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BRUNA GARCIA DA SILVA - 004201805281

MARIA ISABEL AZEVEDO NERY- 004201701938

RELATÓRIO FINAL DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM


PSICOLOGIA DA SAÚDE E HOSPITALAR

Estágio de Opção

Campinas

2021
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BRUNA GARCIA DA SILVA - 004201805281

MARIA ISABEL AZEVEDO NERY - 004201701938

RELATÓRIO FINAL DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM


PSICOLOGIA DA SAÚDE E HOSPITALAR

Estágio de Opção

Relatório final do Estágio Supervisionado em


Psicologia da Saúde e Hospitalar do Curso de
Psicologia da Universidade São Francisco, sob
orientação da Prof.ª Patrícia Gugliotti Jacobucci,
como exigência para aprovação da disciplina.

Campinas

2021
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SUMÁRIO

Apresentação ……………………………………………………………...4

Introdução ………………………………………………………………...5

Método …………………………………………………………………….10

Cronograma ………………………………………………………………12

Resultados e Discussão …………………………………………………...14

Considerações Finais ……………………………………………………..15

Referências ………………………………………………………………..18

Anexos …………………………………………………………………......21
4

APRESENTAÇÃO

O estágio em questão trata-se de uma atividade curricular supervisionada que compõe

o processo de formação do estudante, constituído por ações que o discente realiza em

instituições ou na comunidade, articulando teoria e prática. Este, teve como base a observação

do local bem como a realização de atendimentos voltados à pacientes em processo de

hospitalização.

O principal objetivo da realização do estágio foi o aprendizado e a possibilidade de

desenvolver na prática, o que é estudado e aprendido em matérias de cunho teórico ao longo

da graduação e ainda conhecer melhor as características e particularidades do campo de estágio

com vista ao aprimoramento no âmbito da psicologia da saúde e hospitalar.


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INTRODUÇÃO

Psicologia Hospitalar

A Psicologia tem como objeto de estudo o homem, e dentro desse contexto, estuda-se a

subjetividade e complexidade do mesmo. Passou a ser regulamentada e reconhecida como uma

profissão em 1962, mas ainda assim é considerada nova, por ter uma história ‘muito curta’,

(Souza, 2014). É um ramo que tem inúmeras divisões de acordo com o CBO (Classificação

Brasileira de Ocupações), tais como: Hospitalar, clínica, organizacional, educacional, jurídica,

etc. Cada uma delas com um foco diferenciado de estudo, isto é, alguns buscam entender o

funcionamento do psiquismo, outros o comportamento saudável, o transtorno emocional,

estuda-se também o indivíduo isolado, em grupo ou na sociedade, no lar ou no trabalho, da

infância à velhice (Souza, 2014). Existem diversas áreas as quais podem ser exploradas tais

como: Psicologia hospitalar, Psicologia educacional, Psicologia organizacional, dentre outras.

Em relação a este estágio, será abordado com foco na Psicologia Hospitalar.

É possível afirmar, de acordo com Carvalho et. al. (2011), o trabalho do psicólogo no

contexto hospitalar teve início no final da década dos anos oitenta a partir das Ações Integradas

de Saúde (AIS), que possibilitou a entrada no sistema de saúde e consequentemente em

hospitais que não eram psiquiátricos. (Maia et al., 2004) fazendo com que as possibilidades de

atuação dos profissionais da Psicologia fossem ampliadas.

A possibilidade de atuação do psicólogo nos ambientes de saúde representou, então, um

período marcado por inúmeros questionamentos acerca das tarefas desse profissional, as quais

precisavam ser definidas com clareza para orientar as práticas. De acordo com Santos e Jacó-

Vilela (2009), os psicólogos estavam diante de teorias e técnicas das abordagens psicológicas,

mas na tentativa de responder com urgência às demandas da instituição de saúde apresentavam

dificuldades em estabelecer parâmetros para a atuação qualificada. Nas primeiras atividades da

Psicologia implementadas em hospital geral, predominava uma perspectiva prática da


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Psicologia clínica tradicional. Após um período de enfrentamento de diversos desafios, nas

décadas de 1970, 1980 e 1990, foram implantados os Serviços de Psicologia Hospitalar, que se

tornaram referência no Brasil.

Dessa forma, no geral, o Psicólogo irá atuar no Hospital dentro de uma equipe

multidisciplinar, o que implica a interação direta com todos os profissionais que atuam com os

pacientes como: médicos, enfermeiros, anestesistas, nutricionistas, fisioterapeuta, assistente

social, dentre outros, buscando assim a melhora na qualidade de vida, diminuição do

sofrimento que é experienciado nos períodos de internação e a promoção de bem-estar do

indivíduo.

O Papel do Psicólogo Hospitalar

No ambiente hospitalar a prática predominante é a da medicina, e por muito tempo o

modelo biomédico impôs a técnica e especialidade como as diretrizes principais que atuam

sobre a “grande máquina” que eles acreditavam ser o corpo humano. Camargo (1997) destaca

como características deste modelo o estabelecimento de leis generalizadas, sem

particularidades, sendo passível de aplicação a qualquer pessoa/situação.

Progressivamente, como dito no primeiro tópico, a Psicologia foi entrando neste

contexto, segundo Chiattone (2000), vindo de encontro com a visão do ser humano como ser

biopsicossocial, compreendendo saúde e doença como fenômenos e questionando o modelo

biomédico. É importante destacar que o foco do psicólogo ao se inserir num ambiente

hospitalar, segundo Chiattone (200) é minimizar o impacto e sofrimento provocado pela

hospitalização e prestar suporte ao paciente durante o processo de adoecimento. De acordo com

Simonetti (2004), a ênfase da psicologia hospitalar não é a doença, mas qual a relação do

paciente com o sintoma, ou seja, qual o significado que o adoecimento tem para aquele

indivíduo.
7

Além disso, de acordo com Estivalet (2000), o psicólogo irá buscar prestar apoio à

família do indivíduo, que também está passando por um momento de readaptação e sofrimento.

E ainda, a equipe multidisciplinar poderá solicitar atendimento e apoio, já que também passam

por constantes situações que possam gerar sofrimento e desconforto, visando promover a

humanização no ambiente hospitalar. Para que isso aconteça, diversas práticas são realizadas,

tais como grupos psicoterapêuticos, grupos de apoio, elaboração de cartilha de informações,

grupos de reflexão, observações, participação em reuniões, participação em eventos

comunitários, reunião de estudo de caso, interconsulta psicológica, psicoterapia,

psicodiagnóstico individual, acompanhamento psicológico, entrevista psicológica, atividades

lúdicas, visitas domiciliares quando necessário, seminários e palestras informativas, entre

outros.

Comunicação

A ferramenta de maior primordialidade na atuação do psicólogo, em qualquer área, é a

comunicação verbal falada. É por meio desta, que o profissional da psicologia consegue realizar

a escuta ativa, fornecer acolhimento e promover possíveis intervenções. Além disto, tal

comunicação é necessária para favorecer a interlocução entre paciente, família e a equipe de

saúde.

A comunicação fornece um ambiente confortável e ao mesmo tempo emocionante a


qual o paciente terá seu real conhecimento do seu diagnóstico e doença, a partir daí
juntamente com toda a equipe médica fará a mediação da situação com paciente –
família de modo com as experiências clínica e sua capacidade humana (Victorino et al,
2007 apud Rocha e Delarmelina, 2019).
Entretanto, em ambiente hospitalar, o psicólogo se encontra permeado por diferentes

demandas que perpassam situações de doença e indisponibilidades orgânicas dos pacientes.

Estas, por sua vez, podem influenciar na dinâmica da comunicação com os profissionais de

saúde, em casos, por exemplo, de pacientes que perdem a capacidade de verbalização por

procedimentos como traqueostomias ou lesões cerebrais.


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Sendo a comunicação um elemento fundamental para a vida humana, sua restrição afeta
a capacidade do paciente expressar as suas dificuldades, necessidades e garantir a sua
autonomia diante da hospitalização (Gusmão, 2012). Na UTI, muitos profissionais
envolvidos na assistência ao paciente impossibilitado da fala enfrentam dificuldades
para lidar com estes indivíduos, pois a ausência da fala traz novos desafios para o cuidar
(Inaba, Silva & Telles, 2005). Assim, a incapacidade para a comunicação é frustrante
não somente para o paciente e sua família, mas também para a equipe, pois esta percebe
a fala como o instrumento necessário para tornar o cuidado mais humanizado (Oliveira
et al., 2013 apud Ortiz et al., 2016).

Comunicação com pacientes impossibilitados da fala

Segundo pesquisa realizada por Dias, Resende e Diniz (2015 apud Ortiz et al., 2016), a

incapacidade de falar foi dada como importante fator causal de desconforto e estresse, em

pessoas internadas em UTIs. De acordo com os autores, os dez maiores geradores de estresse

nestes pacientes, foram citados como sendo: “sentir dor”, “estar incapacitado para exercer o

papel na família”, “estar aborrecido”, “não conseguir dormir”, “ter preocupações financeiras”,

“não ter controle sobre si mesmo”, “não conseguir se comunicar”, “ouvir pessoas falando sobre

você”, “medo de pegar AIDS” e “ver a família e amigos apenas por alguns minutos por dia”.

Além disso, Stefanelli (1993 apud Melles e Zago, 2001) aponta que: “a impossibilidade

da comunicação verbal oral pelo paciente dificulta o seu relacionamento com a equipe de saúde.

Assim, as dificuldades do paciente em informar ou relatar suas condições podem gerar a

identificação de problemas equivocados pela equipe de saúde e, consequentemente, as ações

desenvolvidas não alcançarão o resultado esperado.”

Porém, é importante considerar que a não-verbalização do paciente, não irá,

necessariamente, inviabilizar o atendimento do psicólogo. No caso de pacientes que não podem

se comunicar verbalmente, busca-se alternativas de comunicação através de leitura labial,

sinalizações, uso da escrita ou figuras, incentivando a capacidade de expressão do indivíduo e

acessando seu universo subjetivo (Lucchesi et al., 2008).


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De acordo com Ortiz et al. (2016), alguns recursos podem ser utilizados para a

realização de uma comunicação efetiva não-verbalizada: “uso da expressão corporal (como

sinalizações, articulação dos lábios, toques), de instrumentos de apoio (como quadros, bilhetes,

pranchas de comunicação), combinação de códigos (como abrir e fechar de olhos, aperto na

mão do terapeuta), bem como a ampliação da comunicação com familiares e profissionais da

saúde (como o fonoaudiólogo).” Nos casos específicos de impossibilidade de fala, o

reconhecimento e a utilização desses recursos pelo psicólogo intensivista são a ponte de acesso

ao paciente e suas angústias, facilitando o fluxo de trabalho entre equipe-família-paciente de

forma inovadora e criativa (Ortiz et al., 2016).

MÉTODO

Instituição
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A Irmandade da Santa Casa de Vinhedo foi criada em 18 de janeiro de 1956,

com o patrocínio da Irmandade da Imaculada Conceição, recebeu a doação do terreno

da família Corazzari. Deu início às suas atividades em 01 de maio de 1962, com intuito

de prestar serviços médico-hospitalares a toda população da cidade de Vinhedo e região

através de uma instituição filantrópica, porém autossustentável e com grande valor para

a população. A instituição particular, filantrópica e sem fins lucrativos, é a única

instituição de saúde que tem a flexibilidade em atender todos os usuários dos serviços

hospitalares, sendo eles: pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), atendimentos

particulares, Planos de Saúde, Operadoras de Saúde, entre outros. No decorrer dos anos,

vários momentos foram difíceis, mas sempre encontraram forças para a superação dos

obstáculos. No ano de 2013 a instituição fechou, e esteve fechada por mais de dois anos

e meio e foi reaberta em 02 de abril de 2016, com ajuda de inúmeros doadores.

Atualmente o pronto atendimento funciona 24 horas por dia e atende casos de

emergência, urgência e casos de baixa complexidade. No momento do atendimento, as

emergências possuem prioridade. Busca sempre por melhorias, e ampliações. Além de

reunir um amplo serviço especializado, tendo em sua constituição na equipe anestesista,

cardiologista, clínico geral, endocrinologista, fonoaudióloga, ginecologista e obstetra,

intensivista, cirurgia geral, neurologista, oftalmologista, ortopedista,

otorrinolaringologista, pediatra, plástica, vascular e urologista. Possui como visão, ser

reconhecida como uma instituição auto sustentável, confiável, com credibilidade e

qualificada para a prestação de serviços de saúde com um índice de satisfação tanto

pelos usuários, assim como, pelos funcionários e colaboradores, acima da média da

RMC nos próximos cinco anos. Seus valores são: respeito ao usuário; aos profissionais;

aos colaboradores e sua história, comprometimento com a ética e transparência,

valorização e desenvolvimento do profissional através da educação permanente,


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humanização em todas as suas ações, estímulo à criatividade individual e coletiva,

compromisso com a sustentabilidade, qualidade nos procedimentos.

Participantes

O desenvolvimento deste relatório terá como foco a importância da

comunicação não-verbal e portanto, a criação de pranchas de comunicação, além das

pranchas já existentes no local de atuação. Dessa forma, os participantes envolvidos

serão os pacientes, cujos estão impedidos de realizar a comunicação verbal.

Materiais

Para que seja possível a realização da comunicação com os indivíduos

traqueostomizados e/ou impossibilitados de comunicar-se verbalmente, serão utilizadas

as pranchas de comunicação desenvolvidas pelas alunas que redigem este documento.

Procedimentos

O projeto será desenvolvido pelas estagiárias, com a população frequentadora

(pacientes traqueostomizados / impossibilitados de comunicação verbal) da instituição,

sempre que necessário no decorrer de um atendimento, que acontecerá nas

dependências da instituição. As pranchas de comunicação poderão ser utilizadas por

todos os estagiários que atuam no hospital, devendo-se sempre explicar ao paciente o

procedimento que será utilizado.

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES REALIZADAS


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Nr. Data Atividade realizada Horário Total de


horas
Encontro

1 27/03 Integração 09h às 11h 2h

2 25/04 Atendimento aos pacientes 13h às 15h 2h


hospitalizados

3 02/05 Atendimento aos pacientes 13h às 15h 2h


hospitalizados

4 09/05 Atendimento aos pacientes 13h às 15h 2h


hospitalizados

5 23/05 Atendimento aos pacientes 13h às 15h 2h


hospitalizados

6 30/05 Atendimento aos pacientes 13h às 15h 2h


hospitalizados

7 06/06 Atendimento aos pacientes 13h às 15h 2h


hospitalizados

8 13/06 Atendimento aos pacientes 13h às 15h 2h


hospitalizados

9 20/06 Atendimento aos pacientes 13h às 15h 2h


hospitalizados
13

10 27/06 Atendimento aos pacientes 13h às 15h 2h


hospitalizados

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A realização do estágio em Psicologia Hospitalar possibilitou o aprendizado na prática

dos conceitos e conteúdos que ao longo dos anos são aprendidos na teoria, como a comunicação
14

da equipe de saúde com o paciente/familiar, os efeitos que o processo de hospitalização podem

ter na psique de um indivíduo bem como estas alterações psicológicas podem influenciar

positivamente ou negativamente na melhora da queixa fisiológica.

Além disso, devemos também considerar a importância de se ter equipes multi e

transdisciplinares nas instituições de saúde, que comportem a atuação e o saber da psicologia

para a implementação de práticas humanizadoras, tais quais a escuta psicológica e atenta às

necessidades vigentes dos enfermos, com seu devido acolhimento; o proporcionamento da

aproximação do sujeito com ele mesmo (suas dores, emoções e afetos) a fim de evitar

sentimentos de despersonalização; a facilitação das articulações entre paciente, família e equipe

de saúde, etc.

Sobre a prática no hospital, um dos pontos focais de atenção durante os atendimentos,

foi em relação à tratativa com os pacientes afônicos e afásicos, a exemplo de casos de

traqueostomia e lesão cerebral (AVC). O ferramental que tínhamos disponível para realizar a

comunicação com estes, eram as pranchas de comunicação, desenvolvidas pelos alunos de

Psicologia, mímica e leitura labial. Entretanto, deve-se considerar que o paciente,

especialmente aquele que se encontra internado na Unidade de Terapia Intensiva, pode não ser

capaz de formar palavras ou manter um discurso coerente, seja pelos efeitos das medicações

utilizadas, ou pela doença que o acomete.

A não-verbalização do paciente também prejudica a comunicação com a equipe de

saúde, especialmente com a enfermagem. Como em um caso relatado por uma colega de

campo, no qual o paciente, impedido de falar e em contenção física, machucou sua orelha e

não conseguia sinalizar nem comunicar seu desconforto para as enfermeiras.


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Outro ponto a se considerar, é a alfabetização do paciente. No caso de uma pessoa que

não saiba ler ou escrever, a prancha de formação de palavras se torna ineficiente e pode

ocasionar em constrangimento para o paciente.

Tendo em vista às situações apontadas, as estagiárias desenvolveram um novo modelo

de pranchas de comunicação (ANEXO 1), com diversas figuras e situações, de forma a torná-

las mais visuais e intuitivas, e um passo a passo de aplicação das pranchas, para orientação de

novos usuários. Para que, desta forma, a conversa com o paciente seja facilitada e seus

sofrimentos e angústias possam ser acessados de forma inclusiva.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Bruna:
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Conforme dito anteriormente, a partir da realização do estágio em Psicologia

Hospitalar, foi possível aprender e vivenciar na prática a atuação de um Psicólogo Hospitalar,

bem como compreender a dinâmica da equipe multidisciplinar de saúde que atua em conjunto

com o Psicólogo.

No início do estágio, é possível afirmar que a estagiária (Bruna) obteve dificuldade em

conseguir a criação de vínculo com a equipe, bem como aprender a lidar com os mais variados

relatos que encontrou durante os atendimentos realizados. Além disso, a estagiária (Bruna) teve

como obstáculo compreender as anotações feitas pelos demais estagiários, já que eram muitos

e em certos momentos, foi confuso compreender quais os casos que precisariam de

acompanhamento.

Maria Isabel:

A vivência do estágio no ambiente hospitalar me fez entrar em contato com duas

certezas, antes não muito claras: a primeira, sendo a importância da psicologia para o

restabelecimento e recuperação dos pacientes, especialmente aqueles que estendem sua

internação por questões psicossomáticas, e a segunda, é que concluí que essa, definitivamente,

será minha área de atuação futuramente.

No hospital entramos em contato com o sujeito em seu momento mais vulnerável, de

doença, de dor, de sofrimento e de morte. Aliás, a morte é o elemento mais presente, em sua

forma literal e não-literal. E é através dela e de todos os lutos que permeiam os corredores frios

e os choros contidos dos pacientes, que a nossa atuação faz presença de vida. Nós inserimos a

vida e a capacidade de acolhê-la, mesmo nos momentos em que se falta esperança, em

prognósticos ruins, em terminalidades, em falas impedidas. Expandir os ouvidos para escutar,

não apenas o que o paciente, a família e os profissionais da saúde trazem, mas além disso, é
17

ouvir e acolher as dores que atravessam o indivíduo, quando seu inconsciente acha uma brecha

e se expõe na sua vulnerabilidade física e emocional.

Um dia passei em frente a um leito vazio, uma paciente que a nossa equipe de

estagiários atendeu e fez o acolhimento da família, havia falecido algumas horas antes. Naquele

momento senti brevemente a impotência de me deparar com a morte e não poder lutar contra

ela, e qual era o meu papel ali, no vazio do leito. Em um movimento de reflexão, entendi que

meu papel era justamente aquele, reconhecer o vazio, mas não em sua forma pura, reconhecer

que aquele lugar foi ocupado por alguém. Uma pessoa que viveu uma vida, que sentiu diversas

emoções, a filha de alguém, a amiga de alguém.

Reconhecer essas ausências e o que elas mobilizam em nós e nos outros, também faz

parte da nossa atuação. E são dessas riquezas, que os corredores, nem tão frios assim, do

hospital, nos possibilitam.

REFERÊNCIAS
18

Camargo JR, K R. 1997. A Biomedicina. In: Physis. Revista de Saúde Coletiva. Rio de

Janeiro: IMS/UERJ/CEPESC/EDUERJ. Vol. 7 n°1.

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de Janeiro, v. 11 n. 3 p. 1005-1026.

Chiattone, H. B. C. (2000) A significação da psicologia no contexto hospitalar. In: Angerami-

Camon. V. A. (org). Psicologia da saúde: um novo significado para prática clínica. São

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Dias, D. S., Resende, M. V. & Diniz, G. C. L. M. (2015). Estresse do paciente na terapia

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Intensiva. 27 (1), pp. 18-25.

Estivalet, Elizabeth. (2000) Psicanálise e instituição hospitalar. Correio da Associação

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Gusmão, L. M. (2012). Psicologia Intensiva: nova especialidade. Recuperado em 03 de out.

2016: http://www.redepsi.com.br/2012/05/08/psicologia-intensiva-nova-especialidade/

Inaba, L. C., Silva, M. J. P. & Telles, S. C. R. (2005). Paciente crítico e comunicação: visão de

familiares sobre sua adequação pela equipe de enfermagem. Rev. Esc. Enferm. USP,

39(4):423-9.
19

Lucchesi, F., Macedo, P. C. M., & Marco, M. A. (2008). Saúde mental na unidade de terapia

intensiva. Revista da SBPH, 11(1), 19-30.

Maia, E.M.C., Silva, N.G., Martins, R.R., Sebastiani, R.W. (2005) Psicologia da Saúde-

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Melles, A. M., & Zago, M. M. F. (2001). A utilização da lousa mágica na comunicação do

traqueostomizado. Rev. latino-am. enfermagem, v. 9 - n. 1 - p. 73-79.

Oliveira, N. E. S., Oliveira, L. M. A. C., Lucchese, R.; Alvarenga, G. C. & Brasil, V. V. (2013).

Humanização na teoria e na prática: a construção do agir de uma equipe de enfermeiros.

Rev. Eletr. Enf. (internet), abr-jun. 15(2): 334-43.

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comunicação verbal: prática do psicólogo na UTI. Psicologia Hospitalar, 14(2), 42-62.

Rocha, P. T. B., & Delarmelina, E. L. C. (2019). A importância da atuação do psicólogo

hospitalar na comunicação de más notícias: uma revisão integrativa da literatura

brasileira. Trabalho de Conclusão de Curso, Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal,

Cacoal, RO.

Santos, F. M. S., Jacó-Vilela, A. M. (2009). O psicólogo no hospital geral: estilos e coletivos

de pensamento. Paidéia, 19(43), 189-197.

Simonetti, A. (2004). Manual de Psicologia Hospitalar. São Paulo: Casa do Psicólogo.


20

Stefanelli, M. C. (1993). Comunicação com paciente: teoria e ensino. 2. ed. São Paulo: Robe.

Victorino, A. B. et al. (2007). Como comunicar más notícias: revisão bibliográfica. Revista da

SBPH, v. 10, n. 1, p. 53-63.


21

ANEXOS

● Relatórios semanais (versão final)


● Devolutiva para a instituição
● Termo de realização de estágio obrigatório
● Ficha de Horas
● Relatório de atividades de estágio obrigatório
● Xerox de termo de Compromisso de Estágio
● Proposta de intervenção (apenas para estagiários do 9º. Semestre)
● Pranchas de Comunicação Desenvolvidas.

CIENTE E DE ACORDO:

____/____/____

____________________________

Patrícia Gugliotta Jacobucci - 06/53530-9

Supervisora do Estágio em Psicologia da Saúde e Hospitalar

ANEXOS

Pranchas de Comunicação

1.
22

2.

3.
23

4.

5.
24

6.

2. Relatórios Semanais

UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO


Curso de Psicologia

Estágio Supervisionado I em Área de Opção II – 9º Semestre


Nome do aluno: Bruna Garcia da Silva R.A. 004201805281
Supervisor: Patrícia Gugliotta Jacobucci
Nome da instituição: Irmandade Santa Casa de Vinhedo
Data: 25/04/2021 Horário: 13h – 15h Relatório número: 01

Rede de apoio x Solidão

A estagiária chegou no local, onde conversou com a equipe de enfermagem para apresentar-se

e reconhecer o hospital, bem como as áreas que não seriam permitidos os atendimentos. A enfermeira

responsável mostrou todas as áreas e onde se localiza a sala de Psicologia. Posteriormente, a estagiária

verificou os casos que haviam sido atendidos ao longo da semana e os recados deixados no livro.
25

Ao verificar o sistema, a estagiária localizou o caso do paciente, 58 anos, internado devido à

uma cirurgia vascular. O paciente apresentou-se estável, comunicativo, orientado e consciente de seu

estado de saúde. Relatou sentir medo e uma forte angústia de sofrer uma amputação em seu pé, já que

estava internado devido à uma forte infecção e por possuir um fator de risco (diabetes). Além disso,

este relatou sentir-se ansioso por voltar ao trabalho, pois ele é o provedor da família não somente

financeiramente, mas identifica-se como um suporte emocional à sua esposa e às 5 filhas.

Ao ser hospitalizado, o paciente passa por diversas mudanças em seu dia-a-dia e passa a ser

privado de exercer suas funções normalmente no âmbito profissional, acadêmico, familiar, dentre outros

pontos. De acordo com Delfini et al (2009) “[...] de 50% a 80% dos pacientes ambulatoriais e de 30%

a 60% dos pacientes internados em hospitais gerais sofrem de algum distúrbio psiquiátrico, sendo que

os transtornos depressivos ou ansiosos se situam entre os mais freqüentes.”

O paciente relatou ainda sentir-se muito sozinho nesse momento de internação, principalmente

com a pandemia, já que ninguém pode visita-lo, apenas sua esposa que vai ao hospital para auxiliá-lo

com o banho e alimentação e em seguida, já retorna á sua casa. Contou que sempre é o apoio de toda a

família, seja nas situações ruins ou boas, mas que neste momento, não está sentindo o apoio da família

por ele e portanto, agravando sua ansiedade. A estagiária ofereceu a escuta e acolhimento quanto à

demanda do paciente, mencionou e disponibilizou o serviço de Psicologia e finalizou o atendimento.

Caso Sexo Idade Queixa Percepção do Caso

Paciente sente-se angustiado pela


Infeccção / Cirurgia falta de apoio familiar e
L.P.S M 58
Vascula preocupações acerca de seu caso
clínico.

Referências bibliográficas
26

Delfini, A,. B. L; Roque, A. P; Peres, R. S. (2009) Sintomatologia Ansiosa e Depressiva em Adultos


Hospitalizados: Rastreamento em Enfermaria Clínica. Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia,
2 (1), 12-22. Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, Brasil

UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO


Curso de Psicologia

Estágio Supervisionado I em Área de Opção II – 9º Semestre


Nome do aluno: Bruna Garcia da Silva R.A. 004201805281
Supervisor: Patrícia Gugliotta Jacobucci
Nome da instituição: Irmandade Santa Casa de Vinhedo
Data: 02/05/2021 Horário: 13h – 15h Relatório número: 02

Dinâmica familiar

A estagiária chegou no local, verificou os casos que haviam sido atendidos ao longo da semana

e os recados deixados no livro. Posteriormente, a estagiária verificou no sistema Wareline os pacientes

internados no momento para realizar o atendimento / acolhimento.

Ao verificar o sistema, a estagiária localizou o caso da paciente, 3 anos, internada devido à uma

infecção renal. A paciente estava dormindo no momento em que a estagiária entrou no quarto e o

atendimento foi realizado com o acompanhante familiar (pai). Este, apresentou-se comunicativo, um

pouco apreensivo quanto à alta da filha, já que devido à infecção, ela estava tendo febre alta e a alta

hospitalar só seria dada se a febre deixasse de se manifestar, contudo, apresentou boas perspectivas de

melhora da filha.

O acompanhante relatou ainda sentir uma preocupação quanto às mudanças da dinâmica da

família, uma vez que foi necessária a reorganização em virtude do adoecimento da filha. Segundo

Passos et al. (2015):

“A hospitalização de um dos membros da família provoca desestruturação familiar, alteração de sua


dinâmica fazendo com que ela tente se reorganizar para manter o equilíbrio. Essa reorganização está
quase sempre acompanhada de sofrimento e conflitos, em que a abdicação de si para o cuidado com o
27

outro é tão intensa que alguns interrompem a cotidianidade de sua vida para realizar o processo de
acompanhamento”
Foi realizado o acolhimento da demanda do acompanhante e este trouxe ainda que devido à esta

reorganização, ele e a mãe da criança necessitaram se dividir a fim de que um fique no hospital com

uma filha internada e o outro permaneça em casa com a outra filha, que também é menor de idade.

Relatou que ambos estão cansados de vivenciar a rotina de hospital e esperam ir para casa o quanto

antes. Após o acolhimento, a estagiária finalizou o atendimento, deixando o Serviço de Psicologia à

disposição.

Caso Sexo Idade Queixa Percepção do Caso

Acompanhante preferiu não dar


Queda da própria
H.C.A M 35 detalhes do caso e não me deixava
altura
entrar em contato com o paciente

Referências bibliográficas

Passos, S.S.S. , Pereira, A, Nitschke, R. G. (2015). Cotidiano do familiar acompanhante durante a


hospitalização de um membro da família. Acta Paul Enferm; 28(6):539-45.
http://dx.doi.org/10.1590/1982- 0194201500090

UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO


Curso de Psicologia

Estágio Supervisionado I em Área de Opção II – 9º Semestre


Nome do aluno: Bruna Garcia da Silva R.A. 004201805281
Supervisor: Patrícia Gugliotta Jacobucci
Nome da instituição: Irmandade Santa Casa de Vinhedo
Data: 09/05/2021 Horário: 13h – 15h Relatório número: 03
28

Negação

Devido à solicitação da equipe de enfermagem, a estagiária localizou o caso da paciente, 63


anos, internada devido à fortes dores abdominais. A paciente relata sentir estas dores há mais de um
mês e que esta situação já está deixando-a exausta. Esta, relata ainda que recebeu diagnóstico de Câncer
e que em breve deverá retirar um tumor na cabeça (que causa muitos enjôos). Apresentou-se consciente,
sonolenta, pouco comunicativa, relatando sentir-se muito enjoada e com ânsia durante a maior parte do
dia. Percebeu-se que a paciente se encontra em um possível estado de negação, pois a todo momento
soltava risos acerca do diagnóstico, relatando como se não fosse algo relevante em sua vida neste
momento.
Ao receber um diagnóstico como o de Câncer, é comum que o paciente tenha fortes emoções
vindo de angústias e medo de ter que enfrentar uma doença tão complexa. De acordo com Kübler-Ross
(2002), a negação é uma forma de defesa temporária que ajuda no amortecimento na recepção de
notícias inesperadas e que permite ao paciente se recuperar pouco a pouco. Além disso, afirma que é
comum a passagem desta fase, até que o paciente perceba a necessidade de cuidar de si e de sua saúde.
É ainda importante que nesta fase, seja realizado o acolhimento da angústia e o suporte para a
continuidade do tratamento. (Bifulco, 2006)
Foi realizado o acolhimento das angústias da paciente e finalizou-se o atendimento, já que esta
relatou sentir-se muito enjoada e que não conseguiria falar mais. A estagiária se retirou do local,
deixando o Serviço de Psicologia à disposição.

Caso Sexo Idade Queixa Percepção do Caso

Paciente com perda de memória,


contudo, consciente de suas
M 71 AVC
emoções. (Atendimento realizado
com as pranchas)

Referências bibliográficas

Bifulco, V. A. (2006). Psicologia da morte. M. T. A. Figueiredo (Org.), Coletânea de textos


sobre cuidados paliativos e tanatologia (p. 24-27). São Paulo: Unifesp
29

Kübler-Ross, E. (2002). Sobre a morte e o morrer: o que os doentes terminais têm para
ensinar a médicos, enfermeiras, religiosos e aos seus próprios parentes. São Paulo: Martins Fontes

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Curso de Psicologia

Estágio Supervisionado em Psicologia da Saúde e Hospitalar – 9º Semestre


Nome dos alunos: Bruna Garcia e Maria Isabel Nery R.A. 004201701934/ 004201805281
Supervisor: Patrícia Gugliotta Jacobucci
Nome da instituição: Hospital Santa Casa de Vinhedo
Data: 23/05/2021 Horário: 13h –15h Relatório número: 04

Título: Angústia

Descrição do campo de estágio e articulação teórica:

O atendimento foi realizado em conjunto por ambas as estagiárias (Bruna Garcia e

Maria Isabel Nery). Paciente, 70 anos, sexo feminino, inicialmente com HQ de Covid-19,

posteriormente, não foi mais identificado. Esta, encontrava-se traqueostomizada e

impossibilitada de comunicar-se verbalmente, contudo, a paciente tentava realizar

comunicação movimentando a boca. Ao sentir sua necessidade de comunicação e inquietação,

as estagiárias realizaram o atendimento com as pranchas de comunicação disponibilizadas no

Serviço de Psicologia e foi possível identificar, através da prancha de sentimentos, angústia e

medo, sendo este segundo, o mais recorrente devido à visualização constante que tinha do

paciente no leito a frente (encontrava-se inconsciente e intubado). Também houve tentativa de

utilização da prancha letrada, porém a paciente não conseguiu formar palavras naquele

momento.

Além disso, foi informado pela equipe de enfermagem, que a paciente permanecia

internada há bastante tempo, porém raramente recebia visitas de familiares.


30

Articulação teórica

Acerca da comunicação com pacientes inibidos da fala, Gomes et al. (2016) elenca os

conceitos de que: “A importância da comunicação com os pacientes traqueostomizados durante

a prática do cuidado melhora a interação, informa e tranquiliza o paciente, além de humanizar

o atendimento (Gaspar et al., 2015). A presença da família também faz parte da estratégia que

beneficia a comunicação do paciente. A tríade paciente, família e equipe favorece a prestação

de uma assistência com qualidade e educação em saúde de maneira precoce (Alves, 2008).”

É importante pontuar que a presença da família, neste caso da paciente, seria essencial

para identificação do seu nível de alfabetização, o que facilitaria na condução do método

terapêutico (pranchas de comunicação).

Ainda em Gomes et al. (2016), observa-se que: “Durante o internamento hospitalar a

orientação dos pacientes e seus familiares, sugerindo maneiras alternativas e efetivas de

comunicação, auxiliam na recuperação e minimizam a ansiedade (Batty, 2009; Alves, 2008).

A escolha da estratégia mais adequada a cada paciente é uma habilidade alcançada com a

prática profissional, envolve desde gestos; escrita, desde que o paciente seja alfabetizado ou

que tenha o hábito de escrever; leitura labial; lousa mágica e cartões ilustrativos, onde para

todos os recursos o posicionamento do paciente e do receptor da mensagem é primordial. Nesse

sentido, a adoção de recursos como gestos e comunicação escrita, somada a presença dos

familiares facilita o entendimento das necessidades dos pacientes (Alves, 2008).”

Referências Bibliográficas

Alves DY. A Comunicação no Relacionamento Interpessoal Enfermeiro/Cliente Idoso

Oncológico submetido à traqueostomia de urgência. [dissertação] Rio de Janeiro (RJ):


31

Universidade Federal do Rio de Janeiro - UNIRIO; 2008.

Batty S. Communication, swallowing and feeding in the intensive care unit patient. British

Association of Critical Care Nurses. Nursing in Critical Care. 2009;14(4):175-9.

Gaspar MRF, Massi GAA, Gonçalves CGO, Willig MH. A equipe de enfermagem e a

comunicação com o paciente traqueostomizados. Rev. CEFAC. 2015;17(3):734-44.

Gomes, Regina Helena Senff et al. A comunicação do paciente traqueostomizado: uma revisão

integrativa. Revista CEFAC [online]. 2016, v. 18, n. 5 [Acessado 27 Maio 2021] , pp.

1251-1259. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1982-021620161851916>. Epub

Sep-Oct 2016. ISSN 1982-0216. https://doi.org/10.1590/1982-021620161851916.

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Curso de Psicologia

Estágio Supervisionado em Psicologia da Saúde e Hospitalar – 9º Semestre


Nome dos alunos: Bruna Garcia da Silva R.A. 004201805281
Supervisor: Patrícia Gugliotta Jacobucci
Nome da instituição: Hospital Santa Casa de Vinhedo
Data: 30/05/2021 Horário: 13h –15h Relatório número: 05

Título: Alta Hospitalar


32

Descrição do campo de estágio e articulação teórica:

Paciente, 79 anos, sexo feminino, internada devido à ICC (Insuficiência Cardíaca

Descompensada) Esta, encontrava-se no leito, acompanhada de seu filho. Através do

atendimento, que foi realizado com ambos, foi possível identificar, sentimentos angústia e

ansiedade por parte da paciente de receber a alta hospitalar, contudo, também sentimentos de

medo de sofrer uma nova ocorrência e ter que ser internada novamente. Neste sentido, Marra

et al. (1989), “O momento da alta costuma trazer ao paciente sentimentos ambíguos, satisfação

e medo . Satisfação por estar se recuperando e poder voltar para a casa e medo por sentir-se

inseguro sem a presença da equipe de enfermagem e do médico”.

O filho relatou que esta encontra-se internada há mais de 30 dias, tendo passado um

período na UTI. Sobre este período, a paciente traz á tona memórias de desconforto, solidão e

angústia por ser um ambiente com casos de maiores complicações. A paciente finalizou o

atendimento relatando, novamente, que gostaria de ir para sua casa o quanto antes, voltar para

seu dia-a-dia pois já não aguentava a rotina hospitalar. Além disso, contou que não vê a hora

de poder alimentar-se pela boca, já que esta encontrava-se alimentando somente através da

sonda nasogástrica.

Referências Bibliográficas

Marra, C. C., et al (1989). Orientação Planejada de Enfermagem na Alta Hospitalar. Acta

Paulista de Enfermagem. 2(4): 123-127.

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Curso de Psicologia

Estágio Supervisionado em Psicologia da Saúde e Hospitalar – 9º Semestre


Nome dos alunos: Bruna Garcia e Maria Isabel Nery R.A. 004201701934 / 004201805281
Supervisor: Patrícia Gugliotta Jacobucci
Nome da instituição: Hospital Santa Casa de Vinhedo
33

Data: 06/06/2021 Horário: 13h –15h Relatório número: 06

Título: Pontos finais

Descrição do campo de estágio e articulação teórica:

O atendimento foi realizado em conjunto por ambas as estagiárias (Bruna Garcia e

Maria Isabel Nery). Paciente, 70 anos, sexo masculino, inicialmente internado devido à uma

infecção no trato urinário. Este, encontrava-se pouco comunicativo. O atendimento foi

realizado com a esposa e a neta que o acompanhavam nesse momento. A neta relatou que tem

sido um período muito intenso para toda a família, já que há alguns meses está nesse ciclo de

entrar e sair do hospital. A esposa relatou sentir dificuldades para lidar com este momento, uma

vez que a todo instante, ele chama por seu nome. Além disso, a família gostaria de visitá-lo,

porém só permitiram duas visitas por vez (contando com a esposa que permanece no hospital).

É importante ressaltar que a equipe de enfermagem nos informou que neste caso, trata-

se de um paciente em estado terminal. Contudo, ao realizar o atendimento, as estagiárias

perceberam que a família aparenta não estar tão ciente do quadro atual, possivelmente pela

forma como foi dada a notícia pelo médico, pois a esposa relatou que o médico (responsável

pelo caso) já havia descartado a hemodiálise, devido à sua idade e resistência, e lhe disse para

apenas lhe dar carinho, isto é, não noticiando de forma efetiva sobre a terminalidade do

paciente.

Articulação teórica

Com o passar dos anos, muito se tem incrementado no que diz respeito à tecnologia e à

promoção de saúde, mas, ainda assim, independentemente de tantas possibilidades terapêuticas

disponíveis, alguns casos estão inseridos em um contexto de doença sem prognóstico e é


34

necessário aprender a lidar com as perdas (Santana et al., 2009). Ainda segundo os mesmos

autores: “Cuidar de indivíduos com doenças terminais e seus familiares é uma atividade ou um

modelo de atenção à saúde que vem sendo denominado ‘cuidado paliativo’”.

De acordo com Andrade et al., (2013): “[...] os cuidados paliativos constituem um

campo interdisciplinar de cuidados totais, ativos e integrais, destinados a melhorar a qualidade

de vida do paciente sem possibilidades de cura e dos seus familiares, por meio de avaliação

correta e de tratamento adequados para o alívio da dor e dos sintomas decorrentes da fase

avançada de uma doença, além de proporcionar suporte psicossocial e espiritual, em todos os

estágios, desde o diagnóstico de uma doença incurável até o período de luto da família” (p.

2524).

Sobre o noticiar da terminalidade e morte dos pacientes Monteiro et al. (2016) traz que:

“A morte do paciente traz para os membros da equipe médica a possibilidade de entrar em

contato com os seus processos de morte e finitude (Kovàcs, 2010; 2011). Estes se

angustiam por ter que salvar a vida do paciente a todo custo, por ter que tomar decisões

sobre recusa ou suspensão de tratamento e, com frequência, sentem-se sozinhos,

impotentes e com dificuldades para abordar familiares, que fazem perguntas constantes

sobre a evolução do paciente.”

Referências Bibliográficas

Andrade, C. G., et al (2013) Cuidados paliativos: a comunicação como estratégia de cuidado

para o paciente em fase terminal. Ciência & Saúde Coletiva, 18(9):2523-2530.

Monteiro, M. C., Magalhães, A. S., Féres-Carneiro, T., & Machado, R. N. (2016).

Terminalidade em UTI: Dimensões emocionais e éticas do cuidado do médico intensivista.


35

Psicologia em Estudo, Maringá, v. 21, n. 1, p. 65-75.

Santana, J. C. B., et al (2009). Cuidados paliativos aos pacientes terminais: percepção da equipe

de enfermagem. - Centro Universitário São Camilo - 3(1):77-86

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Curso de Psicologia

Estágio Supervisionado em Psicologia da Saúde e Hospitalar – 9º Semestre


Nome dos alunos: Bruna Garcia da Silva R.A. 004201805281
Supervisor: Patrícia Gugliotta Jacobucci
Nome da instituição: Hospital Santa Casa de Vinhedo
Data: 13/06/2021 Horário: 13h –15h Relatório número: 07

Título: Desencontro de Informações

Descrição do campo de estágio e articulação teórica:

Paciente, 62 anos, sexo masculino, internado devido à IRA (Insuficiência Renal Aguda)

Este, encontrava-se no leito, sem acompanhantes. Através do atendimento, foi possível

identificar, sentimentos angústia e ansiedade por parte do paciente por não saber ao certo qual

seria o seu prognóstico. O paciente relatou que se sentia desconfortável quanto à quantidade

alta de profissionais que entravam e saiam do quarto, sempre questionando qual seu

diagnóstico, aparentando não saber muito bem o que estava acontecendo, trazendo-o ainda uma

maior insegurança de estar no hospital pela falta de comunicação. Neste sentido, Silva et al.

(2007), trazem que:

“Os problemas de comunicação que podem gerar atos inseguros pertencem a três

categorias: falhas no sistema em que o canal de comunicação não existe, não está funcionando
36

ou não é regularmente utilizado; fracasso na emissão das mensagens, quando o canal de

comunicação existe, mas a informação não é transmitida; falhas na recepção, quando o canal

de comunicação existe, a mensagem foi enviada de maneira correta, mas o receptor a

interpretou de forma equivocada ou com atraso”.

O paciente relatou ainda que foi repassado a informação que não poderia haver nenhum

acompanhante nos quartos, devido ao COVID-19, mas o paciente do leito ao lado, estava com

um acompanhante o dia todo e que não compreendia quais eram os requisitos para ter um

familiar ou não.

Referências Bibliográficas

Silva, A. E. B. C. et al., (2007) Problemas na comunicação: uma possível causa de erros de

Medicação. Acta Paul Enferm. 20 (3): 272-6

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Curso de Psicologia

Estágio Supervisionado em Psicologia da Saúde e Hospitalar – 9º Semestre


Nome dos alunos: Bruna Garcia da Silva R.A. 004201805281
Supervisor: Patrícia Gugliotta Jacobucci
Nome da instituição: Hospital Santa Casa de Vinhedo
Data: 20/06/2021 Horário: 13h –15h Relatório número: 08

Título: Incertezas
37

Descrição do campo de estágio e articulação teórica:

Paciente, 80 anos, sexo feminino, internada devido à alta de Diabetes. Esta, encontrava-

se no leito, dormindo. O atendimento foi realizado com a acompanhante (filha) e, foi possível

identificar, sentimentos angústia e ansiedade por não saber referente as possibilidades de

melhoras da mãe. A equipe de enfermagem informou que a paciente se encontrava em cuidados

paliativos e que em breve, o hospital iria flexibilizar as restrições de visita.

Nesse sentido, Andrade et al. (2013), afirma que: “[...] os cuidados paliativos

constituem um campo interdisciplinar de cuidados totais, ativos e integrais, destinados a

melhorar a qualidade de vida do paciente sem possibilidades de cura e dos seus familiares, por

meio de avaliação correta e de tratamento adequados para o alívio da dor e dos sintomas

decorrentes da fase avançada de uma doença, além de proporcionar suporte psicossocial e

espiritual, em todos os estágios, desde o diagnóstico de uma doença incurável até o período de

luto da família” (p. 2524).

A acompanhante relatou ainda que a família estava angustiada por não receber notícias

e que o hospital estava sendo muito solícito no atendimento à paciente e à família. A estagiária

encerrou o atendimento e acolhimento, deixando o Serviço de Psicologia à disposição.

Referências Bibliográficas

Andrade, C. G., et al (2013) Cuidados paliativos: a comunicação como estratégia de cuidado

para o paciente em fase terminal. Ciência & Saúde Coletiva, 18(9):2523-2530.


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Estágio Supervisionado em Psicologia da Saúde e Hospitalar – 9º Semestre


Nome dos alunos: Bruna Garcia da Silva R.A. 004201805281
Supervisor: Patrícia Gugliotta Jacobucci
Nome da instituição: Hospital Santa Casa de Vinhedo
Data: 27/06/2021 Horário: 13h –15h Relatório número: 09

Título: Calmaria versus Ansiedade

Descrição do campo de estágio:

Paciente, 64 anos, sexo feminino, internada devido à cirrose hepática. Esta, encontrava-

se no leito, consciente, mas pouco comunicativa. O atendimento foi realizado com a

acompanhante (filha) e, foi possível identificar, sentimentos angústia e ansiedade por parte da

paciente, que relatou ter o desejo de ter alta o quanto antes, contudo, a filha aparentou estar

tranquila quanto ao diagnóstico e tratamento da mãe, já que não havia nenhum indício de

gravidade. A estagiária realizou o acolhimento da demanda da paciente e encerrou o

atendimento, deixando o Serviço de Psicologia à disposição da paciente e da família sempre

que for necessário.

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Estágio Supervisionado em Psicologia da Saúde e Hospitalar – 9º Semestre


Nome dos alunos: Bruna Garcia da Silva R.A. 004201805281
Supervisor: Patrícia Gugliotta Jacobucci
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Nome da instituição: Hospital Santa Casa de Vinhedo


Data: 27/03/2021 Horário: 09h –11h Relatório número: 10

Título: Integração

A integração foi realizada através de ambiente virtual, com o Professor Fernando

Marcio Cortelo (responsável pelo estágio no hospital), com a Enfermeira Renata Souza e o

Técnico de Segurança do Trabalho Edson Forner. O objetivo foi compreender melhor o

funcionamento do hospital, bem como as suas regras e normas a serem seguidas.

Referente às normas de segurança do trabalho, o Edson trouxe informações referente à

Norma Regulamentadora 32, que busca estabelecer as diretrizes básicas para a implementação

de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem

como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral. Este,

relatou ainda as dificuldades e desafios para manter a segurança no ambiente de trabalho e

solicitou a nossa colaboração no cumprimento dessas normas.

Sobre à área de Enfermagem, a Renata realizou uma apresentação sobre o cuidado

centrado no paciente, relatando todas as áreas envolvidos neste cuidado, inclusive o serviço de

Psicologia. Além disso, esta explicou sobre todos os setores que o Hospital possui (UTI, Clínica

Médica, Clínica Cirúrgica, Maternidade, etc). Após, a integração foi finalizada com a retirada

de dúvidas dos alunos.


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