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TRABALHO DE DIREITOS REAIS

Questão 01 – É possível a autotutela da posse? De que formas? Explique e


Justifique.

Resposta:

Sim – é possível a autotutela do instituto jurídico denominado “posse”


conceituado de forma sucinta por exercício de um dos atributos da propriedade,
ou ainda, domínio fático do possuidor sobre a coisa. O código civil pátrio
permite, em excepcionalidade, a defesa extrajudicial da posse chamada de
autotutela da posse e devidamente autorizada nos dispositivos do parágrafo
primeiro do artigo 1.210 do Código Civil (de modo específico) e de forma mais
geral no inciso primeiro do artigo 188 do CC. Em regra geral, a autotutela, que é
a defesa de um direito pelas próprias forças ou, ainda, a solução dos conflitos
sociais diretamente entre as partes sem a intermediação do Estado-Juiz por meio
do poder judiciário (o fazer justiça pelas próprias mãos), não é permitido no
nosso ordenamento jurídico. A regra é a defesa do direito violado ou ameaçado
por meio da função judiciária do Estado, entretanto, ciente que o amparo judicial
nem sempre é rápido e em casos especiais, o legislador excepcionalmente
permitiu o exercício da autotutela, ou seja, para que esta aconteça é necessária
previsão na lei e cumprimento dos requisitos legais. Assim, os termos da
autotutela da posse autorizada no nosso código civil pelos artigos 188, I e art.
1.210, § 1º estão transcritos abaixo:

Art. 188 - Não constituem atos ilícitos:  I – os praticados em legítima


defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido.

Art. 1.210. (…) § 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou


restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou
de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da
posse

A partir da análise dos artigos acima, verificamos os termos da autorização legal


para a prática direta por autotutela de um dos mais importantes efeitos
(consequências jurídicas previstas por lei) da posse que é a proteção possessória
- a possibilidade legal dos meios de defesa da posse da coisa (jus possessions).
A proteção possessória, além de amparada pela possibilidade de defesa da posse
pelos meios judiciais mais tradicionais por meio dos chamados interditos
possessórios que são ações possessórias como ação de manutenção de posse;
ação de reintegração de posse; e interdito proibitório; também possui o amparo
legal para que o possuidor possa defender a sua posse de forma direta contra
terceiros que a coloquem em risco ou a perturbem por autotutela conforme já
destacamos na forma do artigo 1.210 § 1º do Código Civil que identifica dois tipos
distintos de proteção possessória por autotutela:

a) Legítima defesa ou defesa direta - o possuidor age por meios próprios, ele pode
se utilizar de sua própria força, ou até mesmo o auxílio de terceiros para repelir a
perturbação (turbação) no exercício e manutenção da sua posse; A turbação é
qualquer ato que atrapalhe a posse e criando obstáculos ao exercício desta
posse. Na turbação o possuidor mantém a posse, mas há um obstáculo no
exercício da forma plena desta posse.

b) o desforço direto, ou imediato - o possuidor busca a reintegração de sua


posse totalmente perdida contra sua vontade por atos originados de violência,
clandestinidade e precariedade (esbulho possessório). Neste caso, o possuidor
reage e consegue retomar a coisa imediatamente.

Entretanto, a lei também dispôs limites para o uso da autotutela na defesa da


posse. O primeiro limite é o temporal – onde o parágrafo primeiro do artigo 1.210
do CC determina: “contanto que o faça logo”, ou seja, a reação de defesa direta
da posse deve ser realizada de modo imediato – a lei não permite lapsos
temporais entre a agressão ao direito de posse e a reação por autotutela do
possuidor. O segundo limite está definido na parte final do mesmo dispositivo
legal: “os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à
manutenção ou restituição da posse”, ou seja, não podem existir excessos na
defesa direta - a reação do possuidor deve ser proporcional à agressão sofrida e
somente na medida indispensável para a manutenção/restituição da posse.

Resumidamente, nos termos dos artigos 188, I e art. 1.210, § 1º, verificamos
que o nosso Código Civil possibilita a defesa da posse por autotutela com o uso
da própria força, a chamada legítima defesa da posse, nos casos de turbação
quando a posse é ameaçada, ou o desforço direto (ou imediato) nos casos de
esbulho possessório quando a posse é perdida – assim o legislador permitiu ao
possuidor defender sua posse extrajudicialmente e por suas próprias forças
reagindo às agressões injustas ao seu direito mas limita esta possibilidade para
que a mesma seja de forma imediata (desde que o faça logo) e que os atos de
defesa não sejam desproporcionais e que sejam observados os princípios
fundamentais da dignidade humana, da função social da posse e da propriedade
e dentro dos limites da legalidade, da razoabilidade e da proporcionalidade.

Questão 02 – Os parágrafos 4º e 5º, do artigo 1228 do Código Civil, expressam:


“§ 4º O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado
consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco
anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em
conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse
social e econômico relevante. § 5º No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará
a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como
título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.” Qual o instituto está
presente na disposição legal descrita acima? Explique.

Resposta:

Sabemos que o direito de propriedade, apesar de ser uma garantia


constitucional, não é um direito absoluto. A partir da Constituição de 1988, a
função social da propriedade redefiniu o direito de propriedade a partir do
cumprimento de sua finalidade social. O Estado pode em virtude de
necessidade , utilidade pública ou interesse social desapropriar a coisa do seu
legítimo dono mediante prévia e justa indenização bem como pode requisitar a
propriedade, em caso de perigo público iminente. Além da desapropriação e
requisição, temos ainda a aquisição da propriedade por meio de usucapião – a
transferência da propriedade do legítimo dono/possuidor a um terceiro dentro de
certos requisitos legais.

Dentro deste contexto, os parágrafos 4º e 5º, do artigo 1228 do Código Civil


configuram uma inovação do atual código civilista de 2002 e trouxeram uma
celeuma doutrinária acerca da natureza do instituto que tratam os dispositivos –
embora grande parte da doutrina mais significativa estabeleça se tratar do
Instituto da Desapropriação Judicial já que os comandos legais referentes ao
artigo 1.228, §§ 4º e 5º do Código Civil de 2002 fazem menção às razões de
ordem/interesse social e ainda estabelecem justa indenização em favor do
proprietário da coisa reivindicada - previsões legais que são pontos em comum
exigidos de forma assemelhada nas desapropriações do poder executivo, alguns
doutrinadores ainda consideram o novo instituto como uma espécie de
usucapião coletivo – consideração que não parece apropriada pela previsibilidade
da justa indenização prevista no parágrafo quinto do artigo em análise. A
denominação desapropriação judicial se dá pelo fato da necessidade de demanda
judicial perante um juiz competente que analisará o feito e decidirá por meio de
sentença judicial e não por ato administrativo como as desapropriações ocorridas
pelo poder executivo.

Vamos à análise dos dispositivos transcritos abaixo:

Art. 1228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o


direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

§ 4º O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado


consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa fé, por mais de cinco
anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em
conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse
social e econômico relevante.

§ 5º No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao


proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel
em nome dos possuidores.

Assim, o legislador criou outra modalidade de perda da propriedade nos termos


do artigo 1228, § 4º e 5º - onde o dono perderá a propriedade em casos de
imóveis com área extensa, posse ininterrupta e de boa fé pelo prazo superior a 5
anos e de considerável número de pessoas que, em conjunto ou separadamente,
tenham realizado obras consideradas de interesse social/econômico de relevância
pelo juízo competente já que o legislador deixou a análise subjetiva da questão a
cargo do judiciário. Há ainda a previsão de justa indenização para o proprietário
determinada pelo Juiz. Todos os requisitos estabelecidos devem ser atendidos
para que o juiz possa decidir pela desapropriação no caso concreto.

Questão 03 – Camila, Marcela e Nayara são proprietárias de um imóvel


residencial indivisível no bairro Batel em Curitiba, avaliado em três milhões de
reais. Camila quer vender o imóvel e desfazer o condomínio. Marcos tem interesse
em comprar e ofereceu três milhões pelo imóvel as proprietárias do bem. No
entanto, Marcela e Nayara individualmente têm também interesse na compra da
parte de Camila. Qual a regra prevista na legislação para venda no caso de bem
indiviso com consortes?

Resposta:

No caso de bem indivisível em condomínio como nesta situação específica – há


expressa previsão legal consolidada no artigo 504 do Código Civil de 2002 que
deve ser observada e que cuida do direito de preferência, ou preempção, do
condômino consorte transcrito a seguir:

Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a
estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não
se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte
vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de
decadência.

Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias


de maior valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem
iguais, haverão a parte vendida os comproprietários, que a quiserem, depositando
previamente o preço.

Assim, o condômino que quer realizar a alienação da sua parte a um estranho


deve dar conhecimento aos demais condôminos - no nosso caso concreto: Camila
deve fazer a devida comunicação da intenção de venda aos demais consortes em
notificação escrita e extrajudicial onde constará as condições de realização do
negócio como preços, prazos e condições de pagamento e deve dar preferência
pelo mesmo preço ofertado por Marcos aos demais condôminos. Caso contrário e
se a venda ao terceiro for concretizada, os condôminos a quem não se deu
preferência, neste caso Marcela e Nayara, podem depositar o preço e requererem
para si a parte vendida a estranhos no prazo decadencial de 180 dias após a data
do registro (imóveis) ou da tradição (móveis), independentemente da data de
realização do negócio. A preferência tem o objetivo de impedir a entrada de
pessoas estranhas ao condomínio à revelia dos demais consortes. No caso de
mais de um condômino se interessar pela aquisição do quinhão a ser vendido,
nesta questão é o caso de Marcela e Nayara que se interessaram individualmente
na aquisição da parte de Camila - deveremos aplicar o sistema de preferências
estabelecida no parágrafo único do artigo 504: se mais de um consorte pretender
a cota em negociação, preferirá primeiro aquele que tiver benfeitorias de maior
valor e, persistindo o empate, aquele que possuir o quinhão maior. Se persistir o
empate será vendido ao consorte que depositar previamente o preço.

Questão 04 – Explique e diferencie posse direta da indireta, posse justa de posse


injusta e posse nova de posse velha.
Resposta:
De acordo com o artigo 1.196 do código civil, é considerado possuidor todo aquele
que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à
propriedade, sendo estes o usar, gozar, dispor ou reaver.
Para melhor exemplificar a classificação da posse direta ou indireta (posse civil ou
jurídica), imagine-se um contrato de locação onde o locatário fica como possuidor
indireto e o proprietário com a posse direta, portanto, consta no próprio
documento o tipo de posse existente.
A posse justa se diferencia da posse injusta ao passo em que primeira se refere a
“coisa” que não foi adquirida mediante violência, clandestinidade ou
precariedade, enquanto a posse injusta fora adquirida mediante tais vícios de
aquisição da posse.
Por fim, tanto a posse nova quanto a posse velha são protegidas juridicamente,
todavia, dependendo do tio de posse a mesma poderá usufruir de aspectos
processuais ou não, por exemplo, o pedido de reintegração de posse com
antecipação de tutela não pode ser realizado na posse velha.
Deste modo, a posse nova independe da utilização do bem ou do convalescimento
do vício, pois o período de posse deve ser de um ano, após este período é
considerada velha.
Questão 05 – Maria é dona de um cachorro que, muitas vezes, é encontrado no
terreno do seu vizinho Lucas. No terreno de Lucas há um belo jardim, pois esse
aprecia jardinagem e mantém um jardim com diversas flores e plantas. Ocorre
que o cachorro de Maria toda vez que invade o terreno de Lucas destrói parte do
seu belo jardim. Lucas está cansado de passar por essa situação. No que se refere
ao direito de vizinhança, o que Lucas poderá fazer? Explique e justifique a sua
resposta.
Resposta: Lucas poderá ingressar com ação de indenização por danos materiais a
invasão do cachorro em seu jardim, se assim a comprovação dos prejuízos forem
demonstrado, ademais o mesmo também poderá requerer, de acordo com a
necessidade, a construção de algum tapume especial para que se impeça a
passagem de animais de pequeno porte, as despesas necessárias para tanto
correrão por conta de quem houver provocado a necessidade do tapume, não
estando o confinante obrigado a contribuir.
Neste sentido, o artigo 1.297 prevê " O proprietário tem direito a cercar, murar,
valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode
constranger o seu confinante a proceder com ele à demarcação entre os dois
prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou
arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as respectivas
despesas
§ 3 A construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de
pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou a
necessidade deles, pelo proprietário, que não está obrigado a concorrer para as
despesas.
Ademais, o art. 1.277 assegura "sempre que houver uma interferência prejudicial
que atinja a segurança, o sossego e a saúde, decorrente do uso anormal da
propriedade, nasce o direito do vizinho de reclamar do outro que cesse a
conduta".
Questão 06 – Explique e diferencie os institutos do constituo possessório e o
traditio brevi manu.

Resposta:
Constituo possessório é uma operação jurídica que altera a titularidade na posse,
de maneira que, aquele que possuía em seu próprio nome, passa a possuir em
nome de outrem, exemplo no contrato de aluguel, em que o locador era o antigo
locatário. Oposto ao traditio brevi manu, no qual aquele que possuía em nome
alheio, passa a possuir em nome próprio, no caso do contrato de compra e venda,
em que o locatário tende a se tornar o proprietário do bem.

Questão 07 – Quais são as ações classicamente denominadas de interditos


possessórios? Explique cada uma delas.
Resposta:
Os interditos possessórios são instrumentos processuais para a defesa da posse,
sendo, ação de manutenção de posse (turbação): quando ocorre um impedimento
ou forma de atrapalhar o exercício da posse, posse mantida de forma
insatisfatória; ação de reintegração de posse (esbulho): comportamento da pessoa
com intenção de retirar a coisa completamente da posse (detenção física) do
possuidor, impedindo de forma total ou incompleta qualquer tipo ou poder que o
possuidor teria sobre a coisa; por fim, interdito proibitório ( ameaça): ameaça
eminente e comprovada de turbação ou esbulho, dependendo do tipo de
comportamento pode caber outras ações.

Questão 08 – Rodrigo trabalha há trinta anos como caseiro em uma fazenda de


café no interior do Estado de Minas Gerais, sendo responsável pela administração
do local. Rodrigo reside com a família em uma casa cedida pelo proprietário
dentro do terreno da fazenda. Rodrigo que mora na casa há trinta anos poderá
ingressar com ação de usucapião face a casa em que reside? Explique e justifique
sua resposta.
Resposta:
Não, visto que Rodrigo possui um vínculo empregatício com os donos do imóvel,
uma vez que os critérios para usucapião são:
- Posse mansa e pacífica;
- Posse de boa-fé;
- Posse contínua e duradoura;
- Posse com intenção de dono.
Portanto, como Rodrigo é empregado dos donos, apesar de ser clara a posse
de boa-fé, mansa e pacífica e a durabilidade da mesma, mesmo que essa seja de
tempo suficiente para ensejar a ação, a situação narrada descaracteriza a
intenção de dono (animus domini). Não cabe, portanto, ação de usucapião.

Questão 09 – Cite e explique as modalidades de usucapião de bens móveis e


imóveis previstos na legislação.
Resposta:
Independente da modalidade de usucapião, a doutrina, jurisprudência e lei define
que essas tem como premissa: a boa-fé referente a posse, de modo contínuo e
ininterrupto, em forma mansa e pacífica e intenção de dono. Já sobre as
modalidades e diferenças quanto ao objeto, tempo e sujeito, temos:
-Usucapião de coisa móvel: A lei versa no do Art. 1260 ao 1262 do Código Civil
sobre o tempo e os critérios que embasam o usucapião de coisa móvel, sendo
eles: possuir coisa como sua durante três anos, de forma contínua e
incontestadamente com boa-fé e justo título, ou durante cinco anos,
independente de boa-fé e título.
-Usucapião de coisa Imóvel: Já o usucapião em caráter de bem imóvel é mais
complexo e mais criterioso, os requisitos começam a partir do Art. 1238 do
Código Civil, a doutrina divide suas modalidades em:
-Usucapião Extraordinária: é definida pelo Art. 1238 do CC, possível num
prazo de 15 anos de posse mansa, pacífica e ininterrupta, independente de título
e boa-fé, declarada por sentença, ou no prazo de 10 anos se o possuidor tiver
moradia no local e/ou produzir obras ou serviços de caráter produtivo.
-Usucapião Constitucional: estabelecida no Art. 1240 do CC. e 183 da
Constituição Federal, seu requisito é moradia (apenas) mansa, contínua, pacífica
e de boa-fé pelo prazo mínimo de cinco anos, com animus domini, não podendo o
possuidor ter outro imóvel e a área máxima não ultrapassar 250 m². Cabível
apenas uma vez.
-Usucapião Por abandono do Lar: Art. 1240 – A do CC. define que essa
modalidade como sub categoria da anterior e traz como diferença um tempo
inferior (de 2 anos) de moradia e o requisito de que a propriedade seja total ou
dividida com ex-companheiro(a) que tenha abandonado o lar.
-Usucapião Ordinária: Art. 1242 do CC. – É a modalidade mais simples,
nos termos desta, é necessário possuidor ter boa-fé, justo título e posse mansa e
ininterrupta pelo prazo de dez anos, ou de cinco anos em situação de compra do
imóvel que foi cancelada depois da tradição desde que seja local de moradia do
possuidor ou que este tenha realizado investimentos de interesse social ou
econômico.
-Usucapião Especial Urbana coletiva: essa é estabelecida pelo Art. 10 da Lei
10.257 de 2001. A modalidade é possível em imóveis de área superior a 250m²,
cujo a destinação seja a moradia de população com baixa renda pelo prazo
mínimo de 5 anos, desde que de maneira mansa, pacífica e contínua.

Questão 10 – Joana casou-se com Marcos no ano de 2010 e teve com ele dois
filhos, Carlos e Rafael. O casal comprou uma casa no bairro da Fazendinha em

Curitiba, com 150 metros quadrados de área construída e lá passou a residir. O


único bem imóvel de ambos é casa na qual residem. Marcos após uma discussão
com Joana arrumou suas malas e foi embora. Após três anos, sem ter notícias de
Marcos, vivendo com os filhos na casa e pagando todas as despesas do imóvel e
da família, o que Joana poderá fazer para ter a propriedade integral da casa?
Explique e justifique sua resposta.

Resposta:

Joana pode requerer em juízo a propriedade do imóvel por Usucapião em


decorrência do abandono do lar, visto que arca sozinha com todas as despesas do
imóvel, sua moradia é de forma mansa, contínua e pacífica, tem boa-fé na
situação narrada, não possui outra propriedade, além do abandono se enquadrar
no prazo estabelecido em lei (de dois anos) e a área não ser superior a 250 m².

REFERÊNCIAS

BRASIL. Código Civil: lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Brasília, DF Câmara dos
Deputados, 2002.

DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 4º vol.: Direito das Coisas. 22ª ed., ver. e
atual. de acordo com a reforma do CPC. São Paulo: Saraiva, 2007

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro. 5 v. São Paulo: Saraiva, 2009.

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