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Prof. Leonardo dos Santos Arpini
Direito Penal – Dos crimes contra a pessoa. Aula 00
Sumário
SUMÁRIO 2
APRESENTAÇÃO 4
INFANTICÍDIO 51
ABORTO 55
Introdução. 55
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento (art. 124, CP). 56
Aborto provocado por terceiro (art. 125 e 126, CP) . 58
Forma majorada (art. 127, CP). 60
Aborto necessário e Aborto no caso de gravidez resultante de estupro. 60
ADPF 54 . 61
LESÃO CORPORAL. 64
Lesão grave (art. 129, §1º, CP). 67
Lesão gravíssima (art. 129, §2º, CP). 68
Lesão corporal seguida de morte (art. 129, §3º, CP). 70
Lesão corporal dolosa privilegiada (art. 129, §4º, CP). 72
Substituição da pena (art. 129, §5º, CP). 72
Lesão corporal culposa (art. 129, §6º, CP). 73
Violência doméstica (art. 129, §§9º a 11). 74
Lesão corporal funcional (art. 129, §12º,CP). 77
LISTA DE QUESTÕES 97
GABARITO 107
HOMICÍDIO 108
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INFANTICÍDIO 112
ABORTO. 113
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Apresentação
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09 16/10 Prova
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Que tal já iniciarmos o nosso estudo AGORA? Separei um conteúdo muito útil para você nesta aula
demonstrativa. Trata-se deste tema macro do edital:
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Meu amigo(a), talvez a mais óbvia, mas não menos profunda, afirmação que podemos destacar no seio
do Direito Penal, é que a vida humana compõe o núcleo central dos valores protegidos, tanto pela Constituição
Federal como pelo Código Penal.
Então, para darmos início ao nosso estudo, precisamos nos debruçar sobre os conceitos de vida humana
intrauterina e extrauterina, para que, a partir daí possamos identificar em que momento a norma penal passa
a tutelar o crime de homicídio, infanticídio, aborto e outros mais que serão objeto de estudo em nossa primeira
aula.
Assim, sob a ótica do Direito Penal, a vida intrauterina tem início a partir da gravidez, sendo nesse sentido,
a lição do Professor Damásio de Jesus1:
“A proteção penal ocorre desde a fase em que as células germinais se fundem, com a resultante
constituição do ovo, até aquela em que se inicia o processo de parto”. (p.122).
Então, caríssimo, a partir do momento em que o direito penal resolve proteger a vida intrauterina, que é
resguardada desde o início da gravidez, já nos permitimos pensar no crime aborto (que será objeto de estudo
mais adiante – previsto nos artigos 124 a 127, do CP), que é a interrupção da gravidez humana com a
consequente expulsão e morte do feto, pressupondo, dessa forma, o estado gravídico.
Por outro lado, meu caro estudante, devemos estabelecer, também, o marco inicial da vida extrauterina,
para que, a partir daí possamos delimitar a linha divisória entre ambos os conceitos, pois é de extrema
relevância para o Direito Penal.
Como mencionei a você anteriormente, a tutela criminal do nascituro é descrita no crime de aborto.
Entretanto, após o nascimento, ocorrendo a eliminação da vida do neonato, podemos estar diante dos crimes
de infanticídio (art.123, do CP – que confesso a você que é de rara ocorrência) ou de homicídio (art. 121, CP) em
sua forma dolosa ou culposa.
Ainda ronda os penalistas o imbróglio pela definição exata de quando se inicia a vida extrauterina.
Entretanto, meu amigo(a), para o seu concurso, você deve saber a posição majoritária (da qual também faço
parte), prevalente tanto no meio dos estudiosos do direito penal como dos Tribunais Superiores.
1
JESUS, Damásio Evangelista de. Direito Penal: parte geral. 30. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v.1.
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Assim, o início da vida extrauterina se dá com o início das primeiras contrações expulsivas, em que o feito
começa o procedimento de saída ou, com a primeira incisão efetuado pelo médico no ventre da mulher, no caso
de cesariana. Nesse sentido, lecionam André Estefam2, Luiz Régis Prado3 e Rogério Sanches Cunha4.
Meu caro estudante, o fim da vida humana encontra-se claramente delimitado em nosso ordenamento
jurídico, mais precisamente no artigo 3º da Lei nº 9.434 de 1997, que cuida do transplante de órgãos.
Art. 3º - A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante
ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constata e registrada por dois
médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios
clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina.
Dessa forma, caríssimo, o fim da vida humana extrauterina se dá com a morte encefálica e, para que fique
mais fácil a sua visualização para todos esses conceitos que lhes apresentei anteriormente, deixo o esquema
abaixo para você:
Intrauterina
Morte encefálica
Dessa forma, encerramos por aqui nossos conceitos iniciais e introdutórios sobre a vida humana, razão
pela qual, a partir do próximo tópico passaremos a analisar os crimes em espécie.
2
ESTEFAM, André. Direito Penal. vol. 02. Parte especial (121 a 234-B), 6. ed. Saraiva, 2019.
3
PRADO, Luiz Régis. Curso de direito penal brasileiro: parte especial. São Paulo: RT, 2003.
4
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte especial (arts. 121 ao 361) – 9. ed. ver. ampl. e atual. –
Salvador: JusPODIVM, 2017.
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Para esse momento inaugural, me cabe trazer a você a definição de homicídio dada pelo Pai do direito
penal brasileiro, Nelson Hungria5:
“O homicídio é o tipo central dos crimes contra a vida e é o ponto culminante da orografia dos crimes. É
o crime por excelência. É o padrão da delinquência violenta ou sanguinária, que representa como que
uma reversão atávica às eras primevas, em que a luta pela vida, presumivelmente, se operava com o
uso normal dos meios brutais e animalescos. É a mais chocante violação do senso moral médio da
humanidade civilizada”.
Dada essa breve lição acerca do crime de homicídio, precisamos apresentar para você um retrato do
crime do art. 121 do Código Penal. Ao analisarmos a redação do referido dispositivo, podemos verificar que o
homicídio pode ser desmembrado da seguinte forma:
Homicídio doloso majorado (art. 121, §4º, segunda parte e §6º, CP).
Também, meu(a) jovem, você deve ter em mente que, diante do teor da redação do art. 1º da Lei
8.072/90, é hediondo o homicídio simples, ainda que por um só agente, praticado em atividade típica de grupo
de extermínio (de pouca incidência na prática) e o homicídio qualificado.
E, por fim, o homicídio culposo, em razão da pena mínima abstratamente cominada (1 ano de
detenção), permite o benefício da suspensão condicional do processo, desde que preenchidos os requisitos do
artigo 89 da Lei dos Juizados Especiais Criminais.
5
HUNGRIA, Nelson. Comentários ao Código Penal, ed. de 1942, v. V, p.23.
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Então, nada melhor do que iniciarmos o estudo do homicídio simples a partir da redação do artigo 121, caput,
do CP, porém, antes disso, vamos fazer uma breve introdução acerca do Código Penal.
O nosso Código Penal é dividido, inicialmente, em dois grandes grupos, quais sejam:
Cada uma dessas partes é dividida em vários títulos, entretanto, o que você precisa ter em mente
nesse momento é que todos os crimes do CP (inclusive o homicídio) são tratados dentro da parte especial. O
homicídio vem especificamente tratado no Título I (dos crimes contra a pessoa) e, inaugura, também, o capítulo
I do referido título, ao tratar “Dos crimes contra a vida”.
Veja só:
Agora que nos situamos dentro do Código Penal, vamos ao estudo pormenorizado da figura do
homicídio simples.
Homicídio simples (isso é o nome do crime – você pode encontrar em prova a expressão nomem iuris)
Art. 121. Matar alguém (esse é nosso preceito primário, que possui conteúdo determinado, que se verifica através
do verbo “matar”)
Pena - reclusão, de seis a vinte anos (esse é nosso preceito secundário, que possui conteúdo determinado, que
se verifica através dos parâmetros numéricos abstratos – pena de 6 a 20 anos).
A partir do quadro que apresentei a você, vamos extrair todas as informações necessárias para que
você entenda por completo a figura do homicídio e enfrente qualquer questão no seu concurso.
Inicialmente, o bem jurídico tutelado, pela norma penal do artigo 121 do CP é a vida humana
extrauterina (conceito já estudado por nós no início da nossa aula).
São aqueles que podem ser praticados por qualquer pessoa, ou seja, meu caro estudante, o sujeito ativo
do crime (o homicida) pode ser qualquer pessoa do povo.
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Pode ser que você esteja um pouco confuso nesse momento, mas para deixar mais clara suas ideias,
permita-me uma pergunta: “Você já assistiu a série ‘la casa de papel’?” Se ainda não assistiu, aqui vai um spoiler:
os personagens possuem nomes de cidades. Agora, se você já assistiu e sabe disso, permita-me apresentar
nosso personagem “Austin” que será romantizado durante todo o nosso estudo para facilitar seu aprendizado.
Suponha que Austin, com o emprego de uma arma de fogo desfere dois disparos contra Dallas e, por
decorrência dos disparos efetuados Dallas vem a óbito. Dessa forma, não temos dúvida de que estamos diante
do crime de homicídio doloso.
“Doloso, professor?”
Isso mesmo, meu jovem! Nesse caso estamos diante de um homicídio doloso, pois retratei a você uma
situação em que Austin (com ânimo de matar) desferiu dois disparos de arma de fogo contra Dallas, e esse, por
conta dos disparos acabou falecendo.
Agora, suponha que Austin, engenheiro, acaba por projetar uma casa sem alicerces suficientes e
provoca a morte do futuro morador. Nesse caso, estamos diante de um homicídio culposo, na modalidade de
imperícia, que é a falta de aptidão para o exercício de arte ou profissão.
Assim, a partir desses dois breves exemplos você já tem plena ciência de que o homicídio pode ser
praticado tanto de forma dolosa (direta – quando o agente criminoso quer o resultado morte; ou dolo eventual
– quando o agente assume o risco de produzir o resultado) e, também de forma culposa, através da
imprudência, negligência e imperícia (que serão melhor analisadas quando falarmos especificamente acerca do
homicídio culposo).
Então, meu caro, a classificação que cuida da forma dolosa ou culposa do homicídio é chamada de
elemento subjetivo. Em outras palavras: sempre que perguntarem a você a respeito do elemento subjetivo de
qualquer crime, você automaticamente deve pensar se aquele crime é praticado de forma dolosa ou culposa.
Você lembra o que nós estudamos juntos no início da nossa aula sobre o marco final da vida humana?
Aposto que sim! Então, meu caro, a partir da necessidade do resultado morte (da vítima) necessário para a
consumação do crime, estamos diante de um crime material.
No caso do homicídio, o art. 121 do CP, prevê a conduta matar e, consequência disso, é que haja a morte
da vítima para que ocorra a consumação do crime. Em não havendo morte, estaremos diante da figura da
tentativa.
Voltando ao exemplo do nosso personagem Austin. No momento em que Dallas morreu em decorrência
dos disparos, estamos diante de um homicídio consumado (art. 14, inciso I, do Código Penal). Por outro lado,
caso Dallas tivesse sobrevivido aos disparos, Austin seria acusado de um homicídio tentado (art. 14, II, do CP),
em que não houve a consumação por circunstâncias alheias à sua vontade.
Agora que já analisamos algumas das nuances presentes no crime de homicídio, vamos verificar como
esse conteúdo vem sendo cobrado em concurso!
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Ano: 2018 Banca: FUNDATEC Órgão: PC-RS Prova: FUNDATEC - 2018 - PC-RS - Escrivão e de Inspetor de
Polícia - Tarde
Dos crimes contra a pessoa, destacam-se aqueles que eliminam a vida humana, considerada o bem jurídico
mais importante do homem, razão de ser de todos os demais interesses tutelados, merecendo inaugurar a
parte especial do nosso Diploma Penal. Considerando os crimes contra a vida, assinale a alternativa
INCORRETA.
A) A vida é tratada nesse tópico tanto na forma intra (biológica) quanto extrauterina, protegendo-se, desse
modo, o produto da concepção (esperança de homem) e a pessoa humana vivente.
B) O dolo do homicídio pode ser direto (o agente quer o resultado) ou eventual (o agente assume o risco de
produzi-lo).
C) A Lei nº 13.104/2015 inseriu o inciso VI no art. 121 do Código Penal: o feminicídio, entendido como a morte
de mulher em razão da condição do sexo feminino (leia-se, violência de gênero quanto ao sexo).
D) Infanticídio, segundo dispõe o Diploma Penal Brasileiro, é matar o próprio filho independentemente da
condição fisiopsicológica do sujeito ativo.
E) Três são as formas de praticar o induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio: nas duas primeiras hipóteses
(induzimento e instigação), temos a participação moral; já na última (auxílio), material.
Resolução: ao nos depararmos com a redação das alternativas acima expostas, podemos verificar que,
conforme estudamos anteriormente, a vida humana é protegida tanto na sua forma intrauterina como
extrauterina. Também mencionei a vocês acerca das formas como o homicídio pode ser praticado, sendo tanto
de forma dolosa (dolo direito ou eventual) e de forma culposa. No tocante as alternativas restante, nos
próximos tópicos vou esmiuçar para você as figuras do feminicídio, infanticídio e induzimento, auxílio e
instigação ao suicídio, posto que este último foi alterado pela Lei Anticrime. O importante da questão ora
analisada é que você perceba como esses tópicos que estudamos no início da nossa aula são cobrados em
concurso. Para tanto, a assertiva errada é letra “D”, pois o infanticídio requer a presença do estado puerperal
da mãe que mata seu próprio filho.
Gabarito: Letra D.
O tipo objetivo do crime de homicídio, ou seja, a conduta de “matar alguém”, pode ser praticada de forma
livre, razão pela qual, há infindáveis formas pelas quais se pode causar a morte de uma pessoa. O exemplo em
que Austin desferiu dois disparos de arma de fogo em Dallas é um exemplo pelo qual se pode ocasionar a morte
de forma direta. Agora, imagine que Austin tenha mantido Dallas em um local onde este não pudesse
sobreviver por conta da temperatura ou qualidade do ar. Nesse caso, estamos diante de um meio indireto de
causar a morte da vítima.
Outra classificação que me cabe apresentar a vocês, é a de que o crime de homicídio pode ser praticado
de forma plurisubssistente, ou seja, pode ser praticado por meio de vários atos. A conduta do agente criminoso
pode ser fracionada. Desse modo, meu amigo(a), pense na situação em que o indivíduo inicia o ato de matar
com o emprego de uma faca e, não conseguindo o resultado morte com o artefato cortante, mune-se de uma
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arma de fogo e efetua disparos em direção da vítima. Veja que a conduta de matar foi desdobrada em mais de
um ato, sendo a primeira delas com o emprego de uma faca e, logo em seguida, com uma arma de fogo.
De antemão já quero lhe deixar tranquilo, pois, cada uma dessas classificações será alocada em uma
tabela de fácil memorização para você ao final do estudo do crime de homicídio e, será assim, também, ao final
do estudo de cada uma das figuras dos crimes contra a vida!
Então, para encerrarmos o estudo da figura do homicídio simples, vamos ver como essas classificações
estão sendo questionadas nas provas de concurso.
Ano: 2016 Banca: FUNCAB Órgão: PC-PA Prova: FUNCAB - 2016 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil
Resolução: antes de iniciarmos a resolução da questão, também quero dizer a você que cada uma das
assertivas serão analisadas pormenorizadamente em momento oportuno, quando adentrarmos ao capítulo
“Questões comentadas pelo professor”. Nesse momento, nosso estudo precisa fluir e ser o mais técnico e
preciso possível, razão pela qual, vamos analisar a resposta correta seguiremos com mais conteúdo. Então,
meu jovem, a partir dos ensinamentos até agora propostos, podemos perceber que o crime de homicídio é um
crime de dano (pois obrigatoriamente deverá haver um dano ao bem jurídico tutelado – vida), é material (pois
exige a produção do resultado no mundo exterior – morte), é instantâneo de efeitos permanentes (seu
resultado ocorre instantaneamente, sem prolongar-se no tempo, embora suas consequências subsistam
perenemente).
Gabarito: Letra A.
Certo, doutor(a)! Encerramos por aqui nosso estudo sobre a figura do homicídio simples.
Por fim, guarde todos esses conceitos que estudamos até o momento, pois ele valerá para todas as
modalidades de homicídio.
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Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob
o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir
a pena de um sexto a um terço.
Inicialmente, a partir da redação do parágrafo primeiro do art. 121 do Código Penal, podemos verificar
que o homicídio privilegiado (terá sua pena reduzida de 1/6 a 1/3 e, também, não é considerado crime hediondo)
consubstancia-se no ato de matar alguém por motivos nobres (de relevante valor moral ou social) ou sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima.
“Professor, você falou matar alguém por motivos nobres. É isso mesmo?”
É isso mesmo que você leu, meu amigo(a) e vou provar para você!
O motivo de relevante valor social ou moral, se trata do homicídio praticado por valores nobres,
fazendo com que o homicida tenha sua reprimenda penal atenuada por conta dessa característica que reveste
o ato.
Entretanto, precisamos dividir esse requisito em duas partes: 1ª) a primeira hipótese é do indivíduo
que mata alguém por questões de relevante valor moral, ou seja, por motivos de interesse pessoal do agente
criminoso.
Certo, meu caro! É agora que nossos amigos entrarão em cena. Suponha que Austin tenha uma filha
chamada El Paso, e que Dallas acaba por estupra-la. Dessa forma, Austin, furioso pelo ato cometido pelo
criminoso Dallas, se mune de uma arma de fogo e sai a caça do estuprador de sua filha. Ao encontra-lo, Austin
desfere três disparos em regiões vitais do corpo e Dallas vem a óbito por conta dessa conduta.
Assim, a partir desse exemplo, não temos dúvida de que Austin cometeu um homicídio contra Dallas,
entretanto, tal conduta criminosa se originou de um fato anterior, qual seja, o estupro de Dallas contra sua filha
El Paso. Dessa forma, tal valor moral está intimamente ligado ao interesse pessoal de Austin em matar o
estuprador de sua filha.
Outra forma de homicídio por relevante valor moral é a eutanásia, ou “boa morte”/homicídio piedoso,
que se trata da conduta praticada por uma pessoa que antecipa a morte de outra gravemente enferma. Assim,
não há dúvida de que estão diante do crime de homicídio praticado por relevante valor moral, razão pela qual,
se trata da figura privilegiada do art. 121, §1º, do CP.
Também a outra modalidade de homicídio privilegiado: 2ª) aquele cometido por relevante valor
social, ou seja, que digam respeito a motivos ligados a questões de interesse coletivo, como matar alguém que
tenha traído a pátria.
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Por fim, temos como forma de privilégio, também elencada no art. 121, §1º, do CP, o homicídio
praticado sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima.
Quanto a essa figura, nós penalistas, costumamos chama-la de “homicídio emocional”.
Entretanto, para que essa figura ocorra, quatro requisitos são necessários, de forma
cumulativa, no momento da conduta. Vamos descobrir quais são?! Venha comigo!
Que haja uma injusta provocação da vítima (não se traduz necessariamente em agressão, mas
compreende qualquer conduta desafiadora e injuriosa).
Que a reação do homicida seja imediata, ou seja, praticada logo em seguida a provocação
recebida.
Assim, meu amigo(a) concurseiro(a), imagine que Austin, esteja sendo injuriado ou, mesmo sem justo
motivo, tenha sido agredido por Dallas. A partir desse cenário Austin acaba sendo tomado pela emoção,
comprometendo completamente seu juízo de compreensão e, ato contínuo a provocação de Dallas, desfere
contra ele uma facada e acaba matando-o. Dessa forma, estamos diante da figura criminosa do homicídio
privilegiado praticado sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima.
Para tanto, você deve ficar atento que a conduta homicida deve ser praticada imediatamente após a
provocação, pois do contrário, não há que se falar em homicídio privilegiado.
Certo! Vamos lá! Imagine que Austin tenha sido agredido injustamente por Dallas em um bar.
Entretanto, passado horas do ocorrido, Austin dirige-se até sua casa, mune-se de uma faca e vai à caça de
Dallas. Dessa forma, Austin acaba por encontrar Dallas ainda no bar em que se iniciou a confusão. Assim, Austin,
lhe desfere quatro facadas no peito e a vítima vem a óbito na bancada do bar. Nesse caso, não há que se falar
em homicídio privilegiado, podendo, até mesmo, tipifica-lo à luz do homicídio qualificado (art. 121, §2º, do CP).
Porém, nesse caso, Austin poderá ser beneficiado pela atenuante do artigo 65, inciso II, alínea “c”, do CP, veja
só:
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984).
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Desse modo, tendo em vista a injusta agressão perpetrada por Dallas, o homicida Austin poderá ser
beneficiado pela referida atenuante.
Então, tudo entendido até agora?! Tenho a certeza que sim!
Uma última informação para que possamos fechar por completo o estudo da figura privilegiada (que
na verdade, terminologicamente falando, de forma mais técnica, se trata de uma causa de diminuição de pena)
é que, verificado no caso concreto a presença dos requisitos do §1º - relevante valor moral ou social, ou sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, é obrigatória a redução de pena
do agente criminoso, pois se trata de direito público subjetivo do réu.
Para darmos uma descontraída, peço que você não se assuste, pois até o final da nossa aula, será
derramado um pouco mais de sangue entre Austin e Dallas.
Já que não temos tempo a perder, vamos ver como esse assunto vem sendo cobrado em concurso!
Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos, também maior e capaz,
na frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua residência e, sem o consentimento de
seu pai, pegou um revólver pertencente à corporação policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube depois
de quarenta minutos, armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema e na frente dos amigos,
Carlos fez disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo de ser socorrida.
Por ter agido influenciado por emoção extrema, Carlos poderá ser beneficiado pela incidência de causa de
diminuição de pena.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução: a partir de tudo que estudamos até agora, meu amigo(a), devemos nos recordar sobre o requisito
temporal para a configuração do homicídio privilegiado. Na questão em análise, verificamos que a conduta de
Carlos não se deu imediatamente após a injusta provocação de Paula, razão pela qual, não há que se falar na
incidência do privilégio do art. 121, §1º do CP.
Gabarito: ERRADO.
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Maria e Mariana, ambas nascidas com genitais femininos, auto identificadas e socialmente reconhecidas como
mulheres, convivem em união estável e monogâmica. Ocorre que Maria, às escondidas, passa a manter
relações sexuais com José. Mariana flagra Maria em ato sexual com José e, nesse contexto, Maria provoca
injustamente Mariana, dizendo a José, em tom de escárnio, que Mariana é “xucra, burra e ruim de cama”, e que,
além disso, Mariana “gosta de ser traída e não tomará qualquer atitude, por ser covarde e medrosa”. Embora
nunca tenha praticado ato de violência doméstica, Mariana é tomada por violenta emoção e dispara projétil de
arma de fogo contra a cabeça de Maria, que morre imediatamente.
É correto afirmar que Mariana praticou:
C) feminicídio.
D) homicídio privilegiado.
Resolução: então, caríssimo, já conseguiu identificar o gabarito? Aposto que sim! Então, a partir da análise do
caso exposto pela banca, podemos notar que Mariana praticou homicídio privilegiado, pois estão presente os
quatro requisitos necessários da segunda parte do §1º do art. 121, do CP (sob o domínio de violenta emoção,
logo em seguida a injusta provocação, da vítima).
Gabarito: Letra D.
Veja comigo:
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo futil;
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III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel,
ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne
impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Pois bem! A partir de agora vamos analisar uma por uma das qualificadoras acima mencionadas.
Antes de mais nada, perceba, concurseiro(a), caso o homicida incorra na norma penal incriminadora
do artigo 121,§2º, CP, sua pena será muito maior do que aquela para o homicídio simples. O patamar de pena
para o homicídio qualificado é de 12 a 30 anos.
Lembre-se, por fim, que o homicídio qualificado é considerado crime hediondo, conforme o artigo 1º
da Lei 8.072/90, bem como, suas qualificadoras podem ser de natureza objetiva ou subjetiva, as quais
verificaremos ao longo da nossa aula.
Prosseguindo!
Nesse caso, o agente criminoso executa o crime movido pela ganância do lucro, é dizer, em troca de
alguma recompensa prévia ou na expectativa de recebimento (também conhecido como sicário).
Essa é uma figura que só ocorre se houver o concurso de duas ou mais pessoas, ou seja, caríssimo,
nesse caso, necessariamente deve haver o executor do crime e o mandante.
O que será que o Austin vai aprontar dessa vez, já tem alguma ideia, meu amigo(a)?
Então, meu amigo(a), a partir deste cenário, não há dúvida de que estamos diante de um homicídio
qualificado praticado mediante o pagamento de uma recompensa (R$10.000,00 para Austin). Também, meu
caro, se San Antonio tivesse feito apenas promessa de pagamento e Austin tivesse praticado o homicídio, tal
circunstância já seria suficiente para caracterizar o crime em tela.
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A partir deste cenário, eu lhe pergunto, meu amigo(a): você acha que a qualificadora (que é prevista
para o executor do crime) se comunica para o mandante (aquele que paga pelo crime)?
A resposta não é tão simples assim. Entre os estudiosos do direito penal não há um consenso sobre
tal circunstância ser comunicável ou não. Entretanto, para o seu concurso, você deve levar em conta o que
dispõe a jurisprudência dos Tribunais Superiores.
Saiba que a 6ª Turma do STJ, em julgamento recente, no bojo do REsp 1.785.797/SP, Rel. Min. Laurita
Vaz, DJe 17/12/19, entendeu que a qualificadora referente a paga ou promessa de recompensa possui caráter
dúplice, aplicando-se tanto ao agente que promete ou efetua o pagamento quanto àquele que executa o
crime.
Superada a primeira análise da qualificadora, vamos em frente!
A parte final do inciso primeiro do art. 121, §2º, do CP, trata da figura do homicídio praticado por
motivo torpe.
Imagine a situação em que Austin mate seus pais motivado pelo desejo de permanecer com a herança
vultosa que ambos deixariam ao findarem sua peregrinação terrestre. Nesse caso, a motivação do crime
praticado por Austin, torna o crime qualificado por motivo torpe, ao executar seus pais para ficar com a herança.
Entendida essa primeira parte, vamos descobrir como os concursos estão questionando acerca desse
ponto específico do nosso estudo.
Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos, também maior e capaz,
na frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua residência e, sem o consentimento de
seu pai, pegou um revólver pertencente à corporação policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube depois
de quarenta minutos, armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema e na frente dos amigos,
Carlos fez disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo de ser socorrida.
Na situação considerada, em que Paula foi vitimada por Carlos por motivação torpe, caso haja vínculo familiar
entre eles, o reconhecimento das qualificadoras da motivação torpe e de feminicídio não caracterizará bis in
idem.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução: a partir da situação apresentada pela banca examinadora, podemos verificar a necessidade do
candidato ter conhecimento acerca do que significa a qualificadora do motivo torpe. Ainda, no tocante ao
feminicídio, mais adiante será objeto de estudo em nossa aula. Por outro lado, já lhes adianto que duas
qualificadoras podem concorrer ao mesmo tempo na prática do homicídio, como é o caso da situação
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hipotética da questão em análise. Certamente você já deve ter ouvido falar em homicídio duplamente
qualificado, triplamente qualificado e etc.
Gabarito: CERTO.
A) É possível a aplicação da interpretação analógica no tipo de homicídio qualificado pelo fato de o crime ter
sido praticado mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe.
B) O fato de a vítima de homicídio doloso ter mais de sessenta anos constitui circunstância agravante, prevista
no artigo 61 do Código Penal, considerada na segunda fase de aplicação da pena.
C) No homicídio doloso qualificado pela motivação torpe, é possível reconhecimento da atenuante genérica do
cometimento do crime por motivo de relevante valor moral.
D) O homicídio híbrido é admitido pela jurisprudência, desde que a circunstância qualificadora tenha caráter
objetivo.
E) O homicídio é qualificado pela conexão quando cometido para assegurar a execução, a ocultação, a
impunidade ou a vantagem de outro crime.
Resolução: primeiro quero dar-lhes uma dica, meu amigo(a). Sempre que a questão lhe pedir a incorreta grife
essa expressão para condicionar o seu cérebro a saber que existem, ao menos, quatro alternativas corretas e
apenas uma errada. A partir disso, nos interessa sabermos especificamente o texto da alternativa letra “A”, em
que ela afirma, corretamente, ser possível a aplicação da interpretação analógica no tipo de homicídio
qualificado pelo fato de o crime ter sido praticado mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro
motivo torpe. No tocante a interpretação analógica, sugiro que você adquira nossos cursos de direito penal,
pois dedico uma aula somente para o estudo da aplicação da lei penal e seus desdobramentos, e por
consequência o estudo da interpretação analógica. Mas, para compreendermos a questão em análise, podemos
verificar o erro a partir da redação da letra “B” pois, caso a vítima seja maior de 60 anos, não há que se falar em
agravante a ser aplicada, e sim em causa de aumento de pena, do art.121, §º 7º, inciso I, do CP.
Gabarito: Letra B.
Ano: 2000 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2000 - Polícia Federal - Agente
Federal da Polícia Federal
( ) Certo
( ) Errado
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Resolução: através do estudo concretizado até o momento, verificamos que a qualificadora da paga e
promessa de recompensa se comunica ao mandate do crime, não ficando apenas na seara do executor do
crime.
Gabarito: CERTO.
Então, guerreira(o), encerramos por aqui o estudo da figura do homicídio qualificado do art. 121, §2º,
inciso I, do CP.
Antes de iniciarmos, preciso deixar claro a você que essa qualificadora possui natureza objetiva. Ao
final do estudo do crime de homicídio, farei uma tabela com a natureza jurídica de cada uma delas para melhor
visualização do seu estudo.
O homicídio praticado com o emprego de veneno, só é capaz de qualificar a conduta caso a substância
seja ministrada de forma sorrateira, ou seja, de uma forma que a vítima não perceba que está ingerindo a
substância. Também lhe adianto, meu caro, que você poderá encontrar essa modalidade de homicídio redigida
no seu concurso como “Venefício”.
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Por outro lado, caso o veneno seja ministrado na vítima com o emprego de força, estaremos diante
de outro meio cruel, alcançado pela expressão genérica trazida ao final do inciso que estamos analisando.
Também, presente no inciso III, caríssimo, está o emprego de fogo ou explosivo, como meio de
alcançar a morte da vítima, que revela o modo especialmente perverso escolhido pelo agente.
Já a asfixia é o impedimento da passagem do ar pelas vias respiratórias ou pulmões, por qualquer meio
mecânico, como enforcamento, afogamento, esganadura ou sufocação.
Imagine, meu(a) jovem, a situação em que Austin, para matar Dallas o estrangula com uma corda.
Assim, atestada a causa da morte por asfixia, não tenhamos dúvida de que Austin responderá pelo homicídio
qualificado com o meio executório da asfixia.
Ainda, dando prosseguimento ao nosso estudo, é necessário verificarmos a hipótese do homicídio
qualificado praticado mediante tortura. Nesse caso, meu amigo(a), a tortura só tem o condão de qualificar o
homicídio se o resultado morte era o alvo do assassino, tendo escolhido o sofrimento atroz da vítima para
chegar a morte. Em sentido oposto, no caso de o agente atuar com dolo apenas em relação à tortura, ou seja,
o indivíduo queria causar um grave sofrimento físico ou mental na vítima e esta, por sua vez, acaba falecendo,
estaremos diante da figura da tortura com resultado morte, crime preterdoloso previsto no art. 1º, §3º, da Lei
9.455/97.
E, para encerramos mais um inciso, a última qualificadora diz respeito aos meios que podem resultar
perigo comum, entendendo-se por aqueles que produzem risco a um número indeterminado de pessoas.
MEIOS DE EXECUÇÃO
Fogo ou explosivo – temos aqui, o triste exemplo ocorrido no DF, em que dois indivíduos atearam fogo
em um índio que dormia num banco nas proximidades da Esplanada.
Meio insidioso ou cruel – o item 38 da Exposição de Motivos do CP traduz o que vem a ser meio insidio
ou cruel no seguinte sentido: meio dissimulado na sua eficiência maléfica, e este, ou seja, o cruel, o
que aumenta inutilmente o sofrimento da vítima, ou revela uma brutalidade fora do comum ou em
contrates com o mais elemenetar sentimento de piedade.
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Resolução: a partir de todo nosso estudo compartilhado até o momento, conseguimos identificar que, a partir
da redação do art. 121, §2º, III, o homicídio é qualificado quando praticado com o emprego de asfixia, seja ela
mecânica ou tóxica.
Gabarito: Letra D.
Miquelino Boa Morte, em razão de motivo abjeto, praticou delito de homicídio contra Angelino Boa Vida. Para
tanto, Miquelino misturou, na presença e sob a ciência de Angelino, em um recipiente, água e substância
venenosa, obrigando, sem possibilidade de reação, sua vítima a ingerir tal substância, conduta que ocasionou,
após sofrimento do envenenado, o seu óbito. Miquelino Boa Morte praticou:
B) Homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e mediante recurso que tornou impossível a defesa do
ofendido.
C) Homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e com emprego de veneno.
D) Homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e mediante recurso que tornou impossível a defesa do
ofendido.
Resolução: a partir da situação hipotética elencada no enunciado da nossa questão, verificamos a presença de
apenas uma qualificadora. Em que pese o uso do veneno, meu caro, você deve lembrar que o veneno só é apto
a qualificar o homicídio se for ministrado de forma sorrateira. Dessa forma, responde o agente apenas pela
pratica de homicídio pelo motivo torpe.
Gabarito: Letra E.
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Muito bem, meu amigo(a), avançamos muito no nosso estudo, mas nossa jornada ainda passará pelo
estudo de outro crimes. Nem pense em desistir! Vamos em frente! Saiba que estou junto com você nessa
caminhada!
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
[...]
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne
impossível a defesa do ofendido;
Nesses casos, caríssimo estudante, o agente criminoso age no intuito de evitar uma oportuna e,
eventualmente eficaz reação da vítima frente à sua conduta, buscando surpreende-la ou engana-la pela
situação.
No que diz respeito à traição, se trata de um ataque súbito e sorrateiro, podendo ser tanto física como
moral. Suponha que Austin, querendo matar Dallas, emprega-se de um bastão de beisebol e, mortalmente o
golpeia, pelas suas costas, diretamente em sua cabeça, causando sua morte instantaneamente (traição física).
Por outro lado, pensemos na situação em que Austin convida Dallas para usarem algum tipo de entorpecente,
visando, após o uso, mata-lo com mais facilidade (traição moral).
“Há diferença, para fins de identificação da traição, entre o golpe efetuado nas costas da vítima e aquele
praticado pelas costas. Pelas costas configura-se a traição, quando o agente ataca a vítima por trás,
sem que ela possa percebê-lo. (p.162).
Saiba que você poderá encontrar essa figura em sua prova nomeada como “Proditório” (homicidium
proditorium).
Seguindo adiante, temos a figura da emboscada e, por essa, o sinônimo de tocaia, razão pela qual, o
sujeito passivo não percebe o ataque do ofensor, que se encontra escondido. O homicídio praticado pela
premeditação é denominado ex insidiis.
6
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte especial, volume II: introdução à teoria da parte especial: crimes contra
a pessoa / Rogério Greco. – 11. ed. Niterói, RJ: Impetus, 2014.
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Você também precisa ficar atento à figura da dissimulação, que nada mais é do que a ocultação dos
próprios desígnios. Aqui, meu caro, também estamos diante de uma figura que se divide em moral ou material.
Moral, por exemplo, quando o agente dá falsas mostras de amizade para ganhar a confiança da vítima. Material,
quando o homicida se utiliza de disfarce.
Então, para finalizarmos o estudo da qualificadora em análise, a fórmula genérica contida na parte
final outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido. Por dificuldade, a vítima possui
alguma possibilidade de defesa. Já, por outro lado, ao tornar impossível a defesa, o agente criminoso elimina
completamente qualquer possibilidade de defesa da vítima. Imagine que Austin acabe matando Dallas
enquanto esse dormia. Dessa forma, Austin tornou impossível a defesa da vítima, incidindo a parte final da
qualificadora em tela.
A) responderá pela prática de crime contra a vida o agente que anuncia produtos ou métodos abortivos.
B) responderá por homicídio qualificado o agente que matar para assegurar a execução, ocultação, impunidade
ou vantagem de uma contravenção penal.
C) o crime de homicídio admite interpretação analógica no que diz respeito à qualificadora que indica meios e
modos de execução desse crime.
D) o agente que matar sua empregadora por ter sido dispensado sem justa causa responderá por feminicídio,
haja vista a vítima ser mulher.
Resolução: inicialmente, meu amigo(a), cada uma dessas figuras apresentadas nas alternativas da questão
serão objeto de estudo ainda nessa aula. Dessa forma, você conseguirá responder a todas as questões ora
propostas quando chegar ao capítulo destinado as respectivas resoluções. Entretanto, nesse momento vamos
nos concentrar no que estudamos juntos até agora. Pois bem, quando mencionei para vocês as qualificadoras
dos incisos III e IV, dei uma pincelada sobre a interpretação analógica, então, verificando a parte final dos
respectivos incisos, o crime de homicídio pode ser praticado de diversas formas que possam resultar perigo
comum (III) ou dificultar ou tornar a defesa do ofendido (IV). A prova disso, meu amigo(a) é o exemplo que dei
anteriormente em que Austin mata Dallas enquanto ele está dormindo. O legislador não previu expressamente
a qualificadora “matar alguém dormindo”, mas caso o crime seja praticado dessa forma, ele poderá, via
interpretação analógica, se amoldar ao final do inciso IV, do art. 121,§2º, do CP.
Gabarito: Letra C.
Certo, meu querido(a), encerramos mais uma das qualificadoras acerca do homicídio. Peço
gentilmente que fique comigo, pois ainda temos mais algumas qualificadoras para analisarmos.
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A figura do inciso V, nos traz o homicídio praticado para assegurar a execução, ocultação, a
impunidade ou vantagem de outro crime.
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
[...]
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
A partir da leitura do dispositivo acima exposto, doutor(a), estamos diante do homicídio por conexão
ou conexivo. Nesse caso, sempre que houver a incidência da qualificadora, haverá a presença de um outro
crime que está intimamente ligado ao homicídio.
Já lhe adianto que essa figura possui natureza subjetiva, ou seja, está ligada aos motivos íntimos que
levaram o agente a cometer o ato criminoso.
Já que Austin mostrou-se um criminoso nato até o presente momento, vou poupá-lo de mais uma
confusão e, assim, trarei a vocês o exemplo claro do colega penalista, Professor Rogério Greco, citado
anteriormente.
Antes de encerrarmos o estudo do homicídio conexivo, quero lhe mostrar como isso vem sendo
cobrado em concurso pois, logo em seguida, teremos um tópico especial para tratar de uma inovação legislativa
ocorrida em 2015, que inseriu a qualificadora do feminicídio.
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Resolução: meu amigo(a), analisando o enunciado que a banca nos traz, vemos a necessidade de nos
familiarizarmos com a letra seca da lei pois, com uma leitura concentrada do art.121, do CP, eu garanto que
você acertaria essa questão e somaria mais esse ponto valioso na sua prova. Dessa forma, a partir da redação
do art. 121,§2º, V, do CP, temos a qualificadora do homicídio conexivo, nos leva a assinalarmos a segunda
alternativa.
Gabarito: Letra B.
Como narrei para vocês anteriormente, a partir de agora vamos abrir outro tópico específico para
estudo de uma inovação legislativa de 2015 e que possui muita incidência em concurso.
Beba uma água, respire fundo, se concentre e vamos adiante! Não se esqueça, estou com você até o
final!
Pois bem, doutor(a), o feminicídio é o homicídio praticado contra mulher por razões da condição do
sexo feminino. Mas agora você deve estar se perguntando, “o que são razões da condição de sexo feminino”?
Bem, meu amigo(a), o §2º-A nos traz essa definição, afirmando que considera-se que há razões de condição do
sexo feminino quando o crime envolve violência doméstica e familiar e, também, quando houver menosprezo
ou discriminação à condição de mulher.
FEMINICÍDIO
Ou seja, a partir do quadro resumo, podemos verificar que há duas modalidades de feminicídio. Então,
agora, vamos estudar cada uma das modalidades.
A primeira trata do feminicídio praticado por situação de violência doméstica e familiar e, para tanto,
é necessário que nos socorramos dos conceitos de violência doméstica elencados no art. 5º da Lei Maria da
Penha (11.340/06).
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Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação
ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e
dano moral ou patrimonial:
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas,
com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
independentemente de coabitação.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.
“Pode-se dizer, dessa forma, que o feminicídio decorrente de violência doméstica ou familiar
consubstancia o ato de matar a ofendida por meio de conduta relacionada com dominação de
gênero, isto é, de comportamento que pressuponha, por parte do agressor (seja homem ou
mulher), postura de superioridade em face da vítima, subjugando-a ou colocando-a em situação
de vulnerabilidade.
Cite-se, como exemplo desta modalidade do crime, o ato de matar a (atual ou ex) esposa,
companheira, noiva ou namorada, por questões ligadas ao relacionamento, como ciúmes ou
inconformismo com eventual intenção de terminar a relação “ (2019, p.147)
Também, caríssimo concurseiro(a), o feminicídio pode ser caracterizado por menosprezo à condição
da mulher, que se verifica em situações nas quais o homicida desdenha do gênero da vítima, causando-lhe a
morte.
Uma pena que Austin ainda não tenha desistido da vida do crime. Infelizmente, nosso personagem
acabou cometendo um feminicídio.
Trafegando com seu automóvel pela Avenida Paulista, Austin acabou sendo abalroado por Katy e,
inconformado pela manobra que a vítima fez e que acabou causando o acidente. Austin, desqualificando-a por
ser uma mulher no volante, mune-se de uma faca que tinha no interior do seu automóvel e acaba matando a
vítima.
Nesse caso, não há dúvida que de que estamos diante de um feminicídio por menosprezo à condição
de mulher, visto que Austin menosprezou as capacidades automobilísticas da vítima.
“Professor, uma pergunta. A vítima necessariamente precisa ser mulher ou o transgênero também pode
ser vítima?”
Boa pergunta!! Vejo que você está muito concentrado e focado na matéria.
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Respondendo a sua pergunta, doutor(a), o sujeito passivo (vítima/ofendido) poderá ser mulher (por
expressa previsão legal) e, também os transgêneros, em conformidade com o entendimento do Supremo
Tribunal Federal (firmado em 1º de maio de 2018 no julgamento da ADI 4.275). O transgênero é a pessoa que
se identifica com um gênero diferente daquele que corresponde ao seu sexo atribuído ao nascer. Tal conceito
abarca o travesti e o transexual.
O feminicídio, por si só, é qualificadora do homicídio, fazendo com que recaia sob o autor que matou
nessas condições, uma pena de 12 a 30 anos. Pois bem, não fosse apenas esses patamares de pena que pode
receber o autor, esse fato ainda terá um acréscimo de 1/3 até a metade, se for praticado durante a gestação ou
nos três meses posteriores ao parto, contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos,
com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de
vulnerabilidade física ou mental, na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima e, por
fim o descumprimento das medidas protetivas de urgência.
Vamos recordar do exemplo do Professor André Estefam? Então, para que você compreenda essa
figura que aumenta a pena de 1/3 até metade, basta que a vítima do exemplo do colega tenha 60 anos e essa
circunstância seja de conhecimento do agente criminoso.
Assim, o agente responderia por feminicídio (que possui pena de 12 a 30 anos) mais o acréscimo de
pena de 1/3 até a metade pela idade avançada da vítima.
FEMINICÍDIO
Qualificadora (art. 121, §2º, VII, §2º-A, I e II) Causa de aumento de pena (art. 121, §7, CP).
Aposto que você lembra que, sempre ao final do estudo das qualificadoras, eu apresento a vocês a
natureza de cada uma delas. No caso do feminicídio há uma divergência entre os estudiosos do direito penal e
os Tribunais Superiores.
É claro que, para a primeira fase do seu concurso, é necessário nos apegarmos às posições
consolidadas dos tribunais superiores.
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Portanto, há no mundo dos penalistas aqueles que entendem que se trata de qualificadora de
natureza objetiva (Guilherme Nucci), outros entendem que se trata de ordem subjetiva (Damásio
Evangelista de Jesus) e, por fim, aqueles que entendem que ela é de ordem objetiva-subjetiva (André
Estefam).
Isso é o que você precisa ter em mente para enfrentar qualquer questão no seu concurso. Vamos
resolver algumas? Bora, meu amigo(a)!
No que tange aos crimes dolosos contra a vida, assinale a alternativa CORRETA.
C) A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal admite a antecipação terapêutica do parto de fetos como
microcefalia.
D) O emprego de tortura pode qualificar o crime de homicídio ou caracterizar crime autônomo, dependendo
do dolo do agente e das circunstâncias do caso concreto.
E) A prática da “roleta russa” caracteriza o crime de instigação ao suicídio.
Resolução: meu amigo(a), nos interessa o conteúdo apresentado na assertiva “A”. Você recorda da pergunta
que me fez anteriormente? Aposto que sim! Então, a partir do que estudamos juntos, a assertiva é tentadora
para que assinalemos, pois fala “em todos os casos em que a vítima for mulher” – assim, ela está tratando a
qualificadora como uma forma geral e não no contexto em que haja violência doméstica e familiar contra a
mulher ou, ainda, menosprezo pela condição do sexo feminino.
Gabarito: Letra D.
A) A expressão “durante ou logo após o parto" impede a caracterização do infanticídio se a conduta for
praticada mais de 24h após o parto ter sido concluído.
B) Se “A" induz “B" a se matar, mas “B" apenas experimenta lesões leves, “A" pratica delito de auxílio ao suicídio,
na forma tentada.
C) Para a realização do aborto com o consentimento da gestante, em caso de gravidez resultante de estupro, o
médico precisa de autorização judicial.
D) Apressar a morte de quem esteja desenganado configura homicídio com relevante valor social.
E) Ao autor de homicídio praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino da vítima aplica-
se circunstância qualificadora.
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Resolução: e ai, meu amigo(a), já sabe qual é a alternativa correta? Nesse caso, como estamos tratando de
feminicídio, nos interessa a análise da assertiva letra “E”. Portanto, podemos afirmar seguramente que ao autor
de um homicídio contra mulher por razões da condição de sexo feminino, estamos falando de um feminicídio.
Gabarito: Letra E.
A) a genitora que mata o neonato, sob o estado puerperal e logo após o parto, responderá por homicídio
duplamente qualificado pelo recurso que dificultou a defesa da vítima e por meio insidioso.
B) para configuração do homicídio privilegiado, previsto no art. 121, § 1o, do Código Penal, basta que o agente
cometa o crime sob o domínio de violenta emoção.
C) nas lesões culposas verificadas entre os mesmos agentes, é possível aplicar a compensação de culpas.
D) o feminicídio, previsto no art. 121, § 2o, inciso VI, do Código Penal, exige que o crime seja praticado contra a
mulher por razões da condição de sexo feminino envolvendo violência doméstica ou familiar ou menosprezo
ou discriminação à condição de mulher.
E) o agente que pratica autolesão responderá pelo crime de lesões corporais com atenuação da pena de 1/3 a
2/3, a depender da natureza da lesão.
Resolução: meu(a) colega, já conseguiu identificar o erro da questão? Vamos resolvê-la juntos quando
adentrarmos ao capítulo das questões comentadas pelo professor, pois terei um amplo espaço para tratar com
vocês acerca de cada uma individualmente. Entretanto, nesse momento nos interessa o conteúdo apresentado
pela alternativa “D”, que retrata todo o conteúdo estudado por nós até o presente momento, razão pela qual,
o feminicídio exige que o a morte tenha ocorrido por razões da condição de sexo feminino, envolvendo violência
doméstica ou familiar ou, também, menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Gabarito: Letra D.
A partir da análise dessas questões, meu amigo(a), fechamos o estudo acerca do feminicídio e vamos
adentrar em mais uma das previsões do art. 121, do CP.
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
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VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro
grau, em razão dessa condição:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Para tanto, é necessário complementarmos a referida previsão legal a partir das autoridades que
estão elencadas nos artigos 142 e 144 da Constituição Federal, vejamos:
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são
instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob
a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos
poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes
órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.
Nesses casos, meu amigo(a), é necessário que as vítimas acima elencadas estejam no exercício de sua
função ou que, embora não se encontrem em situação de serviço, seja o fato cometido em decorrência da
função.
Não obstante, ainda, a qualificadora terá incidência quando o ato perpetrado pelo agente criminoso
for contra cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até o terceiro grau dos servidores públicos acima
elencados, em razão dessa condição, ou seja, somente em função desse vínculo familiar.
Então, dessa forma, você deve ficar atento ao fato de que, a circunstância não terá aplicação se o fato
não guardar relação com a atividade exercida pela vítima (ou seu familiar).
Outra informação que precisa estar clara em sua mente, meu amigo(a), é que a conduta pode ser
cometida contra tais pessoa, mesmo quando fora de serviço, desde que o comportamento se dê em
decorrência da atividade por elas exercida.
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Ano: 2018 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: FUMARC - 2018 - PC-MG - Escrivão de Polícia Civil
A policial Michele Putin, na noite de 14 de março de 2018, quando retornava para sua casa, após liderar uma
exitosa operação contra o tráfico de entorpecentes na comunidade de “Miracema do Norte”, foi abordada por
dois homens armados e friamente assassinada. Num fenomenal trabalho investigatório, a Polícia Civil logrou
êxito em identificar os assassinos como sendo os irmãos Jorge e Ernesto Petralha, apurando que tal homicídio
se deu em represália pelas prisões ocorridas quando da citada operação policial.
Diante desse quadro, podemos asseverar que os assassinos responderão por:
C) Homicídio qualificado por motivo fútil, conduta tipificada no art. 121, § 2°, II CP.
D) Homicídio qualificado por motivo torpe, conduta tipificada no art. 121, § 2°, II CP.
Resolução: a partir da leitura do enunciado acima exposto, bem como, por já estarmos munidos de conteúdo
suficiente para responder a questão proposta, podemos verificar que na situação acima, a policial Michele Putin
foi vítima de um homicídio funcional, sendo que tal informação é confirmada pela parte final do enunciado, “se
deu em represália pelas prisões ocorridas quando da citada operação policial”.
Gabarito: Letra B.
A) integrantes do sistema prisional, da Força Nacional de Segurança Pública e do corpo de bombeiros militares.
D) policiais civis, policiais federais e promotores ou procuradores que atuam no combate ao crime organizado.
E) policiais civis e militares na ativa ou aposentados.
Resolução: a partir do que estudamos juntos, meu caro amigo(a), conhecendo o art. 121,§2º, VII e, também os
artigos 142 e 144 da CF/88, podemos identificar que promotores de justiça, juízes de direito e procuradores não
estão elencados nos artigos mencionados, razão pela qual, somente os integrantes da polícia penal (agentes
penitenciários), da Força Nacional e do Corpo de Bombeiros podem ser sujeitos passivos do crime de homicídio
funcional. Por fim, meu amigo(a), não quero que você faça confusão com à condição de “aposentado”
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apresentado na assertiva “E”, pois, conforme leciona a maioria dos estudiosos do Direito Penal, a figura do
homicídio funcional não abarca os servidores públicos aposentados.
Gabarito: Letra A.
Certo, meu amigo(a), dessa forma, encerramos o estudo acerca do homicídio funcional.
Agora que encerramos o estudo o homicídio qualificado, vou deixar-lhes uma tabela didática para a
memorização do conteúdo:
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Homicídio Híbrido.
Certo, meu querido(a) estudante! A partir desse momento vamos analisar o popularmente conhecido
“homicídio híbrido”, em outras palavras, o homicídio qualificado-privilegiado.
“Como assim, professor? Qualificado-Privilegiado, não entendi!”
Pois bem, para que possamos entender essa figura, é necessário que você se recorde, inicialmente,
da figura do homicídio privilegiado o art. 121, §1º, do CP. Lembrou? Para visualizarmos melhor, trarei
novamente o texto legal.
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena
de um sexto a um terço.
Também, é importante lembrar do exemplo em que Austin mata Dallas, o estuprador de sua filha.
Lembrou-se né? Então, nesse caso estamos diante do homicídio privilegiado.
Entretanto, suponha que para matar Dallas, Austin tenha se utilizado de veneno, ministrado
sorrateiramente em uma bebida e que logo em seguida em a causar a morte de Dallas. Você se recorda que o
veneno, quando ministrado sem que a vítima tenha conhecimento, é um meio de execução que qualifica o
homicídio.
Dessa modo, meu amigo(a), Austin responderá por homicídio qualificado-privilegiado. Pois, ao matar,
por relevante valor moral, Dallas (o estuprador de sua filha), utilizou-se de veneno, que é um meio apto a
qualificar o crime de homicídio.
Mas, ATENÇÃO, para o que vou lhes ensinar agora. As qualificadoras referidas no artigo 121 do
Código Penal só serão aptas a combinar com o privilégio, caso sejam se ordem OBJETIVA. Então, em sentido
contrário, uma qualificadora de ordem subjetiva (como, por exemplo, o motivo fútil) não será apta a combinar
com o privilégio.
Vamos a uma tabela que ficará mais fácil a nossa memorização para o concurso:
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Atenção: Todas essas são de ordem subjetiva Modos de execução – qualificadoras de ordem
objetiva (art. 121, §2º, IV, CP).
Com emprego de
veneno, fogo, explosivo,
asfixia, tortura ou outro
meio insidioso ou cruel,
ou de que possa resultar
perigo comum
Qualificadoras
compatíveis
com o
homicídio
privilegiado.
Com emprego de Contra a
veneno, fogo, mulher por
explosivo, asfixia,
tortura ou outro razões da
meio insidioso ou condição de
cruel, ou de que
possa resultar sexo
perigo comum; feminino
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E) a vítima atingida for pessoa diversa da que se pretendia matar por questão de ódio.
Resolução: a partir do que o enunciado da questão nos indaga, é possível verificarmos que o homicídio
qualificado privilegiado só poderá ocorrer quando estiverem presentes uma qualificadora de ordem objetiva
juntamente com o privilégio. Já conseguiu identificar o gabarito, meu amigo(a)? Claro que sim! Nesse caso, a
única qualificadora possível de combinar com o privilégio é o emprego de fogo (art. 121, §2º, III, CP).
Gabarito: Letra A.
No crime de homicídio doloso é majoritário o entendimento que admite a coexistência das circunstâncias
privilegiadas (art. 121, § 1°, do CP), todas de natureza subjetiva, com as qualificadoras de natureza objetivas
insertas no art. 121, § 2°, do Código Penal.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução: conforme estudamos até o presente momento, é correto afirmarmos que é possível a coexistência
de qualificadoras de ordem objetiva com as de ordem subjetivas (do privilégio), gerando o homicídio híbrido.
Gabarito: CERTO.
Outra indagação que você poderá encontrar na sua caminhada dos concursos é de o homicídio
híbrido/ qualificado-privilegiado, é ou não hediondo.
Então, quero deixar claro todas as possibilidades acerca do homicídio e assim encerramos o estudo
por completo desse crime tão importante.
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Código Penal,
consumados ou tentados:
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I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que
cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII)
A hediondez torna mais rigorosa as regras para concessão de benefícios acerca dos crimes nela
elencados.
Se você tiver interesse, poderá adquirir o curso de legislação penal especial, aqui na plataforma do
Direção Concurso, e conferir a aula sobre crimes hediondos gravada por mim.
Então, superada essa primeira parte. A principal celeuma envolvendo o homicídio diz respeito em ser
ou não hediondo o homicídio híbrido.
Afirmo para vocês, com toda a certeza, caso você seja questionado no seu concurso nesse sentido,
afirme categoricamente: O HOMICÍDICO QUALIFICADO-PRIVILEGIADO NÃO É HEDIONDO. Isso já foi
amplamente debatido pelos tribunais superiores e consolidou-se que o crime de homicídio praticado nessas
condições não é hediondo.
Em resumo:
HOMICÍDIO HEDIONDO
Qualificado Sim
Híbrido/Qualificado-privilegiado Não
Ano: 2015 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-DFT Prova: CESPE - 2015 - TJ-DFT - Analista Judiciário -
Judiciária
Acerca dos crimes previstos na parte especial do Código Penal, julgue o item a seguir.
De acordo com a doutrina e a jurisprudência dominantes, o chamado homicídio privilegiado-qualificado,
caracterizado pela coexistência de circunstâncias privilegiadoras, de natureza subjetiva, com qualificadoras, de
natureza objetiva, não é considerado crime hediondo.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução: dessa forma, a partir da tabela que construímos juntos, é possível afirmarmos que o homicídio
privilegiado-qualificado não é hediondo.
Gabarito: CERTO.
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Certo, meu amigo(a) concurseiro(a), sou grato por esse estudo compartilhado com você e, dessa
forma, encarramos por completo o estudo do crime de homicídio.
Espero que tenha atendido todas as suas expectativas e, mais uma vez, você está livre para me
procurar nas redes sociais para estreitarmos nossa relação de estudo!
Porém, quero que você continue aqui comigo, pois iremos dar início a uma nova figura criminosa do
direito penal.
Até lá!
Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.
Nesse caso, estamos diante da morte causada pelo agente através de manifesta imprudência,
negligência ou imperícia, ou seja, o agente homicida deixa de empregar a atenção ou diligência que era capaz,
causando o resultado lesivo morte, porém jamais aceito ou requerido.
“Assim, imagine-se a hipótese em que o agente, pai de uma criança de 3 anos de idade, morador
do 14º andar de um prédio de apartamentos, deixe de colocar o necessário dispositivo de
segurança em suas janelas e varanda (rede de proteção). Seu filho, que por um instante não
estava sendo observado, debruça-se no parapeito da janela e cai, morrendo com a queda.
No caso em exame, o pai deixou de observar o seu dever objetivo de cuidado, não tendo a
preocupação necessária de colocar as redes de proteção, devendo responder, portanto, pela morte
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de seu filho, a título de culpa independentemente do raciocínio que se possa realizar a respeito da
possibilidade de aplicação do perdão judicial, que veremos mais adiante.” (2014, p.168).
Dessa forma, para que possamos falar em punição pela prática de crime culposo, é necessário
verificarmos a previsibilidade do criminoso. Ou seja, se o fato escapar totalmente à sua previsibilidade, o
resultado não lhe pode ser atribuído, mas, sim, ao caso fortuito ou a força maior.
Para que você não fique confuso, vou lhes trazer a lição de Nelson Hungria, o qual já lhe afirmei ser o
Pai do Direito Penal.
Vejamos:
“Existe previsibilidade quando o agente, nas circunstâncias em que se encontrou, podia, segundo
a experiência geral, ter-se representado, como possíveis, as consequências do seu ato. Previsível
é o fato cuja possível superveniência não escapa à perspicácia comum. Por outra palavras: é
previsível o fato, sob o prisma penal, quando a previsão de seu advento, no caso concreto, podia
ser exigida do homem normal, do homo medius, do tipo comum de sensibilidade ético-social”.
Portanto, agora que já analisamos as figuras descritas no art. 121, §3º, do CP, é necessário sabermos
que o homicídio culposo ainda pode ser praticado de forma majorada.
Dessa forma, o §4º, do art. 121, prevê o aumento de 1/3 da pena nas seguintes hipóteses:
Dessa forma, o mais importante a saber para o seu concurso é que a majoração pela omissão de
socorro só ocorrerá caso o agente tenha matado alguém por negligência, imprudência e imperícia. Em sentido
contrário, caso o agente não tenha agido com culpa e mesmo assim deixa de prestar socorro à vítima, haverá o
crime autônomo de omissão de socorro do art. 135, do CP.
Então, para encerrarmos o estudo do homicídio culposo, ainda nos resta ver apenas a figura do perdão
judicial. Para tanto, o §5º assim está redigido.
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Homicídio culposo
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da
infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária
Pensemos juntos, meu amigo(a). Imagine que Austin, que possui porte legal de arma de fogo, chegue
em casa apressado e, de forma negligente, retira a sua arma da cintura e a coloca sob o sofá da sala, partindo,
logo em seguida, ao banheiro. Sua filha menor El Paso, ao avistar a arma de fogo, começa a brincar com ela. A
arma, por acidente acaba disparando, atingindo-o mortalmente. Austin, ao escutar o estampido, se lembra que
deixou a arma sob o sofá e, ato contínuo, sai em disparada do banheiro para a sala da residência. Chegando ao
cômodo, encontra sua filha morta. Então, caríssimo, nos perguntemos: será que Austin queria a morte da sua
filha El Paso? Evidente que não! Dessa forma, as consequências do fato são muito maiores do que qualquer
pena criminal que possa advir dessa conduta, razão pela qual, o juiz poderá aplicar-lhe o perdão judicial.
Também, é importante que você saiba que o perdão judicial (art. 121, §5º, do CP) é uma causa de
extinção da punibilidade, conforme o artigo 107, inciso IX, do CP:
Preste ação, e veja como essa circunstância vem sendo cobrada em concurso.
Ano: 2013 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil
A hipótese do art. 121, § 5.º do CP, doutrinariamente denominada de perdão judicial, aplica-se ao homicídio
A) cometido por relevante valor moral.
B) culposo.
Resolução: então, meu amigo(a), aposto que você já matou essa questão e certamente ela é ponto positivo na
sua prova. Ao analisarmos o enunciado da questão, ela nos exige termos o conhecimento específico da letra
seca de todos os elementos que compõe o art. 121, CP. A partir da letra seca da lei e, também de tudo que
estudamos até o momento, confio com 100% de certeza que estamos com o mesmo gabarito na cabeça! E ai,
já sabe qual é? Isso mesmo, se você pensou na letra “b” acerto em cheio, pois é somente no caso de homicídio
culposo que podemos falar acerca da aplicação do perdão judicial.
Gabarito: Letra B.
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Caríssimo, eu agradeço sua presença até o momento e tenho certeza que avançamos muito em nosso
estudo. Assim, estamos caminhando para o final do estudo do crime de homicídio, nos restando apenas estudar
figura do art. 121, §6º, do CP e, também o homicídio híbrido.
Pois bem! Inicialmente, ao verificarmos o texto legal, podemos notar que não estamos diante da
figura do homicídio qualificado e, sim do homicídio majorado.
Meu amigo(a), as majorantes estão espalhadas pelo Código Penal, mas, para que você possa
identifica-la como tal, basta focar no aspecto fracionário que ela nos apresenta. Em outras palavras, sempre
que alguma disposição do Código Penal estiver se expressando em forma de fração, estaremos diante de uma
majorante (caso a pena seja aumentada para mais) ou uma minorante (caso a pena seja diminuída). Você,
também, poderá encontrar por outra terminologia, como, por exemplo, causa de aumento (significa
majorante) e causa de diminuição (minorante).
Exemplifico:
Então, para fixarmos de vez esses conceitos, vamos juntos, fazer a leitura do art. 121, §6º, do CP.
Art. 121.
Aumento de pena
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada,
sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
Dessa forma, verificamos que se trata de uma majorante pois o texto está assim redigido “a pena é
aumentada de 1/3 (um terço) até a metade”. Caso fosse inserida a palavra ‘diminuída’ em substituição de
‘aumentada’ estaríamos diante de uma minorante (ou causa de diminuição).
Por grupo de extermínio, meu caro, estamos diante da reunião de “justiceiros” que atuam a margem
da legalidade, ou seja, justificam a prática dos seus crimes a partir da premissa de ausência ou leniência do
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Estado em punir as pessoas conforme a lei. Dessa forma, acabam promovendo uma matança generaliza contra
pessoas que, no ponto de vista do grupo, são marginais e criminosos.
Por outro lado, ainda, há a figura da milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviços de
segurança. Essas milícias atuam principalmente em comunidades carentes, a pretexto de exercerem a
segurança do local, buscando “restaurar a paz e a ordem” que supostamente tenham desaparecido do local. A
figura torna-se passível de punição, pois os integrantes da milícia ignoram a segurança pública do Estado, como
se ela não existisse.
Sendo assim, doutor(a), caso o homicídio seja praticado por ambos os grupos, estaremos olhando
para homicídios majorados. Certamente, esse homicídio poderá ser qualificado, caso o grupo de extermínio ou
milícia privada, mate, por exemplo, por motivo fútil e, junto a isso, haverá, também a incidência da majorante
anteriormente apresentada.
C) A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de
improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial
data anterior à da denúncia ou queixa.
D) A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) até a metade se o crime de homicídio for praticado por milícia privada,
sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
E) A sentença que conceder perdão judicial será considerada para efeitos de reincidência.
Resolução: a partir do que estudamos até o momento, podemos eliminar algumas alternativas por estarem em
desacordo com a legislação penal vigente. Ao analisarmos, por exemplo, a letra “A”, eu sei que você tem a
ciência de que a pena para o homicídio qualificado é de 12 a 30 anos, e não 20. Também, você também se
recorda que o redutor aplicado para o homicídio privilegiado não é o que vem elencado na letra “B’. E ,por fim,
a letra “D” nos traz a hipótese do homicídio majorado praticado por milícia privada, que você também já sabe
que o aumento é de 1/3 e não de 1/6.
Gabarito: Letra C.
Dessa forma, meu amigo(a), superamos o parágrafo 6º do art. 121, do CP e passemos a analisar uma
figura muito explorada em concurso, também relativa ao crime de homicídio.
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O tipo penal prevê as condutas de induzir, instigar ou prestar auxílio material, a alguém para
suicidar-se ou automutilar-se.
“Mas, professor, o que significa cada um dos verbos que você mencionou?”
Vamos lá, meu caro! Vou exemplificar para você no formato de tabela.
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Imagine que Austin induza Dallas a se suicidar e este, vem a cometer o ato fatal. Nesse casso,
podemos verificar que nunca passou pela cabeça de Dallas se suicidar, entretanto, convencido por Austin,
resolve ceifar sua própria vida. Assim, não há dúvida de que Austin responderá pelo crime em tela.
De outro modo, suponha que Dallas está com inúmeros problemas em sua vida pessoal e,
infelizmente, acha que não encontrará solução para nenhum deles, vindo, por conseguinte, passar pela sua
cabeça a hipótese de ceifar a sua vida. Após ter isso em mente Dallas informa Austin que pensou em suicidar-
se. Austin, ao ouvir o pronunciamento de Dallas, fomenta tal ideia, instigando-o a se suicidar e, então, Dallas
decide suprimir sua vida, razão pela qual, suicida-se.
Assim, a partir da situação em tela, podemos perceber que Austin também responderá pelo crime em
análise, entretanto, incorrendo no verbo instigação, pois Dallas já estava pré-disposto a tirar a sua vida.
Por fim, imagine que Austin tenha emprestado um revólver para que Dallas tirasse sua vida. Pois bem,
caso Dallas venha a se suicidar, Austin também responderá pelo crime em tela, mas agora na modalidade
prestar auxílio.
Tudo isso que Austin cometeu também será caracterizado como crime caso o indivíduo venha a se
automutilar.
“Arpini, mas o que é automutilação?”
Tal definição, caríssimo(a), fica por conta da psiquiatria7 que classifica automutilação como: qualquer
comportamento intencional envolvendo agressão direta ao próprio corpo sem intenção consciente de suicídio.
Saiba que o crime em análise é apenado de 6 meses a 2 anos de reclusão. Por ostentar uma pena
máxima de 2 anos de reclusão (de forma abstrata) é considerada uma infração penal de menor potencial
ofensivo, conforme o artigo 61 da Lei 9.099/95. Só mais uma coisinha, caríssimo, a lei do JECrim também foi
objeto de aula no curso de legislação penal especial. Que tal nos encontrarmos por lá também? Pense com
carinho!
7
PRO – AMITI – Serviço do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
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Também, o crime ora em estudo pode ser considerado um crime comum, ou seja, aquele que pode
ser praticado por qualquer pessoa.
Há também, uma divergência sobre o crime ser formal ou de mera conduta. Entretanto, ainda
prevalece no meio dos penalistas que é um crime formal!
Meu caro, em sentido oposto ao crime material que estudamos no homicídio, o crime formal é aquele
que prevê conduta e resultado, entretanto, não há necessidade de ocorrência do resultado para que o crime
exista para o mundo jurídico, bastando apenas a conduta.
Você deve saber que, se da automutilação ou do fato de a vítima tentar-se suicidar, ela acabar
resultado com lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos do §1º do art. 122, a pena será de
reclusão de 1 a 3 anos.
Agora, se houver a consumação do suicídio ou se da automutilação resultar a morte, a reclusão será
de 2 a 6 anos.
Já o §3º, nos traz a hipótese em que a pena para o crime em tela será duplicada, se tal crime for
praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil. As definições de torpeza e futilidade são as que já estudamos
quando da análise do homicídio. Dessa forma, meu amigo(a), basta você os transportá-los para cá. Já o motivo
egoístico é aquele sentimento de indiferença que o autor do crime tem para a vítima, no momento de induzi-
la, instiga-la ou prestar-lhe auxílio para que ceife sua vida ou se automutile.
“Professor, você falou em pena duplicada. Nesse caso, posso concluir que se trata de uma majorante?”.
Com certeza, caríssimo! Acertou em cheio. Além das hipóteses fracionárias apresentadas pelo CP
para caracterizar uma majorante, ele também nos traz tais definições a partir da nomenclatura “duplicada”.
Saiba, também, que será duplicada a pena para o criminoso que tenha como alvo uma vítima menor
de idade, ou que tenha diminuída a capacidade de resistência.
Imagine que Austin tenha feito com que Dallas ingerisse bebida alcoólica ao ponto de que este ficasse
em um estado de alteração psíquica que não seja possível oferecer resistência e, logo em seguida Dallas vem a
se suicidar. Dessa, forma conseguimos visualizar que Austin responderá pelo crime na sua forma majorada.
Agora, meu amigo(a), você lembra daquele infeliz brincadeira que rondou o território brasileiro e
acabou vitimando inúmeras crianças?
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Pois bem, os §§4º e 5º do referido artigo foram inseridos no texto penal para coibir tal prática,
dispondo que se as condutas que estudamos anteriormente, serão penalizadas de forma dobrada se for
realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real.
De outra banda, a pena será aumentada em metade se o agente criminoso for líder ou coordenador
de grupo ou de rede virtual.
E, para encerrarmos o estudo do crime do art. 122 do CP, você precisa ficar atento aos §§6º e 7º.
O §6º dispõe que se do crime resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra
menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência,
responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código (a figura será objeto de estudo logo em
seguida).
Agora, quero que você redobre sua atenção. Peço que você leia atentamente o §2º do artigo 122 e,
logo em seguida o §7º. A partir disso, vou formular a tabela abaixo para clarear seu estudo.
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Perceba, meu amigo(a), nos casos em que as vítimas forem as pessoas elencadas na coluna da
esquerda e, a conduta praticada pelo agente consume o resultado suicídio e automutilação com morte, o
indivíduo não responderá pelo crime do art. 122 do CP e, sim pelo crime de HOMICÍDIO MAJORADO do art.
121, §4º, CP.
A) o homicídio funcional é aquele delito praticado contra autoridade ou agente membro das forças armadas,
policiais federais em geral, policiais civis ou militares, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou, ainda, contra seu cônjuge, companheiro
ou parente até o segundo grau, em razão dessa condição, incidindo pena privativa de liberdade de doze a vinte
anos de reclusão.
D) a pena é duplicada para crime de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio praticado contra vítima
menor ou com diminuição da capacidade de resistência.
Resolução: meu amigo(a), ao analisarmos a questão em tela, precisamos no deter aos detalhes. Então,
perceba que, como eu falei para você anteriormente, a Lei Anticrime alterou substancialmente o crime do art.
122, do CP, inserindo a figura da automutilação, até então inexistente e, também inserindo novos patamares
de pena privativa de liberdade a depender de como fora praticada a conduta pelo agente. Assim, por se tratar
de uma inovação legislativa, eu vou dar um conselho a você (e eu sei que o concurseiro, as vezes não gosta
disso, mas preciso lhe falar): decore as formas de como se dará o aumento de pena no art. 122 (duplicada,
aumentada de metade, aumentada até o dobro). Veja o que diz a assertiva letra “D”, “a pena é duplicada”,
desse modo, é necessário saber o texto seco do art. 122, do CP.
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b) primeiramente a causa de aumento é de 1/3 até a metade e, também, não há previsão legal expressa acerca
da presença dos parentes colaterais da vítima.
c) nesse caso, poderá haver compatibilidade, desde que o crime seja praticado em atividade típica de grupo e
extermínio.
Gabarito: Letra D.
Certo, meu amigo(a), encerramos por aqui o estudo de mais uma figura típica. Assim, no próximo
capítulo veremos outro crime de suma importância para o nosso estudo no mundo dos concursos.
Infanticídio
Seja muito bem-vindo, concurseiro(a)!
A partir desse momento vamos dar início ao estudo da figura do infanticídio, um crime que, em termos
práticos ocorre pouco, entretanto, para concursos é importantíssimo.
Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
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Partindo dessa primeira premissa, podemos verificar que, diferentemente dos crimes estudados
anteriormente, o infanticídio é um crime próprio, ou seja, o oposto de um crime comum!
Meu(a) querido(a) estudante, crime próprio é aquele que só pode ser praticado por um sujeito ativo
que ostenta uma condição especial.
Pois bem, ao mesmo tempo que o infanticídio é um crime próprio quanto ao sujeito ativo, também
será quanto ao sujeito passivo (vítima), que só pode ser o filho da homicida.
Também, assim como o homicídio, é um crime material pois, para a consumação, é necessário que
ocorra a morte do neonato.
“Certo. Então, professor, quer dizer que a mãe que mata o filho durante ou logo após o parto comete o
infanticídio?”
Quase isso meu amigo(a), se a mãe matar o filho durante ou logo após o parto, ela responderá por
homicídio (simples ou qualificado). Ela só responderá pelo infanticídio se estiver presente o elemento o estado
puerperal.
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Para tal conceito, nós, penalistas, precisamos nos socorrer da medicina e Jorge de Rezende8, assim
define o estado puerperal:
É, meu amigo(a), nada fácil esse conceito mas, a doutrina penal tratou de enquadrá-lo ao direito
penal, vejamos:
Para Paulo José da Costa Júnior9 “a mulher, abalada pela dor obstétrica, fatigada, sacudida pela
emoção, sofre um colapso do senso moral, uma liberação de instintos perversos, vindo a matar o próprio filho”.
Vamos exemplificar!
Imagine que Houston, esposa de Austin, venha dar à luz a El Paso, e a parturiente, dominada por uma
forte carga hormonal decorrente do parto e pós-parto, acabar por matar sua filha, estrangulando-a
mecanicamente. Nesse caso, estamos diante da figura do infanticídio e não do homicídio, tendo em vista a
presença dos elementos especializantes.
O que você também precisa saber, é o grau de intensidade do estado puerperal, pois caso seja de grau
mínimo, podemos estar diante do homicídio da mãe contra o filho(a). Se for de grau máximo, a mãe poderá ser
considerada inimputável (quando é incapaz de entender o caráter ilícito do fato no momento da conduta).
“Professor, mas como saberemos o grau do estado puerperal e quanto tempo perdura?”
Meu amigo(a), de forma abstrata, não há como sabermos. Tais informações só poderão ser extraídas
a partir de perícia psicológica realizada na parturiente a partir da ocorrência do fato concreto.
Saiba, também, que o infanticídio só poderá ser praticado na forma dolosa (dolo direto ou eventual),
não havendo previsão de infanticídio culposo.
Certo, caríssimo! Antes de encerrarmos mais um crime, vamos analisar como os concursos estão
questionando o referido crime.
Ano: 2017 Banca: IBADE Órgão: PC-AC Prova: IBADE - 2017 - PC-AC - Escrivão de Polícia Civil
Abigail, depois de iniciado parto caseiro, mas antes de completá-lo, sob influência do estado puerperal, mata o
próprio filho. Abigail praticou crime de:
8
REZENDE, Jorge de. O puperpério. In: REZENDE, Jorge de et al. (Coord.). Obstetrícia, p.373.
9
COSTA JÚNIOR, Paulo José da. Curso de direito penal, v.2, p.18.
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B) homicídio
C) homicídio qualificado.
D) infanticídio.
E) autoaborto.
Resolução: a partir das informações extraídas do enunciado e, também, do visto até o momento, Abigail será
autora do crime de infanticídio.
Gabarito: Letra D.
Ano: 2013 Banca: FUNCAB Órgão: PC-ES Prova: FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia
Maria, que estava sob a influência do estado puerperal, em face de ter acabado de dar à luz, estando sonolenta
pela medicação que lhe fora ministrada, ao revirar na cama, acabou sufocando seu filho, que se encontrava ao
seu lado na cama, matando-o. Logo, Maria:
A) deverá responder pelo crime de homicídio doloso.
Resolução: analisando o enunciado da questão, podemos verificar que Maria não quis causar a morte do seu
filho e, em que pese a banca tentasse induzir o candidato a erro falando sobre o estado puerperal, não há que
se falar em infanticídio, mas em homicídio culposo.
Gabarito: Letra B.
Ano: 2008 Banca: ACAFE Órgão: PC-SC Prova: ACAFE - 2008 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil
B) matar, para ocultar desonra própria e sob influência do estado puerperal, o próprio filho, antes, durante o
parto ou logo após.
C) matar, sob influência do estado puerperal, o próprio filho, antes, durante o parto ou logo após.
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D) matar, sob influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após.
Resolução: você deve estar atento ao momento em que ocorre o crime de infanticídio. Se o crime ocorrer antes
do parto, estaremos diante do crime de aborto. Se o crime for depois do parto, podemos estar diante do
homicídio. O infanticídio requer durante ou logo após.
Gabarito: Letra D.
E assim, avançamos ainda mais no nosso estudo. Encerramos o estudo de mais uma figura criminosa.
No próximo capítulo vamos iniciar o estudo do crime de aborto e suas respectivas nuances.
Aguardos vocês!
Aborto
Meu(a) querido(a) colega, seja muito bem-vindo a mais um capítulo do nosso estudo compartilhado.
A partir de agora, vamos iniciar o estudo do aborto. Entretanto, precisamos estabelecer algumas
premissas antes de adentrarmos nas figuras criminosas propriamente ditas.
Introdução.
Para um dos grandes estudiosos do Direito Penal, o colega Júlio Fabrini Mirabete10, “o aborto é a
interrupção da gravidez com a destruição do produto da concepção”.
A partir dessa lição, você precisa saber para o seu concurso que a gestação (para a órbita jurídica) tem
início com nidação, que é a implantação do óvulo fecundado no endométrio com a sua fixação no útero
materno.
10
MIRABETE, Júlio Fabrini. Manual de Direito Penal, Parte Especial, v.2, p. 62.
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Aposto que você lembra do início do nosso estudo, sobre a vida humana intrauterina e extrauterina.
Então, avancemos!
Nesse momento, farei uma tabela para ilustrar a você todas as espécies de aborto.
Venha comigo!
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento (art. 124, CP).
Como será a regra do nosso estudo, iniciaremos a análise do crime em tela a partir do art. 124 do
Código Penal.
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Nos debruçando acerca da redação do art. 124 do CP, já lhes adianto, querido(a), esse dispositivo
prevê duas formas de aborto. A primeira delas é o autoaborto quando a própria gestante realiza a manobra
abortiva e, a segunda, o aborto praticado com o seu consentimento (terceiro que irá realizar a manobra
abortiva).
“Professor, não entendi. Caso a vítima peça para um terceiro realizar a manobra abortiva sob ela, esse
terceiro responderá por um crime diferente, isso?”.
Essa é uma exceção pluralística à teoria monista (adotada pelo art. 29, do CP).
A regra no ordenamento jurídico penal é que se, duas pessoas praticam um crime, elas responderam
juntas pelo mesmo crime na medida de sua culpabilidade (por exemplo, duas pessoas que praticam um crime
de furto, irão responder conjuntamente pelo art. 155 do CP, que prevê o furto).
Entretanto, alguns casos excepcionais no Código Penal, como também o crime de corrupção ativa e
passiva (que será objeto de estudo em nossas próximas aulas), tratam de exceções pluralistas, ou seja, nesse
caso do aborto, a gestante responderá pelo crime do art. 124 e o terceiro pelo crime do artigo 126, do CP.
Vejamos a seguinte questão:
Ana, após realizar exame médico, descobriu estar grávida. Estando convicta de que a gravidez se deu em
decorrência da prática de relação sexual extraconjugal que manteve com Pedro, seu colega de faculdade, e
temendo por seu matrimônio decidiu por si só que iria praticar um aborto. A jovem comunicou a Pedro que
estava grávida e pretendia realizar um aborto em uma clínica clandestina. Pedro, por sua vez, procurou Robson,
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colega que cursava medicina, e o convenceu a praticar o aborto em Ana. Assim, alguns dias depois de combinar
com Pedro, Robson encontrou Ana e realizou o procedimento de aborto.
Sobre a questão apresentada, é correto afirmar que a conduta de Ana se amolda ao crime previsto no
A) art. 124, segunda parte, do Código Penal (consentimento para o aborto). Robson, por sua vez, tem sua
conduta subsumida ao crime previsto no art. 126, do Código Penal (aborto provocado por terceiro com
consentimento). Já Pedro responderá como partícipe no crime de Robson.
B) art. 124, segunda parte, do Código Penal (consentimento para o aborto). Robson, por sua vez, tem sua
conduta subsumida ao crime previsto no art. 124, segunda parte, do Código Penal. Já Pedro responderá como
partícipe no crime de Ana.
C) art. 125, segunda parte, do Código Penal (consentimento para o aborto). Robson, por sua vez, tem sua
conduta subsumida ao crime previsto no art. 124 do Código Penal (aborto provocado por terceiro sem
consentimento). Já Pedro responderá como partícipe no crime de Robson.
D) art. 124, primeira parte, do Código Penal (autoaborto). Robson, por sua vez, tem sua conduta subsumida ao
crime previsto no art. 126 do Código Penal (aborto provocado por terceiro com consentimento). Já Pedro
responderá como partícipe no crime de Ana.
E) art. 126, primeira parte, do Código Penal (autoaborto). Robson, por sua vez, tem sua conduta subsumida ao
crime previsto no art. 124 do Código Penal (aborto provocado por terceiro com consentimento). Já Pedro
responderá como participe no crime de Ana.
Resolução: a partir do que estudamos até o presente momento, percebemos a clara incidência da exceção
pluralística a teoria monista. Dessa forma, Ana responderá pelo crime do art. 124. Robson pelo 126 e Pedro
será partícipe, do crime de Robson, por ter auxiliado moralmente a conduta criminosa.
Também, concurseiro(a), é necessário que você saiba que esse crime só é punido de forma dolosa
(seja o dolo direto ou eventual), não há previsão para a figura culposa.
Ainda, trata-se de crime material, ou seja, exige a morte do feto para que o crime esteja consumado,
pouco importando se a morte do produto da concepção ocorreu fora ou dentro do ventre materno.
Dessa forma, encerramos a análise do crime em tela. No próximo tópico iniciamos o estudo do art.
125, do CP.
Não saia daí!
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Meu amigo(a), assim como todos os crimes ora estudados até o momento, a figura do art. 125 tutela
a vida (em sua forma intrauterina).
Ainda, estamos diante de um crime comum, aquele que você já está careca de saber!
“Claro, professor! O crime comum é aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa!”.
Quanto ao sujeito passivo (a vítima do crime) nesse cenário ela é dúplice, pois além de vitimar o
produto da concepção (o feto), a gestante também é vítima, pois a figura do art. 125, o terceiro pratica a
manobra abortiva sem o consentimento da gestante.
A conduta do agente criminoso consiste em interromper, de forma violenta e com intenção, uma
gestação, destruindo o produto da concepção, sem o consentimento válido da gestante.
O crime, nesse caso, também é material, ou seja, é necessário que ocorra a morte do feto.
Por fim, o crime só é punido à título de dolo (direto ou eventual – quando o agente assume o risco de
produzir o resultado). Não há previsão para figura culposa.
Aposto que você não imaginou que iriamos passar tão rápido por essa figura criminosa. Pois é! Mas já
encerramos seu estudo. Vamos adiante!
Outra forma do terceiro praticar o crime de aborto é com o consentimento da gestante, conforme o
artigo 126, do CP.
Analise comigo:
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54)
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos,
ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou
violência
Tenho certeza que você tem fresquinho na sua memória o que estudamos logo no início do trato do
aborto, esse é o crime do art. 126 que mencionei a você sendo a exceção pluralística a teoria monista. Então,
tudo o que vimos para o art. 124, do CP, deve ser transportado para cá, razão pela qual, quando o terceiro
realizar a manobra abortiva na gestante com o seu consentimento, o terceiro responderá pelo crime do art. 126
e a gestante pelo artigo 124, tendo como vítima apenas o produto da concepção.
Quanto ao parágrafo único, veja-se que, a gestante ser menor de quatorze anos é uma circunstância
objetiva, ou seja, o agente criminoso deve ter conhecimento de tal circunstância.
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Certo meu caro, encerramos por aqui as figuras do aborto, nos restando ainda analisarmos a figura
majorada e o aborto legal.
Vamos em frente!
Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em
conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de
natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Em que pese a impropriedade do nomem iuris (forma qualificada), se trata, na verdade, de uma
majorante (causa de aumento de pena). Recorde-se da dica fracionária que dei a você!
Você precisa ter em mente que essa causa de aumento de pena só pune com maior rigor as figuras
dos artigos 125 e 126, anteriormente estudadas.
Nesse caso, meu amigo(a), diferentemente do que ocorre nos casos anteriores em que é necessária a
morte do feto, aqui, para que haja a majoração da pena, basta que a gestante sofra lesão grave ou que venha a
morrer.
Então, caminhando para o final, agora passaremos a analisar as hipóteses em que o Código Penal
disciplinou como legais a ocorrência do aborto!
Avante, meu amigo(a)!
Vamos a análise do art. 128, do Código Penal. Quero, mais uma vez, que você leia com atenção o
dispositivo.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54)
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando
incapaz, de seu representante legal.
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Para que as hipóteses legais de aborto estejam configuradas e não haja punição para a gestante ou
para o terceiro, são necessários o preenchimento de algumas condições.
O aborto deve ser praticado por médico Deverá ser realizado por médico
Certo, caríssimo! A partir desse quadro, conseguimos clarear o nosso estudo acerca das excludentes
de ilicitude do art. 128, ou seja, das hipóteses em que o Código Penal não considera crime a prática do aborto.
Por fim, ainda nos resta analisarmos a ADPF 54, sobre o aborto do feto anencefálico.
ADPF 54.
Houve, no Brasil, uma discussão acerca da possibilidade ou não do aborto de feto acéfalo. Por feto
acéfalo, caríssimo(a), entende-se a ocorrência de malformação congênita do embrião, feto ou recém-nascido,
hipótese em que este não possui parte vital do sistema nervoso central.
Assim, a discussão em torno da possibilidade ou não de aborto do feto acéfalo foi parar no órgão de
cúpula do Poder Judiciário (o Supremo Tribunal Federal). Desse modo houve, por parte da CNTS –
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde, a impetração da ADPF, que posteriormente veio a ser
distribuída sob o nº 54.
Assim, ao julgar a ADPF 54, o Supremo Tribunal Federal decidiu que, diante de uma deformação
irreversível do feto, há de se lançar mão dos avanços médicos-tecnológicos, postos à disposição da humanidade
não para simples inserção no dia-a-dia, de sentimentos mórbidos, mas, justamente, para fazê-los cessar. No
caso da anencefalia, a ciência médica atua com margem de certeza igual a 100%. Dados merecedores da maior
confiança evidenciam que fetos anencefálicos morrem no período intrauterino em mais de 50% dos casos. A
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gestante convive diuturnamente com a triste realidade e a lembrança ininterrupta do feto, dentro de si, que
nunca poderá se tornar um ser vivo.
Em outras palavras, meu amigo(a), o Supremo Tribunal Federal entendeu que o aborto de feto
comprovadamente anencefálico não constitui crime. Sendo assim, a conduta do médico que realiza a manobra
abortiva, deve ser considerada penalmente atípica.
Se a gravidez é
decorrente de
estupro
ABORTO
NÃO
PUNÍVEL
Se for caso de
Se a gravidez
feto anencéfalo,
representa
conforme o
risco de vida a
etendimento do
gestante
STF.
A Suprema Corte tratou do tema antecipação do parto ou interrupção da gravidez na ADPF 54 em que foi
postulada a interpretação dos arts. 124 e 126 do Código Penal – autoaborto e aborto com o consentimento da
gestante – em conformidade com a Constituição Federal, quando fosse caso de feto anencéfalo. Após julgar
procedente a ação, o Colendo Tribunal declarou que a ocorrência de anencefalia nos dispositivos invocados
provoca a
A) exclusão da antijuridicidade.
B) exclusão da tipicidade.
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Resolução: a partir do que acabamos de ver acerca da ADPF 54, é possível notarmos que a única assertiva que
se encaixa ao exposto pelo Supremo Tribunal Federal, é a da atipicidade da conduta do médico que realiza a
manobra abortiva no feto comprovadamente anencefálico.
Gabarito: Letra B.
Dessa forma, meu amigo(a), encerramos por aqui o nosso estudo sobre o crime de aborto!
No próximo capítulo tratarei do último crime com maior incidência em concursos públicos, que
inaugura o capítulo II, do Código Penal. Vamos tratar, mais precisamente do crime de lesões corporais.
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Dando continuidade ao nosso estudo, a partir de agora mergulharemos no mundo das lesões corporais e
todas as suas espécies.
Sendo assim, vamos dar início a análise do texto legal disposto no Código Penal.
Quero que você leia o artigo 129, seus incisos e parágrafos com muita atenção.
Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incuravel;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Lesão corporal seguida de morte
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu
o risco de produzí-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena
de um sexto a um terço.
Substituição da pena
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§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de
duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Aumento de pena
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121
deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de
1990)
Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou
com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas,
de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9 o
deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido
contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006)
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº
13.142, de 2015)
Feita a nossa primeira leitura acerca do dispositivo, vamos tratar de desmembrar o crime de lesões
corporais.
Inicialmente, o crime de lesões corporais visa proteger a incolumidade pessoal do indivíduo em vários
aspectos, dentre eles, a saúde corporal, fisiológica e mental (atividade intelectiva, volitiva ou sentimental).
Sendo assim, é possível dividirmos as lesões corporais quanto ao elemento subjetivo (dolo – direto ou
eventual) e intensidade.
Vejamos:
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Veja, caríssimo, assim como estudamos exaustivamente durante toda essa aula, o crime de lesões
corporais também é um crime comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa. Entretanto, quero que
você fique atento a duas exceções. Nos artigos 129, §1º, IV e art. 129, §2º, V, necessariamente o sujeito passivo
deverá ser mulher.
“Mas porque nesses casos estamos diante do sujeito passivo necessariamente mulher?”
Explico, doutor(a)! Na hipótese do art. 129, §1º, IV a lesão corporal resulta aceleração do parto, razão
pela qual, necessariamente o sujeito passivo deve ser uma pessoa do sexo feminino. Também, o art. 129, §2º,
V, resulta abortamento e, dessa forma, também é necessário que o sujeito passivo seja mulher.
A conduta perpetrada pelo agente, necessariamente, deve ser a ofensa à integridade corporal ou à
saúde alheias, seja causando uma enfermidade, quer agravando a que já existe. A dor sofrida pela vítima é
dispensável para a configura do crime de lesão corporal.
Durante o estudo de outras figuras criminosas, falei a você sobre o elemento subjetivo, o ânimo do
agente para a prática da conduta. Dessa forma, a lesão corporal admite tanto a modalidade dolosa (seja de
forma direta –quando o agente quer a lesão; ou eventual – quando assume o risco de produzir o resultado).
como culposa.
Você também deve lembrar, assim como estudamos no início do nosso encontro, a lesão corporal é
mais uma espécie de crime material, pois, para a sua consumação é necessário que ocorra e lesão ou o prejuízo
a saúde alheia.
Ademais, é possível notarmos a partir da redação do art. 129 do CP que, a lesão corporal possui várias
naturezas, dentre elas, a lesão corporal leve, grave, gravíssima e seguida de morte.
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A lesão corporal leve é a que utilizamos como conceito de exclusão, ou seja, se a lesão no for seguida
de morte, gravíssima ou grave, será então, lesão leve.
O inciso I trata da incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias. Dessa forma,
meu amigo(a), entende-se por ocupação habitual qualquer atividade corporal, não necessariamente ligada ao
trabalho.
“Mas professor, como é atestado a natureza das lesões corporais para sabermos em qual natureza ela se
encaixa?”
Caríssimo, excelente pergunta!
Mais adiante, iniciaremos o nosso curso de Processo Penal, onde estudaremos o tema do exame de
corpo de delito. Esse exame é obrigatório para todas as infrações penais que deixam vestígios, sendo o caso da
lesão corporal. Dessa forma, é a partir desse exame que será atestada a natureza das lesões.
Então, caso a vítima tenha sofrido lesões corporais, no primeiro momento ela será submetida ao
exame de corpo de delito e, posteriormente, no prazo de 30 dias, será submetida novamente, para analisarmos
a presença ou não de lesões corporais de outras naturezas.
O inciso II, que trata do perigo de vida, deverá ser comprovado mediante perícia, doutor(a), pois a
simples região corporal em que a lesão foi praticada, por si só, não é capaz de indicar o perigo de vida.
O inciso III traz a figura da debilidade permanente de membro (por exemplo, braço, perna, mão e etc),
sentido (por exemplo, paladar, tato, audição) ou função (por exemplo, respiratória, neurológica e etc). A lesão
corporal grave dessa natureza diz respeito a redução ou enfraquecimento da capacidade funcional de membro,
sentido ou função, cuja recuperação seja incerta e por tempo indeterminado, mas, é claro que não significa que
será de forma perpétua.
Finalizando o §1º, o inciso IV, traz a figura de aceleração de parto. Entretanto, para a incidência dessa
qualificadora da lesão corporal, é necessário que o criminoso que lesiona a vítima tenha ciência de que esta
encontra-se em situação gravídica.
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Vamos em frente!
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De acordo com o Código Penal, a incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias, caracteriza
o crime de:
Resolução: a partir do que estudamos até o momento, é possível verificarmos que a incapacidade para
ocupações habituais, por mais de 30 dias caracteriza o crime de lesão corporal grave, conforme o art. 129, §1º,
I, do CP.
Gabarito: Letra C.
Encerramos o estudo do §1º do art. 129. Agora, passaremos ao estudo da lesão corporal de natureza
gravíssima.
Desse modo, para que você grave de forma mais fácil todas as hipóteses de lesão corporal grave,
resolvi preparar a tabela abaixo:
IV – Aceleração de parto;
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§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incuravel;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Por incapacidade permanente para o trabalho, ao contrário do que ocorre com o inciso I, do §1º, do
art. 129, a figura em tela é a incapacidade para o trabalho, permanente e de forma absoluta, prolongada no
tempo e sem nenhuma previsibilidade de cessação. Também, nesse caso, é imperioso que a gravidade da lesão
limite a vítima para desempenhar qualquer trabalho e não apenas a que eventualmente exercia no momento
das lesões.
Já a enfermidade incurável (inciso II), trata da alteração permanente da saúde em geral por processo
patológico. Assim, estamos diante de uma transmissão intencional de uma doença para qual não existe cura
no atual estágio da medicina.
Por perda ou inutilização de membro, sentido ou função (inciso III), ao contrário da situação
anteriormente estudada por nós, aqui há uma perda total de um membro (braço, perna, mão e etc), sentido
(paladar, tato, audição) ou função (neurológica, por exemplo).
Já, quanto ao inciso IV, meu amigo(a), verificamos a presença da deformidade permanente, ou seja,
aqui, estamos diante de um dano estético permanente, capaz de gerar uma impressão vexatória para a vítima
(um desconforme para quem olha e uma humilhação para a vítima).
“Mas professor, hoje, com cirurgias plásticas avançadas, talvez se possa rever o quadro da deformidade.
Como ficaria a lesão nesse caso?”
Certo, doutor(a). A cirurgia plástica foi objeto de amplo debate entre os penalistas e também entre os
Tribunais Superiores. O que você precisa saber para o seu concurso é que, em que pese a cirurgia plástica possa
reverter o quadro deixado pela lesão, o crime não será excluído e permanecerá sendo punível o agente autor
da lesão gravíssima.
Encerrando a lesão gravíssima, o inciso V, que trata como qualificadora a lesão corporal capaz de
causar o abortamento. Saiba que, o resultado abortamento, deverá se dar à título de culpa. Dessa forma, o
crime que estamos analisando é preterdoloso.
PRETERDOLOSO
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De acordo com o Artigo 129 do Código Penal Brasileiro, trata-se de lesão corporal de natureza gravíssima:
A) Aceleração de parto.
D) Perigo de vida.
Resolução: então, meu amigo(a), a partir da leitura do enunciado da questão é de suma importância que
tenhamos o conhecimento do texto seco da lei. Ao relatar as hipóteses de lesão corporal de natureza
gravíssima, devemos nos socorrer do art. 129, §2º, do CP. Ao analisarmos o referido rol, podemos notar que a
lesão corporal de natureza gravíssima que lá está prevista e se encontra elencada na questão é deformidade
permanente.
Gabarito: Letra C.
Desse modo, para que você grave de forma mais fácil todas as hipóteses de lesão corporal gravíssima,
resolvi preparar a tabela abaixo:
V – Aborto.
Seguindo o nosso estudo, chegou o momento de tratarmos da lesão corporal seguida de morte, do
art. 129, §3º, do Código Penal.
Pois bem, caríssimo(a), vejamos o que o Código Penal nos diz no art. 129, §3º, CP.
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Meu amigo(a), nós, penalistas costumamos chamar esse figura de homicídio preterdoloso
(nomenclatura que você poderá encontrar no seu concurso). Na lesão corporal seguida de morte ou homicídio
preterdoloso, o ânimo do agente é voltado apenas para lesionar a sua vítima, entretanto, acaba por matá-lo
culposamente.
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais11 já reconheceu lesão corporal seguida de morte na conduta de
seguranças de supermercado que abordam de forma ríspida, humilhante e agressiva um octogenário, em razão
de suspeitarem haver ele deixado de pagar o produto que adquirira, fato que teria acarretado distúrbio psíquico
na vítima que caiu, desfalecida, no estacionamento do estabelecimento comercial, vindo a falecer pouco
depois, cometem o crime de lesão corporal seguida de morte.
A lesão corporal seguida de morte não se confunde com o homicídio culposo, pois, na primeira situação,
chamada de homicídio preterdoloso, ocorre o dolo. Nesse caso, o autor tem a intenção de provocar a lesão
corporal, mas não a morte da vítima.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução: conforme a situação problema que nos é apresentada no enunciado em tela, realmente, a lesão
corporal seguida de morte não se confunde com o homicídio culposo. Lembre-se do que falei a você sobre o
homicídio preterdoloso (as bancas gostam dessa terminologia, pois ela é menos usual para o candidato e assim
fica mais fácil de confundi-lo). Portanto, é sabido por nós que, na lesão corporal seguida de morte o agente
criminoso não quer a morte, mas apenas a lesão.
Gabarito: CERTO.
Ano: 2009 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-RN Prova: CESPE - 2009 - PC-RN - Escrivão de Polícia Civil
11
TJMG, JM 170/368.
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Resolução: verificando a situação hipotética proposta pela banca, é possível observarmos o dolo de Kaio
apenas em lesionar seu desafeto Lúcio. Assim, o traumatismo craniano (resultado agravador) foi culposo, pois
não era querido, razão pela qual, não há que se falar em homicídio. Estamos diante de uma lesão corporal
seguida de morte.
Gabarito: Letra C.
Você lembra do homicídio privilegiado, lá do comecinho do nosso estudo? Tenho certeza que sim. Assim,
analisaremos a lesão corporal privilegiada.
Venha comigo!
Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena
de um sexto a um terço.
Meu amigo(a), para que possamos avançar no nosso estudo, sendo o mais sistemático e técnico possível,
posso lhe garantir que tudo que aprendemos sobre o homicídio privilegiado se aplica para a lesão corporal
dolosa privilegiada, dessa forma, seguimos em frente com o nosso conteúdo.
Substituição da pena
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§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de
duzentos mil réis a dois contos de réis:
A partir da leitura que acabamos de realizar acerca do dispositivo, concluímos que em caso de lesões
corporais que não sejam graves (lembre-se meu amigo(a), só iremos conseguir medir a extensão das lesões
através de exame de corpo de delito e, também, a lesão corporal leve é nossa válvula de escape, sendo sempre
residual, certo?!) e tenha ocorrido em uma das hipóteses do parágrafo 4º (por exemplo, uma lesão corporal leve
por relevante valor moral), o juiz poderá substituir a pena de detenção (uma das espécies do gênero pena) pela
multa.
Outra forma que o juiz pode substituir a pena de detenção pela de multa é caso as lesões sejam recíprocas.
O Professor Damásio de Jesus, em sua obra, traz o seguinte exemplo para lesões recíprocas: “ambos os
agentes se ferem e um agiu em legitima defesa: absolve-se um e conda-se o outro, com o privilégio”.
Quanto a lesão culposa, caríssimo, você deve ter em mente que, a natureza do resultado (lesão leve, grave
ou gravíssima) não irá interferir no enquadramento típico da conduta. Em outras palavras, será lesão corporal
culposa o dano à saúde ou integridade corporal de terceiro, provocado por imprudência, negligência ou
imperícia, tanto nos casos em que ocorrer apenas um hematoma (lesão leve), resultar perigo de vida (lesão
grave) ou deformidade permanente (lesão gravíssima).
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Também, você deve sabe que a pena da lesão culposa será aumentada em 1/3 (um terço) quando ocorre
quaisquer das hipóteses do artigo 121, §4º,do CP (“se o crime resulta de inobservância de regra técnica de
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
consequências do seu ato, ou foge para evitar a prisão em flagrante”), está lembrado, meu querido amigo(a)?
São exatamente as situações que estudamos anteriormente no crime de homicídio. Você se lembra do nosso
amigo Austin que, naquela ocasião havia construído um muro? Pois bem, basta que a queda do muro não cause
a morte, mas apenas lesões e, estaremos diante dessa figura!
Já o perdão judicial, que está previsto no §8º, se reveste das mesmas nuances daquele que estudamos,
também, no crime de homicídio. Ou seja, na lesão culposa, dá-se o perdão judicial quando as consequências da
infração atingirem o próprio agente de uma forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
Imagine a situação em que Houston, esposa de Austin, efetua uma manobra em seu veículo e,
inadvertidamente, atropela sua filha El Paso, causando-lhe ferimento. É a típica situação de aplicação do
perdão judicial para a lesão corporal.
Encerrada essa figura da lesão culposa, adiante estudaremos as lesões no âmbito doméstico.
Feita a nossa leitura, verificamos que são duas as hipóteses que fazem surgir a figura em questão:
Ainda, é de suma importância que você saiba que é dispensável a coabitação entre o autor do fato e a
vítima, bastando existir a referida relação parental. Assim, se numa confraternização de família, que há muito
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não se reunia, um irmão, vindo de Estado longínquo, agride o outro, ferindo-o na sua saúde física ou mental,
terá praticado o crime de violência doméstica12.
Pois bem, meu amigo(a), o dispositivo que estamos estudando está intimamente ligado com a Lei Maria
da Penha (Lei nº 11.340/06) e, como precisamos ter o máximo de informações possíveis para nossa aprovação,
vou lhes dar algumas informações valiosas sobre a incidência da Lei Maria da Penha.
Vamos lá!
1) Violência doméstica (art.5º da Lei Maria da Penha, com ou sem vínculo familiar) e/ou familiar contra a
mulher (sujeito passivo).
2) Condições cumulativas de incidência da Lei Maria da Penha: 1) Deve ser praticada uma violência nas
formas do artigo 7º da Lei + 2) Dentro de uma das situações de vulnerabilidade do artigo 5º (I – violência
doméstica; II – violência familiar; III – violência afetiva – praticada em uma relação íntima de afeto. São
alternativas entre elas e não cumulativas) +3) Contra sujeito passivo mulher (em sua identidade de gênero).
Ex: Um filho furta a mãe, em tese, aplicaria a escusa absolutória (art. 181, II, CP). Entretanto, nesse
caso houve violência patrimonial contra mulher em ambiente familiar. E agora? A Lei Maria da Penha não
afasta expressamente a incidência das escusas absolutórias. Com base no art. 12 do CP, o STJ entendeu
que continua tendo aplicação as escusas absolutórias mesmo com a incidência da Lei Maria da Penha (RHC
42.918/RS). A única lei penal extravagante que afastou expressamente a exclusão de escusa absolutória
foi o estatuto do idoso (art. 95 da Lei 10.741/03), que também acabou acrescentando o inciso III, no artigo
183 do CP. Esse foi o paradigma de lei que afastou expressamente as escusas.
4) Situações de vulnerabilidade do artigo 5º:
I – Violência doméstica: predomina o critério espacial, o lugar onde praticado a violência. É o espaço de
convívio permanente de pessoas (com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas a este
espaço). OBS: Prevalece que a empregada doméstica ou a diarista podem ser sujeito passivo da lei maria da
penha, caso tenham sofrido violência dentro do espaço doméstico.
II – Violência familiar: aquela em que o agressor e a ofendida são unidos por laços de três naturezas:
12
STJ, RHC 50.026-PA, rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª T. j. 3/08/2017 – Informativo nº 609.
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a) naturais/consanguíneo/biológico;
b) afinidade/vínculo/parentesco;
c) por vontade expressa (casamento) /adoção; + pessoas que são ou se consideram aparentadas por
laços sócio afetivos (mãe de criação).
III – Violência por relação íntima de afeto: É aquela em que o agressor e a ofendida convivam ou tenham
convivido (ex marido, namorado, tudo), independente de coabitação. A relação de namoro entra aqui. Súmula
600 do STJ, diz que independe de coabitação para configurar qualquer das hipóteses de violência do art. 5º
entre agressor e ofendida. Orientação do STJ: tratando-se de relação pretérita, basta que a violência tenha
sido praticada em razão da relação rompida (nexo causal), pouco importando quanto tempo transcorreu
desde a separação.
Psicológica;
Moral;
Patrimonial.
Requisitos cumulativos para a incidência da Lei Uma das formas de violência do art. 7
Maria da Penha
+
Dentro de uma das situações de vulnerabilidade do
art. 5º
+
Sujeito passivo mulher (em sua identidade de
gênero).
Certo, meu amigo(a), agora caminhamos para o estudo da última figura da nossa primeira aula.
Tratarei com vocês, no próximo tópico sobre a lesão corporal funcional.
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Acertou em cheio, doutor(a)! Quanto mais próximo estivermos da letra da lei, mais aumentam suas
chances de aprovação. Acredite nisso!
Vamos lá!
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº
13.142, de 2015)
Feita a breve leitura do disposto, quero que você recorde tudo que aprendemos acerca do homicídio
funcional. Pois bem, está lembrado, meu caro?! Mais uma vez, eu afirmo a você com todas as letras. Tudo que
você aprendeu acerca do homicídio funcional é aplicado de forma idêntica para a lesão corporal.
Igualmente ao homicídio, a lesão corporal funcional também é hedionda, elencada no art. 1º, inciso I-A,
da Lei 8.072/90 (que será objeto de estudo em nossas próximas aulas).
Certo, meu amigo(a), dessa forma encerramos nosso estudo sobre os principais crimes contra a vida que
são objeto de questionamento em concursos
Saiba que eu fico amplamente ao seu dispor nas redes sociais. Venha manter contato para que possamos
estreitar nosso estudo e alçarmos voos cada vez maiores!
Um forte abraço!
Fique com Deus!
Até próxima!
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A) A vida é tratada nesse tópico tanto na forma intra (biológica) quanto extrauterina, protegendo-se, desse
modo, o produto da concepção (esperança de homem) e a pessoa humana vivente.
B) O dolo do homicídio pode ser direto (o agente quer o resultado) ou eventual (o agente assume o risco de
produzi-lo).
C) A Lei nº 13.104/2015 inseriu o inciso VI no art. 121 do Código Penal: o feminicídio, entendido como a morte
de mulher em razão da condição do sexo feminino (leia-se, violência de gênero quanto ao sexo).
D) Infanticídio, segundo dispõe o Diploma Penal Brasileiro, é matar o próprio filho independentemente da
condição fisiopsicológica do sujeito ativo.
E) Três são as formas de praticar o induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio: nas duas primeiras hipóteses
(induzimento e instigação), temos a participação moral; já na última (auxílio), material.
Resolução:
A – conforme estudamos no início da nossa aula, a vida humana é analisada sob o prisma intrauterino e
extrauterino. A figura do homicídio só poderá ocorrer quando for direcionada a morte da vida humana
extrauterina.
B – conforme estudamos anteriormente, o crime de homicídio poderá ser praticado tanto por dolo direto como
por dolo eventual.
C – conforme estudamos anteriormente, o feminicídio é a qualificadora que incide quando o crime é praticado
contra mulher por razões do sexo feminino, em casos de violência doméstica e menosprezo à condição de
mulher. O termo mulher é empregado em sentido amplo, abarcado a identidade de gênero da vítima.
D – o infanticídio é quando a mãe, sob a influência do estado puerperal, mata o próprio filho, durante o parto
ou logo após.
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Gabarito: Letra D.
2) Ano: 2016 Banca: FUNCAB Órgão: PC-PA Prova: FUNCAB - 2016 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil
Resolução
A – O homicídio é um crime de dano pois, exige uma lesão ou risco de lesão a vida da vítima (bem jurídico
tutelado). Também é instantâneo de efeitos permanentes pois, seu resultado ocorre instantaneamente, sem
prolongar-se no tempo.
B – Crime vago são aqueles que possuem um sujeito passivo indeterminado (por exemplo, o tráfico de drogas,
em que seu sujeito passivo é a coletividade, ou seja, um ente despersonalizado), em sentindo diverso ao
homicídio que possui um sujeito passivo determinado. O homicídio é um crime instantâneo e não permanente,
pois este último é aquele em que a consumação se prolonga no tempo (por exemplo, tráfico de drogas no verbo
nuclear “ter em depósito” – art. 33, caput, da Lei 11.343/06). Crime multitudinário é aquele em que há um
número exacerbado de autores.
C – Crime próprio é aquele em que o sujeito ativo deve ostentar uma condição especial para a existência do
crime como, por exemplo, o infanticídio que estudamos anteriormente. Já o homicídio, por outro lado, é crime
comum. Não há classificação de perigo individual. Crime de consumação antecipada é a definição para o crime
formal. O homicídio se trata de crime material.
D – Crime de concurso necessário é aquele que necessariamente precisa de um número específico de agentes
criminosos para existência (por exemplo, associação criminosa – art. 288, CP – é necessária três pessoas para a
associação). O homicídio é crime de concurso eventual, podendo ser praticado individualmente ou em mais
pessoas. Por fim, o homicídio é crime de forma livre, pois pode ser praticado a partir de várias condutas (p.ex.
disparo de arma de fogo, facadas, enforcamento e etc).
E – Crime de mão própria é, também, aquele que só pode ser praticado por sujeito ativo que ostenta uma
condição especial como, por exemplo, o infanticídio. Crime habitual é aquele que necessita de uma
habitualidade na prática da conduta para haja a consumação. Crime de forma vinculada é aquele que só pode
ser praticado como expressamente previsto no tipo penal. O homicídio não se enquadra em nenhuma das
classificações em análise.
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Gabarito: Letra A.
Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos, também maior e capaz,
na frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua residência e, sem o consentimento de
seu pai, pegou um revólver pertencente à corporação policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube depois
de quarenta minutos, armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema e na frente dos amigos,
Carlos fez disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo de ser socorrida.
Por ter agido influenciado por emoção extrema, Carlos poderá ser beneficiado pela incidência de causa de
diminuição de pena.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução: o homicídio privilegiado (art.121, §1º, CP) somente incide quando o crime é cometido por relevante
valor moral ou social ou, sob o domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima. No
caso em tela, não há que se falar em privilégio por conta do lapso temporal transcorrido. O homicídio foi
praticado muito tempo depois após a provocação.
Gabarito: ERRADO.
Maria e Mariana, ambas nascidas com genitais femininos, auto identificadas e socialmente reconhecidas como
mulheres, convivem em união estável e monogâmica. Ocorre que Maria, às escondidas, passa a manter
relações sexuais com José. Mariana flagra Maria em ato sexual com José e, nesse contexto, Maria provoca
injustamente Mariana, dizendo a José, em tom de escárnio, que Mariana é “xucra, burra e ruim de cama”, e que,
além disso, Mariana “gosta de ser traída e não tomará qualquer atitude, por ser covarde e medrosa”. Embora
nunca tenha praticado ato de violência doméstica, Mariana é tomada por violenta emoção e dispara projétil de
arma de fogo contra a cabeça de Maria, que morre imediatamente.
É correto afirmar que Mariana praticou:
C) feminicídio.
D) homicídio privilegiado.
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Resolução:
A – não há como se falar em excludente de ilicitude, pois estas ocorrem somente nos casos previstos em lei (art.
23, CP), não sendo o caso da situação hipotética em tela.
B – não há como se falar em homicídio qualificado pelo meio insidioso, visto esse meio não foi utilizado na
conduta da homicida.
C – também não há como se falar em feminicídio pois, em que pese haja uma relação monogâmica entre autora
e vítima, a morte não se deu por violência doméstica e menosprezo à condição de mulher.
E – o crime não se amolda ao homicídio qualificado, muito menos fora praticado por motivo abjeto/repugnante
(torpe).
Gabarito: Letra D.
Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos, também maior e capaz,
na frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua residência e, sem o consentimento de
seu pai, pegou um revólver pertencente à corporação policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube depois
de quarenta minutos, armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema e na frente dos amigos,
Carlos fez disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo de ser socorrida.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o próximo item.
Na situação considerada, em que Paula foi vitimada por Carlos por motivação torpe, caso haja vínculo familiar
entre eles, o reconhecimento das qualificadoras da motivação torpe e de feminicídio não caracterizará bis in
idem.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução: conforme estudamos anteriormente, não há impedimento para que em mesmo crime de homicídio
haja a incidência de mais de uma qualificadora. Como, por exemplo, o indivíduo que mata a sua vítima com
emprego de veneno para assegurar a impunidade de outro crime. Nesse caso, há duas qualificadoras presentes.
Gabarito: CERTO
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A) É possível a aplicação da interpretação analógica no tipo de homicídio qualificado pelo fato de o crime ter
sido praticado mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe.
B) O fato de a vítima de homicídio doloso ter mais de sessenta anos constitui circunstância agravante, prevista
no artigo 61 do Código Penal, considerada na segunda fase de aplicação da pena.
C) No homicídio doloso qualificado pela motivação torpe, é possível reconhecimento da atenuante genérica do
cometimento do crime por motivo de relevante valor moral.
D) O homicídio híbrido é admitido pela jurisprudência, desde que a circunstância qualificadora tenha caráter
objetivo.
E) O homicídio é qualificado pela conexão quando cometido para assegurar a execução, a ocultação, a
impunidade ou a vantagem de outro crime.
Resolução:
A – é possível a interpretação analógica, visto que o homicídio não esgota suas possibilidades de ocorrência
apenas no rol do art. 121, §2º, do CP.
B – nesse caso não estamos diante de uma agravante e sim de uma majorante, conforme o artigo 121, §4º, CP.
C – nesse caso, é possível o reconhecimento do motivo torpe com a atenuante (e não privilégio =
minorante/causa de diminuição) do crime ter sido praticado por motivo de relevante valor social ou moral (art.
65,III “a”, CP).
D – conforme estudamos anteriormente, o homicídio híbrido somente incide nos casos em que as
qualificadoras sejam de ordem objetiva (meios e modos de execução).
E – conforme estudamos anteriormente, o homicídio por conexão (art. 121, §2º, V, CP), se da nos casos em que
é cometido para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime.
Gabarito: Letra B.
7) Ano: 2000 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2000 - Polícia Federal -
Agente Federal da Polícia Federal
Julgue o seguinte item.
( ) Certo
( ) Errado
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Gabarito: CERTO.
B – não está prevista expressamente no CP como qualificadora. A arma de fogo é instrumento utilizado no
crime.
C – não está previsto no art. 121 do CP penal o concurso de duas ou mais pessoas como qualificadora do crime
de homicídio.
D – Sim. O homicídio praticado por meio de asfixia é um dos meios executórios do homicídio (art. 121, §2º, III)
E – não é hipótese de homicídio qualificado. É hipótese de homicídio majorado (art. 121,§4º, CP).
Gabarito: Letra D.
B) Homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e mediante recurso que tornou impossível a defesa do
ofendido.
D) Homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e mediante recurso que tornou impossível a defesa do
ofendido.
E) As alternativas, “a", “b", “c" e “d" são incorretas.
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Resolução: Miguelino cometeu homicídio qualificado apenas pelo motivo torpe (abjeto/repugnante). Não há
que se falar na qualificadora do veneno pois, Miguelino obrigou a vítima a ingerir a substância e, como já
estudamos o veneno só qualifica o homicídio se ministrado de forma insidiosa.
Gabarito: Letra E.
A) responderá pela prática de crime contra a vida o agente que anuncia produtos ou métodos abortivos.
B) responderá por homicídio qualificado o agente que matar para assegurar a execução, ocultação, impunidade
ou vantagem de uma contravenção penal.
C) o crime de homicídio admite interpretação analógica no que diz respeito à qualificadora que indica meios e
modos de execução desse crime.
D) o agente que matar sua empregadora por ter sido dispensado sem justa causa responderá por feminicídio,
haja vista a vítima ser mulher.
Resolução:
A – nesse caso o agente responderá pela contravenção penal do art. 20 da lei de contravenções penais.
B – o indivíduo que matar alguém para assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de uma
contravenção penal, responderá tão somente pelo crime de homicídio, visto que a qualificadora em tela é para
crimes e não contravenção penal.
C – conforme estudamos anteriormente, o homicídio admite a interpretação analógica para as qualificadoras
que indicam meios e modos de execução.
D – nesse caso, podemos estar diante de um motivo fútil, mas não há que se falar em feminicídio.
Gabarito: Letra C.
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Resolução:
Gabarito: Letra B.
12) No que tange aos crimes dolosos contra a vida, assinale a alternativa CORRETA.
C) A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal admite a antecipação terapêutica do parto de fetos como
microcefalia.
D) O emprego de tortura pode qualificar o crime de homicídio ou caracterizar crime autônomo, dependendo
do dolo do agente e das circunstâncias do caso concreto.
Resolução:
A – a qualificadora do feminicídio só incide nos casos em que houver violência doméstica ou menosprezo à
condição da mulher. Mulher, por si só não é apta a qualificar o homicídio.
B – conforme já estudamos anteriormente, o homicídio híbrido não é considerado hediondo.
D – nesse caso, é necessário analisarmos como foi praticada a tortura. Se ela foi empregada para matar a vítima,
estaremos diante do homicídio qualificado mediante tortura. Por outro lado, se a intenção do agente era
somente causar sofrimento físico ou psíquico na vítima e, de forma exagerada a vítima acaba morrendo,
estamos diante da tortura com resultado morte.
Gabarito: Letra D.
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B) Se “A" induz “B" a se matar, mas “B" apenas experimenta lesões leves, “A" pratica delito de auxílio ao suicídio,
na forma tentada.
C) Para a realização do aborto com o consentimento da gestante, em caso de gravidez resultante de estupro, o
médico precisa de autorização judicial.
D) Apressar a morte de quem esteja desenganado configura homicídio com relevante valor social.
E) Ao autor de homicídio praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino da vítima aplica-
se circunstância qualificadora.
Resolução:
A – não necessariamente pois, é preciso verificar o grau de intensidade do estado puerperal e seu período de
duração.
B – nesse caso, não há que se falar em tentativa, mas no crime de lesões corporais leve consumado.
C – nesse caso não é necessária autorização judicial. O aborto em caso de gravidez resultante de estupro é uma
causa excludente de ilicitude.
Gabarito: Letra E.
B) para configuração do homicídio privilegiado, previsto no art. 121, § 1o , do Código Penal, basta que o agente
cometa o crime sob o domínio de violenta emoção.
C) nas lesões culposas verificadas entre os mesmos agentes, é possível aplicar a compensação de culpas.
D) o feminicídio, previsto no art. 121, §2º , inciso VI, do Código Penal, exige que o crime seja praticado contra a
mulher por razões da condição de sexo feminino envolvendo violência doméstica ou familiar ou menosprezo
ou discriminação à condição de mulher.
E) o agente que pratica autolesão responderá pelo crime de lesões corporais com atenuação da pena de 1/3 a
2/3, a depender da natureza da lesão.
Resolução:
A – a mãe que mata seu filho, sob o estado puerperal, logo após o parto responderá por infanticídio.
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B – nesse caso, é necessário que o crime ocorra sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima.
C – não existe compensação de culpas em direito penal.
D – conforme estudamos anteriormente, a assertiva retrata todos os requisitos necessários para aplicação da
qualificadora do feminicídio.
Gabarito: Letra D.
15) Ano: 2018 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: FUMARC - 2018 - PC-MG - Escrivão de Polícia Civil
A policial Michele Putin, na noite de 14 de março de 2018, quando retornava para sua casa, após liderar uma
exitosa operação contra o tráfico de entorpecentes na comunidade de “Miracema do Norte”, foi abordada por
dois homens armados e friamente assassinada. Num fenomenal trabalho investigatório, a Polícia Civil logrou
êxito em identificar os assassinos como sendo os irmãos Jorge e Ernesto Petralha, apurando que tal homicídio
se deu em represália pelas prisões ocorridas quando da citada operação policial.
Diante desse quadro, podemos asseverar que os assassinos responderão por:
C) Homicídio qualificado por motivo fútil, conduta tipificada no art. 121, § 2°, II CP.
D) Homicídio qualificado por motivo torpe, conduta tipificada no art. 121, § 2°, II CP.
Resolução:
A – não há que se falar em feminicídio, pois a motivação do crime não fora por violência doméstica ou
menosprezo à condição de mulher.
B – analisando a situação hipotética, verifica-se que a situação retrata um típico homicídio funcional, conforme
o art. 121, §2º, VII, CP.
C – não há que se falar em motivo fútil (desproporcional), pois a motivação de Jorge e Ernesto era represália a
operação bem sucedida da policial.
D - não há que se falar em motivo torpe (abjeto/repugnante), pois a motivação de Jorge e Ernesto era represália
a operação bem sucedida da policial.
Gabarito: Letra B.
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O Código Penal qualifica o homicídio doloso quando praticado contra servidores públicos, no exercício de
atividade de segurança pública. Podem, dentre outros, ser vítimas do crime
A) integrantes do sistema prisional, da Força Nacional de Segurança Pública e do corpo de bombeiros militares.
D) policiais civis, policiais federais e promotores ou procuradores que atuam no combate ao crime organizado.
Resolução:
B – promotores de justiça criminais não fazem parte do rol do art. 144, da CF/88.
C – juízes com competência criminal não fazem parte do rol do art. 144, CF/88.
D – promotores ou procuradores que atuam no combate ao crime organizado não estão presentes no rol do
art. 144, CF/88.
Gabarito: Letra A.
17) Ano: 2013 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil
A hipótese do art. 121, § 5.º do CP, doutrinariamente denominada de perdão judicial, aplica-se ao homicídio
A) cometido por relevante valor moral.
B) culposo.
D) cometido sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima.
Resolução:
A – o perdão judicial somente é aplicado para os casos expressamente autorizados por lei. A lei não autoriza a
aplicação do perdão judicial para o homicídio cometido por relevante valor moral.
B – o perdão judicial somente é aplicado para os casos expressamente autorizados por lei. A lei autoriza a
aplicação do perdão judicial para o homicídio culposo.
C- o perdão judicial somente é aplicado para os casos expressamente autorizados por lei. A lei não autoriza a
aplicação do perdão judicial para o homicídio privilegiado.
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D - o perdão judicial somente é aplicado para os casos expressamente autorizados por lei. A lei não autoriza a
aplicação do perdão judicial para o homicídio privilegiado.
E - o perdão judicial somente é aplicado para os casos expressamente autorizados por lei. A lei não autoriza a
aplicação do perdão judicial para o homicídio privilegiado.
Gabarito: Letra B.
A) A pena para quem pratica homicídio qualificado será aplicada de 12 (doze) a 20 (vinte) anos de reclusão.
B) Se o agente comete o crime de homicídio impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um
terço até a metade.
C) A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de
improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial
data anterior à da denúncia ou queixa.
D) A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) até a metade se o crime de homicídio for praticado por milícia privada,
sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
E) A sentença que conceder perdão judicial será considerada para efeitos de reincidência.
Resolução:
C – trataremos do assunto de prescrição em aulas posteriores, mas saiba que: a prescrição é quando o Estado
(pelo decurso do tempo + sua inércia), perde o direito de punir o agente criminosos. Art. 110, §1º, CP.
D – a pena nesse caso é aumentada de 1/3 até a metade.
Gabarito: Letra C.
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Resolução:
A – o homicídio qualificado privilegiado só ocorre quando houver a fusão entre uma o privilegio e uma
qualificadora de ordem objetiva (meios e modos de execução – incisos III e IV, do art. 121, do CP). Desse modo
o fogo é uma qualificadora de ordem objetiva, compatível com o privilégio.
B - o homicídio qualificado privilegiado só ocorre quando houver a fusão entre uma o privilegio e uma
qualificadora de ordem objetiva (meios e modos de execução – incisos III e IV, do art. 121, do CP). Desse modo
a motivação fútil é uma qualificadora de ordem subjetiva.
C - o homicídio qualificado privilegiado só ocorre quando houver a fusão entre uma o privilegio e uma
qualificadora de ordem objetiva (meios e modos de execução – incisos III e IV, do art. 121, do CP). A vingança
não é prevista como qualificadora.
D - o homicídio qualificado privilegiado só ocorre quando houver a fusão entre uma o privilegio e uma
qualificadora de ordem objetiva (meios e modos de execução – incisos III e IV, do art. 121, do CP). Agir por
motivo irrelevante, pode ser considerado motivo fútil, que será qualificadora de ordem subjetiva.
E - o homicídio qualificado privilegiado só ocorre quando houver a fusão entre uma o privilegio e uma
qualificadora de ordem objetiva (meios e modos de execução – incisos III e IV, do art. 121, do CP). Desse modo
o ódio poderá ser motivação torpe, que se trata de qualificadora de ordem subjetiva.
Gabarito: Letra A.
20) No crime de homicídio doloso é majoritário o entendimento que admite a coexistência das circunstâncias
privilegiadas (art. 121, § 1°, do CP), todas de natureza subjetiva, com as qualificadoras de natureza objetivas
insertas no art. 121, § 2°, do Código Penal.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução: conforme estudamos durante nossa aula, os requisitos necessários para existência do homicídio
privilegiado qualificado ou vice-versa, é que as qualificadoras sejam de ordem objetiva a combinar com o
privilégio.
Gabarito: CERTO.
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21) Ano: 2015 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-DFT Prova: CESPE - 2015 - TJ-DFT - Analista Judiciário
- Judiciária
Acerca dos crimes previstos na parte especial do Código Penal, julgue o item a seguir.
De acordo com a doutrina e a jurisprudência dominantes, o chamado homicídio privilegiado-qualificado,
caracterizado pela coexistência de circunstâncias privilegiadoras, de natureza subjetiva, com qualificadoras, de
natureza objetiva, não é considerado crime hediondo.
( ) Certo
( ) Errado
Gabarito: CERTO.
22) No que se refere aos crimes contra a pessoa, é correto afirmar que
A) o homicídio funcional é aquele delito praticado contra autoridade ou agente membro das forças armadas,
policiais federais em geral, policiais civis ou militares, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou, ainda, contra seu cônjuge, companheiro
ou parente até o segundo grau, em razão dessa condição, incidindo pena privativa de liberdade de doze a vinte
anos de reclusão.
B) a prática de feminicídio na presença de descendente, ascendente ou colateral da vítima implica no aumento
da pena de um sexto a um terço.
D) a pena é duplicada para crime de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio praticado contra vítima
menor ou com diminuição da capacidade de resistência.
Resolução:
A – o homicídio inclui parentes até o terceiro grau, conforme o art. 121, VII, CP.
B - o aumento é de 1/3 até a metade, conforme o art. 121, §7º, incisos III, CP.
C – não é incompatível caso o homicídio simples seja praticado em atividade típica de grupo de extermínio (art.
1º, inciso I, da Lei 8.072/90.
Gabarito: Letra D.
23) Ano: 2017 Banca: IBADE Órgão: PC-AC Prova: IBADE - 2017 - PC-AC - Escrivão de Polícia Civil
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Abigail, depois de iniciado parto caseiro, mas antes de completá-lo, sob influência do estado puerperal, mata o
próprio filho. Abigail praticou crime de:
A) consentimento para o aborto
B) homicídio
C) homicídio qualificado.
D) infanticídio.
E) autoaborto.
Resolução:
A – a partir da leitura do enunciado, verifica-se que a referida assertiva não se amolda a situação problema.
B – a partir da situação apresentada no enunciado, não há como se falar em homicídio, tendo em vista a
presença de elementos especializantes.
C - a partir da situação apresentada no enunciado, não há como se falar em homicídio qualificado, tendo em
vista a presença de elementos especializantes.
D – a partir da situação apresentada no enunciado, verifica-se que a mãe, durante o parto, sob a influência do
estado puerperal, mata o próprio filho, incorre nas sanções do crime de infanticídio.
E – a partir da situação apresentada no enunciado, não há como se falar em autoborto (previsão do art. 124, do
CP).
Gabarito: Letra D.
24) Ano: 2013 Banca: FUNCAB Órgão: PC-ES Prova: FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia
Maria, que estava sob a influência do estado puerperal, em face de ter acabado de dar à luz, estando sonolenta
pela medicação que lhe fora ministrada, ao revirar na cama, acabou sufocando seu filho, que se encontrava ao
seu lado na cama, matando-o. Logo, Maria:
Resolução:
A – Maria não poderá responder pelo crime de homicídio doloso, pois ela não queria matar o seu filho.
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B – Maria responderá pelo crime de homicídio culposo, mesmo em estado puerperal, pois ela causou a morte
do seu filho culposamente, ao se revirar na cama e acabar sufocando-o.
C – Não responderá por infanticídio, pois o resultado morte não adveio da “vontade de matar” de Maria.
Gabarito: Letra B
25) Ano: 2008 Banca: ACAFE Órgão: PC-SC Prova: ACAFE - 2008 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil
A) matar, para ocultar desonra própria e sob influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou
logo após.
B) matar, para ocultar desonra própria e sob influência do estado puerperal, o próprio filho, antes, durante o
parto ou logo após.
C) matar, sob influência do estado puerperal, o próprio filho, antes, durante o parto ou logo após.
D) matar, sob influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após.
Resolução:
A – a expressão “para ocultar desonra própria” não está prevista expressamente no art. 123, do CP.
B - a expressão “para ocultar desonra própria” não está prevista expressamente no art. 123, do CP.
C – a expressão “antes” do parto não diz respeito ao crime de infanticídio. Caso o crime ocorra antes do parto,
estaremos diante da figura do aborto.
D – a assertiva reúne todas as elementares do crime de infanticídio, elencados no art. 123, do CP.
Gabarito: Letra D.
26) Ana, após realizar exame médico, descobriu estar grávida. Estando convicta de que a gravidez se deu em
decorrência da prática de relação sexual extraconjugal que manteve com Pedro, seu colega de faculdade, e
temendo por seu matrimônio decidiu por si só que iria praticar um aborto. A jovem comunicou a Pedro que
estava grávida e pretendia realizar um aborto em uma clínica clandestina. Pedro, por sua vez, procurou Robson,
colega que cursava medicina, e o convenceu a praticar o aborto em Ana. Assim, alguns dias depois de combinar
com Pedro, Robson encontrou Ana e realizou o procedimento de aborto.
Sobre a questão apresentada, é correto afirmar que a conduta de Ana se amolda ao crime previsto no
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A) art. 124, segunda parte, do Código Penal (consentimento para o aborto). Robson, por sua vez, tem sua
conduta subsumida ao crime previsto no art. 126, do Código Penal (aborto provocado por terceiro com
consentimento). Já Pedro responderá como partícipe no crime de Robson.
B) art. 124, segunda parte, do Código Penal (consentimento para o aborto). Robson, por sua vez, tem sua
conduta subsumida ao crime previsto no art. 124, segunda parte, do Código Penal. Já Pedro responderá como
partícipe no crime de Ana.
C) art. 125, segunda parte, do Código Penal (consentimento para o aborto). Robson, por sua vez, tem sua
conduta subsumida ao crime previsto no art. 124 do Código Penal (aborto provocado por terceiro sem
consentimento). Já Pedro responderá como partícipe no crime de Robson.
D) art. 124, primeira parte, do Código Penal (autoaborto). Robson, por sua vez, tem sua conduta subsumida ao
crime previsto no art. 126 do Código Penal (aborto provocado por terceiro com consentimento). Já Pedro
responderá como partícipe no crime de Ana.
E) art. 126, primeira parte, do Código Penal (autoaborto). Robson, por sua vez, tem sua conduta subsumida ao
crime previsto no art. 124 do Código Penal (aborto provocado por terceiro com consentimento). Já Pedro
responderá como participe no crime de Ana.
Resolução: - conforme estudamos anteriormente, podemos verificar que Ana praticou o crime de aborto
consentido (Art. 124, segunda parte, do CP). Por outro lado, Robson, praticou o crime de aborto com o
consentimento da gestante (art. 126, CP). E, por fim, Pedro (que convenceu) Robson, responde como partícipe
do crime.
Gabarito: Letra A.
27) A Suprema Corte tratou do tema antecipação do parto ou interrupção da gravidez na ADPF 54 em que foi
postulada a interpretação dos arts. 124 e 126 do Código Penal – autoaborto e aborto com o consentimento da
gestante – em conformidade com a Constituição Federal, quando fosse caso de feto anencéfalo. Após julgar
procedente a ação, o Colendo Tribunal declarou que a ocorrência de anencefalia nos dispositivos invocados
provoca a
A) exclusão da antijuridicidade.
B) exclusão da tipicidade.
C) exclusão do concurso de crimes.
Resolução: conforme estudamos anteriormente, o STF, ao debruçar-se sobre o tema (ADPF 54) de antecipação
de manobra abortiva para feto comprovadamente acéfalo, decidiu que, nesses casos, o fato é atípico, ou seja,
não é considerado crime.
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Gabarito: Letra B.
28) Ano: 2017 Banca: FEPESE Órgão: PC-SC Prova: FEPESE - 2017 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil
De acordo com o Código Penal, a incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias, caracteriza
o crime de:
A) lesão corporal simples.
Resolução:
A – a lesão corporal simples/leve não engloba a incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias.
B – a lesão corporal simples/leve não engloba a incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias.
C – a lesão corporal grave abarca a incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias (art. 129, §1º,
I, CP).
D – a lesão corporal gravíssima não engloba a incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias.
E – a lesão corporal seguida de morte não engloba a incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30
dias
Gabarito: Letra C.
29) De acordo com o Artigo 129 do Código Penal Brasileiro, trata-se de lesão corporal de natureza gravíssima:
A) Aceleração de parto.
C) Deformidade permanente.
D) Perigo de vida.
Resolução:
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Gabarito: Letra C.
30) A lesão corporal seguida de morte não se confunde com o homicídio culposo, pois, na primeira situação,
chamada de homicídio preterdoloso, ocorre o dolo. Nesse caso, o autor tem a intenção de provocar a lesão
corporal, mas não a morte da vítima.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução: conforme estudamos durante o decorrer da aula, a lesão corporal seguida de morte (também
chamada de homicídio preterdoloso) é quando o agente tem dolo para a lesão mas, por exacerbar sua conduta,
acaba causando a morte do agente sem querer tal resultado.
Gabarito: CERTO.
31) Ano: 2009 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-RN Prova: CESPE - 2009 - PC-RN - Escrivão de Polícia
Civil
D) homicídio culposo.
E) lesão corporal culposa.
Resolução: conforme estudamos durante o decorrer da aula, a lesão corporal seguida de morte (também
chamada de homicídio preterdoloso) é quando o agente tem dolo para a lesão, mas por exacerbar sua conduta,
acaba causando a morte do agente sem querer tal resultado.
Gabarito: Letra C.
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Lista de questões
1) Ano: 2018 Banca: FUNDATEC Órgão: PC-RS Prova: FUNDATEC - 2018 - PC-RS - Escrivão e de Inspetor de
Polícia - Tarde
Dos crimes contra a pessoa, destacam-se aqueles que eliminam a vida humana, considerada o bem jurídico
mais importante do homem, razão de ser de todos os demais interesses tutelados, merecendo inaugurar a
parte especial do nosso Diploma Penal. Considerando os crimes contra a vida, assinale a alternativa
INCORRETA.
A) A vida é tratada nesse tópico tanto na forma intra (biológica) quanto extrauterina, protegendo-se, desse
modo, o produto da concepção (esperança de homem) e a pessoa humana vivente.
B) O dolo do homicídio pode ser direto (o agente quer o resultado) ou eventual (o agente assume o risco de
produzi-lo).
C) A Lei nº 13.104/2015 inseriu o inciso VI no art. 121 do Código Penal: o feminicídio, entendido como a morte
de mulher em razão da condição do sexo feminino (leia-se, violência de gênero quanto ao sexo).
D) Infanticídio, segundo dispõe o Diploma Penal Brasileiro, é matar o próprio filho independentemente da
condição fisiopsicológica do sujeito ativo.
E) Três são as formas de praticar o induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio: nas duas primeiras hipóteses
(induzimento e instigação), temos a participação moral; já na última (auxílio), material.
2) Ano: 2016 Banca: FUNCAB Órgão: PC-PA Prova: FUNCAB - 2016 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil
O homicídio é doutrinariamente classificado como crime:
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Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos, também maior e capaz,
na frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua residência e, sem o consentimento de
seu pai, pegou um revólver pertencente à corporação policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube depois
de quarenta minutos, armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema e na frente dos amigos,
Carlos fez disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo de ser socorrida.
Por ter agido influenciado por emoção extrema, Carlos poderá ser beneficiado pela incidência de causa de
diminuição de pena.
( ) Certo
( ) Errado
Maria e Mariana, ambas nascidas com genitais femininos, auto identificadas e socialmente reconhecidas como
mulheres, convivem em união estável e monogâmica. Ocorre que Maria, às escondidas, passa a manter
relações sexuais com José. Mariana flagra Maria em ato sexual com José e, nesse contexto, Maria provoca
injustamente Mariana, dizendo a José, em tom de escárnio, que Mariana é “xucra, burra e ruim de cama”, e que,
além disso, Mariana “gosta de ser traída e não tomará qualquer atitude, por ser covarde e medrosa”. Embora
nunca tenha praticado ato de violência doméstica, Mariana é tomada por violenta emoção e dispara projétil de
arma de fogo contra a cabeça de Maria, que morre imediatamente.
D) homicídio privilegiado.
E) homicídio qualificado, por motivo torpe.
Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos, também maior e capaz,
na frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua residência e, sem o consentimento de
seu pai, pegou um revólver pertencente à corporação policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube depois
de quarenta minutos, armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema e na frente dos amigos,
Carlos fez disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo de ser socorrida.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o próximo item.
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Na situação considerada, em que Paula foi vitimada por Carlos por motivação torpe, caso haja vínculo familiar
entre eles, o reconhecimento das qualificadoras da motivação torpe e de feminicídio não caracterizará bis in
idem.
( ) Certo
( ) Errado
A) É possível a aplicação da interpretação analógica no tipo de homicídio qualificado pelo fato de o crime ter
sido praticado mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe.
B) O fato de a vítima de homicídio doloso ter mais de sessenta anos constitui circunstância agravante, prevista
no artigo 61 do Código Penal, considerada na segunda fase de aplicação da pena.
C) No homicídio doloso qualificado pela motivação torpe, é possível reconhecimento da atenuante genérica do
cometimento do crime por motivo de relevante valor moral.
D) O homicídio híbrido é admitido pela jurisprudência, desde que a circunstância qualificadora tenha caráter
objetivo.
E) O homicídio é qualificado pela conexão quando cometido para assegurar a execução, a ocultação, a
impunidade ou a vantagem de outro crime.
7) Ano: 2000 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2000 - Polícia Federal - Agente
Federal da Polícia Federal
( ) Errado
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Miquelino Boa Morte, em razão de motivo abjeto, praticou delito de homicídio contra Angelino Boa Vida. Para
tanto, Miquelino misturou, na presença e sob a ciência de Angelino, em um recipiente, água e substância
venenosa, obrigando, sem possibilidade de reação, sua vítima a ingerir tal substância, conduta que ocasionou,
após sofrimento do envenenado, o seu óbito. Miquelino Boa Morte praticou:
B) Homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e mediante recurso que tornou impossível a defesa do
ofendido.
D) Homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e mediante recurso que tornou impossível a defesa do
ofendido.
E) As alternativas, “a", “b", “c" e “d" são incorretas.
B) responderá por homicídio qualificado o agente que matar para assegurar a execução, ocultação, impunidade
ou vantagem de uma contravenção penal.
C) o crime de homicídio admite interpretação analógica no que diz respeito à qualificadora que indica meios e
modos de execução desse crime.
D) o agente que matar sua empregadora por ter sido dispensado sem justa causa responderá por feminicídio,
haja vista a vítima ser mulher.
12) No que tange aos crimes dolosos contra a vida, assinale a alternativa CORRETA.
C) A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal admite a antecipação terapêutica do parto de fetos como
microcefalia.
D) O emprego de tortura pode qualificar o crime de homicídio ou caracterizar crime autônomo, dependendo
do dolo do agente e das circunstâncias do caso concreto.
A) A expressão “durante ou logo após o parto" impede a caracterização do infanticídio se a conduta for
praticada mais de 24h após o parto ter sido concluído.
B) Se “A" induz “B" a se matar, mas “B" apenas experimenta lesões leves, “A" pratica delito de auxílio ao suicídio,
na forma tentada.
C) Para a realização do aborto com o consentimento da gestante, em caso de gravidez resultante de estupro, o
médico precisa de autorização judicial.
D) Apressar a morte de quem esteja desenganado configura homicídio com relevante valor social.
E) Ao autor de homicídio praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino da vítima aplica-
se circunstância qualificadora.
A) a genitora que mata o neonato, sob o estado puerperal e logo após o parto, responderá por homicídio
duplamente qualificado pelo recurso que dificultou a defesa da vítima e por meio insidioso.
B) para configuração do homicídio privilegiado, previsto no art. 121, § 1o , do Código Penal, basta que o agente
cometa o crime sob o domínio de violenta emoção.
C) nas lesões culposas verificadas entre os mesmos agentes, é possível aplicar a compensação de culpas.
D) o feminicídio, previsto no art. 121, § 2o , inciso VI, do Código Penal, exige que o crime seja praticado contra
a mulher por razões da condição de sexo feminino envolvendo violência doméstica ou familiar ou menosprezo
ou discriminação à condição de mulher.
E) o agente que pratica autolesão responderá pelo crime de lesões corporais com atenuação da pena de 1/3 a
2/3, a depender da natureza da lesão.
15) Ano: 2018 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: FUMARC - 2018 - PC-MG - Escrivão de Polícia Civil
A policial Michele Putin, na noite de 14 de março de 2018, quando retornava para sua casa, após liderar uma
exitosa operação contra o tráfico de entorpecentes na comunidade de “Miracema do Norte”, foi abordada por
dois homens armados e friamente assassinada. Num fenomenal trabalho investigatório, a Polícia Civil logrou
êxito em identificar os assassinos como sendo os irmãos Jorge e Ernesto Petralha, apurando que tal homicídio
se deu em represália pelas prisões ocorridas quando da citada operação policial.
Diante desse quadro, podemos asseverar que os assassinos responderão por:
C) Homicídio qualificado por motivo fútil, conduta tipificada no art. 121, § 2°, II CP.
D) Homicídio qualificado por motivo torpe, conduta tipificada no art. 121, § 2°, II CP.
O Código Penal qualifica o homicídio doloso quando praticado contra servidores públicos, no exercício de
atividade de segurança pública. Podem, dentre outros, ser vítimas do crime
A) integrantes do sistema prisional, da Força Nacional de Segurança Pública e do corpo de bombeiros militares.
17) Ano: 2013 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil
A hipótese do art. 121, § 5.º do CP, doutrinariamente denominada de perdão judicial, aplica-se ao homicídio
A) cometido por relevante valor moral.
B) culposo.
A) A pena para quem pratica homicídio qualificado será aplicada de 12 (doze) a 20 (vinte) anos de reclusão.
B) Se o agente comete o crime de homicídio impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um
terço até a metade.
C) A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de
improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial
data anterior à da denúncia ou queixa.
D) A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) até a metade se o crime de homicídio for praticado por milícia privada,
sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
E) A sentença que conceder perdão judicial será considerada para efeitos de reincidência.
20) No crime de homicídio doloso é majoritário o entendimento que admite a coexistência das circunstâncias
privilegiadas (art. 121, § 1°, do CP), todas de natureza subjetiva, com as qualificadoras de natureza objetivas
insertas no art. 121, § 2°, do Código Penal.
( ) Certo
( ) Errado
21) Ano: 2015 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-DFT Prova: CESPE - 2015 - TJ-DFT - Analista Judiciário -
Judiciária
Acerca dos crimes previstos na parte especial do Código Penal, julgue o item a seguir.
De acordo com a doutrina e a jurisprudência dominantes, o chamado homicídio privilegiado-qualificado,
caracterizado pela coexistência de circunstâncias privilegiadoras, de natureza subjetiva, com qualificadoras, de
natureza objetiva, não é considerado crime hediondo.
( ) Certo
( ) Errado
22) No que se refere aos crimes contra a pessoa, é correto afirmar que
A) o homicídio funcional é aquele delito praticado contra autoridade ou agente membro das forças armadas,
policiais federais em geral, policiais civis ou militares, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou, ainda, contra seu cônjuge, companheiro
ou parente até o segundo grau, em razão dessa condição, incidindo pena privativa de liberdade de doze a vinte
anos de reclusão.
D) a pena é duplicada para crime de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio praticado contra vítima
menor ou com diminuição da capacidade de resistência.
23) Ano: 2017 Banca: IBADE Órgão: PC-AC Prova: IBADE - 2017 - PC-AC - Escrivão de Polícia Civil
Abigail, depois de iniciado parto caseiro, mas antes de completá-lo, sob influência do estado puerperal, mata o
próprio filho. Abigail praticou crime de:
D) infanticídio.
E) autoaborto.
24) Ano: 2013 Banca: FUNCAB Órgão: PC-ES Prova: FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia
Maria, que estava sob a influência do estado puerperal, em face de ter acabado de dar à luz, estando sonolenta
pela medicação que lhe fora ministrada, ao revirar na cama, acabou sufocando seu filho, que se encontrava ao
seu lado na cama, matando-o. Logo, Maria:
A) deverá responder pelo crime de homicídio doloso.
25) Ano: 2008 Banca: ACAFE Órgão: PC-SC Prova: ACAFE - 2008 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil
A) matar, para ocultar desonra própria e sob influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou
logo após.
B) matar, para ocultar desonra própria e sob influência do estado puerperal, o próprio filho, antes, durante o
parto ou logo após.
C) matar, sob influência do estado puerperal, o próprio filho, antes, durante o parto ou logo após.
D) matar, sob influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após.
26) Ana, após realizar exame médico, descobriu estar grávida. Estando convicta de que a gravidez se deu em
decorrência da prática de relação sexual extraconjugal que manteve com Pedro, seu colega de faculdade, e
temendo por seu matrimônio decidiu por si só que iria praticar um aborto. A jovem comunicou a Pedro que
estava grávida e pretendia realizar um aborto em uma clínica clandestina. Pedro, por sua vez, procurou Robson,
colega que cursava medicina, e o convenceu a praticar o aborto em Ana. Assim, alguns dias depois de combinar
com Pedro, Robson encontrou Ana e realizou o procedimento de aborto.
Sobre a questão apresentada, é correto afirmar que a conduta de Ana se amolda ao crime previsto no
A) art. 124, segunda parte, do Código Penal (consentimento para o aborto). Robson, por sua vez, tem sua
conduta subsumida ao crime previsto no art. 126, do Código Penal (aborto provocado por terceiro com
consentimento). Já Pedro responderá como partícipe no crime de Robson.
B) art. 124, segunda parte, do Código Penal (consentimento para o aborto). Robson, por sua vez, tem sua
conduta subsumida ao crime previsto no art. 124, segunda parte, do Código Penal. Já Pedro responderá como
partícipe no crime de Ana.
C) art. 125, segunda parte, do Código Penal (consentimento para o aborto). Robson, por sua vez, tem sua
conduta subsumida ao crime previsto no art. 124 do Código Penal (aborto provocado por terceiro sem
consentimento). Já Pedro responderá como partícipe no crime de Robson.
D) art. 124, primeira parte, do Código Penal (autoaborto). Robson, por sua vez, tem sua conduta subsumida ao
crime previsto no art. 126 do Código Penal (aborto provocado por terceiro com consentimento). Já Pedro
responderá como partícipe no crime de Ana.
E) art. 126, primeira parte, do Código Penal (autoaborto). Robson, por sua vez, tem sua conduta subsumida ao
crime previsto no art. 124 do Código Penal (aborto provocado por terceiro com consentimento). Já Pedro
responderá como participe no crime de Ana.
27) A Suprema Corte tratou do tema antecipação do parto ou interrupção da gravidez na ADPF 54 em que foi
postulada a interpretação dos arts. 124 e 126 do Código Penal – autoaborto e aborto com o consentimento da
gestante – em conformidade com a Constituição Federal, quando fosse caso de feto anencéfalo. Após julgar
procedente a ação, o Colendo Tribunal declarou que a ocorrência de anencefalia nos dispositivos invocados
provoca a
A) exclusão da antijuridicidade.
B) exclusão da tipicidade.
28) Ano: 2017 Banca: FEPESE Órgão: PC-SC Prova: FEPESE - 2017 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil
De acordo com o Código Penal, a incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias, caracteriza
o crime de:
29) De acordo com o Artigo 129 do Código Penal Brasileiro, trata-se de lesão corporal de natureza gravíssima:
A) Aceleração de parto.
B) Debilidade permanente de membro, sentido ou função.
C) Deformidade permanente.
D) Perigo de vida.
30) A lesão corporal seguida de morte não se confunde com o homicídio culposo, pois, na primeira situação,
chamada de homicídio preterdoloso, ocorre o dolo. Nesse caso, o autor tem a intenção de provocar a lesão
corporal, mas não a morte da vítima.
( ) Certo
( ) Errado
31) Ano: 2009 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-RN Prova: CESPE - 2009 - PC-RN - Escrivão de Polícia Civil
D) homicídio culposo.
Gabarito
1. D 17. B
2. A 18. C
3. Errado 19. A
4. D 20. Certo
5. Certo 21. Certo
6. B 22. D
7. Certo 23. D
8. D 24. B
9. E 25. D
10. C 26. A
11. B 27. B
12. D 28. C
13. E 29. C
14. D 30. Certo
15. B 31. C
16. A
Resumo direcionado
A seguir, meu amigo(a) segue um resumão que eu preparei com tudo o que vimos de mais importante nesta
aula. Espero que você já tenha feito o seu resumo também, e utilize o meu para verificar se ficou faltando colocar
algo.
Homicídio
Intrauterina
Morte encefálica
Art. 121. Matar alguém (esse é nosso preceito primário, que possui conteúdo determinado, que se verifica através
do verbo “matar”)
Pena - reclusão, de seis a vinte anos (esse é nosso preceito secundário, que possui conteúdo determinado, que se
verifica através dos parâmetros numéricos abstratos – pena de 6 a 20 anos).
Que haja uma injusta provocação da vítima (não se traduz necessariamente em agressão, mas compreende
qualquer conduta desafiadora e injuriosa).
Que a reação do homicida seja imediata, ou seja, praticada logo em seguida a provocação recebida.
MEIOS DE EXECUÇÃO
Fogo ou explosivo – temos aqui, o triste exemplo ocorrido no DF, em que dois indivíduos atearam fogo em
um índio que dormia num banco nas proximidades da Explanada.
FEMINICÍDIO
FEMINICÍDIO
Qualificadora (art. 121, §2º, VII, §2º-A, I e II) Causa de aumento de pena (art. 121, §7, CP).
Domínio de violenta emoção, logo em seguida a Meios de execução – qualificadoras de ordem objetiva
injusta provocação da vítima (art. 121, §2º, III, CP).
Atenção: Todas essas são de ordem subjetiva Modos de execução – qualificadoras de ordem objetiva
(art. 121, §2º, IV, CP).
HOMICÍDIO HEDIONDO
Qualificado Sim
Híbrido/Qualificado-privilegiado Não
CLASSIFICAÇÃO JURÍDICA
Crime Comum
Crime material
Concurso eventual
Plurisubssistente.
CLASSIFICAÇÃO JURÍDICA
Crime comum
Crime material
Concurso eventual
Plurissubsistente
Infanticídio
CLASSIFICAÇÃO JURÍDICA
Crime material
Concurso eventual
Plurissubsistente
Aborto.
Aquele que normalmente é causado por problemas
Natural
de saúde da gestante (não é crime)
O aborto deve ser praticado por médico Deverá ser realizado por médico
CLASSIFICAÇÃO JURÍDICA
Crime próprio (nos casos do art. 124) Comum (nos demais casos – art. 125 e 126)
Crime material
Concurso eventual
Plurissubsistente
Lesão corporal.
QUANTO AO ELEMENTO SUBJETIVO QUANTO À INTENSIDADE
PRETERDOLOSO
Crime comum
Crime material
Concurso eventual
Plurissubsistente.