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ASSINATURA DO PROFESSOR ORIENTADOR ACADÊMICO
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ASSINATURA DO CHEFE DO CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA
2
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................4
1.1 Objetivo.........................................................................................................4
1.2 Relevância .....................................................................................................6
2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................8
2.1 GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA................................................................8
2.1.1 Conceito.................................................................................................8
2.1.2 Determinantes da globalização ............................................................. 11
2.1.3 Implicações dos determinantes da globalização .................................... 13
2.1.3.1 Implicações Tecnológicas ................................................................ 13
2.1.3.2 Implicações Políticas........................................................................ 20
2.1.3.3 Implicações Econômicas .................................................................. 22
2.1.4 Resumo das implicações dos determinantes da globalização................. 29
2.2 Critérios de análise ...................................................................................... 29
3 METODOLOGIA ................................................................................................. 31
3.1 Desenho de pesquisa.................................................................................... 31
3.1.1 Coleta de dados.................................................................................... 32
3.1.2 Análise dos dados ................................................................................ 33
3.1.3 Limitações do método .......................................................................... 36
4 DESCRIÇÃO DO CASO: INDÚSTRIA EDITORIAL DE LIVROS NO BRASIL 37
4.1 Panorama do mercado mundial de livros...................................................... 37
4.2 Panorama do mercado brasileiro de livros.................................................... 43
4.3 Impactos da dimensão tecnológica ............................................................... 50
4.4 Impactos da dimensão política e institucional............................................... 53
4.5 Impactos da dimensão sistêmica e estrutural ................................................ 56
4.6 O comércio exterior e a internacionalização das empresas brasileiras........... 61
4.7 Análise das transformações da indústria editorial brasileira.......................... 62
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .............................................................. 66
Referências Bibliográficas
ANEXOS
3
1 INTRODUÇÃO
1.1 Objetivo
4
− A dimensão tecnológica que aborda os adventos da Internet, do livro
eletrônico - e-book, do papel eletrônico - e-paper e outras evoluções
relevantes para a indústria, identificadas no decorrer do trabalho .
5
Embora a pesquisa estivesse a priori restrita às três dimensões de análise
acima propostas, previu-se que no decorrer do estudo novas dimensões pudessem
emergir e, revelando-se relevantes, fossem também consideradas. Assim sendo, no
capítulo 4, incluiu-se também um tópico que trata especificamente do comércio exterior
e da internacionalização das empresas brasileiras.
1.2 Relevância
6
A escolha desta indústria como campo de investigação se justifica pelas
seguintes constatações: a) pela relevância econômica da indústria que movimenta
R$2,47 bilhões1 ano no Brasil e que emprega diretamente 20.057 pessoas2; b) pela
importância que o setor exerce sobre a formação do cidadão, sobre a difusão do
conhecimento e da cultura do país; c) pela recente entrada de concorrentes
internacionais no mercado brasileiro, tais como a americana Reader´s Digest, a
espanhola Planeta, a holandesa Elsevier, a francesa Larousse, entre outras; d) pelas
limitações de crescimento do mercado brasileiro que, no período de 1995 a 2003 fez
cair em 48% o faturamento das editoras nacionais e em 50% o número de exemplares
vendidos, gerando somente no ano de 2003 um encalhe de 44 milhões de exemplares3,
e; e) pelo surgimento do comércio eletrônico, do livro eletrônico e de outras inovações
tecnológicas que podem influenciar a indústria.
1
Segundo dados da Câmara Brasileira de Livros (CBL) - Ver Tabela 5.
2
Câmara Brasileira de Livros (CBL) apud BNDES (1999) - referente ao ano de 1998, sendo 16.151
permanentes e mais 3.906 temporários.
3
Revista Época, Ed. 330, Set. 2004 – Edição Eletrônica (acesso em 29 de Outubro de 2004).
4
GIAMBIAGI, F.; MOREIRA, M. M. A economia brasileira nos anos 90. Rio de Janeiro: BNDES, 1999.
7
entre outros. Existem também estudos do próprio BNDES sobre o setor editorial
brasileiro, porém nenhum trata especificamente do impacto da abertura econômica
sobre esta indústria especificamente.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1.1 Conceito
5
NEGRI, F.; MARIANO F. L. Impacto das empresas estrangeiras sobre o comércio exterior brasileiro:
evidências da década de 1990. Brasília: IPEA, 2003; LAPLANE, M.; SARTI, F. Investimento direto
estrangeiro e o impacto na balança comercial nos anos 90. Brasília: IPEA, 1999.
8
perspectivas têm muito mais a ver com as conseqüências da globalização do que
propriamente com as causas.
Um conceito um pouco mais amplo é dado por HELD & MCGREW, (2001,
p. 11). Segundo os autores a globalização tem sido diversamente concebida como ação à
distância (quando os atos dos agentes sociais de um lugar podem ter conseqüências
significativas para terceiros distantes); como compressão espaço-temporal (numa
referência ao modo como a comunicação eletrônica instantânea vem desgastando as
limitações da distância e do tempo na organização e na interação sociais); como
interdependência acelerada (entendida como a intensificação do entrelaçamento entre
economias e sociedades nacionais, de tal modo que os acontecimentos de um país têm
um impacto direto em outros); como um mundo em processo de encolhimento (erosão
das fronteiras e das barreiras geográficas à atividade socioeconômica); e, entre outros
conceitos, como integração global, reordenação das relações de poder inter-regionais,
consciência da situação global e intensificação da interligação inter-regional.
9
mundial já teve períodos de liberdade comercial ainda mais profunda do que o atual.
Eles referem-se à época anterior a primeira guerra mundial – a chamada Pax Britânica -
e ao período entre guerras – Pax Americana. Para GILPIN (2004) o sistema de
comércio ainda responde mais a critérios políticos do que econômicos e está ameaçado
pelo protecionismo, pelo regionalismo econômico e pela instabilidade financeira.
10
produtos, maior concorrência e, portanto melhor qualidade de produtos e serviços,
expansão do comércio e geração de empregos e distribuição de renda.
11
produtivas e do acesso à informação. GILPIN (2004) também se refere aos
avanços tecnológicos e científicas, incluindo, além da informática e das
telecomunicações, a biotecnologia, a microeletrônica e novos materiais (ver
GILPIN, 2004: p. 50-51);
12
2.1.3 Implicações dos determinantes da globalização
13
resultados medidos em termos de produtividade no trabalho – valor agregado sobre o
pessoal ocupado – indicaram uma correlação positiva no sentido de um crescimento
significativamente maior nas empresas com maior participação de capital estrangeiro.
Este dado indica que as empresas estrangeiras foram mais bem sucedidas na
implementação de melhorias e aprimoramento tecnológico do que as firmas nacionais,
provavelmente porque aquelas dispunham mais facilmente de recursos tecnológicos
fornecidos por suas matrizes. Por outro lado, percebemos que esta melhoria exerce
pouco efeito na composição do produto interno bruto (PIB), conforme tabela 2,
apresentada por KUPFER (2005) para demonstrar que não houve alteração significativa
em termos de participação dos setores de maior ou menor intensidade de diferentes
fatores no período de 1991 a 2001.
14
Outro aspecto analisado é o comportamento das empresas brasileiras com
relação à tecnologia. Conforme demonstrado nos gráficos abaixo, o esforço em termos
de inovação, embora existente, permanece muito incipiente (ver figura 1). Menos de 1/3
das empresas realizaram algum tipo de inovação no período de 1998 a 2000, e somente
11,28% inovaram simultaneamente em produto e processo.
Só produto
6,3
Produto e processo
11,28
Só processo
13,94
Que implementaram
inovações 31,52
0 10 20 30 40
15
Figura 2 -Importância das Atividades de Inovação Realizadas – 1998-2000
0 20 40 60 80
16
A tecnologia de informação é outro aspecto que precisa ser considerado, já
que é um dos principais pontos no contexto da dimensão tecnológica da globalização.
No Brasil, apesar da abertura das fronteiras a entrada de produtos de informática, a
difusão do uso do computador e da Internet ainda não atingiu a maioria da população.
Segundo TIGRE (2005) a maior dificuldade está no alto custo da tecnologia quando
comparada ao poder aquisitivo da população dos países em desenvolvimento como o
Brasil. As tecnologias desenvolvidas em países ricos são adequados aos seus
consumidores mas são inacessíveis a grande parcela da população brasileira que não
dispõe de renda suficiente para arcar com custos de hardware, software e acesso a rede
mundial de computadores.
17
produzidos, bem como da força de trabalho mal qualificada por bens e
recursos de engenharia externos;
18
metrologia e controle de qualidade, mais fáceis de vender ao setor privado e
de retorno financeiro mais rápido;
Pode-se concluir após a consulta aos estudos mencionados neste tópico, que
tratam da questão tecnológica no período pós-abertura da economia, que os benefícios
imediatos proporcionados pelo acesso a recursos tecnológicos superiores aos então
disponíveis, conduziram o país a uma posição de mera adoção, aquisição e dependência
de conteúdo tecnológico externo em substituição às iniciativas já incipientes de P&D
nacionais.
19
fazem não conseguem transformar o uso da tecnologia em ganhos de produtividade e
competitividade.
20
Outro aspecto importante foi a iniciativa ou retomada de projetos de
integração regional, denominado Novo Regionalismo (EITHER, 1998 apud AVERBUG
1999). Segundo este autor o novo regionalismo caracteriza-se por três aspectos
fundamentais que contrastam com regionalismo antigo: a) boa parte dos países em
desenvolvimento abandonou suas políticas autárquicas e protecionistas e se abriu ao
comércio multilateral; b) o investimento direto estrangeiro, principalmente de países
desenvolvidos em alguns países em desenvolvimento (PED) passou a ter papel
fundamental na economia mundial; c) a liberalização do comércio de manufaturados
entre países industrializados passou a ser muito mais completa do que no passado.
6
Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) é um bloco econômico formado por Argentina, Brasil, Paraguai
e Uruguai atualmente constituído de uma área de livre comércio e de uma união aduaneira em
implementação, mas com pretensões de se tornar um mercado comum.
7
A Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) é formada pelos países do continente americano, com
exceção de Cuba, e consiste em uma proposta de liberalização do comércio entre estes países. Os
integrantes discutem atualmente prazos e condições para eliminação de barreiras comerciais entre os seus
países membros.
21
A maior presença de capital externo tem, segundo GONÇALVES (1999),
efeitos em diversas dimensões: na esfera política no que se refere à soberania nacional e
à correlação de forças políticas internas; no ambiente sócio-cultural em termos de
valores, oferta e demanda de bens e serviços; e no contexto econômico nas esferas
produtivo-real, comercial, tecnológica e monetário-financeira. As principais
conseqüências para o país, segundo o autor, são a fragilidade institucional e a
vulnerabilidade externa.
22
importância destacada ao processo de privatização e ao tamanho do mercado como
determinantes à entrada de capital estrangeiro.
8
Para maiores detalhes sobre as teorias de internacionalização ver NONNENBERG & MENDONÇA
(2004, p. 1-4).
23
70%; c) o impacto na balança comercial como resultado do aumento das importações de
bens de capital para atender aos investimentos na estrutura produtiva e de insumos e
componentes para a produção das empresas estrangeiras; d) o impacto na balança
comercial resultante do IDE destinado à produção para exportação; e) Impactos na
competitividade e encadeamentos produtivos e tecnológicos.
Tabela 7 - Brasil: participação das empresas Estatais e Privadas Nacionais e Estrangeiras no Total
das Vendas das Quinhentas Maiores Empresas – 1975-1995.
Empresas 1975 1980 1985 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996
Estrangeiras 41,8 32,5 28,5 31,0 31,0 31,3 35,0 32,0 33,3 44,1
Nacionais 34,8 35,9 40,7 42,7 42,4 41,7 40,2 44,0 43,6 35,7
Estatais 23,4 31,6 30,8 26,2 26,6 27,0 24,8 24,0 23,1 20,2
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Maiores e Melhores – Revista Exame, várias edições. Elaboração NEIT/IE/UNICAMP. Apud LAPLANE &
SARTI (1999).
24
Por outro lado, o IED, segundo os autores, favorece o desenvolvimento
tecnológico e a competitividade da indústria, principalmente nos setores de bens de
consumo duráveis e não duráveis. Isso se faz através da modernização de produtos e
processos, bem como de métodos de gestão. A melhoria da competitividade é, no
entanto acompanhada de um enfraquecimento da capacidade de a indústria gerar
crescimento econômico e distribuição de renda, uma vez que utiliza tecnologias
importadas e não contribui para geração local de inovação e elimina postos de trabalho.
25
inovação e de maior eficiência para fazer frente a concorrência dos produtos
importados.
26
Tabela 8 - Participação das Empresas com Capital Estrangeiro1 na Receita Operacional Líquida da
Indústria de Transformação – 1980–1995 (em %)
Alimentos e Bebidas 16 28 78
Produtos de Madeira 5 9 73
Fumo 73 100 37
Minerais Não-Metálicos 28 33 17
Borracha e Plástico 40 35 -13
Média2 32 41 38
2
Média Geral 28 43 111
Fonte: IRPJ de 1996 e BACEM (1998) para os dados de 1995, e WILLMORE (1987), para os dados de 1980, apud
GIAMBIAGI & MOREIRA (1999, p. 353).
(1) Mais de 10% do capital total.
(2) Média a dois dígitos
27
Em se tratando de importações, a propensão das empresas de capital externo
é, independentemente do volume de faturamento, em geral superior a das empresas
nacionais. MOREIRA (1999) conclui que a abertura comercial da economia brasileira
alterou significativamente os determinantes e a forma de o investimento estrangeiro
operar no país. Para o autor, as empresas estrangeiras, que no regime de substituição das
importações investiam no Brasil basicamente como uma estratégia para superar as
barreiras comerciais impostas pelo regime aos produtos importados, se obrigaram, tal
como as empresas nacionais, a buscar maior eficiência, atualização tecnológica e ganho
de escala para não sucumbir à concorrência dos produtos oriundos do exterior que
passaram a entrar com preços mais baixos no país.
28
2.1.4 Resumo das implicações dos determinantes da globalização
29
b) O envolvimento do Estado na produção e no mercado de livros.
30
3 METODOLOGIA
Quanto aos objetivos, o método utilizado para esta pesquisa consiste em uma
pesquisa exploratória uma vez que existem poucos estudos acadêmicos disponíveis
sobre a indústria em questão, bem como trabalhos empíricos sobre os impactos da
globalização em setores industriais no Brasil são escassos. Considera-se a pesquisa
exploratória apropriada para este caso, pois seu objetivo é exatamente o de buscar uma
maior familiaridade com o problema de pesquisa, o aprimoramento de idéias, a
descoberta de intuições e a constituição de hipóteses e novas problemáticas de
investigação.
31
quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto
da vida real (YIN, 2001). O estudo de caso diferencia-se da pesquisa histórica por
focalizar acontecimentos contemporâneos (ver tabela 10). A pesquisa histórica, no
entanto, conforme a abordagem de RICHARDSON (1999), estará também contemplada
uma vez que a etapa de coleta e análise de informações documentais e bibliográficas
corresponderá ao período histórico de 1990 a 2005.
O estudo de caso pode ser único ou múltiplo e a unidade de análise pode ser
um ou mais indivíduos, grupos, organizações, eventos, países ou regiões (ROESCH,
1999). De acordo com esta afirmação optou-se para o presente trabalho por um estudo
de caso setorial único da indústria editorial de livros no Brasil. Quanto à definição da
unidade-caso será um estudo de caso coletivo que segundo GIL (2002) tem o propósito
de estudar características de uma população. Esta população é constituída, neste caso,
pelas principais empresas editoras nacionais9, pelas associações e organizações mais
representativas ligadas ao mercado do livro10, pelos agentes literários de maior
influência e demais organismos com efetiva influência na indústria.
9
Ver Tabela 19 no item 4.2.
10
Ver Quadro 1 no item 4.2.
11
Os roteiros de entrevistas estão apresentados nos anexo I e II.
32
diretores responsáveis diretamente pelas decisões estratégicas de suas respectivas firmas
e, portanto, capacitados plenamente pelo fornecimento das informações coletadas. Estas
empresas foram o Grupo Editorial Record, a Siciliano e a Imago Editora.
12
Sobre estratégias analíticas baseadas em proposições teóricas, ver YIN (2001, p. 133).
13
Ver tópico 3.1.1
33
De acordo com essa classificação, o presente estudo utilizou o método de
adequação ao padrão uma vez que o objetivo foi analisar o efeito da globalização na
indústria editorial no período posterior ao início da abertura econômica do Brasil,
buscando evidenciar que estes efeitos são decorrentes de determinantes tecnológicos,
político-institucionais e sistêmico-estruturais de acordo com o padrão proposto por
GONÇALVES (1999).
34
Após verificada a autenticidade do documento e a exatidão da informação
registrada o pesquisador terá condições de iniciar a sua interpretação.
14
Sobre o protocolo de estudos de caso, ver YIN (2001, p.60 e 89-91). No presente estudo foram
observados os procedimentos relatados neste capítulo e os roteiros usados para a coleta dos dados
primários são apresentados nos anexos I e II.
35
pesquisador ao conduzir o estudo de caso. O intuito é certificar-se de que, se um
pesquisador seguiu exatamente os mesmo procedimentos descritos por outro que veio
antes dele e conduziu o mesmíssimo estudo de caso novamente, o último pesquisador
deve chegar às mesmas descobertas e conclusões.
36
4 DESCRIÇÃO DO CASO: INDÚSTRIA EDITORIAL DE LIVROS NO
BRASIL
37
Tabela 12 - Produção anual de livros - Em número de títulos publicados
ANO
PAÍS 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000
Argentina 4.915 6.092 7.365 10.452 12.140 9.511 9.913 11.919 13.156 13.149 -
Bélgica 8.420 9.319 9.654 9.994 9.751 9.835 - - - 9816* -
Brasil 13.684 13.893 28.450 33.508 38.253 40.503 41.455 51.460 49.746 43.697 45.111
Dinamarca 11.082 11.744 11.761 11.492 11.973 12.478 14.184 13.450 13.175 14.455 -
França 38.414 39.492 38.616 40.916 41.560 42.997 46.306 47.214 50.937 49.808 -
Alemanha 61.015 68.890 67.277 67.206 70.643 74.174 71.515 77.889 78.042 80.779 -
Índia 55.000 53.394 52.508 55.562 58.342 54.251 55.426 57.386 - - -
Itália 37.780 40.142 42.007 43.757 46.676 49.080 51.134 45.844 - 52.262 -
Japão° 40.576 42.345 45.595 48.053 53.890 52.528 63.054 65.438 65.513 - -
Coréia Sul° 21.000 22.769 24.783 26.304 29.564 27.407 26.664 27.313 - 36.425 -
Países Baixos 13.691 12.509 15.997 16.610 18.001 18.123 17.544 17.235 - 17.235 -
Portugal 6.150 6.430 6.462 6.341 6.523 6.933 8.331 9.196 - -
Espanha 42.207 43.896 50.644 49.328 51.048 51.934 50.159 54.943 60.426 - -
Suíça 9.781 10.438 10.274 10.602 10.495 10.790 10.896 12.435 9.924 13.694 -
Reino Unido 63.756 67.704 77.726 82.322 89.738 95.064 102.102 100.029 102.925 110.155 -
E.U.A. 46.743 48.146 49.276 42.217 51.863 62.039 58.465 64.711 - - -
* Livros no idioma oficial holandês
° Japão e Coréia: somente títulos novos.
Fonte: Dados fornecidos pelos membros da International Publishers Association (IPA) com última atualização em
02 de Abril de 2001 (www.ipa-uie.org - acesso em 18/11/2004)
38
Em muitos países da América Latina o consumo de livros caiu durante a
década de 90, com exceção do Chile e da Argentina. Já o número de títulos publicados
cresceu em diversos países, inclusive na Argentina e no Brasil, embora neste aspecto as
nações desenvolvidas como Reino Unido, Alemanha, Estados Unidos e Espanha
apresentem números bem superiores, conforme apresentado na Tabela 12.
FATURAMENTO
EDITORA
US$ Bilhões
Bertelsmann 4,7
Warner Books 3,7
Simon & Schuster 2,1
Pearson 1,7
Reader´s Digest 1,6
Random House 1,5
Group de la Cite 1,4
Planeta 1,3
Hacjette 1,2
Reed Books 1,1
Fonte: Financial Times apud BNDES (1999).
15
Fonte: www.palnetadeagostini.com.br (acesso em 18/11/2004)
39
A dimensão tecnológica também exerce influência importante na indústria
em nível mundial, principalmente pela proliferação do uso da Internet e pelo surgimento
do comércio eletrônico que em 2002 movimentou US$3,6 bilhões somente no mercado
eletrônico de livros, conforme apresentado na tabela 15. Nos EUA algumas empresas, a
exemplo de Barnes & Noble e Amazon.com, detém parcela considerável do comércio
de livros no país e a implantação do sistema de venda pela Internet tem facilitado
também a concentração do varejo de livros. Os avanços tecnológicos não se limitam à
comercialização, mas revelam-se também no processo produtivo, tais como a editoração
eletrônica que agiliza e reduz o custo em etapas do processo. Também surgem
tecnologias concorrentes ou substitutas daquela tradicionalmente utilizada na indústria
editorial, como por exemplo, o livro eletrônico disponibilizado para download via
Internet, o Compact Disc - Read Only Memory (CD ROM) que tem a capacidade de
condensar o conteúdo de inúmeras obras, as impressoras de pequenas tiragens que
permitem imprimir um livro sob encomenda, além do papel eletrônico que, embora
ainda não disponível para uso comercial, promete tornar possível no futuro próximo
carregar e recarregar eletronicamente o conteúdo de um livro ou jornal em um mesmo
papel reutilizável pelo próprio leitor.
1997 2002
Viagens 911 11.699
Hardware 986 6.434
Softwares 85 2.379
Livros 152 3.661
Eletrodomésticos e Acessorios 103 2.844
Fonte: TURBAN et al (2000) apud RODRIGUES (2002)
40
FISHCER (2002) relata a experiência do renomado autor de livros de terror
e suspense Stephen King na publicação eletrônica de seus livros Reading the Bullet em
março de 2000 e The Plant em julho de 2000. O primeiro lhe rendeu US$450 mil de
receita, apesar das dificuldades em termos de cobrança, já que hackers não tardaram em
quebrar os códigos de acesso para baixar os arquivos sem o pagamento devido. O
segundo título foi disponibilizado em capítulos mediante o pagamento voluntário de
US$1.00 por cada capítulo. Os primeiros três capítulos obtiveram o pagamento acima
de 70% dos leitores que baixaram os arquivos. O percentual de pagamento, no entanto,
caiu para menos de 50% no quarto capítulo, resultado que fez Stephen King interromper
a implementação do projeto. Independentemente dos resultados efetivos, a experiência
motivou companhias editoras, não só dos EUA, mas de vários outros países a criar
planos e unidades de e-book publishing.16
Preparação do
conteúdo
Receita
Produção
Distribuição
16
Para informações sobre a experiência de Stephen King e seus resultados, consultar FISCHER (2002) –
Stephen King and the Publishing Industry’s Worst Nightmare.
41
comparação entre o modelo cadeia atual de produção e publicação de livros impressos
pelo modo tradicional e um novo modelo que contempla a emergência da publicação
eletrônica. Estas mudanças podem ser melhor compreendidas comparando-se a figura 3
(acima) e a figura 4 (abaixo).
Conteúdo
Autor Editoras
Direitos autorais
Conteúdo
Preparação do
Divulgadores Receita conteúdo
Web Site
Distribuição
Conteúdo
Receita
Receita
Venda direta
- Internet
Consumidores
42
e a possibilidade de armazenar conteúdo de centenas ou milhares de páginas em um
chip de memória acoplado. A atualização do conteúdo do display (folha de papel
eletrônico) é praticamente instantânea requerendo somente uma descarga mínima de
energia para alterar a pigmentação contida no interior do papel e gerar uma nova
imagem.
Também a Borders Inc., uma das maiores redes de livrarias dos EUA, estaria
desenvolvendo um banco de dados digital com títulos licenciados da editoras que
permitira a impressão nas próprias lojas, utilizando-se de apenas 15 minutos para tanto e
a custos comparáveis aos da impressão tradicional.
17
Um estudo mais recente, também do BNDES, elaborado por EARP & KORNIS (2005 p. 4) apresenta
um número bem superior, de 3 mil editoras existentes no Brasil.
43
Tabela 16 – O mercado Brasileiro do Livro por Segmento - 1999
Segmento Faturamento
Didáticos 54%
Obras Gerais 19%
Técnicos/Profissionais 19%
Religiosos 7%
Outros 1%
Fonte: GORINI & BRANCO (2000).
44
mercado, conforme demonstra a tabela 18. Neste segmento destacam-se as editoras
Ática/Scipione, FTD, Saraiva e Moderna (ver Tabela 19).
Canais Volume
Governo/FNDE 43,7%
Canais Tradicionais 43,2%
Marketing Direto 3%
Supermercados 2,7%
Colégios/Escolas 2,5%
Feiras de Livro 2%
Porta-a-porta 1%
Bancas de Jornal 1%
Bibliotecas 0,3%
Outros 0,6%
Fonte: GORINI & BRANCO (2000).
FATURAMENTO CONTROLE
EDITORA US$ Milhões Origem do capital
Ática/Scipione 242,0 Brasil
FTD 129,0 Brasil
Saraiva 81,8 Brasil
Moderna 78,0 Espanha
Record 29,0 Brasil
Cia das Letras 21,5 Brasil
Siciliano 13,0 Brasil
Rocco 11,7 Brasil
Nova Fronteira 10,0 Brasil
Ediouro 9,4 Brasil
Fonte: adaptado de NORTON apud BNDES (1999).
45
Quadro 1 – Organização da Indústria
18
World Investment Report, Geneva: UNCTAD (2004).
46
A origem do IED no segmento editorial e gráfico foi basicamente de países
europeus, com US$ 90,2 milhões, e dos Estados Unidos e Canadá com R$60,8 milhões.
Países em desenvolvimento contribuíram com US$ 39,9 milhões. Os países mais
agressivos em termos de volume de investimento foram Espanha em primeiro lugar,
seguida dos Estados Unidos, Canadá e Alemanha (conforme demonstrado na Tabela
21).
19
Divulgado no Jornal O Globo de 11/06/2005.
47
espanhola, a Edições SM, com faturamento de mais de US$ 160 milhões de euros,
chegou ao Brasil em agosto de 2004 anunciando investimentos da ordem de US$30
milhões nos primeiros anos de atividade. 20
20
Segundo matéria do Valor Econômico de 04/11/2004 disponível na página da CBL em 02/12/2004.
21
Jornal do Brasil – www.jbonline.com.br (acesso em 20/11/2004).
48
Embora o faturamento tenha crescido consideravelmente na década de 90
(como demonstrado na tabela 16), a produção nacional cresceu a uma taxa inferior ao
consumo, o que reflete aumento das importações.
49
4.3 Impactos da dimensão tecnológica
22
Fonte: Grupo Editorial Record – entrevista realizada em 20/07/2005.
23
Idem nota 22.
50
possibilidades dela decorrentes, tais como o comércio eletrônico e o e-book. Esta
expectativa, no entanto não se concretizou até o momento. É bem verdade que a venda
de livros por meio do comércio eletrônico já é representativa, cerca de 18% das vendas
totais e venha crescendo ano a ano 24. Houve, no entanto, de certa forma, uma
preservação da cadeia de comercialização do setor, ou seja, os maiores investidores no
comércio eletrônico de livros são as empresas de varejo, muitas delas redes já
estabelecidas e atuantes no varejo tradicional de lojas físicas. As editoras continuam
tendo como clientes os distribuidores de livros e as empresas de varejo, sejam elas de
lojas físicas, lojas virtuais ou de ambas. As tecnologias de informática e de informação
não foram, portanto, utilizadas para eliminar elementos da cadeia de comercialização e
promover a venda direta ao consumidor, mas sim para melhorar os processos de
logística. O comércio eletrônico também contribuiu para reduzir o poder de negociação
das grandes redes de varejo com base no argumento da dispersão dos pontos de venda.
Hoje, o leitor que porventura não encontrar determinado título em uma livraria
tradicional pode sem grandes esforços acessar uma loja virtual e adquirir seu livro25.
Já quanto aos novos tipos de mídia, também não se considera que a mídia
impressa seja tão facilmente substituída. O caso do CD ROM por exemplo, passou em
muitos casos a ser um complemento e não um substituto do livro impresso. No Brasil,
segundo dados da CBL, foram editados em CD ROM e formato eletrônico no ano de
24
Fonte: informação obtida da CBL/Siciliano S/A em entrevista realizada em 11/07/2005.
25
Idem nota 22.
26
Idem nota 22.
51
2002, cerca de 240 títulos no total de 2.005.000 exemplares. Em 2003 esse número
reduziu para 220 títulos e 1.150.000 exemplares, segundo dados da CBL 27.
27
CBL. Produção e vendas do setor editorial brasileiro. São Paulo: CBL, 2003.
28
Este argumento foi defendido pelos seguintes entrevistados: SNEL, Imago Editora e Grupo Editorial
Record, como a principal barreira ao avanço das publicações eletrônicas.
52
controle e combate são maiores, bem como o custo de reprodução é mais alto do que no
caso de conteúdo eletrônico 29.
29
Este argumento foi levantado pelos seguintes entrevistados: SNEL/Imago Editora - entrevista realizada
em 18/07/2005.
30
Idem nota 22.
31
Idem nota 29.
32
Dado confirmado nas entrevistas com: CBL/Siciliano S/A e SNEL/Imago Editora - entrevistas
realizadas em 11/07/2005 e 18/07/2005 respectivamente.
53
Seguridade Social (COFINS), tanto para a produção nacional quanto para os livros
importados. A interferência direta do Estado na indústria do livro não sofreu grandes
alterações com a abertura econômica. Talvez a principal mudança por parte do Estado
tenha sido uma postura mais agressiva na compra de livros a partir do governo de
Fernando Henrique Cardoso33. O Estado nesse período revelou-se mais preocupado em
investir na formação do povo brasileiro e, para tanto, passou a dedicar esforços e
investimentos mais vultosos na educação, especialmente na aquisição de publicações
para o ensino público. O Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE)
através do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) passou a direcionar um fluxo
regular de recursos para a aquisição e distribuição de livros às escolas públicas. Este
aspecto, aliado a outras reformas e programas governamentais aqueceu o mercado de
livros didáticos a partir deste período.
33
Afirmação feita pelos entrevistados: CBL/Siciliano S/A, SNEL/Imago Editora e BMSR – entrevista
realizada em 09/08/2005.
34
Segundo entrevista com SNEL/Imago Editora.
35
Idem nota 32.
54
Já quanto à participação de grandes corporações de capital internacional, a
exemplo da editora Moderna (controlada pelo grupo espanhol Santillana) no
fornecimento de livros didáticos ao governo, os representantes da indústria não
consideram um risco, uma vez que os organismos de estado têm autonomia para
selecionar os títulos que serão adotados para a rede pública, dentre os inúmeros
fornecedores, sejam eles de capital nacional ou estrangeiro. Embora a editora Moderna
seja o maior fornecedor de livros didáticos ao governo federal, as demais editoras em
conjunto totalizam cerca de 90% do volume adquirido anualmente36.
A adoção de uma política mais liberal por parte do governo nos anos 90 em
diante, embora não tenha trazido conseqüências significativas diretas ao mercado de
livros, alterou outras indústrias, como a gráfica, por exemplo, que teve acesso a
maquinário e tecnologias de impressão mais avançadas trazidas do exterior a custos
menores. Da mesma forma, empresas gráficas estrangeiras estabeleceram-se no país,
sendo que hoje a oferta de gráficas para impressão e encadernação de livros é
consideravelmente maior do que em décadas anteriores. Estas mudanças na indústria
gráfica afetaram indiretamente a indústria editorial.
36
Segundo informação obtida em entrevista com a CBL/Siciliano S/A.
37
Esta afirmação foi observada nas entrevista com: CBL/Siciliano S/A, SNEL/Imago Editora e Grupo
Editorial Record.
55
4.5 Impactos da dimensão sistêmica e estrutural
38
Idem nota 37.
39
Fonte: Grupo Editorial Record - entrevista realizada em 20/07/2005.
56
de escolha. Neste segmento os grandes grupos multinacionais são beneficiados porque
dispõem de recursos para suportar grandes investimentos no desenvolvimento de
conteúdo e na produção em escala e no retorno muitas vezes com prazo incerto.
57
autores estrangeiros, demanda tradução e tiragens exclusivas para o mercado brasileiro.
As grandes editoras espanholas, por exemplo, atuam em toda a América Latina e para
determinados segmentos editoriais já desenvolveram uma linguagem comum a todos os
países, eliminando ou substituindo termos que possam ter conotação diversa ou
pejorativa em determinados mercados. A Planeta, visando ganhar tempo na sua escalada
no Brasil, alterou de certa forma sua estratégia, passando em determinado momento a
praticar uma política agressiva de captação de autores vivos e com potencial de
produção literária, mediante a antecipação de direitos autorais acima da média do
mercado, buscando com isso formar mais rapidamente um fundo de catálogo
consistente. A agressividade da editora espanhola Planeta tem causado certo
constrangimento e desconforto entre os editores nacionais já que os valores ofertados
como adiantamento a autores são muito superiores aos praticados usualmente40. A
antecipação de direitos autorais consiste no pagamento ao autor no momento do
contrato, do valor correspondente aos direitos (equivalente a 10% do preço de capa) da
tiragem inicial de uma obra. As tiragens iniciais no Brasil são de normalmente 3 mil
exemplares e, portanto a antecipação dos direitos é calculada sobre esse montante. O
cálculo dos editores é feito de tal forma que a venda de 1 a 1,5 mil exemplares seja
suficiente para cobrir os custos de editoração, impressão e inclusive os direitos autorais
antecipados da tiragem. A Planeta estaria ofertando antecipação de direitos sobre
tiragens muito superiores, mesmo sem condições de comercialização e, portanto de
recuperação do investimento no médio prazo, visando atrair autores de outras editoras
que não estão aptas a cobrir tais ofertas.
40
Fonte: BMSR - entrevista realizada em 09/08/2005.
41
Fonte: SNEL/Imago - entrevista realizada em 18/07/2005.
58
utilização da mesma infraestrutura e eventualmente dos mesmos canais de distribuição
para atender a diferentes públicos de leitores.
Estas aquisições não são, todavia consideradas uma reação à entrada dos
grupos estrangeiros, embora acabem de certa forma servindo para tal finalidade42. As
aquisições são motivadas, como dito anteriormente, por possibilidades de ganho de
escala logística, aliadas a oportunidades de compra de editoras já tradicionais e que
possuem um acervo de títulos e autores muitas vezes mal explorados comercialmente,
ou não explorados em sua plenitude. Para os grupos editoriais que trabalham com escala
– e não com nichos como a grande maioria das pequenas editoras – a incorporação de
novos selos e acervos significa economia de escala, novas possibilidades de ganhos e
participação de mercado, além de agregar valor ao grupo empresarial.
42
Fonte: Grupo Editorial Record - entrevista realizada em 20/07/2005.
59
sem comprovação, houve anúncios na imprensa do interesse da Bartlesmann, maior
editora mundial, de capital alemão em adquirir uma editora ou grupo editorial do
Brasil43.
43
Segundo matérias do Jornal Valor Econômico de 20/07/2005 divulgada no site do Publishnews –
www.publishnews.com.br (acesso em 14/08/2005).
44
Idem nota 46.
45
Caderno de Economia do Jornal O Globo de 11 de Junho de 2005.
46
Idem nota 32.
60
de livrarias e, portanto há um estrangulamento na vazão da produção editorial. Outros
canais alternativos importantes e sobre os quais não se tem dados precisos são a venda
através de atacadistas que, por sua vez realizam a venda porta-a-porta, as bibliotecas
que existem em número também muito reduzido, e as redes de supermercados.
47
Idem nota 37.
48
Segundo matéria da Revista Panorama Editorial, n. 10, Julho de 2005.
61
visão do mercado nacional como potencialmente atrativo faz com que a geração atual de
editores não almeje tal aventura49.
49
Idem nota 37.
62
sistemas de editoração mais avançados, reduziu as barreiras à entrada de novos
concorrentes e tornou mais fácil o exercício da atividade do editor. Da mesma forma as
tecnologias de informação e de informática simplificaram os mecanismos de controle e
gestão das empresas. A Internet sobre a qual se gerou muita expectativa inicialmente,
está exercendo papel importante no mercado, como ponto alternativo de compra pelos
consumidores, enquanto que o volume de comércio por meio deste canal vem evoluindo
gradualmente. Os canais tradicionais permanecem sendo importantes na cadeia de
comercialização. As expectativas também geradas em torno do livro eletrônico e dos
novos materiais, tais como o e-paper, são interpretadas com certo ceticismo pelos
editores e, de parte destes os esforços permanecem no sentido de manter-se a mídia
tradicional impressa, até que surjam opções capazes de substituí-la não só como meio
de publicação, mas como tecnologias capazes de remunerar adequadamente o capital
cultural e intelectual envolvido na produção editorial e a cadeia de produção como um
todo.
63
Do ponto de vista político não houve mudanças significativas diretas em
termos de regulação do setor. Houve, contudo uma postura compradora mais agressiva
de livros didáticos por parte do governo federal, o que também pode ser uma
decorrência da necessidade de melhorar os níveis de educação e de qualificação da
população em preparação para um país de economia aberta e carente de recursos
humanos mais instruídos e preparados para enfrentar a concorrência internacional. Este
aumento das compras governamentais por outro lado acaba sendo outro aspecto a atrair
os editores estrangeiros.
A produção literária nacional, por sua vez, tem hoje qualidade reconhecida e
conquistou um espaço importante de forma que os autores nacionais predominam entre
as obras publicadas no Brasil. Esta qualidade literária, ou seja, de matéria-prima
abundante, aliada à melhoria da oferta do parque gráfico em termos de tecnologia e de
quantidade de empresas, bem como aos melhores índices de educação e das compras
governamentais crescentes, são aspectos que atraem os investidores estrangeiros em
busca de mercados com potencial de crescimento. Principalmente os grandes grupos
que dispõem de recursos para investimento e que são originários de mercados maduros,
tais como Europa e Estados Unidos, onde altas taxas de crescimento são mais difíceis de
serem alcançadas.
Essa transferência crescente dos direitos dos autores nacionais para as mãos
do capital externo ainda não preocupa, mas merece um acompanhamento já que as
editoras estrangeiras devem estar negociando contratos com os autores nacionais
incluindo direitos de reprodução de suas obras no exterior. Isso por um lado é bom
porque divulga a cultura nacional no estrangeiro, mas por outro lado limita o poder de
captação e manutenção de autores pelas editoras nacionais. As empresas que atuam
exclusivamente no Brasil dispõem de menor poder econômico para financiar a
antecipação de direitos autorais, principalmente se considerado, além do poder
64
proporcionado pelos ganhos de escala internacional das editoras estrangeiras, o alto
custo do capital no Brasil.
65
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
66
da leitura, o baixo poder aquisitivo da população em geral e ausência de bibliotecas
públicas, apesar dos volumes crescentes de compras governamentais.
67
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70
ANEXO I
71
Questões relativas à dimensão tecnológica
72
ANEXO II
73
também aconteceu? Quais os processos de fusão ou aquisição, de âmbito
nacional ou internacional, relevantes observados pela a partir de 1990?
74