Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
Herpetologia
Brasileira
volume 10 número 2
ISSN: 2316-4670
1
Herpetologia
B rasileira
Uma publicação da Sociedade
Brasileira de Herpetologia
Erythrolamprus dorsocorallinus
Manoel Urbano AC
@ Henrique Nogueira
ISSN: 2316-4670
volume 10 n.úmero 2
Agosto de 2021
Informações Gerais
A revista eletrônica
Herpetologia Brasileira
é quadrimestral (com números em abril, agosto e dezembro) e
publica textos sobre assuntos de interesse para a comunidade
herpetológica brasileira.
Ela é disponibilizada em formato PDF apenas online, na pá-
gina da Sociedade Brasileira de Herpetologia (http://www.
sbherpetologia.org.br/publicacoes/herpetologia-brasileira),
ou seja, não há versão impressa em gráfica. Entretanto, qual-
quer Pessoa pode imprimir este arquivo.
Seções
Notícias da Sociedade Brasileira de Herpetologia:
Esta seção apresenta informações diversas sobre a SBH e é de responsabilidade da
diretoria da SBH.
Notícias de Conservação:
Esta seção apresenta informações sobre a conservação da herpetofauna brasileira.
Resenhas:
Esta seção apresenta textos que resumem e avaliam o conteúdo de livros,
filmes, jogos ou aplicativos de interesse para nossa comunidade.
Obituários:
Esta seção apresenta artigos avisando sobre o falecimento recente de um
membro da comunidade herpetológica brasileira ou internacional, conten-
do uma descrição de sua contribuição para a herpetologia.
Corpo
Editorial
Editores Gerais: História da Herpetologia
Délio Baêta Brasileira
José P. Pombal Jr. Bianca Berneck
Jessica Fratani Teresa Cristina Ávila-Pires
Mariana R. Pontes
Corpo
Editorial
Métodos em Herpetologia:
Alexandro Tozetti
Luís Felipe Toledo
Resenhas:
José P. Pombal Jr.
Quezia Ramalho
Obituários:
Entrar em contato com os editores gerais
Sumário
Notícias da Sociedade Brasileira
de Herpetologia 10
Notícias Herpetológicas Gerais 16
Notícias de Conservação 24
Trabalhos Recentes 36
Métodos em Herpetologia 45
Ensaios & Opiniões 96
Resenhas 109
Notas de História Natural &
Distribuição Geográfica 116
Ilustração
Melanophryniscus admirabilis
@ Ingrid Ribeiro
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Notícias da S. B. H.
Notícias da Sociedade
Brasileira de Herpetologia
Notas dos Editores
Nova tag da HB nas redes: #ArteNaHB
D
urante a seleção das fotos etc de espécies de anfíbios e répteis
para a edição de Abril de brasileiras. *Atenção* para que o ani-
2021, nos deparamos com mal represente uma espécie real (e.g.
a arte lindíssima da Natália Azevedo Bothrops bilineatus). Além disso, a
(Bothrops bilineatus), a qual estampou imagem tem que estar com boa quali-
uma das páginas da revista. dade e, caso selecionada, ainda precisa-
rá ser aprovada pela diagramadora da
Daí pensamos: por que não levantar revista.
uma tag para incluir artes incríveis na
revista Herpetologia Brasileira? Atra- Vem com a gente participar desta ideia
vés dos perfis da HB, temos visto mui- e compartilhar sua arte com a Herpe-
tos desenhos, pinturas e até esculturas tologia Brasileira! Apoie esta ideia, di-
com temática herpetológica e que cer- vulgue!
tamente fariam a revista ainda mais
linda! Assim, apresentamos a tag #Ar- Equipe HB nas redes
teNaHB.
MUDANÇAS NO CORPO EDITORIAL
Se postar uma arte herpetológica baca-
na, marque a tag e ela poderá fazer par-
A Herpetologia Brasileira agradece a
te da revista. Mas preste atenção nas
editora da seção de Trabalhos Recentes
condições:
Jéssica Mudrek e dá boas-vindas a nova
editora da seção Daniela Pareja Mejia.
Serão válidos desenhos a mão livre, de-
senhos digitais, pinturas, esculturas,
10
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Notícias da S. B. H.
Teratohyla midas
Parque Nacional da Serra do Divisor, AC
@Raíssa do N. Rainha
14
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Notícias da S. B. H.
Hydromedusa maximiliani
Zona Rural de Itabira, MG
@Paula C. Neves Barreto
15
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Notícias Herpetológicas Gerais
Notícias
Herpetológicas Gerais
ZooVert Lab: conciliando pesquisa, educação e
preservação ambiental
Ana Carolina Calijorne Lourenço1,*, Lorena R. Pereira1, Beatriz Silva Moreira Nascimento1, Maria
Alicia Lemes de Oliveira1, Bianca Montanha Costa1, Alice de Cássia Jardim Morais 1, Rafael Carva-
lho de Souza1, Jade Mota Cruz1, Pedro Peron1, Kíscyla Caetano Herculano1, Lara Gomes Procópio1,
Brendon de Araújo Gerônimo Feijó1, Sara dos Reis Santos1, João Paulo Silva Martins1, Ian Moreira
Souza2, Rosalvo Arantes Júnior3, Jonas Ferrari Morais4
1 Departamento de Ciências Biológicas, Universidade do Estado de Minas Gerais, Campus Ubá,
36502-000 Ubá, MG, Brasil.
2 Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade, Universidade Federal do Rio de Janeiro, NU-
PEM/UFRJ, Campus Macaé, 27965-045 Macaé, RJ, Brasil.
3 Centro Universitário Governador Ozanam Coelho, Campus Ubá, 36506-022 Ubá, MG, Brasil
4 Associação Regional de Proteção Ambiental, ARPA-Ubá, 36500-001 Ubá, MG, Brasil
*Autor correspondente: E-mail: ana.calijorne@uemg.br
DOI: 10.5281/zenodo.5211352
E
stamos imensamente honrados e to, já é possível perceber traços do perfil
agradecidos pela oportunidade de de nossas pesquisas, com motivações na
apresentar, neste espaço, o traba- taxonomia de vertebrados recentes e na
lho do nosso grupo. Em primeiro lugar educação ambiental. Ainda não contamos
porque esta revista vem desempenhando com espaço físico exclusivo, pois nossa
valoroso papel na divulgação de pesquisas unidade acadêmica, sendo muito recente,
e cientistas envolvidos com a herpetologia enfrenta empecilhos para subsidiar ex-
brasileira. Segundo porque uma das cau- pansões estruturais. Por isso, o laborató-
sas que motiva nosso laboratório é a difu- rio utilizado para realizar experimentos e
são dos saberes científicos com qualidade. processar material é dividido com outros
professores e colegas envolvidos em pro-
O nosso grupo de pesquisa foi fundado jetos diversos da instituição. Nossos en-
recentemente, no ano de 2018, quando a contros mais frequentes ocorrem através
coordenadora do grupo, Dra. Ana Caroli- de videoconferências (Fig. 1) e durante os
na Calijorne Lourenço, foi nomeada como trabalhos de campo propriamente ditos
professora da nossa instituição. Entretan- (seguindo as recomendações de proteção
contra COVID-19).
16
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Notícias Herpetológicas Gerais
Figura 1. Alguns integrantes do ZooVert Lab durante reunião virtual. As reuniões acontecem
ao menos uma vez por mês para debatermos o andamento dos projetos e estreitarmos laços,
principalmente neste momento de isolamento social. Da esquerda para a direita: Ana Carolina
C. Lourenço, Jade M. Cruz, Kíscyla C. Herculano, Sara R. Santos, Alice C. J. Morais, Rafael C. de
Souza, Bianca M. Costa, Lorena R. Pereira, Pedro Peron, Beatriz S. M. Pereira, Lara G. Procópio,
Jonas F. Morais, Brendon A. Gerônimo Feijó e Maria Alicia L. de Oliveira.
ambiental. A região por sua vez recebe esse ga de formação. Suas principais pesquisas
nome devido a sua cobertura vegetal origi- estão relacionadas à sistemática de anu-
nal, a Floresta Tropical de Mata Atlântica, ros, que resultaram em oito publicações
que hoje, infelizmente, está representada nos últimos 3 anos, já como coordenado-
exclusivamente por fragmentos espaça- ra do ZooVert Lab (Lourenço et al., 2019,
dos ao longo do mosaico montanhoso da 2020; Pezzuti et al., 2019; Dielle-Viegas et
região (Dean, 2002; Fundação SOS Mata al., 2020; Lyra et al., 2020; Raposo et al.,
Atlântica, 2019). 2020; Lacerda et al., 2021; Segalla et al.,
2021).
A partir do tema principal estão associa-
dos alguns subprojetos ligados principal- Após um ano da criação do nosso grupo,
mente à taxonomia e história natural da dois trabalhos de conclusão de curso fo-
herpetofauna (Fig. 3). Esta característica ram finalizados. Em um deles analisamos
reflete a trajetória acadêmica da coordena- os casos de acidentes ofídicos na micror-
dora do grupo, que é zoóloga e herpetólo- região de Ubá, Minas Gerais, e no outro
18
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Notícias Herpetológicas Gerais
19
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Notícias Herpetológicas Gerais
20
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Notícias Herpetológicas Gerais
21
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Notícias Herpetológicas Gerais
Lacerda J.V.A., Ferreira R.B., Araujo-Vieira Raposo M.A., Kirwan G. M., Lourenço
K., Zocca C., Lourenço A.C.C. 2021. A new A.C.C., Sobral G., Bockmann F.A., Stopi-
species of Scinax Wagler (Amphibia, Anura, glia R. 2020. On the notions of ‘taxonomic
Hylidade) from the Atlantic Forest, Southe- impediment’, ‘gap’, ‘inflation’, and ‘anar-
astern Brazil. Ichthyology & Herpetology chy’, and their effects on the field of con-
109:522–536. servation. Systematics and Biodiversity
1:1–16.
Lourenço A.C.C., Lingnau R., Haddad
C.F.B., Faivovich J. 2019. A New Species Segalla M.V., Berneck B.V.M., Canedo C.,
of the Scinax catharinae Group (Anura: Caramaschi U., Cruz C.A.G, Garcia P.C.A.,
Hylidae) from the Highlands of Santa Ca- … Langone J.A. 2021. List of Brazilian
tarina, Brazil. South American Journal of Amphibians. Herpetologia Brasileira
Herpetology 14:163–176. 10:121–216.
22
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Notícias Herpetológicas Gerais
Corallus hostulanus
Machadinho D Oeste, RO
@Diego José Santana
23
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Notícias de Conservação
Notícias de Conservação
Conservação da Restinga: o projeto Calango do
Abaeté
André K. Leite1,2,3, Cecil P. Fazolato3,4, Jamille F. Marques1,3,6, Mateus. S. Bonfim1,3,7, Magno L. T.
Oliveira3,5, Moacir S. Tinôco1,3,7,8*, Geraldo J. B. Moura1,2,3,6,7,8*
1 Laboratório de Estudos Herpetológicos e Paleoherpetológicos, Universidade Federal Rural de
Pernambuco, 52171-900 Recife, PE, Brasil.
2 Programa de Pós-Graduação em Biociência Animal, Universidade Federal Rural de Pernambu-
co, 52171-900 Recife, PE, Brasil.
3 Centro de Ecologia e Conservação Animal, Universidade Católica do Salvador, 41740-090 Pitu-
açu, Salvador, BA, Brasil.
4 Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Evolução, Universidade Federal da Bahia,
40170-115 Salvador, BA, Brasil.
5 Programa de Pós-Graduação em Ecologia: Teoria, Aplicação de Valores, Universidade Federal
da Bahia, 40170-290 Salvador, BA, Brasil.
6 Programa de Pós-Graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental Universidade do
Estado da Bahia, 48904-711 Juazeiro, BA, Brasil.
7 Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade, Universidade Federal Rural de Pernambuco,
52171-900 Recife, PE, Brasil.
8 Programa de Pós-Graduação em Território, Ambiente e Sociedade, Universidade Católica do
Salvador, 41740-090 Salvador, BA, Brasil.
*Autor correspondente: E-mail: geraldo.jbmoura@ufrpe.br e moacirtinoco@gmail.com
DOI: 10.5281/zenodo.5211367
A
globais tiveram grande repercussão na
história geológica do plane- história evolutiva e na distribuição de es-
ta foi marcada por diferentes pécies em todo o globo (Hewitt 2000).
eventos que resultaram em Esse período geológico compreende o
profundas transformações nos continen- Quaternário, marcado por oscilações cli-
tes, mudanças no clima e consequente- máticas que influenciaram as variações
no nível do mar, contribuindo com dife-
24
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Notícias de Conservação
Figura 1. Formação típica de restinga no Quaternário do litoral norte da Bahia. A foto ilustra com
clareza a formação típica de dunas de areia branca.
Foto: Barro de Chão.
25
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Notícias de Conservação
da constante exploração dos recursos zolato et al. 2017; Rosário et al. 2019;
naturais (Fazolato et al. 2019). Desde a Trevisan et al. 2020). Este efeito tem
descoberta do potencial comercial e tu- cada vez mais agregado relevância em
rístico das áreas costeiras as atividades entender os hiatos existentes na restin-
econômicas se intensificaram e a restinga ga brasileira. A cada ciclo de avaliação de
passou por modificações da paisagem de espécies ameaçadas, mais espécies mos-
forma acelerada o que ocasionou efeitos tram seu estado de conservação agravado
diversos por toda sua extensão (Marques nesse ambiente, o que chama a atenção
et al. 2019). Atualmente as principais para a necessidade de políticas públicas
ameaças para a restinga brasileira englo- que possam proteger mais eficientemen-
bam a fragmentação do habitat, polui- te os ecossistemas costeiros (Fonseca &
ção, atropelamento, comércio e criações Tinôco 2019).
ilegais e introdução de espécies exóticas
(Fonseca & Tinôco 2019). Neste contexto, diversas bandeiras para
a conservação de ecossistemas ameaça-
dos têm surgido em todo o litoral. Assim,
CONSERVAÇÃO DE LAGAR-
o Glaucomastix abaetensis (Dias et al.,
TOS AMEAÇADOS NA RES- 2002) “calango-do-Abaeté” (Fig. 2), atu-
TINGA DO NORDESTE almente considerada como ameaçada
de extinção (categoria “Em Perigo”) nas
Por ser um ambiente pouco conhecido, Listas Vermelhas de Espécies Ameaça-
estudos recentes têm trazido à luz algu- das Estadual (SEMA 2017) e Nacional
mas discussões a respeito dos processos (MMA 2018), surge como uma espécie
de diversificação de espécies relaciona- guarda-chuva para a conservação da res-
das à restinga (Menezes et al. 2016; Fa- tinga justamente por ser uma das espé-
Figura 2. Calango-
-do-Abaeté (Glauco-
mastix abaetensis)
exemplar típico das
dunas de areia bran-
ca do litoral norte da
Bahia.
Foto: Magno Travas-
sos.
26
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Notícias de Conservação
cies mais ameaçadas do ecossistema na Diante deste cenário, foi criado em 2007
região. Distribuído em subpopulações o projeto Calango do Abaeté (Fig. 3), a
fragmentadas ao longo de aproxima- partir de uma parceria com o IBAMA.
damente 150 km, o calango-do-Abaeté O projeto tem o objetivo de compreen-
restringe-se às faixas de dunas e areias der os padrões ecológicos das espécies
brancas associadas às matas de restin- de lagartos ameaçadas e identificar áreas
gas do litoral norte da Bahia, abrangen- prioritárias para conservação no litoral
do apenas seis municípios baianos em norte da Bahia. Devido ao seu nível de
uma distribuição disjunta e sujeita a for- ameaça, o calango-do-Abaeté foi esco-
te pressão antrópica: Salvador, Lauro de lhido como espécie bandeira do projeto,
Freitas (provavelmente extinta), Cama- porém o mesmo abrange outros lagartos
çari, Mata de São João, Esplanada e En- ameaçados da região, como a lagartixa-
tre Rios. Por este motivo está sob risco -da-restinga Tropidurus hygomi (Rei-
de desaparecer nos próximos 30 anos, nhardt & Luetken, 1861), e o calango
tendo em vista o ritmo de perda do seu Glaucomastix itabaianesis (Rosário et
habitat preferencial, uma vez que, exis- al., 2019) e, indiretamente, as demais es-
te grande especulação imobiliária na re- pécies da herpetofauna local, incluindo
gião, considerada hoje como o principal outras com risco de extinção [Allobates
polo turístico do Estado da Bahia (FIPE olfersioides (Lutz, 1925); Dryadosau-
2015).
Figura 3. Projeto Calango do Abaeté, projeto de conservação da restinga que traz a espécie
como um guarda chuva para sua preservação.
Foto: Acervo Calango do Abaeté.
27
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Notícias de Conservação
Figura 6. Educação
Ambiental em mais de
uma dezena de UC na
região.
Foto: Acervo Calango
do Abaeté.
29
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Notícias de Conservação
30
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Notícias de Conservação
32
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Notícias de Conservação
Fazolato C., Tinôco M.S., Moura G.J.B. Marques J., Porto C.R., Araújo C., Moura
2019. Restinga – História, ocupação e so- G.J.B., Tinôco M.S. 2019. Sociobiodiver-
ciobiodiversidade ameaçadas. Pp. 24–37 sidade, Etnoecologia e Etnoherpetologia.
in Tinôco M.S. (Ed.), Restinga: Herpeto- Pp. 524–531 in Tinôco M.S. (Ed.), Res-
fauna do Litoral Norte da Bahia. Editora tinga: Herpetofauna do Litoral Norte da
Barro de Chão, Salvador. Bahia. Editora Barro de Chão, Salvador.
34
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Notícias de Conservação
Trabalhos recentes
Da Fonte L.F.M., Latombe G., Gordo M., Menin M., De Almeida A.P., Hui C.,
Lötters S. 2021. Amphibian diversity in the Amazonian floating meadows:
a Hanski core-satellite species system. Ecography 44:1–16. doi: https://doi.
org/10.1111/ecog.05610
F
lorestas tropicais e suas bacias odo das cheias, com a conexão entre os
hidrográficas associadas estão rios e os lagos, as macrófitas flutuantes
entre os maiores repositórios são transportadas para os rios, onde se
de biodiversidade do planeta. A bacia tornam um meio de dispersão de longa
amazônica é a maior bacia hidrográfi- distância a sua fauna associada. Apenas
ca, tendo até 30% de suas águas fluindo algumas espécies são adaptadas para a
através de planícies inundáveis. Diver- vida nesse habitat, estando elas local-
sos estudos têm tentado explicar a ori- mente abundantes e comuns em toda a
gem da biodiversidade amazônica, que distribuição dos bancos de macrófitas.
geralmente é relacionada à limitação Por outro lado, a maioria das espécies
da dispersão e vicariância gerados por habita esses bancos ocasionalmente,
eventos históricos (climáticos e geoló- no período das cheias, e são geralmen-
gicos). Apesar de avanços neste tema, te típicos de ecossistemas adjacentes, a
muito ainda falta para compreender a exemplo das várzeas. Para estas espé-
estrutura da biodiversidade em dife- cies, espera-se que sejam localmente
rentes partes na Amazônia. Neste tra- raras e pouco frequentes ao longo da
balho, os autores estudaram os padrões distribuição das macrófitas flutuantes.
e os fatores responsáveis pela estru-
turação da diversidade em bancos de A dicotomia entre as espécies local-
macrófitas flutuantes na região amazô- mente abundantes e comuns no gra-
nica, utilizando anfíbios anuros como diente geográfico (espécies “core”) e as
modelo de estudo. espécies raras localmente e incomuns
no gradiente geográfico (espécies sa-
Os bancos de macrófitas, abundantes télites), é conhecida como o modelo
em lagos de várzea, têm importantes de “core-satellite” de Hanski, que pre-
funções, como a ciclagem de nutrien- sume que esses dois grupos funcionais
tes, além de fornecer abrigo, alimento de espécies operam sob regras ecoló-
e hábitat para a reprodução de diversos gicas diferentes. Os autores testaram
grupos de organismos. Durante o perí- os aspectos funcionais da hipótese de
36
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Trabalhos Recentes
Gendler J.L.P.L., Souza L.N., Marques O.A.V., Miyaji K.T., Medeiros C.R.
2021. Bites by Xenodon merremii (Wagler, 1824) and Xenodon neuwiedii
(Günther, 1863) in São Paulo, Brazil: a retrospective observational study of
163 cases. Toxicon 198:24–31. doi: 10.1016/j.toxicon.2021.04.021
A
cidentes ofídicos são um pro- paciente) entre os anos de 1945 e 2019.
blema de saúde pública negli-
genciado, afetando no mundo Considerando o total de casos registra-
todos os anos cerca de cinco milhões e dos, 123 foram causados por X. merremii
meio de pessoas e ocasionando a morte e 40 por X. neuwiedii. Dados epidemioló-
de 81-138 mil, além de um número três gicos revelam características importantes
vezes maior de amputações e outras se- da história natural dessas espécies. Para
quelas. No Brasil há por ano cerca de 30 ambas a maioria dos acidentes ocorreu
mil acidentes, 8% por serpentes “não pe- na primavera ou verão e durante o perí-
çonhentas” (animais que não possuem odo mais quente do dia (entre 10 e 16 ho-
dentes inoculadores na porção anterior ras), embora o pico para X. merremii foi
da boca). Embora os acidentes causados ao meio dia, enquanto para X. neuwiedii
por algumas destas serpentes sejam gra- variou entre 8 da manhã e 1 hora da tar-
ves, estudos demonstrando o significado de. A maioria dos acidentes foi causada
clínico do envenenamento pela maioria por espécimes adultos em X. neuwiedii, e
delas ainda são raros. por jovens em X. merremii. A razão entre
adultos e jovens variou durante os me-
O presente estudo investigou duas serpen- ses, sendo os acidentes causados princi-
tes do gênero Xenodon que estão entre as palmente por adultos de X. neuwiedii no
espécies “não peçonhentas” que causam verão e por jovens de X. merremii no ou-
mais acidentes no país e são relativa- tono. Os sintomas clínicos mais comuns
mente comuns em áreas urbanas. Dados foram dor, sangramento transitório, erite-
detalhados sobre o envenenamento por ma e edema local, o último mais frequen-
estas serpentes são escassos, entretanto te em X. neuwiedii. Não foram registra-
é sabido que pelo menos uma delas (X. das alterações na coagulação sanguínea
merremii) possui glândulas que produ- ou envenenamento sistêmico, porém 16
zem várias proteínas presentes também pacientes (cerca de 10% dos casos) foram
no veneno de viperídeos (serpentes peço- tratados com soro antibotrópico. Como
nhentas). Apesar de apresentarem denti- essas serpentes podem ser confundidas
ção áglifa, estas espécies possuem dentes com jararacas devido a semelhanças no
posteriores grandes capazes de inocular padrão de coloração e/ou por alguns sin-
esta saliva tóxica mesmo sem dentes sul- tomas locais do envenenamento, os médi-
cados. Foram levantados os registros e cos devem estar atentos a um diagnóstico
dados clínicos de pacientes internados no correto para evitar o uso indevido de soro
Hospital Vital Brazil, Instituto Butantan, antibotrópico, o que eventualmente pode
São Paulo, que sofreram acidentes confir- causar efeitos colaterais graves.
mados por X. merremii ou X. neuwiedii
(os animais foram levados junto com o
Editor: Daniel Silva Fernandes
38
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Trabalhos Recentes
La Laina D.Z., Nekaris K.A.I., Nijman V., Morcatty T.Q. 2021. Illegal on-line
pet trade in venomous snakes and the occurrence of snakebites in Brazil.
Toxicon 193:48–54. doi: 10.1016/j.toxicon.2021.01.010
O
comércio de animais selvagens throps e Crotalus foram responsáveis por
e particularmente aquele en- 86 e 10% dos acidentes, respectivamente e
volvendo animais de estimação, houve registro de comércio ou manutenção
movimenta bilhões de dólares pelo mundo em cativeiro de 241 espécimes pertencen-
e vem crescendo substancialmente nos últi- tes a 16 espécies de serpentes peçonhentas
mos 15 anos. A ampliação do acesso à inter- - nove delas exóticas - com preço médio em
net potencializou esse mercado, sendo as torno de US$ 70. Os gêneros mais comuns
redes sociais um veículo que proporciona mantidos em cativeiro - sendo C. durissus
um contato direto e rápido entre vendedo- a espécie mais registrada - são os mesmos
res e compradores, diminui os custos com responsáveis pela imensa maioria dos aci-
propaganda e garante certo anonimato, im- dentes ofídicos. Além disso, foram regis-
portante principalmente para o comércio tradas 60 apreensões oficiais de serpentes
de espécimes ilegais, incluindo serpentes peçonhentas no país, incluindo quatro es-
peçonhentas. No Brasil, apesar do comér- pécies exóticas, dentre elas representantes
cio e a posse de serpentes peçonhentas em dos gêneros Naja e Ophiophagus que pos-
cativeiro ser ilegal, há inúmeras evidências suem veneno altamente tóxico.
de que estas leis não são cumpridas.
Os dados levantados alertam para os pe-
No presente estudo os autores avaliaram rigos deste tipo de comércio ilegal, dentre
o comércio online de serpentes peçonhen- eles o risco de acidentes (inclusive por es-
tas no Brasil e seus potenciais riscos para pécies exóticas), o fato de várias destas es-
a saúde humana. Foram levantados dados pécies exóticas mantidas em cativeiro se-
de serpentes peçonhentas exóticas e nati- rem reconhecidas como espécies invasoras
vas apreendidas ou comercializadas online em outros países, além da falta de informa-
e a composição de espécies encontradas ções adequadas (tanto por parte dos vende-
neste mercado foi comparada àquelas res- dores quanto compradores), a respeito da
ponsáveis por acidentes ofídicos no país. biologia dos animais, o que pode ocasionar
Os dados destes acidentes foram obtidos a fuga, abandono/soltura em áreas inade-
do Ministério da Saúde, através do SINAN quadas ou mesmo a morte dos animais. Por
(Sistema de Informação de Agravos de No- fim, os autores recomendam penas mais rí-
tificação) entre os anos de 2015 e 2019. Já gidas para os envolvidos, além de campa-
informações sobre comércio online, apre- nhas esclarecendo as consequências de um
ensões oficiais ou abandono destes animais acidente ofídico, sobretudo com espécies
foram compiladas de 2015 a 2020 através exóticas.
das plataformas GoogleTM, YoutubeTM e Fa-
cebookTM. Os resultados apontaram cerca
de 115 mil acidentes ofídicos no período,
resultando em 614 mortes. Os gêneros Bo- Editor: Daniel Silva Fernandes
39
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Trabalhos Recentes
Pinto-Coelho D., Martins M., Guimarães Jr. P.R. 2021. Network analyses
reveal the role of large snakes in connecting feeding guilds in a species-ri-
ch Amazonian snake community. Ecology and Evolution 11:6558–6568. Doi:
.
10.1002/ece3.7508
I
nterações entre consumidores e re- mesmo módulo do que entre eles.
cursos geram redes de interações
Como esperado, os pesquisadores encon-
tróficas. Mas o que será que molda a
traram que espécies de serpentes grandes
estrutura dessas redes? Quais característi-
contribuem para um padrão de aninha-
cas das espécies estariam atreladas aos pa-
mento da rede. Indo além, os boídeos se-
drões que emergem a partir dessas redes?
riam os grandes responsáveis por esse ani-
Para responder a estas perguntas, Daniela
nhamento pois Boa constrictor, Epicrates
Pinto-Coelho e colaboradores analisaram
cenchria, Corallus hortulanus e Eunectes
uma comunidade de serpentes amazôni-
murinus consomem uma ampla gama de
cas, cuidadosamente descrita no clássico
recursos. No entanto, os pesquisadores
trabalho de M. Martins e E. Oliveira em
também encontraram sinal para a presen-
1998. Especificamente, os pesquisadores
ça de modularidade caracterizando a rede.
estavam interessados em saber se a pre-
Neste caso, no entanto, as responsáveis
sença de serpentes grandes estaria associa-
foram espécies com hábitos de vida mais
da a um padrão de aninhamento da rede.
particulares, como por exemplo algumas
O aninhamento nas redes nada mais é do
espécies arborícolas de Dipsas, que conso-
que especialistas utilizando recursos que
mem exclusivamente moluscos, e espécies
os generalistas também utilizam. Dado que
fossoriais, como as espécies de Atractus,
grandes predadores consomem uma gama
especialistas em minhocas.
de recursos mais ampla do que os predado-
res menores, a presença de serpentes gran- Trabalhos como este trazem implicações
des favoreceria o aninhamento na rede da que vão bem além das serpentes e seus re-
comunidade de serpentes amazônicas. Por cursos. Detectar padrões não-aleatórios
outro lado, se a especialização na dieta es- como os descritos significa detectar sinais
tivesse dirigindo a estrutura dessa rede, deixados por processos ecológicos e evolu-
os pesquisadores esperavam observar um tivos que moldam os sistemas ecológicos.
padrão de modularidade. Modularidade é Além disso, descrever os padrões caracte-
uma medida de densidade de interações rizando as redes de interação permite tam-
que, neste caso, é caracterizada pela for- bém inferir quão robustos a perturbações
mação de grupos (módulos) de espécies são esses sistemas ecológicos. Trabalhos
que compartilham recursos alimentares. como o de Pinto-Coelho et al. são também
Os módulos alimentares são compostos valiosas fontes para auxiliar em um pla-
por espécies que sobrepõem parcial ou to- nejamento mais efetivo da conservação da
talmente em suas dietas. Espécies em um biodiversidade.
módulo podem até compartilhar recursos
com espécies de outros módulos, porém as
interações são mais intensas dentro de um Editora: Laura Alencar
40
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Trabalhos Recentes
N
esse artigo, pesquisadores do Encontraram grande variedade de cores
Brasil e dos EUA investigaram entre as localidades, mas pouca ou nenhu-
possíveis explicações para a ma variação de cores dentro de uma úni-
variedade de cores que a espécie Anolis ca localidade. Uma mesma cor de barbela
fuscoauratus apresenta nas suas barbelas ocorre na Amazônia e na Mata Atlântica,
(em inglês singular, “dewlap”: “flap” de por exemplo. Apesar disso, não encontra-
pele na região gular dos lagartos anoles). ram correlação entre a diversidade genéti-
Testaram se essa variedade se deve às di- ca e a distribuição desses fenótipos, o que,
vergências evolutivas, aos fatores abióti- segundo os autores, indica possível perda
cos e/ou bióticos do habitat dos animais, ou ganho da característica diversas vezes
ou se ela existe em função de competição na história evolutiva da espécie. Igual-
de nicho reprodutivo com outros anoles mente, as estimativas de ocupação espa-
das comunidades em que vivem. cial das variedades de barbelas também
não se correlacionaram com as caracterís-
Para isso, fizeram a pesquisa em quatro ticas bióticas e abióticas das localidades de
passos principais. Primeiro amostraram a ocorrência.
diversidade da cor de barbelas de A. fusco-
auratus e sua distribuição geográfica em Entretanto, parece que a variação das co-
32 localidades da Amazônia e Mata Atlân- res das barbelas está relacionada com a
tica, utilizando inventários de campo acu- presença de outras espécies de Anolis, de
mulados por duas décadas. Em seguida modo que barbelas claras (amarelas) de
testaram se as populações com barbelas A. fuscoauratus ocorrem menos frequen-
de cores semelhantes são geneticamente temente se outras espécies simpátricas
relacionadas, sequenciando marcadores apresentam barbelas claras. E, da mesma
do tipo ddRAD (“double-digested RAD”) forma, barbelas escuras (cinzas) ocorrem
para inferir árvores filogenéticas e estru- menos frequentemente se outras espécies
tura populacional. simpátricas apresentam barbelas escuras.
Esses resultados, portanto, sugerem que
Em um terceiro passo, investigaram a cor- esse fenótipo analisado de A. fuscoaura-
relação entre 17 variáveis ambientais e a tus apresenta possivelmente um desaco-
distribuição das cores das barbelas, para plamento de caráter reprodutivo, o que
entender se fatores climáticos, topográfi- merece ser melhor investigado.
cos e vegetacionais poderiam explicar a va-
riação geográfica. Por último, testaram se
as cores das barbelas estão correlacionadas Editora: A. Sabbag
com a presença de outras espécies de ano-
les co-ocorrendo com A. fuscoauratus.
41
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Trabalhos Recentes
Straube N., Lyra M.L., Paijmans J.L.A., Preick M., Basler N., Penner J.,
Rödel M.O., Westbury M.V., Haddad C.F.B., Barlow, A., Hofreiter M. 2021.
Successful application of ancient DNA extraction and library construction pro-
tocols to museum wet collection specimens. Molecular Ecology Resources: In
Press. DOI: https://doi.org/10.1111/1755-0998.13433.
H
á vários anos que um dos maiores O DNA extraído foi incorporado em biblio-
desafios das coleções zoológicas e tecas de simples fita. Esta é uma técnica
da “herpetologia molecular” era que separa as fitas de DNA antes de serem
como sequenciar DNA de exemplares que ligadas a adaptadores, maximizando dessa
passaram pelo formol em seu processo de fi- forma a obtenção da informação. Em se-
xação. O formol, assim como a água e o pró- guida, o DNA foi sequenciado em sequen-
prio tempo de fixação, degradam facilmente ciadores Illumina®. Os autores analisaram
o DNA de espécimes de coleções zoológicas a fragmentação do DNA e a capacidade de
mantidas em meio líquido. Por isso, esse recuperação dos dados através de bioin-
tipo de coleção é uma das mais desafiadoras formática; e analisaram a composição do
para extração e sequenciamento de DNA. DNA (se possui muito DNA contaminante,
por exemplo). Adicionalmente, avaliaram
Esse estudo, feito por pesquisadores brasi-
a performance das técnicas quantificando
leiros da herpetologia e pesquisadores euro-
o DNA obtido de amostras da cobra-real
peus, utilizou organismos de quatro grupos
(Ophiophagus hannah) com seu genoma
de vertebrados (Lissamphibia, Squamata,
referência já publicado. Essas etapas de
Euteleostei e Chondrichthyes) com o ob-
bioinformática são importantes porque as
jetivo de testar combinações de protocolos
sequências de DNA degradados obtidas são
para obter boas sequências de DNA a partir
sempre muito curtas (nesse caso, por exem-
de amostras antigas e degradadas. Segundo
plo, tiveram em média 31 pb), e associá-las
os autores, duas coisas são importantes ao
ao espécime utilizado torna-se difícil. Isso
se tratar de problemas como esses: o cuida-
resulta em ambiguidades em mapeamen-
do com as primeiras etapas da extração, e
tos, chance de sequenciar sequências conta-
os protocolos de bioinformática para trata-
minantes, etc.
mento dos dados obtidos.
No trabalho, os autores obtiveram, com
Os estudos foram feitos a partir de 57 amos-
sucesso, sequências de todos os espécimes
tras de tecidos, de 33 espécimes de museu,
analisados. Entre diversos outros resulta-
incluindo três espécies de répteis e 12 espé-
dos importantes, eles encontraram que não
cies de anfíbios anuros. Inicialmente, tenta-
são necessárias altas concentrações de DNA
ram melhorar os protocolos de digestão ini-
para recuperar sequências de genoma en-
cial de DNA, para maximizar as obtenções
dógeno (genoma do indivíduo alvo). Os au-
de DNA total, testando cinco métodos dife-
tores ainda fornecem um extenso material
rentes de digestão. Com o resultado desses
suplementar para auxiliar pesquisadores
testes, puderam inclusive testar estatistica-
a obterem amostras de DNA de espécimes
mente, entre outras coisas, se havia correla-
mantidos em coleções úmidas. E mostram
ção entre DNA total extraído e a quantidade
como esse trabalho pode ajudar na obten-
de tecido ou a idade do espécime.
ção de informações genéticas de espécimes
raros ou extintos da natureza.
42
Editora: A. Sabbag
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Trabalhos Recentes
Xenodon merremi
Villa de las rosas, Cordoba - Argentina
@Francisco Brito
43
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Trabalhos Recentes
Ranitomeya amazonica
Floresta Nacional de Caxiuanã - PA
@Ana Paula V. Costa-Rodrigues
44
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
Métodos em Herpetologia
A Morfometria Geométrica e suas aplicações nos estudos de
Serpentes
Natália Malaquias Souto1,2,4*, Roberta Azeredo Murta-Fonseca2,3, Daniel Silva
Fernandes1,2
RESUMO
D
de serpentes foi realizada uma
pesquisa bibliográfica na qual fo- esde os primórdios da bio-
ram levantados 55 artigos que uti- logia a descrição da morfo-
lizam essa técnica no estudo do logia dos organismos serve
grupo. O tema mais abordado é como base para estudos de classifica-
a variação morfológica associada ção taxonômica e diversidade de espé-
ao habitat (20% dos artigos), se- cies, elevando a importância da análise
guido por delimitação de espécies da forma em diversos estudos biológi-
e variação morfológica associada cos (Adams et al. 2013). No século XVI
à dieta (17% cada). A maior parte o pintor e geômetra Albrecht Dürer,
desses trabalhos utiliza a morfo- em seu livro ‘‘Vier Bücher von mens-
logia externa da cabeça como fon- chlicher Proportion’’ (Quatro livros de
te de informação (51%), seguida proporções humanas, tradução livre)
pela osteologia craniana (30%). de 1528, apresentou as primeiras ten-
Existe uma variedade de análises tativas de caracterizar as diferentes for-
estatísticas multivariadas utiliza- mas das estruturas do corpo humano
das nos trabalhos dependendo do por meio de deformações dos desenhos
objetivo. Contudo, cada vez mais sobre uma grade sobreposta na qual
estudos que relacionam a morfo- modificações do tamanho das linhas e
logia a fatores bióticos e/ou abi- quadrículas causavam transformações
óticos buscam avaliar a relação nas proporções das estruturas (Mon-
desses caracteres em um contex- teiro & Reis 1999; Mitteroecker & Gunz
to evolutivo através de métodos 2009; Reyment 2010). No final do sé-
filogenéticos comparativos, o que culo XIX o zoólogo D’Arcy W. Thomp-
configura uma técnica poderosa son em seus estudos que culminaram
para identificar associações e in- na publicação da obra “On Growth and
ferir pressões seletivas que gera- Form” (Sobre o crescimento e a forma)
ram a diversidade biológica. Com (Thompson 1917), retornou aos concei-
essa pesquisa foi possível obser- tos de linhas e quadrículas de Albrecht
var um número crescente de es- Dürer, sendo esse estudo considerado
tudos de serpentes utilizando MG um marco para a exploração da temá-
e a partir dos resultados dos mes- tica da morfometria (Bookstein 1991;
mos há a amplificação das possi- Marcus et al. 1996; Cohen 2004; Fornel
bilidades de novas abordagens, o & Cordeiro-Estrela 2012). O método de
que permitirá uma melhor com- coordenadas proposto por Thompson
preensão da evolução, ecologia e baseava-se em mapear a localização de
morfologia das serpentes. pontos homólogos entre as diferentes
formas biológicas através da constru-
46
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
47
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
48
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
49
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
Figura 2. Classificação dos marcos anatômicos. Quadrados Azuis: Tipo I – Justaposição de teci-
dos; Círculos Vermelhos: Tipo II – pontos de máxima curvatura ou outros processos morfogené-
ticos locais; Triângulos Verdes: Tipo III – pontos extremos (sensu Bookstein, 1991).
sos de translação, escalonamento e ro- to) (Fig. 4C). Por fim, os objetos ainda
tação, respectivamente) (Kendall 1977; diferem na orientação e são rotaciona-
Bookstein 1996; Zelditch et al. 2004; dos (processo de rotação) através do
Galán 2015). Isso significa que para método dos quadrados mínimos para
que seja possível comparar as formas se alinharem de maneira que a soma
de organismos ou estruturas utilizan- dos quadrados das distâncias entre os
do a MG, é necessário que estes efeitos marcos correspondentes seja a menor
sejam retirados dos objetos através de possível (Fig. 4D). Após a execução
um processo chamado “superposição”. destas três etapas, as diferenças res-
tantes entre os marcos anatômicos das
Existem vários métodos de superposi- duas configurações correspondem a di-
ção, sendo o mais difundido atualmen- ferenças de forma. Ao final desse pro-
te o método de superposição parcial de cesso são obtidas as coordenadas dos
Procrustes (Rohlf & Slice 1990; Slice marcos anatômicos (agora chamadas
2001). Para exemplificar uma análise coordenadas de Procrustes), que serão
comum deste método com duas con- utilizadas para o cálculo das distâncias
figurações de marcos anatômicos usa- de Procrustes. A distância de Procrus-
remos o crânio da serpente Liophis tes é a principal medida de diferença
miliaris (Linnaeus, 1758) (Fig. 4). Pri- de forma entre configurações de mar-
meiro as duas configurações em estudo cos anatômicos, correspondendo à raiz
possuem localização, tamanho e orien- quadrada da soma dos quadrados das
tação diferentes (Fig. 4A). A variação distâncias entre marcos corresponden-
na localização é removida através da tes após a superposição de Procrustes
translação, ou seja, o deslocamento das (Klingenberg 2020).
configurações de marcos com a sobre-
posição dos seus centros de gravidade. Em estudos biológicos normalmente
Isso é obtido através da centralização são utilizadas mais de duas configura-
das coordenadas cartesianas dos cen- ções de marcos anatômicos, sendo ne-
troides das duas configurações na ori- cessário realizar o ajuste simultâneo de
gem dos eixos de variação (0,0) (Fig. todas as configurações através da Aná-
4B). Entretanto, as configurações cen- lise Generalizada de Procrustes (Rohlf
tralizadas ainda diferem em escala (di- & Slice 1990). Assim como na análise
ferenças de tamanho), sendo este efeito comum de superposição, também é
retirado através da divisão de cada co- utilizado o ajuste por quadrados míni-
ordenada das configurações pelo tama- mos, porém de forma iterativa. Em um
nho do respectivo centroide, o que leva primeiro momento todas as configura-
à homogeneização do tamanho do cen- ções são ajustadas a uma configuração
troide das configurações centralizadas alvo escolhida aleatoriamente (normal-
para o valor igual a 1,0 (escalonamen-
53
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
54
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
Existe uma diversidade de temas que po- et al. 2017; Abegg et al. 2020; Lucchini et
dem ser abordados utilizando a MG como al. 2020); variação morfológica intraespe-
ferramenta de estudo (Fig. 7A). O Apêndi- cífica, estudos metodológicos com Serpen-
ce I contém uma tabela com os principais tes como modelo e alometria estática (5%
temas abordados por cada artigo. A área cada) (Variação Intraespecífica - Smith &
mais abordada usando a MG e serpentes é Collyer 2008; Sarris et al. 2012; Showalter
a variação morfológica associada ao habi- et al. 2014; Lucchini et al. 2020. Metodo-
tat (presente em 20% dos artigos) (Manier logia – Lawing & Polly 2010; Baum et al.
2004; Head et al. 2009; Yi & Norell 2015; 2014; Palci & Lee 2018; Souto et al. 2019.
Esquerré & Keogh 2016; Fabre et al. 2016; Alometria estática - Sarris et al. 2012; And-
Segall et al. 2016; Allemand et al. 2017; Pal- jelkovic et al. 2016; Tamagnini et al. 2018;
ci et al. 2017, 2018; Moshtaghie et al. 2018; Abegg et al. 2020); estudos sobre a origem
Da Silva et al. 2018; Silva et al. 2017; Segall ecológica (4%) (Yi & Norell 2015; Palci et
et al. 2019, Esquerré et al. 2020; Segall et al. 2017; Da Silva et al. 2018); evolução da
al. 2020); seguida por delimitação de es- forma do corpo (3%) (Head et al. 2009;
pécies e variação morfológica associada à Head & Polly 2015); e estudo com espécies
dieta (17% cada) (Delimitação de espécies - que mimetizam serpentes (1%) (Hossie &
Manier 2004; Gentilli et al. 2009; Moreno- Sherratt 2014).
-Barajas et al. 2013; Magiacotti et al. 2014;
Showalter et al. 2014; Mezzasalma et al. A maior parte desses estudos utiliza a mor-
2015; Ruane 2015; Barbo et al. 2016; Davis fologia externa da cabeça como fonte de
et al. 2016; Pokrant et al. 2016; Akman & informação (51%), seguida pela osteologia
Goçomem 2019; Belgheiszadeh et al. 2019; craniana (30%); vértebras (9%); orelha in-
Keates et al. 2019. Dieta - Meik et al. 2012; terna (5%); forma do dente (3%) e um dos
Smith 2014; Andjelkovic et al. 2016, 2017; estudos utilizou a forma da genitália femi-
Fabre et al. 2016; Klaczko et al. 2016; San- nina (2%) (Fig. 7B e Apêndice I). O grande
tos et al. 2017; Silva et al. 2018; Sherratt et número de estudos utilizando a morfologia
al. 2019; Rajabizadeh et al. 2020; Rhoda externa da cabeça pode estar associado a
et al. 2020; Segall et al. 2020; Cleuren et uma maior facilidade de obtenção de ma-
al. 2021); dimorfismo sexual (15%) (Ma- terial nas coleções, visto que as técnicas
nier 2004; Smith & Collyer 2008; Meik et mais utilizadas para acessar a morfologia
al. 2012; Henao-Duque & Ceballos 2013; interna realizam procedimentos mais des-
Andjelkovic et al. 2016; Silva et al. 2017; trutivos. Por esses motivos, os curadores
Tamaginini et al. 2018; Loebens et al. de coleções zoológicas podem ser restriti-
2019; Murta-Fonseca et al. 2019; Abegg et vos quanto ao uso de tais técnicas, especial-
al. 2020; Lucchini et al. 2020); ontogenia mente no caso de material-tipo ou táxons
(8%) (Murta-Fonseca & Fernandes 2016; raros (Bell & Mead 2014; Souto et al. 2019).
Palci et al. 2016; Silva et al. 2017; Esquerré Nesses casos, o uso do micro-CT scan pode
57
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
58
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
Figura 7. Temas e estruturas abordados em estudos de Serpentes utilizando MG. A: Temas abor-
dados. B: Estruturas utilizadas.
59
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o22--Métodos
Métodosem
emHerpetologia
Herpetologia
ro & Reis 1999; Zelditch et al. 2004; For- multivariada (Sarris et al. 2012; Andjelko-
nel & Cordeiro-Estrela 2012). A robustez vic et al. 2016; Murta-Fonseca & Fernandes
da CVA, assim como das análises discri- 2016; Silva et al. 2017; Esquerré et al. 2017;
minantes, pode ser verificada através de Abegg et al. 2020; Lucchini et al. 2020;
testes de permutação e validação cruzada, Cleuren et al. 2021). Essas análises buscam
respectivamente (Monteiro & Reis, 1999; verificar se existe relação entre variáveis
Zelditch et al. 2004). Muitos trabalhos tes- dependentes e uma variável independente.
taram as diferenças entre grupos através de Neste caso as variáveis dependentes repre-
Análises de Variância de Procrustes (ANO- sentam a forma e são relativas aos escores
VA de Procrustes) ou Análise de Variância da regressão, refletindo uma direção ou ve-
Multivariada (MANOVA) (e.g. Mangiacotti tor das coordenadas de Procrustes que está
et al. 2014; Showalter et al. 2014; Yi & No- relacionado ao tamanho do centróide (ou
rell 2015; Andjelkovic et al. 2016; Davis et log do tamanho do centróide). A variável
al. 2016; Segall et al. 2016; Tamagnini et al. independente é o tamanho, representado
2018, Cleuren et al. 2021). Outra possível justamente pelo tamanho do centróide ou
abordagem utilizando análises de variância log do tamanho do centróide (Klingenberg
hierárquica nos trabalhos de MG é a avalia- 2016; Murta-Fonseca & Fernandes 2016).
ção de erros na tomada de fotografias e na
digitalização dos marcos anatômicos (Klin- Finalmente, os resultados de estudos de
genberg & McIntyre 1998; Klingenberg et MG também servem para avaliar a correla-
al. 2002; Klingenberg 2015; Murta-Fon- ção de caracteres em um contexto evoluti-
seca & Fernandes 2016; Andjelkovic et al. vo. Esse tipo de abordagem pode ser usado,
2017; Moshtaghie et al. 2018; Murta-Fon- por exemplo, em estudos que relacionam a
seca et al. 2019; Souto et al. 2019). Para isso morfologia a hábitos (e.g. uso do habitat)
podem ser comparadas duas fotografias di- e/ou dieta (Klaczko et al. 2016; Esquerré
ferentes do mesmo indivíduo e duas digita- et al. 2017; Da Silva et al. 2018; Sherrat et
lizações distintas de marcos anatômicos da al. 2019; Segall et al. 2020; Cleuren et al.
mesma fotografia. Para que os resultados 2021). Em biologia, estudos que compa-
obtidos em análises posteriores não sejam ram características morfológicas e ambien-
enviesados, as diferenças entre as fotogra- tais, aliados a hipóteses de relacionamento
fias do mesmo indivíduo e os marcos ana- filogenético avaliados através de métodos
tômicos da mesma fotografia devem ser filogenéticos comparativos, configuram
menores do que as diferenças entre os in- uma técnica poderosa para identificar as-
divíduos (Souto et al. 2019). sociações e inferir pressões seletivas que
geraram a diversidade biológica (Pizzato
Outro tipo de análise muito utilizada, prin- et al. 2007). Desta forma, estudar comple-
cipalmente em trabalhos de ontogenia e xos morfológicos em grupos monofiléticos
alometria, são as análises de Regressão de serpentes permite que as relações entre
60
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
morfologia e hábitos sejam avaliadas sob cia de estudos que abordem a morfologia
um contexto evolutivo (Martins et al. 2001; pós-craniana e a morfologia interna de
Pizzatto et al. 2007). maneira geral. Em suma, cada estudo nos
traz uma peça de um quebra-cabeça que
PERSPECTIVAS FUTURAS ainda está longe de ser totalmente monta-
do e, mesmo que um trabalho tenha um es-
copo bastante específico, na visão geral ele
Como pode ser notado, o número de estu-
pode trazer justamente a peça que faltava
dos de serpentes utilizando MG vem au-
para nos permitir avançar cada vez mais
mentando ao longo dos últimos anos e a
na compreensão deste grande e complexo
partir dos resultados oferecidos pelos mes-
grupo de animais.
mos é possível observar uma amplificação
das possibilidades de novas abordagens.
Os avanços tecnológicos e de conhecimen- AGRADECIMENTOS
to estão viabilizando o desenvolvimento
de novos programas computacionais e a Agradecemos a P. Passos e P. C. Paiva pelo
elaboração de análises que nos permitem apoio nas primeiras revisões. Ao Fábio A.
fazer perguntas cada vez mais complexas e Machado e mais um revisor anônimo pelos
levar em conta um número cada vez maior valiosos comentários sobre o artigo. NMS
de variáveis. Com tantas perspectivas, po- recebeu apoio financeiro da Coordenação
demos dizer que há espaço para diversos de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Su-
pesquisadores explorarem as diferentes perior - Brasil (CAPES) - Código Financeiro
vertentes proporcionadas pela MG de ma- 001. RAMF foi apoiada pela Universidade
neira colaborativa e a soma de todos esses Federal de Mato Grosso do Sul e financiada
estudos permitirá uma melhor compreen- pela Coordenação de Aperfeiçoamento de
são da evolução, ecologia e morfologia das Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES)
serpentes. Como primeiro passo para deli- – Código Financeiro 001. DSF agradece ao
mitação de um estudo de MG com serpen- Conselho Nacional de Desenvolvimento
tes, pode-se considerar grupos e comple- Científico e Tecnológico (CNPq) (processo
xos morfológicos ainda pouco explorados. 308567/2019-6), Coordenação de Aper-
Em relação aos grupos, algumas famílias feiçoamento de Pessoal de Nível Superior
de serpentes foram muito mais estudadas (CAPES) (processo 88887.159161/2017-
que outras e quando pensamos em táxons 00); e Fundação de Amparo à Pesquisa do
menos inclusivos - como tribos, gêneros e Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) (pro-
espécies – a carência de estudos e as pos- cesso E-26/211.154/2019).
sibilidades de abordagens utilizando MG
aumentam consideravelmente. Em rela-
ção aos complexos morfológicos, podemos
observar que ainda há uma grande carên-
61
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
62
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
Bell C.J., Mead J.I. 2014. Not Enough Bookstein F.L. 1997. Landmark me-
Skeletons in the Closet: Collections-Ba- thods for forms without landmarks:
sed Anatomical Research in an Age of Morphometrics of group differences in
Conservation Conscience. The Anato- outline shape. Medical Image Analysis
mical Record 297:344–348. 1:225–243.
Blackith R., Reyment R.A. 1971. Mul- Bookstein F.L., Chernoff B., Elder R.L.,
tivariate morphometrics. Academic Humphries J. M., Smith G.R., Strauss
Press, New York. R.E. 1985. Morphometrics in evolutio-
nary biology. Special publication. Aca-
Bookstein F.L. 1982. Foundations of demy of Natural Sciences Press, Phila-
Morphometrics. Annual Review of delphia.
Ecology and Systematics 13:451–470.
Cleuren S.G.C., Hocking D., Evans A.R.
Bookstein F.L. 1984. A Statistical Me- 2021. Fang evolution in venomous
thod for Biological Shape Compari- snakes: Adaptation of 3D tooth shape
sons. Journal of Theoretical Biology to the biomechanical properties of their
107:475–520. prey. Evolution 75: 1377–1394. doi: doi.
org/10.1111/evo.14239
Bookstein F.L. 1986. Size and Shape
spaces for landmark data in two dimen- Cohen C. 2004. Gould at D’arcy
sions. Statistical Science 1:181–242. Thompson. Comptes Rendus Palevol
3:421–431.
Bookstein, F.L. 1989. “Size and shape”.
A comment on semantics. Systematic Da Silva F.O., Fabre A.-C., Savriama Y.,
Zoology 38:173–190. Ollonen J., Mahlow K., Herrel A., ... Di-
-Poi N. 2018. The ecological origins of
Bookstein F.L. 1991. Morphometric To- snakes as revealed by skull evolution.
ols for Landmark Data: Geometry and Nature Communications 9:376.
63
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
Davis M.A., Douglas M.R., Collyer Fabre A-C, Bickford D., Segall M., Her-
M.L., Douglas M.E. 2016. Deconstruc- rel A. 2016. The impact of diet, habi-
ting a Species- Complex: Geometric tat use, and behaviour on head shape
Morphometric and Molecular Analyses evolution in homalopsid snakes. Bio-
Define Species in the Western Rattles- logical Journal of the Linnean Society
nake (Crotalus viridis). PLoS ONE 118:634–647.
11:e0146166. doi:10.1371/journal.
pone.0146166. Fernandes D.S., Marques O.A.V., Argô-
lo A.J.S. 2010. A new species of Dipsas
Drake A.G., Klingenberg C.P. 2010. Lar- Laurenti from the Atlantic Forest of
ge-scale diversification of skull shape in Brazil (Serpentes: Dipsadidae). Zoota-
domestic dogs: disparity and modulari- xa 2691:57–66.
ty. American Naturalist 175:289–301.
Fisher R.A. 1936. The use of multiple
Dryden I.L., Mardia K.V. 2016. Statisti- measurements in taxonomic problems.
cal Shape Analysis with Application in Annals of Eugenics 7:179–184.
R. Wiley, New York.
Fornel R., Cordeiro-Estrela P. 2012.
Esquerré D., Keogh J.S. 2016. Parallel Morfometria geométrica e a quantifica-
selective pressures drive convergent di- ção da forma dos organismos. Pp 101–
versification of phenotypes in pythons 120 in Marinho J.R., Hepp L.U., Fornel
and boas. Ecology Letters 19:800–809. R. (Orgs.). Temas Em Biologia: Edição
Comemorativa aos 20 anos do Curso de
Esquerré D., Sherratt E., Keogh J.S. Ciências Biológicas e aos 5 anos Do PP-
2017. Evolution of extreme ontogenetic G-Ecologia a URI Campus de Erechim.
allometric diversity and heterochrony EDIFAPES, Erechim.
in pythons, a clade of giant and dwarf
snakes. Evolution 71:2829–2844. Galán A.L. 2015. Morfometría geomé-
trica: el estudio de la forma y su apli-
Esquerré D., Donnellan S., Brennan cación en biologia. Temas de Ciencia y
I.G., Lemmon A.R., Lemmon E.M., Tecnología 19:53–59
Zaher H., Grazziotin F., Keogh J.S.
2020. Phylogenomics, biogeography, Galton F. 1888. Co-relations and their
and morphometrics reveal rapid phe- measurement, chiefly from anthropo-
notypic evolution in pythons after cros- metric data. Proceeding of the Royal
sing Wallace’s line. Systematic Biology Society of London 45:219–247
69:1039–1051.
64
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
Gentilli A., Cardini A., Fontaneto D., Hossie T.J., Sherratt T.N. 2014. Does
Zuffi M.A.L. 2009. The phylogenetic defensive posture increase mimetic fi-
signal in cranial morphology of Vipera delity of caterpillars with eyespots to
aspis: a contribution from geometric their putative snake models? Current
morphometrics. Herpetological Jour- Zoology 60:76–89.
nal 19:69–77
Humphries J.M., Bookstein F.L., Cher-
Goodall C.R. 1983. The statistical analy- noff B., Smith G.R., Elder R.L., Poss
sis of growth in two dimensions. PhD S.G. 1981. Multivariate discrimination
dissertation, Department of Statistics, by shape in relation to size. Systematic
Harvard University, USA. Zoology 30:291–308.
66
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
Lillywhite H.B. 2014. How snakes Manier M.K. 2004. Geographic varia-
work: structure, function, and beha- tion in the long-nosed snake Rhino-
vior: of world’s snakes. Oxford Univer- cheilus lecontei (Colubridae): Beyond
sity Press, New York. the subspecies debate. Biological Jour-
nal of the Linnean Society 83:65–85.
Linnaeus C. 1758. Systema naturæ per
regna tria naturæ, secundum classes, Marcus L.F. 1990. Traditional mor-
ordines, genera, species, cum charac- phometrics. Pp 77–122 in Rohlf F.J.,
teribus, differentiis, synonymis, locis. Bookstein F.L. (Eds), Proceedings of the
Tomus I. Editio decima, reformata. Michigan morphometrics workshop.
Laurentii Salvii, Holmiæ, Stockholm. University of Michigan Museum of Zo-
ology. Ann Arbor, Michigan.
Loebens L., Hendges C.D., Almei-
da-Santos S.M., Cechin S.Z. 2019. Marcus L.F., Bello E., Garcia-Valdeca-
Morphological variation and sexu- sas A. 1993. Contributions to Morpho-
al dimorphism in two sympatric dip- metrics. Monografias, Museo Nacional
sadine snakes from Southern Brazil. de Ciencias Naturales, Consejo Supe-
Zoologischer Anzeiger 280:42–51. rior de Investigaciones Cientificas, Ma-
doi:10.1016/j.jcz.2019.03.004. drid.
Lucchini N., Kaliontzopoulou A., Val Marcus L.F., Corti M., Loy A., Naylor G.
G.A., Martínez-Freiría F. 2020. Sour- J.P., Slice D.E. 1996. Advances in Mor-
ces of intraspecific morphological va- phometrics. NATO ASI series A: Life
riation in Vipera seoanei: allometry, Sciences, Plenum Press, New York.
sex, and colour phenotype. Amphibia-
-Reptilia 2020:1–16 Martins M., Araújo M.S., Sawaya R.J.,
Nunes R. 2001. Diversity and evolu-
Machado A.C., Silva M.A., Filho R.D.T., tion of macrohabitat use, body size and
Pfeil M.S., Lima I., Lopes R.T. 2015. 3D morphology in a monophyletic group
investigation of steel fiber distribution on Neotropical pitvipers (Bothrops).
in reinforced concrete by X-ray micro- Journal of Zoology 254:529–538.
tomography. Revista IBRACON de Es-
truturas Materiais 8:707–720. Mcnulty K.P., Vinyard C.J. 2015. Mor-
phometry, Geometry, Function, and
Mangiacotti M., Limongi L., Sanno- the Future. The Anatomical Record
lo M., Sacchi R., Zuffi M.A.L., Scali S. 298:328–333.
2014. Head shape variation in eastern
and western Montpellier snakes. Acta
Herpetologica 9: 167–177 67
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
Meik J.M., Setser K., Mociño-Deloya E., Mosimann J.E. 1970. Size allometry:
Lawing A.M. 2012. Sexual differences size and shape variables with characte-
in head form and diet in a population rizations of the lognormal and genera-
of Mexican lance-headed rattlesnakes lized gamma distributions. Journal of
Crotalus polystictus. Biological Jour- the American Statistical Association
nal of the Linnean Society 106:633– 65:930–945.
640.
Murta-Fonseca R.A., Fernandes D.S.
Mezzasalma M., Dallasta A., Loy A., 2016. The skull of Hydrodynastes gi-
Cheylan M., Lymberakis P., Zuffi M.A., gas (Duméril, Bibron & Duméril, 1854)
… Guarino F.M. 2015. A sisters’ story: (Serpentes: Dipsadidae) as a model of
comparative phylogeography and taxo- snake ontogenetic allometry inferred
nomy of Hierophis viridiflavus and H. by geometric morphometrics. Zoomor-
gemonensis (Serpentes, Colubridae). phology 132:33–241. doi: 10.1002/
Zoologica Scripta 44:495–508. ar.22852.
69
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
Rohlf F.J. 2003. tpsRelw, Versão 1.37. dipsadinae). Zoology 120:24–30. doi:
Disponível em: http://life.bio.sunysb. 10.1016/j.zool.2016.09.003.
edu/morph
Sarris I., Marugán-Lobón J., Chame-
Rohlf F. J., Bookstein F. L. 1987. A ro B., Buscalioni A.D. 2012. Shape va-
comment on shearing as a method for riation and allometry in the precloacal
“size correction.” Systematic Zoology vertebral series of the snake Daboia
36:356–367. russelli (Viperidae). International
Journal of Morphology 30:1363–1368.
Rohlf F.J., Bookstein F.L. 1990. Proce-
edings of the Michigan morphometrics Segall M., Cornette R., Fabre A-C., Go-
workshop. Ann Arbor: The University doy-Diana R., Herrel A. 2016. Does
of Michigan Museum of Zoology Spe- aquatic foraging impact head sha-
cial Publication 2:147–166. pe evolution in snakes? Proceedings
of the Royal Society 283:20161645.
Rohlf F.J., Slice D. 1990. Extensions of doi:10.1098/rspb.2016.1645.
the Procrustes method for the optimal
superimposition of landmarks. Syste- Segall M., Herrel A., Godoy-Diana R.
matic Zoology 39:40–59. 2019. Hydrodynamics of frontal stri-
king in aquatic snakes: drag, added
Rohlf F.J., Marcus L.F. 1993. A revolu- mass, and the possible consequences
tion in morphometrics. Trends in Eco- for prey capture success. Bioinspira-
logy and Evolution 8:129–132. tion & Biomimetics 14:036005.
Ruane S. 2015. Using geometric mor- Segall M., Cornette R., Godoy-Diana R.,
phometrics for integrative taxonomy: Herrel A. 2020. Exploring the functio-
an examination of head shapes of nal meaning of head shape disparity in
milksnakes (genus Lampropeltis). Zo- aquatic snakes. Ecology and Evolution
ological Journal of the Linnean Socie- 10:6993–7005.
ty 174:394–413.
Sherratt E., Sanders K.L., Watson A.,
Santos M.M., Da Silva F.M., Hingst- Hutchinson M.N, Lee M.S.Y., Pal-
-Zaher E., Machado F.A., Zaher H.E.D., ci A. 2019. Heterochronic Shifts Me-
Prudente A.L.D.C. 2017. Cranial adap- diate Ecomorphological Convergence
tations for feeding on snails in spe- in Skull Shape of Microcephalic Sea
cies of Sibynomorphus (Dipsadidae: Snakes. Integrative and Comparative
Biology 59:616–624. doi: 10.1093/icb/
icz033.
70
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
Showalter I., Todd B.D., Brennan P.L.R. morphology by diet manipulation. Jour-
2014. Intraspecific and interspecific va- nal of Morphology 275:1339–1348.
riation of female genitalia in two spe-
cies of watersnake. Biological Journal Souto N.M., Pinna P.H., Machado A.S.,
of Linnean Society 111:183–191 Lopes R.T. 2017. New records, mor-
phological variation, and description
Silva F.M., Oliveira L.S., Nascimen- of the skull of Liophis dorsocorallinus
to L.R., Machado F.A., Prudente A.L. Esqueda, Natera, La Marca and Ilija-
2017. Sexual dimorphism and ontoge- -Fistar, 2005 (Serpentes: Dipsadidae).
netic changes of Amazonian pitvipers Herpetological Review 48:532–537.
(Bothrops atrox). Zoologischer Anzei-
ger 271:15–24. Souto N.M, Murta-Fonseca R.A., Ma-
chado A.S., Lopes R.T., Fernandes D.S.
Silva F.M., Prudente A.L.C., Machado 2019. Snakes as a model for measuring
F.A., Santos M.M., Zaher H., Hingst- skull preparation errors in geometric
-Zaher E. 2018. Aquatic adaptations morphometrics. Journal of Zoology
in a Neotropical coral snake: a study of 309:12–21.
morphological convergence. Journal of
Systematic and Evolutionary Resear- Sundberg P. 1989. Shape and size-cons-
ch 56:382–394. trained principal component analysis.
Systematic Zoology 38: 166-168.
Slice D. 2001. Landmark Coordinates
Aligned by Procrustes Analysis Do Not Strauss R.E., Bookstein F.L. 1982. The
Lie in Kendall’s Shape Space. Systema- truss body form reconstructions in
tic Biology 50:141–149. morphometrics. Systematic Zoology
31:113–135.
Smith M.T., Collyer M.L. 2008. Regio-
nal variation and sexual dimorphism Tamagnini D., Stephenson J., Brown
in head form of the prairie rattlesnake R.P., Meloro C. 2018. Geometric mor-
(Crotalus viridis viridis): comparisons phometric analyses of sexual dimor-
using new analytical techniques and phism and allometry in two sympatric
collection methods. Pp 79–90 in Hayes snakes: Natrix helvetica (Natricidae)
W.K, Beaman K.R, Cardwell M.D, Bush and Vipera berus (Viperidae). Zoology
S.P. (Eds). The biology of rattlesnakes. 129:25–34.
Loma Linda Press, California.
Teissier G. 1938. Un essai d’analyse fac-
Smith M.T. 2014. Induction of pheno- torielle. Les variants sexuels de Maia
typic plasticity in rattlesnake trophic squinada. Biotypologie 7:73–96.
71
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
Micrurus pyrrhocryptus
Villa de las rosas - Cordoba, Argentina
@Francisco Brito
72
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
74
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
75
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
76
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
RESUMO
INTRODUÇÃO
A
ranavirose é uma doença recebe esse nome por ser causada por
infecciosa emergente com agentes virais grandes de DNA (entre
rápida disseminação e alta 120 e 200 nm) do gênero Ranavirus
letalidade que acomete os vertebrados (Rv), da família Iridoviridae (Chinchar
ectotérmicos (peixes, anfíbios e rép- 2002), sendo atualmente divididos em
teis), sendo cada vez relatada com mais dois grupos: i) os Rv associados aos an-
frequência (Mazzoni et al. 2009; Duf- fíbios (AARVs – Amphibian-associa-
fus et al. 2015). Essa combinação entre ted ranaviruses) que também podem
gravidade e aumento no número de ca- infectar répteis, incluem as linhagens
sos tornou obrigatória a sua notificação Frog virus 3 (FV3-like), Ambystoma
à Organização Mundial de Saúde Ani- tigrinum virus (ATV-like) e Common
mal (OIE; Schloegel et al. 2009). No midwife toad virus (CMTV-like), e ii)
Brasil, a notificação deve ser feita di- os Rv associados aos peixes: Grouper
retamente ao Ministério da Agricultu- iridovirus (GIV-like), European catfish
ra, Pecuária e Abastecimento (MAPA) virus (ECV-like) e Epizootic haema-
que através do Serviço Veterinário Ofi- topoietic necrosis virus (EHNV-like)
cial (SVO) investiga o caso e repassa os (Jancovich et al. 2015; Price et al. 2016;
dados à OIE (MAPA 2020). A doença Candido et al. 2019; Fig. 1).
Figura 1. Relações filogenéticas dos grupos de espécies de Ranavirus (baseada em Candido et al.
2019). AARV (Amphibian-associated ranaviruses) se refere ao grupo dos Ranavirus associados
aos anfíbios.
78
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
MÉTODOS DIAGNÓSTICOS
Métodos não invasivos: diagnós-
tico visual
Figura 2. Indivíduo de Pelophylax perezi co-
Os sinais clínicos da infecção por Rv letado na Serra das Estrelas, Portugal, apre-
em anfíbios consistem principalmente sentando sinais clínicos no focinho da doença
em lesões na pele, hemorragia inter- causada pelos Ranavirus.
na, eritema (Fig. 2) e comportamento Foto: João Martins.
79
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
Métodos invasivos: não letais Amostras de cauda de girinos
Utilizam-se como formas não letais de Com uma tesoura esterilizada, corta-
diagnóstico do Rv, principalmente, a -se cerca de 0.5 a 1 cm da extremidade
coleta da ponta de dedo ou artelho (ar- distal da cauda do girino, que deve ser
ticulação de falanges), cauda de girinos, armazenada em um microtubo estéril,
amostras de sangue, e de secreção a par- preferencialmente em temperatura de
tir do suabe da região da cloaca, cavida- -80 °C até a extração do DNA (Gray et
de oral ou lesões na pele (Pessier & Men- al. 2012), ou em microtubo estéril con-
delson III 2010; Gray et al. 2012; Miller tendo etanol 70% em temperatura am-
et al. 2015). A coleta dessas amostras, biente.
abaixo descritas, deve ser realizada com
cautela para evitar contaminação cruza- Amostras de sangue
da entre as amostras, sendo imprescin-
A coleta de amostra de sangue é feita
dível a troca de luvas entre o manuseio
por punção da veia abdominal ou cardí-
dos animais. Além disso, todos os ins-
aca do animal utilizando agulha de cali-
trumentos envolvidos nesses processos
bre 25G (0.5 mm; Pessier & Mendelson
de manuseio devem ser esterilizados
2010). A amostra sanguínea deve ser
com imersão em álcool P.A., seguido de
imediatamente inserida em um cartão
exposição à uma chama aberta (Forzán
FTA (qualquer marca), onde será trans-
& Wood 2013), ou por imersão em de-
portado até o laboratório.
sinfetante Virkon S a 1% por, no míni-
mo, 20 minutos (Bryan et al. 2009). Es- Amostras coletadas por suabes
sas amostras podem ser testadas para a
presença do Rv por sorologia (amostras O suabe deve ser passado nas regiões
de sangue) ou a partir de técnicas mo- alvo, rodando suavemente o suabe na
leculares, como PCR ou qPCR. Porém, cavidade oral ou cloacal por 3 a 5 se-
essas técnicas podem gerar falsos nega- gundos, ou esfregada de forma cuida-
tivos e, portanto, é indicado que elas se- dosa na lesão. O mesmo suabe pode ser
jam utilizadas de forma complementar utilizado para a região bucal e cloacal
umas com as outras no mesmo indiví- do mesmo indivíduo (Goodman et al.
duo (Gray et al. 2012). 2013). Cada suabe deve ser mantido em
um microtubo estéril com etanol abso-
Amostras de falanges luto (99.5%) em temperatura ambiente
ou em um microtubo estéril a seco em
A coleta é realizada amputando-se um temperatura de -20 °C, até extração do
dígito do animal com auxílio de pinça e DNA em laboratório (Miller et al. 2015).
tesoura esterilizados. Cada amostra deve
ser armazenada em um microtubo estéril
contendo etanol 70% (Miller et al. 2015).
80
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
TÉCNICAS MOLECULARES mente dados de ocorrência da infecção)
do DNA viral na amostra analisada. Por
As técnicas moleculares para detecção outro lado, quando o objetivo é o pos-
do Rv em amostras provenientes do terior sequenciamento da região alvo
hospedeiro utilizam marcadores mole- do vírus, a técnica comumente utiliza-
culares para a amplificação parcial do da para a obtenção do produto é o PCR
gene que codifica a proteína principal convencional.
do capsídeo (Major Capsid Protein:
MCP). Essa é uma região conservada PCR Convencional (PCR)
entre as espécies do gênero Ranavirus
e, portanto, permite a detecção do ví- Existem diversos protocolos para a
rus independentemente da linhagem. detecção de Rv por PCR convencio-
Porém, a região alvo do gene MCP e os nal (e.g. Mao et al. 1997; Mazzoni et
oligonucleotídeos (primers) utilizados al. 2009) e deve-se ter em mente que
na amplificação parcial desse gene va- a temperatura de anelamento (Ta) dos
primers à sequência de DNA alvo pode
riam entre os protocolos, que apresen-
variar de acordo com os oligonucleo-
tam produtos de diferentes tamanhos e
tídeos utilizados (Tab. 3). Destacamos
sequências de nucleotídeos (Mao et al.
o protocolo de Mazzoni et al. (2009),
1997; Allender et al. 2013).
pois foi desenvolvido a partir da linha-
gem FV3-like isolada durante um even-
Para a detecção quantitativa do vírus to de mortalidade em massa de girinos
nas amostras, utiliza-se a técnica da re- de rã-touro em ranário brasileiro. Esse
ação em cadeia da polimerase em tem- protocolo utiliza primers desenhados
po real (qPCR), na qual a maioria dos para amplificar 1483 pares de base (pb)
protocolos conhecidos envolve o uso do gene MCP dessa linhagem FV3-like
de uma sonda TaqMan (Pallister et al. (Tab. 3), e 233 pb do gene DNA-depen-
2007; Allender et al. 2013; Kolby et al. dente da RNA polimerase II (Pol-III
2014; Warne et al. 2016; Leung et al. primer senso: TCACCGCCGCAGACA-
2017), embora também existam proto- TCTTTAG; primer anti-senso: GTAAC-
colos que utilizam o corante SYBR Gre- CGTTCTTTTCGCAGTGG).
en (Jaramillo et al. 2012). Ainda que
nenhuma dessas técnicas moleculares Cada reação utiliza entre 1 e 5 µL do
permita identificar se o vírus está ativo DNA da amostra, 12.5 µL do reagen-
dentro do hospedeiro, o uso do qPCR é te GoTaq® DNA Polymerase (Pro-
vantajoso em relação ao PCR conven- mega, EUA), 1.0 µL de cada primer a
cional, pois permite a quantificação de 10 µM, e água ultrapura até completar
cópias virais (i.e., fornece dados de car- o volume de 25 µL. As condições de ter-
ga viral), enquanto o PCR convencional mociclagem utilizadas neste protocolo
somente permite a detecção (i.e., so- são: uma etapa de pré-aquecimento em
81
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
Histologia PCR
qPCR
convencional
Tipo de amos- Tecido Cultura do vírus / Cauda / Falange / Cauda / DNA am-
tra biológica DNA ambiental / San- Sangue / Secreção biental / Falange /
gue / Tecido (cloaca, oral, lesão) / Sangue / Secreção
Tecido (cloaca, oral, lesão)
/ Tecido
Número de ~ 150 amos- Até 94 amostras (sim- Até 188 amostras Até 188 amostras
amostras tras por bloco plicata) + NTC + con- (duplicata) + NTC + (duplicata) + NTC +
de parafina/ trole positivo controle positivo controle positivo
resina
Custo* ~ USD 12.00 ~USD 3.00 por amos- ~ USD 10.42 por ~ USD 11.35 por
por bloco tra + valor extração amostra + valor amostra + valor
(múltiplos DNA extração DNA extração DNA
cortes)
Desvantagens Somente post- Não permite quanti- Inespecífico (se liga Custo alto devido ao
-mortem; não ficação viral na amos- a qualquer molécula uso de sonda fluo-
possibilita tra; a visualização dos de DNA); formação rescente; necessita
quantificação resultados é feita por de dímeros de pri- extração de DNA
do DNA alvo eletroforese mers
*O custo por reação para cada método foi calculado em dólares americanos (taxa de
conversão BRL 5: USD 1) considerando o valor médio dos reagentes e material de con-
sumo utilizados.
82
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
Protocolo de Allender et al. (2013) com centração (7.5 ng/µL) e uma amostra
modificações (Candido & Sousa 2018) controle, com adição de água no lugar
do DNA (NTC – non-template control),
Esse protocolo foi inicialmente desen- ambos em duplicata. Pode-se adicionar
volvido por Allender et al. (2013) para BSA (albumina de soro bovino) à rea-
detectar e quantificar o vírus em tarta- ção para reduzir a ação de inibidores
rugas (Terrapene carolina carolina) e, de PCR e, portanto, diminuir a possi-
recentemente, adaptado por Candido bilidade de falsos negativos no ensaio
& Sousa (2018) para a detecção do Rv (Garland et al. 2010). No caso de não
em peixes. Esse protocolo foi também se utilizar o BSA, substituir a mesma
validado para a detecção de Ranavirus quantidade por água livre de nuclea-
infectando anfíbios em ambientes na- ses. A quantidade de cada reagente por
turais no Brasil (Ruggeri et al. 2019). reação se encontra na Tab. 2. A cicla-
Aqui, nós testamos o protocolo modifi- gem empregada no protocolo compre-
cado (Candido & Sousa 2018) com dois ende um ciclo à 50 ºC por 2 minutos
reagentes, ambos sendo bem sucedidos (incubação da UDG/UNG) para evitar
no ensaio: Platinum® quantitative PCR contaminação com produto de PCR de
SuperMix-UDG com adição do ROX Re- ensaios anteriores, seguido por uma in-
ference Dye (diluição 1:10) e TaqMan® cubação a 95 ºC por 10 minutos para
Universal PCR Master Mix (Thermo desnaturação inicial e ativação da DNA
Fisher Scientific), e apresentamos algu- polimerase, e 40 ciclos a 95 °C por 15
mas considerações sobre o protocolo. segundos e 60 °C por um minuto.
Uma vez que existem diferentes linha-
gens de Ranavirus distribuídas glo-
Esse é um protocolo simples uma vez
balmente, é importante destacar que o
que não é necessário utilizar uma cur-
protocolo foi eficiente na amplificação
va padrão para cada ensaio, desde que
de linhagens norte americanas (Allen-
as amostras estejam na concentração
der et al. 2013) e brasileiras (Ruggeri et
de 7.5 ng/µL. Por outro lado, deve-se
al. 2019) tanto em peixes quanto em gi-
atentar que cada ensaio apresenta ca-
rinos e com diferentes reagentes (esse
racterísticas próprias, como erro de pi-
trabalho; Tab. 2). Esse protocolo utiliza
petagem, possíveis variações na tempe-
uma sonda fluorescente, que permite
ratura do termociclador de diferentes
a quantificação do DNA alvo em cada
marcas, e o uso de reagentes mais ou
amostra (Tab. 3).
menos novos, por exemplo.
Neste protocolo, o DNA extraído das
amostras deve ser diluído na concentra-
ção de 7.5 ng/µL. Deverão ser incluídos
uma amostra positiva na mesma con-
85
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
DNA amostra (7.5 ng/μL) 2.0 μL DNA amostra (7.5 ng/μL) 2.0 μL
86
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
Primer AAAGACCCGTTTTGCAGCAAAC
anti-senso
Primer GCTGCCAAGATGTCGGGTAA
anti-senso
Sonda 6FAM-CCGGCTTTCGGGC-MGB-NFQ
Sonda FAM-CCTCATCGTTCTGGCCATCAACCAC
-TAMRA
Sonda VIC-TTATAGTAGCCTRTGCGCTTGGCC-
MGB-NFQ
87
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
88
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
J.A., ... Pessier A.P. 2019. Ranavirus Duffus A.L.J., Waltzek T.B., Stöhr A.C.,
infection dynamics and shedding in Allender M.C., Gotesman M., Whit-
American bullfrogs: consequences for tington R.J., ... Marschang R.E. 2015.
spread and detection in trade. Diseases Distribution and host range of ranavi-
of Aquatic Organisms 135:135–150. ruses. Pp 9–57 in Gray M.J., Chinchar
V.G. (Eds), Ranaviruses: lethal patho-
Bryan L.K., Baldwin C.A., Gray M.J., Mil- gens of ectothermic vertebrates. Sprin-
ler D.L. 2009. Efficacy of select disinfec- ger. New York.
tants at inactivating Ranavirus. Diseases
of Aquatic Organisms 84:89–94. Forzán M.J., Wood J. 2013. Low detec-
tion of ranavirus DNA in wild postme-
Candido M., Sousa R.L.M. 2018. Aspec- tamorphic green frogs, Rana (Litho-
tos celulares e moleculares da ranavirose bates) clamitans, despite previous or
experimental em tilápias do Nilo (Oreo- concurrent tadpole mortality. Journal
chromis niloticus). Ph.D. Dissertation, of Wildlife Diseases 49:879–86.
Universidade de São Paulo, Brasil.
Galli L., Pereira A., Márquez A., Maz-
Candido M., Tavares L.S., Alencar zoni R. 2006. Ranavirus detection by
A.L.F., Ferreira C.M., Queiroz S.R.A., PCR in cultured tadpoles (Rana cates-
Fernandes A.M., Sousa R.L.M. 2019. beiana Shaw, 1802) from South Ameri-
Genome analysis of Ranavirus frog vi- ca. Aquaculture 257:78–82.
rus 3 isolated from American Bullfrog
(Lithobates catesbeianus) in South Garland S., Backer A., Phillott A.D.,
America. Scientific Reports 9:17135. Skerratt L.F. 2010. BSA reduces inhibi-
tion in a TaqMan® assay for the detec-
Chinchar G.V. 2002. Ranaviruses tion of Batrachochytrium dendroba-
(family Iridoviridae): emerging cold- tidis. Diseases of Aquatic Organisms
-blooded killers. Archives of Virology 92:113–116.
147:447–470.
Goodman R.M., Miller D.L., Ararso
Dimitrieva S., Bucher P. 2013. UCNE- Y.T. 2013. Prevalence of ranavirus in
base - a database of ultraconserved Virginia turtles as detected by tail-clip
non-coding elements and genomic re- sampling versus oral-cloacal swabbing.
gulatory blocks. Nucleic Acids Resear- Northeastern Naturalist 20:325–332.
ch 41(D1):D101-D109.
Gray M.J., Miller D.L., Hoverman J.T.
2012. Reliability of non-lethal sur-
91
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
Julian J.T., Glenney G.W., Rees C. Mazzoni R., Mesquita A.J., Fleury L.
2019. Evaluating observer bias and F.F., Brito W.M.E.D., Nunes I.A., Ro-
seasonal detection rates in amphibian bert J., ... Catroxo M.H.B. 2009. Mass
pathogen eDNA collections by citizen mortality associated with a virus 3-like
scientists. Diseases of Aquatic Orga- Ranavirus infection in farmed tadpoles
nisms 134:15–24. Rana catesbeiana from Brazil. Disea-
ses of Aquatic Organisms 86:181–191.
Kolby J.E., Smith K.M., Berger L., Ka-
Miaud C., Arnal V., Poulain M., Valen-
resh W.B., Preston A., Pessier A.P.,
tini A., Dejean T. 2019. eDNA increases
Skerrat L.F. 2014. First Evidence of
92
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
Bolitoglossa caldwellae
Tarauacá, AC
@Ubiratã Souza
94
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Métodos em Herpetologia
Ceratophrys cornuta
Resex do Baixo Juruá - Juruá, AM
@Raíssa do N. Rainha
95
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Ensaios & Opiniões
T
stereotypes and the lack of refer- he Instituto Nacional de Comu-
ences or role models. At the same nicação Pública da Ciência e Tec-
time that the gender gap in STEM is nologia – INCT-CPCT (National
a hot topic of discussion, Brazilian Institute of Public Communication of Sci-
government is threatening progress ence and Technology, in English) conduct-
of science in the country. There is a ed a survey to summarize the opinions of
need to develop actions to dissemi- young Brazilians (15 to 24 years old) re-
nate research on herpetology and garding science and technology, including
educate the population on the Bra- their perceptions of fake news, and how
zilian herpetofauna (amphibians they access general knowledge (INCT-
and reptiles). When the role of wom- CPCT 2019). They found that science and
en herpetologists is promoted, it technology is the third most relevant topic
generates greater representation so of interest under a wide range of themes,
that young researchers, women, and such as religion, sports, and politics, sug-
other transfeminine minorities feel gesting that this audience has a great inter-
encouraged to dedicate themselves est in the theme (INCT-CPCT 2019). How-
to science. To this end, the H2H ini- ever, being interested does not necessarily
tiative promotes research and other equate to being informed about a given
97
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Ensaios & Opiniões
subject. The same study showed that 93% ence communication has a historically pa-
of the young people interviewed reported triarchal structure that favors cisnorma-
not remembering the name of any Brazil- tive male scientists (Holman et al. 2018;
ian scientist, and 87% could not name any Astegiano et al. 2019), facing dilemmas in
national research institution. This lack of representativeness, with few women1 tak-
knowledge is especially worrying when ing positions in outreach activities (Pupo
68% of the respondents reported difficul- et al. 2017; Astegiano et al. 2019). Fortu-
ty in identifying whether science-related nately, this scenario has shown significant
news is trustworthy or not (INCT-CPCT progress in the last decade, with growing
2019). However, this result is not surpris- representation and participation of wom-
ing since Brazil is the country that most en in the fields of Science, Technology, En-
prolifically uses social media across Latin gineering, and Math – STEM (Holman et
America, with primary access via mobile al. 2018; Shannon et al. 2019). Yet, the ex-
devices (Dourado 2019). pressive performance of women in scien-
tific dissemination has not been followed
Even though the use of social media for by their due recognition. An example is the
science communication has grown consid- Prêmio José Reis de Divulgação Científica
erably in recent years, there is still a dis- (José Reis Award for Scientific Dissem-
tinct lack of scientists engaged in outreach ination, in English), the most renowned
activities on social media (Massarani & accolade in this area, which has only been
Moreira 2016). The increased consump- awarded to six women in the previous 40
tion of scientific content by the non-spe- editions, showing an evident male preva-
cialized public during the COVID-19 pan- lence (Adabo 2017).
demic made the engagement of Brazilian
scientists with science communication
an urgent matter (Chagas & Massarani 1 We would like to emphasize that, throughout the
2020). Scientific dissemination relies on text, when we use the term woman/women, we include
the active and continuous contact of the all cisgender women, transgender women, non-binary
scientific culture-sphere with the citizen transfeminine persons, women of all races and ethnici-
(Lima et al. 2016) and, consequently, with ties. And when we use the term male/man it refers to
the greater engagement of the society in cis men. We have not changed the term used in the pu-
issues that deal with science and technolo- blications we cite in the text and we do not know whe-
gy critically and reflectively (Cabral & Per- ther the terms woman/women and male/man in these
reira 2011). The scientific dissemination texts refers to the same audience that we have chosen
work encompasses, among others, activi- to include under the same term. We also encourage
ties developed in institutions and the pro- other researchers to pay attention to the use of the term
duction of content for social media (Adabo and to the public that they include in their research, as
2017). Similar to academia in general, sci- it is a common clipping error in the work of treating
woman/women as only cisgender women.
98
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Ensaios & Opiniões
The gender gap in academia represents press; Mohan & Dharwadkar, 2021). This
a subject of growing discussion (Ceci & phenomenon of specific groups abandon-
Williams 2011; O’Brien & Hapgood 2012; ing careers along their professional path is
Shaw & Stanton 2012; Sheltzer & Smith called “the leaky pipeline” (Pell 1996). Still,
2014). When we look at the reality for women’s scientific production has been
transgender women, travestis (Brazilian strongly negatively impacted, especially
term for exclusive gender of transfeminine compared to men, during the COVID-19
persons, but not necessarily self-identi- pandemic, with even more severe impacts
fied as a transgender woman), and other observed among black women (Parent in
transfeminine individuals, the reality is Science 2020).
challenging and require further studies.
The gender difference regarding the en- In addition to the gender bias issue, sci-
try and progression within academia is a ence in Brazil is passing through a time
reported problem to any transgender per- of extreme hardship, with a dramatic re-
son that tries to surpass the oppressive duction of science funding by the Brazilian
barriers that exist in our society and con- government since 2016. Although scientif-
sequently in the academic environment ic entities have spoken out against budget
(Vergueiro 2016; Gibney 2019; O’Quinn cuts, investment in science and technolo-
& Fields 2020; Turney et al. 2020). Gen- gy has been halved (Petherick 2017; Leta
der bias has also been documented in the et al. 2018; Barbosa 2019). The disconti-
Brazilian herpetology community (Carna- nuity and extinction of programs aimed at
val 2016; Werneck et al. 2019), where ste- science, technology, and innovation call
reotypes of vanity, emotional fragility, in- for the scientific community to take action
security, and lack of physical strength are and increase their dialogue with society.
used as arguments to discourage women In response, a group of female scientists
from collecting data in the field. Although observed this need to disseminate the im-
many women start their studies and scien- portance of studies in their working area
tific careers in herpetology, their scientific and contribute to the conservation of rep-
progression and persistence are affected tiles and amphibians by raising society’s
by several factors, possibly related to im- awareness of environmental education.
plicit judgment bias involving academic Additionally, there was a desire to high-
and social spheres (Buckles 2019; Wer- light the excellent research conducted by
neck et al. 2019; Montesinos et al. 2021). Brazilian scientists in the field and pro-
Unequal opportunities, lack of representa- mote greater female participation in Bra-
tion in certain areas, and motherhood are zilian herpetology. That is how the Herpe-
among the main factors responsible for tologia Segundo as Herpetólogas – H2H
the non-permanence or challenges to the (Herpetology According to Women Her-
progression of women in this profession petologists, in English) was created. The
(Benício & Fonseca 2019; Cyriac et al. in H2H initiative was conceived by Daniella
99
Herpetologia Brasileira vol. 10 n. 2 - Ensaios & Opiniões
França and founded in August 2018 along reach a broad audience, mostly taken via
with six other female scientists. The team social media; by giving lectures and cours-
currently includes 9 participants working es at schools, universities, and museums;
voluntarily, but another eight participants and participating in scientific meetings.
have previously been active in the initia- In addition, H2H shares scientific discov-
tive (Fig. 1). On May 27, 2021, the initia- eries made by women, highlighting their
tive had many followers on the H2H social performance in herpetology and academia
media pages (8425 likes and 8636 follow- in general. For example, ‘Perereca Talks’
ers on Facebook, 9766 on Instagram, 3580 are a series of interviews periodically held
on Twitter, but these numbers continue to online where the public has the chance
grow). Different actions are developed to to meet with Brazilian women herpetolo-
gists. Thus, these events represent a mo-
ment to share information, in-
spiration, and humanization
of science. The initiative also
promotes awareness of human
actions around reptiles and amphibians. transgender equity became more promi-
A summary of the main activities can be nent, aiming to construct as equalitarian a
seen in Figure 2. scientific communication environment as
possible.
Aiming to better understand the audience,
offer a space of support and visibility, and The results obtained from the first ques-
contemplate general interest in the initia- tionnaire (62 respondents), which was
tive, four surveys were conducted – two in applied only to female herpetologists, sug-
2019 and two in 2020. All questionnaires gested that women are not comfortable
were carried out through the Google expressing opinions on social media. This
Forms platform and shared on the H2H result is related to sexist attitudes. Many
initiative’s social media and other social women reported having to even stop par-
networks (Whatsapp, Twitter, Instagram, ticipating in discussion groups due to ma-
and Facebook). The surveys were available chismo (common and oppressive behav-
for 15 days. It is important to note that ior of a society where culturally ingrained
during the first two attempts to conduct masculine pride resides; Bernal et al.
the online surveys, the transgender com- 2019) and hostile behaviors.
munity was unconsciously unconsidered.
In 2020, however, discussions related to
101
Herpetologia Brasileira vol. 10 no. 2 - Ensaios & Opiniões
The second questionnaire (58 respon- the channels to update their knowledge in
dents) was applied only to female her- preparation for classes, courses, and lec-
petologists (mothers and non-mothers). tures. These data show that working with
From them, 43.1% reported that their ac- scientific dissemination on social media is
ademic career influenced their decision to essential to raise awareness among people
become mothers, more than they thought regarding their environmental impacts.
they would have been influenced if they
had chosen another profession. As a re- The fourth and final questionnaire (481 re-
flection, more than half of the interview- spondents) showed that 45% of the initia-
ees (55.6%) chose not to have children (or tive’s audience are between 25 and 34 years
at least not yet). Many women postpone old, and 32% between 18 and 24 years old,
plans to be mothers as they think it is not with varying education levels (elementary-
“the right time” yet, while others wait for and high- school, undergraduate, and grad-
a permanent position, which tends to hap- uate). Additionally, 69.2% of the audience
pen only after the age of 30. Nevertheless, was composed of women, 29.5% by men,
82.6% believe that having children signifi- and 0.2% classified themselves as queer/
cantly impacts their careers than expected non-binary, 0.4% as fluid, and 0.6% chose
to affect men. Of the interviewed herpe- not to answer. The survey participants use
tologist mothers, 15.5% report that their the H2H social media channels mostly
academic productivity has decreased since to search for information and curiosities
they became mothers and 86% have heard (65.7%), to help with questions (41.2%),
or witnessed unpleasant comments about and for fun (22%). In addition, participants
career-related motherhood. When asked mentioned that the initiative offers a collec-
whether there are incentives for women tive space, visibility and helps in the search
researchers and other professionals in her- for professional contacts.
petology who wish to be mothers to con-
tinue their careers, 36.8% answered no,
The dissemination of science plays an es-
and 45.6% believed that these incentives
sential role in expanding the general pop-
are starting to appear, albeit very slowly.
ulation’s knowledge. However, it is para-
mount to increase the visibility and voices
In the third survey (253 respondents), al- of female references and improve gender
though most of the respondents (38.3%) equity to stem the unconscious percep-
do not consistently (e.g., every week) fol- tions of sexist stereotypes in Brazilian her-
low any scientific dissemination channel, petology. Recognizing this scenario is es-
the H2H initiative was found to be one of sential to plan for change and allow more
the most cited channels (4.3%). Among women and girls to feel encouraged to
them, 79% reported that they use the dedicate themselves to science. To achieve
channels of scientific dissemination out of this, proposals to increase the represen-
curiosity, while 73% of this audience uses tation of women in herpetology, such as
102
Herpetologia Brasileira vol. 10 no. 2 - Ensaios & Opiniões
good practices and conduct in the work- to discuss content and have reliable and
place and inclusion of the maternity leave relevant sources. It is a particularly mean-
in the curriculum lattes (Werneck et al. ingful action that promotes the formation
2019), will contribute to a better portrayal of citizens with critical thinking.
of these professionals in STEM.”
By sharing the collective experience of the
FUTURE PLANS H2H initiative, there is an intention to en-
courage other women to promote spaces
The H2H initiative plans to increase face- of female protagonism in their fields. The
to-face activities, such as lectures at educa- hope is that H2H may inspire the develop-
tional institutions, to encourage girls, teen- ment and champion of similar initiatives in
agers, and young women to pursue their other countries, starting an international
interest in science, especially in herpetolo- and collaborative network of women and
gy. Another aim is to showcase the initia- increasing the visibility of local scientists.
tive at Brazilian and international scientific We believe that these actions will also in-
events, focusing on biology and education, crease international research collabora-
as done during the Brazilian Congress of tions and contribute to reducing gender
Herpetology in 2019. H2H’s intends that bias in the authorship of scientific papers
these presentations inspire and encourage and enhancing diversity in research groups.
more scientists to create similar initiatives,
both for the inclusion of women and other Finally, H2H seeks to value activities in
social minorities in science. herpetology led by women who strive to
build a future with gender equality in sci-
Another future goal is to expand educa- ence. For that, the initiative warmly invites
tional activities, increase female represen- women in herpetology to contribute to the
tation in herpetology in all Brazilian states, H2H social media channels, sharing their
and promote visits to local communities work, scientific findings, or whatever they
lacking education and inspirational pro- want. We also welcome help and creative
fessionals. There is also a plan to partici- ideas for improving the H2H website as
pate more actively in the teaching process, a space to share photos, research, and art
offering nature conservation and science related to herpetology, in order that it can
communication courses to school teach- be an effective tool for other researchers to
ers. This training will help school teach- communicate and enhance their research.
ers promote educational activities (e.g., The website also includes means to contact
games and practical classes), such as cre- many women herpetologists across Brazil
ating a profile or channel on social media and abroad; monthly updates on scien-
where students and teachers can publish tific publications; suggestions of movies,
scientific dissemination content and share books, and digital content related to biol-
their production process. They will be able ogy, feminism, science for children, and,
103
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Ensaios & Opiniões
REFERENCES
Carnaval A.C. 2016. Breve reflexão sobre
mulheres cientistas, e nossa representativ-
Adabo G.M. 2017. Divulgadoras de ciên-
idade na Sociedade Brasileira de Herpeto-
cia no Brasil. Master’s degree. Disserta-
logia. Herpetologia Brasileira 5:47–48.
tion, Universidade Estadual de Campinas,
Campinas.
Ceci S.J., Williams W.M. 2011. Under-
standing current causes of women’s un-
derrepresentation in science. Proceedings
104
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Ensaios & Opiniões
of the National Academy of Sciences of the until women are equally represented? Plos
United States of America 108:3157–3162. Biology 16:e2004956. doi: 10.1371/jour-
nal.pbio.2004956.
Chagas C., Massarani L. 2020. Manual
de sobrevivência para divulgar ciência e INCT-CPCT. 2019. O que os jovens bra-
saúde. FIOCRUZ, Rio de Janeiro. sileiros pensam da ciência e da tecnologia?
FIOCRUZ. Rio de Janeiro.
Clance P.R., Imes S. 1978. The Imposter
Phenomenon in High Achieving Women: Leta J., Araújo K.M., Guedes V.L.S. 2018.
Dynamics and Therapeutic Intervention. Ciência brasileira em crise: a ciência em
Psychotherapy Theory, Research and rede como estratégia de enfrentamento.
Practice 15:1–8. Em questão 24:1–6.
Cyriac V.P., Dharwadkar S., Mital A., Mo- Lima B.S., De Santana Braga M., Tavares
han A.V. 70 years of Herpetology in India: I. 2016. Participação das mulheres nas
insights into shifts in focal research areas ciências e tecnologias: entre espaços ocu-
and gender ratios among authors. Pacific pados e lacunas. Revista Gênero 16:11–31.
Conservation Biology. In press.
Massarani L., Moreira, I.C. 2016. Science
Dourado M. 2019. Brasil é o país que communication in Brazil: A historical re-
mais usa redes sociais na América Lati- view and considerations about the current
na. Olhar Digital. Accessible at https:// situation. Anais da Academia Brasileira
olhardigital.com.br/2019/07/05/noti- de Ciências 88:1577–1595.
cias/brasil-e-o-pais-que-mais-usa-re-
des-sociais-na-america-latina/#:~:tex- Mohan A.V., Dharwadkar S. 2021. Women
t=O%20Brasil%20%C3%A9%20o%20 in Herpetology. Accessible at https://sanc-
pa%C3%ADs,M%C3%A9xico%2C%20 tuarynaturefoundation.org/article/wom-
de%20aproximadamente%2080%25. Ac- en-in-herpetology. Access: 11 april 2021.
cess: 08 January 2021.
O’Brien K.R., Hapgood K.P. 2012. The Shaw A.K., Stanton D.E. 2012. Leaks in
academic jungle: ecosystem modelling the pipeline: separating demographic in-
reveals why women are driven out of re- ertia from ongoing gender differences in
search. Oikos 121:999–1004. academia. Proceedings of the Royal Soci-
ety B 279:3736–3741.
O’Quinn J., Fields J. 2020. The future of
evidence: Queerness in Progressive Vi- Sheltzer J.M., Smith J.C. 2014. Elite male
sions of Sexuality Education. Sexuality, faculty in the life sciences employ fewer
Research and Social Policy 17:175–187. women. PNAS 111:10107–10112.
Parent in Science. 2020. Produtividade Turney S., Carvalho M.M., Sousa M.E.,
acadêmica durante a pandemia: Efeitos Birrer C., Cordeiro T.E.F., Diele-Viegas
de gênero, raça e parentalidade. Acces- L.M….Souza L. 2020. Support transgen-
sible at https://327b604e-5cf4-492b- der scientists post-COVID-19. Science
910b-e35e2bc67511.filesusr.com/ugd/0b- 369:1171–1171.
341b_81cd8390d0f94bfd8fcd17ee6f29bc0e.
pdf?index=true. Access: 8 january 2021. Vergueiro V. 2016. Pensando a cisgener-
idade como crítica descolonial. Pp 249–
Pell A.N. 1996. Fixing the leaky pipeline: 270 in Messeder S., Castro M.G., Moutin-
Women scientists in Academia. Journal of ho L. (Eds.), Enlaçando sexualidade: uma
Animal Science 74:2843–2848. tessitura interdisciplinar no reino das sex-
ualidades e das relações de gênero. EDUF-
Petherick A. 2017. Careers: Austerity bites BA. Salvador.
deeply. Nature 548:249–251.
Werneck F.P., Jeckel A.M., Friol N.R.,
Pupo S.C., Oliveira T.M., Gomes E.F., Vie- Toledo D.G.P., Targino M., Montesinos
ira R.M.B., Santos E.I., Piassi L.P.C. 2017. R….Canedo C. 2019. Diagnóstico e propos-
Ciência, tecnologia, mídia e igualdade de tas para ampliar a representatividade de
gênero. Revista Científica de Comuni- pesquisadoras em Herpetologia no Brasil.
cação Social do Centro Universitário de Herpetologia Brasileira 8:36–43.
Belo Horizonte 10:42–62.
106
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Ensaios & Opiniões
Pithecopus gonzagai
Groaíras, CE
@Carol Brasileiro
107
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Ensaios & Opiniões
Phasmahyla jandaia
Rio Acima, MG
@Tiago Pezzuti
108
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Resenhas
Resenhas
Edward O. Wilson. 2015. Cartas a um jovem cientis-
ta. Tradução: Rogério Galindo. 1ª edição. Compa-
nhia das Letras, São Paulo. 202 pp.
Quezia Ramalho
Laboratório de Ecologia de Paisagens, Instituto de Biologia Roberto Alcantara Go-
mes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 20550-900 Rio de Janeiro, RJ,
Brasil.
E-mail: queziaramalho@gmail.com
DOI: 10.5281/zenodo.5211422
S
e você está pensando
em desistir da sua car-
reira científica, você
precisa ler esse livro para de-
cidir se é o que realmente quer
fazer.
Edward O. Wilson nasceu em
1929 no estado do Alabama, nos
EUA, e é um renomado biólogo
e entomologista. Professor da
Universidade Harvard e ganha-
dor de dois prêmios Pulitzer,
o seu trabalho é mundialmen-
te conhecido. É considerado o
maior especialista em formigas
do mundo e demonstra essa
paixão página após página. No
livro, ele traça um histórico
científico das formigas e nos
desperta um fascínio a estes e
outros seres minúsculos que,
109
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Resenhas
Proceratophrys brauni
Paula Freitas, PR
@Tayane Azevedo
111
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Resenhas
S
egundo Fortuna (2003), a in- tada pelo habitat onde a espécie é mais
clusão de jogos didáticos como comumente encontrada (Fig. 1B). O ta-
material complementar na buleiro, por sua vez, é composto por três
aprendizagem é uma importante alter- tipos de casas interativas diferentes: (1)
nativa à rigidez da reprodução tradi- “Mito ou Verdade?”, (2) “Perguntas e
cional de conhecimentos, característica Respostas” e (3) “Paradas Obrigatórias”.
comum no ensino de Ciências e Bio- O jogo também possui três ambientes:
logia nas escolas. O jogo de tabuleiro (1) a Floresta, (2) o Brejo e (3) a Região
“ANURA” foi desenvolvido por Andres- Antropizada. Essas áreas geram influ-
sa Bezerra, Bruna Guarabyra e Raquel ência de maneira singular a cada espé-
Marra, pesquisadoras do Laboratório cie, como descrita nas cartas de carac-
de Anfíbios da Universidade Federal terização dos animais. Em resumo, os
do Rio de Janeiro. A proposta do jogo participantes devem realizar o percurso,
é gerar um conhecimento mais amplo aprendendo características da história
sobre os anfíbios anuros para, assim, natural de cada anuro a fim de chega-
despertar nos jogadores maior sensi- rem ao final do jogo e contribuírem para
bilização a respeito da necessidade de a preservação da espécie escolhida.
conservação deste grupo.
Este jogo apresenta grande potencial
O jogo ANURA segue o formato de um de auxiliar os estudantes na aprendiza-
jogo de tabuleiro clássico (Fig. 1A) no gem acerca dos anuros, visto que pro-
qual cada jogador escolhe para ser seu porciona um conhecimento sobre este
representante uma entre 12 espécies de grupo taxonômico de forma lúdica e in-
anuros. Cada espécie é indicada pelo teressante. Além disso, insere assuntos
seu nome científico e seu nome popu- que podem não ser abordados na aula,
lar, foto ilustrativa, modo de desenvol- como os mitos acerca dos anfíbios e as
vimento (direto ou indireto) e sua área questões que trazem problematizações
de vantagem no jogo, que é represen- (como o desmatamento, por exemplo).
112
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Resenhas
Figura 1. Representação do Jogo Anura: (A) Tabuleiro do jogo; (B) Cartas de personagens;
(C) Cartas de perguntas e respostas.
113
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Resenhas
ajudou a preservar essa espécie!”, que, zação direta sobre o porquê de cada es-
juntamente com todo o aprendizado pécie possuir vantagens nos diferentes
adquirido durante o jogo, podem inci- ambientes apresentados (“Floresta”,
tar nos estudantes a preocupação com “Região Antropizada” e “Brejo”).
a natureza e o desejo de preservação
dos anuros. Uma sugestão para complementar
a aprendizagem é, de acordo com as
Apesar de muito bem construído, o condições de cada educador, trazer a
jogo apresenta alguns pontos que po- vocalização das espécies em seu celu-
deriam ser mais bem colocados, em- lar, para aproximar ainda mais os es-
bora, não invalidem nem passem um tudantes da natureza. Isso poderia ser
conhecimento errôneo sobre o grupo. feito acessando plataformas como a
Ao mesmo tempo que o jogo trata os Fonoteca Neotropical Jacques Vielliard
anuros como inofensivos, o que de fato (https://www2.ib.unicamp.br/fnjv/).
são, ele também menciona a presença Por fim, percebe-se o grande poten-
de veneno, sem discutir as implicações cial deste jogo em auxiliar no ensino e
disso. Nesse caso, as respostas se au- conscientização sobre os anuros, visto
sentam do debate sobre a possibilidade que traz o conhecimento de forma lú-
de outros perigos além da ingestão do dica e com uma linguagem adequada
veneno e seu potencial tóxico para se- para a faixa etária, facilitando, assim, a
res humanos, como enfatizar o perigo aprendizagem.
da própria manipulação sem a devida
assepsia posterior, que pode acarretar REFERÊNCIAS
complicações, como irritação. Pensan-
do em crianças como público-alvo da
Bezerra A.M., Guarabyra B., Marra R.
atividade, as informações devem ser
2020. Jogo ANURA. Acessível em ht-
apresentadas sempre de forma coesa
tps://www.researchgate.net/publica-
e direta, para que não haja nenhuma
tion/340875015_Jogo_ANURA. Aces-
dificuldade de interpretação ou algum
so: 13 fevereiro de 2021.
incidente. Outro ponto a se repensar é
que o jogo traz como personagens di-
Fortuna T.R. 2003. Jogo em aula: re-
ferentes espécies de anuros, mas não
curso permite repensar as relações de
explora as suas diferenças morfológi-
ensino aprendizagem. Revista do Pro-
cas, como a diferença entre sapos, rãs
fessor 19:1519.
e pererecas, assunto que sempre gera
interesse no meio popular, por mais
que não tenha validade filogenética. Da
mesma forma, não há uma contextuali- Editora: Quezia Ramalho
114
Herpetologia Brasileira vol. 10 n.o 2 - Resenhas
Phyllomedusa vaillantii
Machadinho D'Oeste, RO
@Diego José Santana
1 Museu Paraense Emílo Goeldi, C.P. 399, 66017-970 Belém, PA, Brazil.
2 Sam Noble Museum, 73072 Norman, OK, USA.
* Corresponding author. E-mail: avilapires@museu-goeldi.br
DOI: 10.5281/zenodo.5211444
S
tenocercus roseiventris is an pedition in Acre, Brazil, we collected
inhabitant of tropical rainfor- six specimens (4 females and 2 males)
est in southwestern Amazonia of S. roseiventris and our observations
(Brazil, Peru, Bolivia and northern Ar- agree with those in these later studies,
gentina; Ribeiro-Junior 2015). Fritts refuting the idea that S. roseiventris is
(1974) assumed it would occur in rocky linked to rocky habitats. We also add
habitats, similar to other lizards with a observations on its nesting behavior.
spiny tail. However, other authors (e.g.
Mertens 1942; Meede 1984; Duellman The lizards were observed in undis-
2005) reported the lizard using holes in turbed terra firme forest in the Juruá
tree trunks, logs and buttresses, or holes River Basin, near (in W-NW direction)
in the ground as hiding places in for- Porto Walter, Acre (8o15′ S, 72o46′ W).
est habitats. Hoogmoed (pers. comm.) We worked from a field camp actively
collected a specimen (RMNH 25697) in searching an area of approximately 1
primary forest in Panguana, Peru, on a km2 of the forest as part of a biodiver-
hollow log in which it took refuge and sity survey between 6 February and 18
reappeared after some time. Meede April 1996, during the rainy season (see
(1984) also reported that a male and Vitt & Avila-Pires 1998 for a more de-
a female could be observed on trunks tailed description of the studied area).
only a few meters apart. During an ex-
116
HB vol. 10 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica
Fritts T.H. 1974. A multivariate evolu- Titschack E. (Ed.), Beitrage zur Fauna
tionary analysis of the Andean iguanid Perus, Band II (1). Verlag Gustav Fisch-
lizards of the genus Stenocercus. Mem- er, Jena.
oirs San Diego Society of Natural His-
tory 7:1–89. Ribeiro-Junior M.A. 2015. Catalogue of
distribution of lizards (Reptilia: Squa-
Meede U. 1984. Herpetologische Stu- mata) from the Brazilian Amazonia. I.
dien über Echsen (Sauria) in einem Dactyloidae, Hoplocercidae, Iguanidae,
begrenzten Gebiet des Tropischen Re- Leiosauridae, Polychrotidae, Tropidu-
genwaldes in Peru: morphologische ridae. Zootaxa 3983:1–110.
Kriterien, Autokölogie und Zoogeogra-
phie. Artenliste der Reptilien im Unter- Vitt L.J., Avila-Pires T.C.S. 1998. Ecol-
suchungsgebiet. Doctoral Dissertation, ogy of two sympatric species of Neusti-
Universität Hamburg. curus (Sauria: Gymnophthalmidae) in
the western Amazon of Brazil. Copeia
Mertens R. 1942. Amphibien und Rep- 1998:570–582.
tilien I. (Ausbeute der Hamburger
Südperu-Expedition). Pp 277–287 in
Editor: Henrique C. Costa
118
HB vol. 10 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica
Figure 4. Vine with hole where the female S. roseiventris MPEG 20620 and
the eggs were found. The hole is c. 40 cm from the ground, with an inner
diameter of c. 3.5 cm.
119
HB vol. 10 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica
120
HB vol. 10 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica
A
mphibians are important et al. 2012, Jones et al. 2021). For this
components of the trophic reason amphibians exhibit numerous
networks in many ecosys- strategies to avoid predators, includ-
tems, in different life stages, as prey for ing stiff-legged behavior, puffing up the
both vertebrates and invertebrates (To- body, and production of harmful secre-
ledo 2005, Toledo et al. 2007, Haddad tions (Toledo et al. 2011).
et al. 2013). Although some animals
eat frogs opportunistically (e.g. De- At 10:15h on 24 November 2020,
laix-Zaqueo et al. 2017, Cavalcante et during a wildlife rescue in São Gonça-
al. 2019, Güell et al. 2019), anurans lo do Gurguéia municipality (10.115°S,
represent a significant part of the diet 45.285°W), state of Piauí, northeastern
of many species (e.g. Menin et al. 2005, Brazil, we observed an adult Southern
Toledo 2005, Toledo et al. 2007, Costa Caracara, Caracara plancus (Falco-
121
HB vol. 10 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica
nidae) manipulating an object on the riol & Gomes 2009), they appear to be
ground with its foot. The action was an occasional prey item (Vargas et al.
recorded using a video camera and the 2007). This species is known to fol-
video is deposited in Fonoteca Neo- low agricultural machinery to eat un-
tropical Jacques Vielliard – under the earthed animals (see Sazima & Augusto
voucher ZUEC-VID 952. We identified 1991; Zamprogno & Sazima 1993, Assis
the potential prey as a Müller’s termite & Costa 2020). The reaction of the Ca-
frog, Dermatonotus muelleri, a bur- racara of shaking its head immediately
rowing species from the diagonal belt after pecking the frog was probably due
of open formations in Paraguay, Bo- to the secretions from the D. muelleri’s
livia, Argentina, and Brazil (Oliveira et skin (see Cavalcante et al. 2017). The
al. 2018). While the Caracara attacked behavior was similar to the reaction of
the frog, the frog puffed up the body chickens after attempting to prey on
(Fig. 1A). After using its foot 14 times, Brachycephalus ephippium (see sup-
the Caracara pecked once (Fig. 1B) and plementary videos of Rebouças et al.
immediately shook its head (Fig. 1C). 2019), another toxic anuran.
Fifteen seconds later, the bird moved
away from the prey and, one minute This is also the first report of the defen-
later, flew away. After two minutes, one sive behavior of puffing up the body in
of us (DSB) approached and handled D. muelleri. This behavior consists of
the frog, which remained puffed up filling the lungs with air to increase the
and appeared to have an injury on its size of the frog, discouraging the preda-
back (Fig. 1D). Slimy glandular secre- tor (Toledo et al. 2011). The association
tion by the skin is a mechanism of de- of this defensive behavior and skin se-
fense of amphibians, usually activated cretion has been documented for other
by stress or injury, and the secretions amphibians (Toledo et al. 2011, Mene-
vary from odoriferous to extraordinari- ses & Corrêa 2020). Combining defen-
ly toxic (Toledo & Jared 1995, Gomes sive behaviors results in a higher chance
et al. 2007; Vitt & Caldwell 2013). After of escape from potential predators that
external examination, DSB released the are discouraged only when multiple sig-
frog in a safe location. nals are displayed (Toledo et al. 2011).
While some anurans produce skin se-
The Southern Caracara is a bird of prey cretion at the same time as puffing up
with a generalist diet, feeding on in- the body (e.g. Physalaemus nattereri,
sects, fish, mammals, birds, reptiles, Lenzi-Mattos et al. 2005, Odontophry-
and amphibians (Vargas et al. 2007, nus spp. Borteiro et al. 2018), others
Idoeta & Roesler 2012). Although am- use this strategy only after physical
phibians are included in its diet (Croza- contact (e.g. Centrolene savagei, Esco-
122
HB vol. 10 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica
bar-Lasso & Rojas-Morales 2012). For Borteiro C., Rosset S.D., Kolenc F., Bar-
D. muelleri, the synergistic behavior of rasso D.A., Lescano J.N., Baldo D. 2018.
puffing up the body and the skin secre- Stereotyped defensive behaviours in
tion was effective in repelling the Crest- frogs of the genus Odontophrynus
ed Caracara. Despite some records of (Amphibia: Anura: Odontophrynidae).
predation on D. muelleri (Wild 2001, Current Herpetology 37:172–179. doi:
Gavira et al. 2008, Stănescu et al. 2014, 10.5358/hsj.37.172
Caldas et al. 2017, Leal et al. 2018, An-
drade et al. 2020) little is known about Caldas F.L.S., Almeida B.J.M., Santos
how its defensive strategies act against R.A. 2017. Predation of Dermatono-
possible predators. tus muelleri (Anura, Microhylidae) by
Guira guira (Cuculiformes, Cuculidae)
ACKNOWLEDGMENTS in the coastline of the Sergipe state,
northeastern Brazil. Pesquisa e Ensi-
DGC thanks Coordenação de Aper- no Em Ciências Exatas e Da Natureza
feiçoamento de Pessoal de Nível Supe- 1:95–98. doi: 10.29215/pecen.v1i2.447
rior - Brasil (CAPES) - Funding code
001. Cavalcante I.D., Antoniazzi M.M., Jar-
ed C., Pires O.R., Sciani J.M., Pimen-
REFERENCES ta D.C. 2017. Venomics analyses of the
skin secretion of Dermatonotus muel-
leri: Preliminary proteomic and metab-
Andrade H., Moura S., Almeida M.,
olomic profiling. Toxicon 130:127–135.
José E. 2020. Diet review of Erythrol-
doi: 10.1016/j.toxicon.2017.02.028
amprus poecilogyrus (Wied-Neuwied,
1825) (Serpentes: Dipsadidae), and
first record of Dermatonotus muelleri Cavalcante, T. Simões, P. I. Mourthe,
(Boettger, 1885) (Anura: Microhylidae) I. 2019. Predation of Boana boans
as a prey item in Sergipe State, north- (Anura, hylidae) by an opportunistic
eastern Brazil. Herpetology Notes frugivorous primate. Acta Amazon-
13:1065–1068. ica 49:307–310. doi: 10.1590/1809-
4392201901430
Assis C., Costa H.C. 2020. Leposternon
octostegum: New record of an endan- Costa H.C., Martins L.B., Carvalho T.R.
gered worm lizard species, with com- 2012. Xenodon neuwiedii (Serpentes:
ments on habitat and opportunistic Xenodontinae): Dieta. Herpetologia
predators (Squamata: Amphisbaenia). Brasileira 1:38–40.
Herpetologia Brasileira 9:109–120.
123
HB vol. 10 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica
Crozariol M.A., Gomes F.B.R. 2009. Güell B.A., González K., Pedroso-San-
Predação de Leptodactylus fuscus tos F. 2019. Opportunistic predation
(Schneider, 1799) (Anura: Leptodac- by two aquatic-feeding predators on
tylidae) por Caracara plancus (Miller, an explosive-breeding aggregation of
1777) (Aves: Falconidae), com notas so- arboreal gliding treefrogs (Agalychnis
bre história natural , no Vale do Paraíba spurrelli Boulenger, 1913; Anura: Phyl-
do Sul , SP. Atualidades Ornitológicas lomedusidae) on the Osa Peninsula of
149:4–5. Costa Rica. Herpetology Notes 12:795–
798.
Delaix-Zaqueo K., Melo-Sampaio P.R.,
Oliveira I.L.A., Miranda G.K.D., Cal- Haddad C.F.B., Toledo L.F., Prado
deron L.A. 2017. The opportunistic be- C.P.A., Loebmann D., Gasparini J.L.L.,
havior of a common predator in aquat- Sazima, I. 2013. Guia dos anfíbios da
ic systems in Amazonia: predation on Mata Atlântica: Diversidade e biologia.
robber-frog Pristimantis cf. fenestratus Editora Anolisbooks, São Paulo.
by trahira Hoplias malabaricus (Bloch,
1794). Herpetology Notes 10:425–427. Idoeta F.M., Roesler I. 2012. Presas
consumidas por el Carancho (Caracara
Escobar-Lasso S., Rojas-Morales J. plancus) durante el periodo reproduc-
2012. Antipredatory Behaviors of the tivo, en el noroeste de la provincia de
Colombian Endemic Glassfrog Centro- Buenos Aires. Nuestras Aves 57:80–83.
lene savagei (Anura: Centrolenidae).
Boletín Científico Museo de Historia Jones P.L., Divoll T.J., Dixon M.M.,
Natural 16:226–232. Aparicio D., Cohen G., Mueller U.G., ...
Page R.A. 2021. Sensory ecology of the
Gavira R.S.B., Bovo R.P., Andrade D.V. frog-eating bat, Trachops cirrhosus,
2008. Rhinella schneideri. Diet. Her- from DNA metabarcoding and behav-
petological Review 44:657. ior. Behavioral Ecology 31:1420–1428.
doi: 10.1093/beheco/araa100
Gomes A., Giri B., Saha A., Mishra R.,
Dasgupta S.C., Debnath A., Gomes A. Leal E.S.B., Chaves L.S., Prado-Neto
2007. Bioactive molecules from am- J.G., Passos-Filho P.B., Ramalho D.F.,
phibian skin: Their biological activities Guerra-Filho D.Q., … Moura G.J.B.
with reference to therapeutic potentials 2018. What constitutes the menu of
for possible drug development. Indi- Trachops cirrhosus (Chiroptera)? a re-
an Journal of Experimental Biology view of the species’ diet. Neotropical
45:579–593. Biology and Conservation 13:337–346.
doi: 10.4013/nbc.2018.134.08
124
HB vol. 10 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica
Meneses A.S.O., Corrêa B.A.A.P. 2020. Stănescu F., Marangoni F., Reinko
Defensive behaviors in two Procerato- I. 2014. Predation of Dermatonotus
phrys species (Anura: Odontophrynidae) muelleri (Boettger 1885) by Lepidoba-
from central Brazilian Cerrado. Cuader- trachus llanensis Reig and Cei 1963.
nos de Herpetología 34:265–269. doi: Herpetology Notes 7:683–684.
10.31017/cdh.2020.(2019-039)
Toledo L.F., Ribeiro R.S., Haddad
Menin M., Rodrigues D.J., Azevedo C.F.B. 2007. Anurans as prey: An ex-
C.S. 2005. Predation on amphibians ploratory analysis and size relation-
by spiders (Arachnida, Araneae) in ships between predators and their prey.
the Neotropical region. Phyllomedu- Journal of Zoology 271:170–177. doi:
sa 4:39–47. doi: 10.11606/issn.2316- 10.1111/j.1469-7998.2006.00195.x
9079.v4i1p39-47
Toledo L.F., Sazima I., Haddad
Oliveira E.F., Gehara M., São-Pedro C.F.B. 2011. Behavioural defenc-
V.A., Costa G.C., Burbrink F.T., Col- es of anurans: an overview. Etholo-
li G.R., Rodrigues M.T., Garda A.A. gy Ecology & Evolution 23:1–25. doi:
2018. Phylogeography of Muller’s ter- 10.1080/03949370.2010.534321
mite frog suggests the vicariant role of
the Central Brazilian Plateau. Journal
Toledo L.F. 2005. Predation of juvenile
of Biogeography 45:2508–2519. doi:
and adult anurans by invertebrates:
10.1111/jbi.13427
Current knowledge and perspectives.
Herpetological Review 36:395–400.
Rebouças R., Carollo A.B., Freitas M.O.,
Lambertini C. Santos, R.M.N., Toledo
Toledo R.C., Jared C. 1995 Cutaneous
L.F. 2019. Is the conspicuous dorsal
granular glands and amphibian ven-
coloration of the atlantic forest pump-
oms. Comparative Biochemistry and
kin toadlets aposematic? Salamandra
Physiology 111:1–29.
125
HB vol. 10 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica
Projeto Dacnis, Estrada do Rio Escuro 4754, Sertão das Cotias, Ubatuba, São Paulo,
Brazil.
* Corresponding author. E-mail: mariana.pedrozo.24@gmail.com
DOI: 10.5281/zenodo.5211467
A
nurans are small to medi- evidence that populations of Hylodes
um-sized amphibians with phyllodes, although classified as least
generally numerous popula- concern (LC) in the IUCN red list, are
tions and intense social behavior during decreasing (Rocha et al. 2010).
reproductive periods (Pombal 2007).
These characteristics make them part In this article we describe a feeding be-
of the diet of many vertebrates and in- havior by a fishing spider Trechaleoides
vertebrates (Toledo et al. 2007; Costa sp. on a Boraceia stream frog Hylodes
et al. 2010). Among invertebrates, ar- phyllodes Heyer and Cocroft, 1986, ob-
thropods are anurans’ main predators served during routine night monitoring
(Menin et al. 2005; Toledo 2005), and at the Projeto Dacnis private reserve
there are many records of this rela- (-23.464397º, -45.129784º; WGS-84;
tionship in literature (e.g. Giarsa et al. 135m above sea level) in Ubatuba, state
2012; Muscat et al. 2014; Pedrozo et al. of São Paulo, Brazil.
2017; Assis et al. 2018; Menegucci et al.
2020). Although these records have in-
The predation event was observed on
creased recently, the predation of ver-
January 18, 2021, at 19:56, in a stream
tebrates by arthropods remains under-
with small waterfalls in an ombrophi-
estimated (Valdez 2020). New records
lous forest environment. Temperature
of these events improve understanding
was 26.1ºC and air humidity was 97.3%.
of prey-predator interactions and how
The spider was identified following pa-
they can shape vertebrate populations
rameters suggested by Carico (2005):
and communities, especially for threat-
carapace length between 6.1 - 11.0 cm;
ened species (Valdez 2020). There is
legs varying in length, with the third
127
HB vol. 10 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica
pair usually shortest, the remainder chaleoides biocellata. In our record, the
similar in size; only the tarsus is flexi- presence of the researchers influenced
ble. The study area is within the range the predation event, because H. phyl-
proposed by Carico (2005) for this spi- lodes probably jumped into the water
der genus. The frog was identified by its because of the researcher’s approach.
advertisement call, habit, and a combi- Since H. phyllodes is diurnal (Hart-
nation of morphological characters de- mann et al. 2006) and Trechaleoides
scribed by Heyer & Cocroft (1986). spiders are nocturnal and locate prey
by detecting oscillations on the water
The spider was stalking hunting at surface (Silva et al. 2005), our approach
the stream edge while an individual of may have facilitated opportunistic pre-
Hylodes phyllodes rested on a rock in dation by the spider.
the stream, upstream from the spider.
When an observer approached, the frog Although anurans have numerous es-
jumped into the stream and was carried cape mechanisms, they represent about
by the current; the spider caught the 40% of vertebrate prey captured by ar-
frog in the water, and carried it to a dry thropods (Valdez 2020). This is largely
spot at the margin. The frog tried to es- due to the ease of penetration of their
cape for approximately three minutes, skin, which would allow them to be
but the spider’s chelicerae were firmly preyed upon by virtually anything (Du-
pinned to the anuran’s hindquarters ellman & Trueb 1994; Valdez 2020).
(Fig. 1A). The spider finally managed to Due to the nocturnal habits and enig-
immobilize the prey completely by em- matic behavior of arthropods, reports
bedding its chelicerae in its dorsal re- of predation on vertebrates are under-
gion. It then began feeding on the frog sampled. Therefore, these records are
(Fig. 1B). The H. phyllodes continued essential for a better understanding
breathing – its vocal sac moved – for of prey-predator interactions between
about two minutes after being immo- arthropods and vertebrates, which are
bilized. We did not collect the individ- understudied compared to other taxa
uals. However, we recorded the preda- (Nordberg et al. 2018; Valdez 2020).
tion event and deposited the video at
Fonoteca Neotropical Jacques Vielliard Trechaleoides spiders are frequently
(ZUEC-VID 949– 951). seen on stream margins in the study
area. Because they belong to a family of
This behavior is similar to the obser- spiders considered to be opportunistic
vation by Gaiarsa et al. (2012) during and stalking predators (Santos 2014),
predation of a juvenile Cycloramphus they can act directly on the populations
boraceiensis (Cycloramphidae) by Tre- of small species in this environment,
128
HB vol. 10 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica
such as Hylodes phyllodes. New nat- Costa-Pereira R., Martins F.I., Scze-
ural history observations and studies sny-Moraes E.A., Brascovit A. 2010.
can reveal more about these species, as Predação de anuros jovens (Osteo-
well as others that may be part of the cephaus taurinus) por artrópodes
diet of Trechaleiodes sp., contributing (Insecta, Mantodea e Arachnida, Ara-
to the understanding of predator-prey neae) no Brasil Central. Biota Neotrop-
interactions and conservation of these ica 10:469–472. doi: 10.1590/S1676-
species. 06032010000300042
Figure 1. Capture (A) and predation (B) of Hylodes phyllodes by a Trechaleoides spider at the
Projeto Dacnis private reserve in Ubatuba, state of São Paulo, Brazil.
131
HB vol. 10 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica
C
aecilia gracilis Shaw, 1802 is On 04 June 2020, approximately 8:30
a terrestrial caecilian widely a.m., two individuals of Caecilia graci-
distributed throughout Am- lis were found by construction workers
azonia in Brazil, French Guiana, Guy- while digging to build the foundation for
ana, Peru, and Suriname, and also a new house (1°21′56.4′′ S, 48°26′21.3′′
found in riparian forests in the adjacent W; elevation 14 m), in the municipal-
Cerrado in Brazil (Maciel & Hoogmoed ity of Belém, state of Pará, Brazil. The
2011). This species is one of the few individuals were buried approximate-
Neotropical caecilians in which some ly 40 cm deep in partially flooded soil
basic ecological information is known. covered mainly by grasses (Fig. 1) and
In a riparian forest population in the were delivered to ALCP, who resides in
Brazilian Cerrado, the species did not the neighborhood. The caecilians ex-
exhibit sexual size dimorphism, was al- hibited some injuries on their bodies
ways found close to water, fed mainly probably caused by the hoes used in the
on earthworms, and migrated to great- excavations and were deposited in the
er depths in the dry season (Maciel et Herpetological collection of the Museu
al. 2012). Furthermore, C. gracilis is Paraense Emílio Goeldi (MPEG 43054
known to be preyed by the hawk Pseu- and 43055).
dastur albicolis (Latham, 1790) (Tay-
lor 1968) and the snake Anilius scytale MPEG 43054 is a mature male (Fig.
(Linnaeus, 1758) (Taylor 1968; Maschio 2) with total length 920 mm, mass 55
et al. 2010). g, primary annuli 218, and secondary
grooves 33. MPEG 43055 is a gravid
132
HB vol. 10 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica
female with total length 810 mm, mass was Kaolin (sedimentary rock rich in
82.5 g, primary annuli 194, and second- Kaolinite clay) which was saturated
ary grooves 31. Numbers of annuli are with water (Stahel & Geijskes 1939). In
within the known range of the species, the Brazilian Cerrado, the species was
except for the number of primaries in found only in humid or partially flood-
MPEG 43054, which has 218, greater ed soils in forest (Maciel et al. 2012).
than the known range of 177 − 208 (Ma-
ciel & Hoogmoed 2011). Despite this, Considering the wide distribution of
we have no reason to assign this speci- the species, the available data in the lit-
men to a species other than C. gracilis. erature is very scarce. Reviewing data
To date, the largest known specimen of of 50 Amazonian specimens of Caeci-
C. gracilis is from Viseu, Pará, Brazil, lia gracilis in the Herpetological col-
a male with a total length of 735 mm lection of MPEG, we found that only
(Maciel & Hoogmoed 2011). We there- 11 individuals have accurate collection
fore report a new known maximum size data that includes the habitat where
of 920 mm for the species, based on our they were found. These 11 specimens
newly collected specimens. were collected near water bodies: on
the MPEG Research Campus in Belém,
The habitat where the individuals were MPEG 38610 was found near a per-
found is a partially flooded area that manent pond; on the Campus of the
was deforested for the construction of Universidade Federal do Pará, MPEG
residences. The closest forested area 31052 was collected in an area of Ig-
is a small fragment, approximately 2.3 apó, which is flooded daily by the tides
ha, 340 m from the locality of our re- on the Guamá River; MPEG 29421 was
cord (Fig.1 and Fig. 3), which demon- found swimming in an Igapó Forest, in
strates that this species may persist in the municipality of Tracuateua, state
areas covered only by underbrush veg- of Pará; and in Melgaço, state of Pará,
etation, if moist soil is available. MPEG 15741 was collected in a pitfall
trap in an area that has been inundat-
In Suriname, a specimen documented ed. Thus, we suggest that this species
by Nussbaum & Hoogmoed (1979) was lives close to water bodies and depends
collected by Stahel & Geijskes (1939) on high levels of humidity in the soil.
during excavation of a nest of the ant
Atta sexdens (Linnaeus, 1758) in a for- In comparison with some other terres-
ested area. The nest was close to a riv- trial caecilians with which may live in
er that expands in the rainy season to sympatry, such as Siphonops paulensis
form a lake; the top layer of soil was Boettger, 1892 in the Cerrado (Maciel et
black and full of roots and below this al. 2012), S. annulatus (Mikan, 1822),
133
HB vol. 10 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica
and Caecilia tentaculata Linnaeus, tat preferences of most species are still
1758 in the Amazonia (AOM, personal unknown. Therefore, we encourage the
observation), C. gracilis releases much study of the ecology of neotropical cae-
less mucus from its skin when handled, cilians.
dries quickly, and has difficulty moving
(AOM, personal obs). It is possible that ACKNOWLEDGEMENTS
this species is more susceptible to des-
iccation than other caecilians, which
We thank Marinus Hoogmoed for the
may indicate a preference for humid
translation of Stahel & Geijskes (1939)
habitats.
providing the data for a Suriname spec-
imen. AOM is supported financially by
Siphonops paulensis can inhabit dry the Programa de Capacitação Insti-
areas where no other caecilians are tucional (MPEG/MCTI) grant number
known (Montero et al. 2005; Maciel et 301286/2020 5. Permits for collecting
al. 2012), and was never found in the were issued by ICMBio (10569-3).
same microhabitats as C. gracilis in the
Cerrado (Maciel et al. 2012). Siphonops
REFERENCES
annulatus and C. tentaculata are found
generally in humid rainforests (Nuss-
Boettger O. 1892. Katalog der Batrach-
baum & Hoogmoed 1979; Montero et
ier-Sammlung im Museum der Senck-
al. 2005; Borges-Nojosa et al. 2017),
enbergischen Naturforschenden Ge-
but can be observed in areas which
sellshaft in Frankfurt am Main.
are very dry during periods of reduced
rainfall (AOM, personal observation).
However, comparative morphological Borges-Nojosa D.M., Castro D.P., Lima
studies of the integument and physiol- D.C., Bezerra, C.H., Maciel A.O., Har-
ogy of these species are necessary. ris D.J. 2017. Expanding the known
range of Caecilia tentaculata (Amphib-
ia: Gymnophiona) to relict mountain
In Africa and Asia, where several spe-
forests in northeastern Brazil: linking
cies were studied under quantitative
Atlantic forests to the Amazon? Sala-
ecological methods, terrestrial caeci-
mandra 53:429–434.
lians are known to occupy a variety of
habitats, from forests to agricultural
and other anthropogenic habitats (e.g. Gaborieau O., Measey G.J. 2004. Ter-
Oommen et al. 2000; Gaborieau & mitivore or detritivore? A quantitative
Measey 2004; Gower et al. 2004; Kup- investigation into the diet of the East
fer et al. 2005; Kouete & Blackburn African caecilian Boulengerula taita-
2020). In the Neotropical region, habi- nus (Amphibia: Gymnophiona: Caecili-
134 idae). Animal Biology 54:45–56.
HB vol. 10 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica
135
HB vol. 10 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica
136
HB vol. 10 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica
137
HB vol. 10 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica
Figure 3. Partial aerial view of Belém showing the locality where the two Caecilia gracilis were
found (red dot), and the nearest forest fragment (yellow line) which is 340 m from the locality.
Image captured from Google Earth Pro.
138
HB vol. 10 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica
U
nderstanding interspecific Tropidurus montanus is a lizard spe-
interactions, especially pre- cies endemic to the Espinhaço moun-
dation, provides valuable tain range (Carvalho 2013), which ex-
contributions to the knowledge of bio- tends for approximately 1500 km in
diversity (Vitt 2000). One such interac- southeastern and northeastern Brazil,
tion is saurophagy, when a lizard is con- with elevations reaching 2000 m above
sumed by another organism, including sea level (asl) (Gontijo 2008). It is a
another lizard (e.g. Siqueira & Rocha saxicolous ambush forager, whose diet
2008; Reis et al. 2017; Guimarães & Sr- is mostly composed of arthropods, es-
bek-Araujo 2018; Schalk & Cove 2018). pecially ants (Van Sluys et al. 2004), al-
Herein we report a saurophagy event be- though it may prey upon lizards (Kiefer
tween two endemic lizard species from a 1998; Reis et al. 2007), including con-
mountain environment in Brazil: Tropi- specifics (Kiefer & Sazima 2002). The
durus montanus Rodrigues, 1987 and recently described Ameivula cipoensis
Ameivula cipoensis Arias et al., 2014. is also endemic to the Espinhaço, but
139
HB vol. 10 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica
Maritz & Maritz 2020). Moreover, in Filogonio R., Del Lama F.S, Machado
cases where the citizen scientist obser- L.L., Drumond M., Zanon I., Mezzetti
vation has a pivotal role, their inclusion N.A, Galdino C.A. 2010. Daily activi-
in the authorship of the article should ty and microhabitat use of sympatric
be considered, as in this publication lizards from Serra do Cipó, southeast-
(Ward-Fear et al. 2020). ern Brazil. Iheringia, Série Zoologia
100:336–40.
ACKNOWLEDGEMENTS
Gontijo B.M. 2008. Uma geografia para
We are grateful to André Luiz Carval- a Cadeia do Espinhaço. Megadiversi-
ho for confirming the identity of the T. dade 4:7–14.
montanus specimen. Contact between
the scientific team and the citizen sci- Guimarães L.J., Srbek-Araujo A.C.
ence author occurred during a field- 2018. Attempted predation of Ameivula
work expedition for the “Plano de Ação nativo by Tropidurus torquatus (Rep-
Nacional para Conservação da Herpe- tilia: Squamata, Sauria) with ingestion
tofauna Ameaçada da Serra do Espin- of tail fragments in southeastern Brazil.
haço em Minas Gerais”, funded by the Herpetology Notes 11:709–713.
Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade. We also thank both Maritz R.A., Maritz B. 2020. Sharing
reviewers for their suggestions in this for science: high-resolution trophic
paper revision. interactions revealed rapidly by social
media. PeerJ 8:e9485.
REFERENCES
Moura F.R., Cruz A.J.R. 2017. Geo-
Arias F., de Carvalho C.M., Zaher H., graphic Distribution: Ameivula cipoen-
Rodrigues M.T. 2014. A new species sis. Herpetological Review 48:810.
of Ameivula (Squamata, Teiidae) from
southern Espinhaço mountain range, Pergentino H.E.S., Nicola P.A., Pereira
Brazil. Copeia 2014:95–105. L.C.M, Novelli I.A, Ribeiro L.B. 2017.
A new case of predation on a lizard by
Carvalho A.D. 2013. On the distribution Tropidurus hispidus (Squamata, Tropi-
and conservation of the South American duridae), including a list of saurophagy
lizard genus Tropidurus Wied-Neu- events with lizards from this genus as
wied, 1825 (Squamata: Tropiduridae). predators in Brazil. Herpetology Notes
Zootaxa 3640:42–56. 10:225–228.
141
HB vol. 10 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica
Reis S.P.V., Pinheiro L.T., Galdino Tavares R.V., Sousa I.T.F., Araújo
C.A.B. 2017. Tropidurus montanus. A.B.P., Kokubum M.N.C. 2017. Am-
Saurophagy. Herpetological Review eivula ocellifera (Spix’s Whiptail).
48:202. Saurophagy. Herpetological Review
48:631–632.
Rodrigues M.T. 1987. Sistemática, eco-
logia e zoogeografia dos Tropidurus do Van Sluys M., Rocha C.F., Vrcibradic D.,
grupo torquatus ao sul do Rio Amazo- Galdino C.A., Fontes A.F. 2004. Diet,
nas (Sauria, Iguanidae). Arquivos de activity, and microhabitat use of two
Zoologia 31:105–230. syntopic Tropidurus species (Lacertil-
ia: Tropiduridae) in Minas Gerais, Bra-
Santos R.M.L., Cassimiro J., Rodrigues zil. Journal of Herpetology 38:606–11.
M.T. 2009. Cnemidophorus ocellifer
(Spix’s Whiptail). Attempted Preda- Vitt L.J., de Carvalho C.M. 1995. Niche
tion. Herpetological Review 40:220. partitioning in a tropical wet season:
lizards in the lavrado area of northern
Schalk C.M., Cove M.V. 2018. Squa- Brazil. Copeia 1995:305–29.
mates as prey: Predator diversity pat-
terns and predator-prey size relation- Ward-Fear G., Rangers B., Pearson D.,
ships. Food Webs 17:e00103. Bruton M., Shine R. 2019. Sharper eyes
see shyer lizards: collaboration with
Siqueira C.C., Rocha C.F.D. 2008. Pre- indigenous peoples can alter the out-
dation by lizards as a mortality source comes of conservation research. Con-
for juvenile lizards in Brazil. South servation Letters 12:e12643.
American Journal of Herpetology
3:82–87. Ward-Fear G., Pauly G.B., Vendetti
J.E., Shine R. 2020. Authorship proto-
Suprayitno N., Narakusumo R.P., von cols must change to credit citizen sci-
Rintelen T., Hendrich L., Balke M. 2017. entists. Trends in Ecology & Evolution
Taxonomy and Biogeography without 35: 187–90.
frontiers–WhatsApp, Facebook and
smartphone digital photography let cit-
izen scientists in more remote localities
step out of the dark. Biodiversity Data Editora: Sarah Mângia
Journal 5:e19938.
142
HB vol. 10 n.o 2 - Notas de História Natural & Distribuição Geográfica
143
Instruções
para Autores
Para informações sob preparacão e submissão de ma-
nuscritos entre em contato com os editores gerais.
email de contato edgeral.hb@gmail.com
Polychrus liogaster
Machadinho D Oeste, RO
@Sarah Mângia
144