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Muito antes da lógica ter sido organizada como ciência, já o homem fazia
uso do pensamento. Para compreender e se compreenderem, os homens
precisam de usar o pensamento e de se exprimir, falando. Para agirem
sobre o espírito dos seus semelhantes ou para se influenciarem
reciprocamente, os homens têm necessidade de pensar, discutir,
persuadir, raciocinar. A lógica nasce naturalmente com a necessidade de
satisfazer o mínimo de coerência mental que a persuasão exige, mas
começa a organizar-se como ciência, quando o homem ultrapassa o nível
imediato do pensar para agir e procura, numa atitude reflexiva, os
fundamentos implicados no exercício do pensamento. Antes do advento
de uma lógica científica existe uma lógica natural. A lógica formal começou
a ser sistematizada, no ocidente, pela primeira vez no século IV a.C., por
Aristóteles, e limita-se apenas ao estudo da validade dedutiva. A lógica
aristotélica foi o modelo de referência lógico até ao século XVI. Durante os
séculos XVI e XVII, Leibniz deu início à construção da lógica simbólica
moderna, mas foram os matemáticos Frege e Boole que criaram a lógica
moderna, ao substituir a linguagem natural por símbolos análogos aos
matemáticos, definindo, igualmente, as regras formais da sua
utilização. Os lógicos contemporâneos transformaram a lógica numa
disciplina praticamente autónoma em relação à filosofia e
desenvolveram processos formais de avaliação de argumentos.
O estudo da lógica pode desenvolver a capacidade de discernimento de
cada um, através do fornecimento de instrumentos que permitem
identificar raciocínios válidos/correctos e não válidos/incorrectos
(inválidos), de instrumentos para analisar diversos discursos
argumentativos (político, filosófico, científico) ou através do disciplinar do
pensamento. O estudo da lógica pode levar mais longe o raciocínio, ajudar
a identificar mais facilmente a má fé (manipulação) nos argumentos
alheios e a distinguir o uso legítimo ou ilegítimo que se faz do pensamento
e que se manifesta no discurso.
Lógica = estudo das condições de coerência do pensamento e do
discurso. O mesmo é dizer, o estudo dos argumentos (raciocínios ou
inferências) válidos.
Pensar = operar com conceitos (formar juízos ou raciocínios)
Discursar = exprimir verbalmente o pensamento
Pensamento = resultado (produto) do operar com os instrumentos lógicos
[ligar ou relacionar diferentes conceitos entre si, construir juízos ou
raciocínios (ao nível da mente)].
Discurso = materialização (verbalização) do pensamento.
Condições de coerência = regras/princípios que tornam válidos os
pensamentos – princípios lógicos – regras das inferências válidas.
Princípios lógicos
Os princípios lógicos são princípios formais que regulam o pensamento
independentemente dos conteúdos do mesmo, obrigando-o a ser coerente
e consequente consigo próprio. São três as leis do pensamento:
i. O princípio da identidade - qualquer proposição implica-se a si própria
ou uma coisa é igual a si mesma.
P=P
ii. O princípio da não-contradição - nenhuma proposição é, ao mesmo
tempo, verdadeira e falsa ou uma coisa não pode, ao mesmo tempo, ser
e não ser.
______
PeP
iii. O princípio do terceiro excluído - toda a proposição é verdadeira ou
falsa ou uma coisa é ou não é (não há terceira possibilidade).
P ou P
Instrumentos lógicos
Tipos de raciocínio
Um raciocínio também pode ser chamado de inferência.
Uma inferência é uma transição ou uma passagem de uma proposição a
outra.
As inferências (raciocínios) podem ser:
· Dedutivas - quando se parte de uma ou mais proposições tomadas como
antecedente (premissas) e delas se retira uma outra proposição
(conclusão), por estar nela contida, segundo as regras das inferências
dedutivas válidas. A dedução é a operação intelectual dedutiva. As
inferências dedutivas podem ser imediatas (oposição e conversão), se a
operação lógica se realizar apenas pelo jogo de dois termos e mediatas,
se a operação ligar entre si dois conceitos (termos) por intermédio de um
terceiro (silogismo).
· Não Dedutivas - quando as proposições premissas apoiam com maior ou
menor força, mas não garantem a verdade da proposição conclusão. São
operações mentais (cognitivas) não dedutivas a indução (operação mental
em que a partir de proposições particulares tomadas como antecedentes
se retira uma proposição geral que é o consequente), a analogia (operação
mental em que a partir de características conhecidas numa classe de
objectos se infere que objectos considerados similares, ainda que
diferentes, possam ter as mesmas propriedades) e a abdução [operação
mental criativa(palpite, intuição) em que a partir de factos problema ou da
observação de fenómenos se criam hipóteses - respostas prévias, mas
razoavelmente sustentadas - para os problemas equacionados e se
excluem outras por não parecerem tão razoáveis. O processo abdutivo
visa alcançar uma solução para um problema, através da probabilidade da
conclusão da inferência, criando hipóteses dentro de um conhecimento
prévio. A abdução é, assim, uma forma de raciocínio em que uma hipótese
é adotada como a melhor solução possível para um problema. Por ex:
perante a observação – a relva está molhada, podemos adiantar duas
hipóteses; 1 - choveu, 2 - foi regada. Mas ao observarmos a estrada, vimos
que não está molhada, então, se afastarmos a hipótese 1 (conhecimento
prévio – a chuva molha a estrada e a rega não molha a estrada), é crível
a hipótese 2].
No quadro seguinte, apresentamos uma distinção entre o raciocínio
dedutivo e indutivo.
O conceito e o termo
O conceito é uma representação mental, geral e abstracta que designa, na
mente, um conjunto de propriedades que pertencem a um conjunto de
seres ou de objectos.
No conceito cão:
à o conjunto de propriedades = animal doméstico que ladra = a
compreensão ou intensão
O juízo e a proposição
O juízo é uma operação mental mediante a qual se ligam entre si conceitos
e que pode ser considerada verdadeira ou falsa.
TERMO MÉDIO
Falácias formais