, mesmo que a Procuradoria não


tenha se manifestado, os autos retornarão ao relator. (Incluído pela Resolução
CNE no 29 de 2009).

Art. 139. Em caso de urgência o recurso poderá ser interposto por telegrama,
fac-símile, via postal ou correio eletrônico, com as cautelas devidas, devendo
ser comprovada a remessa do original no prazo de três dias, sob pena de não
ser conhecido. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 140. No recurso voluntário, salvo se interposto pela Procuradoria, a


penalidade não poderá ser agravada.
Art. 140 - A. A penalidade poderá ser reformada em benefício do réu, total ou
parcialmente, ainda que o recurso tenha sido exclusivamente interposto pela
Procuradoria, por outro réu ou por terceiro interveniente. (Incluído pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 141. Passada em julgado a decisão do recurso voluntário, a Secretaria, no


prazo de dois dias, devolverá o processo ao juízo de origem. (Redação dada
pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 142. O recurso devolve à instância superior o conhecimento de toda a


matéria discutida no processo, salvo quando só tiver por objeto parte da
decisão.

Parágrafo único. Qualquer instância superior poderá conhecer de parte da


decisão que não tenha sido objeto do recurso caso seja possível reduzir a
penalidade imposta ao infrator, total ou parcialmente. (AC).

Capítulo II
(Revogado pela Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução CNE no 13 de
2006).

DO RECURSO NECESSÁRIO

(Revogado pelas Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução CNE no 13 de


2006).

Art. 143. (Revogado pelas Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução CNE


no 13 de 2006).

I (Revogado pelas Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução CNE no 13 de


2006).

II (Revogado pelas Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução CNE no 13


de 2006). III (Revogado pelas Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução
CNE no 13 de 2006).

Art. 144. (Revogado pelas Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução CNE


no 13 de 2006).

Art. 145. (Revogado pelas Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução CNE


no 13 de 2006).
Capítulo III

DO RECURSO VOLUNTÁRIO

Art. 146. Ressalvados os casos previstos neste Código, cabe recurso


voluntário de qualquer decisão dos órgãos da Justiça Desportiva, salvo
decisões do Tribunal Pleno do STJD, as quais são irrecorríveis, na forma do
art. 136, § 1o. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Capítulo IV

(Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 147. O recurso voluntário será recebido em seu efeito devolutivo.


(Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 147-A. Poderá o relator conceder efeito suspensivo ao recurso


voluntário, em decisão fundamentada, desde que se convença da
verossimilhança das alegações do recorrente, quando a simples devolução da
matéria puder causar prejuízo irreparável ou de difícil reparação. (Incluído
pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o Não se concederá o efeito suspensivo a que se refere este artigo quando


de sua concessão decorrer grave perigo de irreversibilidade. (Incluído pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 2o A decisão que conceder ou deixar de conceder o efeito suspensivo a que


se refere este artigo será irrecorrível, mas poderá ser revogada ou modificada
a qualquer tempo, pelo relator, em decisão fundamentada. (Incluído pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 147-B. O recurso voluntário será recebido no efeito suspensivo nos


seguintes casos: (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

I - quando a penalidade imposta pela decisão recorrida exceder o número de


partidas ou o prazo definidos em lei, e desde que requerido pelo punido;
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

II - quando houver cominação de pena de multa. (Incluído pela Resolução


CNE no 29 de 2009).
§ 1o O efeito suspensivo a que se refere o inciso I apenas suspende a eficácia
da penalidade naquilo que exceder o número de partidas ou o prazo
mencionados no inciso I. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 2o O efeito suspensivo a que se refere o inciso II apenas suspende a


exigibilidade da multa, até o trânsito em julgado da decisão condenatória.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 3o O efeito suspensivo a que se refere este artigo aplica-se a qualquer


recurso voluntário interposto perante qualquer órgão judicante da Justiça
Desportiva, independentemente da origem da decisão recorrida. (Incluído
pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 148. Os recursos serão julgados pela instância superior, de acordo com a
competência fixada neste Código.

Art. 149. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).


Art. 150. Em instância recursal não será admitida a produção de novas
provas. (Alterado pela Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução no 13 de
2006) Parágrafo único. Excepcionalmente, a critério do relator, será admitida
durante a sessão de julgamento a re-exibição de provas, especialmente a
cinematográfica, bem como a retomada de depoimentos, caso este não tenha
sido reduzido a termo. (AC).

Art. 151. A Secretaria dará ciência aos interessados ou a seus defensores e à


Procuradoria, com a antecedência mínima de dois dias, da inclusão do
processo na pauta do julgamento.

Art. 152. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Capítulo IV

DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Art. 152-A. Cabem embargos de declaração quando: (Incluído pela


Resolução CNE no 29 de 2009).

I - houver, na decisão, obscuridade ou contradição; (Incluído pela Resolução


CNE no 29 de 2009).

II - for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o órgão judicante.


(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o Os embargos serão opostos, no prazo de dois dias, em petição dirigida


ao relator, com indicação do ponto obscuro, contraditório ou omisso, não
estando sujeitos a preparo; aplica-se aos embargos de declaração o disposto
no art. 138, parágrafo único. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 2o O relator julgará monocraticamente os embargos de declaração, no prazo


de dois dias. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 3o Em casos excepcionais, o relator poderá remeter os embargos a


julgamento colegiado, apresentando-os em mesa na sessão subsequente à
oposição, quando considerar relevantes as alegações do embargante.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 4o Quando o relator entender que os embargos de declaração mereçam ser


providos com efeitos infringentes, deverá remetê-los a julgamento colegiado,
na forma do § 3o. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).
§ 5o Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de
outros recursos, por qualquer das partes ou interessados. (Incluído pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 6o Sendo considerados manifestamente protelatórios os embargos de


declaração, o relator poderá aplicar multa pecuniária ao embargante, que não
poderá ser inferior ao valor da menor pena pecuniária constante deste
Código. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).
LIVRO II

DAS MEDIDAS DISCIPLINARES

TÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 153. É punível toda infração disciplinar tipificada no presente Código.

Art. 154. Ninguém será punido por fato que lei posterior deixe de considerar
infração disciplinar, cessando, em virtude dela, a execução e os efeitos da
punição.
Parágrafo único. A lei posterior que de outro modo favoreça o infrator aplica-
se ao fato não definitivamente julgado.

Art. 155. Considera-se praticada a infração no momento da ação ou omissão,


ainda que outro seja o momento do resultado.

TÍTULO II

DA INFRAÇÃO

Art. 156. Infração disciplinar, para os efeitos deste Código, é toda ação ou
omissão antidesportiva, típica e culpável.

Parágrafo único - (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o A omissão é juridicamente relevante quando o omitente deveria e


poderia agir para evitar o resultado. (AC).
§ 2o O dever de agir incumbe precipuamente a quem: (AC).

I - tenha, por ofício, a obrigação de velar pela disciplina ou coibir a prática de


violência ou animosidade; (NR).

II - com seu comportamento anterior, tenha criado o risco da ocorrência do


resultado.

Art. 157. Diz-se a infração:

I - consumada, quando nela se reúnem todos os elementos de sua definição; II


- tentada, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente.

III - dolosa, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-


lo; IV - culposa, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência,
negligência ou imperícia.

§ 1o Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena


correspondente à infração consumada, reduzida da metade.

§ 2o Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por


absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se a infração.

§ 3o O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição


expressa em contrário, não são puníveis, se a infração não chega, pelo menos,
a ser tentada. (AC).

Art. 158. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução


ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.

Art. 159. O erro quanto à pessoa contra a qual a infração é praticada não
isenta o agente de pena.

Art. 160. Se a infração é cometida em obediência à ordem de superior


hierárquico, não manifestamente ilegal, ou sob coação comprovadamente
irresistível, só é punível o autor da ordem ou da coação.

Art. 161. Não há infração quando as circunstâncias que incidem sobre o fato
são de tal ordem que impeçam que do agente se possa exigir conduta diversa.
Art. 161-A. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas
naturais, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato. (Incluído pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único. A pessoa natural responsável pela infração cometida por


pessoa jurídica será considerada co-autora. (Incluído pela Resolução CNE no
29 de 2009).

TÍTULO III

DA RESPONSABILIZAÇÃO PELA ATITUDE ANTIDESPORTIVA


PRATICADA POR MENORES DE QUATORZE ANOS

Art. 162. Os menores de quatorze anos são considerados desportivamente


inimputáveis, ficando sujeitos à orientação de caráter pedagógico. (Alterado
pela Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução no 13 de 2006)

Parágrafo único. Nos casos de reincidência da prática de infrações


disciplinares previstas neste Código por menores de quatorze anos,
responderá o seu técnico ou representante legal na respectiva competição,
caso não tenham sido adotadas as medidas cabíveis para orientar e inibir
novas infrações. (NR).
TÍTULO IV
DO CONCURSO DE PESSOAS
Art. 163. Quem, de qualquer modo, concorre para a infração incide nas penas
a esta cominadas, na medida de sua participação. (Redação dada pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída


de um sexto a um terço. (AC).

§ 2o Se algum dos concorrentes quis participar de infração menos grave, ser-


lhe-á aplicada a pena desta. (AC).

§ 3o A pena a que se refere o § 2o será aumentada até metade, na hipótese de


ter sido previsível o resultado mais grave. (AC).

TÍTULO V

DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
Art. 164. Extingue-se a punibilidade:

I - pela morte da pessoa natural infratora; (NR).

II - pela extinção da pessoa jurídica infratora; (NR).

III - pela retroatividade da norma que não mais considera o fato como
infração; (NR). IV - pela prescrição. (NR).

V - pela reabilitação. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 165. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009). Art. 165-A.


Prescreve:

§ 1o Em trinta dias, a pretensão punitiva disciplinar da Procuradoria relativa


às infrações previstas nos arts. 250 a 258-D. (Incluído pela Resolução CNE
no 29 de 2009).

§ 2o Em sessenta dias, a pretensão punitiva disciplinar da Procuradoria,


quando este Código não lhe haja fixado outro prazo. (Incluído pela Resolução
CNE no 29 de 2009).
§ 3o Em dois anos, a pretensão ao cumprimento das sanções, contados do
trânsito em julgado da decisão condenatória. (Incluído pela Resolução CNE
no 29 de 2009).

§ 4o Em oito anos, a pretensão punitiva disciplinar relativa a infrações por


dopagem, salvo disposição diversa na legislação internacional sobre a
matéria. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 5o Em vinte anos, a pretensão punitiva disciplinar relativa às infrações dos


arts. 237 e 238. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 6o A pretensão punitiva disciplinar conta-se: (Incluído pela Resolução CNE


no 29 de 2009).

a) do dia em que a infração se consumou; (Incluído pela Resolução CNE no


29 de 2009).

b) do dia em que cessou a atividade infracional, no caso de tentativa;


(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

c) do dia em que cessou a permanência ou continuidade, nos casos de


infrações permanentes ou continuadas; (Incluído pela Resolução CNE no 29
de 2009).

d) do dia em que o fato se tornou conhecido pela Procuradoria, nos casos em


que a infração, por sua natureza, só puder ser conhecida em momento
posterior àqueles mencionados nas alíneas anteriores, como nos casos de
falsidade. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 165-B. Não haverá, em nenhuma hipótese, prescrição intercorrente.


(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 166. (Revogado pelas Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução CNE


no 13 de 2006.)

Art. 167. (Revogado pelas Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução CNE


no 13 de 2006.)

Art. 168. Interrompe-se a prescrição:

I - pela instauração de inquérito; (Alterado pela Resolução CNE no 11 de


2006 e Resolução no 13 de 2006) II - pelo recebimento da denúncia; (NR).

III (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

IV (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

V (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).


Art. 169. A prescrição interrompida recomeça a correr do último ato do
processo que a interrompeu. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de
2009).

Art. 169-A. Os prazos de prescrição ou decadência previstos neste Código


ficarão suspensos durante período de recesso do órgão judicante; suspensa a
prescrição, o prazo remanescente será contado a partir do término do período
de suspensão. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 169-B. Os direitos relacionados às provas, torneios e campeonatos, salvo


os vinculados a infrações disciplinares e aqueles que tenham prazo diverso
estipulado por este Código, estão sujeitos à decadência caso não sejam
exercidos durante a respectiva fase da competição. (Incluído pela Resolução
CNE no 29 de 2009).

TÍTULO VI
DAS PENALIDADES

Capítulo I

DAS ESPÉCIES DE PENALIDADES

Art. 170. Às infrações disciplinares previstas neste Código correspondem as


seguintes penas: I - advertência;

II - multa;

III - suspensão por partida;

IV - suspensão por prazo;

V - perda de pontos;

VI - interdição de praça de desportos; VII - perda de mando de campo; VIII -


indenização;

IX - eliminação;

X - perda de renda;
XI - exclusão de campeonato ou torneio.

§ 1o As penas disciplinares não serão aplicadas a menores de quatorze anos.

§ 2o As penas pecuniárias não serão aplicadas a atletas de prática não-


profissional.

§ 3o Atleta não-profissional é aquele definido nos termos da lei.

§ 4o As penas de eliminação não serão aplicadas a pessoas jurídicas. (AC).

§ 5o A pena de advertência somente poderá ser aplicada uma vez a cada seis
meses ao mesmo infrator, quando prevista no respectivo tipo infracional.
(AC).
Art. 171. A suspensão por partida, prova ou equivalente será cumprida na
mesma competição, torneio ou campeonato em que se verificou a infração.

§ 1o Quando a suspensão não puder ser cumprida na mesma competição,


campeonato ou torneio em que se verificou a infração, deverá ser cumprida
na partida, prova ou equivalente subsequente de competição, campeonato ou
torneio realizado pela mesma entidade de administração ou, desde que
requerido pelo punido e a critério do Presidente do órgão judicante, na forma
de medida de interesse social. (NR).

§ 2o Quando resultante de infração praticada em partida amistosa, a


suspensão será cumprida em partida da mesma natureza ou executada na
forma de medida de interesse social.

§ 3o A suspensão a que se refere este artigo não excederá a vinte e quatro


partidas, provas ou equivalentes, exceto nas hipóteses relativas a infrações
por dopagem. (AC).

§ 4o O cômputo das partidas, provas ou equivalentes ficará suspenso a partir


do momento em que o infrator punido transferir-se para o exterior, voltando a
computar-se a partir do seu retorno, desde que não tenha se consolidado a
prescrição do art. 165-A, § 2o. (AC).

Art. 172. A suspensão por prazo priva o punido de participar de quaisquer


competições promovidas pelas entidades de administração na respectiva
modalidade desportiva, de ter acesso a recintos reservados de praças de
desportos durante a realização das partidas, provas ou equivalentes, de
praticar atos oficiais referentes à respectiva modalidade desportiva e de
exercer qualquer cargo ou função em poderes de entidades de administração
do desporto da modalidade e na Justiça Desportiva. (Redação dada pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o A critério e na forma estabelecida pelo Presidente do órgão judicante, e


desde que requerido pelo punido após o trânsito em julgado da decisão
condenatória, até metade da pena de suspensão por prazo poderá ser
cumprida mediante a execução de atividades de interesse público, nos
campos da assistência social, desporto, cultura, educação, saúde,
voluntariado, além da defesa, preservação e conservação do meio ambiente.
(AC).

§ 2o A suspensão a que se refere este artigo não excederá a setecentos e vinte


dias, exceto nas hipóteses relativas a infrações por dopagem. (AC).

§ 3o O cômputo do prazo ficará suspenso a partir do momento em que o


infrator punido transferir-se para o exterior, voltando a computar-se a partir
do seu retorno, desde que não tenha se consolidado a prescrição do art. 165-
A, § 2o. (AC).

§ 4o O cômputo do período de execução da suspensão por prazo poderá ser


suspenso pelo Presidente do órgão judicante nos períodos em que não se
celebram competições. (AC).

Art. 173. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 174. A interdição de praça de desportos impede que nela se realize


qualquer partida da respectiva modalidade, até que sejam cumpridas as
exigências impostas na decisão, a critério do órgão judicante. (Redação dada
pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 175. A entidade de prática punida com a perda de mando de campo fica
obrigada a disputar suas partidas, provas ou equivalentes, na mesma
competição em que ocorreu a infração.

§ 1o Quando a perda de mando de campo não puder ser cumprida na mesma


competição, deverá ser cumprida em competição subsequente da mesma
natureza, independentemente da forma de disputa. (NR).

§ 2o A forma de cumprimento da pena de perda de mando de campo, imposta


pela Justiça Desportiva, é de competência e responsabilidade exclusivas da
entidade organizadora da competição, torneio ou equivalente, devendo
constar, prévia e obrigatoriamente, no respectivo regulamento. (Incluído pela
Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução CNE no 13 de 2006)

Art. 176 (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).


§ 2o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 176-A. Os prazos e condições para cumprimento da pena de multa serão


definidos pelo Presidente do Tribunal (STJD ou TJD). (Incluído pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o O recolhimento das penas pecuniárias deverá ser efetuado à Tesouraria


da entidade de administração do desporto que tenha a abrangência territorial
correspondente à jurisdição desportiva do Tribunal (STJD ou TJD), devendo
a parte comprová-lo nos autos. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de
2009).

§ 2o A critério e na forma estabelecida pelo Presidente do Tribunal (STJD ou


TJD) e desde que requerido pelo punido, até metade da pena pecuniária
imposta poderá ser cumprida por meio de medida de interesse social, que,
entre outros meios legítimos, poderá consistir na prestação de serviços
comunitários. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 3o Faculta-se ao Presidente do órgão judicante (STJD ou TJD), de ofício ou


a requerimento do punido, a concessão de parcelamento das penas
pecuniárias. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 4o As entidades de prática desportiva são solidariamente responsáveis pelas


penas pecuniárias impostas àquelas pessoas naturais que, no momento da
infração, sejam seus atletas, dirigentes, administradores, treinadores,
empregados, médicos, membros de comissão técnica ou quaisquer outras
pessoas naturais que lhes sejam direta ou indiretamente vinculadas. (Incluído
pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 5o A solidariedade estabelecida pelo § 4o não se afasta no caso de o


infrator desligar-se da entidade de prática desportiva, e não se transmite à
nova entidade de prática desportiva à qual o infrator venha a se vincular.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 177. A pena de eliminação priva o punido de qualquer atividade


desportiva na respectiva modalidade, em todo o território nacional.

Capítulo II

DA APLICAÇÃO DA PENALIDADE
Art. 178. O órgão judicante, na fixação das penalidades entre limites mínimos
e máximos, levará em conta a gravidade da infração, a sua maior ou menor
extensão, os meios empregados, os motivos determinantes, os antecedentes
desportivos do infrator e as circunstâncias agravantes e atenuantes.

Art. 179. São circunstâncias que agravam a penalidade a ser aplicada, quando
não constituem ou qualificam a infração: I - ter sido praticada com o
concurso de outrem; II - ter sido praticada com o uso de instrumento ou
objeto lesivo; III - ter o infrator, de qualquer modo, concorrido para a prática
de infração mais grave; IV - ter causado prejuízo patrimonial ou financeiro; V
- ser o infrator membro ou auxiliar da justiça desportiva, membro ou
representante da entidade de prática desportiva; (NR).

VI - ser o infrator reincidente.

§ 1o Verifica-se a reincidência quando o infrator comete nova infração depois


de transitar em julgado a decisão que o haja punido anteriormente, ainda que
as infrações tenham natureza diversa. (NR).

§ 2o Para efeito de reincidência, não prevalece a condenação anterior se,


entre a data do cumprimento ou execução da pena e a infração posterior, tiver
decorrido período de tempo superior a um ano. (Alterado pela Resolução
CNE no 11 de 2006 e Resolução no 13 de 2006)

Art. 180. São circunstâncias que atenuam a penalidade: I - ser o infrator


menor de dezoito anos, na data da infração; II (Revogado pela Resolução
CNE no 29 de 2009).

III (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

IV - não ter o infrator sofrido qualquer punição nos doze meses


imediatamente anteriores à data do julgamento; (Alterado pela Resolução
CNE no 11 de 2006 e Resolução no 13 de 2006) V - ter sido a infração
cometida em desafronta a grave ofensa moral; VI - ter o infrator confessado
infração atribuída a outrem.

Art. 181. No caso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do


limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, observados os critérios
fixados no art. 178. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 182. As penas previstas neste Código serão reduzidas pela metade
quando a infração for cometida por atleta não-profissional ou por entidade
partícipe de competição que congregue exclusivamente atletas não-
profissionais. (Alterado pela Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução no
13 de 2006)

Parágrafo único (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).


§ 1o Se a diminuição da pena resultar em número fracionado, aplicar-se-á o
número inteiro imediatamente inferior, mesmo se inferior à pena mínima
prevista no dispositivo infringido; se o número fracionado for inferior a um, o
infrator sofrerá a pena de uma partida, prova ou equivalente. (AC).

§ 2o A redução a que se refere este artigo também se aplica a qualquer pessoa


natural que cometer infração relativa a competição que congregue
exclusivamente atletas não-profissionais, como, entre outras, membros de
comissão técnica, dirigentes e árbitros(AC).

§ 3o O infrator não terá direito à redução a que se refere este artigo quando
reincidente e a infração for de extrema gravidade. (AC).

Art. 182-A. Além dos elementos de dosimetria previstos neste Capítulo, a


fixação das penas pecuniárias levará obrigatoriamente em consideração a
capacidade econômico-financeira do infrator ou da entidade de prática
desportiva. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 183. Quando o agente, mediante uma única ação, pratica duas ou mais
infrações, a de pena maior absorve a de pena menor.

Art. 184. Quando o agente mediante mais de uma ação ou omissão, pratica
duas ou mais infrações, aplicam-se cumulativamente as penas.

TÍTULO VII

(Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

CAPÍTULO I

(Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 185. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

I (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

II (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA -(Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009). Art. 186. (Revogado


pela Resolução CNE no 29 de 2009). I (Revogado pela Resolução CNE no 29
de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

II (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Capítulo II

(Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 187. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

I (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA -(Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

II (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA -(Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

III (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA -(Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).


§ 1o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 2o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 3o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 4o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 5o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 188. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009). PENA -(Revogada


pela Resolução CNE no 29 de 2009).
Parágrafo único. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009). Art. 189.
(Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA -(Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

TÍTULO VIII

(Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Capítulo I

(Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 190. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009). PENA (Revogada


pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo Único (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).


LIVRO III

DAS INFRAÇÕES EM ESPÉCIE

Capítulo I

DAS INFRAÇÕES RELATIVAS À ADMINISTRAÇÃO DESPORTIVA,


ÀS COMPETIÇÕES E À JUSTIÇA DESPORTIVA

Art. 191. Deixar de cumprir, ou dificultar o cumprimento: PENA (Revogada


pela Resolução CNE no 29 de 2009).

I - de obrigação legal; (AC).

II - de deliberação, resolução, determinação, exigência, requisição ou


qualquer ato normativo ou administrativo do CNE ou de entidade de
administração do desporto a que estiver filiado ou vinculado; (AC).

III - de regulamento, geral ou especial, de competição. (AC).

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a 100.000,00 (cem mil reais), com
fixação de prazo para cumprimento da obrigação. (AC).
§ 1o É facultado ao órgão judicante substituir a pena de multa pela de
advertência se a infração for de pequena gravidade. (AC).

§ 2o Se a infração for cometida por pessoa jurídica, além da pena a ser-lhe


aplicada, as pessoas naturais responsáveis pela infração ficarão sujeitas a
suspensão automática enquanto perdurar o descumprimento. (AC).

Art. 192. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 193. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 194. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).


Art. 195. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 196. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 197. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 198. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 199. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).


Art. 200. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 201. Recusar acesso em praça de desporto, pública ou particular, aos


auditores e procuradores atuantes perante os respectivos órgãos judicantes da
Justiça Desportiva, na hipótese do art. 20 deste Código. (Redação dada pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais), com
fixação de prazo para cumprimento da obrigação, podendo ser cumulada com
a interdição do local para a prática de qualquer atividade relativa à respectiva
modalidade enquanto perdurar o descumprimento. (NR).

Parágrafo único. É facultado ao órgão judicante substituir a pena de multa


pela de advertência se a infração for de pequena gravidade. (AC).

Art. 202. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009). PENA (Revogada


pela Resolução CNE no 29 de 2009).
Art. 203. Deixar de disputar, sem justa causa, partida, prova ou o equivalente
na respectiva modalidade, ou dar causa à sua não realização ou à sua
suspensão. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), e


perda dos pontos em disputa a favor do adversário, na forma do regulamento.
(NR).

§ 1o A entidade de prática desportiva também fica sujeita às penas deste


artigo se a suspensão da partida tiver sido comprovadamente causada ou
provocada por sua torcida. (AC).

§ 2o Se da infração resultar benefício ou prejuízo desportivo a terceiro, o


órgão judicante poderá aplicar a pena de exclusão da competição em disputa.
(AC).

§ 3o Em caso de reincidência específica, a entidade de prática desportiva será


excluída do campeonato, torneio ou equivalente em disputa. (AC).
§ 4o Para os fins do § 3o, considerar-se-á reincidente a entidade de prática
desportiva quando a infração for praticada em campeonato, torneio ou
equivalente da mesma categoria, observada a regra do art. 179, § 2o. (AC).

Art. 204. Abandonar a disputa de campeonato, torneio ou equivalente, da


respectiva modalidade, após o seu início.

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais),


sendo as consequências desportivas decorrentes do abandono dirimidas pelo
respectivo regulamento. (NR).

Art. 205. Impedir o prosseguimento de partida, prova ou equivalente que


estiver disputando, por insuficiência numérica intencional de seus atletas ou
por qualquer outra forma. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de
2009).

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), e


perda dos pontos em disputa a favor do adversário, na forma do regulamento.
(NR).

Parágrafo único (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o A entidade de prática desportiva fica sujeita às penas deste artigo se a


suspensão da partida tiver sido comprovadamente causada ou provocada por
sua torcida. (AC).

§ 2o Se da infração resultar benefício ou prejuízo desportivo a terceiro, o


órgão judicante poderá aplicar a pena de exclusão do campeonato, torneio ou
equivalente em disputa. (AC).

§ 3o Em caso de reincidência específica, a entidade de prática desportiva será


excluída do campeonato, torneio ou equivalente em disputa. (AC).

§ 4o Para os fins do § 3o, considerar-se-á reincidente a entidade de prática


desportiva quando a infração for praticada em campeonato, torneio ou
equivalente da mesma categoria, observada a regra do art. 179, § 2o. (AC).

§ 5o Para os fins deste artigo, presume-se a intenção de impedir o


prosseguimento quando o resultado da suspensão da partida, prova ou
equivalente for mais favorável ao infrator do que ao adversário. (AC).

Art. 206. Dar causa ao atraso do início da realização de partida, prova ou


equivalente, ou deixar de apresentar a sua equipe em campo até a hora
marcada para o início ou reinício da partida, prova ou equivalente. (Redação
dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA: multa de R$ 100,00 (cem reais) até R$ 1.000,00 (mil reais) por
minuto. (NR).

§ 1o Se o atraso for superior ao tempo previsto no regulamento de


competição da respectiva modalidade, o infrator responderá pelas penas
previstas no art. 203. (AC).

§ 2o Quando duas ou mais partidas forem disputadas no mesmo horário e


verificar-se que o atraso da equipe permitiu ao infrator conhecer resultados de
outras partidas antes que a sua estivesse encerrada, a multa será de R$
10.000,00 (dez mil reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais). (AC).

Art. 207. Ordenar ao atleta que não atenda à requisição ou convocação feita
por entidade de administração de desporto, para competição oficial ou
amistosa, ou que se omita, de qualquer modo.

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).


(NR).
Art. 208. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 209. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 210. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 211. Deixar de manter o local que tenha indicado para realização do
evento com infra-estrutura necessária a assegurar plena garantia e segurança
para sua realização.

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), e


interdição do local, quando for o caso, até a satisfação das exigências que
constem da decisão. (NR).
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas a entidade mandante que não
assegurar, à delegação visitante, livre acesso ao local da competição e aos
vestiários. (Incluído pela Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução CNE no
13 de 2006)

Art. 212. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 213. Deixar de tomar providências capazes de prevenir e reprimir:


(Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

I - desordens em sua praça de desporto; (AC).

II - invasão do campo ou local da disputa do evento desportivo; (AC).

III - lançamento de objetos no campo ou local da disputa do evento


desportivo. (AC). PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00
(cem mil reais). (NR).

§ 1o Quando a desordem, invasão ou lançamento de objeto for de elevada


gravidade ou causar prejuízo ao andamento do evento desportivo, a entidade
de prática poderá ser punida com a perda do mando de campo de uma a dez
partidas, provas ou equivalentes, quando participante da competição oficial.
(NR).
§ 2o Caso a desordem, invasão ou lançamento de objeto seja feito pela
torcida da entidade adversária, tanto a entidade mandante como a entidade
adversária serão puníveis, mas somente quando comprovado que também
contribuíram para o fato. (NR).

§ 3o A comprovação da identificação e detenção dos autores da desordem,


invasão ou lançamento de objetos, com apresentação à autoridade policial
competente e registro de boletim de ocorrência contemporâneo ao evento,
exime a entidade de responsabilidade, sendo também admissíveis outros
meios de prova suficientes para demonstrar a inexistência de
responsabilidade. (NR).

§ 4o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 5o(Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 6o(Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).


Art. 214. Incluir na equipe, ou fazer constar da súmula ou documento
equivalente, atleta em situação irregular para participar de partida, prova ou
equivalente. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA: perda do número máximo de pontos atribuídos a uma vitória no


regulamento da competição, independentemente do resultado da partida,
prova ou equivalente, e multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00
(cem mil reais). (NR).

§ 1o Para os fins deste artigo, não serão computados os pontos eventualmente


obtidos pelo infrator. (NR).

§ 2o O resultado da partida, prova ou equivalente será mantido, mas à


entidade infratora não serão computados eventuais critérios de desempate que
lhe beneficiem, constantes do regulamento da competição, como, entre
outros, o registro da vitória ou de pontos marcados. (NR).

§ 3o A entidade de prática desportiva que ainda não tiver obtido pontos


suficientes ficará com pontos negativos.
§ 4o Não sendo possível aplicar-se a regra prevista neste artigo em face da
forma de disputa da competição, o infrator será excluído da competição.
(NR).

Art. 215. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Capítulo II

(Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 216. Celebrar contrato de trabalho com duas ou mais entidades de prática
desportiva, por tempo de vigência sobrepostos, levados a registro. (Redação
dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA: suspensão de trinta a cento e oitenta dias, podendo ser cumulada com
multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais). (NR).
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas: (AC).

I - aquele que requerer inscrição por mais de uma entidade de prática


desportiva ou omitir, no pedido de inscrição, sua vinculação a outra entidade
de prática desportiva; (AC).

II - a entidade de prática desportiva que celebrar, no mesmo ato, dois ou mais


contratos de trabalho consecutivos com o mesmo atleta, para períodos
seguidos. (AC).

Art. 217. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 218. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 219. Danificar praça de desportos, sede ou dependência de entidade de


prática desportiva.
PENA: suspensão de trinta a cento e oitenta dias, podendo ser cumulada com
multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), além de
indenização pelos danos causados, a ser fixada pelo órgão judicante
competente. (NR).

Capítulo II

DAS INFRAÇÕES REFERENTES À JUSTIÇA DESPORTIVA

Art. 220. Deixar a autoridade desportiva que tomou conhecimento de


falsidade documental de comunicar a infração ao competente órgão judicante.

PENA: suspensão de trinta a noventa dias, e, na reincidência, eliminação.

Art. 220-A. Deixar de: (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

I - colaborar com os órgãos da Justiça Desportiva e com as demais


autoridades desportivas na apuração de irregularidades ou infrações
disciplinares; (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

II - comparecer, injustificadamente, ao órgão de Justiça Desportiva, quando


regularmente intimado; (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

III - tomar providências para o comparecimento à entidade de administração


do desporto, ou a órgão judicante da Justiça Desportiva, de pessoas que lhe
sejam vinculadas, quando convocadas por seu intermédio. (Incluído pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais),


com fixação de prazo para cumprimento da obrigação. (Incluído pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o É facultado ao órgão judicante substituir a pena de multa pela de


advertência se a infração for de pequena gravidade. (Incluído pela Resolução
CNE no 29 de 2009).

§ 2o Se a infração for cometida por pessoa jurídica, além da pena a ser-lhe


aplicada, as pessoas naturais responsáveis pela infração e pelo respectivo
cumprimento da obrigação ficarão sujeitas à suspensão automática enquanto
não a cumprir. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 221. Dar causa, por erro grosseiro ou sentimento pessoal, à instauração
de inquérito ou processo na Justiça Desportiva. (Redação dada pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA: suspensão de quinze a trezentos e sessenta dias à pessoa natural ou,


tratando-se de entidade de administração ou de prática desportiva, multa de
R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais). (NR).
Art. 222. Prestar depoimento falso perante a Justiça Desportiva.

PENA: suspensão de noventa a trezentos e sessenta dias e, na reincidência,


eliminação. Parágrafo único. A infração deixa de ser punível se o agente,
antes do julgamento, se retratar e declarar a verdade.

Art. 223. Deixar de cumprir ou retardar o cumprimento de decisão, resolução,


transação disciplinar desportiva ou determinação da Justiça Desportiva.
(Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).


(NR).

Parágrafo único. Quando o infrator for pessoa natural, a pena será de


suspensão automática até que se cumpra a decisão, resolução ou
determinação, além de suspensão por noventa a trezentos e sessenta dias e, na
reincidência, eliminação. (NR).

Art. 224. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 225. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).


PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 226. Deixar a entidade de administração do desporto da mesma


jurisdição territorial de prover os órgãos da Justiça Desportiva dos recursos
humanos e materiais necessários ao seu pleno e célere funcionamento quando
devidamente notificado pelo Presidente do Tribunal (STJD ou TJD), dentro
do prazo fixado na notificação.

PENA: suspensão do Presidente da entidade desportiva, ou de quem faça suas


vezes até o integral cumprimento da obrigação.

Art. 227. Admitir ao exercício de cargo ou função, remunerados ou não,


quem estiver eliminado ou em cumprimento de pena disciplinar, na mesma
modalidade.

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).


(NR).

Art. 228. Exercer cargo, função ou atividade, na modalidade desportiva,


durante o período em que estiver suspenso por decisão da Justiça Desportiva.

PENA: suspensão de noventa a cento e oitenta dias, sem prejuízo da pena


anteriormente imposta.
Art. 229. Dar ou oferecer vantagem a testemunha, perito, tradutor ou
intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em
depoimento, perícia, tradução ou interpretação.

PENA: suspensão de trezentos e sessenta a setecentos e vinte dias e


eliminação no caso de reincidência. (NR).

Parágrafo único. Na mesma pena incorrer aquele que aceita a vantagem


oferecida. (AC).

Art. 230. Não devolver os autos à Secretaria no prazo estabelecido: PENA:


multa de até R$ 1.000,00 (mil reais) por dia de atraso. (Alterado pela
Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução no 13 de 2006)

Art. 231. Pleitear, antes de esgotadas todas as instâncias da Justiça


Desportiva, matéria referente à disciplina e competições perante o Poder
Judiciário, ou beneficiar-se de medidas obtidas pelos mesmos meios por
terceiro.

PENA: exclusão do campeonato ou torneio que estiver disputando e multa de


R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais). (NR).
Capítulo IV

(Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 232. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 233. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

TÍTULO IX

(Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Capítulo I

(Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).


Capítulo V

DAS INFRAÇÕES CONTRA A ÉTICA DESPORTIVA

Art. 234. Falsificar, no todo ou em parte, documento público ou particular,


omitir declaração que nele deveria constar, inserir ou fazer inserir declaração
falsa ou diversa da que deveria ser escrita, para o fim de usá-lo perante a
Justiça Desportiva ou entidade desportiva.

PENA: suspensão de cento e oitenta a setecentos e vinte dias, multa de R$


100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais) e eliminação na
reincidência; se a infração for cometida por qualquer das pessoas naturais
elencadas no art. 1o, § 1o, VI, a suspensão mínima será de trezentos e
sessenta dias. (NR).

§ 1o Nas mesmas penas incorrerá quem fizer uso do documento falsificado


na forma deste artigo, conhecendo-lhe a falsidade.

§ 2o No caso de falsidade de documento público, após o trânsito em julgado


da decisão que a reconhecer, o Presidente do órgão judicante encaminhará ao
Ministério Público os elementos necessários à apuração da responsabilidade
criminal.
§ 3o Equipara-se a documento, para os efeitos deste artigo, as provas
fotográficas, fonográficas, cinematográficas, de vídeo tape e as imagens
fixadas por qualquer meio eletrônico.

Art. 235. Atestar ou certificar falsamente, em razão da função, fato ou


circunstância que habilite atleta a obter registro, condição de jogo, inscrição,
transferência ou qualquer vantagem indevida.

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais),


suspensão de cento e oitenta a setecentos e vinte dias e eliminação no caso de
reincidência. (NR).

Art. 236. Usar, em atividade desportiva, como própria, carteira de atleta ou


qualquer documento de identidade de outrem ou ceder a outrem, para que
dele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou de terceiro.

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais),


suspensão de cento e oitenta a setecentos e vinte dias e eliminação no caso de
reincidência. (NR).

Capítulo II

(Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).


Art. 237. Dar ou prometer vantagem indevida a quem exerça cargo ou
função, remunerados ou não, em qualquer entidade desportiva ou órgão da
Justiça Desportiva, para que pratique, omita ou retarde ato de ofício ou,
ainda, para que o faça contra disposição expressa de norma desportiva.

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais),


suspensão de trezentos e sessenta a setecentos e vinte dias e eliminação no
caso de reincidência. (NR).

Art. 238. Receber ou solicitar, para si ou para outrem, vantagem indevida em


razão de cargo ou função, remunerados ou não, em qualquer entidade
desportiva ou órgão da Justiça Desportiva, para praticar, omitir ou retardar
ato de ofício, ou, ainda, para fazê-lo contra disposição expressa de norma
desportiva.

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais),


suspensão de trezentos e sessenta a setecentos e vinte dias e eliminação no
caso de reincidência. (NR).

Art. 239. Deixar de praticar ato de ofício, por interesse pessoal ou para
favorecer ou prejudicar outrem ou praticá-lo, para os mesmos fins, com abuso
de poder ou excesso de autoridade.
PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais),
suspensão de cento e vinte a trezentos e sessenta dias e eliminação no caso de
reincidência. (NR).

Art. 240. Aliciar atleta autônomo ou pertencente a qualquer entidade


desportiva.

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), e


suspensão de sessenta a cento e oitenta dias. (NR).

Parágrafo único. Comprovado o comprometimento da entidade desportiva no


aliciamento, será ela punida com a pena de multa de R$ 100,00 (cem reais) a
R$ 100.000,00 (cem mil reais). (NR).

Art. 241. Dar ou prometer qualquer vantagem a árbitro ou auxiliar de


arbitragem para que influa no resultado da partida, prova ou equivalente.

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), e


eliminação. (NR).
Parágrafo único. Na mesma pena incorrerá: I - o intermediário;

II - o árbitro e o auxiliar de arbitragem que aceitarem a vantagem.

Art. 242. Dar ou prometer vantagem indevida a membro de entidade


desportiva, dirigente, técnico, atleta ou qualquer pessoa natural mencionada
no art. 1o, § 1o, VI, para que, de qualquer modo, influencie o resultado de
partida, prova ou equivalente. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de
2009).

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), e


eliminação.

Parágrafo único. Na mesma pena incorrerá o intermediário.

Art. 243. Atuar, deliberadamente, de modo prejudicial à equipe que defende.

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), e


suspensão de cento e oitenta a trezentos e sessenta dias. (NR).

§ 1o Se a infração for cometida mediante pagamento ou promessa de


qualquer vantagem, a pena será de suspensão de trezentos e sessenta a
setecentos e vinte dias e eliminação no caso de reincidência, além de multa,
de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais). (NR).

§ 2o O autor da promessa ou da vantagem será punido com pena de


eliminação, além de multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem
mil reais). (NR).

Art. 243-A. Atuar, de forma contrária à ética desportiva, com o fim de


influenciar o resultado de partida, prova ou equivalente. (Incluído pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), e


suspensão de seis a doze partidas, provas ou equivalentes, se praticada por
atleta, mesmo se suplente, treinador, médico ou membro da comissão técnica,
ou pelo prazo de cento e oitenta a trezentos e sessenta dias, se praticada por
qualquer outra pessoa natural submetida a este Código; no caso de
reincidência, a pena será de eliminação. (Incluído pela Resolução CNE no 29
de 2009).

Parágrafo único. Se do procedimento atingir-se o resultado pretendido, o


órgão judicante poderá anular a partida, prova ou equivalente, e as penas
serão de multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), e
suspensão de doze a vinte e quatro partidas, provas ou equivalentes, se
praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador, médico ou membro da
comissão técnica, ou pelo prazo de trezentos e sessenta a setecentos e vinte
dias, se praticada por qualquer outra pessoa natural submetida a este Código;
no caso de reincidência, a pena será de eliminação. (Incluído pela Resolução
CNE no 29 de 2009).

Art. 243-B. Constranger alguém, mediante violência, grave ameaça ou por


qualquer outro meio, a não fazer o que a lei permite ou a fazer o que ela não
manda. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), e


suspensão de trinta a cento e vinte dias. (Incluído pela Resolução CNE no 29
de 2009).

Art. 243-C. Ameaçar alguém, por palavra, escrito, gestos ou por qualquer
outro meio, a causar-lhe mal injusto ou grave. (Incluído pela Resolução CNE
no 29 de 2009).

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), e


suspensão de trinta a cento e vinte dias. (Incluído pela Resolução CNE no 29
de 2009).

Art. 243-D. Incitar publicamente o ódio ou a violência. (Incluído pela


Resolução CNE no 29 de 2009).
PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), e
suspensão pelo prazo de trezentos e sessenta a setecentos e vinte dias.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único. Quando a manifestação for feita por meio da imprensa,


rádio, televisão, Internet ou qualquer meio eletrônico, ou for praticada dentro
ou nas proximidades da praça desportiva em que for realizada a partida,
prova ou equivalente, o infrator poderá sofrer, além da suspensão pelo prazo
de trezentos e sessenta a setecentos e vinte dias, pena de multa entre R$
50.000,00 (cinquenta mil reais) e R$ 100.000,00 (cem mil reais). (Incluído
pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 243-E. Submeter criança ou adolescente, sob sua autoridade, guarda ou


vigilância, a vexame ou a constrangimento. (Incluído pela Resolução CNE no
29 de 2009).

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), e


suspensão pelo prazo de trezentos e sessenta a setecentos e vinte dias.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o Nas mesmas penas incorre, na medida de sua culpabilidade, o técnico


responsável pelo atleta desportivamente reincidente na mesma competição.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).
§ 2o O Presidente do Tribunal (STJD ou TJD) encaminhará todas as peças
dos autos, assim que oferecida denúncia, ao Conselho Tutelar da Criança e do
Adolescente. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 3° Comprovada a culpabilidade do agente, os autos serão enviados ao


Ministério Público, após o trânsito em julgado. (Incluído pela Resolução
CNE no 29 de 2009).

Art. 243-F. Ofender alguém em sua honra, por fato relacionado diretamente
ao desporto.

(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), e


suspensão de uma a seis partidas, provas ou equivalentes, se praticada por
atleta, mesmo se suplente, treinador, médico ou membro da comissão técnica,
e suspensão pelo prazo de quinze a noventa dias, se praticada por qualquer
outra pessoa natural submetida a este Código. (Incluído pela Resolução CNE
no 29 de 2009).

§ 1o Se a ação for praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador, médico


ou membro da comissão técnica, contra árbitros, assistentes ou demais
membros de equipe de arbitragem, a pena mínima será de suspensão por
quatro partidas. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 2o Para todos os efeitos, o árbitro e seus auxiliares são considerados em


função desde a escalação até o término do prazo fixado para a entrega dos
documentos da competição na entidade. (Incluído pela Resolução CNE no 29
de 2009).

Art. 243-G. Praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante,


relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade,
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Incluído pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA: suspensão de cinco a dez partidas, se praticada por atleta, mesmo se


suplente, treinador, médico ou membro da comissão técnica, e suspensão pelo
prazo de cento e vinte a trezentos e sessenta dias, se praticada por qualquer
outra pessoa natural submetida a este Código, além de multa, de R$ 100,00
(cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais). (Incluído pela Resolução CNE
no 29 de 2009).

§ 1o Caso a infração prevista neste artigo seja praticada simultaneamente por


considerável número de pessoas vinculadas a uma mesma entidade de prática
desportiva, esta também será punida com a perda do número de pontos
atribuídos a uma vitória no regulamento da competição, independentemente
do resultado da partida, prova ou equivalente, e, na reincidência, com a perda
do dobro do número de pontos atribuídos a uma vitória no regulamento da
competição, independentemente do resultado da partida, prova ou
equivalente; caso não haja atribuição de pontos pelo regulamento da
competição, a entidade de prática desportiva será excluída da competição,
torneio ou equivalente. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 2o A pena de multa prevista neste artigo poderá ser aplicada à entidade de


prática desportiva cuja torcida praticar os atos discriminatórios nele
tipificados, e os torcedores identificados ficarão proibidos de ingressar na
respectiva praça esportiva pelo prazo mínimo de setecentos e vinte dias.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 3o Quando a infração for considerada de extrema gravidade, o órgão


judicante poderá aplicar as penas dos incisos V, VII e XI do art. 170.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Capítulo III

(Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 244. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).


PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 2o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 3o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 4o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 5o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 6o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).


§ 7o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 244-A. As infrações por dopagem são reguladas pela lei, pelas normas
internacionais pertinentes e, de forma complementar, pela legislação
internacional referente à respectiva modalidade esportiva. (Incluído pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 245. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 246. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).


Art. 247. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo Único.(Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009)..

Art. 248. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 249. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).


§ 2o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Capítulo VI

DAS INFRAÇÕES RELATIVAS À DISPUTA DAS PARTIDAS, PROVAS


OU EQUIVALENTES

(Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 249-A. A interpretação das infrações previstas neste Capítulo observará


as peculiaridades de cada modalidade desportiva submetida a este Código;
sempre que este Capítulo oferecer exemplos de infrações, estes não serão
exaustivos, e o pressuposto de sua aplicação será a compatibilidade com a
dinâmica da respectiva modalidade desportiva. (Incluído pela Resolução
CNE no 29 de 2009).

Capítulo IV

(Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 250. Praticar ato desleal ou hostil durante a partida, prova ou


equivalente. PENA: suspensão de uma a três partidas, provas ou equivalentes,
se praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador, médico ou membro da
comissão técnica, e suspensão pelo prazo de quinze a sessenta dias, se
praticada por qualquer outra pessoa natural submetida a este Código. (AC).

§ 1o Constituem exemplos da infração prevista neste artigo, sem prejuízo de


outros: (AC).

I - impedir de qualquer forma, em contrariedade às regras de disputa do jogo,


uma oportunidade clara de gol, pontuação ou equivalente; (AC).

II - empurrar acintosamente o companheiro ou adversário, fora da disputa da


jogada. (AC).

§ 2o É facultado ao órgão judicante substituir a pena de suspensão pela de


advertência se a infração for de pequena gravidade. (AC).

Art. 251. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 252. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).


§ 1o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 2o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 3o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 4o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 5o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 253. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).


§ 1o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 2o (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 254. Praticar jogada violenta:

PENA: suspensão de uma a seis partidas, provas ou equivalentes.

§ 1o Constituem exemplos da infração prevista neste artigo, sem prejuízo de


outros: (AC).

I - qualquer ação cujo emprego da força seja incompatível com o padrão


razoavelmente esperado para a respectiva modalidade; (AC).

II - a atuação temerária ou imprudente na disputa da jogada, ainda que sem a


intenção de causar dano ao adversário. (AC).

§ 2o É facultado ao órgão judicante substituir a pena de suspensão pela de


advertência se a infração for de pequena gravidade. (AC).

§ 3o Na hipótese de o atingido permanecer impossibilitado de praticar a


modalidade em consequência de jogada violenta grave, o infrator poderá
continuar suspenso até que o atingido esteja apto a retornar ao treinamento,
respeitado o prazo máximo de cento e oitenta dias. (AC).

§ 4o A informação do retorno do atingido ao treinamento dar-se-á mediante


comunicação ao órgão judicante (STJD ou TJD) pela entidade de prática
desportiva à qual o atingido estiver vinculado. (AC).

Art. 254-A. Praticar agressão física durante a partida, prova ou equivalente.


(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA: suspensão de quatro a doze partidas, provas ou equivalentes, se


praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador, médico ou membro da
comissão técnica, e suspensão pelo prazo de trinta a cento e oitenta dias, se
praticada por qualquer outra pessoa natural submetida a este Código.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o Constituem exemplos da infração prevista neste artigo, sem prejuízo de


outros: I - desferir dolosamente soco, cotovelada, cabeçada ou golpes
similares em outrem, de forma contundente ou assumindo o risco de causar
dano ou lesão ao atingido; (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

II - desferir chutes ou pontapés, desvinculados da disputa de jogo, de forma


contundente ou assumindo o risco de causar dano ou lesão ao atingido.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 2o Se da agressão resultar lesão corporal grave, atestada por laudo médico,


a pena será de suspensão de oito a vinte e quatro partidas.(Incluído pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 3o Se a ação for praticada contra árbitros, assistentes ou demais membros


de equipe de arbitragem, a pena mínima será de suspensão por cento e oitenta
dias. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 4o Na hipótese de o agredido permanecer impossibilitado de praticar a


modalidade em consequência da agressão, o agressor poderá continuar
suspenso até que o agredido esteja apto a retornar ao treinamento, respeitado
o prazo máximo de cento e oitenta dias. (Incluído pela Resolução CNE no 29
de 2009).

§ 5o A informação do retorno do agredido ao treinamento dar-se-á mediante


comunicação ao órgão judicante (STJD ou TJD) pela entidade de prática
desportiva à qual o agredido estiver vinculado. (Incluído pela Resolução CNE
no 29 de 2009).

Art. 254-B. Cuspir em outrem: (Incluído pela Resolução CNE no 29 de


2009).

PENA: suspensão de seis a doze partidas, provas ou equivalentes, se


praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador, médico ou membro da
comissão técnica, e suspensão pelo prazo de trinta a cento e oitenta dias, se
praticada por qualquer outra pessoa natural submetida a este Código.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único. Se a ação for praticada contra árbitros, assistentes ou demais


membros de equipe de arbitragem, a pena mínima será de suspensão por
trezentos e sessenta dias, qualquer que seja o infrator. (Incluído pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 255. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).


Art. 256. (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009). Parágrafo único.


(Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 257. Participar de rixa, conflito ou tumulto, durante a partida, prova ou


equivalente. Parágrafo único (Revogado pela Resolução CNE no 29 de
2009).

PENA: suspensão de duas a dez partidas, provas ou equivalentes, se praticada


por atleta, mesmo se suplente, treinador, médico ou membro da comissão
técnica, e suspensão pelo prazo de quinze a cento e oitenta dias, se praticada
por qualquer outra pessoa natural submetida a este Código. (NR).

§ 1o No caso específico do futebol, a pena mínima será de seis partidas, se


praticada por atleta. (AC).

§ 2o Não constitui infração a conduta destinada a evitar o confronto, a


proteger outrem ou a separar os contendores. (AC).
§ 3o Quando não seja possível identificar todos os contendores, as entidades
de prática desportiva cujos atletas, treinadores, membros de comissão técnica,
dirigentes ou empregados tenham participado da rixa, conflito ou tumulto
serão apenadas com multa de até R$ 20.000,00 (vinte mil reais). (AC).

Art. 258. Assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética


desportiva não tipificada pelas demais regras deste Código. (Redação dada
pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA: suspensão de uma a seis partidas, provas ou equivalentes, se praticada


por atleta, mesmo se suplente, treinador, médico ou membro da comissão
técnica, e suspensão pelo prazo de quinze a cento e oitenta dias, se praticada
por qualquer outra pessoa natural submetida a este Código. (NR).

§ 1o É facultado ao órgão judicante substituir a pena de suspensão pela de


advertência se a infração for de pequena gravidade. (AC).

§ 2o Constituem exemplos de atitudes contrárias à disciplina ou à ética


desportiva, para os fins deste artigo, sem prejuízo de outros: I - desistir de
disputar partida, depois de iniciada, por abandono, simulação de contusão, ou
tentar impedir, por qualquer meio, o seu prosseguimento; (AC).

II - desrespeitar os membros da equipe de arbitragem, ou reclamar


desrespeitosamente contra suas decisões. (AC).
Art. 258-A. Provocar o público durante partida, prova ou equivalente.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA: suspensão de duas a seis partidas, provas ou equivalentes, se


praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador, médico ou membro da
comissão técnica, e suspensão pelo prazo de quinze a cento e oitenta dias, se
praticada por qualquer outra pessoa natural submetida a este Código.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 258-B. Invadir local destinado à equipe de arbitragem, ou o local da


partida, prova ou equivalente, durante sua realização, inclusive no intervalo
regulamentar. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA: suspensão de uma a três partidas, provas ou equivalentes, se praticada


por atleta, mesmo se suplente, treinador, médico ou membro da comissão
técnica, e suspensão pelo prazo de quinze a cento e oitenta dias, se praticada
por qualquer outra pessoa natural submetida a este Código. (Incluído pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o É facultado ao órgão judicante substituir a pena de suspensão pela de


advertência se a infração for de pequena gravidade. (Incluído pela Resolução
CNE no 29 de 2009).
§ 2o Considera-se invasão o ingresso nos locais mencionados no caput sem a
necessária autorização. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 258-C. Dar ou transmitir instruções a atletas, durante a realização de


partida, prova ou equivalente, em local proibido pelas regras ou regulamento
da modalidade desportiva. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA: suspensão de uma a três partidas. (Incluído pela Resolução CNE no


29 de 2009). Parágrafo único. É facultado ao órgão judicante substituir a pena
de suspensão pela de advertência se a infração for de pequena
gravidade(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 258-D. As penalidades de suspensão decorrentes das infrações previstas


neste Capítulo poderão ser cumuladas com a aplicação de multa de até R$
10.000,00 (dez mil reais) para a entidade de prática desportiva a que estiver
vinculado o infrator, observados os elementos de dosimetria da pena e, em
especial, o previsto no art. 182-A. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de
2009).

Capítulo V

(Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).


Capítulo VII

DAS INFRAÇÕES RELATIVAS À ARBITRAGEM

Art. 259. Deixar de observar as regras da modalidade.

PENA: suspensão de quinze a cento e vinte dias e, na reincidência, suspensão


de sessenta a duzentos e quarenta dias, cumuladas ou não com multa, de R$
100,00 (cem reais) a R$ 1.000,00 (mil reais). (NR).

Parágrafo único (Revogado Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o A partida, prova ou equivalente poderá ser anulada se ocorrer,


comprovadamente, erro de direito relevante o suficiente para alterar seu
resultado. (AC).

§ 2o É facultado ao órgão judicante substituir a pena de suspensão pela de


advertência se a infração for de pequena gravidade. (AC).
Art. 260. Omitir-se no dever de prevenir ou de coibir violência ou
animosidade entre os atletas, no curso da competição.

PENA: suspensão de trinta a cento e oitenta dias e, na reincidência,


suspensão de cento e oitenta a trezentos e sessenta dias, cumuladas ou não
com multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 1.000,00 (mil reais). (NR).

Parágrafo único. É facultado ao órgão judicante substituir a pena de


suspensão pela de advertência se a infração for de pequena gravidade. (AC).

Art. 261. (Revogado Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 261-A. Deixar o árbitro, auxiliar ou membro da equipe de arbitragem de


cumprir as obrigações relativas à sua função. (Incluído pela Resolução CNE
no 29 de 2009).

Pena: suspensão de quinze a noventa dias, cumulada ou não com multa, de


R$ 100,00 (cem reais) a R$ 1.000,00 (mil reais). (Incluído pela Resolução
CNE no 29 de 2009).

§ 1o Constituem exemplos da infração prevista neste artigo, sem prejuízo de


outros: (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

I - não se apresentar devidamente uniformizado ou apresentar-se sem o


material necessário ao desempenho das suas atribuições: (Incluído pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

II - deixar de apresentar-se, sem justo motivo, no local destinado à realização


da partida, prova ou equivalente com a antecedência mínima exigida no
regulamento para o início da competição. (Incluído pela Resolução CNE no
29 de 2009).

III - não conferir documento de identificação das pessoas naturais constantes


da súmula ou equivalente. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

IV - deixar de entregar ao órgão competente, no prazo legal, os documentos


da partida, prova ou equivalente, regularmente preenchidos; (Incluído pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

V - dar início à partida, prova ou equivalente, ou não interrompê-la quando,


no local exclusivo destinado a sua prática, houver qualquer pessoa que não as
previstas nas regras das modalidades, regulamentos e normas da competição.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 2o É facultado ao órgão judicante substituir a pena de suspensão pela de


advertência se a infração for de pequena gravidade. (Incluído pela Resolução
CNE no 29 de 2009).

Art. 262. (Revogado Resolução CNE no 29 de 2009). PENA (Revogada pela


Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 263. Deixar de comunicar à autoridade competente, em tempo oportuno,


que não se encontra em condições de exercer suas atribuições.

PENA: suspensão de cinco a sessenta dias, cumulada ou não com multa, de


R$ 100,00 (cem reais) a R$ 1.000,00 (mil reais). (NR).

Parágrafo único. É facultado ao órgão judicante substituir a pena de


suspensão pela de advertência se a infração for de pequena gravidade. (AC).

Art. 264. (Revogado Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).


Parágrafo único. (Revogado Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 265. (Revogado Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 266. Deixar de relatar as ocorrências disciplinares da partida, prova ou


equivalente, ou fazê-lo de modo a impossibilitar ou dificultar a punição de
infratores, deturpar os fatos ocorridos ou fazer constar fatos que não tenha
presenciado.

PENA: suspensão de trinta a trezentos e sessenta dias, cumulada ou não com


multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 1.000,00 (mil reais). (NR).

Parágrafo único. É facultado ao órgão judicante substituir a pena de


suspensão pela de advertência se a infração for de pequena gravidade. (AC).

Art. 267. Deixar de solicitar às autoridades competentes as providências


necessárias à segurança individual de atletas e auxiliares ou deixar de
interromper a partida, caso venham a faltar essas garantias.
PENA: suspensão de trinta a trezentos e sessenta dias, cumulada ou não com
multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 1.000,00 (mil reais). (NR).

Parágrafo único. É facultado ao órgão judicante substituir a pena de


suspensão pela de advertência se a infração for de pequena gravidade. (AC).

Art. 268. (Revogado Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único. (Revogado Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 269. Recusar-se, injustificadamente, a iniciar a partida, prova ou


equivalente, ou abandoná-la antes do seu término.

PENA: suspensão de trinta a cento e oitenta dias, cumulada ou não com


multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 1.000,00 (mil reais). (NR).
Parágrafo único. É facultado ao órgão judicante substituir a pena de
suspensão pela de advertência se a infração for de pequena gravidade. (AC).

Art. 270. (Revogado Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 271. (Revogado Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 272. (Revogado Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 273. Praticar atos com excesso ou abuso de autoridade.

PENA: suspensão de quinze a cento e oitenta dias, cumulada ou não com


multa, de R$ 100,00
(cem reais) a R$ 1.000,00 (mil reais). (NR).

Parágrafo único. É facultado ao órgão judicante substituir a pena de


suspensão pela de advertência se a infração for de pequena gravidade. (AC).

Capítulo VI

(Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 274. (Revogado Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 275. (Revogado Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).


Parágrafo único (Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 276. (Revogado Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 277. (Revogado Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 278. (Revogado Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 279. (Revogado Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).


Art. 280. (Revogado Resolução CNE no 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único (Revogado Resolução CNE no 29 de 2009).

TÍTULO X

(Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Capítulo I

(Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).


LIVRO COMPLEMENTAR

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS, TRANSITÓRIAS E FINAIS

Capítulo I

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 281. Não existindo ou, se existindo, deixar de funcionar o órgão


judicante, a entidade de administração do desporto designará os seus
representantes, que procederão na forma do § 1o do art. 15 deste Código.

Art. 281-A. Para os fins dos arts. 4o e 5o deste Código, não existindo ou, se
existindo, deixar de funcionar alguma das entidades por eles listadas, as
indicações a serem feitas por tais entidades sê-lo-ão pela respectiva entidade
de administração do desporto. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).
Parágrafo único. Caso as entidades inexistentes sejam constituídas ou as
inativas voltem a funcionar, poderão elas substituir os auditores interinos
indicados na forma deste artigo, mediante comunicação dirigida ao Presidente
do Tribunal. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 282. A interpretação das normas deste Código far-se-á com observância
das regras gerais de hermenêutica, visando à defesa da disciplina, da
moralidade do desporto e do espírito desportivo. (Redação dada pela
Resolução CNE no 29 de 2009).

§ 1o Na interpretação deste Código, os termos utilizados no masculino


incluem o feminino e vice-versa. (AC).

§ 2o Para os fins deste Código, o termo "regional" compreende tanto as


Regiões como os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, conforme o
caso. (AC).

§ 3o Para os fins deste Código, os termos "partida", "prova" ou


"equivalentes" compreendem todo o período entre o ingresso e a saída dos
limites da praça desportiva, por quaisquer dos participantes do evento. (AC).
Art. 283. Os casos omissos e as lacunas deste Código serão resolvidos com a
adoção dos princípios gerais de direito, dos princípios que regem este Código
e das normas internacionais aceitas em cada modalidade, vedadas, na
definição e qualificação de infrações, as decisões por analogia e a aplicação
subsidiária de legislação não desportiva. (Redação dada pela Resolução CNE
no 29 de 2009).

Art. 284. Após o trânsito em julgado das decisões condenatórias, serão elas
remetidas, quando for o caso, aos respectivos órgãos de fiscalização do
exercício profissional, para as providências que entenderem necessárias.
(Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Capítulo II

(Revogado pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Capítulo II

DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS


Art. 285. (Revogada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 285-A. Os mandatos e as funções dos atuais auditores e procuradores


ficam mantidos até o seu término, observadas as novas atribuições
estipuladas por este Código. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 286. Este Código e suas alterações entram em vigor na data de sua
publicação, mantidas as regras anteriores aos processos em curso. (Alterado
pela Resolução CNE no 11 de 2006 e Resolução no 13 de 2006)

Art. 286-A. Faculta-se às entidades nacionais de administração do desporto


propor a adoção de tábua de infrações e penalidades peculiares à respectiva
modalidade desportiva em complementação àquelas constantes deste Código.
(Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Parágrafo único. A proposta referida no caput é limitada às infrações e


penalidades peculiares, condicionada à prévia apreciação do Conselho
Nacional de Esporte, e, se aprovada, será publicada como Anexo ao Código
Brasileiro de Justiça Desportiva, sendo seu campo de incidência restrito à
respectiva modalidade desportiva. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de
2009).
Art. 286-B. Os Tribunais de Justiça Desportiva e o STJD de cada
modalidade, bem como as Procuradorias que atuam perante estes órgãos,
terão o prazo de trezentos e sessenta dias para aprovar seus respectivos
regimentos internos, caso inexistentes, sob pena de aplicar-se ao Presidente
do órgão judicante, ou ao Procurador-Geral, se for o caso, a penalidade do
art. 191. (Incluído pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 286-C. Incumbe aos Tribunais de Justiça Desportiva e ao STJD, no prazo


de trezentos e sessenta dias, emitir ato normativo, no âmbito de sua
competência, dispondo sobre critérios para conversão de pena, quando assim
admitido por este Código, em medida de interesse social, que, entre outros
meios legítimos, poderá se dar mediante a prestação de serviço comunitário
nos campos da assistência social, do desporto, da cultura, da educação, da
saúde, do voluntariado, além da defesa, preservação e conservação do meio
ambiente. (Redação dada pela Resolução CNE no 29 de 2009).

Art. 287. Ficam revogadas as Portarias MEC no 702, de 17 de dezembro de


1981; no 25 de 24 de janeiro de 1984; no 328, de 12 de maio de 1987;
relativas ao Código Brasileiro Disciplinar de Futebol (CBDF); Portarias MEC
no 629, de 2 de setembro de 1986; no 877, de 23 de dezembro de 1986,
relativas ao Código Brasileiro de Justiça e Disciplina Desportivas (CBJDD),
e as Resoluções de Diretoria das entidades de administração do desporto que
se tenham incorporado às Portarias ora revogadas, e demais disposições em
contrário.
(*) DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO, SEÇAO 1 EDIÇÃO No 250,
31.12.2009, A PARTIR DA PÁGINA 77
ANEXO II - LEI FEDERAL No 10.671/2003 (ESTATUTO DO
TORCEDOR)

LEI No 10.671, DE 15 DE MAIO DE 2003.

Dispõe sobre o Estatuto do Torcedor e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso


Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES Gerais

Art. 1o Este Estatuto estabelece normas de proteção e defesa do


torcedor.

Art. 1o-A. A prevenção da violência nos esportes é de responsabilidade


do poder público, das confederações, federações, ligas, clubes, associações
ou entidades esportivas, entidades recreativas e associações de torcedores,
inclusive de seus respectivos dirigentes, bem como daqueles que, de qualquer
forma, promovem, organizam, coordenam ou participam dos eventos
esportivos. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 2o Torcedor é toda pessoa que aprecie, apóie ou se associe a


qualquer entidade de prática desportiva do País e acompanhe a prática de
determinada modalidade esportiva.
Parágrafo único. Salvo prova em contrário, presumem-se a apreciação,
o apoio ou o acompanhamento de que trata o caput deste artigo.

Art. 2o-A. Considera-se torcida organizada, para os efeitos desta Lei, a


pessoa jurídica de direito privado ou existente de fato, que se organize para o
fim de torcer e apoiar entidade de prática esportiva de qualquer natureza ou
modalidade. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

Parágrafo único. A torcida organizada deverá manter cadastro


atualizado de seus associados ou membros, o qual deverá conter, pelo menos,
as seguintes informações: (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

I - nome completo; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

II - fotografia; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

III - filiação; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

IV - número do registro civil; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

V - número do CPF; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

VI - data de nascimento; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).


VII - estado civil; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

VIII - profissão; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

IX - endereço completo; e (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

X - escolaridade. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 3o Para todos os efeitos legais, equiparam-se a fornecedor, nos


termos da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, a entidade responsável
pela organização da competição, bem como a entidade de prática desportiva
detentora do mando de jogo.

Art. 4o (VETADO)

CAPÍTULO II

DA TRANSPARÊNCIA NA ORGANIZAÇÃO

Art. 5o São asseguradas ao torcedor a publicidade e transparência na


organização das competições administradas pelas entidades de administração
do desporto, bem como pelas ligas de que trata o art. 20 da Lei no 9.615, de
24 de março de 1998.
§ 1o As entidades de que trata o caput farão publicar na internet, em
sítio da entidade responsável pela organização do evento: (Incluído pela Lei
nº 12.299, de 2010).

I - a íntegra do regulamento da competição; (Incluído pela Lei nº


12.299, de 2010).

II - as tabelas da competição, contendo as partidas que serão


realizadas, com especificação de sua data, local e horário; (Incluído pela Lei
nº 12.299, de 2010).

III - o nome e as formas de contato do Ouvidor da Competição de que


trata o art. 6o; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

IV - os borderôs completos das partidas; (Incluído pela Lei nº 12.299,


de 2010).

V - a escalação dos árbitros imediatamente após sua definição; e


(Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

VI - a relação dos nomes dos torcedores impedidos de comparecer ao


local do evento desportivo. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

§ 2o Os dados contidos nos itens V e VI também deverão ser afixados


ostensivamente em local visível, em caracteres facilmente legíveis, do lado
externo de todas as entradas do local onde se realiza o evento esportivo.
(Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
§ 3o O juiz deve comunicar às entidades de que trata o caput decisão
judicial ou aceitação de proposta de transação penal ou suspensão do
processo que implique o impedimento do torcedor de frequentar estádios
desportivos. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 6o A entidade responsável pela organização da competição,


previamente ao seu início, designará o Ouvidor da Competição, fornecendo-
lhe os meios de comunicação necessários ao amplo acesso dos torcedores.

§ 1o São deveres do Ouvidor da Competição recolher as sugestões,


propostas e reclamações que receber dos torcedores, examiná-las e propor à
respectiva entidade medidas necessárias ao aperfeiçoamento da competição e
ao benefício do torcedor.

§ 2o É assegurado ao torcedor: I - o amplo acesso ao Ouvidor da


Competição, mediante comunicação postal ou mensagem eletrônica; e II - o
direito de receber do Ouvidor da Competição as respostas às sugestões,
propostas e reclamações, que encaminhou, no prazo de trinta dias.

§ 3o Na hipótese de que trata o inciso II do § 2o, o Ouvidor da


Competição utilizará, prioritariamente, o mesmo meio de comunicação
utilizado pelo torcedor para o encaminhamento de sua mensagem.

§ 4o O sítio da internet em que forem publicadas as informações de


que trata o § 1o do art. 5o conterá, também, as manifestações e propostas do
Ouvidor da Competição. (Redação dada pela Lei nº 12.299, de 2010).
§ 5o A função de Ouvidor da Competição poderá ser remunerada pelas
entidades de prática desportiva participantes da competição.

Art. 7o É direito do torcedor a divulgação, durante a realização da


partida, da renda obtida pelo pagamento de ingressos e do número de
espectadores pagantes e não-pagantes, por intermédio dos serviços de som e
imagem instalados no estádio em que se realiza a partida, pela entidade
responsável pela organização da competição.

Art. 8o As competições de atletas profissionais de que participem


entidades integrantes da organização desportiva do País deverão ser
promovidas de acordo com calendário anual de eventos oficiais que: I -
garanta às entidades de prática desportiva participação em competições
durante pelo menos dez meses do ano; II - adote, em pelo menos uma
competição de âmbito nacional, sistema de disputa em que as equipes
participantes conheçam, previamente ao seu início, a quantidade de partidas
que disputarão, bem como seus adversários.

CAPÍTULO III

DO REGULAMENTO DA COMPETIÇÃO

Art. 9o É direito do torcedor que o regulamento, as tabelas da


competição e o nome do Ouvidor da Competição sejam divulgados até 60
(sessenta) dias antes de seu início, na forma do § 1o do art. 5o. (Redação dada
pela Lei nº 12.299, de 2010).
§ 1o Nos dez dias subseqüentes à divulgação de que trata o caput,
qualquer interessado poderá manifestar-se sobre o regulamento diretamente
ao Ouvidor da Competição.

§ 2o O Ouvidor da Competição elaborará, em setenta e duas horas,


relatório contendo as principais propostas e sugestões encaminhadas.

§ 3o Após o exame do relatório, a entidade responsável pela


organização da competição decidirá, em quarenta e oito horas,
motivadamente, sobre a conveniência da aceitação das propostas e sugestões
relatadas.

§ 4o O regulamento definitivo da competição será divulgado, na forma


do § 1o do art. 5o, 45 (quarenta e cinco) dias antes de seu início. (Redação
dada pela Lei nº 12.299, de 2010).

§ 5o É vedado proceder alterações no regulamento da competição


desde sua divulgação definitiva, salvo nas hipóteses de: I - apresentação de
novo calendário anual de eventos oficiais para o ano subseqüente, desde que
aprovado pelo Conselho Nacional do Esporte – CNE; II - após dois anos de
vigência do mesmo regulamento, observado o procedimento de que trata este
artigo.

§ 6o A competição que vier a substituir outra, segundo o novo


calendário anual de eventos oficiais apresentado para o ano subseqüente,
deverá ter âmbito territorial diverso da competição a ser substituída.
Art. 10. É direito do torcedor que a participação das entidades de
prática desportiva em competições organizadas pelas entidades de que trata o
art. 5o seja exclusivamente em virtude de critério técnico previamente
definido.

§ 1o Para os fins do disposto neste artigo, considera-se critério técnico


a habilitação de entidade de prática desportiva em razão de colocação obtida
em competição anterior.

§ 2o Fica vedada a adoção de qualquer outro critério, especialmente o


convite, observado o disposto no art. 89 da Lei nº 9.615, de 24 de março de
1998.

§ 3o Em campeonatos ou torneios regulares com mais de uma divisão,


será observado o princípio do acesso e do descenso.

§ 4o Serão desconsideradas as partidas disputadas pela entidade de


prática desportiva que não tenham atendido ao critério técnico previamente
definido, inclusive para efeito de pontuação na competição.

Art. 11. É direito do torcedor que o árbitro e seus auxiliares


entreguem, em até quatro horas contadas do término da partida, a súmula e os
relatórios da partida ao representante da entidade responsável pela
organização da competição.

§ 1o Em casos excepcionais, de grave tumulto ou necessidade de laudo


médico, os relatórios da partida poderão ser complementados em até vinte e
quatro horas após o seu término.

§ 2o A súmula e os relatórios da partida serão elaborados em três vias,


de igual teor e forma, devidamente assinadas pelo árbitro, auxiliares e pelo
representante da entidade responsável pela organização da competição.

§ 3o A primeira via será acondicionada em envelope lacrado e ficará


na posse de representante da entidade responsável pela organização da
competição, que a encaminhará ao setor competente da respectiva entidade
até as treze horas do primeiro dia útil subseqüente.

§ 4o O lacre de que trata o § 3o será assinado pelo árbitro e seus


auxiliares.

§ 5o A segunda via ficará na posse do árbitro da partida, servindo-lhe


como recibo.

§ 6o A terceira via ficará na posse do representante da entidade


responsável pela organização da competição, que a encaminhará ao Ouvidor
da Competição até as treze horas do primeiro dia útil subseqüente, para
imediata divulgação.

Art. 12. A entidade responsável pela organização da competição dará


publicidade à súmula e aos relatórios da partida no sítio de que trata o § 1o do
art. 5o até as 14 (quatorze) horas do 3o (terceiro) dia útil subsequente ao da
realização da partida. (Redação dada pela Lei nº 12.299, de 2010).
CAPÍTULO IV

DA SEGURANÇA DO TORCEDOR PARTÍCIPE DO EVENTO


ESPORTIVO

Art. 13. O torcedor tem direito a segurança nos locais onde são
realizados os eventos esportivos antes, durante e após a realização das
partidas. (Vigência) Parágrafo único. Será assegurado acessibilidade ao
torcedor portador de deficiência ou com mobilidade reduzida.

Art. 13-A. São condições de acesso e permanência do torcedor no


recinto esportivo, sem prejuízo de outras condições previstas em lei:
(Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

I - estar na posse de ingresso válido; (Incluído pela Lei nº 12.299, de


2010).

II - não portar objetos, bebidas ou substâncias proibidas ou suscetíveis


de gerar ou possibilitar a prática de atos de violência; (Incluído pela Lei nº
12.299, de 2010).

III - consentir com a revista pessoal de prevenção e segurança;


(Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

IV - não portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros


sinais com mensagens ofensivas, inclusive de caráter racista ou xenófobo;
(Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

V - não entoar cânticos discriminatórios, racistas ou xenófobos;


(Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

VI - não arremessar objetos, de qualquer natureza, no interior do


recinto esportivo; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

VII - não portar ou utilizar fogos de artifício ou quaisquer outros


engenhos pirotécnicos ou produtores de efeitos análogos; (Incluído pela Lei
nº 12.299, de 2010).

VIII - não incitar e não praticar atos de violência no estádio, qualquer


que seja a sua natureza; e (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

IX - não invadir e não incitar a invasão, de qualquer forma, da área


restrita aos competidores. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

X - não utilizar bandeiras, inclusive com mastro de bambu ou


similares, para outros fins que não o da manifestação festiva e amigável.
(Incluído pela Lei nº 12.663, de 2012).

Parágrafo único. O não cumprimento das condições estabelecidas


neste artigo implicará a impossibilidade de ingresso do torcedor ao recinto
esportivo, ou, se for o caso, o seu afastamento imediato do recinto, sem
prejuízo de outras sanções administrativas, civis ou penais eventualmente
cabíveis. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
Art. 14. Sem prejuízo do disposto nos arts. 12 a 14 da Lei nº 8.078, de
11 de setembro de 1990, a responsabilidade pela segurança do torcedor em
evento esportivo é da entidade de prática desportiva detentora do mando de
jogo e de seus dirigentes, que deverão: I – solicitar ao Poder Público
competente a presença de agentes públicos de segurança, devidamente
identificados, responsáveis pela segurança dos torcedores dentro e fora dos
estádios e demais locais de realização de eventos esportivos; II - informar
imediatamente após a decisão acerca da realização da partida, dentre outros,
aos órgãos públicos de segurança, transporte e higiene, os dados necessários à
segurança da partida, especialmente: a) o local;

b) o horário de abertura do estádio;

c) a capacidade de público do estádio; e d) a expectativa de público;

III - colocar à disposição do torcedor orientadores e serviço de


atendimento para que aquele encaminhe suas reclamações no momento da
partida, em local: a) amplamente divulgado e de fácil acesso; e b) situado no
estádio.

§ 1o É dever da entidade de prática desportiva detentora do mando de


jogo solucionar imediatamente, sempre que possível, as reclamações
dirigidas ao serviço de atendimento referido no inciso III, bem como reportá-
las ao Ouvidor da Competição e, nos casos relacionados à violação de
direitos e interesses de consumidores, aos órgãos de defesa e proteção do
consumidor.
§ 2o (Revogado pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 15. O detentor do mando de jogo será uma das entidades de


prática desportiva envolvidas na partida, de acordo com os critérios definidos
no regulamento da competição.

Art. 16. É dever da entidade responsável pela organização da


competição: I - confirmar, com até quarenta e oito horas de antecedência, o
horário e o local da realização das partidas em que a definição das equipes
dependa de resultado anterior; II - contratar seguro de acidentes pessoais,
tendo como beneficiário o torcedor portador de ingresso, válido a partir do
momento em que ingressar no estádio; III – disponibilizar um médico e dois
enfermeiros-padrão para cada dez mil torcedores presentes à partida; IV –
disponibilizar uma ambulância para cada dez mil torcedores presentes à
partida; e V – comunicar previamente à autoridade de saúde a realização do
evento.

Art. 17. É direito do torcedor a implementação de planos de ação


referentes a segurança, transporte e contingências que possam ocorrer durante
a realização de eventos esportivos.

§ 1o Os planos de ação de que trata o caput serão elaborados pela


entidade responsável pela organização da competição, com a participação das
entidades de prática desportiva que a disputarão e dos órgãos responsáveis
pela segurança pública, transporte e demais contingências que possam
ocorrer, das localidades em que se realizarão as partidas da competição.
(Redação dada pela Lei nº 12.299, de 2010).

I - serão elaborados pela entidade responsável pela organização da


competição, com a participação das entidades de prática desportiva que a
disputarão; e II - deverão ser apresentados previamente aos órgãos
responsáveis pela segurança pública das localidades em que se realizarão as
partidas da competição.

§ 2o Planos de ação especiais poderão ser apresentados em relação a


eventos esportivos com excepcional expectativa de público.

§ 3o Os planos de ação serão divulgados no sítio dedicado à


competição de que trata o parágrafo único do art. 5o no mesmo prazo de
publicação do regulamento definitivo da competição.

Art. 18. Os estádios com capacidade superior a 10.000 (dez mil)


pessoas deverão manter central técnica de informações, com infraestrutura
suficiente para viabilizar o monitoramento por imagem do público presente.
(Redação dada pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 19. As entidades responsáveis pela organização da competição,


bem como seus dirigentes respondem solidariamente com as entidades de que
trata o art. 15 e seus dirigentes, independentemente da existência de culpa,
pelos prejuízos causados a torcedor que decorram de falhas de segurança nos
estádios ou da inobservância do disposto neste capítulo.

CAPÍTULO V

DOS INGRESSOS
Art. 20. É direito do torcedor partícipe que os ingressos para as
partidas integrantes de competições profissionais sejam colocados à venda até
setenta e duas horas antes do início da partida correspondente.

§ 1o O prazo referido no caput será de quarenta e oito horas nas


partidas em que: I - as equipes sejam definidas a partir de jogos eliminatórios;
e II - a realização não seja possível prever com antecedência de quatro dias.

§ 2o A venda deverá ser realizada por sistema que assegure a sua


agilidade e amplo acesso à informação.

§ 3o É assegurado ao torcedor partícipe o fornecimento de


comprovante de pagamento, logo após a aquisição dos ingressos.

§ 4o Não será exigida, em qualquer hipótese, a devolução do


comprovante de que trata o § 3o.

§ 5o Nas partidas que compõem as competições de âmbito nacional ou


regional de primeira e segunda divisão, a venda de ingressos será realizada
em, pelo menos, cinco postos de venda localizados em distritos diferentes da
cidade.

Art. 21. A entidade detentora do mando de jogo implementará, na


organização da emissão e venda de ingressos, sistema de segurança contra
falsificações, fraudes e outras práticas que contribuam para a evasão da
receita decorrente do evento esportivo.
Art. 22. São direitos do torcedor partícipe: (Vigência) I - que todos os
ingressos emitidos sejam numerados; e II - ocupar o local correspondente ao
número constante do ingresso.

§ 1o O disposto no inciso II não se aplica aos locais já existentes para


assistência em pé, nas competições que o permitirem, limitando-se, nesses
locais, o número de pessoas, de acordo com critérios de saúde, segurança e
bem-estar.

§ 2o A emissão de ingressos e o acesso ao estádio nas primeira e


segunda divisões da principal competição nacional e nas partidas finais das
competições eliminatórias de âmbito nacional deverão ser realizados por
meio de sistema eletrônico que viabilize a fiscalização e o controle da
quantidade de público e do movimento financeiro da partida. (Redação dada
pela Lei nº 12.299, de 2010).

§ 3o O disposto no § 2o não se aplica aos eventos esportivos realizados


em estádios com capacidade inferior a 10.000 (dez mil) pessoas. (Redação
dada pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 23. A entidade responsável pela organização da competição


apresentará ao Ministério Público dos Estados e do Distrito Federal,
previamente à sua realização, os laudos técnicos expedidos pelos órgãos e
autoridades competentes pela vistoria das condições de segurança dos
estádios a serem utilizados na competição. (Regulamento)

§ 1o Os laudos atestarão a real capacidade de público dos estádios,


bem como suas condições de segurança.

§ 2o Perderá o mando de jogo por, no mínimo, seis meses, sem


prejuízo das demais sanções cabíveis, a entidade de prática desportiva
detentora do mando do jogo em que: I - tenha sido colocado à venda número
de ingressos maior do que a capacidade de público do estádio; ou II - tenham
entrado pessoas em número maior do que a capacidade de público do estádio.

III - tenham sido disponibilizados portões de acesso ao estádio em


número inferior ao recomendado pela autoridade pública. (Incluído pela Lei
nº 12.299, de 2010).

Art. 24. É direito do torcedor partícipe que conste no ingresso o preço


pago por ele.

§ 1o Os valores estampados nos ingressos destinados a um mesmo


setor do estádio não poderão ser diferentes entre si, nem daqueles divulgados
antes da partida pela entidade detentora do mando de jogo.

§ 2o O disposto no § 1o não se aplica aos casos de venda antecipada de


carnê para um conjunto de, no mínimo, três partidas de uma mesma equipe,
bem como na venda de ingresso com redução de preço decorrente de previsão
legal.

Art. 25. O controle e a fiscalização do acesso do público ao estádio


com capacidade para mais de 10.000 (dez mil) pessoas deverão contar com
meio de monitoramento por imagem das catracas, sem prejuízo do disposto
no art. 18 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.299, de 2010).

CAPÍTULO VI

DO TRANSPORTE

Art. 26. Em relação ao transporte de torcedores para eventos


esportivos, fica assegurado ao torcedor partícipe: I - o acesso a transporte
seguro e organizado; II - a ampla divulgação das providências tomadas em
relação ao acesso ao local da partida, seja em transporte público ou privado; e
III - a organização das imediações do estádio em que será disputada a partida,
bem como suas entradas e saídas, de modo a viabilizar, sempre que possível,
o acesso seguro e rápido ao evento, na entrada, e aos meios de transporte, na
saída.

Art. 27. A entidade responsável pela organização da competição e a


entidade de prática desportiva detentora do mando de jogo solicitarão
formalmente, direto ou mediante convênio, ao Poder Público competente: I -
serviços de estacionamento para uso por torcedores partícipes durante a
realização de eventos esportivos, assegurando a estes acesso a serviço
organizado de transporte para o estádio, ainda que oneroso; e II - meio de
transporte, ainda que oneroso, para condução de idosos, crianças e pessoas
portadoras de deficiência física aos estádios, partindo de locais de fácil
acesso, previamente determinados.

Parágrafo único. O cumprimento do disposto neste artigo fica


dispensado na hipótese de evento esportivo realizado em estádio com
capacidade inferior a 10.000 (dez mil) pessoas. (Redação dada pela Lei nº
12.299, de 2010).
CAPÍTULO VII

DA ALIMENTAÇÃO E DA HIGIENE

Art. 28. O torcedor partícipe tem direito à higiene e à qualidade das


instalações físicas dos estádios e dos produtos alimentícios vendidos no local.

§ 1o O Poder Público, por meio de seus órgãos de vigilância sanitária,


verificará o cumprimento do disposto neste artigo, na forma da legislação em
vigor.

§ 2o É vedado impor preços excessivos ou aumentar sem justa causa


os preços dos produtos alimentícios comercializados no local de realização
do evento esportivo.

Art. 29. É direito do torcedor partícipe que os estádios possuam


sanitários em número compatível com sua capacidade de público, em plenas
condições de limpeza e funcionamento.

Parágrafo único. Os laudos de que trata o art. 23 deverão aferir o


número de sanitários em condições de uso e emitir parecer sobre a sua
compatibilidade com a capacidade de público do estádio.

CAPÍTULO VIII
DA RELAÇÃO COM A ARBITRAGEM ESPORTIVA

Art. 30. É direito do torcedor que a arbitragem das competições


desportivas seja independente, imparcial, previamente remunerada e isenta de
pressões.

Parágrafo único. A remuneração do árbitro e de seus auxiliares será de


responsabilidade da entidade de administração do desporto ou da liga
organizadora do evento esportivo.

Art. 31. A entidade detentora do mando do jogo e seus dirigentes


deverão convocar os agentes públicos de segurança visando a garantia da
integridade física do árbitro e de seus auxiliares.

Art. 31-A. É dever das entidades de administração do desporto


contratar seguro de vida e acidentes pessoais, tendo como beneficiária a
equipe de arbitragem, quando exclusivamente no exercício dessa atividade.
(Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 32. É direito do torcedor que os árbitros de cada partida sejam


escolhidos mediante sorteio, dentre aqueles previamente selecionados.

§ 1o O sorteio será realizado no mínimo quarenta e oito horas antes de


cada rodada, em local e data previamente definidos.
§ 2o O sorteio será aberto ao público, garantida sua ampla divulgação.

CAPÍTULO IX

DA RELAÇÃO COM A ENTIDADE DE PRÁTICA DESPORTIVA Art. 33.


Sem prejuízo do disposto nesta Lei, cada entidade de prática desportiva fará
publicar documento que contemple as diretrizes básicas de seu
relacionamento com os torcedores, disciplinando, obrigatoriamente:
(Vigência) I - o acesso ao estádio e aos locais de venda dos ingressos; II -
mecanismos de transparência financeira da entidade, inclusive com
disposições relativas à realização de auditorias independentes, observado o
disposto no art. 46-A da Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998; e III - a
comunicação entre o torcedor e a entidade de prática desportiva.

Parágrafo único. A comunicação entre o torcedor e a entidade de


prática desportiva de que trata o inciso III do caput poderá, dentre outras
medidas, ocorrer mediante: I - a instalação de uma ouvidoria estável; II - a
constituição de um órgão consultivo formado por torcedores não-sócios; ou
III - reconhecimento da figura do sócio-torcedor, com direitos mais restritos
que os dos demais sócios.

CAPÍTULO X

DA RELAÇÃO COM A JUSTIÇA DESPORTIVA

Art. 34. É direito do torcedor que os órgãos da Justiça Desportiva, no


exercício de suas funções, observem os princípios da impessoalidade, da
moralidade, da celeridade, da publicidade e da independência.

Art. 35. As decisões proferidas pelos órgãos da Justiça Desportiva


devem ser, em qualquer hipótese, motivadas e ter a mesma publicidade que
as decisões dos tribunais federais.

§ 1o Não correm em segredo de justiça os processos em curso perante


a Justiça Desportiva.

§ 2o As decisões de que trata o caput serão disponibilizadas no sítio de


que trata o § 1o do art. 5o. (Redação dada pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 36. São nulas as decisões proferidas que não observarem o


disposto nos arts. 34 e 35.

CAPÍTULO XI

DAS PENALIDADES

Art. 37. Sem prejuízo das demais sanções cabíveis, a entidade de


administração do desporto, a liga ou a entidade de prática desportiva que
violar ou de qualquer forma concorrer para a violação do disposto nesta Lei,
observado o devido processo legal, incidirá nas seguintes sanções: I –
destituição de seus dirigentes, na hipótese de violação das regras de que
tratam os Capítulos II, IV e V desta Lei; II - suspensão por seis meses dos
seus dirigentes, por violação dos dispositivos desta Lei não referidos no
inciso I; III - impedimento de gozar de qualquer benefício fiscal em âmbito
federal; e IV - suspensão por seis meses dos repasses de recursos públicos
federais da administração direta e indireta, sem prejuízo do disposto no art.
18 da Lei no 9.615, de 24 de março de 1998.

§ 1o Os dirigentes de que tratam os incisos I e II do caput deste artigo


serão sempre: I - o presidente da entidade, ou aquele que lhe faça as vezes; e
II - o dirigente que praticou a infração, ainda que por omissão.

§ 2o A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão


instituir, no âmbito de suas competências, multas em razão do
descumprimento do disposto nesta Lei.

§ 3o A instauração do processo apuratório acarretará adoção cautelar


do afastamento compulsório dos dirigentes e demais pessoas que, de forma
direta ou indiretamente, puderem interferir prejudicialmente na completa
elucidação dos fatos, além da suspensão dos repasses de verbas públicas, até
a decisão final.

Art. 38. (VETADO)

Art. 39. (Revogado pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 39-A. A torcida organizada que, em evento esportivo, promover


tumulto; praticar ou incitar a violência; ou invadir local restrito aos
competidores, árbitros, fiscais, dirigentes, organizadores ou jornalistas será
impedida, assim como seus associados ou membros, de comparecer a eventos
esportivos pelo prazo de até 3 (três) anos. (Incluído pela Lei nº 12.299, de
2010).

Art. 39-B. A torcida organizada responde civilmente, de forma


objetiva e solidária, pelos danos causados por qualquer dos seus associados
ou membros no local do evento esportivo, em suas imediações ou no trajeto
de ida e volta para o evento. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 40. A defesa dos interesses e direitos dos torcedores em juízo


observará, no que couber, a mesma disciplina da defesa dos consumidores em
juízo de que trata o Título III da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990.

Art. 41. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios


promoverão a defesa do torcedor, e, com a finalidade de fiscalizar o
cumprimento do disposto nesta Lei, poderão: I - constituir órgão
especializado de defesa do torcedor; ou II - atribuir a promoção e defesa do
torcedor aos órgãos de defesa do consumidor.

Art. 41-A. Os juizados do torcedor, órgãos da Justiça Ordinária com


competência cível e criminal, poderão ser criados pelos Estados e pelo
Distrito Federal para o processo, o julgamento e a execução das causas
decorrentes das atividades reguladas nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.299,
de 2010).

CAPÍTULO XI-A

DOS CRIMES
(Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
Art. 41-B. Promover tumulto, praticar ou incitar a violência, ou
invadir local restrito aos competidores em eventos esportivos: (Incluído pela
Lei nº 12.299, de 2010).

Pena - reclusão de 1 (um) a 2 (dois) anos e multa. (Incluído pela Lei nº


12.299, de 2010).

§ 1o Incorrerá nas mesmas penas o torcedor que: (Incluído pela Lei nº


12.299, de 2010).

I - promover tumulto, praticar ou incitar a violência num raio de 5.000


(cinco mil) metros ao redor do local de realização do evento esportivo, ou
durante o trajeto de ida e volta do local da realização do evento; (Incluído
pela Lei nº 12.299, de 2010).

II - portar, deter ou transportar, no interior do estádio, em suas


imediações ou no seu trajeto, em dia de realização de evento esportivo,
quaisquer instrumentos que possam servir para a prática de violência.
(Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

§ 2o Na sentença penal condenatória, o juiz deverá converter a pena de


reclusão em pena impeditiva de comparecimento às proximidades do estádio,
bem como a qualquer local em que se realize evento esportivo, pelo prazo de
3 (três) meses a 3 (três) anos, de acordo com a gravidade da conduta, na
hipótese de o agente ser primário, ter bons antecedentes e não ter sido punido
anteriormente pela prática de condutas previstas neste artigo. (Incluído pela
Lei nº 12.299, de 2010).
§ 3o A pena impeditiva de comparecimento às proximidades do
estádio, bem como a qualquer local em que se realize evento esportivo,
converter-se-á em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento
injustificado da restrição imposta. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

§ 4o Na conversão de pena prevista no § 2o, a sentença deverá


determinar, ainda, a obrigatoriedade suplementar de o agente permanecer em
estabelecimento indicado pelo juiz, no período compreendido entre as 2
(duas) horas antecedentes e as 2 (duas) horas posteriores à realização de
partidas de entidade de prática desportiva ou de competição determinada.
(Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

§ 5o Na hipótese de o representante do Ministério Público propor


aplicação da pena restritiva de direito prevista no art. 76 da Lei no 9.099, de
26 de setembro de 1995, o juiz aplicará a sanção prevista no § 2o. (Incluído
pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 41-C. Solicitar ou aceitar, para si ou para outrem, vantagem ou


promessa de vantagem patrimonial ou não patrimonial para qualquer ato ou
omissão destinado a alterar ou falsear o resultado de competição esportiva:
(Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e multa. (Incluído pela Lei


nº 12.299, de 2010).

Art. 41-D. Dar ou prometer vantagem patrimonial ou não patrimonial


com o fim de alterar ou falsear o resultado de uma competição desportiva:
(Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e multa. (Incluído pela Lei
nº 12.299, de 2010).

Art. 41-E. Fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que se


fraude, de qualquer forma, o resultado de competição esportiva: (Incluído
pela Lei nº 12.299, de 2010).

Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e multa. (Incluído pela Lei


nº 12.299, de 2010).

Art. 41-F. Vender ingressos de evento esportivo, por preço superior ao


estampado no bilhete: (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

Pena - reclusão de 1 (um) a 2 (dois) anos e multa. (Incluído pela Lei nº


12.299, de 2010).

Art. 41-G. Fornecer, desviar ou facilitar a distribuição de ingressos


para venda por preço superior ao estampado no bilhete: (Incluído pela Lei nº
12.299, de 2010).

Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. (Incluído pela


Lei nº 12.299, de 2010).

Parágrafo único. A pena será aumentada de 1/3 (um terço) até a


metade se o agente for servidor público, dirigente ou funcionário de entidade
de prática desportiva, entidade responsável pela organização da competição,
empresa contratada para o processo de emissão, distribuição e venda de
ingressos ou torcida organizada e se utilizar desta condição para os fins
previstos neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

CAPÍTULO XII

DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 42. O Conselho Nacional de Esportes – CNE promoverá, no prazo


de seis meses, contado da publicação desta Lei, a adequação do Código de
Justiça Desportiva ao disposto na Lei no 9.615, de 24 de março de 1998,
nesta Lei e em seus respectivos regulamentos.

Art. 43. Esta Lei aplica-se apenas ao desporto profissional.

Art. 44. O disposto no parágrafo único do art. 13, e nos arts. 18, 22, 25
e 33 entrará em vigor após seis meses da publicação desta Lei.

Art. 45. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


1LYRA FILHO, João. Introdução ao Direito Desportivo, Rio de Janeiro: 1952, Irmãos
Pongetti Editores, p. 7.

2 Código Brasileiro de Justiça Desportiva.

3 Inclusive, denomino a Justiça Desportiva como sendo o Direito Desportivo Disciplinar.

4 A bem da verdade, os estudos sobre a relação entre Direito e Esporte, no Brasil, são
antigos. Convém assinalar que, em 1952, o Ministro João Lyra Filho, lançava o seu
“Introdução ao Direito Desportivo”. O mesmo autor rememora que em tempos antanhos:“o
direito desportivo remanesce dos preceitos e regras observadas na velha Grécia; leis que
foram submetidas à aprovação dos sábios da época, circunstância que revela a sua
importância e transcedência pública.” (Ob cit.p. 105).

5 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/esporte/825187-monica-bergamo-massa-


pode-ser-preso-se-der-passagem-a-alonso-no-gp-brasil-diz-promotor.shtml>. Acessado em
15 nov 2010.

6 Conferir Lei n° 10.671/2003: Art. 41-A. Os juizados do torcedor, órgãos da Justiça


Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pelos Estados e pelo
Distrito Federal para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes das
atividades reguladas nesta Lei.

7 Nesta perspectiva, o debate acerca do aparente conflito entre lex sportiva e lei nacional
resurge. É mister assinalar que a tão desejada autonomia plena não é somente a aplicação
de regras e estatutos das entidades esportivas, nacionais ou estrangeiras, em detrimento da
lei local; porém, a observância desta, de maneira harmônica, com aqueles (MELO FILHO,
Álvaro. Direito Desportivo – Aspectos Téoricos e Práticos, Sao Paulo: IOB Thomson,
2006, p. 28). Ademais, no caso pátrio, não se pode fugir à constatação de que o esporte, a
autonima esportiva (direito à livre associação) e a própria Justiça Desportiva estão grafados
na Constituição Federal (vide artigo 217).

8 Opto, como assinalado em nota anterior, por tratar a Justiça Desportiva instituição
vinculada a um ramo do direito desportivo, aquele que tem função disciplinar. Malgrado o
costume de muitos anos se referindo a este segmento do direito desportivo como sinônimo
de Justiça Desportiva, mister uma maior cientificização através de nomenclatura mais
adequada. O direito desportivo disciplinar não pode se confundir ou se imiscuir apenas
como “Justiça Desportiva”, esta é órgão com comptência para dizê-lo, e não sê-lo.
9 O primeiro diploma desportivo disciplina foi o Código Brasileiro do Futebol, fruto das
resoluções 45/46, do Conselho Nacional de Desportes (CND), em 1946.

10Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica,


bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.

11STF, AI 664567 QO/RS, Rel. Min. Sepúlveda Pertence; RHC 83.181, Rel. Min. Joaquim
Barbosa

12 Treze ganha na Série C, mas CBF promote reverter decisão. Nesta sexta-feira, a
Confederação Brasileira de Futebol (CBF) publicou a nova tabela da Série C, com a
inclusão do Treze. O clube paraibano conseguiu uma liminar na Justiça de sua cidade,
Campina Grande, obrigando a imediata inclusão do time na terceira divisão do
Campeonato Brasileiro. A CBF, porém, criticou duramente a atitude do Treze e promete
reverter a decisão. Com a inclusão do Treze, a Série C contará com 21 clubes, divididos em
dois grupos. O time paraibano entrou no Grupo A, ao lado de Águia de Marabá, Cuiabá,
Fortaleza, Guarany de Sobral, Icasa, Luverdense, Paysandu, Rio Branco, Salgueiro e Santa
Cruz. Já o Grupo B tem Brasiliense, Caxias, Chapecoense, Duque de Caxias, Macaé,
Madureira, Oeste, Santo André, Tupi e Vila Nova-GO.
A Série C começa neste final de semana, com quatro partidas no sábado: Santa Cruz x
Guarany de Sobral, Cuiabá x Icasa, Fortaleza x Águia de Marabá e Rio Branco x Salgueiro.
A estreia do Treze está marcada para 4 de julho, contra o Salgueiro, na próxima quarta-
feira, no interior pernambucano. No entanto, no que depender da CBF, a participação do
time paraibano na competição não deve durar muito. Em petição da Diretoria Jurídica da
entidade, publicada em seu site oficial, a CBF classificou a reivindicação do Treze como
"maliciosa e desacreditada", além de fundada "em premissas falsas que não resistem ao
contraste com a realidade", reforçando que o Treze não teria o direito, em sua avaliação, de
participar de nenhuma das quatro divisões do Brasileiro neste ano. Seguindo com as
críticas, a CBF ainda prevê "consequências trágicas" que a decisão pode trazer para o
futebol brasileiro, além de classificar a liminar que garante o Treze na Série C como um
dos "maiores absurdos já cometidos pelo Poder Judiciário brasileiro". Para concluir, a
entidade confirma que vai recorrer da decisão "pela via processual própria", o que pode
resultar em mudanças na competição a qualquer momento. Entenda o caso O Treze pleiteia
sua participação na Série C de 2012 por causa de um imbróglio envolvendo o Rio Branco,
do Acre, na competição do ano passado. O time acriano teve o seu estádio, a Arena da
Floresta, interditado pelo Ministério Público, mas recorreu da decisão na Justiça comum, o
que é proibido na instância esportiva. Por isso, o Rio Branco foi excluído da competição,
tentou recorrer, e conseguiu um acordo para não ser rebaixado. Com a possibilidade de o
Rio Branco cair para a Série D, o Treze se sentiu no direito de pleitear a vaga na terceira
divisão, já que foi eliminado nas quartas de final da quarta divisão em 2011 e assim foi o
quinto melhor time da competição - os quatro primeiros conseguiram o acesso à Série C de
2012. Uma liminar da Justiça de Campina Grande colocou o time paraibano no torneio
deste ano, a CBF conseguiu o seu deferimento ao pagar uma multa de R$ 2,488 milhões,
mas depois teve que acatar a decisão, anunciando a inclusão do Treze.( Treza ganha vaga
na Série C, mas CBF promote reverter decisão. Disponível em <
http://esportes.terra.com.br/futebol/brasileiro-serie-c/noticias/0,,OI5868156-EI20064,00-
Treze+ganha+vaga+na+Serie+C+mas+CBF+promete+reverter+decisao.html>. Acessado
em 27 set 2012.

13 A imprensa qualificou a sanção imposta como a maior do futebol brasileiro. O STJD


aplicou perda de 30 (trinta) mandos de campo e multa de R$ 610 mil (Disponível em:
http://gazetaweb.globo.com/noticia.php?c=33021&e=3 , Acessado em 20 abr 2013).
Todavia, o Pleno do STJD reduziu a pena imposta de 30 (trinta) para 10 (dez) jogos, assim
como a multa para R$ 100 mil (Disponível em:
http://www.estadao.com.br/noticias/esportes,stjd-reduz-punicao-do-coritiba-de-30-para-10-
jogos,523008,0.htm , Acessado em 20/04/2013).

14 Disponível em: <http://justicadesportiva.uol.com.br/artigo.asp?id=2298>. Acessado em


10 dez 09.

15Por exemplo: a autonomia financeira dos Tribunais de Justiça Desportiva, remuneração


ou não de membros, interiorização de Comissões Disciplinares, etc.

16 Interessante notícia chega da Grécia, onde o AEK Atenas, um tradicional clube helênico,
foi rebaixado em virtude da perda de pontos em face de incidentes ocorridos em partida
que disputou. Estes consistiram em atos de violência por parte de seus torcedores que
culminaram com a interrupção de uma partida (Disponível em:
http://www.ovaciondigital.com.uy/ovacion/futbol/al-descenso-por-ocasionar-
incidentes.html , Acessado em 20 abr 2013).

17 Pelé defende mala branca, mas não acredita em ‘entregada’ do São Paulo. Disponível
em: <http://globoesporte.globo.com/futebol/brasileirao-serie-a/noticia/2010/11/pele-
defende-mala-branca-mas-nao-acredita-em-entregada-do-sao-paulo.html>. Acessado em 01
dez. 2010.

18 No cotidiano do futebol chama-se “mala preta”.

19 Presidente do Fluminense repudia a “mala branca”. Disponível em:


<http://justicadesportiva.uol.com.br/25342-PRESIDENTE-DO-FLUMINENSE-
REPUDIA-PRATICA-DA-MALA-BRANCA.html>. Acessado em 01 dez. 2010.

20 Sobre a “Máfia do Apito”, Carlos Miguel Aidar e Alexandre Ramalho Miranda


escreveram uma coluna no Site do IBDD, tecendo análise histórica e crítica sobre o
ocorrido. Disponível em: <http://www.ibdd.com.br/v2/index.asp?p=20&id=1559>.
Acessado em 01 dez. 2010.

21Massa pode ser preso se der passagem a Alonso no GP Brasil, diz promotor. Disponível
em: <http://www1.folha.uol.com.br/esporte/825187-monica-bergamo-massa-pode-ser-
preso-se-der-passagem-a-alonso-no-gp-brasil-diz-promotor.shtml>. Acessado em 01 dez.
2010.

22 “Artifício é toda simulação ou dissimulação idônea para induzir uma pessoa em erro,
levando-a à percepção de uma falsa aparência da realidade.” (BITENCOURT, Cezar
Roberto. Tratado de Direito Penal, volume 3, parte especial, 5ª edição. São Paulo: Saraiva,
p. 232).

23“Ardil é a trama, estratagema, a astúcia.” (BITENCOURT, Cezar Roberto. Ob. cit., p.


232).

24“Outro meio fraudulento é uma fórmula genérica para admitir qualquer espécie de fraude
que possa enganar a vítima.” (BITENCOURT, Cezar Roberto. Ob. cit., p. 232).

25 No futebolês, “bicho” é gratificação paga por resultados obtidos numa partida ou


campeonato.

26 O Comitê Olímpico Internacional, em seu Código de Ética, fixou como um dos


princípios de dignidade a atuação do atleta respeitando o fair play (jogo justo), sem o
interesse de influenciar a competição de modo a contrariar os princípios éticos desportivos.
É de bom alvitre reproduzir o dispositivo constante no Código de Ética do COI, Tópico A,
ponto 6: Also, in the context of betting, participants in the Olympic Games must not, by
any manner whatsoever, infringe the principle of fair play, show non-sporting conduct, or
attempt to influence the result of a competition in a manner contrary to Sporting ethics.
IOC Code of Ethics. Disponível em:
<http://www.ethicsandsport.com/public/uploads/files/documentatie/ethischecode/Code%20of%20Ethics%
Acessado em 01 dez. 2010.
27 O próprio STJD já apreciou matéria similar, em lance ocorrido em partida entre
Guaratinguetá e Santo André, válida pela Série B de 2010, em 29 de maio daquele ano. O
atleta Júlio César Cruz, do primeiro time, foi condenado por jogada violenta, sendo
afastamento até o retorno de seu colega de profissão por ele vitimado aos treinamentos.
Esta decisão nos autos do Processo n° 35/2010, que tramitou na 4ª Comissão Disciplinar do
STJD, cuja relatoria coube ao e. Auditor Paulo Bracks e foi confirmada pelo Tribunal
Pleno.

28A partida foi disputada no dia 16 de novembro de 2011, válida pela 35ª rodada do
Campeonato Brasileiro de Futebol Profissional – Edição 2011.

29 Art. 253. Praticar agressão física contra o árbitro ou seus auxiliares, ou contra qualquer
outro participante do evento desportivo: PENA: suspensão de 120 (cento e vinte) a 540
(quinhentos e quarenta) dias. § 1o. – Se da agressão resultar lesão corporal grave, a pena
será de suspensão de 240 (duzentos e quarenta) a 720 (setecentos e vinte) dias. § 2o. – Se
ultrapassado o prazo de suspensão fixado pelo Órgão Judicante, na forma do parágrafo
anterior, e o atleta agredido permanecer impossibilitado da pratica da atividade por força da
agressão sofrida, continuará o agressor suspenso até a total recuperação do agredido.

30Rompendo o formalismo das regras próprias à confecção de um artigo jurídico, assevero


que senti e vivi isso como defensor dativo que fui e depois como procurador da Corte
Baiana de Futebol.

31 O direito desportivo disciplinar está intimamente vinculado aos princípios e valores


político-criminais, face sua natureza punitiva. Muito embora, o próprio CBJD assevere que
seus dispositivos são autônomos, impossível e ilógico a desvinculação a certos princípios,
dentre os quais a proporcionalidade. Adota-se, in casu, como conceito e baliza para
determinar a proporcionalidade a proibição do excesso, ou seja, nem a sanção deve ser
exacerbada, nem mesmo imposta aquém do seu merecimento.

32 Art. 308. Praticar jogada violenta. Pena: suspensão de uma (1) a duas (2) partidas ou
multa de dez (10) a trinta (30) ORTNs. Parágrafo único. Se a jogada resultar lesão ao
adversário que impossibilite de prosseguir na partida, a pena será de suspensão de duas (2)
a seis (6) partidas.

33 No voto condutor da primeira decisão desta natureza, no âmbito do STJD, subscritor


pelo culto Dr. Paulo Bracks, traz-se à baila o debate sobre o dolo direto ou eventual no tipo
de jogada violenta, ex vi: “Já a jogada violenta do art. 254 do CBJD – também assim
entendo em relação ao art. 250, ato de hostilidade contra o adversário –, à minha exegese, é
uma infração que prevê não só a punição a título de dolo, mas também por culpa. Ou seja,
se o atleta desfere um carrinho por trás no adversário, ou, de forma temerária, acaba
atingindo o ofendido também de forma violenta, a infração ao art. 254 pode ser
caracterizada. Logo, para um édito condenatório, mister se faz analisar, no presente
processo, se houve dolo direto e específico do denunciado, dolo eventual – tal como
narrado na bem lançada denúncia da lavra do nobre Dr. Paulo César Salomão Filho –, ou
até mesmo a culpa. No caso dos autos, de plano, afasto o dolo direto. Não vislumbrei,
analisando o vídeo por mais de uma oportunidade, qualquer intenção dirigida do atleta em
fazer o que fez. O ora denunciado, Julio Cesar, a meu ver, não pretendia, desferindo o
carrinho, fraturar a perna do adversário. Contudo, o dolo eventual, qual seja, a assunção do
risco de produzir uma lesão no companheiro de profissão, a atuação temerária e
extremamente imprudente, sem dúvida, restou nítida. A jogada foi, com certeza absoluta,
violenta, pois o carrinho temerário foi praticado com força desproporcional. Tamanha a
desproporção que o resultado foi a lamentável fratura no adversário, o jogador Willian.
Desta forma, se revestindo a conduta do ora denunciado no dolo eventual, julgo procedente
a denúncia nos termos do art. 254 do CBJD. Resta definir, pois, qual a sanção, se a de
partidas - de 1 a 6, do caput - ou a previsão do § 3º - suspensão em dias até que o ofendido
se recupere.” (Voto do Auditor Paulo Bracks, nos autos do Processo n° 35/2010).

34 O art. 157, do CBJD revela que existem condutas de natureza dolosa e culposa, ou seja,
estas não podem em nenhuma circunstância ser tratadas de forma comum. A primeira
sempre será tida como mais grave do que a segunda, posto que a Lex Desportiva, inspirada
no Código Penal, adotou o finalismo como modelo dogmático.

35 MIRANDA, Martinho Neves. O Direito no Desporto. Rio de Janeiro: Lumen Juris


Editora, 2004, p. 127. “Desse modo, tem-se que o Direito Desportivo, assim considerado
como conjunto de normas que regula as relações jurídicas relacionadas com ao desporto em
suas diversas manifestações, carrega sobre os seus ombros a marca indelével da
combinação do regramento público com o privado, sendo para Hourcade a dualidade de
fontes normativas o que efetivamente particulariza esse novo ramo do Direito”.

36 Outra discussão interessante sobre o Direito Desportivo, em especial a Justiça


Desportiva, versa sobre a sua natureza, se pública ou privada. Para o advogado Ricardo
Graiche, seria pública em virtude de intervir coercitivamente em direitos considerados
indisponíveis, que seriam reservados, com exclusividade, somente ao Poder Judiciário
(DELBIN, Gustavo, SILVA, Rodrigo Ferreira da Costa e GRAICHE, Ricardo. Elementos
de direito desportivo sistêmico. São Paulo: Editora Quartier Latin, 2008, p. 78-82).
Entretanto, ousa-se divergir, aderindo à maioria da doutrina pátria, que não considera a
Justiça Desportiva como sendo de natureza pública. Nota-se que o legislador constituinte
ao definir os órgãos que comporiam o Poder Judiciário, exclui a regulamentação da justiça
do esporte. No art. 217, CF/88, há referência expressa acerca da criação de órgão próprio
para exercer o controle do desporto, que não se vincula àqueles arrolados entre os
integrantes do Poder Judiciário. Ou seja, tem-se, de fato, que a Justiça Desportiva não
poderá ser tida como de natureza pública. Todavia, não obstante a gestão da atividade
esportiva ser de natureza privada, o órgão responsável pela apreciação das questões de
ordem disciplinar e sobre as competições, somente poderá ter esta natureza, entretanto,
ressalvado o interesse público. Assim, portanto, estará submetido aos rigores dos princípios
de ordem constitucional que regem o funcionamento de qualquer órgão judicante, como o
due processo of Law, contraditório e ampla defesa.

37Art. 217. (…).§ 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às


competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada
em lei.

38 Oportunamente, este debate foi enfrentado por Quadros e Schmitt, quando discutiram o
aparente conflito existente entre atribuições do Poder Judiciário e a Justiça Desportiva
(QUADROS, Alexandre Hellender e SCHMITT, Paulo Marcos. Justiça Desportiva VS.
Poder Judiciário: Um conflito constitucional aparente. Revista Brasileira de Direito
Desportivo, São Paulo, n° 4, 2003, p. 175). Dessume-se do escrito que não foi desejo do
legislador constituinte arrolar a Justiça Desportiva entre órgãos próprios do Judiciário. Mas
sim, tê-la como meio de solução de conflito – não se confundindo com a arbitragem,
saliente-se, por certo, visando evitar eventual sobrecarga daquele Poder. Atualmente, esta
questão não ocupa a preocupação dos operadores do Direito, como alhures foi um dia,
posto que, além da clareza que conferiu a Constituição à matéria, a jurisprudência
sedimentou entendimento de que há independência entre as instâncias da Justiça
Desportiva e o Poder Judiciário, sendo possível somente a revisão de decisões daquela por
esta, quando esgotada por todos os meios de recursos admitidos ou ante a inércia para
apreciação de demanda, dentro do prazo constitucional de 60 (sessenta) dias.

39CARNELUTTI, Francesco. Lições sobre o Processo Penal, tomo I, Trad. Francisco José
Galvão Bruno, 1ª Ed., Campinas/SP: Bookseller, 2004, p. 221.

40 Art. 5º (...): LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados


em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes.

41 Nesse sentido era a dicção legal que fora riscada da Lei por ordem do STF: Art. 7º
(...):IX - sustentar oralmente as razões de qualquer recurso ou processo, nas sessões de
julgamento, após o voto do relator, em instância judicial ou administrativa, pelo prazo de
quinze minutos, salvo se prazo maior for concedido.
42 Interessante reproduzir dispositivo do Regimento Interno do Tribunal Superior do
Trabalho – RITST- (art. 145, § 1°), que admite a possibilidade de se proceder à sustentação
oral, após prolação da conclusão do voto do relator: Art. 145. A sustentação oral será
feita de uma só vez, ainda que argüida matéria preliminar ou prejudicial, e
observará as seguintes disposições: § 1.º Ao proferir seu voto, o Relator fará
um resumo da matéria em discussão e antecipará sua conclusão, hipótese em
que poderá ocorrer a desistência da sustentação, ante a antecipação do
resultado. Havendo, porém, qualquer voto divergente daquele anunciado
pelo Relator, o Presidente voltará a facultar a palavra ao advogado
desistente. Não desistindo os advogados da sustentação, o Presidente
concederá a palavra a cada um dos representantes das partes, por dez
minutos, sucessivamente.

43 Art. 128. O auditor, na oportunidade de proferir o seu voto, poderá pedir vista do
processo e, quando mais de um o fizer, a vista será comum.
§ 1° O pedido de vista não impedirá que processo seja julgado na mesma sessão, após o
tempo concedido pelo Presidente para a vista.
§ 2° Quando a complexidade da causa assim o justificar, o auditor poderá pedir vista pelo
prazo de uma sessão, prorrogável, no máximo, por mais uma.
§ 3° Reiniciado o julgamento, prosseguir-se-á na apuração dos votos, podendo-se rever os
já proferidos; quando o reinício do julgamento se der em outra sessão, as partes e a
Procuradoria poderão proferir nova sustentação oral (NR).

44Convém ressaltar tal hipótese legal prevista no CBJD não coincide com o direito que tem
a parte de proferir nova sustentação, quando, por efeito do quorum, um julgador que não
participou da primeira sessão for proferir voto (cf. art. 162, § 3°, RISTJ; art. 131, § 9°,
RITST). O Codex Desportivo vai além e estabelece efetiva garantia ao acusado de
plenitude de defesa.

45Art. 25. Compete ao Tribunal Pleno do STJD: (...); II – julgar em grau de recurso: a) as
decisões de suas Comissões Disciplinares e dos Tribunais de Justiça Desportiva.

46 Art. 5° (...) LXXVIII-a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a


razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

47 Art. 217 (...). § 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às


competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em
lei. § 2º - A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da
instauração do processo, para proferir decisão final.

48 Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o


arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de
considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de
informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do
Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só
então estará o juiz obrigado a atender.

49Art. 78. Se a Procuradoria requerer o arquivamento, o Presidente do Tribunal (STJD ou


TJD), considerando procedentes as razões invocadas, determinará o arquivamento do
processo, em decisão fundamentada. § 1º Se o Presidente do Tribunal (STJD ou TJD)
considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa dos autos a outro procurador,
para reexame da matéria. § 2º Mantida a manifestação contrária à denúncia, os autos serão
arquivados.

50 Art. 74. Qualquer pessoa natural ou jurídica poderá apresentar por escrito notícia de
infração disciplinar desportiva à Procuradoria, desde que haja legítimo interesse,
acompanhada da prova de legitimidade. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de
2009).
Parágrafo único (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).
§ 1º Incumbirá exclusivamente à Procuradoria avaliar a conveniência de promover
denúncia a partir da notícia de infração a que se refere este artigo, não se aplicando à
hipótese o procedimento do art. 78. (AC).
§ 2º Caso o procurador designado para avaliar a notícia de infração opine por seu
arquivamento, poderá o interessado requerer manifestação do Procurador-Geral, no prazo
de três dias, para reexame da matéria. (AC).
§ 3º Mantida pelo Procurador-Geral a manifestação contrária à denúncia, a notícia de
infração será arquivada. (AC).

51 § 7º A transação disciplinar desportiva a que se refere este artigo poderá ser firmada
entre Procuradoria e infrator antes ou após o oferecimento de denúncia, em qualquer fase
processual, devendo sempre ser submetida à apreciação de relator sorteado, membro do
Tribunal Pleno do TJD ou STJD competente para julgar a infração, suspendendo-se
condicionalmente o processo até o efetivo cumprimento da transação.

52§ 5º Acolhendo a proposta de transação disciplinar desportiva, o relator aplicará a pena,


que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente a
concessão do mesmo benefício ao infrator no prazo de trezentos e sessenta dias.

53§ 4º Aceita a proposta de transação disciplinar desportiva pelo autor da infração, será
submetida à apreciação de relator sorteado, que deverá ser membro do Tribunal Pleno do
TJD ou STJD competente para julgar a infração.

54 § 1º A transação disciplinar desportiva somente poderá ser admitida nos seguintes casos:
- I - de infração prevista no art. 206, excetuada a hipótese de seu § 1º; II - de infrações
previstas nos arts. 250 a 258-C; III - de infrações previstas nos arts. 259 a 273.

55 O CBJD define que são as pessoas a ele submetidas no art. 1°, § 1°.

56 Cf. artigos 243-F, § 1°(ofensas morais); 254-A, § 3° (agressões físicas); 254-B,


parágrafo único (cuspir em alguém); todos do CBJD.

57 Art. 258. Assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou ética desportiva não
tipificada pelas demais regras deste Código. Pena: suspensão de uma a seis partidas, provas
ou equivalentes, se praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador, médico ou membro
da comissão técnica, e suspensão pelo prazo de quinze a cento e oitenta dias, se praticada
por qualquer outra pessoa natural. (...) § 2° Constituem exemplos de atitudes contrárias à
disciplina ou à ética desportiva, para os fins deste artigo, sem prejuízo de outros: (...); II -
desrespeitar os membros da equipe de arbitragem, ou reclamar desrespeitosamente contra
suas decisões.

58 Cito aqui, como exemplificação, situações em que a defesa tenta, por meio de
depoimentos de colegas do atleta denunciado, desconstituir a narrativa feita pelo árbitro.
Nestes casos, são raras as decisões de Cortes Desportivas que desprestigiam a súmula em
detrimento da prova testemunhas.

59 Bittencourt, Mário. A Presunção Relativa da Súmula. Disponível em: <


http://justicadesportiva.uol.com.br/artigo.asp?id=1208> . Acessado em 19 abr 2012.

60 Art. 243-F. Ofender alguém em sua honra, por fato relacionado diretamente ao desporto.

61 Art. 258. Assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva não
tipificada pelas demais regras deste Código. (...) § 2° Constituem exemplos de atitudes
contrárias à disciplinar ou à ética desportiva, para os fins deste artigo, sem prejuízo de
outros: I - (...); II - desrespeitar os membros da equipe de arbitragem, ou reclamar
desrespeitosamente contra suas decisões.

62 Instituto de Direito Desportiva da Bahia (IDDBA) e Instituto Mineiro de Direito


Desportivo (IMDD) (orgs). Direito Desportivo & Esporte - Temas Selecionados, Volume
III, Salvador: Òmnira, 2012, p. 161/162.

63 JORDÃO, Milton, BRACKS, Paulo e GRADELA, Paulo. Código Brasileiro de Justiça


Desportiva – CBJD – Comentado, Curitiba: Ed. Juruá, 2012, p. 32. “A legalidade é um dos
mais importantes princípio do Direito Desportivo, devendo ser analisado por dois prismas:
o princípio da legalidade formal e material. (…) Já no atinente ao aspect material, temos o
que a doutrina chama de princípio da tipicidade desportiva, previsto no art. 153 e 156, do
CBJD”.

64 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – Parte Geral, 12a ed., Rio de Janeiro:
Impetus, 2012, p. 410. “A teoria monista, também conhecida como unitária, adotada pelo
nosso Código Penal, aduz que todos aqueles que concorrem para o crime incidem nas
penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. Para a teoria monista existe um
crime único, atribuído a todos aqueles que para ele concorreram, autores ou partícipes.
Embora o crime seja praticado por diversas pessoas, permanece único e indivisível.”

65 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral, 17a ed., São
Paulo: Saraiva, 2012, p. 539. “Deve-se ter presente que o chamado concurso necessário, na
hipótese dos crimes plurissubjetivos, que só podem ser cometidos por duas ou mais
pessoas, como bigamia, adultério, rixa, etc. (…)”.

66 66 JORDÃO, Milton, BRACKS, Paulo e GRADELA, Paulo. Código Brasileiro de


Justiça Desportiva – CBJD – Comentado, Curitiba: Ed. Juruá, 2012, p. 264.

67O Ministro Caputo Bastos é coordenador científico de um dos maiores eventos de direito
desportivo do Brasil, o Encontro Nacional sobre Legislação Esportivo-trabalhista do
Tribunal Superior do Trabalho, e incentivador de outros tantos.

68TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Código de Processo Penal Comentado, 13ª ed.,
São Paulo: Saraiva, 2010, p. 517/518.

69A Constituição do Império de 1824 silencia em relação ao habeas corpus, não obstante
demandasse que a prisão atendesse a critérios objetivos, consagrando princípios como o do
juiz natural. No entanto, o mandamus é expressamente tratado no Código de Processo
Penal do Império de 1832 (Art. 340. Todo o cidadão que entender, que elle ou outrem
soffre uma prisão ou constrangimento illegal, em sua liberdade, tem direito de pedir uma
ordem de - Habeas-Corpus - em seu favor). Somente com o advento da República que o
writ passa a ser inserido na Constituição Federal de 1891 (Art 72 - A Constituição assegura
a brasileiros e a estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dos direitos concernentes
à liberdade, à segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes: § 22 - Dar-se-á o
habeas corpus , sempre que o indivíduo sofrer ou se achar em iminente perigo de sofrer
violência ou coação por ilegalidade ou abuso de poder).

70BARBOSA, Rui de Oliveira. Criminologia e dicionário de pensamentos, Campinas:


Romana, 2003, p. 335.

71 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. ob cit, p. 523.

72Precedentes do STJ: HC 163.228/SP; HC 59.776/SP; HC 69.444/MS; HC 147.292/SP;


135.850/ES; 143.889/SP.

73 Precedentes do STJ: RHC 24.021/SP; RHC 25.892/SP; HC 94.141/CE.

74 Precedentes do STJ: HC 175.141/MT; 106.707/SP; 119.531/MG; 128.802/RJ; RHC


22.781/GO.

75 Precedentes do STJ: HC 103.027/SP; 67.114/SP; HC 45.258/RJ; 58.771/RJ.

76 É bom salientar que à época inexistia no ordenamento jurídico nacional o mandado de


segurança (que só veio a ser reconhecido na Carta Magna de 1934), por isso, o jurista
baiano se valia da lacunosa redação do art. 72, § 22, da CF/1891, para buscar a expansão
dos limites e fronteiras do habeas corpus.

77 Merece destaque que, em sede de processo trabalhista, nem mesmo o mandamus seria o
instrumento legal mais adequado. Quiçá, o fluxo ordinário seria interposição de recurso de
revistae perante o TST de medidda cautelar.

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