Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
Mestre em Linguistica- UNEMAT
2
Mestre em Linguistica- UNEMAT
Brasileira. Para isso, nos propomos a situar os fatos que contribuíram para a formação
da identidade da nação brasileira por meio de sua língua.
Ainda no segundo período temos a criação do diretório dos índios, que se pode
dizer que é o ato máximo para que a haja a expulsão dos jesuítas. Além disso, após a
criação do Diretório dos índios em 1755 e o Decreto de Marquês de Pombal muda-se o
foco de apenas tornar os índios assujeitados a fé, mas, também ao Estado que promulga
que: “Ao Rei ainda convém converter os índios, mas também interessa civilizá-los e
para tanto, o aprendizado do português é imprescindível” (MARIANI, p.146).
Com a aplicação deste Diretório durante 40 anos em todo o território brasileiro
produziu-se um efeito de sentido em que a língua foi vista como transparente,
homogênea. Segundo Mariani:
Impôs-se uma língua, e com ela toda uma ideologia e toda uma
memória, o que significa, porém que essa língua imposta não tenha
sido afetada por sua travessia do Atlantico e pelos sentidos de Novo
Mundo. (MARIANI, p. 153)
Por isto, até os dias atuais estas questões permeiam tanto os estudos dos
linguistas quanto inquietam a política em si, sobre quais os sentidos que esta
denominação adquiriu naquele época em que foi promulgado o documento que iremos
analisar e atualmente os efeitos de sentido que produzem na sociedade atual.
2- DA “BARBÁRIE” Á CIVILIZAÇÃO
3
Ver documento na íntegra em anexo.
denominação do idioma nacional. Segundo Guimarães (2012), a comissão seria
composta por professores, escritores e jornalistas. Além dos membros citados
anteriormente pelo autor, posteriormente, analisaremos no primeiro recorte outros
nomes e funções dos sujeitos que participaram dessa comissão para a elaboração desse
documento da denominação do idioma nacional. Ressaltamos que os recortes analisados
constituem uma memória de arquivo que marca as outras vozes dentro dos dizeres dos
sujeitos que contribuíram para a elaboração desse documento. O sujeito aqui descrito é
o sujeito da AD, esse é compreendido como interpelado pela ideologia.
Nesse sentido, a Análise de Discurso concebe um sujeito interpelado a todo
instante pelo jogo da significação. Assim, durante o percurso pela busca da significação
acabamos sendo atravessados ideologicamente por uma relação com a exterioridade. E é
por meio dessas relações entre exterioridade, língua, sujeito e história que ocorre à
constituição dos falantes e dos dizeres. Sendo assim, os efeitos de sentidos produzidos
são marcados pelo discurso ‘sobre’4 e esses significam na constituição dos dizeres e em
sua reformulação por meio da memória discursiva que os permeia.
Ao concebermos a denominação do idioma nacional na perspectiva da
interpretação trazemos concomitantemente à tona a história. Entretanto, pensamo-la
como fonte de relação de poder e de sentido. Apreendê-la significa, assim, deslocar-se
para espaços de conflitos e de tensões que se abrem, propiciando os jogos das
interpretações. Sobre o enlace entre história e discurso Pêcheux (1997, p.75) afirma:
Da Academia de Letras
Embaixador José Carlos de Macedo Soares
Dr. Cláudio de Sousa
Dr. Afonso de Taunay
Professor Pedro Calmon
Dr. Levi Carneiro
Da Academia de Filologia
Professor Sousa da Silveira
Pe. Augusto Magne
Professor Clóvis Monteiro
Professor Júlio Nogueira
Gal. Fortes de Oliveira, Inspetor Geral do Ensino Militar.
Professor Inácio Manuel Azevedo do Amaral, Reitor da
Universidade do Brasil.
Pe. Leonel Franca, Reitor da Universidade Católica.
Dr. Herbert Moses, Presidente da Associação Brasileira de Imprensa.
Deputados Federais
Dr. Gustavo Capanema, Ex-Ministro da Educação
Dr. Gilberto Freire
(Grifos nossos)
5
Ver ORLANDI, Eni P. A língua brasileira. Ciência e Cultura.
Outro recorte que merece destaque encontra-se no documento da denominação
de língua nacional nas “Considerações linguísticas”[...] Os estudos linguísticos sérios e
imparciais, aplicados ao Brasil, fazem-nos concluir que a nossa língua nacional é a
língua portuguesa, com pronúncia nossa, algumas leves divergências sintáticas em
relação ao idioma atual de além-mar, e o vocabulário enriquecido por elementos
indígenas e africanos e pelas criações e adoções realizadas em nosso meio.[...] É nas
considerações linguísticas que a comissão decide ressaltar que o que se fala no Brasil é
a língua portuguesa, para fazer tal afirmação eles se lançam na analise da estrutura da
língua falada e escrita, e argumentam que a língua em questão é a portuguesa, por isso,
é essa denominação que cabe a ela. O termo imparcialidade chama-nos a atenção no
discurso analisado, pois nos parece que a visão tratada no documento é feito de maneira
unilateral, como se houvesse a negação novamente da cultura aqui existente.
Orlandi (2005) afirma que diferentemente do que diz o documento de nomeação
do idioma nacional falamos sim uma língua brasileira e não portuguesa.
Considerações
ORLANDI, Eni P. A língua brasileira. Ciência e Cultura. Vol. 57, nº 2. São Paulo,
abril/junho, 2005.