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Tema: Os limites entre o ser e o parecer

Dismorfismo induzido
Em ecos existencialistas, o homem se desmembra pela síncope de viver em
busca do equilíbrio entre as inúmeras formas do pronome reflexivo. Ora, em um
pêndulo que oscila entre moldes profundos do ser, a primeira pessoa do singular
deixa de fazer sentido e não se sabe mais entre quais se é - o "eu" não existe
quando a vertigem de se viver num poliedro atinge a base individual, todos bailam
ao som de uma sinfonia hipnótica. Parafraseando Fernando Pessoa, o ópio de ser
outra pessoa qualquer faz com que a sociedade durma mesmo que acordada - ser
e parecer se fundem para formar um único personagem, reificando a vida em
mera peça teatral, intérpretes de uma falácia.

Para Kierkegaard, a multidão é inverdade. Ou seja, não há como


estabelecer premissas pessoais quando o que forma o organismo é apenas a
mineração dos outros, um quebra-cabeças de peças alheias que nada forma
quando tudo tenta ser. Essa alegação é a base do que representa as inverdades
intestinais, uma vez que a fonte de todo conhecimento verdadeiro é o interior -
dado que, ainda, de acordo com o filósofo, só a nós mesmos podemos nos gerar.
O fruto de uma gestação marcada por células anucleadas é a dissolução dos seres.

No entanto, é errôneo que a fragmentação em personalidades ao longo da


vida é algo particular. Em um mundo marcado por disparidades e pelo caos, o ser
humano precisa de ilusões para manter as engrenagens dos fantoches, levando à
realidade imaginada. Considerando que o inventado é melhor que o real, as
aparências são o que realmente importam em um tecido que adora o espetáculo
em um jogo de vaidade e pretensão.

Destarte, enquanto o poeta das várias faces se desmembrava com o intuito


de conhecer melhor a vivência humana, o indivíduo pós-moderno é fracionado
em mero manequim. Estudando tal processo de maneira ontológica, pode-se ver
que a natureza comum é a fabricação em série a fim de agradar a padronização
imposta pelos simulacros. Nesse processo, não há sujeito, apenas um predicativo:
fingidor.

Amarelo: coesão feita por meio de conjunções e pronomes

Azul: Exploração do tema e coesão tecida por meio de palavras do mesmo campo
semântico.

Verde: presença de repertório de outras áreas do conhecimento.

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