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04/11/2021 16:55 TJSE - Sistema de Controle Processual

Gerada em
  04/11/2021
16:55:34

Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe


DECISÃO OU DESPACHO

Dados do Processo:
Número:

202100134641

Classe:
Mandado
de Segurança Coletivo
Fase: Situação:

ANDAMENTO
Órgão Julgador:
DISTRIBUÍDO

Impedimento/Suspeição: TRIBUNAL PLENO

Escrivania:

NÃO
Distribuido Em:

Escrivania da
Câmara Criminal e Tribunal Pleno

Processo Sigiloso: 03/11/2021

Segredo de Justiça:

NÃO

NÃO

Tipo
do Processo:
Eletrônico

Número Único:
0014124-83.2021.8.25.0000

 
Partes do Processo:
Tipo Nome Representante da Parte
Advogado: ÍTALO ANDRADE FERREIRA -
IMPETRANTE GEORGEO ANTONIO CESPEDES PASSOS


12083/SE
Advogado: ÍTALO ANDRADE FERREIRA -
IMPETRANTE GILMAR JOSE FAGUNDES DE CARVALHO


12083/SE
Advogado: ÍTALO ANDRADE FERREIRA -
IMPETRANTE JOÃO MARCELO MONTARROYOS LEITE


12083/SE
Advogado: ÍTALO ANDRADE FERREIRA -
IMPETRANTE PRISCILLA LIMA DA COSTA PINTO


12083/SE
Advogado: ÍTALO ANDRADE FERREIRA -
IMPETRANTE Samuel Carvalho dos Santos Junior


12083/SE
MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE
IMPETRADO

SERGIPE

IMPETRADO PRESIDENTE DA ALESE



 
   
Vistos, etc.

GEORGEO ANTONIO CESPEDES PASSOS, GILMAR JOSÉ FAGUNDES DE


CARVALHO, JOÃO MARCELO MONTARROYOS LEITE, PRISCILLA LIMA DA COSTA
PINTO e SAMUEL CARVALHO DOS SANTOS JUNIOR impetraram este mandado de
segurança (nº 202100134641) contra ato do PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA
LEGISTLATIVA DO ESTADO DE SERGIPE – Sr. Luciano Bispo e da MESA DIRETORA
DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SERGIPE alegando:

Que, em 14 De Outubro De 2021, a Impetrante PRISCILLA LIMA DA COSTA PINTO protocolou


junto à Mesa Diretora da Assembleia LEGISLATIVA DO ESTADO DE SERGIPE, requerimento
para constituição de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), com a finalidade de “investigar as
ações e omissões do Governo Estadual no combate a pandemia do novo coronavírus,
especialmente acerca da aplicação dos recursos originalmente destinados a esse fim e da compra
milionária de respiradores do consórcio Nordeste, bem como os casos de fura filas no Estado”.
https://www.tjse.jus.br/tjnet/consultas/internet/exibeIntegra.wsp?tmp.numProcesso=202100134641&tmp.dtMovimento=20211104&tmp.seqMovim… 1/9
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Que, utilizando-se de um direito constitucionalmente assegurado às minorias parlamentares de


criação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), previsto na Constituição Estadual, bem como
no regimento interno da Assembleia Legislativa (art.53) c/c art. 58, § 3º, da
Constituição Federal, 08 (oito) deputados estaduais, ingressaram com requerimento com os
seguintes pedidos específicos e prazo determinado:

“Especifica os pontos a serem enfrentados pela CPI:

1) investigar as ações e omissões do Governo Estadual no combate a pandemia do novo coronavírus


(estado de calamidade pública o qual deu poderes amplos de execução orçamentaria);

2) compra milionária dos respiradores (flexibilização de processos licitatórios).

3) fura filas no Estado.”

Que o requerimento cumpre os requisitos constitucionais previstos no art. 58, § 3º, da Constituição
Federal, quais sejam: 1) possui mais que 1/3
(um terço) das assinaturas, 8 (oito) subscrições, dos membros da casa, que possui 24 (vinte e quatro)
membros; 2) pretende a apuração de fato determinado; e 3) prevê prazo certo de duração, bem como
realizado seu protocolo dentro dos requisitos necessários (14 de outubro de 2021).

Que a mesa Diretora da Assembleia Legislativa, por via de seu Presidente e antes mesmo de instalar
a CPI, aceitou o pedido do Deputado Estadual Zezinho Guimarães, que retirou sua assinatura do
requerimento de abertura da CPI, protocolado em 14/10/2021, logo após o protocolo da proposição
de instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito protocolada também em 14/10/2021,
fundamentando o ato na alegativa de não existe obstáculo constitucional, legal ou regimental que
impeça o deputado de efetuar a retirada de sua assinatura do requerimento de instauração da CPI da
COVID-19, com fulcro nos artigos 21, II, “a”, c/ c 165 do Regimento Interno da Assembleia e da
Constituição Estadual.

Que o ato de homologação e aceitação da retirada  da assinatura é ilegal e contraria direito líquido e
certo dos Impetrantes.

Que o direito da Impetrante foi esvaziado inconstitucional e ilegalmente pelo ato do Impetrado, que
não procedeu com a instauração do requerimento de pedido de instalação de CPI, desobedecendo o
que determina a lei, vez que o referido ato do Impetrado está eivado de: a) inconstitucionalidade
por contrariar o art. 58, § 3º, da Constituição da República, b) ofensa aos arts. 13 e 53, § 3º, da
Constituição do Estado de Sergipe; c) ilegalidade, por violar o art. 53 e ss. Do regimento interno,
e d) irregularidade quanto ao direito subjetivo do parlamentar em fiscalizar atos do Poder
Executivo.

 
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Que a posterior retirada da assinatura do Deputado Zezinho Guimaraes do requerimento da CPI é


inválida e não interfere em sua criação porque a comissão parlamentar de inquérito já estava
formada, inclusive, já tinha sido solicitada/ apresentada/protocolada antes mesmo do pedido de
retirada de assinatura pelo deputado Zezinho Guimarães.

Cita precedente do STF:

“MANDADO DE SEGURANÇA - QUESTÕES PRELIMINARES REJEITADAS -


PRETENDIDA INCOGNOSCIBILIDADE DA AÇÃO MANDAMENTAL, PORQUE DE
NATUREZA "INTERNA CORPORIS" O ATO IMPUGNADO - POSSIBILIDADE DE
CONTROLE JURISDICIONAL DOS ATOS DE CARÁTER POLÍTICO, SEMPRE QUE
SUSCITADA QUESTÃO DE ÍNDOLE CONSTITUCIONAL - O MANDADO DE SEGURANÇA
COMO PROCESSO DOCUMENTAL E A NOÇÃO DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO -
NECESSIDADE DE PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA - CONFIGURAÇÃO, NA ESPÉCIE, DA
LIQUIDEZ DOS FATOS SUBJACENTES À PRETENSÃO MANDAMENTAL - COMISSÃO
PARLAMENTAR DE INQUÉRITO - DIREITO DE OPOSIÇÃO - PRERROGATIVA DAS
MINORIAS PARLAMENTARES - EXPRESSÃO DO POSTULADO DEMOCRÁTICO -
DIREITO IMPREGNADO DE ESTATURA CONSTITUCIONAL - INSTAURAÇÃO DE
INQUÉRITO PARLAMENTAR E COMPOSIÇÃO DA RESPECTIVA CPI - IMPOSSIBILIDADE
DE A MAIORIA PARLAMENTAR FRUSTRAR, NO ÂMBITO DE QUALQUER DAS CASAS
DO CONGRESSO NACIONAL, O EXERCÍCIO, PELAS MINORIAS LEGISLATIVAS, DO
DIREITO CONSTITUCIONAL À INVESTIGAÇÃO PARLAMENTAR (CF, ART. 58, § 3º) -
MANDADO DE SEGURANÇA CONCEDIDO. O ESTATUTO CONSTITUCIONAL DAS
MINORIAS PARLAMENTARES: A PARTICIPAÇÃO ATIVA, NO CONGRESSO NACIONAL,
DOS GRUPOS MINORITÁRIOS, A QUEM ASSISTE O DIREITO DE FISCALIZAR O
EXERCÍCIO DO PODER.

- Existe, no sistema político-jurídico brasileiro, um verdadeiro estatuto constitucional das minorias


parlamentares, cujas prerrogativas - notadamente aquelas pertinentes ao direito de investigar -
devem ser preservadas pelo Poder Judiciário, a quem incumbe proclamar o alto significado que
assume, para o regime democrático, a essencialidade da proteção jurisdicional a ser dispensada ao
direito de oposição, analisado na perspectiva da prática republicana das instituições parlamentares.

- A norma inscrita no art. 58, § 3º, da Constituição da República destina-se a ensejar a participação
ativa das minorias parlamentares no processo de investigação legislativa, sem que, para tanto,
mostre-se necessária a concordância das agremiações que compõem a maioria parlamentar.

- O direito de oposição, especialmente aquele reconhecido às minorias legislativas, para que não se
transforme numa prerrogativa constitucional inconseqüente, há de ser aparelhado com instrumentos
de atuação que viabilizem a sua prática efetiva e concreta no âmbito de cada uma das Casas do
Congresso Nacional.

- A maioria legislativa não pode frustrar o exercício, pelos grupos minoritários que atuam no
Congresso Nacional, do direito público subjetivo que lhes é assegurado pelo art. 58, § 3º, da
Constituição e que lhes confere a prerrogativa de ver efetivamente instaurada a investigação
parlamentar, por período certo, sobre fato determinado. Precedentes: MS 24.847/DF, Rel. Min.
CELSO DE MELLO, v.g..
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- A ofensa ao direito das minorias parlamentares constitui, em essência, um desrespeito ao direito do


próprio povo, que também é representado pelos grupos minoritários que atuam nas Casas do
Congresso Nacional. REQUISITOS CONSTITUCIONAIS PERTINENTES À CRIAÇÃO DE
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO (CF, ART. 58, § 3º): CLÁUSULA QUE
AMPARA DIREITO DE CONTEÚDO EMINENTEMENTE CONTRA-MAJORITÁRIO.

- A instauração de inquérito parlamentar, para viabilizar-se no âmbito das Casas legislativas, está
vinculada, unicamente, à satisfação de três (03) exigências definidas, de modo taxativo, no texto da
Lei Fundamental da República: (1) subscrição do requerimento de constituição da CPI por, no
mínimo, 1/3 dos membros da Casa legislativa, (2) indicação de fato determinado a ser objeto da
apuração legislativa e (3) temporariedade da comissão parlamentar de inquérito. Precedentes do
Supremo Tribunal Federal: MS 24.831/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g..

- O requisito constitucional concernente à observância de 1/3 (um terço), no mínimo, para


criação de determinada CPI (CF, art. 58, § 3º), refere-se à subscrição do requerimento de
instauração da investigação parlamentar, que traduz exigência a ser aferida no momento em
que protocolado o pedido junto à Mesa da Casa legislativa, tanto que, "depois de sua
apresentação à Mesa", consoante prescreve o próprio Regimento Interno da Câmara dos
Deputados (art. 102, § 4º), não mais se revelará possível a retirada de qualquer assinatura.

- Preenchidos os requisitos constitucionais (CF, art. 58, § 3º), impõe-se a criação da Comissão
Parlamentar de Inquérito, que não depende, por isso mesmo, da vontade aquiescente da maioria
legislativa. Atendidas tais exigências (CF, art. 58, § 3º), cumpre, ao Presidente da Casa legislativa,
adotar os procedimentos subseqüentes e necessários à efetiva instalação da CPI, não se revestindo
de legitimação constitucional o ato que busca submeter, ao Plenário da Casa legislativa, quer por
intermédio de formulação de Questão de Ordem, quer mediante interposição de recurso ou
utilização de qualquer outro meio regimental, a criação de qualquer comissão parlamentar de
inquérito.

- A prerrogativa institucional de investigar, deferida ao Parlamento (especialmente aos grupos


minoritários que atuam no âmbito dos corpos legislativos), não pode ser comprometida pelo bloco
majoritário existente no Congresso Nacional, que não dispõe de qualquer parcela de poder para
deslocar, para o Plenário das Casas legislativas, a decisão final sobre a efetiva criação de
determinada CPI, sob pena de frustrar e nulificar, de modo inaceitável e arbitrário, o exercício, pelo
Legislativo (e pelas minorias que o integram), do poder constitucional de fiscalizar e de investigar o
comportamento dos órgãos, agentes e instituições do Estado, notadamente daqueles que se
estruturam na esfera orgânica do Poder Executivo.

- A rejeição de ato de criação de Comissão Parlamentar de Inquérito, pelo Plenário da Câmara dos
Deputados, ainda que por expressiva votação majoritária, proferida em sede de recurso interposto
por Líder de partido político que compõe a maioria congressual, não tem o condão de justificar a
frustração do direito de investigar que a própria Constituição da República outorga às minorias que
atuam nas Casas do Congresso Nacional.

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(MS 26441, Relator(a): CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 25/04/2007, DJe-237
DIVULG 17-12-2009 PUBLIC 18-12-2009 EMENT VOL-02387-03 PP-00294 RTJ VOL-00223-01
PP-00301)’

Diz que o art. 21, II, ‘a’ e art. 165 e 203, do Regimento Interno da Assembleia Legislativa são
inconstitucionais ao permitirem o Presidente rejeitar, de forma isolada, o requerimento de CPI por
retirada da assinatura após o seu protocolo porque ofendem o sentido do art. 58, § 3º, da
Constituição Federal, e ao art. 53, § 3º, da Constituição do Estado de Sergipe.

“Art. 21 - São atribuições do Presidente, além de outras expressas neste Regimento, ou que
decorram da natureza de suas funções e prerrogativas:

II - Quanto às proposições:

a) aceitar ou recusar, nos termos deste Regimento, as proposições apresentadas à Assembleia;”

“Art. 165 - A Presidência não admitirá Proposições:

I - evidentemente inconstitucionais;

II - anti-regimentais;

III - que, aludido a qualquer dispositivo legal, não se façam acompanhar de sua transcrição;

IV - quando redigidas de modo que não se saiba, à


simples leitura oral, qual a providência objetivada;

V - que, fazendo menção a contratos ou concessões não os transcrevam por extenso;

VI - que contenham expressões ofensivas a quem quer que seja;

VII - quando, em se tratando de Substitutivo, Emenda ou Subemenda, não guardem direta relação
com a Proposição principal;

 
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VIII - quando não devidamente redigidas.”

“Art. 203 - Será despachado, pelo Presidente, o


Requerimento escrito que solicite:

I - a audiência de Comissão sobre determinada matéria, por solicitação de qualquer Deputado;

II - a reunião, em conjunto, de duas ou mais Comissões Permanentes;

III - a designação de Relator Especial;

IV - licença a Deputado nos termos do artigo 114 deste Regimento.”

Pedem a concessão da liminar e o final deferimento do ‘writ’.

É o relatório.

Verifico que os Autores nominaram o mandado de segurança como MANDADO DE


SEGURANÇA COLETIVO.

O mandado de segurança coletivo está descrito no art. 21 da Lei nº 12.016/2009 da seguinte forma:

“Art. 21.  O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com
representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus
integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de
direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos
seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização
especial.”

Portanto, no caso, o que temos é um mandado de segurança individual com litisconsortes.

E qual a implicação de tal diferença ?????

 
É
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É que no mandado de segurança coletivo, antes de apreciar a liminar, o julgador deve providenciar a
audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar
no prazo de 72 (setenta e duas) horas, conforme art. 22, 2º, da Lei própria.

“Art. 22, § 2º. No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a
audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar
no prazo de 72 (setenta e duas) horas.”

Como não se trata de mandado de segurança coletivo, passo a apreciar a liminar e, neste particular,
não enxergo o perigo da demora necessário à sua concessão.

Conforme se nota no documento ‘REQUERIMENTO DE CRIAÇÃO DE CPI N°(1).pdf.’, o


requerimento para criação da CPI está datado de 14 de abril de 2021, passados mais de 06 meses,
portanto.

A CPI visa, entre outras coisas, investigar compras de respiradores em consórcio e fura-filas de
vacina no Estado, cujos fatos já aconteceram há mais de 1 ano.

De mais a mais, tratando-se de fatos pretéritos documentados que não se repetiram em trato
sucessivo, a investigação que pretende se fazer por via de CPI não caducará e por ser ativada a
qualquer tempo.

Por outro lado, a base legal do mandado de segurança é a inconstitucionalidade de dispositivos


regimentais da Assembleia Legislativa que sequer foram transcritos na petição inicial com a devida
particularização da inconstitucionalidade avistada.

É sabido que “o mandado de segurança não se qualifica como sucedâneo da ação direta de
inconstitucionalidade, não podendo ser utilizado, em conseqüência, como instrumento de
controle abstrato da validade constitucional das leis e dos atos normativos em geral”.

‘MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO IMPETRADO, EM CARÁTER PREVENTIVO,


CONTRA FUTURA APLICAÇÃO DE NORMAS CONSTANTES DA LEI DE
RESPONSABILIDADE FISCAL - IMPETRAÇÃO CONTRA ATO EM TESE -
INADMISSIBILIDADE - INCIDÊNCIA DA SÚMULA 266/STF - QUESTÃO DE ORDEM QUE
SE RESOLVE NO SENTIDO DO NÃO-CONHECIMENTO DA AÇÃO DE MANDADO DE
SEGURANÇA, RESTANDO PREJUDICADA, EM CONSEQÜÊNCIA, A APRECIAÇÃO DO
RECURSO DE AGRAVO.

- Os princípios básicos que regem o mandado de segurança individual informam e condicionam, no


plano jurídico-processual, a utilização do "writ" mandamental coletivo.

 
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- Não se revelam sindicáveis, pela via jurídico-processual do mandado de segurança, os atos em


tese, assim considerados aqueles - como as leis ou os seus equivalentes constitucionais - que
dispõem sobre situações gerais e impessoais, que têm alcance genérico e que disciplinam hipóteses
neles abstratamente previstas. Súmula 266/STF. Precedentes.

- O mandado de segurança não se qualifica como sucedâneo da ação direta de


inconstitucionalidade, não podendo ser utilizado, em conseqüência, como instrumento de
controle abstrato da validade constitucional das leis e dos atos normativos em geral.
Precedentes.

(MS 23785 AgR-QO, Relator(a): CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 05/09/2002, DJ
27-10-2006 PP-00031    EMENT VOL-02253-02 PP-00240 RTJ VOL-00201-01 PP-000150
LEXSTF v. 29, n. 337, 2007, p. 154-160)”

“MANDADO DE SEGURANÇA. Pedido de declaração de inconstitucionalidade de dispositivos da


Lei nº 9.099/95. Inadmissibilidade. Pedido contra lei em tese. Dedução como sucedâneo de ação
direta de inconstitucionalidade. Agravo improvido. Aplicação da Súmula nº 266. Não cabe
mandado de segurança contra lei em tese, nem como sucedâneo de ação direta de
inconstitucionalidade.

(MS 25456 AgR, Relator(a): CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 17/11/2005, DJ   09-
12-2005 PP-0005 EMENT VOL-02217-02 PP-00364 LEXSTF v. 28, n. 326, 2006, p. 207-209)”

Por tais indicações, INDEFIRO o pedido liminar.

Não há motivos para que o processo siga em segredo de justiça, uma vez que os fatos são públicos e
noticiado na imprensa. Retire-se o gravame processual.

1) Notifique-se o impetrado para, querendo, prestar informações, no prazo consignado no art. 7º,
inciso I, da Lei nº 12.016/2009.

2) Dê-se ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, devendo
os expedientes necessários ao efetivo cumprimento da decisão ser firmados pela chefia da escrivania
competente.

3) Esta decisão, quando disponibilizada e acessada no sistema de informática e de internet, fará


ciência às partes e às autoridades para que a cumpram como nela se contém.

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4) Expeçam-se mandados e intimem-se.

Ricardo Múcio Santana de A. Lima


Desembargador(a)

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