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Gerada em
04/11/2021
16:55:34
DECISÃO OU DESPACHO
Dados do Processo:
Número:
202100134641
Classe:
Mandado
de Segurança Coletivo
Fase: Situação:
ANDAMENTO
Órgão Julgador:
DISTRIBUÍDO
Escrivania:
NÃO
Distribuido Em:
Escrivania da
Câmara Criminal e Tribunal Pleno
Segredo de Justiça:
NÃO
NÃO
Tipo
do Processo:
Eletrônico
Número Único:
0014124-83.2021.8.25.0000
Partes do Processo:
Tipo Nome Representante da Parte
Advogado: ÍTALO ANDRADE FERREIRA -
IMPETRANTE GEORGEO ANTONIO CESPEDES PASSOS
12083/SE
Advogado: ÍTALO ANDRADE FERREIRA -
IMPETRANTE GILMAR JOSE FAGUNDES DE CARVALHO
12083/SE
Advogado: ÍTALO ANDRADE FERREIRA -
IMPETRANTE JOÃO MARCELO MONTARROYOS LEITE
12083/SE
Advogado: ÍTALO ANDRADE FERREIRA -
IMPETRANTE PRISCILLA LIMA DA COSTA PINTO
12083/SE
Advogado: ÍTALO ANDRADE FERREIRA -
IMPETRANTE Samuel Carvalho dos Santos Junior
12083/SE
MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE
IMPETRADO
SERGIPE
Vistos, etc.
Que o requerimento cumpre os requisitos constitucionais previstos no art. 58, § 3º, da Constituição
Federal, quais sejam: 1) possui mais que 1/3
(um terço) das assinaturas, 8 (oito) subscrições, dos membros da casa, que possui 24 (vinte e quatro)
membros; 2) pretende a apuração de fato determinado; e 3) prevê prazo certo de duração, bem como
realizado seu protocolo dentro dos requisitos necessários (14 de outubro de 2021).
Que a mesa Diretora da Assembleia Legislativa, por via de seu Presidente e antes mesmo de instalar
a CPI, aceitou o pedido do Deputado Estadual Zezinho Guimarães, que retirou sua assinatura do
requerimento de abertura da CPI, protocolado em 14/10/2021, logo após o protocolo da proposição
de instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito protocolada também em 14/10/2021,
fundamentando o ato na alegativa de não existe obstáculo constitucional, legal ou regimental que
impeça o deputado de efetuar a retirada de sua assinatura do requerimento de instauração da CPI da
COVID-19, com fulcro nos artigos 21, II, “a”, c/ c 165 do Regimento Interno da Assembleia e da
Constituição Estadual.
Que o ato de homologação e aceitação da retirada da assinatura é ilegal e contraria direito líquido e
certo dos Impetrantes.
Que o direito da Impetrante foi esvaziado inconstitucional e ilegalmente pelo ato do Impetrado, que
não procedeu com a instauração do requerimento de pedido de instalação de CPI, desobedecendo o
que determina a lei, vez que o referido ato do Impetrado está eivado de: a) inconstitucionalidade
por contrariar o art. 58, § 3º, da Constituição da República, b) ofensa aos arts. 13 e 53, § 3º, da
Constituição do Estado de Sergipe; c) ilegalidade, por violar o art. 53 e ss. Do regimento interno,
e d) irregularidade quanto ao direito subjetivo do parlamentar em fiscalizar atos do Poder
Executivo.
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- A norma inscrita no art. 58, § 3º, da Constituição da República destina-se a ensejar a participação
ativa das minorias parlamentares no processo de investigação legislativa, sem que, para tanto,
mostre-se necessária a concordância das agremiações que compõem a maioria parlamentar.
- O direito de oposição, especialmente aquele reconhecido às minorias legislativas, para que não se
transforme numa prerrogativa constitucional inconseqüente, há de ser aparelhado com instrumentos
de atuação que viabilizem a sua prática efetiva e concreta no âmbito de cada uma das Casas do
Congresso Nacional.
- A maioria legislativa não pode frustrar o exercício, pelos grupos minoritários que atuam no
Congresso Nacional, do direito público subjetivo que lhes é assegurado pelo art. 58, § 3º, da
Constituição e que lhes confere a prerrogativa de ver efetivamente instaurada a investigação
parlamentar, por período certo, sobre fato determinado. Precedentes: MS 24.847/DF, Rel. Min.
CELSO DE MELLO, v.g..
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- A instauração de inquérito parlamentar, para viabilizar-se no âmbito das Casas legislativas, está
vinculada, unicamente, à satisfação de três (03) exigências definidas, de modo taxativo, no texto da
Lei Fundamental da República: (1) subscrição do requerimento de constituição da CPI por, no
mínimo, 1/3 dos membros da Casa legislativa, (2) indicação de fato determinado a ser objeto da
apuração legislativa e (3) temporariedade da comissão parlamentar de inquérito. Precedentes do
Supremo Tribunal Federal: MS 24.831/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g..
- Preenchidos os requisitos constitucionais (CF, art. 58, § 3º), impõe-se a criação da Comissão
Parlamentar de Inquérito, que não depende, por isso mesmo, da vontade aquiescente da maioria
legislativa. Atendidas tais exigências (CF, art. 58, § 3º), cumpre, ao Presidente da Casa legislativa,
adotar os procedimentos subseqüentes e necessários à efetiva instalação da CPI, não se revestindo
de legitimação constitucional o ato que busca submeter, ao Plenário da Casa legislativa, quer por
intermédio de formulação de Questão de Ordem, quer mediante interposição de recurso ou
utilização de qualquer outro meio regimental, a criação de qualquer comissão parlamentar de
inquérito.
- A rejeição de ato de criação de Comissão Parlamentar de Inquérito, pelo Plenário da Câmara dos
Deputados, ainda que por expressiva votação majoritária, proferida em sede de recurso interposto
por Líder de partido político que compõe a maioria congressual, não tem o condão de justificar a
frustração do direito de investigar que a própria Constituição da República outorga às minorias que
atuam nas Casas do Congresso Nacional.
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(MS 26441, Relator(a): CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 25/04/2007, DJe-237
DIVULG 17-12-2009 PUBLIC 18-12-2009 EMENT VOL-02387-03 PP-00294 RTJ VOL-00223-01
PP-00301)’
Diz que o art. 21, II, ‘a’ e art. 165 e 203, do Regimento Interno da Assembleia Legislativa são
inconstitucionais ao permitirem o Presidente rejeitar, de forma isolada, o requerimento de CPI por
retirada da assinatura após o seu protocolo porque ofendem o sentido do art. 58, § 3º, da
Constituição Federal, e ao art. 53, § 3º, da Constituição do Estado de Sergipe.
“Art. 21 - São atribuições do Presidente, além de outras expressas neste Regimento, ou que
decorram da natureza de suas funções e prerrogativas:
II - Quanto às proposições:
I - evidentemente inconstitucionais;
II - anti-regimentais;
III - que, aludido a qualquer dispositivo legal, não se façam acompanhar de sua transcrição;
VII - quando, em se tratando de Substitutivo, Emenda ou Subemenda, não guardem direta relação
com a Proposição principal;
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É o relatório.
O mandado de segurança coletivo está descrito no art. 21 da Lei nº 12.016/2009 da seguinte forma:
“Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com
representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus
integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de
direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos
seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização
especial.”
É
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É que no mandado de segurança coletivo, antes de apreciar a liminar, o julgador deve providenciar a
audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar
no prazo de 72 (setenta e duas) horas, conforme art. 22, 2º, da Lei própria.
“Art. 22, § 2º. No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a
audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar
no prazo de 72 (setenta e duas) horas.”
Como não se trata de mandado de segurança coletivo, passo a apreciar a liminar e, neste particular,
não enxergo o perigo da demora necessário à sua concessão.
A CPI visa, entre outras coisas, investigar compras de respiradores em consórcio e fura-filas de
vacina no Estado, cujos fatos já aconteceram há mais de 1 ano.
De mais a mais, tratando-se de fatos pretéritos documentados que não se repetiram em trato
sucessivo, a investigação que pretende se fazer por via de CPI não caducará e por ser ativada a
qualquer tempo.
É sabido que “o mandado de segurança não se qualifica como sucedâneo da ação direta de
inconstitucionalidade, não podendo ser utilizado, em conseqüência, como instrumento de
controle abstrato da validade constitucional das leis e dos atos normativos em geral”.
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(MS 23785 AgR-QO, Relator(a): CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 05/09/2002, DJ
27-10-2006 PP-00031 EMENT VOL-02253-02 PP-00240 RTJ VOL-00201-01 PP-000150
LEXSTF v. 29, n. 337, 2007, p. 154-160)”
(MS 25456 AgR, Relator(a): CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 17/11/2005, DJ 09-
12-2005 PP-0005 EMENT VOL-02217-02 PP-00364 LEXSTF v. 28, n. 326, 2006, p. 207-209)”
Não há motivos para que o processo siga em segredo de justiça, uma vez que os fatos são públicos e
noticiado na imprensa. Retire-se o gravame processual.
1) Notifique-se o impetrado para, querendo, prestar informações, no prazo consignado no art. 7º,
inciso I, da Lei nº 12.016/2009.
2) Dê-se ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, devendo
os expedientes necessários ao efetivo cumprimento da decisão ser firmados pela chefia da escrivania
competente.
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