2021

29 de
outubro

azul
Nesse mar
tem bem mais
que peixe

Economia azul
engloba pesquisa,
serviços, indústria,
náutica, turismo,
pesca, portos e
outras riquezas

NESTA EDIÇÃO
• O que está • Indústria • Dos workboats • Tesla, Porsche • Alargamento
em jogo com a náutica às embarcações e Ferrari da faixa de
desestatização movimenta de guerra, importados areia chega à
do segundo R$ 600 um cluster da por empresa fase final em
maior complexo milhões, ao construção naval local Balneário
portuário do Brasil ano, em Itajaí
alvabile santana
economia azul 29 de OUTUBRO de 2021
4 economia azul
O porto
é nosso
Nossa visão para o
futuro do porto de Itajaí
é pela manutenção da
Autoridade Portuária
Pública Municipal, no
sistema landlord port.
O modelo é aplicado
aqui e nos maiores e
mais eficientes portos
do mundo, com a
demonstração de
excelentes resultados.
Não compreendemos
a política do governo
federal de modificar este
modelo. O porto de Itajaí
é superavitário e coloca o
município em 12º lugar
no país em arrecadação
D
de impostos federais [R$
16,2 bilhões no ano de
2020] e vem investindo
em desapropriações,
aprofundamento do canal
e finalização da bacia de
evolução com recursos
próprios. Portanto,
repudiamos o plano de
Desestatização do Porto
de Itajaí. O porto
é nosso.
Alexandre
Pamplona,
presidente
do Sindicato
dos Traba-
lhadores
da Admi-
nistração,
Capatazia,
Empresas Operadoras
Portuárias e Adminis-
trativos (Sintac)
economia
azul
Nesse mar, tem
muito mais que peixe
A economia do mar [ou economia azul] engloba
toda a atividade que tenha influência direta
do mar, incluindo as que não têm o mar como
matéria-prima, mas que são realizadas em suas
adjacências
esde o pescador, que tira seu
sustento do mar nos mesmos
moldes de seus antepassados,
há séculos, até modernas tec-
nologias, capazes de extrair
recursos minerais em águas ultraprofundas,
há inúmeras possibilidades para o uso eco-
nômico do ambiente marinho. Os oceanos
ocupam três quartos do planeta e há, lite-
ralmente, um mar de oportunidades. Reali-
dade muito presente no cotidiano de muni-
DIREÇÃO COORDENAÇÃO
SAMARA TOTH VIEIRA FRANCIELE MARCON
cípios e regiões costeiras de Santa Catarina
que têm, no mar, a maior fatia das ativida-
des econômicas.
O mar rende R$ 2 trilhões por ano [segun-
do a Comissão Interministerial para os Re-
cursos do Mar], o equivalente a 19% do Pro-
duto Interno Bruto (PIB) nacional, conforme
dados, do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), de 2018.
Dados da Organização para a Coopera-
ção e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
TEXTOS REVISÃO
JOCA BAGGIO VERA SOMMER
FÁBIO BISPO
BRUNA NETO
29 de OUTUBRO de 2021
lucas correia
apontam que a economia do mar terá o va-
lor agregado até 2030 da ordem de US$ 3 tri-
lhões com mais de 40 milhões de empregos di-
retos e indiretos no Brasil. Atualmente, 90%
do comércio exterior é pelo mar, e a estimati-
va é que o tráfego marítimo de cargas triplique
até 2050. Em SC, não é diferente, pois a costa
tem 531 quilômetros e um ecossistema favorá-
vel para esse setor da economia.
O estado é sede de estaleiros de grande re-
putação para a construção de barcos de lazer,
workboats e embarcações bélicas, e o maior
produtor nacional de ostras, mexilhões e pei-
xes. Conta ainda com o segundo maior por-
to de movimentações de contêineres no Brasil.
O litoral catarinense alavanca o turismo
no estado, além de muitos outros fatores que,
agregados, tornam Santa Catarina um hub ma-
rítimo com enorme potencial.
“Santa Catarina ocupa posição estratégi-
ca [em termos geográficos e outros aspectos]
para ser um importante vetor do crescimento
da economia do mar em termos regionais. Tal-
vez seja um dos estados brasileiros mais pri-
vilegiados nesse sentido”, diz o oceanógrafo
e professor Jose Angel Alvarez Perez, da Uni-
versidade do Vale do Itajaí (Univali). A pro-
ximidade dos grandes centros urbanos e do
Cone-Sul também remete à importância estra-
tégica de seus portos. “Está próximo das áreas
pesqueiras mais produtivas do país, abrigan-
do uma frota marítima e um parque industrial
voltado à pesca marinha”, acrescenta Perez.
Muitos municípios da região da Foz do
Rio Itajaí-Açu (Amfri) ganham destaque nes-
se contexto, com suas estruturas ativas e pu-
jantes associadas à economia do mar. Perez,
contudo, destaca que essa realidade requer
atenção especial no que se refere à sua susten-
tabilidade e produtividade. “Há muito que se
preocupar para que o ambiente marinho, que
sustenta essa economia, seja preservado em
seu estado mais produtivo, o que, muitas ve-
zes, parece negligenciado”.
DIAGRAMAÇÃO COMERCIAL
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lucas correia
Visão deve
ser a longo
prazo
Precisamos pensar
e apostar em um projeto
para o porto de Itajaí e a
atividade portuária em A indústria do mar, em SC, ocupa
geral que gere ainda a 13ª posição em exportações,
mais emprego e renda a 19ª posição em número de
para a nossa cidade. Por estabelecimentos industriais e a
conta disso, acreditamos 19ª posição na geração de postos
que avaliar todas as de trabalho no setor
possibilidades, os pontos

O mar potencializa a economia

fortes e os mais sensíveis
é imprescindível para
o sucesso da decisão

dos municípios costeiros

com relação ao modelo
de desestatização do
porto. Nosso papel é
fundamental como
entidade representativa,
mas nossas opiniões e “A economia azul é objeto de soas, no mundo, estão relaciona- de maior destaque no setor são O economista Jairo Romeu Fer-
intervenções devem ser análise de governos e órgãos in- das com as atividades pesqueiras Itajaí [42,4%] e Navegantes que, racioli acrescenta que a economia
pautadas na coerência e ternacionais, pois é, cada vez e aquicultura, segundo a Orga- juntos, empregam 69,2% dos tra- do mar movimenta, diretamen-
na análise de uma visão a mais, evidente a importância do nização das Nações Unidas para balhadores do segmento em SC. te, os portos, a pesca, o turismo
longo prazo. uso sustentável dos recursos cos- a Alimentação e a Agricultura Agora, incluindo atividades que, indiretamente, acabam im-
teiros e marinhos para o cresci- (FAO). No entanto, Polette con- como a captura e o beneficiamento pactando em diversos outros seto-
mento econômico e para a me- corda que os estudos relaciona- de pescados e aquicultura, a indús- res econômicos. “O complexo por-
Bento lhoria dos meios de subsistência dos ao assunto ainda são recen- tria do mar, em Santa Catarina, ocu- tuário da foz do rio Itajaí-Açu é o
Ferrari, e empregos, potencializando a tes no Brasil. pa a 13ª posição em exportações, a segundo maior do Brasil. Temos o
presidente economia dos municípios cos- Estudo da Federação das In- 19ª posição em número de estabe- maior porto pesqueiro e o turismo
do Sindi- teiros”, esclarece o professor e dústrias de Santa Catarina (Fiesc) lecimentos industriais e a 19ª po- com suas praias e recantos são
lojas e da pesquisador da Escola do Mar, mostra que somente os setores de sição na geração de postos de tra- objeto de desejo de muitos turis-
Intersindical Ciência e Tecnologia da Univa- construção naval e náutica [que balho na indústria ligada ao mar. tas. Todas essas atividades geram
Patronal de li, Marcus Polette. O especialista respondem por uma pequena fatia Quanto ao perfil dos trabalhadores, cadeias de atividades secundárias,
Itajaí diz que cerca de 16% da proteí- do que representa a economia do a remuneração média do setor é de como a construção civil, a presta-
na animal consumida no planeta mar] têm grande força na região R$ 3.351, valor superior à média da ção de serviços, o entretenimento,
vem do mar e 60 milhões de pes- do Vale do Itajaí. Os municípios indústria, que é de R$ 2.504. o lazer, entre outras.”

Economia azul
sandro silva

Entende-se por economia do mar [ou econo-

As cidades de Itajaí e Navegantes empregam, juntas,
69,2% dos trabalhadores do segmento em SC
mia azul] toda atividade econômica que tenha
influência direta do mar, incluindo as que não
têm o mar como matéria-prima. A OCDE corre-
laciona a economia do mar à captura e ao pro-
cessamento de pescado, ao transporte aqua-
viário, aos portos, à construção e à reparação
naval, à exploração offshore de óleo e gás em
águas rasas, ao turismo marítimo e costeiro, en-
tre outros já consolidados.
Entre os segmentos emergentes estão a aqui-
cultura, exploração de óleo e águas profundas,
energia eólica, offshore e renováveis, mineração
do leito marinho, defesa e segurança do mar,
biotecnologia marinha, além de produtos e ser-
viços marítimos de alta tecnologia.
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economia azul 7

Economia azul
movimenta a pesquisa,
a pesca, os serviços, a
indústria, o turismo...
Atratividade,
competitividade
e resultados
positivos

O porto passa por

momento traumático.
Estudos realizados pelo
“A economia do mar, na Foz do Itajaí, governo federal apontam
precisa de inovação para seguir que o atual modelo [com
crescendo e gerando as oportunidades operação totalmente
de emprego e renda que a região privada e gestão
divulgação

precisa”, diz Paulo Bornhausen. municipal] não suporta

mais um mercado tão
competitivo e deve
A economia do mar não está ligada, unicamente, às propor a concessão total
do porto à iniciativa
atividades extrativistas relacionadas ao ambiente privada. A estimativa é
marinho, mas a uma crescente diversificação das de mais de R$ 2 bilhões
atividades econômicas do oceano, que vão da pesca em investimentos. Por
a atividades de recreação e lazer

O
essa razão, acredito
que, em 2023 e nos
litoral concentra a metade da contribuir ainda mais para o desenvolvimen- Mercado crescente três anos seguintes,
população brasileira e repre- to das cidades.” “Como todas as áreas, a economia do viveremos uma revolução
senta uma das principais fon- Stein destaca que, além dos portos em Ita- mar, na Foz do Itajaí, precisa de inovação na administração e
tes de riqueza. Estudos apre- jaí e Navegantes, responsáveis por uma im- para seguir crescendo e gerando as opor- infraestrutura portuária.
sentados pela economista portante parcela da economia do estado e re- tunidades de emprego e renda que a re- Isso vai impactar na
Andrea Bento Carvalho, da Pontifícia Univer- gião, a economia de cidades é proveniente gião precisa”, diz o presidente do Con- cidade e na realidade
sidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC- da pesca ou do turismo. “O esporte náuti- selho Consultivo do InovAmfri, Paulo dos trabalhadores.
-RS), mostram que apenas 14% das atividades co também aparece como fundamental ator, Roberto Bornhausen. Inclusive, o projeto Esperamos que o modelo
relacionadas à economia azul estão, diretamen- que está em constante crescimento em toda regional engloba um planejamento de de- proposto tenha sido
te, ligadas ao mar, como pesca, serviços, defesa a nossa costa, atraindo visitantes e auxilian- senvolvimento econômico e social para os
criado atendendo a
critérios técnicos e que
nacional, geração de energia, extração mineral, do a economia”, completa. próximos anos e, no médio e longo pra-
traga mais atratividade,
transporte e riquezas geradas pela biodiversi- O prefeito de Balneário Camboriú, Fabrí- zos, passa por uma economia oceânica for-
competitividade e
dade. No entanto, os 86% restantes englobam cio Oliveira (Podemos), diz que a econo- te e inovadora. “Aqui, estamos falando da
resultados positivos
uma imensa cadeia de setores produtivos liga- mia do mar representa muito para o estado indústria naval, da logística, da indústria de
para quem depende da
dos, indiretamente, à economia do mar. de Santa Catarina. “Temos potencialidades alimentos e também do turismo que, apesar atividade portuária para
“Cabe, também, destacar que os municípios enormes em setores como turismo, pesca e de ser um outro setor, na região, está direta- sobreviver.
costeiros catarinenses que, ao longo das últi- construção naval, que precisam sempre de mente ligado ao mar. Setores que necessitam
mas décadas, não tiveram sua base econômi- atenção, investimentos e incentivos, porque de capital humano altamente qualificado,
ca alicerçada nos setores produtivos, como é movem uma economia importante que gera atuando com foco em pesquisa de novas tec-
o caso dos setores portuário e industrial, por emprego e renda a muitos catarinenses.” nologias também para esses setores estratégi- Jhon
exemplo, partiram para o turismo de sol e cos para a região”, acrescenta Bornhausen.
William
da Rocha,
praia. Especialmente, com a comercialização
diretor
da sua paisagem na forma de loteamentos à
executivo do
beira-mar”, explica Marcus Polette, da Univali.
Órgão Gestor
Receitas decorrentes de impostos como
de Mão de
o IPTU, o ITBI e, recentemente, a outorga Obra (Ogmo)
onerosa, foram responsáveis pela dinâmica de Itajaí
dos setores imobiliários e da construção ci- Única marina do
vil, e representam grandes forças motrizes da Brasil com
maioria dos municípios costeiros. certificação
Com relação à realidade regional, o presi- internacional ISO
dente da Associação dos Municípios da Foz 14.001/2015 e
do Rio Itajaí-Açu (Amfri) e prefeito do muni- primeira instituição
cípio costeiro de Porto Belo, Emerson Stein, de Itajaí a receber o
confirma que a região tem ligação direta com selo Bandeira Azul.
o mar, visto que muitos dos municípios são
litorâneos e têm uma boa fatia da sua econo-
mia vinda das águas. Portanto, na opinião de
Stein, entender a importância do mar para
nossa região é mais que valorizar este recur-
so natural. “É criar, como gestores públicos, marinaitajai.com
recursos para fomentar a economia e, assim, #marinaitajai
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fotos: lucas correia

O Complexo Portuário do
Itajaí registrou, em 2020,
uma movimentação de mais
de US$ 14,626 bilhões
Atividade
portuária
divide espaço
com a pesca e
a construção
naval
Além do porto mercante, os municípios
de Itajaí e Navegantes contam com o maior
polo pesqueiro do Brasil, e a construção na-
val está em franca fase de retomada. “So-
mos a cidade-sede da construção de qua-
tro grandes navios de guerra da Marinha
do Brasil [com investimentos que ultra-
passam a casa dos R$ 9 bilhões e devem
gerar cerca de 8 mil empregos diretos e
indiretos]”, diz o prefeito Volnei Morato-
ni. “Só esse fato fará de Itajaí um gran-
de polo naval para todo o Hemisfério

Economia da cidade
Sul, trazendo inúmeros novos empreen-
dimentos e investimentos à cidade. Isso
sem falar da construção de embarcações

vem do mar e rio

de lazer e de luxo, pois também somos
referência no país”, acrescenta.
Hoje o município é a segunda maior
economia de Santa Catarina e a 36ª do
Porto é Brasil e esse posicionamento, segundo o
superavitário “A economia do mar é fundamental para Ita-
jaí”, diz o prefeito Volnei Morastoni (MDB). Ele
do mundo operam linhas e serviços pelo com-
plexo portuário. Inclusive, projetamos uma
prefeito, se deve à economia oceânica.
“Os estaleiros da cidade são reconheci-
destaca que o porto, a pesca e a construção na- movimentação de 1,62 milhão de TEUs (twen- dos pela qualidade construtiva de barcos
Todos sabemos val formam o principal tripé da economia local. ty foot equivalent unit – unidade internacional de luxo. São 29 empresas ativas no seg-
que a gestão “O porto é o coração econômico da cidade, está equivalente a um contêiner de 20 pés), com mento que fazem de Itajaí o polo náutico
municipalizada encravado no centro de Itajaí e tem relação total mais de 18,5 milhões de toneladas em cargas que mais gera empregos em Santa Cata-
deu certo em Itajaí com o desenvolvimento do município e também de importação e exportação”, diz o secretário. rina”, completa o secretário Thiago Mo-
e os estudos, até com a qualidade de vida dos itajaienses.” No ano passado, o Complexo Portuário de Ita- rastoni. O faturamento estimado do se-
agora apresentados, O secretário de Desenvolvimento Econô- jaí operou 3,9% da corrente de comércio brasi- tor, no município, é de R$ 600 milhões
comprovam isso. O
mico, Thiago Morastoni, complementa que o leira, com uma movimentação de mais de US$ ao ano.
porto é superavitário,
Complexo Portuário do Itajaí [com seu Porto 14,626 bilhões. O desempenho reflete ainda em ou-
movimenta a maior
Público, na margem direita; o terminal de uso “Certamente, com o nível de investimentos tros setores produtivos, provocando a ne-
parte da economia
privado (TUP), Portonave, na margem esquer- previstos para os próximos anos, na ampliação e cessidade de investimentos na construção
da cidade e não tem
porque mudar isso. da, em Navegantes; e demais terminais privados modernização das atuais instalações portuárias, civil e na infraestrutura como um todo.
Não têm motivos para localizados a montante] têm uma participação esses números serão ainda maiores e mais ex- “Tivemos, recentemente, a maior valori-
o governo insistir na fundamental no comércio exterior e no trans- pressivos em curto espaço de tempo”, acrescen- zação imobiliária do país. Isso foi reflexo
privatização, inclusive, porte de cargas pelo modal marítimo internacio- ta o secretário. “Essa movimentação de cargas e indireto dos setores econômicos ligados
porque existe a nal. Ganham destaque as cargas contêinerizadas, contêineres traz mais emprego e renda para to- ao mar e rio, que provocaram investimen-
possibilidade da com ênfase nos segmentos de congelados, cargas dos e impacta, positivamente, na qualidade de tos em toda a cidade para comportar esse
inconstitucionalidade de projeto e veículos com alto valor agregado. vida de quem vive na região”, arremata o prefei- crescimento e também dessa solidez eco-
da Lei de Portos [12.815, “Nesse contexto, os principais armadores to Volnei Morastoni. nômica”, assinala o secretário.
de 2013, que rege as
outorgas]. Ninguém
está acima da lei. Se o Itajaí gerou,
cidadão comum precisa entre janeiro
respeitar a Constituição,
o governo federal Itajaí dispara na e julho de
2021, o dobro
precisa dar
o exemplo. geração de empregos dos empregos
registrados
em 2020
Saul Ao contrário da maioria dos municípios brasileiros, que tiveram suas econo-
Airoso mias retraídas neste ano, Itajaí gerou, entre janeiro e julho de 2021, o dobro dos
da Silva, empregos registrados durante todo o ano passado, segundo dados do Cadastro
presidente Geral de Empregos e desempregados (Caged).
do Sindi- Foram 7,4 mil vagas com carteira assinada preenchidas. “A solidez da nossa
cato dos economia, que vem praticamente do mar, reflete em diversos setores, principal-
Estivadores mente nos serviços, no comércio, na indústria e na construção civil”, diz o secre-
de Itajaí tário de Desenvolvimento Econômico de Itajaí.
Já no primeiro semestre de 2021, Itajaí registrou a abertura de 4,9 mil empresas
formais. Embora não se tenha um levantamento específico por setor, estima-se
que mais da metade destas empresas estão ligadas, de forma direta e indireta, à
economia do mar.
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Sustento de Navegantes
vem das águas
Estima-se que
o mar e o rio
movimentam
mais de 90% da
economia da
cidade
E
statísticas da Secreta-
ria de Desenvolvimen-
to Econômico e Receita
de Navegantes mos-
tram que o município
tem, hoje, cerca de 20 mil empre-
gos formais e, destes, sete mil [ou
35%] estão ligados diretamente ao
mar. A conta engloba os postos de
trabalho atrelados à indústria pes-
queira, às atividades portuária e
logística e à construção naval. No
entanto, tomando como base a ge-
ração de 3,5 empregos indiretos
formais e informais para cada tra-
balhador com carteira assinada,
esse número salta para 24,5 mil,
com uma tendência de crescimen-
to nos três setores.
“A indústria da construção na-
val está recontratando, a indústria
alimentícia ligada à pesca logís-
tica e o setor portuário crescem a
olhos vistos”, destaca o secretário
Rodrigo Vargas Silveira. Tem ain-
da o turismo e a indústria de en-
tretenimento, que estão ligados ao
mar, e a construção civil, que vem
sendo impulsionada, indiretamen-
te, pela economia azul. “Não tem
como negar que é o mar o sustento
de Navegantes. Embora estejamos
vivenciando uma diversificação de
nossa economia, com o surgimen-
to de múltiplas atividades, o pon-
to central, lá no fim da cadeia, é o
mar”, assegura.
Silveira lembra que a ativida-
de econômica de Navegantes come-
çou com a pesca artesanal e evoluiu
para a construção de embarcações de
pequeno porte, para o uso dos pró-
prios pescadores. Posteriormente, as
duas atividades [que eram exploradas
de forma quase doméstica] tomaram
vulto e deram origem às industrias
pesqueiras e da construção naval.
“Navegantes está totalmente liga-
da ao mar pela costa. Além da im-
portância para o turismo, o mar e o
rio trazem um resultado muito gran-
de para a nossa cidade. Se olhar-
mos Navegantes e o mar, não temos
como dissociar uma coisa da ou-
tra”, diz o prefeito Libardoni Fron-
za (DEM).
O presidente da Associação Em-
presarial de Navegantes (Acin),
Verner Dietterle, vai além: “A sus-
tentação econômica de Navegan-
tes, desde seus primórdios, sem-
pre teve uma ligação muito direta
com o rio e o mar. A cidade se de-
senvolveu e é hoje o que é graças à
sua indústria naval, pesqueira, que
O crescimento de 683,42%
no PIB de Navegantes,
nos últimos 15 anos, está
ligado à economia do mar
joão batista
“Somos o 16º município
em arrecadação do
ICMS e nossa economia
cresceu 15% no último
ano”, afirma o
prefeito Fronza
nasceram ao longo da margem es-
querda do rio Itajaí”, diz o líder em-
presarial.
Dietterle salienta que os 11 qui-
lômetros de praia impulsionam o
turismo e a construção civil. Pos-
teriormente, com a instalação da
Portonave, Navegantes descobriu
uma nova vocação e vem se tor-
nando um importante polo logís-
tico, junto com o aeroporto.
“Hoje, a Portonave é referência
em movimentação portuária, ba-
tendo sucessivos recordes nacio-
nais e mundiais. Orgulho para a
nossa cidade e um pilar de desen-
volvimento”, completa.
Pesca é um dos pilares da economia
Embora seja a atividade econô-
mica mais antiga que se tenha co-
nhecimento em Navegantes, a pes-
ca, hoje, fica atrás apenas das
atividades logística e portuária. São
78 empresas de pequeno, médio e
grande portes instaladas na mar-
gem esquerda do Rio Itajaí-Açu, e
que geram mais de 3,2 mil empre-
gos formais. No entanto, há um vo-
lume bem maior de empregos in-
Atividade portuária
alavanca a economia
O crescimento de 683,42%
no Produto Interno Bruto (PIB)
de Navegantes, nos últimos 15
anos, está, intimamente, li-
gado à economia do mar. Em
2006, um ano antes da Porto-
nave começar a operar, o PIB
do município era de R$ 494,807
milhões. Um ano depois do iní-
cio da atividade portuária, em
2008, o valor saltou para R$
894,6 milhões e, em 2018 [ano
das últimas informações oficiais
do Instituto Brasileiro de Geo-
grafia e Estatística (IBGE)], o
PIB do município ficou em R$
3,82 bilhões.
Os valores recolhidos pela
Portonave, em Imposto Sobre
Serviços (ISS), passaram de R$
1,7 milhão [em 2009] para R$
12,5 milhões [em 2020]. Já nos
primeiros seis meses deste ano,
o terminal portuário repassou
cerca de R$ 10,5 milhões em ISS
para a prefeitura, o que repre-
sentou 39,6% do total arrecada-
do pelo município no período.
O secretário Rodrigo Silveira
diz que, se analisado o conjun-
to de toda a cadeia logística, o
impacto positivo nos cofres do
município é bem maior e com
crescimento constante. Somen-
diretos, que englobam a fabricação
de gelo, a manutenção e a cons-
trução dos barcos, equipamentos,
transporte e distribuição de pesca-
do, e entre outros setores envolvi-
dos na atividade, além dos pesca-
dores informais.
Para o presidente do Sindicato
dos Armadores e das Indústrias da
Pesca de Itajaí e Região (Sindipi),
Jorge Neves, Navegantes compõe,
economia azul 9
lucas correia
Falta
concorrência
para o porto
de Itajaí
Na minha opinião,
um porto é uma
atividade privada da
qual o Estado deve
ficar distante, em todos
os seus aspectos. Não
é função do Estado
administrar um porto, e
não conheço nenhum
exemplo em que o
poder público administre
melhor que uma
te para 2021, Silveira aposta em empresa [em qualquer
avanço de 30% na arrecadação tipo de atividade
desse tributo. “Boa parte desse empresarial]. Penso que,
incremento está associado à ati- nas mãos da iniciativa
vidade portuária, com o aumen- privada, os portos se
to nas operações de carga e des- tornam mais eficientes,
carga e o consequente reflexo mais produtivos e podem
em toda a cadeia logística.” reduzir seus custos.
Libardoni Fronza diz que, Ao longo das duas
se for pensado tudo o que vem últimas décadas, o
após essa cadeia direta, o impac- custo de operar, no
to na economia é muito maior. porto de Itajaí, subiu
“Além do ISS, somos hoje o 16º tremendamente. Operar
município em arrecadação do no nosso porto foi barato
Imposto sobre Circulação de e hoje não é mais. Falta
concorrência para o
Mercadorias e Serviços (ICMS) e
porto de Itajaí e nada
nossa economia, como um todo,
cresceu 15% no último ano”, ar- habilitaria melhor nosso
remata o prefeito. porto a sobreviver à
O PIB per cápita de Navegan- concorrência do
tes, de R$ 48,19 mil, em 2018, que a redução
é mais do que o dobro do valor
dos custos.
apurado pelo IBGE, em 2010, de
R$ 23,5 mil. Números que com- Rogério
provam o crescimento econômi- Marin,
co da cidade. Já o Índice de De- presidente
senvolvimento Humano (IDH) é do Sindi-
de 0,736 (IBGE-2010), valor con- cato das
siderado alto pela Organização Empresas
das Nações Unidas (ONU). “Valo- de Comér-
res que tendem a apresentar acen- cio Exterior
tuada evolução no próximo le- do Estado
vantamento do IBGE”, acrescenta de Santa Catarina (Sindi-
Fronza.
trade)
com Itajaí, o maior polo pesquei-
ro industrial do Brasil. Isso inclui,
segundo a secretaria de Agricultu-
ra e Pesca de Navegantes, não só a
mais moderna e numerosa frota, de
cerca de 200 embarcações, mas as
maiores processadoras e beneficia-
doras de pescado da América Lati-
na, estaleiros, entre outros serviços
ligados à essa imensa cadeia pro-
dutiva.
10 economia azul 29 de OUTUBRO de 2021

O que está em jogo com a

Modelo desestatização do segundo maior
sustentável
economicamente complexo portuário do país
A CDL de Itajaí,
sempre que chamada, Proposta do governo federal prevê
lucas correia

participa dos debates desestatização do Porto de Itajaí até

em prol da cidade. Nossa o segundo semestre de 2022; modelo
missão, aqui, não é de enfrenta resistência municipal

Q
tomar decisão, mas de
apoiar e auxiliar na definição uando anunciou a trou no estado, e fundou cidades; si-
do melhor modelo. lista de empreendi- tuado estrategicamente no entron-
Indiscutivelmente, a melhor mentos qualificados camento da BR-101 com a BR-470,
alternativa é aquela capaz para o Programa de o porto integra o Complexo Portuá-
de impactar, de forma
Parcerias de Inves- rio do Itajaí-Açu que tem a segunda
positiva, na economia e na
timentos, o PPI, em fevereiro deste maior movimentação de contêine-
vida das pessoas. É isso que
ano, o presidente Bolsonaro começou res do país, atrás apenas do Porto
desejamos, o melhor para
a tirar das costas uma pressão para a de Santos.
a nossa cidade. Precisamos,
sim, de um modelo que desestatização das empresas públi- A unidade movimenta, aproxi-
coloque Itajaí ainda mais em cas. O plano para concessão e priva- madamente, 16 bilhões de dólares
evidência. Precisamos, sim, tização de portos e aeroportos é en- por ano, o que também retornou,
de um modelo sustentável tendido como uma estratégia para ao longo dos últimos 23 anos, a ci-
economicamente. Por segurar a atenção dos investidores e fra de R$ 120 bilhões em arrecada-
isso, a importância de do mercado financeiro. ção de impostos federais.
uma tomada de decisão Entre os mais de 30 empreendi- Há mais de 20 anos, sob a ges-
coerente. mentos — estão na lista os aeroportos tão municipal, o porto de Itajaí se
de Congonhas (SP), Santos Dumont tornou a “mola mestra” da econo-
Laerson (RJ), a desestatização da Codeba mia da cidade, como frisa o pre-
Batista (Companhia Docas da Bahia), que feito Volnei Morastoni (MDB). É o
da Costa, administra os portos de Salvador, Ara- complexo portuário que influencia,
presidente O Complexo Portuário do tu e Ilhéus. Bolsonaro também mira por exemplo, que a cidade esteja
da Câmara Itajaí-Açu tem a segunda nas operações a privatização total do entre as 10 do país com melhor ar-
de Dirigentes maior movimentação de Porto de Itajaí. recadação per cápita, e que tenha um
Logistas (CDL) contêineres do país Localizado na foz do rio Itajaí, por índice de desenvolvimento humano
de Itajaí onde a colonização europeia aden- (IDH) acima da média.

Somos guardiões do
nosso bem mais precioso:

O CICLO DA VIDA.
A BFP é uma empresa que
valoriza a sustentabilidade,
transformando os resíduos
de peixes que seriam
descartados em produtos
como farinha e óleo de peixe.

Somos parte de um ciclo,

temos o compromisso de
conquistar e cuidar do que
está a nossa volta.
29 de OUTUBRO de 2021
Governo federal pretende lançar
edital para desestatização em 2022
A versão preliminar do modelo de deses-
tatização será apresentada à Agência Nacio-
nal de Transportes Aquaviários (Antaq) em
novembro. Na sequência, o projeto segue
para as fases de consulta e audiência públi-
ca. Se concretizadas as etapas, com aprova-
ção do TCU, análise pelo Conselho do PPI,
no prazo que imagina, o governo federal
promete lançar edital para desestatização no
segundo semestre de 2022.
Concretizada a mudança, quem vai di-
tar as regras e contratações de serviços, pe-
los próximos 35 anos, é a nova empresa. No
modelo atual, para uma empresa operar um
terminal dentro do porto público, o governo
municipal é que fica responsável pela licita-
ção e pelos contratos de arrendamento.
Segundo o governo federal, o pacote de
desestatização vai demandar aproximados
de R$ 2,8 bilhões em investimentos. Os va-
lores devem ser usados para dragagem de
manutenção e de aprofundamento do canal
de acesso, expansão e melhoria das estru-
turas de proteção aquaviárias, recuperação,
manutenção e ampliação de infraestruturas.
Mas, apesar do entusiasmo e das promessas
do governo federal sobre a desestatização do
Porto de Itajaí, o assunto divide especialistas,
entidades e a própria autoridade municipal.
Enquanto o prefeito diz que a proposta fede-
ral vai interromper o ciclo de uma gestão que
funciona desde 1997, a Federação das Indús-
trias catarinense, por exemplo, defende o fim
da “ingerência política”.
O modelo atual, com autoridade portuá-
ria pública, é praticado em 80% dos portos
ao redor do mundo. A gestão privada, pen-
sada no Brasil, tem inspiração no modelo de
Melbourne, na Austrália, que viu os preços
das tarifas subirem após o processo de de-
sestatização.
“Desde que o Porto passou a ser coman-
dado pelo município, seu desempenho e sua
importância para o desenvolvimento do país
cresceram exponencialmente. De 1997, ano
da municipalização, para cá, expandimos
a área de operações portuárias em 110% e,
em 92%, os números de atracações. Multi-
plicamos a capacidade de movimentação e
armazenamento dos contêineres em 598% e
aumentamos 39% em toneladas”, afirma o
prefeito Morastoni.
O prefeito criou, com outras entidades da
região, o Fórum Permanente de Defesa pela
Manutenção da Autoridade Portuária Públi-
ca e Municipal. O grupo encaminhou pedi-
dos ao Ministério da Infraestrutura cobran-
do a manutenção da administração com o
município.
“Não somos contra a iniciativa privada,
muito pelo contrário, somos favoráveis aos
investimentos de modernização do porto e
da concessão da operação de todos os quatro
berços para tornar nosso porto público ain-
da mais competitivo, eficiente e ágil”, emen-
dou o prefeito.
Em 2021, o Porto de Itajaí apresentou o
maior resultado para o Índice de Desempe-
nho Ambiental das instalações portuárias do
país.
economia azul 11
marcos porto
Continuidade
do modelo
Estamos apreensivos
porque o modelo de gestão
municipal traz vantagens
operacionais e competitivas.
Aqui, os problemas são
discutidos na esfera local
e, com uma mudança no
“Desde que o Porto passou a ser modelo de gestão, as decisões
comandado pelo município, seu serão a partir de Brasília, o que
desempenho e sua importância vejo como desvantajoso. Outra
cresceram exponencialmente”, questão é que o porto está
afirma o prefeito Morastoni cravado no meio da cidade
e temos outros terminais à
DADOS DA PRODUÇÃO montante e que dependem
PORTUÁRIA 2020 de toda essa mobilização da
Autoridade Portuária que,
Contêineres - Principais complexos pela vontade da União, será
portuários (milhões x/TEU privada. Portanto, entendemos
que o melhor caminho é a
continuidade da Autoridade
Portuária municipal.
Marcelo
Alessandro
Petrelli –
presidente do
Sindicato dos
Despachantes
e Ajudantes
FONTE: ANTAC Aduaneiros de
Santa Catarina (Sindaesc)
12 economia azul 29 de OUTUBRO de 2021

lucas correia
Estudo elaborado pelo
Escritório de Projetos
da Univali defende a
autonomia do Porto de
Itajaí e a manutenção
da Autoridade
Portuária Pública

Competividade

A delegação da
gestão do porto de
Itajaí ao município se
fez necessária há 25
anos. Hoje a realidade
é outra. O porto perdeu
competitividade e caiu
da 1ª para 11ª posição no
país. Não somos o 2º do
Brasil em movimentação
de contêineres. Essa
posição é do complexo

Operação privada, mas com a

como um todo e o
responsável pela boa
performance é o TUP

gestão municipal, conclui estudo

Portonave, que tem a
melhor produtividade
do Brasil. Hoje, o porto
público corre um
grande risco de perder A pedido do Fórum de Defesa da
suas linhas para o TUP,
Autoridade Portuária Pública Mu-
que está investindo
nicipal, o escritório de Projetos da
US$ 100 milhões na
Univali se debruçou sobre a hipó-
sua infraestrutura. O
tese de desestatização do Porto
porto de Itajaí também
necessita de grandes de Itajaí. A pesquisa tomou como
investimentos e base os principais aspectos da
ninguém vai colocar R$ apresentação da Secretaria Nacio-
2,8 bilhões. Uma gestão nal de Portos e Transportes Aqua-
pública não garante. Vejo viários (SNPTA), realizada, em
a gestão privada como o agosto, na Câmara de Vereadores.
modelo ideal O estudo enfatizou 11 questões
para Itajaí. para entender a transferência da
Autoridade Portuária Pública para
uma empresa privada, traçando
Eclésio um histórico da movimentação de
Silva, dire- contêineres e cargas desde o iní-
tor execu- cio da municipalização.
tivo do Sin- A conclusão dos consultores
dicato das técnicos do Escritório de Proje-
Agências de
Navegação
Marítima e
Comissárias Adequações para um novo modelo privado
de Despachos do Estado Apesar de ser propriedade da
de Santa Catarina (Sin- União, as operações do Porto de
dasc) Itajaí foram delegadas ao municí-
pio, em 1997, através da Superin-
tendência do Porto de Itajaí, autar-
quia municipal, criada em junho
de 2000, para assegurar as condi-
ções operacionais e garantir a in-
fraestrutura terrestre e aquaviária
para os terminais que compõem o
complexo.
O superintendente da autarquia,
Fábio da Veiga, explicou à reporta-
gem como funciona a operação do
porto. Atualmente, a Superinten-
dência explora o porto de duas for-
mas: contrato de arrendamento e
operadores portuários pré-qualifi-
cados (empresas que têm capaci-
dade técnica e financeira).
Ou seja, a iniciativa privada já
tos da Univali, professores Adão
Paulo Ferreira, Paulo Corsi, Frede-
rico Bussinger e Osvaldo Agripi-
no de Castro Junior, coordenador
do Escritório, é de que, sob a ad-
ministração municipal, o desen-
volvimento da atividade portuária
também alavancou a economia de
Itajaí e Navegantes, que apresen-
taram um crescimento do PIB em
mais de 50% e sendo responsável
por mais 30% de todos os empre-
gos formais das duas cidades.
O documento defende a auto-
nomia do Porto de Itajaí e a ma-
nutenção da Autoridade Portuá-
ria Pública para todo o Complexo
Portuário, destacando que este é
o modelo utilizado em 80% dos
portos do mundo, como na Euro-
opera no porto, mas sob contra-
tos fiscalizados pela administra-
ção pública. Segundo Veiga, todo
o valor arrecadado pela autar-
quia é reinvestido em ações por-
tuárias.
“O que a autarquia recebe ser-
ve para pagar o custeio do Por-
to e operação (cerca 130 funcio-
nários). Por isso, conseguimos
manter a dragagem. Só essa dra-
gagem permanente tem cus-
to aproximado de R$ 60 milhões
por ano. O governo Federal não
manda dinheiro pra fazer a dra-
gagem”, aponta.
O estreitamento da burocra-
cia entre a Superintendência e o
Executivo, diz o superintenden-
te, permite a tomada de decisões
e planejamentos que extrapolam
pa, na Ásia e nos Estados Unidos.
Um dos motivos para o con-
trole portuário fala em “sobera-
nia nacional”, como tem dito o
prefeito Volnei Morastoni. Caso o
modelo adotado seja a privatiza-
ção, a autoridade portuária pas-
saria pela chancela da nova ad-
ministradora.
Para o professor Frederico Bus-
singer, engenheiro e economista,
que chegou a ocupar cargo de se-
cretário executivo do Ministério
dos Transportes e com passagens
pela Cia. Docas de SP e Codesp
(Porto de Santos), a proposta para
o Porto de Itajaí só se sustenta
“no discurso”.
Ele destacou que, diferente de
outras empresas públicas, que
os limites físicos do porto, como
intervenções viárias para permi-
tir o trânsito diário de 1500 cami-
nhões pelo centro da cidade para
chegar ao Porto, por exemplo.
Até 1991, as decisões do por-
to passavam por Brasília, quando
era administrado pela Portobrás-
-Brasília, passando, na sequên-
cia, a atuar como uma extensão
do Porto de Santos, que foi ope-
rado pelo governo de São Paulo.
Fábio informou, também, que
a Superintendência está promoven-
do um “enxugamento” de gastos, e
preparando o Porto de Itajaí “para
o novo modelo de autoridade por-
tuária”.
“Teremos algumas funções, hoje
exercidas, que não serão mais rea-
lizadas. Por exemplo, hoje, temos
apresentam prejuízos históricos e
ineficiência, o Porto de Itajaí tem
dado exemplo de gestão e inves-
timentos, mantendo uma relação
estreita entre a cidade e os cida-
dãos de Itajaí.
Segundo ele, uma das primei-
ras medidas a ser sentida, com uma
nova administração privada, será a
falta de autoridade pública para di-
tar os preços cobrados no porto.
“Existe a possibilidade de ter au-
mento de tarifas públicas. Uma
empresa privada teria poder sobre
a expansão do Porto e o canal de
acesso de Itajaí. Não se trata só de
atividade portuária, pois o canal de
acesso também serve para a pesca.
Como essa empresa iria atuar nos
conflitos?”, questiona.
metade do porto funcionando com
berço público e metade na área ar-
rendada. Na área arrendada, toda
vigilância, manutenção e fiel de-
positário fica com a APM [Ter-
minals Itajaí] e, na área do Porto
Público, todas as funções ficam
conosco. Como o novo modelo
enseja isso tudo para o privado,
nós não teremos mais a necessi-
dade de tantos guardas para fa-
zer a vigilância, tantos servidores
para fazer manutenção do cais”,
explicou.
Apesar de ter o caixa superavi-
tário, Fábio da Veiga anuncia que
a demissão de funcionários ocorre
através de um Plano de Demissão
Voluntária e que tem como objeti-
vo a implantação de um modelo
de baixo custo operacional.
economia azul 29 de OUTUBRO de 2021
14 economia azul
29 de OUTUBRO de 2021

No porto de Melbourne,
na Austrália, a gestão é
totalmente privada

Desestatização
é uma
oportunidade
Dizer não à
privatização total do
porto de Itajaí é um
erro, pois essa é a
única forma do porto
receber os investimentos
necessários para manter
sua competitividade. Se
não formos ágeis, vamos
perder o momento, a
hora e a vez. O município
alega que o modelo
de gestão municipal
Federação das

divulgação
deu certo, mas isso

Indústrias prefere
foi em outra época. A
municipalização foi um
case de sucesso, mas,
hoje, não é mais. E o
sucesso de ontem não
garante o sucesso de
a gestão privada
amanhã. Se perdermos A Federação das Indústrias de
a chance de fazer a Santa Catarina (Fiesc), que repre-
desestatização, nos senta parte significativa dos usuá-
moldes propostos rios de serviços portuários, é uma
pela União, não haverá das entidades de peso no estado
outra oportunidade. e que apoia a proposta do gover-
A administração no federal. O presidente da Fede-
municipal está lutando ração, Mário Cezar de Aguiar, dis-
para garantir 200 se que a entidade defende modelo
empregos, sob pena de sem “ingerência política” com a
comprometer o futuro adoção “de modelo de administra-
dos 200 mil habitantes ção portuária autônoma, com go-
de Itajaí. vernança corporativa”.
Aguiar afirma que “portos pú-
Antonio blicos possuem grandes restrições
Ayres dos e amarras”, apontando que a ges-
Santos tão privada é “essencial para o de-
Júnior, senvolvimento socioeconômico do
consultor estado de Santa Catarina”.
e presi- A sugestão da Fiesc é de que o
dente do município tenha assento no Con-
Conselho selho da nova empresa, que pode-
de Desenvolvimento rá assumir os serviços em 2022,
Econômico de Itajaí colocando os interesses do muni-
cípio e da região para análise de
todo o grupo decisório.
Consultado, o Ministério da In-
fraestrutura informou que o mode-
lo de desestatização ainda está em
análise, podendo ser uma conces-
são pública ou privatização.
A assessoria do Mistério infor-
mou que a injeção de R$ 2,8 bi-
lhões em investimentos previs-
tos da iniciativa privada “mudará
o porto de Itajaí de patamar, tra-
zendo competitividade, maior mo-
vimentação de cargas e menor cus-
to logístico ao país, além de gerar
renda e emprego em toda a re-
gião”.
E as promessas já visam miti-
gar as principais críticas encabeça-
das pela administração municipal
e por entidades contrárias à priva-
tização. “Haverá também o forta-
lecimento da relação porto-cida-
de, com melhorias nos acessos ao
porto, na mobilidade em seu en-
torno, bem como no desenvolvi-
mento não só portuário, mas eco-
nômico”, conclui a manifestação
do Ministério.
A reportagem questionou quan-
to o governo federal pretende arre-
cadar com a desestatização do Por-
to de Itajaí, mas o Ministério não
respondeu.
Modelo australiano teve
o aumento de tarifas
Uma das referências apresen-
tadas pelo governo brasileiro
para justificar a desestatização
dos portos, no Brasil, é o mode-
lo australiano, conhecido como
Landlord privado.
No modelo de governança
Landlord, adotado em mais de
80% dos portos no mundo, a
gestão da infraestrutura portuá-
ria é do setor público e a gestão
da superestrutura e operacional
é do setor privado.
Já no sistema adotado na
Austrália (Landlord privado) e
defendido pelo Brasil são trans-
feridos os ativos da gestão da in-
fraestrutura e da autoridade por-
tuária, ficando o Estado apenas
em posse e legitimação da pro-
priedade. Além do Brasil, Israel
também pretende aderir ao mo-
delo privado para os seus por-
tos.
No entanto, logo após a pri-
vatização, o serviço portuário
australiano enfrentou aumento
de tarifas.
Recentemente, durante as
discussões para a desestatiza-
ção também do porto do Espí-
rito Santo, o diretor-presidente
da Associação de Terminais Por-
tuários Privados (ATP), Murillo
Barbosa, reconheceu que o mo-
delo australiano aumentou as
tarifas, mas ponderou que, no
Brasil, o modelo será adaptado à
nossa realidade e a Agência Re-
guladora poderá atuar na políti-
ca tarifária.
Um relatório da Comissão
de Serviços Essenciais (ESC) do
parlamento italiano apontou que
a insatisfação acerca da desesta-
tização do Porto de Melbourne
foi influenciada pelo significati-
vo controle concedido aos acio-
nistas em relação à definição e re-
visão dos aluguéis na estrutura
portuária.
O setor portuário nacional
(portos organizados + termi-
nais autorizados e arrendados)
movimentaram, no ano passa-
do, 1,151 bilhão de toneladas, um
crescimento de 4,2% em relação
a 2019.

Mário Cezar de
Aguiar, presidente
da Fiesc, defende
modelo sem
ingerência
política, com
a adoção de
administração
portuária
autônoma e
governança
corporativa
isis lacombe
 29 de OUTUBRO de 2021
Expertise no
desenvolvimento de
soluções ambientais
Preservação de áreas
verdes e uso consciente
dos rios são tendências
A
s transformações que estão
ocorrendo no processo de ur-
banização e ocupação das ci-
dades vêm quebrando para-
digmas e reforçando, cada vez
mais, a preocupação com a adoção de medi-
das que garantam a preservação ambiental.
No entanto, a pressão sobre os recursos natu-
rais em relação à sua finitude ainda é um desa-
fio, principalmente em municípios ribeirinhos
e litorâneos, que exigem atenção redobrada.
Afinal, o contexto é histórico. A ocupação ur-
bana iniciou pelas regiões localizadas às mar-
gens dos rios, que ofereciam alimentos, eram
utilizadas como um meio de transporte e, é
claro, forneciam a própria água.
“Essa associação da sobrevivência huma-
na e da própria economia aos ambientes sus-
tentáveis é cultural, e a preservação de áreas
verdes, nos grandes centros, e o uso conscien-
te dos rios é uma tendência crescente”, expli-
ca o engenheiro sanitarista e ambiental Lucas
Vieira de Medeiros, da Eco Litoral, de Itajaí.
A empresa é referência no segmento de con-
sultoria e elaboração de projetos ambientais,
fornecendo soluções, ambientalmente susten-
táveis, com foco em projetos de licenciamento
ambiental, certificações e adequação de pro-
jetos de engenharia e arquitetura à legislação
ambiental vigente.
O tema ambiental retornou com tudo nos
últimos anos. “Isso tem muito a ver com a
pandemia, que fez com que as pessoas se vol-
tassem mais a elas mesmas, em decorrência
divulgação
A bióloga Talía da Costa ressalta a
mudança de comportamento em
relação à preservação da natureza e à
sustentabilidade
economia azul 15
divulgação
dos longos períodos de reclusão, e voltas-
sem a valorizar as áreas verdes, as encostas
e também os benefícios que a natureza pro-
porciona”, explica a bióloga Talía da Costa,
doutora em Ciência e Tecnologia Ambiental.
Segundo a especialista, a retomada da re-
lação do homem com a natureza também
pressiona o mercado da construção civil, que
investe, cada vez mais, em incorporações
com grandes áreas verdes, o que hoje agre-
ga valor aos imóveis. “Inclusive, ao contrário
de outros tempos, nos quais as construtoras,
meramente, cumpriam a legislação ambien-
tal, hoje, elas oferecem muito mais do que a
lei exige. Investimentos em soluções ambien-
talmente sustentáveis são diferenciais merca-
dológicos”, acrescenta o gestor ambiental e
gerente de projetos da Eco Litoral, José Ro-
berto Fernandes Filho.
“O setor da construção civil, atualmente,
se mostra bem mais consciente em relação à Empresa desenvolve
sua responsabilidade sobre os recursos natu- o monitoramento de
programas ambientais
rais. Aliado a isso, políticas públicas, ainda
da Marina Itajaí, que
que pontuais, são cruciais para a aplicação
obteve, há menos de
da adoção de princípios de sustentabilidade, dois meses, o selo
principalmente, em municípios como Itajaí, Bandeira Azul
que têm, no mar e no rio, a maior fatia de
sua economia”, acrescenta Lucas.
Atuação local
A Eco Litoral é responsável pelos estu-
dos e projetos para licenciamento ambiental
de empresas de diversos setores [com des-
taque para as áreas portuária e retroportuá-
ria], desenvolve o monitoramento e execu-
ta os programas ambientais da Marina Itajaí,
que obteve, há menos de dois meses, o selo
Bandeira Azul.
economia azul 29 de OUTUBRO de 2021
Lei nº 6.678. Jornal Diarinho. CNPJ: 40.003.710/0001-90. 1 Inserção. Custo unitário: R$ 26.338,00

Desde que o município de Itajaí assumiu a função de Autoridade Portuária do Porto de Itajaí, em 1997, muito
desenvolvimento foi descarregado aqui. A cidade cresceu e se tornou a economia mais dinâmica do estado,
batendo recordes de geração de empregos e abertura de empresas. Mas o Porto de Itajaí também superou
expectativas. Sob a administração da Superintendência do Porto de Itajaí, colocamos em operação os 4 berços de
atracação e ampliamos a bacia de evolução, o que permitiu aumentar em 598% a movimentação de contêineres e
em 391% a operação de cargas. Por isso o porto, o município e a população estão Juntos Por Nosso Porto.
Um movimento pela continuidade da gestão municipal que vai trazer mais conquistas para todos.
18 economia azul 29 de OUTUBRO de 2021

O risco de escassez de
água está sendo evitado
em parceria da prefeitura
com proprietários de
terras com nascentes

Itajaí é case

O Porto de Itajaí,
com um superávit médio
de R$ 17,5 milhões/ano

DIVULGAÇÃO
[2018 a 2020], e vários
prêmios da Antaq, é

Abastecimento de água
um case de sucesso e
contribuiu para que a
cidade arrecadasse R$

garantido para o futuro

16,3 bilhões de tributos
federais, em 2020,
equivalente a 3,2 vezes

na bacia do Rio Camboriú

mais por habitante,
se comparado ao
município de São Paulo.
A Autoridade Portuária
pública é também
responsável pela criação Proposta inédita na região, com base em dação do Meio Ambiente de Cam- dade da água consumida pelos mo-
de cinco terminais trabalho semelhante em Minas Gerais, cria boriú (Fucam). radores de Camboriú e Balneário
O pagamento pelos serviços am-
privados, a segunda ferramentas para recuperação da Bacia Camboriú e a gestão sustentável do
bientais está incluso na tarifa que o projeto. “Podemos dizer que Cam-
maior movimentação Hidrográfica do Rio Camboriú

de contêineres do
Brasil, a segunda
maior quantidade de
terminais retroportuários,
a geração de mais
de 500 empresas e
milhares de empregos
na logística de comércio
exterior e cabotagem.
É importante a
comunidade cobrar
a manutenção da
Autoridade Portuária
pública municipal.
Osvaldo
Agripino,
advogado
P
rograma Produtor
de Água, desenvol-
vido entre os pro-
prietários de áre-
as nas margens do
Rio Camboriú, usa o conceito de
pagamento por serviços ambien-
tais (PSA) para estimular produto-
res rurais a investirem no cuidado
do trato com as águas. Envolve o
apoio técnico e financeiro para im-
plementação de práticas conserva-
cionistas, destinando parte dos re-
cursos da arrecadação anual como
incentivo pelos serviços ambien-
tais. O diferencial é produzir água
engloba, atualmente, 23 proprieda-
des rurais de Camboriú, que con-
servam 1,13 mil hectares de mata
com 160 nascentes. Mais 70,79 hec-
tares estão em restauração. E os re-
sultados são visíveis: o risco de es-
cassez de água começou a diminuir
quando proprietários no entorno
das nascentes aderiram ao projeto,
demarcando e, em vários casos, re-
constituindo áreas com investimen-
to patrocinado.
“O programa foi desenvolvido
para criar instrumentos, estraté-
gias e metodologias para efetuar a
conservação e restauração das ma-
consumidor paga à Empresa Muni- boriú vem evoluindo muito, nos úl-
cipal de Água e Saneamento (Ema- timos anos, nas questões ambien-
sa), que também destina mais de tais, seja no que se refere a projetos
1% do orçamento, da sua renda e ações voltadas para a educação
bruta, para o programa ambiental. ambiental, a implantação do par-
O diretor-geral da Emasa, Douglas que linear e até mesmo pelo desejo
Costa Beber Rocha, explica que as de implantar um parque inundável
áreas recuperadas agora absorvem no município, pois somos parcei-
mais água, suprindo bem os 200 ros de tudo o que for melhor para
mil moradores das duas cidades. a nossa cidade,” conclui o prefeito.
A engenheira Rafaela Compa-
rim, da Emasa, explica que o incen-
tivo financeiro é de R$ 250 por hec-
tare/ano. “No entanto, a ideia é que
os proprietários incluam apenas al-
gumas áreas no projeto, mantendo
a propriedade produtiva e, ao mes-
mo tempo, contribua com a preser-

FRANCIELE MARCON
especialista a partir da conservação dos recur- tas ciliares e áreas sensíveis da ba- vação das florestas, dos mananciais
em Direito sos hídricos da bacia do Rio Cam- cia hidrográfica do Rio Camboriú. e, consequentemente, a proteção
Marítimo e boriú, garantindo a quantidade e a Além do PSA, o programa engloba nas nascentes e produção de água”,
Portuário, pós- qualidade da água para o abasteci- práticas integradas de conservação acrescenta.
-doutor em mento das duas cidades que depen- e recuperação nas propriedades in- O prefeito de Camboriú, Elcio O prefeito Elcio Rogério
regulação de dem desse rio: Balneário Camboriú seridas”, explica Caroline Marques Rogério Kuhnen (MDB), destaca a Kuhnen (MDB) destaca
transportes e portos, con- e Camboriú. Teixeira, diretora de educação am- importância do Programa Produtor a importância da
sultor e professor de Água para a garantia da quali-
iniciativa para a região
O projeto foi criado em 2009 e biental, parques e reservas da Fun-

Rio Camboriú abastece mais de 200 mil pessoas

O Rio Camboriú é um dos principais patri-
mônios hídricos da região e abastece mais de 200
mil pessoas nos municípios de Balneário Camboriú
e Camboriú. Número que cresce, exponencialmen-
te, durante o verão e compromete o abastecimen-
to das duas cidades, inclusive, com perspecti-
vas futuras nada otimistas.
“Temos a previsão de que, a partir de 2025,
teremos maior demanda do que a disponibi-
lidade hídrica. Por isso, a importância urgen-
te do monitoramento para se fazer uma gestão
adequada desse ecossistema”, alerta o profes-
sor e pesquisador da Universidade do Vale do
Itajaí (Univali), Paulo Ricardo Schwingel, mem-
bro do Comitê do Rio Camboriú.
Foi embasado no trabalho de conclusão de
curso de graduação da administradora Kelli
Cristina Dacol, hoje especialista em gestão
de recursos hídricos, que o trabalho come-
çou. Aliás, o tema de sua pesquisa na tese
de doutorado também está relacionado, pois
trata de regulação no setor de saneamento,
soluções baseadas na natureza e segurança
hídrica.
São parceiros na realização do projeto a
Agência Nacional de Águas (ANA), Emasa,
Águas de Camboriú, Agência Reguladora de
Serviços Públicos de Santa Catarina (Aresc),
Comitê do Rio Camboriú, Fucam, Instituto
Federal Catarinense (IFC), prefeituras de Bal-
neário Camboriú e de Camboriú, Secretaria de
Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDE)
de Santa Catarina e The Nature Conservancy
(TNC), organização internacional, sem fins lu-
crativos, líder na conservação da biodiversidade
e do meio ambiente.
 economia azul 19
29 de OUTUBRO de 2021

Produtores auxiliam no Parque inundável seria

fornecimento de água uma solução sustentável
Outro projeto que pode contribuir na bruta no rio Camboriú”, arremata o
Outra alternativa encontrada pela empresa responsável garantia do fornecimento de água para presidente da Fucam, Valmor Dala-
pela coleta, pelo tratamento e pela distribuição de água em os municípios de Camboriú e Balne- go. A Emasa informa que contratou o Desafios
Balneário Camboriú, para garantir a regularidade no abas- ário Camboriú é o Parque Inundável projeto básico, o projeto executivo e
tecimento da cidade no verão [período no qual a população Multiuso. No entanto, sua implemen- o estudo ambiental para a Implanta- A realidade de Itajaí
do município praticamente quadruplica], foi um acordo com tação se depara com um problema re- ção do Parque Inundável Multiuso na difere de outros portos
os rizicultores de Camboriú para reserva de água. A inicia- corrente: a impossibilidade de inves- Bacia do Rio Camboriú, que já foram brasileiros. O complexo
tiva foi tomada para as temporadas de verão 2019-20, 2020- timento por parte do município de protocolados para análise do Instituto portuário tem três
21 e, agora, será repetida para a de 2021-22, e conta com o Camboriú, que não dispõe de recur- do Meio Ambiente (IMA) de Santa Ca- importantes setores que
apoio do Sindicato dos Rizicultores, Empresa de Pesquisa sos. tarina para o processo de licenciamen- precisam ser considerados:
Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e O projeto prevê a desapropriação to ambiental. agrega um dos mais
das prefeituras de Camboriú e Balneário Camboriú. de uma área de 600 hectares. Cerca Com relação aos custos de imple- importantes terminais
O acordo prevê a utilização de mais de 800 hectares de de 100 hectares serão usados para ab- mentação, a Emasa informa que não de uso privado (TUP) do
produção de arroz usados para reservar água, suprindo a sorver água da chuva e evitar inun- tem o valor total e que contratou um Brasil [Portonave S/A,
demanda que aumenta no verão. O valor pago pela Ema- dações e enchentes e, ao mesmo tem- estudo geral no sentido de apontar al- em Navegantes], o Porto
sa aos 23 rizicultores envolvidos na temporada passada fi- po, armazenar água bruta, que poderá ternativas para o custeio deste e de ou- Público e mais outros
cou em torno de R$ ser usada em época de estiagem. Para tros projetos. A parceria público-privada
terminais a montante,
o que cria uma série
1,9 milhão. A em- o prefeito Élcio Kuhnen, a criação do (PPP) é uma das alternativas viáveis.
de desafios para um
presa ainda não tem parque somente será possível com o
delegatário totalmente
os valores a serem apoio do empresariado local e dos go- Parque linear privado. A pergunta que
pagos na de 2021- vernos duas cidades. Outra ação para ampliar o armazena-
precisa ser feita é: até
22 porque o acor- Essas desapropriações deverão fi- mento de água em Camboriú foi a cons- que ponto a privatização
do está em fase de car em torno de R$ 150 milhões. Além trução de um lago artificial interligado da administração
elaboração. No en- destes custos, há a construção da bar- ao rio Camboriú em parque linear, cria- portuária do Porto
tanto, estima-se que ragem e de outras obras de infraestru- do pelo município. Esse lago tem a fun- Público engloba os
será acima de R$ 2 tura. Segundo a Fundação do Meio ção de servir de reservatório de água desafios que estão de
milhões. Ambiente de Camboriú (Fucam), a bruta para ajudar no abastecimento da fora?
implantação do parque inundável é cidade. Além desse benefício, o local é
Acordo com de responsabilidade do município de uma opção de lazer para a comunida-
Frederico
rizicultores Balneário Camboriú, conforme acor- de. O projeto contempla a construção de
Bussinger,
busca garantir do firmado entre os dois municípios. quadra de vôlei, campo de futebol, par-
engenheiro,
reserva de
divulgação

“Todo processo está na responsabi- que infantil, equipamentos de academia

economista
água lidade da Emasa, pois eles têm a ou- ao ar livre, entre outras opções que es- e consultor
torga provisória de captação de água tão sendo estudadas pelo município.
20 economia azul
Legalidade
A Autoridade
Portuária exerce papel
importantíssimo com
funções exclusivas de Estado.
Esse amparo legal nasce
na Constituição. Não se
pode comparar a eficiência
do Porto Público com o
terminal privado, pois é
regramento jurídico distinto.
Querer fazer comparação
entre os dois modelos é
totalmente incoerente. Itajaí
não pode ser incluída num
mesmo pacote com outros
portos brasileiros. Itajaí é
referência em excelência na
administração do porto por
uma autoridade portuária
pública. O modelo de Itajaí
existe há mais de 800 anos e
assim permanece em mais
de 90% dos portos pelo
mundo.
Adão
Ferreira,
advogado es-
pecialista em
Direito Maríti-
mo e Portuá-
rio, professor
e consultor
29 de OUTUBRO de 2021
Indústria náutica movimenta
R$ 600 milhões ao ano em Itajaí
São 29 empresas ligadas à produção de embarcações de luxo
I
tajaí está no topo da lista da
produção em série de embar-
cações de luxo do país. A ci-
dade conta, hoje, com 29 em-
presas ligadas à produção
náutica, e é sede dos principais es-
taleiros especializados na constru-
ção de iates e lanchas de grande
porte. Fator que garante à cidade
destaque nacional pelo alto padrão
de qualidade de sua mão de obra,
uma receita de, aproximadamente,
R$ 600 milhões por ano e a geração
de 1,1 mil empregos diretos. Ita-
O município é sede dos
jaí também responde por mais de principais estaleiros
50% da produção nacional desse especializados na
tipo de embarcação. construção de iates e
DIVULGAÇÃO
A explicação para o case de lanchas
sucesso é que Itajaí possui uma
malha logística que propícia a
entrega de embarcações por via governo estadual por meio de pro- de obra na construção naval tão Desenvolvimento Econômico de
marítima, além de mão de obra gramas tributários específicos. O qualificada quanto a nossa. Não Itajaí, Thiago Morastoni. Ele des-
qualificada. Contudo, pode-se Pronáutica, por exemplo, permite é à toa que, hoje, nós temos es- taca ainda a instalação da plan-
afirmar que o principal fator, que um regime especial de tributação taleiros para construção de em- ta fabril do grupo Sedna Yachts,
contribuiu para o crescimento e do Imposto sobre Circulação e Mer- barcações de alto luxo, como é o em Itajaí, que fabrica a conceitu-
fortalecimento do setor no estado cadorias e Serviços (ICMS). caso da Azimut e da Okean & Fer- ada marca Cimitarra, e o estalei-
catarinense, diz respeito aos in- “Pouquíssimas cidades, na retti, que montaram, aqui, suas ro Fibrafort, fabricante da marca
centivos fiscais concedidos pelo América do Sul, têm uma mão unidades”, diz o secretário de Focker.

29 de OUTUBRO de 2021
Okean&Ferretti
escolheu Itajaí
“Itajaí tem uma excelente oferta
de mão de obra proveniente da in-
dústria naval que, com um peque-
no refinamento, se adequa, perfei-
tamente, à indústria náutica. Além
disso, 90% dos barcos e iates pro-
duzidos pela empresa são exporta-
dos. As condições logísticas que a
cidade oferece para o escoamento
da produção se adequam, perfei-
tamente, às nossas necessidades”,
explica o CEO da Okean & Ferretti,
Roberto Paião, recém instalada em
Itajaí. Outro fator que pesou, no
processo de transferência, foi o fo-
mento à indústria náutica pelo go-
verno do Estado.
A Okean foi fundada, em 2015,
no Guarujá, em São Paulo, e se
associou à Ferretti, em 2019, tra-
zendo para o Brasil uma das mais
tradicionais marcas da náutica ita-
liana. Transferiu seu parque fabril
para Itajaí, no início deste ano, e
iniciou sua produção em março. A
empresa opera na cidade com uma
área fabril de 4 mil metros quadra-
dos de galpão, que deve chegar a
7 mil em 2023, quando o processo
de transferência estiver 100% con-
cluído.
A fábrica, hoje, tem a capaci-
dade de produção de 10 lanchas de
50 a 80 pés, que deve chegar a 30,
com as operações em capacidade
plena, daqui a dois anos. A empre-
sa já conta com 160 colaborado-
res [30 provenientes do estalei-
ro do Guarujá e 130 contratados
em Itajaí] e deve chegar, ao fi-
nal deste ano, com 200 contra-
tados. Número que deve saltar
para 300 até dezembro do ano
que vem.
O grupo Sedna foi outro nome
de peso na indústria náutica
brasileira, que trouxe a produ-
ção de São Paulo para a cidade
catarinense, em 2019, com pesa-
dos investimentos em seu par-
que fabril de 25 mil metros qua-
drados, no bairro Cordeiros. A
Sedna Yachts gera cerca de 200
empregos diretos e mais de 300
indiretos, e tem forte presença
no segmento de pesca. No en-
tanto, desde 2012, trabalha, for-
temente, na consolidação de sua
linha de embarcações de luxo.
DIVULGAÇÃO
A produção de barcos
no país deve dobrar nos
próximos anos
economia azul 21
Instalada desde 2010 na cidade,
Azimut prevê lançamentos de
embarcações cada vez mais
inovadoras e sustentáveis
Operação
Quando se fala em
desestatizar ou privatizar
o porto de Itajaí, tem
várias dimensões: uma
meramente política,
outra social e, ainda, as
dimensões econômica
e técnica. Precisamos
perguntar o que,
realmente, o governo
federal quer privatizar. A
essência de um porto é a
DIVULGAÇÃO
sua operação e, em Itajaí,
isso já é privatizado há
mais de 20 anos. Portanto,
Azimut fabrica iates, que valem
não se pode falar em
aumento de eficiência
mais de R$ 50 milhões, em Itajaí
operacional. Diante disso,
o que se quer privatizar é
a gestão, mas, neste caso
Com seu único parque fabril, fora da Itália, em tinuidade de investimentos em soluções mais sus-
específico, trata-se de um
Itajaí, o Grupo Azimut [que detém as marcas Azi- tentáveis. complexo portuário, e isso
mut Yachts e Benetti Yachts] fecha a temporada de “A estratégia industrial definida pela empresa é ganha conotação
iates [agosto 2020 a 31 de agosto 2021] com um va- baseada no desenvolvimento de produtos cada vez política.
lor de produção de 850 milhões de euros, o equiva- mais inovadores e visionários. Nosso desafio é con-
lente a mais de R$ 5,3 bilhões. Esse valor represen- tinuar as pesquisas sobre sustentabilidade ambien-
ta um aumento de 100 milhões de euros em relação tal e atingir uma redução do consumo e emissões Paulo
à temporada anterior. A filial brasileira acompa- de, pelo menos, 40%, com soluções técnicas para
Corsi,
engenheiro
nha o ritmo de desenvolvimento global, com 40% oferecer iates cada vez mais alinhados a políticas
especialista
a mais de vendas nessa temporada. O grupo entre- ambientais”. Para chegar a esse patamar, o grupo
em plane-
gou 245 embarcações, com destaque aos megaiates confirma investimentos em pesquisa e desenvolvi-
jamento de
acima de 80 pés - com modelos que podem custar mento de mais de 100 milhões de euros no perío-
transportes
cerca de U$ 10 milhões (cerca de R$ 55 milhões). do de três anos. e gerencia-
Assim como a matriz e demais fábricas na Itália, mento portuário
a filial produtiva no Brasil, com 10 anos de opera-
ções, acompanha o ritmo de desenvolvimento do
grupo. A planta fabril produz embarcações da mar-
ca Azimut Yachts, de 51 a 90 pés, para o Brasil e
outros quase 80 países em que o grupo tem repre-
sentação. Instalada desde 2010 na cidade, a Azimut
já superou a marca de 350 embarcações produzidas
em Itajaí. Dessas, cerca de 35% foram exportadas.
“Percebemos uma evolução considerável nas
vendas ao consumidor do Brasil, especialmente, na
procura por embarcações acima de 80 pés. Para se
ter uma ideia, o nosso maior modelo fabricado no
país, a Azimut 27 Metri [com cerca de 90 pés], re-
centemente lançado, já tem oito unidades vendi-
das e outras negociações em andamento”, expli-
ca o diretor da Azimut Yachts, Francesco Caputo.
Esse megaiate, de 27 metros, que tem o equivalen-
te a 350 metros quadrados de área, custa em torno
de US$ 10 milhões.
Diante dos resultados positivos registrados na
temporada, as projeções para a fábrica brasileira
são promissoras. Além de seguir com a fabricação
de embarcações das mundialmente consagradas li-
PRINCIPAIS SERVIÇOS
nhas Flybridge e Grande da Azimut Yachts, a uni-
dade passa a produzir, neste ano, a linha esporti- ESTUDOS AMBIENTAIS
va de luxo Atlantis, com modelos entre 45 a 51 pés LICENCIAMENTO AMBIENTAL
para o mercado nacional e internacional. “Dessa
forma, a produção de barcos no país deve dobrar PROJETOS DE ENGENHARIA CIVIL
nos próximos três anos”, acrescenta Caputo.
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“As projeções seguem otimistas em termos glo-
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bais. O volume de encomendas, praticamente, sa-
Sala 102 – Centro | Itajaí/SC
turou a produção da temporada náutica, que aca-
ba de começar, e os novos projetos nos permitirão
dar continuidade ao caminho de crescimento tam-
bém a médio e longo prazos”, diz o CEO do Grupo
Azimut-Benetti, Marco Valle. A vice-presidente exe-
cutiva do Grupo, Giovanna Vitelli, anuncia a con-
 22 economia azul
Diversidade
de cargas
Independentemente
da gestão municipal ou
não, esperamos que o
operador portuário, que
assumir a gestão do porto
de Itajaí, cumpra com
suas obrigações, realize
investimentos, coloque
equipamentos de última
geração e também
invista em treinamento
e capacitação de
seus colaboradores. A
Autoridade Portuária, que
estiver presente, também
terá que fomentar a
atividade portuária com
a aquisição de mais áreas
para ampliação e para
atrair outros tipos de
operação. Itajaí precisa
entrar no cenário nacional
com uma diversidade de
cargas.
Ernando
João Alves
Júnior, pre-
sidente da
Intersindical
dos Trabalha-
dores Portu-
ários de Itajaí
e Região
JOÃO BATISTA
São 200 vagas molhadas e 155 secas; marina Itajaí
será modernizada e ampliada para atender à
crescente demanda
Cotas náuticas são uma
tendência no mercado de
embarcações de luxo
Um nicho de mercado que vem
sendo explorado nos últimos tem-
pos na região é o compartilhamen-
to de lanchas e iates. A Iate Marine é
uma empresa sediada em Balneário
Camboriú que apostou no segmento
de cotas náuticas, o que possibilita
a diversos proprietários compartilha-
rem uma embarcação [independen-
temente do tamanho]. Essa modali-
dade de negócio tornou esses bens
acessíveis a um número maior de
consumidores. O segredo está no
custo benefício.
“Ao adquirir uma cota náutica,
o investidor economiza até 85% do
custo que a embarcação teria, caso
ele a comprasse sozinho. A forma
de negociar mudou e o mercado,
de um modo geral, teve que se rea-
daptar para garantir seu crescimen-
to”, explica Rodrigo Vieitez, CEO da
Iate Marine. O empresário comanda
a empresa ao lado dos sócios Renata
Vieitez e Guilherme Kehl.
A empresa surgiu de um hobbyde
Rodrigo, que acabou se tornando um
rentável negócio, quando, em 2015,
ele resolveu compartilhar sua embar-
cação. Quando percebeu que a ideia
estava dando certo, decidiu profissio-
nalizar o negócio. E o sucesso pode
ser comprovado pelos números.
No início de 2019, eram três em-
barcações. Nesse mesmo ano, a sócia
Marina Itajaí investe em
expansão e reestruturação
O sucesso da indústria náutica
impacta também nos investimen-
tos em marinas e atracadouros. A
Marina Itajaí é um exemplo dis-
so. A empresa iniciou suas ope-
rações, em 2016, e já anuncia in-
vestimentos em expansão. Até o
final de 2021, o complexo náutico
irá ampliar, em 130 metros qua-
drados, a área comercial e rees-
Renata Vieitez abraçou o negócio e o
número de embarcações saltou para
10, sendo uma delas de 50 pés, a pri-
meira desse porte compartilhada no
sul do Brasil. Em 2020, foi inaugurado,
oficialmente, o escritório da empresa
e, no início deste ano, a Iate Marine ga-
nhou mais um sócio: Guilherme Kehl.
Cotas náuticas
No sistema de cotas náuticas, cada
barco é dividido em frações, ou cotas,
e a divisão das frações varia de acor-
do com o tamanho da embarcação.
Até 40 pés, são divididas em grupos
de oito cotas, e, a partir de 40 pés, são
divididas em grupos de quatro cotas.
truturar a área de serviços e os
píeres para ancoragem de barcos.
O investimento inicial é de R$ 1,2
milhão.
“Estamos ampliando a área
comercial e de serviços para ofe-
recer espaços mais modernos.
Nosso objetivo é trazer opera-
ções cada vez mais segmentadas
e qualificadas, e seguirmos como
referência em turismo e entrete-
nimento ligados à náutica”, ex-
plica o diretor da Marina Itajaí,
Carlos Gayoso de Oliveira. Serão
cinco novos comércios e 12 lojas
de serviços reestruturadas.
“Além da empresa de aluguel
de lanchas DDB Yatchs, de im-
portação de veleiros Mastermari-
ne e de venda de cotas de barcos
Cia Lake, haverá duas novas em-
presas na alameda comercial: um
café gourmet, com armazém, e
uma adega de bebidas premium”,
acrescenta Oliveira. Também está
prevista, para os próximos meses,
a ampliação do número de vagas
para embarcações e reestrutura-
ção do acesso aos píeres flutuan-
A Iate Marine conta, hoje, com
clientes em todo o país e uma
frota com 20 embarcações
Além disso, umas das principais van-
tagens do compartilhamento é a total
delegação da administração da embar-
cação. A empresa cuida da manuten-
ção, decoração e contratação da tripu-
lação. “A única preocupação do cotista
é escolher a melhor data para navegar.
Todo o resto é gerido pela Iate Marine.
Isso traz muita comodidade, otimizan-
do 100% o tempo de lazer do proprie-
tário”, acrescenta Rodrigo.
Para que a empresa realize esse
serviço de administração, o cotista
paga um custo fixo mensal que con-
templa a gestão, o marinheiro, o au-
xiliar, a camareira, a vaga na marina
e o aplicativo de reservas. “É como
tes, que contarão com acesso in-
dividual por meio digital.
Hoje, a Marina Itajaí conta
com 200 vagas molhadas e 155
vagas secas. “Com um número
maior de barcos navegando na
costa brasileira, a procura por va-
gas também cresceu e, por isso,
pretendemos modernizar o aces-
so e ampliar o píer C, para de-
senvolver ainda mais a nossa ca-
pacidade de atendimento”, destaca
Oliveira.
Modernos equipamentos como
ForkLift, para até 12 toneladas, e
TravelLift, para até 75 toneladas,
são diferenciais na sua configura-
ção da Marina Itajaí, além do pos-
to de combustível com bandeira
BR. “Somos a única marina no sul
do país com Diesel Verana”. O local
conta também com ponto de carre-
gamento de carros elétricos e heli-
ponto.
Bandeira Azul
A Marina Itajaí tem a certifica-
ção internacional ISO 14.001/2015,
29 de OUTUBRO de 2021
DIVULGAÇÃO
se o barco fosse um condomínio e a
Iate Marine, a administradora”, acres-
centa. A empresa possui unidades em
Balneário Camboriú e Porto Belo, e
recém inaugurou uma sede em Floria-
nópolis. A intenção é seguir crescen-
do e abrir outras unidades pelo Brasil.
A empresa conta, hoje, com clien-
tes em todo o país e uma frota com
20 embarcações, a única, no Brasil,
que trabalha nesse modelo de negó-
cio, oferecendo embarcações acima
de 50 pés, que podem chegar a 80 pés
[maior embarcação neste formato de
cotas da América Latina]. E a Iate Ma-
rine pretende dispor, em 2025, de 100
embarcações espalhadas pelo país.
relacionada ao sistema de gestão
ambiental, e recebeu, recentemen-
te, o selo Bandeira Azul para a tem-
porada 2021/2022. O prêmio inter-
nacional comprova que, no local,
há turismo sustentável, educação
ambiental e gestão ambiental. O di-
retor acredita que a certificação irá
impulsionar ainda mais o turismo
náutico local.
“O selo Bandeira Azul tem uma
importância positiva para que pos-
samos divulgar ainda mais a nos-
sa região como destino turístico
internacional e impulso ao desen-
volvimento socioeconômico sus-
tentável”, diz. Para conquistar a
certificação, o empreendimen-
to precisou atender 34 requisitos
de gestão ambiental, qualidade da
água, educação ambiental, turismo
sustentável e responsabilidade so-
cial.
O programa é credenciado pelas
Organizações das Nações Unidas
(ONU) e Unesco, e tem como prin-
cipal objetivo promover a mudança
de comportamento através da edu-
cação e informação ambiental.
29 de OUTUBRO de 2021
economia azul 23

Grupo Tedesco impulsiona

o setor náutico Gestão enxuta
A Tedesco Marina Gar- de 21 a 76 pés, enquanto as

den Plaza, com 15 anos
de mercado em Balneário
Camboriú, elevou o mu-
nicípio e o estado ao pata-
mar de liderança no mer-
cado náutico de lazer. A
marina, controlada pelo
Grupo Tedesco, é pioneira
na região.
O empreendimento tem
DIVULGAÇÃO
Com os estudos
70 vagas molhadas atendem
apresentados pela Univali e os
tamanhos de até 120 pés.
dados conclusivos do governo,
A Tedesco trouxe para
a ACII vai levar, novamente,
o mercado do sul do Brasil
o tema aos operadores e à
equipamentos com tecno- classe empresarial ligada
logia de ponta para o iça- à atividade portuária para
mento de embarcações e Balneário Camboriú é uma análise. O que a classe
vagas molhadas para gran- das cidades com mais empresarial já manifestou é
des iates. desembarques no país a preocupação de separar
“O empreendimento foi o operador da Autoridade

Atracadouro Barra Sul

capacidade para abrigar determinante na transfor- Portuária. Temos que lembrar
500 embarcações de até mação do mercado de luxo que uma Autoridade Portuária
120 pés entre vagas secas
e molhadas e ocupa uma
em Balneário Camboriú,
pois abriu novos setores de trouxe navios à orla sem um operador eficiente
vai impactar em perdas de
área de 30 mil metros qua- serviços e produtos, tanto O Grupo Tedesco também incluiu Balne- mais de R$ 90 milhões nos três primeiros cargas e escalas. Precisamos
drados. Opera com três no mercado náutico como ário Camboriú nas rotas dos grandes navios anos de operação. de uma gestão enxuta
hangares, com até quatro de turismo para a cidade”, de passageiros, com a instalação do Atraca- Para a temporada 2021-22, o município para não sobrecarregar
andares, com capacida- destaca a diretora Juliana douro Barra Sul, um equipamento do setor já tem 20 escalas da MSC Cruzeiros confir- taxas e custos para o
de para abrigar 430 barcos Tedesco. náutico de Balneário Camboriú que abriu madas. Outro operador, que incluiu a cidade armador e o operador,
um novo e importante setor turístico. Colo- nas suas rotas, foi a Costa Cruzeiros. A em- independentemente de
cou a cidade nas rotas dos cruzeiros e é res- presa ainda não divulgou o número de esca- ser pública ou privada.
Sustentabilidade ponsável pela criação de uma nova matriz las programadas para Balneário Camboriú. Sabemos que os custos do
Outro evento destacado pela diretora é a renovação do econômica da cidade com o receptivo de A primeira escala está prevista para o dia 16
porto público são maiores
que os dos terminais
selo Bandeira Azul que o empreendimento garantiu para a navios de cruzeiros e vagas molhadas para de novembro, com a chegada do MSC Pre-
privados, e isso precisa ser
temporada 2021-22, pelo quarto ano consecutivo. A certi- grandes iates. ziosa. A temporada encerra em 6 de abril de
levado em conta.
ficação internacional é concedida a praias e marinas que Nas três primeiras temporadas, o Atra- 2022, com o retorno do mesmo navio à ci-
atendem a uma lista de critérios ligados a questões am- cadouro Barra Sul já recebeu, aproximada- dade.
bientais e sociais. O Programa Bandeira Azul é um selo mente, 180 mil cruzeiristas e, hoje, Balne- “Estamos muito entusiasmados com Mário César
de caráter socioambiental reconhecido em todo o mun- ário Camboriú é uma das cidades que tem essa nova temporada de cruzeiros. Sem dú- dos Santos,
do, criado pela Foundation for Environmental Education uma das maiores médias de desembarque vidas, esse anúncio nos traz ânimo depois presidente da
(FEE). No Brasil, o Operador Nacional do Programa é o Ins- no país. O impacto econômico médio ge- de tanto tempo sem receber navios no Brasil Associação
tituto Ambientes em Rede (IAR). rado por cruzeiristas nas cidades de esca- por causa da pandemia”, finaliza Juliana Te- Empresarial
la é de R$ 557,32, o que soma um aporte de desco, diretora do Atracadouro. de Itajaí
24 economia azul
29 de OUTUBRO de 2021

Estaleiro Detroit é uma

Mais
produtividade
A concessão da
APM Terminals encerra
em dezembro de 2022, e
a delegação do porto ao
município, em janeiro de
2023. Esse é o momento
de promovermos uma
mudança significativa
no modelo de gestão e
garantirmos que o Porto
de Itajaí seja um dos mais
produtivos do país. O
governo federal não tem
mais recursos para investir
nos portos e, com o estudo
feito pela EPL, Itajaí poderá
receber o aporte de R$ 2,8
bilhões em infraestrutura,
sendo que R$ 920 milhões
serão investidos nos
primeiros três anos da
concessão.
Diogo
Piloni,
secretário
nacional
referência da indústria
naval com DNA itajaiense
Com 19 anos de atuação no mer-
cado da construção naval e 115 em-
barcações entregues [93 rebocado-
res, 17 embarcações tipo Platform
Supply Vessel (PSV) e dois wellbo-
ats], o estaleiro Detroit, de Itajaí,
está construindo uma série de qua-
tro rebocadores para a Starnav Ser-
viços Marítimos, equipados com
propulsores azimutais, mais duas
embarcações tipo wellboats para
a Detroit S/A, que serão exporta-
das para o Chile para serem usa-
das pelo próprio grupo, com tradi-
ção no uso de barcos para a criação
de salmão em cativeiro. A empre-
sa trabalha, ainda, com serviços de
docagem e reparos, sendo que, nes-
te ano, opera com 80% de sua ca-
pacidade.
“A construção naval está no
DNA de Itajaí, assim como a eco-
nomia do mar como um todo. Isso
por conta da nossa localização à
foz do rio Itajaí-Açu, onde estão os
trução naval no Brasil”, explica o
diretor comercial Marcelo Rampe-
lotti.
A empresa opera com 25%
de sua capacidade produtiva [de
processamento de 12 mil tonela-
das de aço por ano] e emprega,
hoje, cerca de 550 colaboradores,
praticamente, um terço do núme-
ro de empregados no auge da pro-
dução da indústria naval em Ita-
jaí. No entanto, o Detroit jamais
parou durante a pandemia. E as
perspectivas futuras são anima-
doras.
“Tendo em vista que os blocos
de leilões ao sul da bacia de San-
tos e ao norte da bacia de Pelotas
são localizados, relativamente,
próximos à cidade de Itajaí, acre-
ditamos que, sendo arrematados, o
município possa se tornar um pon-
to de apoio às empresas que explo-
rarão estes mesmos blocos”, acres- O estaleiro
emprAega hoje
centa Rampelotti. Isso, segundo o
mais de 500

divulgação
de Portos e principais portos de Santa Catari- executivo, tende a consolidar ainda
colaboradores
Transportes na, diversas empresas de pescados mais a região como referência na
Aquaviários e as principais referências de cons- indústria naval brasileira.

INC vai triplicar

capacidade produtiva
A INC – Indústria Naval Catarinense -
anuncia o aumento das contratações e tem
boas expectativas para o ano que vem. A
empresa mantém sua planta fabril instalada
em Navegantes, há cerca de quatro anos, e
atende à demanda da Internacional Maríti-
ma, empresa maranhense com mais de 30
anos de atuação na prestação de serviços
para os setores marítimo e de navegação.
A INC tem capacidade de processar 100 to-
neladas de aço por mês e gera, atualmen-
te, 150 empregos diretos. Número que deve
dobrar nos próximos meses com o início da
construção de duas embarcações de gran-
de porte.
“Estamos bastante otimistas com a
construção de um ferry-boat a partir do
início do ano que vem, o que vai deman-
dar a geração de, aproximadamente, 200
novos postos de trabalho, além de outros
novos contratos”, comemora o diretor Jo-
suan Moraes Júnior. A empresa constrói e
repara embarcações de serviços (workbo-
ats), lanchas para o transporte de passa-
geiros, rebocadores portuários, navios de
apoio à plataforma de petróleo, ferry-boats
e barcos de pesca. Nos últimos meses, tra-
balha, também, com reparos navais, ser-
viço que cresce, significativamente, na re-
gião.
“Passamos quase dois anos com pouca
demanda em função da pandemia, mas a
empresa não parou em momento algum.
Nesse período, executamos algumas obras
de reparos navais em outros estados [como
Minas Gerais, São Paulo e Bahia] e a de-
manda de concorrências públicas aumen-
tou bastante neste semestre, com perspec-
tivas de melhora para o setor”, acrescenta
Moraes.
O otimismo do executivo é justificado
pela consolidação da região como um im-
portante polo da construção naval no Brasil,
com o maior cluster de fornecedores, empre-
sas terceirizadas e mão de obra especializada
do país, aliada às perspectivas de crescimen-
to dos setores de petróleo e gás. “Os estaleiros
instalados em Itajaí e Navegantes têm ainda,
num raio de 100 quilômetros, a melhor me-
talmecânica do Brasil, com praticamente tudo
que a indústria naval requer”, pontua.
Josuan Moraes acrescenta que a reto-
mada da indústria do petróleo com pers-
pectivas de crescimento, os portos com
demandas crescentes e com a volta à nor-
malidade pós-pandemia, há excelentes ex-
pectativas de crescimento para o setor a
partir de 2022. No entanto, a adoção de po-
líticas governamentais eficientes seria cru-
cial para alavancar ainda mais o setor.
“A indústria naval depende de encomen-
das perenes e só se consegue isso com polí-
ticas de reserva de mercado. Precisamos de
garantias de um percentual para conteúdo na-
cional, incentivos tributários e linhas de finan-
ciamentos adequadas”, afirma. Outro desafio
é a formação de mão de obra de qualidade
para atender a crescente demanda do setor.
 economia azul 29 de OUTUBRO de 2021

(47) 9 9290-6798
26 economia azul
29 de OUTUBRO de 2021

Tesla, Porsche
e Ferrari são
importados
Eficiência
por empresa
itajaiense

divulgação
A manutenção da
gestão municipalizada
da Autoridade Portuária
do porto de Itajaí
é de fundamental
importância para a toda
região. A atividade traz
benefícios não apenas
para Itajaí e Navegantes,
mas para, praticamente,
todos os municípios
que compõem a Amfri.
Inclusive, pessoas de Sonhos de
vários municípios da consumo
chegam
região trabalham no
através de
porto de Itajaí, direta e
portos da
indiretamente. Somos a região

A
favor da manutenção da
gestão municipal. Com
a gestão estando mais
Empresa
maioria dos carros de alto luxo Mafra Premium [de Balneário Camboriú], a
próxima, a eficiência se analisa a das marcas Porsche, Ferrari, Miami Imports [de Itajaí], juntamente com a
torna maior, o que já foi viabilidade, Mercedes Benz, Tesla e de ou- Luxor Trade [de Florianópolis], que desenvol-
demonstrado ao longo se encarrega tras montadora estrangeiras, vem seus projetos de importação de automó-
dos anos. da liberação que são verdadeiros sonhos de veis elétricos e à combustão por meio da em-
aduaneira e de consumo e circulam pelas ruas do sul do Bra- presa itajaiense de comércio exterior.
todas as fases sil, passaram pela Wezan Comércio Exterior, Atributos que possibilitam à Wezan dispo-
Emerson da importação empresa que está sediada em Itajaí. Entre os nibilizar soluções práticas no segmento do de-
Stein, principais parceiros da empresa, estão a Boca sembaraço aduaneiro, facilitando o processo
presidente logístico das mercadorias e garantindo segu-
da Associação rança na importação. Fator que impacta tam-
dos bém na redução do transit-time e de custos
Municípios operacionais.
da Foz do
“No caso das importações, que respondem
Rio Itajaí-Açu
pela maior fatia dos negócios da empresa, as
(Amfri)
soluções desenvolvidas pela Wezan iniciam
no desenvolvimento do fornecedor e englo-
bam a análise de viabilidade de importação e
liberação aduaneira, todas as fases do trans-
porte e demais operações inerentes a cada
processo. Nos dedicamos à cada operação,
como se fosse a única, e a tratamos com expe-
riência e estrutura própria”, explica o diretor
Leone M. Weiss.
A empresa opera com um portfólio de ser-
viços que engloba todos os elos da comple-
xa cadeia logística door to door, o que garante
um atendimento diferenciado a uma carteira
de clientes constituída por empresas de todos
os portes e segmentos, com total segurança e
em qualquer ponto do globo. “Nossa maior
demanda, hoje, está relacionada à importa-
ção, devido aos eixos de negócios Brasil x Chi-
na desde 2008. Nossos maiores atores comer-
ciais trazem, peças de automóveis, mercado
popular e maquinário”, diz Weiss.
Esse bom relacionamento com o mercado
chinês antecede, inclusive, o início das ope-
rações da Wezan, uma vez que os principais
stakeholders da empresa agregam bagagem
adquirida em décadas de atuação no mercado
internacional. “Seja na parte de trading com-
pany, desembaraço aduaneiro e transporte,
temos, em nossa estrutura, uma equipe alta-
mente capacitada para o desenvolvimento de
todos esses serviços. Nosso time de colabora-
dores faz com que qualquer projeto tenha êxi-
to, porque tem compromisso com a qualida-
de, gestão e perfeita execução dos serviços”,
pontua Weiss.
29 de OUTUBRO de 2021
Dos workboats às embarcações de
guerra, um cluster da construção naval
A
contratação de qua-
tro fragatas pela Ma-
rinha do Brasil, jun-
to ao Consórcio Águas
Azuis, vai aquecer a
indústria da construção naval na re-
gião. O projeto envolve investimentos
de R$ R$ 9,1 bilhões e a expectativa é
de que, nos próximos anos, a ativida-
de gere mais de 10 mil empregos dire-
tos nas cidades de Itajaí e Navegantes,
fazendo com que a atividade retome a
posição de destaque alcançada na dé-
cada de 2000.
Hoje o setor gera 2,1 mil empre-
gos diretos, ante os pouco mais de
mil postos de trabalho registrados
entre os anos de 2015 e 2020, se-
gundo dados do Sindicato da Indús-
tria de Construção Naval (Sincona-
vin). A expectativa é de que o setor
empregue mais de 4,2 mil trabalha-
dores, até o final do ano que vem,
ultrapassando a marca dos 10 mil
empregos até 2028.
“O Estaleiro Brasil Sul [anti-
go Oceana, adquirido pelo gigante
ThyssenKrupp] já iniciou contrata-
ções de, aproximadamente, 150 tra-
balhadores para cargos mais téc-
nicos, de chefia, analistas e outros
responsáveis pela reestruturação da
empresa para a construção das fra-
gatas classe Tamandaré, além de
mão de obra de alguns soldadores,
tubuleiros e outros cargos operacio-
nais, mas ainda de forma bastante
incipiente”, diz Leonardo Campos
Freitas, assessor executivo do Sicon-
vin, que diz que o projeto deve atin-
gir o patamar de mais de oito mil
empregados [diretos e indiretos] no
auge da produção.
Aço está chegando
A Empresa Gerencial de Proje-
tos Navais (Emgepron), que acom-
panha os trabalhos do consórcio
Águas Azuis [vencedor da concor-
rência pública para projeto e cons-
trução dos navios], informa que a
primeira fragata já tem data para
começar a sair do papel. A chegada
das placas de aço, que serão utiliza-
das nas fragatas, deve se intensifi-
car no decorrer de novembro e de-
zembro, chegando a 200 caminhões
de aço.
Para o primeiro trimestre de
2022, está previsto o recebimento
dos desenhos detalhados do proje-
to e sua codificação para o proces-
so produtivo, a ser iniciado a partir
de julho. O consórcio Águas Azuis
também está em fase de prospec-
ção de fornecedores. Foram inicia-
das as negociações para equipar a
casa de máquinas da primeira fra-
gata. O contrato da Marinha com o
Consórcio prevê que a embarcação
tenha, no mínimo, 33% de insumos
nacionais.
Legado
“Já somos o Polo Náutico do
Brasil e a Capital Catarinense da
Construção Naval e Turismo Náu-
tico. Agora seremos referência em
toda a América do Sul”, comemo-
ra o prefeito de Itajaí, Volnei Mo-
rastoni (MDB).
O contrato da Marinha com o
consórcio Águas Azuis, para cons-
trução das quatro fragatas, tem
economia azul 27
Porto da cidade
LUCAS CORREIA
Nossos técnicos
estudaram o projeto
de desestatização
do porto de Itajaí e
verificaram todas as
possibilidades para uma
gestão eficiente. Os
estudos apontaram uma
necessária capacidade
de investimento para
o desenvolvimento da
atividade portuária e da
região. No caso de Itajaí,
Setor gera 2,1 mil o modelo proposto pela
empregos diretos EPL aperfeiçoa a gestão
e a operação, ficando a
regulação com o governo
19 anos de duração. No entanto, federal. Mesmo que
a expectativa é que a empreita- concedamos à iniciativa
da faça de Itajaí um permanente privada a gestão e a
cluster da indústria naval de de- operação portuária, esse
fesa. porto não deixará de ser
Em Navegantes, o estaleiro Na- de Itajaí e da
veship [primeira filial do grupo sua gente.
Edison Chouest Offshore fora dos
Estados Unidos] também retomou Arthur
as contratações e dá continuida- Luis Pinho
de à construção de duas embar- de Lima,
cações do tipo ROV Supply Vessel diretor-pre-
(RSV), paralisadas desde 2018, para sidente da
atender a demanda para esse tipo
Empresa de
Planejamen-
de embarcação de apoio do setor de
to Logístico
óleo e gás.
(EPL)
28 economia azul
BC virou referência de
lazer e de bem-viver
Balneário Camboriú tem
uma estreita ligação com
a economia do mar, que
M
move setor turístico
uitos adjetivos definem
Balneário Camboriú, deno-
minado por muitos como
a Dubai brasileira. A com-
paração com a cidade dos
Emirados Árabes se dá devido aos gigantescos
e luxuosos arranha-céus, que margeiam a orla do
mais concorrido balneário do sul do Brasil, como
também pelo elevado padrão de vida dos mora-
dores. Além, é claro, de sua estreita ligação com
o mar. O turismo e a construção civil são os prin-
cipais pilares da economia local, atividades que
têm estreita ligação com o mar.
“Em Balneário Camboriú, temos uma rela-
ção direta com a economia do mar [ou economia
azul], que move todo setor turístico, um de nos-
sos principais motores econômicos”, destaca o
prefeito Fabrício Oliveira (Podemos). O município
conta com uma população estimada em 149 mil
habitantes (IBGE/2021), que praticamente qua-
druplica nos meses de verão, podendo atingir até
1,5 milhão de habitantes em períodos de pico, a
exemplo das festas de final de ano.
Para aprimorar a relação com o mar e garantir
melhor qualidade de vida à população, o municí-
pio fez investimentos importantes em saneamen-
to básico e na recuperação dos rios. “Balneário
Camboriú caminha rapidamente para a univer-
salização do saneamento básico, com 98,5% de
rede coletora de esgoto instalada em todos os
bairros, e chegaremos aos 100% no ano que vem.
A legislação sanitária do município também ficou
mais rigorosa, com multas mais pesadas e inten-
sificação nas vistorias em casas e condomínios”,
pontua o prefeito.
Segundo Fabrício, todo esse investimento for-
talece o desenvolvimento da economia do mar,
além de trazer uma qualidade de vida que, antes,
não existia para os moradores e visitantes.
Mar marcou início da cidade
A presidente do Convention Bureau de Bal-
neário Camboriú, Margot Rosenbrock Libório,
destaca a importância da economia do mar
para o município, que se desenvolveu ao re-
dor da orla e que, por muitos anos, foi visto
apenas como um destino de sol e mar. “Todo
o desenvolvimento da cidade, os novos atra-
tivos turísticos, as novas oportunidades [seja
no setor de serviços ou do comércio] sempre
estiveram atreladas ao mar”, explica.
Ao abastecer a população com
água de qualidade e investir no
tratamento de esgoto, contribuímos
para o desenvolvimento de Itapema,
onde o turismo é o principal ativo
da economia e o cuidado com as
águas faz toda a diferença.
O secretário de turismo e desenvolvimen-
to econômico de Balneário Camboriú, Ge-
nivaldo [Geninho] Góes, diz que o mar im-
pulsiona a economia em vários aspectos. “A
construção civil se desenvolveu, principal-
mente, pela nossa praia visitada por pesso-
as que buscavam momentos de lazer, pelas
práticas desportivas ligadas ao mar e tam-
bém pelo desenvolvimento do turismo náu-
tico. Pelo mar que chega parte dos nossos
visitantes e é ele que atrai turistas durante o
verão”, enfatiza o secretário.
Margot vai além: “Setores que hoje são
muito fortes e pujantes na cidade, a exem-
plo da construção civil, cresceram devido à
vocação turística de Balneário Camboriú,
que está muito jogada ao mar”, acrescen-
ta a executiva. “As pessoas vinham para cá
como turistas. Achavam incrível morar aqui,
e acabavam se transferindo e investindo no
Desenvolvimento
com respeito à
história
“O crescimento e o elevado índi-
ce de urbanização de Balneário Cam-
boriú impedem que esqueçamos dos
nossos pescadores, já que a pesca é
uma das primeiras atividades econô-
micas de nossa cidade e região”, en-
fatiza Fabrício Oliveira. O prefeito
defende a importância cultural e eco-
nômica da pesca para a cidade, uma
vez que a atividade ainda garante a
subsistência de muitas famílias que
vivem nas praias agrestes e localida-
des afastadas da Praia Central.
“Firmamos convênios com a Co-
lônia de Pesca e buscamos sempre
atender às demandas desse setor que
é econômico e cultural. Outros inves-
timentos no setor foram firmados e
estão na fase de projeto”, completa.
Entre eles, a construção de um novo
terminal de pesca. “A economia do
29 de OUTUBRO de 2021
divulgação
A cidade também é
conhecida como a Dubai
brasileira; arranha-céus
margeiam a disputada orla
mercado imobiliário”, diz.
Ainda segundo a presidente do Conven-
tion & Visitors Bureau, a cidade é um desti-
no extremamente turístico. “Outras ativida-
des se desenvolvem, mas sempre lincadas
com o turismo, que oxigena a economia da
cidade.”
Riqueza
O município tem o Produto Interno Bru-
to (PIB) de R$ 5,55 bilhões (IBGE/2019) e o
PIB per cápita de R$ 40 mil (IBGE/2018), en-
quanto a média brasileira é de R$ 33,6 mil.
Já o Índice de Desenvolvimento Humano
Municipal (IDHM) apurado é de 0,845, con-
siderado muito alto pela Organização das
Nações Unidas (ONU). O IDH de Santa Ca-
tarina é de 0,744 e, o nacional, de 0,724. Os
números são do último levantamento, reali-
zado em 2010.
divulgação
Prefeito Fabrício Oliveira
não esquece da importância
dos pescadores de BC
mar é de extrema importância para o
nosso estado, face à série de investi-
mentos e oportunidades que ela ofe-
rece e representa. Cabe a nós, gesto-
res, sempre um olhar especial para
os segmentos que estão ligados à
economia azul.”
 economia azul 29
29 de OUTUBRO de 2021

Alargamento da
faixa de areia
chega à fase final
A Praia Central de Balneário Camboriú é, de longe,
a mais concorrida da região. Sua infraestrutura de ser-
viços acrescenta uma pegada cosmopolita e um char-
me todo especial: o skyline de uma cidade totalmen-
te verticalizada contrasta com a coloração do mar, que
agora ganha ainda mais destaque com as obras de alar-
gamento da faixa de areia. Segundo a prefeitura, trata-
-se de uma obra de proteção ambiental que vai permitir
a proteção da orla contra o avanço das marés e a cria-
ção de espaços privilegiados de lazer para os morado-
res e os visitantes.
“Esta é uma obra desejada há décadas em Balneá-
rio Camboriú e veio num momento de reestruturação
da cidade, no momento em que Balneário Camboriú se
prepara para a retomada mais forte da economia”, des-
taca o prefeito Fabrício Oliveira. Os trabalhos de draga-
gem e aterro da orla estão já em fase final. Já as obras
de infraestrutura e urbanização projetadas para o local
deverão ser iniciadas após a temporada de verão.
O projeto de urbanização é desenvolvido pelo escri-
tório Índio da Costa Arquitetura, Urbanismo, Design e
Transporte. A empresa é um núcleo estratégico-criati-
vo multidisciplinar com know-how de mais de 40 anos
e grande reconhecimento no Brasil e exterior. Embora
o município ainda não tenha recebido o layout final da
nova praia, sabe-se que o trabalho envolve a criação de
espaços privilegiados para os moradores e os visitantes.
“Serão estruturas ao ar livre para esporte, lazer, nova ci-
clovia, paisagismo diferenciado e outros equipamentos
que tendem transformar e renovar a Praia Central, o
principal cartão-postal de Balneário Camboriú”, des-
taca o prefeito.
Faixa de areia vai,
praticamente,
triplicar de extensão

Décadas de espera por uma nova orla em BC

As discussões acerca do alargamen-
to da faixa de areia de Balneário Cam-
boriú não são de hoje. O assunto foi
abordado pela primeira vez na dé-
cada de 1970. No entanto, a falta de
tecnologia disponível e o alto inves-
timento necessário para a realização
da obra fizeram com que o alarga-
mento fosse adiado por algumas dé-
cadas.
O assunto foi retomado em 1994,
quando técnicos do curso de Ocea-
nografia da Universidade do Vale do
Itajaí (Univali) iniciaram os primei-
ros estudos sobre o ambiente costeiro
e o alargamento da praia. Em 2001 foi
realizado um plebiscito para que a po-
Serão movimentados mais de 2 pulação pudesse se manifestar sobre o
milhões de metros cúbicos de areia projeto, que recebeu uma aprovação de
mais de 75% da população votante.
O licenciamento ambiental foi
aprovado em abril de 2018, o consór-
cio formado pela empresa brasileira
DTA e pela belga Jan de Nul vence-
ram o processo licitatório com o va-
lor de R$ 66,8 milhões e a Licença
Ambiental de Instalação da obra, or-
çada em R$ 66,8 milhões, foi apro-
vada pela Comissão Central de Li-
cenciamento Ambiental em 2020. Os
trabalhos foram iniciados em março
deste ano, com previsão de conclusão
até o final de novembro.
Além da necessidade de minimizar
a erosão costeira, por conta das res-
sacas do mar, a obra garante a revi-
talização da orla. Fator que promete
contribuir para a economia da região
devido a ampliação da a oferta de la-
zer e do fortalecimento do turismo.
O alargamento da faixa de areia deve
se estender por cerca de 5,8 quilôme-
tros, aumentando a faixa de areia de
25 metros para a média de 70 metros.
Para atingir esse patamar a obra
deve receber, ao todo, mais de 2 mi-
lhões de metros cúbicos, que são reti-
rados do fundo do mar a uma distân-
cia de 15 quilômetros da costa.
A draga utilizada é a Galileu Ga-
lilei, com capacidade para transpor-
tar 18 mil metros cúbicos de areia em
suas cisternas, e um duto formado
por 333 tubos em aço com 12 metros
de comprimento cada um. “A nova
orla vai permitir a reestruturação cos-
teira e recuperação da vegetação de
restinga”, acrescenta a secretária de
meio ambiente de Balneário Cambo-
riú, Maria Heloísa Furtado Lenzi.

Obra aumenta valorização dos imóveis próximos ao mar

Além do turismo, outro grande benefi-
ciado pelo alargamento da faixa de areia
em Balneário Camboriú será o setor da
construção civil. O especialista em mer-
cado da Tonadri Conexões Imobiliárias,
de Balneário Camboriú, José Antônio
Roncaglio, diz que a valorização do me-
tro quadrado dos imóveis na quadra do
mar iniciou antes mesmo da conclusão
da obra, em especial, os de frente para
o mar.
“A valorização foi enorme. Em mui-
tos casos chegou a mais de 50% e não
tem apartamento na frente do mar dispo-
nível no mercado. Os imóveis na quadra
do mar já valorizaram cerca de 30%”, diz
Roncaglio.
Portanto, a estimativa inicial de valo-
rização de 20% projetada pelo mercado,
com base em estudos da consultoria nor-
te-americana Appraisal Institute [feito
para empreitada semelhante nas praias de
Garden City e Surfside Beach, na Caroli-
na do Sul, EUA] já foi superada e a expec-
tativa é de continuidade nesse processo
de valorização. “O término da dragagem,
aliado ao projeto de revitalização da orla,
vai garantir o aquecimento do mercado
por mais, no mínimo, cinco anos”, pon-
tua o especialista.
Roncaglio diz ainda que hoje, se um
cliente estiver com R$ 5 milhões na mão
e quiser um bom apartamento de fren-
te para o mar, com idade de até 10 anos,
não encontra. “O alargamento da praia
dará ainda mais destaque para nossa ci-
dade. Há uns 20 anos o mar era o prin-
cipal atrativo. Hoje Balneário Camboriú
tem turismo o ano inteiro porque inves-
te e atraiu novos equipamentos, que au-
mentam a permanência de turistas na ci-
dade”, arremata o secretário de turismo
e desenvolvimento econômico Geninho
Góes.
30 economia azul 29 de OUTUBRO de 2021

Região lidera atividades

ligadas à pesca no Brasil e
na América Latina
Itajaí e Navegantes

marcos porto
abrigam indústrias
de pescados

Gestão pública
A atividade portuária
representa uma enorme
parcela da nossa economia
e entendemos que o
modelo atual de gestão,
que vem garantindo
sucessivos recordes de
operação para o nosso
porto, precisa ser mantido.
Temos muita preocupação
que a privatização da
gestão possa prejudicar a
cidade. O porto de Itajaí
tem a particularidade de
estar no meio da cidade.
Então, é importante que
o poder público possa
continuar contribuindo
com a gestão, mas com a
parte operacional a cargo
da iniciativa privada.
Marcelo
Werner,
vereador e
presidente da
Câmara de
Vereadores
de Itajaí
S
anta Catarina é um
dos maiores produ-
tores de pescados do
Brasil, nas modalida-
des industrial ou ar-
tesanal, e Itajaí e Navegantes for-
mam o maior polo pesqueiro do
país. Juntos, os dois municípios
abrigam a maior unidade de re-
cepção de pescados da América
Latina e sediam importantes no-
mes das indústrias beneficiadora
e enlatadora. Outros municípios
que ganham destaque, quando o
assunto é pesca, são Porto Belo e
Penha, que cresceram em torno
do mar e, nele, têm seus maiores
pilares econômicos.
“Itajaí é a capital nacional da Pesca da
pesca, uma cidade que cresceu em sardinha, do
torno dessa atividade, assim como camarão e da
cidades adjacentes e que depen- tainha são
dem muito dos recursos pesquei- tradicionais
ros de Santa Catarina”, pontua
Jorge Seif Júnior, secretário nacio-
nal de aquicultura e pesca, do Mi- fates, estaleiros, empresas de tec- Indústrias da Pesca de Itajaí e Região presas que seguem rígidos padrões
nistério da Agricultura, Pecuária e nologia pesqueira, mercados que (Sindipi), Jorge Neves. de qualidade, contando com a super-
Abastecimento. fornecem o rancho para a tripula- O executivo observa, ainda, o visão de engenheiros de alimentos e
Seif destaca que Itajaí contem- ção, postos de abastecimento de óleo potencial das indústrias de benefi- de produção, médicos veterinários e
pla ainda um dos maiores sindi- diesel marítimo, fábricas de gelo, re- ciamento. Elas, além de absorverem tantos outros colaboradores compro-
catos na área da pesca industrial des, caixas de plástico e papelão, en- as produções da frota nacional, tam- metidos com a excelência do produ-
[senão o maior do Brasil], e a pes- tre tantos outros”, destaca o presiden- bém empregam milhares de pessoas, to final”, complementa o presiden-
ca artesanal e a carpintaria naval te do Sindicato dos Armadores e das de forma direta e indireta. “São em- te do Sindipi.
são atividades bastante fortes em
toda a região.

SC dispõe de frota de 700

“A região tem a pesca da sardi-
nha, do camarão, da tainha. Uma

barcos e 50 mil pescadores

diversidade enorme que impul-
siona diversas atividades ligadas
ao mar”, acrescenta Seif. Inclusi-
ve, todo esse potencial justificou
a criação do primeiro escritório re-
gional da secretaria de Aquicultu-
ra e Pesca em Itajaí. “ Foi em reco-
nhecimento à atividade pesqueira,
aos nossos pescadores, às nossas
indústrias, aos nossos armadores
e a toda cadeia produtiva ligada à
pesca”, arremata.
A cadeia produtiva, mencio-
nada por Seif, engloba, desde a
retirada do pescado até a mani-
pulação, armazenamento nas em-
presas e venda em peixarias e
mercados, inclusive, com a expor-
tação de algumas espécies. Inclui
as atividades de industrialização
do pescado, o que possibilita um
significativo aumento no valor
agregado do produto.
Cada armador emprega não só
os tripulantes, mas redeiros, en-
carregados, caminhoneiros, cala-
O estado catarinense conta com
uma frota aproximada de 700 em-
barcações industriais e mais de 50
mil pescadores e 850 embarcações
industriais autorizadas no sudeste
e sul do Brasil. As 36 indústrias asso-
ciadas ao Sindipi registram 447 asso-
ciados. As embarcações são divididas
por modalidade de pesca, como ar-
rasto de camarão rosa, emalhe, vara
e isca-viva, long line ou espinhel de
superfície ou de fundo, polvo, cerco,
arrasto de camarão sete barbas e ar-
rasto de peixe.
Os desembarques nas diversas
frotas oscilam ano a ano e interfe-
rem na economia local. Porém, a
falta de estatísticas, por parte dos
órgãos governamentais, comprome-
te um diagnóstico mais aprofunda-
do. Segundo os números apurados
pelo Projeto de Monitoramento da
Atividade Pesqueira no Estado de
Santa Catarina (PMAP-SC), da Uni-
versidade do Vale do Itajaí, no ano
de 2019, a produção pesqueira in-
dustrial de Santa Catarina foi de 60
mil toneladas. Os números relati-
vos ao ano passado ainda não es-
tão disponíveis.
Segundo o Sindipi, em 2011 [úl-
timo ano em que o governo fede-
ral publicou a estatística pesquei-
ra nacional], a pesca industrial de
Santa Catarina desembarcou 160
mil toneladas, quase quatro vezes
mais que em 2019. “Essa redução
observada nos desembarques, pro-
vavelmente, está relacionada à di-
ficuldade para obter informações
fidedignas das pescarias e proibi-
ções de pesca, como a portaria n°
445/2014, que proíbe a descarga de
mais de 30 espécies de peixes que
possuem valor comercial”, informa
o Sindipi.
Além disso, desde 2018, o se-
tor está proibido de trabalhar a me-
nos de 12 milhas náuticas da costa
do Rio Grande do Sul. Essa proibi-
ção foi considerada inconstitucio-
nal pelo Supremo Tribunal Federal
(STF), mas, para a pescaria retor-
nar, é preciso uma regulamentação
do governo federal.
O Sindipi representa, há 41
anos, o polo pesqueiro de Itajaí,
com a bandeira da manutenção da
pesca sustentável e rentável.
Com relação ao mercado inter-
nacional, de acordo com dados da
secretaria de estado da Agricultura
e da Pesca, Santa Catarina expor-
tou, no ano passado, 22,7 mil tone-
ladas de peixes, crustáceos, molus-
cos e derivados.
29 de OUTUBRO de 2021
Maior enlatadora de sardinha
do mundo está em Itajaí
A Gomes da Costa (GDC), em-
presa líder no segmento de pesca-
dos enlatados, mantém, em Itajaí,
a maior fábrica de sardinhas em
lata do mundo, com uma produ-
ção diária de 2 milhões de unida-
des. A empresa é controlada pelo
Grupo Calvo, um dos gigantes
globais do segmento de pescados,
com unidades em diversos paí-
ses. A produção da planta fabril
catarinense da Gomes da Costa
atende a toda demanda do mer-
cado brasileiro e, ainda, expor-
ta para mais 28 países em todo
o planeta.
A planta de Itajaí é responsá-
vel pela fabricação de mais de
50% do volume de produtos co-
mercializados pelo Grupo Cal-
vo [que detém marcas líderes de
mercado como a Calvo, Nostro-
mo e Gomes da Costa]. Produz
46% do pescado enlatado consu-
mido nas mesas brasileiras, sen-
do que a sardinha representa a
fatia de 43% e o atum, 55%.
São produzidos, na unidade da
GDC, em Itajaí, o atum enlatado
[sólido, em pedaços, atum rala-
do, filés de atum, cinco sabores
de patês e yellowfin], e sardinhas
nas versões ralada, filé, salada
[quatro sabores], e food servi-
ce, com nove produtos. A GDC é
a maior empregadora privada de
Itajaí, com mais de 2 mil empre-
gos diretos e cerca de 10 mil in-
diretos.
Sustentabilidade
Além de pesados investimentos
em tecnologia, a incorporação da
GDC ao Grupo Calvo trouxe tam-
bém um olhar mais corporativo
para a sustentabilidade, que pas-
sou a ser tratada com uma abor-
dagem diferente. Para as empresas
do Grupo Calvo, é possível gerar
valor para a sociedade, o meio am-
biente e para o negócio, por meio
de uma gestão ainda mais respon-
sável e transparente. “O conceito
foi elaborado com base nas me-
lhores práticas de mercado e ali-
Navegantes tem 78
indústrias de pesca
Navegantes abriga 78 empresas
pesqueiras de pequeno, médio
e grande portes, que atuam na
captura, no manuseio, no resfria-
mento e na manipulação de pesca-
dos, segundo números da secreta-
ria de Agricultura e Pesca. A frota
pesqueira, que se dedica à pesca
industrial, soma mais de 200 em-
barcações de médio e grande por-
tes.
A maior indústria beneficiado-
ra e enlatadora de pescados é a
GDC produz 46% do pescado enlatado consumido no país
nhada aos Objetivos do Desen-
volvimento Sustentável (ODS)”,
esclarece a empresa.
Entre os projetos de destaque,
diretamente ligados ao Compro-
misso Responsável, estão a redu-
ção em 10% no consumo de água
por tonelada produzida [compro-
misso esse que a GDC quer al-
cançar até o ano de 2025] e o
Programa Resíduo Zero, trans-
formando os resíduos em sub-
produtos para geração de ren-
da ou transformação em energia.
A empresa também vem traba-
lhando no sentido de reduzir as
emissões de carbono e desenvol-
ve uma agenda ligada à saúde e
ao bem-estar dos oceanos e, até
2025, utilizará, pelo menos, 50%
de sua energia proveniente de
fontes renováveis.
Camil, com uma média de sete
milhões de caixas de sardinha
e atum por ano. A Camil entrou
na cidade em 2011 com a aqui-
sição da planta industrial da
antiga Femepe [detentora das
marcas Pescador e Coqueiro]
e, hoje, a unidade produz toda
a linha de pescados da Camil
Alimentos. Os itens englobam
atuns e sardinhas, patês e filés
enlatados. A empresa gera 1,25
mil postos de trabalho direto.
Produção de ração a
produtos com Ômega 3
Alinhada à sua premissa
de aproveitamento dos sub-
produtos da pesca, o grupo
Gomes da Costa mantém, em
Itajaí, desde o ano de 2016, a
BFP, uma empresa que trans-
forma os resíduos de peixes,
que seriam descartados, em
produtos como farinha e óleo
de peixe.
Hoje, a BFP produz, men-
salmente, mais de 600 mil
toneladas de insumos para
produção de ração animal e su-
plemento animal, com o proces-
samento de mais de duas mil
toneladas de subprodutos da
pesca. Seus produtos são ricos
Frota industrial chega a 200
embarcações em Navegantes
economia azul 31
divulgação
Concessão
dos portos
A Fiesc defende a
concessão dos portos,
conforme está previsto
na Agenda Portos
Catarinenses 2021,
da Federação, com
adoção de modelos de
administração portuária
autônoma, governança
corporativa, gerida por
técnicos responsáveis
pelos resultados e
desempenho, sem
ingerência política.
Santa Catarina possui
grande vocação para
a atividade portuária
por questões naturais,
assim como pela sua
formação econômica,
com pujante atividade
industrial e produtiva.
Porto eficiente significa
grandes benefícios
socioeconômicos para
as comunidades do
entorno, na geração de
em proteína, ômega 3 e outros emprego e renda, receita
nutrientes importantes na die- fiscal e circulação da
ta animal e humana. Dentro economia.
desse nicho, atende ao mer-
cado de ração de peixes, ca-
marões, suínos e mercado pet.
Mario
Cezar de
Abastece o mercado interno e
Aguiar,
exporta para países da Ásia,
presidente
África e América do Sul.
da Feder-
A BFP é a primeira em-
ação das
presa brasileira com a certifi- Indústrias
cação GMP+B2 [reconheci- de Santa
da internacionalmente como Catarina
um selo de garantia de quali-
dade e segurança alimentar] e
gera cerca de 41 empregos di-
retos e mais de 35 empregos
indiretos.
Divulgação/Produzida antes da pandemia)
 economia azul 29 de OUTUBRO de 2021

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