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Primeiros Socorros

Assistência na retirada de corpos estranhos e assistência


no choque elétrico
Assistência na retirada de corpos estranhos
Introdução

A penetração de corpos estranhos no corpo humano é um tipo de acidente muito comum


e pode ocorrer nas circunstâncias mais inesperadas. Vários tipos de objetos estranhos ao
nosso corpo podem penetrar acidentalmente nos olhos, ouvidos, nariz e garganta.
São pequenas partículas, de variada origem e constituição física que, muitas vezes,
apesar de aparentemente inofensivas devido ao tamanho, podem causar danos físicos e
desconforto sério.
É importante o rápido reconhecimento do corpo estranho que tenha penetrado no corpo.
Em todos os casos de atendimento é preciso agir com precisão, manter a calma e
tranquilizar o acidentado. O conhecimento e a serenidade sobre o que está fazendo são
fundamentais para o trabalho de primeiros socorros.

Olhos – Objetos sólidos


A primeira coisa a ser feita ao se atender um acidentado que reclame de corpo estranho
no olho é procurar reconhecer o objeto e localizá-lo visualmente.
Pede-se à vítima que feche e abra os olhos repetidamente para permitir que as lágrimas
lavem os olhos e, possivelmente, removam o corpo estranho. Muitas vezes a natureza e
o local de alojamento do corpo estranho não permitem o lacrimejar, pois pode provocar
dor intensa e até mesmo lesão de córnea, nestes casos não se deve insistir para a vítima
pestanejar. Se for possível, lave o olho com água corrente. Se o corpo estranho não sair,
o olho afetado deve ser coberto com curativo oclusivo e a vítima encaminhada para
atendimento especializado.
O corpo estranho localizado na córnea não deverá ser retirado. O procedimento a ser
adotado é o seguinte:
 Manter o acidentado calmo e tranquilo.
 Manter-se calmo. ·
 Não retirar qualquer objeto que esteja na córnea. ·
 Não tocar no olho do acidentado nem deixar que ela o faça. ·
 Não tocar no objeto. ·
 Encaminhar o acidentado para atendimento especializado, se possível com uma
compressa de gaze, lenço ou pano limpo cobrindo o olho afetado sem
comprimir, fixando sem apertar. O próprio acidentado poderá ir segurando a
compressa.
Se o objeto estiver localizado na pálpebra inferior pode ser removido, com cuidado,
seguindo os seguintes passos: ·
 Lavar bem as mãos com água e sabão.
 Tentar primeiramente remover o objeto com as lágrimas, conforme instruído
anteriormente.
 Se não sair, podem-se usar hastes flexíveis com ponta de algodão ou a ponta
limpa de um lenço retorcido.
 Enquanto puxa-se a pálpebra para baixo, retira-se o objeto cuidadosamente.
Se o objeto estiver na pálpebra superior será necessário fazer a inversão da pálpebra
para localizá-lo e removê-lo, com explicado a seguir:
 Levantar a pálpebra superior, dobrando-a sobre um cotonete ou palito de
fósforo.
 Quando o objeto aparecer, removê-lo com o auxílio de outro cotonete ou ponta
de tecido ou de lenço limpo, retorcido.
 Se houver risco de lesão ou dor excessiva, suspender a manobra e encaminhar
para socorro especializado.
 Ao encaminhar o acidentado para atendimento especializado, deve-se cobrir o
olho afetado com gaze ou pano limpo.
Observação: O uso de instrumentos como agulhas, pinças, ou outros semelhantes só
podem ser utilizados por profissional de saúde. Todo cuidado é pouco nas manobras de
remoção de corpos estranhos dos olhos. Qualquer atendimento mal feito ou descuidado
pode provocar lesões perigosas.

Olhos – Líquidos
Qualquer líquido que atingir o olho deve ser removido imediatamente. Não se pode
perder tempo procurando saber que tipo de líquido caiu no olho do acidentado.
Providenciar a lavagem imediatamente.
O olho deve ser lavado em água corrente de uma pia, ou no jato de água corrente feito
com a mão espalmada sob a torneira, além disso podemos usar o soro fisiológico. Com
duração mínima de 15 minutos.
A falta de atendimento e tratamento adequado nos casos de corpos estranhos oculares
pode, em determinadas circunstâncias, causar graves problemas aos olhos. Estes
problemas podem ir desde dificuldades óticas corrigíveis com lentes, até a perda da
visão ou mesmo do próprio olho. Um corpo estranho no olho, além de conduzir
microrganismos, pode causar abrasão na superfície da córnea que pode vir a infeccionar
e causar desde uma úlcera da córnea até panoftalmite (inflamação do olho).

Ouvidos
Corpos estranhos podem penetrar acidentalmente também nos ouvidos, especialmente
na área correspondente ao conduto auditivo externo. Estes acidentes são mais comuns
com crianças. Insetos, sementes, grãos de cereais e pequenas pedras podem se alojar no
ouvido externo. Muitas vezes, cerume endurecido é confundido com um corpo estranho.
Ele causa perturbação na função auditiva e desconforto.
Erros de conduta e falta de habilidade na realização de primeiros socorros podem
ocasionar danos irreversíveis à membrana timpânica com consequente prejuízo da
audição, temporário ou permanente. Não usar qualquer instrumento na tentativa de
remover corpo estranho do ouvido. Não se usam pinças, tesouras, palitos, grampos,
agulhas, alfinetes. O uso de instrumentos é atribuição particular de pessoal
especializado. A improvisação geralmente resulta em desastres irreversíveis.
O acidentado com objeto estranho no ouvido deve ser deitado de lado com o ouvido
afetado para cima.
Se o objeto for visível, pode-se tentar retirá-lo delicadamente para não o forçar mais
para dentro, com as pontas dos dedos. Se o objeto não sair ou houver risco de penetrar
mais, deve-se procurar socorro especializado.
É comum insetos vivos alojarem-se no ouvido. Nestes casos uma manobra que tem dado
resultado é acender uma lanterna em ambiente escuro, bem próximo ao ouvido. A
atração da luz trará o inseto para fora.
Devido à sua posição totalmente exposta, o ouvido externo está frequentemente sujeito
a lesões como contusões, cortes, feridas, queimaduras por calor e por frio. A contusão
do pavilhão auricular geralmente provoca hemorragia subcutânea e subpericondral. O
hematoma, ou otohematoma, que resulta desta hemorragia tem a aparência de um
inchaço rígido que compromete toda a orelha, exceto o lóbulo. Devem-se aplicar
compressas com bandagens e encaminhar para atendimento especializado.

Nariz
Corpos estranhos no nariz também ocorrem com mais frequência em crianças;
geralmente causam dor, crises de espirro e coriza. Podem resultar em irritação se não
forem removidos imediatamente. Insetos podem se alojar nas narinas de crianças e
adultos, indiferentemente. Não usar instrumentos como pinça, tesoura, grampo ou
similar.
A conduta correta é comprimir com o dedo a narina não obstruída e pedir o acidentado
para assoar, sem forçar, pela narina obstruída. Normalmente este procedimento ajuda a
expelir o corpo estranho. Se o corpo estranho não puder sair com facilidade, devemos
procurar auxílio médico imediatamente.
Observação: Manter a vítima calma, cuidando para que não inale o corpo estranho. Não
permitir que a vítima assoe com violência. A vítima deverá aspirar calmamente pela
boca, enquanto se aplicam as manobras para expelir o corpo estranho.

Garganta
Denominamos engasgo quando ocorre o bloqueio da traqueia (órgão responsável em
enviar e retirar o ar dos pulmões) por um objeto estranho, por vômito ou até mesmo
sangue. Fisiologicamente, a traqueia é frequentemente protegida pela epiglote; está nada
mais serve como uma porta que abre e fecha, conforme a necessidade de ar. Assim,
quando ocorre a passagem de ar, a epiglote permanece aberta, porém quando ocorre a
alimentação, a epiglote é fechada, impedindo que qualquer alimento ou corpo estranho,
alcance a traqueia e, posteriormente, os pulmões. Dessa forma, quando a epiglote falha
em sua função, os alimentos, líquidos ou qualquer tipo de objeto estranho, ultrapassa a
epiglote, alcançando a traqueia, ocasionando o bloqueio do ar. Por isso que, em alguns
casos, o engasgo pode levar à morte por asfixia e, às vezes, pode até deixar a pessoa
parcialmente ou totalmente inconsciente.
É necessário saber que dependendo da gravidade do engasgo, este é uma situação de
emergência médica, sendo necessário chamar o serviço de atendimento especializado
em emergência o mais rápido possível; pode ser uma questão de vida ou morte!
Em caso de engasgo por corpos estranhos como: moedas, pequenos brinquedos, pedra
ou qualquer outro objeto pequeno, a manobra que se realiza é a conhecida
mundialmente como Manobra de Heimlich. Esta manobra tem como objetivo realizar
uma pressão positiva na região do epigastro (“boca do estômago”), a qual fica
localizada dois dedos abaixo do fim do esterno (osso longo que une as costelas),
colaborando com a desobstrução e consequente passagem de ar.
 
Como realizar a Manobra de Heimlich nos adultos e crianças maiores que um
ano?
 Abraçar a pessoa engasgada pelo abdômen;
 No caso de adultos, posicionar-se atrás da pessoa ainda consciente;
 No caso de crianças, posicionar-se atrás, mas de joelhos;
 Atrás da vítima coloque uma das mãos sobre a região da “boca do estômago” e
com a outra mão, comprima a primeira mão, ao mesmo tempo em que empurra a
região dentro e para cima, parecendo que está levantando a pessoa;
 Continue o movimento até que a pessoa elimine o objeto que está causando a
obstrução.
Compressão Torácica – Vítima Inconsciente e deitada
 Posicionar a vítima em decúbito dorsal com a face voltada para cima;
 Ajoelhar-se ao lado da coxa da vítima, com seu rosto voltado para a cabeça dela;
 Colocar a palma de uma das mãos contra o abdome da vítima na linha média, um
pouco acima do umbigo e bem abaixo do processo xifoide, colocar a segunda mão
diretamente sobre a primeira;
 Pressionar para dentro do abdome com um golpe rápido e para cima.
Como realizar a manobra em crianças menores de um ano e bebês?
1. Bebê consciente
 Coloque o bebê de bruços em cima de seu braço e faça 5 compressões entre as
escápulas ( no meio das costas);
 Depois, vire o bebê de barriga para cima e faça 5 compressões sobre o esterno
(osso do meio);
 Se conseguir visualizar o objeto, retire o mesmo;
 Caso não seja possível a visualização do objeto, nem a retirada, continue
realizando as compressões até a chegada do serviço de emergência.
1. Bebê inconsciente
 Deite o bebê de barriga para cima sem seu braço e abra boca e nariz;
 Verifique se o bebê está respirando;
 Se o bebê não estiver respirando, realize duas respirações que boca-boca,
bloqueando a boca e o nariz;
 Observe se há expansão do peito; em caso negativo, realize novamente a
respiração;
 Contate imediatamente o serviço de atendimento de emergência.

Pele
Se a região estiver suja, limpe suavemente em volta do ferimento, com um pano macio e
sabão. O procedimento correto nesses casos é procurar socorro médico.
Não tente retirar qualquer objeto que esteja preso à pele. Ele pode estar próximo a
alguma artéria, veia ou nervo. Esse tipo de ferimento precisa ser bem tratado, para evitar
problemas, como infecções no local atingido, gangrena ou hemorragia.
Não tendo sido vacinada contra o tétano, a vítima corre o risco de contrair a doença. O
mesmo risco existe, se o objeto estiver sujo ou enferrujado, sendo imprescindível a
vacina antitetânica.
OBS.: a única situação em que devemos retirar objetos é quando o mesmo perfurou a
bochecha e corre o risco de deslocar-se e obstruir as vias respiratórias.

Assistência no choque elétrico


Introdução
Os choques elétricos são abalos musculares causados pela passagem de corrente elétrica
pelo corpo humano.
A patologia das alterações provocadas pode ser esquematizada em três tipos de
fenômenos: eletroquímico, térmico e fisiopatológico. Esses efeitos variam, porém,
conforme a sua frequência, a intensidade medida em amperes, a tensão medida em volts,
a duração da sua passagem pelo corpo, o seu percurso através do mesmo e das
condições em que se encontrava a vítima. Como a maior parte da resistência elétrica se
encontra no ponto em que a pele entra em contato com o condutor, as queimaduras
elétricas geralmente afetam a pele e os tecidos subjacentes. A necrose progressiva e a
formação de escaras geralmente são maiores do que a lesão inicial poderia sugerir. Se a
corrente for intensa, determinará a morte pela paralisia do centro nervoso central
(bulbo) que regem os movimentos respiratórios e cardíacos. Em outros casos, a morte se
dá por fibrilação cardíaca (ventricular). Em condições habituais correntes de 100 a 150
Volts já são perigosas e acima de 500 Volts são mortais. A intensidade da corrente é o
fator mais importante a ser considerado nos acidentes com eletricidade. Corrente com
25 mA determinam espasmos musculares, podendo levar à morte se atuar por alguns
minutos, por paralisia da musculatura respiratória. Entre 25 mA e 75 mA, além do
espasmo muscular, dá-se a parada do coração em diástole (fase de relaxamento)
ventricular. Se o tempo de contato for curto, o coração poderá sobreviver a fibrilação
ventricular.
Causas Principais
Nos ambientes de trabalho encontramos este acidente quando há:
 Falta de segurança nas instalações e equipamentos, como: fios descascados, falta
de aterramento elétrico, parte elétrica de um motor que, por defeito, está em
contato com sua carcaça, etc.
 Imprudência
 Indisciplina
 Ignorância
 Acidentes, etc.
 Observação: Corrente alternada - tetanização com tempo de exposição Corrente
contínua - contração muscular brusca com projeção da vítima, podendo ocorrer
traumatismo grave.
Sintomas
Efeitos Gerais:
 Mal-estar geral
 Sensação de angústia
 Náusea
 Cãibras musculares de extremidades
 Parestesias (dormência, formigamento)
 Ardência ou insensibilidade da pele
 Escotomas cintilantes (visão de pontos luminosos)
 Cefaléia
 Vertigem
 Arritmias (ritmo irregular) cardíacas (alteração do ritmo cardíaco)
 Falta de ar (dispnéia).
Principais Complicações
 Parada cardíaca
 Parada respiratória
 Queimaduras
 Traumatismo (de crânio, ruptura de órgãos internos, etc.)
 Óbito.
Primeiros Socorros
 Antes de socorrer a vítima, cortar a corrente elétrica, desligando a
chave geral de força, retirando os fusíveis da instalação ou puxando o fio
da tomada (desde que esteja encapado).
 Se o item anterior não for possível, tentar afastar a vítima da fonte
de energia utilizando luvas de borracha grossa ou materiais isolantes, e
que estejam secos (cabo de vassoura, tapete de borracha, jornal dobrado,
pano grosso dobrado, corda, etc.), afastando a vítima do fio ou aparelho
elétrico. · Não tocar na vítima até que ela esteja separada da corrente elétrica
ou que esta seja interrompida.
 Em caso de parada cardiorrespiratória iniciar imediatamente as
manobras de ressuscitação.
 Insistir nas manobras de ressuscitação, mesmo que a vítima não
esteja se recuperando, até a chegada do atendimento especializado.
 Depois de obtida a ressuscitação cardiorrespiratória, deve ser feito
um exame geral da vítima para localizar possíveis queimaduras, fraturas
ou lesões que possam ter ocorrido no caso de queda durante o acidente.
 Deve-se atender primeiro a hemorragias, fraturas e queimaduras,
nesta ordem.

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