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Editorial

© 2021 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução parcial ou total desde que citada
a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial. A responsabilidade pelos
direitos autorais de textos e imagens desta obra é do autor.

Elaboração, distribuição, informações:

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Secretaria de Defesa Agropecuária

Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal

Coordenação-Geral da Qualidade Vegetal

Esplanada dos Ministérios, Bloco D – Anexo A – Sala 246

CEP 70043-900. Brasília - DF

https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/inspecao/produtos-vegetal/qualidade-
vegetal

Coordenação Editorial:

Coordenação-Geral da Qualidade Vegetal

Equipe técnica:

André Luiz Bispo Oliveira – CRQV/CGQV/DIPOV/SDA/MAPA

Cirlene Aparecida Pescador – UTVA-DIPOV/SDA/MAPA

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Sumário

MÓDULO I......................................................................................................................................5
Unidade 1 – Introdução: Conceitos e fundamentos para a rastreabilidade e os
requisitos mínimos dos produtos hortícolas...........................................................................6
1. Introdução Geral.......................................................................................................................6
1.1. Conceituação e fundamentos da rastreabilidade segundo a legislação da Defesa
Agropecuária...........................................................................................................................6

1.1.1. Introdução aos principais conceitos e fundamentos da rastreabilidade para o produtor e a


Defesa Agropecuária............................................................................................................................................ 7

1.1.2. Conceitos importantes para a Rastreabilidade................................................................................... 8

1.1.3. Protocolo para a adoção da Rastreabilidade pelos entes envolvidos.......................................... 10

1.1.4. Conceituação e fundamentos dos requisitos mínimos segundo a legislação da Defesa


Agropecuária....................................................................................................................................................... 11

1.1.5. Conceitos importantes para a adoção dos requisitos mínimos para a padronização dos
produtos hortícolas........................................................................................................................................... 11

1.2. Qualidade do produto e crescimento do setor - Relações entre a


Rastreabilidade e os Requisitos Mínimos........................................................................12

Unidade 2 – Requisitos mínimos e o referencial fotográfico dos produtos hortícolas..15


2. Introdução aos principais conceitos e fundamentos da classificação e
padronização de produtos vegetais..................................................................................15

2.1. Diferenças entre a classificação e os requisitos mínimos......................................16

2.2. Introdução aos requisitos mínimos dos produtos hortícolas, fundamentos e


principais conceitos..............................................................................................................17

2.3. O Referencial Fotográfico de Produtos Hortícolas.................................................18

Unidade 3 – As brochuras da OCDE e o referencial fotográfico brasileiro: Aspectos


positivos, desafios e responsabilidades para a oferta de produtos hortícolas
padronizados no mercado nacional.........................................................................................19
3. O que é a OCDE?.....................................................................................................................19
3.1. Programa de frutas e hortaliças frescas da OCDE..................................................20

3.2. As Brochuras da OCDE................................................................................................20

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Unidade 4 - Caso de sucesso da adoção da rastreabilidade e requisitos mínimos em
setores do agronegócio nacional (maçãs)...............................................................................22
4. Introdução geral.....................................................................................................................22
4.1. O caso da cadeia produtiva da maçã no Brasil.........................................................22

Referências...................................................................................................................................25

Módulo II......................................................................................................................................26
Apresentação...............................................................................................................................27
2.1. Procedimentos de fiscalização de produtos de origem vegetais frescos............28

2.1.1. Importância da fiscalização como ferramenta para o cumprimento da legislação e


manutenção do sentimento de confiança do consumidor final no abastecimento e consumo de
produtos de origem vegetal do Brasil........................................................................................................... 28

2.1.2. Fiscalização da Rastreabilidade............................................................................................................. 29

2.2. Detalhamento da legislação específica para a rastreabilidade atualizada e suas


aplicações...............................................................................................................................30

2.3.1. Obrigações relacionadas com a norma da rastreabilidade (O que fiscalizar?).......................... 33

2.4. Fiscalização da rastreabilidade de produtos hortícolas à luz da Instrução


Normativa Conjunta nº 2 de 07 de fevereiro de 2018 (Como fiscalizar?)...................37

2.5. Fiscalização dos Requisitos Mínimos.........................................................................46

2.6. Procedimentos de fiscalização e amostragem dos produtos hortícolas para


avaliação da conformidade aos requisitos mínimos.......................................................47

2.7. Noções básicas de fisiologia pós-colheita de produtos hortícolas.......................54

2.8. Utilização do Referencial Fotográfico dos produtos hortícolas durante a


fiscalização.............................................................................................................................61

2.9. Material explicativo sobre o conteúdo apresentado..............................................62

Referências...................................................................................................................................73

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MÓDULO I
Unidade 1 – Introdução: Conceitos e
fundamentos para a rastreabilidade e os
requisitos mínimos dos produtos hortícolas

1. Introdução Geral
Caríssimo aluno, caríssima aluna, sejam muito bem-vindos ao Curso de Introdução à Rastreabilidade
e Requisitos Mínimos de Produtos Hortícolas!

Ao concluir este curso, esperamos que você seja capaz de compreender:

a) os objetivos da norma da rastreabilidade

b) as oportunidades e vantagens da adoção da norma da rastreabilidade

c) os objetivos da norma sobre os requisitos mínimos

d) as oportunidades e vantagens da adoção da norma dos requisitos


mínimos

Além de entender a importância, saber lidar e colocar em prática o que aprender com os
estudos:

a) do Referencial Fotográfico dos produtos hortícolas

b) das brochuras da OCDE para os produtos hortícolas

1.1. Conceituação e fundamentos da rastreabilidade


segundo a legislação da Defesa Agropecuária
O objetivo desta primeira Unidade sobre a Rastreabilidade é informar e conscientizar você sobre os
objetivos e razões para se buscar o cumprimento da à norma da rastreabilidade.

Nesta primeira Unidade sobre a Rastreabilidade vamos informá-lo e conscientizá-lo sobre os


objetivos e razões para se buscar o cumprimento da norma da rastreabilidade.

Perceba que não é preciso ir muito longe para entender essa importância. Basta olhar os seus
próprios hábitos de consumo ou da sociedade em geral, ou ainda aqueles veiculados pela educação
básica nas escolas e até nas mídias (rádio, televisão e internet).

Hoje, os consumidores não se contentam em apenas selecionar um produto pelos seus aspectos de
sabor, preço e aparência. Eles buscam cada vez mais informações sobre a segurança:

Qual a procedência do alimento?

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Quais os aspectos relacionados ao sistema de produção?

Será que houve os devidos cuidados com o ambiente e o correto uso dos insumos agrícolas pelos
trabalhadores envolvidos na produção?

No Brasil e em países desenvolvidos, vários segmentos da sociedade estão


preocupados com a questão da segurança do alimento e, assim, procuram
ferramentas que oferecem maior segurança ao consumidor. Entre elas, po-
de-se destacar a rastreabilidade, por ser efetiva e poder apontar elementos
como:

• um problema de segurança em uma região específica ou em um


local onde os produtos são embalados;

• problemas relativos a um grupo de produtores ou um único


produtor, e até mesmo em uma plantação.

Agindo assim, a rastreabilidade é uma ferramenta poderosa que auxilia a ação imediata e direta ao
foco do problema, em contraste à adoção de medidas que abrangem e prejudicam todo o grupo que
trabalhe com a mercadoria.

O risco alimentar tem sua redução com o aumento da velocidade e a melhoria da precisão no
acompanhamento e no rastreamento de alimentos, fato este que permite minimizar o gasto de
recursos públicos e privados, bem como reduzir as preocupações do consumidor.

Diante da necessidade de alcançar a segurança do alimento, a rastreabilidade tem sido uma alternativa
vital em alguns segmentos das cadeias agroindustriais.

1.1.1. Introdução aos principais conceitos e fundamentos da rastreabilidade para o


produtor e a Defesa Agropecuária

Conceitualmente, a rastreabilidade é dividida em duas categorias (Figura 1), a primeira é conhecida


como Tracking (um passo à frente, acompanhar) que consiste em encontrar o destino industrial ou
comercial de um lote, até o seu armazenamento no local de comercialização; a segunda é chamada de
Tracing, (um passo atrás, rastrear, seguir o rastro), e busca obter as etapas e os processos que foram
adotados na produção, começando pelo lote do produto, até encontrar o histórico e a sua origem
(SILVA, 2004).

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Figura 1 – Tracking e Tracing | Fonte: Portal Biossistemas

O objetivo da norma da rastreabilidade dos produtos hortícolas é possibilitar o “passo atrás” do


conceito da rastreabilidade, com um canal de comunicação ágil e confiável entre os produtores,
demais entes intermediários, consumidores e órgãos reguladores, como o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento – MAPA e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.

A rastreabilidade tratada nesse curso é um conjunto de critérios e procedimentos a serem


incorporados de forma compulsória, isto é, obrigatoriamente, pelo setor produtivo de
produtos hortícolas.

O instrumento legal que proporcionou essa obrigatoriedade foi a Instrução Normativa Conjunta
– INC nº 02/2018 (BRASIL 2018a), na qual ficaram definidos os procedimentos para a aplicação da
rastreabilidade ao longo da cadeia produtiva de produtos vegetais frescos destinados à alimentação
humana, para fins de monitoramento e controle de resíduos de agrotóxicos, em todo o território
nacional.

A regra estimula a adoção de registros sistematizados que são os responsáveis pela criação e
manutenção do vínculo entre os elos da cadeia produtiva de hortícolas.

Esses registros são obtidos por meio do conjunto de critérios e procedimentos estruturados na
própria INC nº 02/2018, para garantir que a sequência de etapas nas cadeias de distribuição e
comercialização não resultem na perda das informações relevantes sobre o sistema de cultivo
adotado pelo produtor.

1.1.2. Conceitos importantes para a Rastreabilidade

Com base no que estudamos até aqui, podemos perceber que a Rastreabilidade é um conjunto
de procedimentos que permite detectar a origem e acompanhar a movimentação
de um produto ao longo da cadeia produtiva, mediante elementos informativos

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e documentais registrados. Porém, para entender em profundidade qualquer área das coisas
que o ser humano desenvolve e realiza, seja por meio do intelecto, da ciência ou do trabalho, é muito
importante dominar os conceitos técnicos básicos daquela área.

Sendo assim, baseados na legislação em vigor, preparamos um Glossário de Conceitos, contendo as


palavras e expressões que constituem conceitos importantíssimos para a rastreabilidade:

a) Cadeia produtiva de produtos vegetais frescos

Fluxo, da origem ao consumo de produtos vegetais frescos, abrangendo as etapas de produção


primária, armazenagem, consolidação de lotes, embalagem, transporte, distribuição, fornecimento,
comercialização, exportação e importação.

b) Ente

Toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que desenvolve atividades na cadeia produtiva de
produtos vegetais frescos em território brasileiro.

c) Insumos agrícolas

Todo fator de produção utilizado com o objetivo de garantir a nutrição e a proteção dos vegetais
cultivados, de forma a melhorar a produtividade da lavoura e obter um produto de boa qualidade.

d) Lote

Conjunto de produtos vegetais frescos de uma mesma espécie botânica e variedade ou cultivar,
produzidos pelo mesmo produtor, em um espaço de tempo determinado e sob condições similares.

e) Lote consolidado

Lote oriundo de dois ou mais lotes de origens diferentes.

f ) Produtor primário

Pessoa física ou jurídica que tem como atividade econômica a produção e comercialização de
produtos vegetais frescos.

g) Rastreabilidade

Conjunto de procedimentos que permite detectar a origem e acompanhar a movimentação de um


produto ao longo da cadeia produtiva, mediante elementos informativos e documentais registrados.

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h) Registros
Conjunto de elementos informativos e documentais, impressos ou eletrônicos, mantidos pelos entes
da cadeia produtiva de produtos vegetais frescos que assegurem as informações obrigatórias, visando
a rastreabilidade.

Veja na página do curso o arquivo “FORMA DE REGISTRO DA RASTREABILIDADE”

i) Tratamento fitossanitário
Procedimentos fitossanitários adotados nas etapas de produção e de pós-colheita dos vegetais para
o controle de pragas.

1.1.3. Protocolo para a adoção da Rastreabilidade pelos entes envolvidos

Conforme foi explanado no Módulo anterior, existem diferentes métodos que possibilitam realizar o
rastreamento de produtos, tanto individualmente quanto a partir de um conjunto de características,
permitindo identificar sua origem e destino. Para facilitar a construção e disseminação dessas
ferramentas conforme uma base comum, harmonizada, o MAPA elaborou um protocolo contendo os
principais aspectos que qualquer método ou ferramenta manual ou eletrônica para a rastreabilidade
deve conter.

Esse protocolo, quando aplicado em ferramentas ou sistemas de rastreamento garantirá o pleno


cumprimento das regras da INC nº 02/2018 para a rastreabilidade dos produtos.

O MAPA disponibilizou em seu site um Protocolo contendo as orientações


para o atendimento das regras da rastreabilidade por todos os elos das ca-
deias de produção, distribuição e comercialização de produtos hortícolas.

É importante a ampla divulgação dessas orientações aos entes das cadeias


produtivas dos produtos vegetais frescos pelos serviços de fiscalização, de
forma a promover uma ampla adoção.

O protocolo encontra-se acessível no link:

https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/inspecao/produtos-
-vegetal/arquivos/protocolo-001-rastreabilidade

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1.1.4. Conceituação e fundamentos dos requisitos mínimos segundo a legislação da
Defesa Agropecuária

Outra prática importantíssima e que tem seus conceitos


próprios é a dos chamados Requisitos Mínimos. Eles
são uma ferramenta de promoção e proteção do
mercado dos produtos hortícolas. A norma dos
requisitos mínimos visa promover a qualidade por meio de
regras claras e de fácil adoção, limitando a oferta de produtos
hortícolas de baixa qualidade no mercado, bem como
beneficiando os produtores e consumidores que passam a ter acesso somente aos produtos com
características adequadas.

1.1.5. Conceitos importantes para a adoção dos requisitos mínimos para a


padronização dos produtos hortícolas
Para tornar mais fácil a sua apreensão de conceitos que você vai sempre ler, ouvir ou usar quando
tratar desse assunto, vamos fazer como no tópico anterior e disponibilizar para você um Glossário
de Conceitos relativos, desta vez, aos requisitos mínimos para a padronização de produtos
hortícolas. Todos os conceitos são baseados na legislação em vigor.

a) Produto hortícola

Produto oriundo da olericultura, da fruticultura, da silvicultura, da floricultura e da jardinocultura.

b) Produto inteiro

Aquele livre de qualquer mutilação ou dano que comprometa a sua integridade.

c) Produto limpo

Aquele livre de terra, ramas, folhas ou qualquer outro tipo de matéria estranha.

d) Produto firme

Aquele com consistência adequada, com a firmeza característica do produto hortícola.

e) Pragas

As espécies nocivas ao desenvolvimento agrícola ou que provocam doenças.

f ) Produto fisiologicamente desenvolvido

O produto hortícola que atingiu o seu desenvolvimento fisiológico completo.

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g) Odor estranho

O odor impróprio ao produto hortícola que inviabilize a sua utilização para o consumo humano.

h) Repasse

O procedimento de seleção ou separação dos produtos hortícolas que não atendam a determinadas
características de identidade ou qualidade, objetivando a sua adequação aos requisitos exigidos.

i) Substâncias nocivas à saúde humana

As substâncias ou os agentes estranhos, de origem biológica, química ou física, que sejam nocivos à
saúde, previstas em legislação específica, cujo valor se verifica fora dos limites máximos estabelecidos.

1.2. Qualidade do produto e crescimento do setor -


Relações entre a Rastreabilidade e os Requisitos Mínimos
A pujança do agronegócio do Brasil é um claro indicativo de que os vários elos da cadeia produtiva
conseguem superar as dificuldades e assumir o seu papel no planejamento estratégico e programação
dos seus negócios com base nas melhores práticas.

Essa forma de pensar e agir, hoje restrita aos setores mais dinâmicos, tem grande impacto sobre a
produção e distribuição de produtos hortícolas, com efeitos positivos sobre a qualidade do produto
ofertado ao consumidor.

A padronização e a rastreabilidade são ferramentas importantes validadas internacionalmente, que


fazem parte desse dinamismo e funcionam como grandes promotoras de mudanças no campo e na
cidade em benefício da sustentabilidade e eficiência desse setor.

O esforço do MAPA para promover a rastreabilidade e os requisitos mínimos dos produtos


hortícolas é uma ação governamental que busca assegurar que a qualidade e as informações sobre o
sistema de cultivo adotado pelo produtor não sejam perdidas ao longo das cadeias de distribuição e
comercialização desses produtos.

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Os entes das cadeias produtivas estão protegidos quando observam e
atendem a principal motivação para a regulamentação da rastreabilidade
dos produtos hortícolas, que é o monitoramento do uso de agrotóxicos.
Fazem isso quando guardam as informações sobre a aplicação ou não des-
ses produtos na etapa de produção dos produtos hortícolas (Art. 1º, INC
nº 02/2018) - ex. Notas fiscais de compra dos insumos, anotações das datas
de uso, registros das concentrações de uso e volume aplicado, cadernetas
de campo etc.

Assim sendo, quanto mais abrangente for a adoção da rastreabilidade, melhor será a resposta dos
sistemas de controle e monitoramento, para permitir ações rápidas e pontuais sobre as fontes
identificadas das irregularidades, mitigando a difusão de informações falsas e alarmistas, cujo impacto
negativo pode afetar de maneira devastadora todo o setor hortícola.

Quanto à regulamentação dos requisitos mínimos dos


produtos hortícolas, a referida norma objetivou garantir o
fornecimento ao consumidor final de produtos de qualidade,
os quais devem se apresentar íntegros, limpos, firmes, isentos
de pragas visíveis a olho nu, fisiologicamente desenvolvidos
ou apresentando maturidade comercial, isentos de odores
estranhos, não excessivamente maduros ou passados, isentos
de danos profundos, isentos de podridões, não desidratados ou
murchos, não congelados e isentos de distúrbios fisiológicos
(Art. 5º. IN nº 69/2018 - vide glossário).

A norma dos requisitos mínimos dos produtos hortícolas


busca tão somente promover a qualidade por meio de regras
claras e de fácil adoção, impedindo a concorrência desleal dos produtos que não se prestam ao
consumo, mas que competem em volume e preço com aqueles de agricultores que se esforçaram
para atender o mercado com qualidade.

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Dessa forma, quanto maior for a adoção dos requisitos mínimos da qualidade, maior será a aceitação
e fluxo dos consumidores para a aquisição desses produtos tão relevantes para uma dieta saudável
e de qualidade.

Assim, caríssimo aluno e caríssima aluna, concluímos esta primeira etapa na qual aprendemos
conceitos fundamentais das Práticas de Rastreabilidade e de Requisitos Mínimos e a sua relação com
a qualidade dos produtos hortícolas para o consumidor e com a sustentabilidade deste importante
ramo do agronegócio. Não esqueça de revisar e exercitar o que aprendeu! A gente se vê na próxima
Unidade!

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Unidade 2 – Requisitos mínimos e o referencial
fotográfico dos produtos hortícolas
Caríssimo aluno, caríssima aluna, agora que já aprendemos conceitos fundamentais das
Práticas de Rastreabilidade e de Requisitos Mínimos e a sua relação com a qualidade dos
produtos hortícolas para o consumidor e com a sustentabilidade deste importante ramo do
agronegócio, vamos nos aprofundar em aspectos muito importantes dos Requisitos Mínimos.
Além disso, vamos conhecer e trabalhar um pouco com elementos que constituem o referencial
fotográfico dos produtos hortícolas e os critérios de adequação desses produtos. Mas, antes
de nos aprofundarmos acerca dos requisitos mínimos e passarmos a pensar o referencial
fotográfico, vamos fazer uma breve e importante reflexão sobre classificação e padronização
de produtos de origem vegetal.

2. Introdução aos principais conceitos e fundamentos da


classificação e padronização de produtos vegetais
Padronização é uma palavra que se refere a uma forma particular de reunir, filtrar e acumular
informação acerca de produtos, podendo ser representado por especificações técnicas ou requisitos.

Um elevado grau de confiabilidade da padronização confere reputação aos


agentes das cadeias produtivas envolvidas e promove melhorias no am-
biente de negócios, já que permite a elaboração de lotes homogêneos,
facilitando as transações comerciais.

A padronização facilita as transações comerciais e o processo de escolha, pois uniformiza a linguagem


e reduz a necessidade de verificação.

Ao ofertar um produto padronizado, o produtor tem facilitada a sua aceitação nos mercados, bem
como meios concretos para utilizar em sua defesa nos casos de disputas, uma vez que ao atender
o padrão os argumentos e queixas por produtos de baixa qualidade podem ser contestados com
maior segurança, com base em critérios verificáveis.

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2.1. Diferenças entre a classificação e os requisitos mínimos
Historicamente, os vários aspectos da legislação da classificação vegetal para os produtos hortícolas
limitavam a efetividade das ações e impactavam negativamente a reputação do sistema de padronização
desses produtos no Brasil, uma vez que antes da publicação dos Requisitos Mínimos dos Produtos
Hortícolas ocorriam as seguintes situações:

A - Existiam vários padrões estabelecidos para frutas e hortaliças (ABACAXI, ALHO, BANANA,
BATATA, CEBOLA, KIWI, MAÇÃ, MAMÃO, PERA,TOMATE, UVA FINA DE MESA e UVA RÚSTICA).
Mais da metade eram portarias da década de 90; outros 3 padrões eram IN SARC do início dos anos
2000; grande parte ou a totalidade desses Padrões muitas vezes não se adequava mais à realidade
do mercado;

B - A capacidade de executar a fiscalização no mercado interno era precária pela falta de rito próprio
adequado à realidade dos produtos hortícolas. Como o modelo de fiscalização da Classificação
Vegetal foi concebido para grãos, havia necessidade de rever até mesmo as punições, consideradas
muito pesadas para grande parte do setor;

C - Havia uma série de produtos não cobertos por padrões oficiais de classificação e que não
estavam afetos a qualquer controle ou fiscalização por parte do MAPA; e

D - Os procedimentos de amostragem previstos eram complexos, diferentes para cada produto e,


portanto, de difícil execução para a realidade do setor produtivo e da fiscalização.

Por esse conjunto de motivos houve um esforço do MAPA, por meio de projeto com a União
Europeia, para a realização de estudos e motivação da fiscalização, que culminaram com a publicação
da Instrução Normativa nº 69/2018 (BRASIL 2018b), que trata dos Requisitos Mínimos dos produtos
hortícolas:

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os requisitos mínimos adotam uma ótica inversa dos padrões de classificação tradicionais,
na linha do que é feito na Europa;

os requisitos mínimos facilitam a identificação dos atributos mais importantes para a


padronização dos produtos hortícolas, facilitando tanto a precificação, quanto a remoção
dos produtos impróprios;

quanto mais simples for a padronização, maiores os ganhos advindos com a economia de
rede alcançada, sendo esse o grande trunfo dos requisitos mínimos como ferramenta para
o desenvolvimento do mercado dos produtos hortícolas.

2.2. Introdução aos requisitos mínimos dos produtos


hortícolas, fundamentos e principais conceitos
Os produtos hortícolas têm papel relevante e de destaque para a sociedade. Grande parte da rede
supermercadista tem o setor de hortícolas como o carro-chefe para a atração dos seus consumidores.

Sendo assim, o foco adotado para elaborar a legislação dos requisitos mínimos foi o de não permitir
a oferta de produtos impróprios ou “estragados” (aspectos dos produtos hortícolas que impedem
a sua comercialização) ao consumidor final, assegurando um ambiente de negócios favorável para
uma oferta crescente em qualidade e valor de produtos, beneficiando os produtores e toda a cadeia
produtiva.

O fundamento adotado para a elaboração da norma dos requisitos míni-


mos é o de que, quanto mais simples for a padronização, maiores serão a
promoção e proteção do mercado dos produtos hortícolas e os ganhos
advindos com a economia de rede alcançada.

Ao limitar a oferta de produtos hortícolas de baixa qualidade no mercado, a norma beneficia o


conjunto dos produtores e consumidores, que passam a ter acesso somente aos produtos com
características adequadas, favorecendo o mercado desses produtos em benefício do produtor. Além
disso, reduz as perdas e desperdício de alimentos ao longo da cadeia de produção e comercialização.

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2.3. O Referencial Fotográfico de Produtos Hortícolas
Para facilitar a fiscalização dos requisitos mínimos, foi elaborado o Referencial Fotográfico dos
produtos hortícolas. Trata-se de um material para consulta dos limites que o MAPA irá verificar
(quando existente para o produto) durante a fiscalização.

Entretanto, é importante frisar que, como os requisitos mínimos foram elaborados sob a ótica de
uma abordagem horizontal e o foco em impedir a oferta de produtos estragados, a verificação de
irregularidades pode e será exercida mesmo para produtos sem referencial fotográfico.

Nesse sentido, o produtor deve ter em mente que os conceitos essenciais da norma aplicáveis
aos produtos devem ser observados e atendidos, a saber:

produto inteiro;

produto limpo;

produto firme;

produto isento de praga visível a olho nu;

produto fisiologicamente desenvolvido;

produto isento de odores estranhos etc.

No site do MAPA, é possível ter acesso ao Referencial Fotográfico dos


produtos hortícolas. Para acessá-lo, clique aqui.

É importante destacar que o Referencial Fotográfico dos produtos hor-


tícolas é fruto de uma parceria do MAPA com a CEAGESP, existindo um
espelhamento desse mesmo referencial fotográfico no site da CEAGESP.

Mais adiante, você terá a oportunidade de lidar mais interativamente com esses conceitos essenciais
da norma e sua relação com o Referencial Fotográfico. Enquanto isso, revise o que aprendeu e
prepare-se para conhecermos na próxima Unidade um pouco do papel da OCDE e do Referencial
Fotográfico para a oferta de produtos hortícolas padronizados. Até lá!

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Unidade 3 – As brochuras da OCDE e o
referencial fotográfico brasileiro: Aspectos
positivos, desafios e responsabilidades para a
oferta de produtos hortícolas padronizados no
mercado nacional
Caríssimo aluno, caríssima aluna, esperamos que você tenha se dedicado ao estudo do
Referencial Fotográfico que apresentamos na Unidade anterior, pois, agora, a ele se unem
às brochuras da OCDE, a fim de criar um perfil padronizado de produtos hortícolas que é
de extrema importância para a qualidade do produto ofertado no mercado nacional e, por
extensão, para o sucesso econômico do setor. Antes de tudo, vamos conhecer a OCDE e seu
papel.

3. O que é a OCDE?
A OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – é um fórum singular
onde os governos trabalham juntos para lidar com as questões econômicas, sociais e o ambiente
desafiador da globalização. A OCDE também está na vanguarda dos esforços para entender e ajudar os
governos a responder a novos desenvolvimentos e preocupações, tais como governança corporativa,
a economia da informação e os desafios do envelhecimento da população. A Organização fornece
um portfólio de informações onde os governos podem comparar as experiências políticas, buscar
respostas para problemas comuns, identificar boas práticas e trabalhar para coordenar políticas
domésticas e internacionais.

Atualmente, os países membros da OCDE são: Austrália, Áustria, Bélgica,


Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, República Tcheca, Dinamarca, Estônia,
Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Islândia, Irlanda, Israel, Itália,
Japão, Coreia, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, México, Países Baixos, Nova
Zelândia, Noruega, Polônia, Portugal, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Suécia,
Suíça, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos. A União Europeia participa
nos trabalhos da OCDE.

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3.1. Programa de frutas e hortaliças frescas da OCDE
O programa ou esquema de frutas e hortaliças da OCDE facilita o comércio internacional de frutas
e hortaliças através da harmonização para a implementação e interpretação das normas internacio-
nais de comercialização. Adicionalmente, o esquema tem como objetivo facilitar o reconhecimento
mútuo das inspeções pelos países participantes.

O programa é reconhecido internacionalmente por suas brochuras (com


referencial fotográfico) explicativas sobre padrões, mas a OCDE também
está envolvida na definição de procedimentos reconhecidos em muitos
países e no patrocínio de cursos de treinamento. O esquema também or-
ganiza revisões por pares com o objetivo de ajudar o país revisado a me-
lhorar a qualidade do seu sistema de inspeção.

Caso deseje obter maiores informações sobre o Esquema de Frutas e


Hortaliças Frescas da OCDE, clique aqui.

3.2. As Brochuras da OCDE


Produtores que tenham interesse em padrões de qualidade mais avançados podem buscar uma
ótima referência nas Brochuras da OCDE (clique aqui para acessar o site e as publicações, em inglês),
que estabelecem os critérios de qualidade aos quais os produtos hortícolas destinados ao comércio
exterior devem atender.

Os critérios de qualidade adotados pelas Brochuras da OCDE são estabelecidos e reconhecidos


internacionalmente, de forma a favorecer o comércio internacional dos produtos hortícolas.

O Brasil atualmente desenvolve a Brochura da OCDE para o Mamão, com prazo para conclusão até
dezembro de 2022.

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Atualmente, as brochuras da OCDE estão disponibilizadas em inglês, francês e alemão, mas o Brasil
irá traduzir a do mamão para o português e poderá traduzir outras brochuras de interesse do setor.

Caso deseje acompanhar o andamento da brochura para o mamão, clique


aqui.

Enquanto você se debruça sobre esse rico material referencial e revisa o que estudou, não esqueça
sempre de associar a teoria às suas vivências práticas e, claro, exercite bastante! Na próxima Unidade,
vamos ver um caso de sucesso da adoção da rastreabilidade e requisitos mínimos em setores do
agronegócio nacional. Até lá!

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Unidade 4 - Caso de sucesso da adoção da
rastreabilidade e requisitos mínimos em
setores do agronegócio nacional (maçãs)

4. Introdução geral
Caríssimo aluno, caríssima aluna, esperamos que você tenha compreendido a necessidade e a
importância de dedicar especial atenção tanto ao estudo do Referencial Fotográfico Brasileiro
quanto às Brochuras da OCDE, bem como, estamos certos, tenha aproveitado o acesso aos links
que disponibilizamos para a ampliação do seu horizonte de estudo.

Como mencionamos no final da Unidade passada, nesta Unidade 4 vamos ver um caso em que a
adoção da rastreabilidade e dos requisitos mínimos foi um sucesso e levou este setor do agronegócio
brasileiro a lograr importantes êxitos: a cadeia produtiva da maçã!

4.1. O caso da cadeia produtiva da maçã no Brasil


As exigências de padrões de mercado têm demandado organização do setor produtivo para atendê-
los. Algumas estruturas organizacionais permitem perceber as mudanças e fornecer incentivos para
que essas sejam implementadas. A Produção Integrada (PI-Brasil) surgiu como uma demanda do
setor produtivo, que necessitava de um sistema de certificação e rastreabilidade.

Vale ressaltar que é relevante a importância das organizações (associações) de interesse


privado na cadeia produtiva da maçã no Brasil, que adotam a PI-Brasil, verificando como essas
atuam com outras estruturas do setor produtivo.

Importante pesquisa publicada em artigo disponível neste link realizou um estudo exploratório
para conhecer melhor as características do setor. Após essa etapa, fez-se uma pesquisa descritiva
e explicativa usando questionários e entrevistas semiestruturadas nas empresas, cooperativas e
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), incluindo a coordenação do Programa.
Os participantes destacam a importância das organizações de interesse privado como impulsionador
das mudanças, com uma participação nas atividades de capacitação, divulgação dos produtos e,
principalmente, de melhorias da atividade, mobilizando o Estado para atuar em benefício do setor.
Por parte do Estado, destaca-se que essas associações foram de grande importância para a adoção
da Produção Integrada no Brasil.

22
Figura 1 – Ambiente produtivo da PIM com o fluxo de produtos | Fonte: Adaptado pelo autor a partir de
Zylbersztajn (1995)

A Produção Integrada da Maçã (PIM) surgiu como uma necessidade do setor produtivo de adequar-
se às novas exigências dos mercados, constituindo-se no início de uso de sistemas de certificação
e rastreabilidade na agricultura brasileira. Com isso, coube ao setor produtivo organizar-se para
atender ao novo arcabouço de instituições, que compreendem as normas formais e informais e
os mecanismos de implementação. Para obter respaldo para o conjunto de normas que seriam
implementadas, o Estado participou da elaboração e também criou mecanismos para que as
instituições fossem acreditadas, tarefa exercida pelo INMETRO.

O Estado, com o seu conjunto de instituições, principalmente as regras formais, pode auxiliar no
cumprimento de outras instituições como os direitos de propriedade, tendo uma grande importância
na resolução de conflitos entre as diversas organizações e agentes para que o conjunto de normas
formais sugeridas sejam cumpridas. Pelo fato do Estado não conseguir perceber todas as demandas
da sociedade, a organização do setor produtivo contribui para a implementação de políticas públicas,
no caso, política agrícola. As organizações como a Associação Brasileira dos Produtores de Maçã -
ABPM, possuem esse papel de pressionar o setor público, ou seja, buscar incentivos para o setor que
ela representa.

23
Tanto na visão do Poder Público, através do MAPA ou da coordenação da PIM, como na visão dos
produtores (empresas e cooperativas), a organização da cadeia produtiva da maçã facilitou a adoção
do sistema oficial brasileiro de certificação e rastreabilidade. Para essa organização da cadeia, as
associações ou organizações de interesse privado como a ABPM, Associação Gaúcha de Produtores
de Maçã - AGAPOMI e Associação dos Produtores de Maçã e Pera de Santa Catarina - AMAP, foram
de grande importância, pois auxiliaram na difusão das novas instituições, oferecendo treinamentos
e assistência técnica para que as novas normas fossem adotadas. O poder de agregar os interesses
de produtores atomizados (dispersos em várias regiões) permite criar um ambiente de discussões e
propostas de melhorias para o setor como um todo.

As organizações, compreendidas aqui como um grupo de indivíduos que


trabalham em prol de determinados objetivos em comum, como as em-
presas, cooperativas, certificadoras, MAPA e outras, contribuem para que,
nas instituições, uma norma de certificação seja respeitada, de maneira
que atendam às novas exigências requeridas, por exemplo, pelos mercados
ou pelo Estado. Esse processo de adaptação às mudanças institucionais
depende dos incentivos exteriores à economia, da alteração dos preços,
do nível de aprendizagem dos indivíduos e organizações e da trajetória
adotada em períodos anteriores, o que permite que as mudanças sejam
mais abruptas ou mais incrementais. No caso da maçã, a presença de co-
nhecimento acumulado pela cadeia produtiva com uma maior organização
foi vista como de grande importância para a introdução e êxito do sistema.

24
Referências
1. BRASIL. Decreto Nº 6.268, de 22 de novembro de 2007 In: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
Ato2007-2010/2007/Decreto/D6268.htm

2. BRASIL. MAPA. Instrução Normativa nº 69, de 06 de novembro de 2018 In: http://sistemasweb.agri-


cultura.gov.br/sislegis/action/detalhaAto.do?method=visualizarAtoPortalMapa&chave=1758841719

3. BRASIL. MAPA. Referencial Fotográfico.  https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/inspecao/


produtos-vegetal/arquivos/referencial-fotografico

4. BRASIL. MAPA. OCDE. Referencial para controle de qualidade do mamão. https://www.gov.br/


agricultura/pt-br/assuntos/inspecao/produtos-vegetal/pasta-destaques-dipov/Terceira-apresentacao-
do-referencial-para-o-controle-da-qualidade-do-mamao

5. OCDE. Brochuras. https://www.oecd.org/agriculture/fruit-vegetables/publications/

6. FONAZIER, Armando; WAQUIL, Paulo D. A IMPORTÂNCIA DAS ORGANIZAÇÕES DE


INTERESSE PRIVADO NO AGRONEGÓCIO: O CASO DA CADEIA PRODUTIVA DA MAÇÃ NO
BRASIL. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/878/87823354004.pdf

7. OLIVEIRA, A. L. B. Produtos Hortícolas: Rastreabilidade e Requisitos Mínimos. 2020. Artigo em


Hypertexto. Disponível em: https://rastreabilidade-flv.netlify.app/ Acesso em: 22 abr. 2021.

8. BRASIL. 2018a. Instrução Normativa Conjunta nº 02 de 07 de fevereiro de 2018. Poder Executivo,


Brasília, DF: Diário Oficial da União. http://sistemasweb.agricultura.gov.br/sislegis/action/detalhaAto.
do?method=visualizarAtoPortalMapa&chave=1000872877.

25
MÓDULO II
Apresentação
Olá, estimada aluna! Olá, estimado aluno!

Neste Módulo 2, daremos sequência ao Curso da Fiscalização da Rastreabilidade e dos Requisitos


Mínimos dos produtos hortícolas.

A esta altura de seus estudos, já ficou claro para você que a regulamentação quanto à rastreabilidade
e requisitos mínimos dos produtos hortícolas, nacionais e importados, destinados à alimentação
humana passou por reformulação e modernização intensas nos últimos anos, resultando na
necessidade de melhor orientar os usuários dessa legislação, dentre os quais os produtores e suas
associações, bem como os atacadistas e varejistas. De forma análoga, o Poder Público, na forma de
seus agentes federais e estaduais de fiscalização agropecuária, também necessita de atualização legal,
organização e harmonização de procedimentos.

Tendo em vista as múltiplas interpretações das normas em questão, o presente curso constitui um
importante recurso para que os futuros inspetores da qualidade de produtos hortícolas atendam
às exigências de treinamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA e à
necessidade de harmonização às normas e práticas internacionais, tendo como fundamento as regras
e os dispositivos nacionais e da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico
- OCDE relacionados com a temática da rastreabilidade, dos requisitos mínimos dos produtos
hortícolas e demais procedimentos relacionados, facilitando a aplicação e atuação para a adoção das
regras vigentes pelos agentes envolvidos na cadeia produtiva de frutas e verduras frescas.

Com este Módulo 2, visamos possibilitar a fiscalização e inspeção dos dispositivos legais relacionados
com a regulamentação para a rastreabilidade e complementar de maneira aprofundada o conhecimento
que já foi construído até aqui acerca dos requisitos mínimos dos produtos hortícolas, nacionais e
importados, destinados à alimentação humana.

27
Sendo assim, dentre outras habilidades a serem desenvolvidas a partir dos
estudos que faremos a agora, estão:

Interpretar a legislação disponível para fiscalizar a adoção das regras


para a rastreabilidade e dos requisitos mínimos dos produtos
hortícolas;
Interpretar a legislação disponível para promover o cumprimento
das regras para a rastreabilidade e requisitos mínimos dos produtos
hortícolas;
Conhecer como acessar e interpretar a legislação nacional para a
rastreabilidade e requisitos mínimos dos produtos hortícolas;
Aprender os diversos métodos de amostragem a serem aplicados para
a coleta de amostras para avaliação da conformidade aos requisitos
mínimos dos produtos hortícolas; e
Compreender como exercer a fiscalização de forma adequada, no
caso dos auditores fiscais federais agropecuários, agentes de atividade
agropecuária e fiscais estaduais de defesa agropecuária.

2.1. Procedimentos de fiscalização de produtos de origem


vegetais frescos

2.1.1. Importância da fiscalização como ferramenta para o cumprimento da legislação


e manutenção do sentimento de confiança do consumidor final no abastecimento e
consumo de produtos de origem vegetal do Brasil

A fiscalização da qualidade dos produtos vegetais tem um papel relevante como ferramenta para
o cumprimento da legislação e manutenção do sentimento de confiança do consumidor final no
abastecimento e consumo desses produtos do Brasil.

28
Realizada de forma correta e dosada para promover e facilitar o enten-
dimento por parte do público em geral quanto à necessidade do cumpri-
mento das regras estabelecidas, a fiscalização pode ser considerada como
um fator importante para a promoção de uma mudança de atitudes e
comportamentos em prol da qualidade.

A fiscalização da rastreabilidade e dos requisitos mínimos deve ser considerada como uma ação
governamental que busca assegurar que as informações sobre o sistema de cultivo adotado e a
qualidade dos produtos hortícolas ofertados pelo produtor não sejam perdidas ao longo das cadeias
de distribuição e comercialização desses produtos.

2.1.2. Fiscalização da Rastreabilidade

Observada a principal motivação para a regulamentação da rastreabilidade dos produtos hortícolas


- o monitoramento do uso de agrotóxicos, temos que a norma publicada objetivou salvaguardar
as informações sobre a aplicação ou não desses insumos na etapa de produção (Art. 1º, INC nº
02/2018).

Art. 1º Ficam definidos os procedimentos para a aplicação da rastreabilida-


de ao longo da cadeia produtiva de produtos vegetais frescos destinados à
alimentação humana, para fins de monitoramento e controle de resíduos
de agrotóxicos, em todo o território nacional, na forma desta Instrução
Normativa Conjunta e dos seus Anexos I a III.

Parágrafo único. Esta Instrução Normativa Conjunta se aplica aos entes da


cadeia de produtos vegetais frescos nacionais e importadas quando desti-
nadas ao consumo humano.

29
Assim sendo, quanto mais abrangente for a adoção da rastreabilidade, melhor será a resposta dos
sistemas de controle e monitoramento, para permitir ações rápidas e pontuais sobre as fontes
identificadas das irregularidades, mitigando a difusão de informações falsas e alarmistas, cujo impacto
negativo pode afetar de maneira devastadora todo o setor hortícola.

2.2. Detalhamento da legislação específica para a


rastreabilidade atualizada e suas aplicações
A Instrução Normativa Conjunta nº 02, de 07 de fevereiro de 2018, do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com as
alterações da INC nº 01 de 15 de abril de 2019, define prazos e procedimentos para a aplicação da
rastreabilidade ao longo da cadeia produtiva de produtos vegetais frescos destinados à alimentação
humana, para fins de monitoramento e controle de resíduos de agrotóxicos.

A finalidade é que os produtos hortícolas tenham resíduos em valores abaixo ou igual ao


estabelecido para os limites máximos permitidos. Essa regulação busca alcançar os objetivos
seguintes:

• co-responsabilizar os entes envolvidos na cadeia produtiva de frutas e hortaliças


frescas com a qualidade e segurança dos alimentos comercializados;

• promover a rastreabilidade de produtos vegetais, assim como, dos processos


produtivos e de comercialização;

• controlar o uso de agrotóxicos no setor primário; e

• prevenir ou minimizar os riscos da ocorrência de perigos químicos (resíduos de


agrotóxicos em valores acima do permitido em legislação) aos consumidores.

30
A rastreabilidade e a rotulagem são ferramentas essenciais para se
determinar com clareza as responsabilidades de cada ente da cadeia
produtiva nas ocorrências de perigo ao consumidor.

Por outro lado, a falta de clareza nessas informações dificulta a apuração


dos fatos. Mesmo os casos em que não há informações sobre a origem
do produto, existe uma regra importante determinada no Decreto da
Classificação Vegetal (Art. 89, Decreto nº 6.268/2007): o detentor do
produto é o responsável, mesmo que de forma solidária.
Assim, a norma impulsiona os entes da cadeia produtiva a exigirem que os
produtos sejam fornecidos com a rastreabilidade e a rotulagem adequadas.

2.3. Abrangência da legislação para a rastreabilidade (Quem


fiscalizar?)
Todos os elos da cadeia produtiva de produtos vegetais frescos, desde a origem até o consumo,
devem adotar a rastreabilidade. As etapas de produção primária, armazenagem, consolidação de
lotes, embalagem, transporte, distribuição, fornecimento, comercialização, exportação e importação
estão envolvidas nesse processo.

O cumprimento da rastreabilidade é fiscalizado pelos serviços de Vigilância Sanitária e pelo Ministério


da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), de acordo com as competências estabelecidas nas
Leis vigentes.

Especificamente em relação à INC nº 02/2018 (BRASIL 2018a), a obrigatoriedade da adoção da


rastreabilidade não é ampla e irrestrita, abrangendo tão somente os produtos hortícolas
listados no Anexo III da norma (Figura 1).

Desse modo, não cabe a fiscalização da rastreabilidade para os produtos hortícolas não listados no
Anexo III da norma, como por exemplo a Pitaia, os cereais, grãos, fibras etc.

31
Figura 1: Lista dos produtos cuja rastreabilidade é obrigatória (Anexo III INC nº 02/2018)

É importante garantir a identificação do ente imediatamente anterior e posterior da cadeia produtiva


e dos produtos vegetais frescos recebidos e expedidos, em conformidade com o art. 5º da INC nº
02/2018.

Esses produtos devem ser consolidados, embalados, manipulados e processados em


estabelecimento devidamente registrado, conforme o regramento para fins de registro no
CGC estabelecido pelo Mapa (BRASIL 2019c). Maiores informações podem ser obtidas na
página do MAPA sobre o registro.

Do ponto de vista prático, para a fiscalização iniciar em boa linha importa averiguar sempre o que
segue:

• que somente os produtos do Anexo III da norma da rastreabilidade estejam sendo


fiscalizados com base na INC nº 02/2018.

• que o produto listado no Anexo III da INC nº 02/2018 esteja registrado no CGC/Mapa.

• que haja identificação do ente anterior e do ente posterior na documentação que

32
acompanhar o produto fiscalizado. Essa identificação é materializada pela nota fiscal ou
documento correspondente conforme o art. 5º da INC nº 02/2018.

• que a identificação do ente anterior e do ente posterior esteja materializada nos registros
de posse desses entes e disponíveis para a fiscalização. Essa identificação pode estar
apresentada por meio físico ou eletrônico e deverá estar em conformidade com os Anexos
I e II da INC nº 02/2018.

Desse modo, deve-se fiscalizar o registro do estabelecimento que trabalha


com produtos hortícolas abrangidos pela regulamentação da rastreabilida-
de, a nota fiscal do produto fiscalizado e os documentos da rastreabilidade
de posse do ente fiscalizado (ente anterior ou posterior, conforme o caso).

2.3.1. Obrigações relacionadas com a norma da rastreabilidade (O que fiscalizar?)

Além da obrigatoriedade do registro no CGC/MAPA, nota fiscal e documentos da rastreabilidade, as


obrigações relacionadas com a regulamentação da rastreabilidade estão assentadas em dois aspectos
principais, a saber:

• Registros do uso de insumos agrícolas e agrotóxicos

Primeiramente, o produtor primário e as unidades de consolidação, deverão manter para todos


os produtos listados na Figura 1 (apresentada anteriormente) os registros dos insumos agrícolas,
relativos à etapa da cadeia produtiva sob sua responsabilidade, conforme disposto no art. 8º, INC nº
02/2018 (BRASIL 2018a).

33
Art. 8º O produtor primário e as unidades de consolidação, deverão man-
ter os registros dos insumos agrícolas, relativos à etapa da cadeia produtiva
sob sua responsabilidade, utilizados no processo de produção e de trata-
mento fitossanitário dos produtos vegetais frescos, data de sua utilização,
recomendação técnica ou receituário agronômico emitido por profissional
competente e a identificação do lote ou lote consolidado correspondente.

Esse é o aspecto principal da norma, que busca garantir o registro de todos os insumos utilizados
no processo de produção e de tratamento fitossanitário dos produtos vegetais frescos, data de sua
utilização, recomendação técnica ou receituário agronômico emitido por profissional competente e
a identificação do lote ou lote consolidado correspondente.

Desse modo, para os produtores primários e unidades de consolidação, cabe a fiscalização dos
registros dos insumos agrícolas, relativos à etapa da cadeia produtiva sob sua responsabilidade,
conforme disposto no art. 8º, INC nº 02/2018 (BRASIL 2018a).

• Vinculação da origem ao consumo de produtos vegetais frescos

Complementarmente à garantia da existência da rastreabilidade é a criação de um vínculo documental


por parte dos agentes da cadeia de produção, distribuição e comercialização dos produtos hortícolas.
Desse modo, a norma da rastreabilidade visa assegurar o registro correto das informações obrigatórias
dispostas nos Anexos I e II da INC nº 02/2018 (BRASIL 2018a).

Esse registro pode ser materializado pela disposição das informações dos Anexos I ou II, conforme
o caso, na nota fiscal ou documentação que acompanha o produto.

Também pode ser materializado ao se copiar o quadro dos Anexos I ou II nesses documentos.

34
Um resumo das possibilidades de adequação à norma pelos entes das
cadeias de produção, distribuição e comercialização de produtos hortícolas
pode ser visualizado em FORMAS DE REGISTRO DA RASTREABILIDADE,
disponível na página do curso.

O Anexo I da IN (Figura 2) relaciona as principais informações relacionadas com o produto e o


fornecedor do produto hortícola.

Figura 2: Informações mínimas obrigatórias do ente anterior na cadeia produtiva a serem registradas e arquivadas -
Anexo I da INC nº 02/2018.

35
O Anexo II da IN (Figura 3) relaciona as principais informações relacionadas com o produto e o
comprador do produto hortícola.

Figura 3: Informações mínimas obrigatórias do ente posterior na cadeia produtiva a serem registradas e arquivadas -
Anexo II da INC nº 02/2018.

Do ponto de vista prático, para a fiscalização ser completa e atingir o principal objetivo da norma
importa também averiguar o que segue:

• que haja identificação do ente anterior e do ente posterior na documentação que


acompanhar o produto fiscalizado. Essa identificação é materializada pela nota fiscal ou
documento correspondente conforme o art. 5º da INC nº 02/2018.

• que a identificação do ente anterior e do ente posterior esteja materializada nos registros
de posse desses entes e disponíveis para a fiscalização. Essa identificação pode estar
apresentada por meio físico ou eletrônico e deverá estar em conformidade com os Anexos
I e II da INC nº 02/2018.

• que, no caso de produtor primário ou consolidador, a comprovação da rastreabilidade


também esteja materializada pelos registros dos insumos utilizados, com a data de sua
utilização, mediante registros da recomendação técnica ou receituário agronômico emitido
por profissional competente e a identificação do lote ou lote consolidado correspondente.

Desse modo, deve-se fiscalizar as informações constantes na nota fiscal do produto fiscalizado e os
documentos da rastreabilidade de posse do ente fiscalizado (ente anterior ou posterior, conforme
o caso).

No caso de produtor primário ou de consolidador, os registros dos insumos utilizados também


devem ser fiscalizados.

36
2.4. Fiscalização da rastreabilidade de produtos hortícolas
à luz da Instrução Normativa Conjunta nº 2 de 07 de
fevereiro de 2018 (Como fiscalizar?)
Os procedimentos para a fiscalização da norma da rastreabilidade foram estabelecidos de forma
conjunta pelo MAPA e ANVISA (Memorando-Circular nº 9/2018/CGQV/DIPOV/MAPA/SDA/MAPA
- processo SEI nº 21000.026479/2018), detalhando-se as seguintes orientações para a fiscalização da
rastreabilidade:

Agentes responsáveis pela fiscalização

A rastreabilidade poderá ser fiscalizada pelos serviços de Vigilância Sanitária e pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Essa atuação encontra-se devidamente regulamentada
no Art. 3º da INC nº 02/2018 (BRASIL 2018a), que também especifica a legislação que confere essa
atribuição.

Art. 3° A rastreabilidade de que trata esta Instrução Normativa Conjunta


será fiscalizada pelos serviços de Vigilância Sanitária e pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), de acordo com as com-
petências estabelecidas na Lei 9.782, de 26 de janeiro de 1999 e nas Lei
nº 8.171, de 17 de janeiro de 1991 e n° 9.972, de 25 de maio de 2000, res-
pectivamente, ou outras que vierem a substituí-las.

No caso, dentre as competências estabelecidas na Lei nº 8.171, de 17 de janeiro de 1991, está


abrangida a organização da Defesa Agropecuária sob a coordenação do Poder Público nas várias
instâncias federativas e no âmbito de sua competência, em um Sistema Unificado de Atenção à
Sanidade Agropecuária (SUASA).

Desse modo, a fiscalização da rastreabilidade é competência da ANVISA, MAPA e demais órgãos


federados estaduais e municipais, organizados nas Vigilâncias Sanitárias (VISA) e Agropecuárias
(SUASA).

Locais recomendados para as ações de fiscalização


• Centros de Distribuição-CDs;
• Atacadistas;

37
• Importadores;
• Estabelecimentos beneficiadores ou manipuladores;
• Packing house;
• Armazenadores; e
• Consolidadores.

Objeto das ações de fiscalização

O produto hortícola listado no Anexo III da INC nº 02/2018. Atualmente são passíveis da fiscalização
da rastreabilidade os seguintes produtos:

• Frutas:

Abacate, Abacaxi, Acerola, Açaí, Ameixa, Amora, Anonáceas, Banana, Cacau, Caju, Caqui, Carambola,
Citros, Coco, Cupuaçu, Figo, Framboesa, Goiaba, Kiwi, Maçã, Manga, Maracujá, Melancia, Melão, Mamão,
Marmelo, Mirtilo, Morango, Nectarina, Nêspera, Pera, Pêssego, Pitanga, Romã e Uva.

• Raízes, tubérculos e bulbos

Alho, Cará, Batata, Batata doce, Batata yacon, Beterraba, Cebola, Cenoura, Gengibre, Inhame, Mandioca,
Mandioquinha-salsa, Nabo e Rabanete.

• ·Hortaliças folhosas e ervas aromáticas frescas

Acelga, Agrião, Aipo, Alecrim, Alface, Alho Porro, Almeirão, Aspargos, Brócolis, Cebolinha, Chicória,
Coentro, Couve, Couve chinesa, Couve-de-bruxelas, Couve-flor, Espinafre, Estragão, Erva-doce,
Hortelã, Manjericão, Manjerona, Mostarda, Orégano, Salsa, Sálvia, Repolho e Rúcula.

• Hortaliças não folhosas

Abóbora, Abobrinha, Berinjela, Chuchu, Jiló, Maxixe, Pepino, Pimenta, Pimentão, Quiabo e Tomate.

Procedimentos a serem executados para a fiscalização da rastreabilidade

Produtos acondicionados em caixas, sacarias ou outras embalagens: verificar se


produtos ou os seus envoltórios estão devidamente identificados.

1. Os produtos vegetais frescos devem ser identificados de forma única e inequívoca.

2. O sistema de identificação adotado deve possibilitar o acesso, pelas autoridades competentes, aos
registros com as informações obrigatórias e documentais.

3. Qualquer sistema de identificação pode ser utilizado, desde que atenda os itens 1 e 2 descritos
anteriormente (exemplos - etiquetas, QR Code, código de barras, etc ).

38
Produtos nas unidades de consolidação urbana ou estabelecimentos
beneficiadores/manipuladores: verificação dos registros das informações mínimas
obrigatórias (itens 1 a 3, descritos anteriormente).

Produtos em packing house ou unidades de consolidação em propriedades rurais:

1.Verificação do registro das informações sobre o produto vegetal (itens 1.1 a 1.5 do Anexo I da INC
nº 02/2018 – Figura 2).

2. Verificação dos registros dos insumos agrícolas utilizados no processo de produção (tratamento
fitossanitário, data de utilização, receituário agronômico).

3. Identificação do lote ou lote consolidado correspondente.

Procedimento padrão: Verificar se cada lote se encontra devidamente


identificado e com as informações claramente grafadas, sem deixar dúvidas
quanto ao entendimento e legibilidade, de forma que não prejudiquem a
rastreabilidade dos produtos vegetais fiscalizados.

LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA RASTREABILIDADE

A LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA RASTREABILIDADE, (Figura 4) agrupa os locais passíveis de


fiscalização da rastreabilidade em três grupos distintos, conforme a etapa, descritos a seguir:

a. Etapa de produção;

b. Etapa de consolidação, beneficiamento, manipulação, embalamento ou “packing house”; e

c. Etapa de distribuição ou comercialização.

Nas situações que o ente fiscalizado apresentar a comprovação de que assegura a rastreabilidade
na etapa sob sua responsabilidade, deve-se percorrer o rastro documental apresentado a fim de se
evidenciar a rastreabilidade no ente anterior, até a origem do produto.

Essa investigação para evidenciar a rastreabilidade do produto objeto da fiscalização pode ser
realizada por meio de uma inspeção junto ao ente anterior ou por meio de intimação ao
ente anterior identificado durante a ação de fiscalização.

39
Figura 4 Lista de Verificação para Rastreabilidade.

40
Procedimentos adicionais

Verificar se o estabelecimento adota algum sistema público (legislação municipal ou estadual) ou


privado de rastreabilidade. Em caso positivo, analisar se o sistema adotado atende aos procedimentos
para aplicação da rastreabilidade definidos pela INC Anvisa/Mapa nº 2/2018; e

Verificar a adoção de mecanismos de guarda ou arquivamento dos registros das informações mínimas
obrigatórias pelo prazo de 18 (dezoito) meses, contados a partir da validade ou da expedição do
produto.

Quadro sinóptico da fiscalização da rastreabilidade

O quadro sinóptico da fiscalização da rastreabilidade identifica os principais itens das normas,


aplicáveis quando da fiscalização da rastreabilidade e que devem ser levados a efeito quando se
constatar alguma irregularidade.

Considerando a diversidade de elos da cadeia de produção, distribuição e comercialização dos


produtos hortícolas e para facilitar a atuação da fiscalização, o quadro sinóptico, tal qual a lista de
verificação da rastreabilidade, foi elaborado tendo-se em perspectiva três grupos distintos, conforme
a etapa:

Tabela 1: Quadro Sinóptico Rastreabilidade.

Documentos
Descrição das Capitulação das
Agente passíveis de serem
irregularidades infringências
emitidos

Inexistência de Arts. 4º e 5°, da INC Termo de Fiscalização


rastreabilidade, - não Anvisa/Mapa nº 2/2018 - Lista de Verificação
dispor dos registros c/c Art. 56, do Decreto - Termo de Intimação -
das informações 6.268/2007 (em geral) Auto de Infração
obrigatórias dispostas
nos Anexos I ou
II (conforme o
caso) da INC nº
Estabelecimento que
01/2018 e a nota
distribui ou comercializa
fiscal ou documento
ou o responsável pelo
correspondente, de
produto
forma a evidenciar
o vínculo entre o
ente imediatamente
anterior e posterior
da cadeia produtiva e
dos produtos vegetais
frescos recebidos e
expedidos.

41
Documentos
Descrição das Capitulação das
Agente passíveis de serem
irregularidades infringências
emitidos

Inexistência de Arts. 4º e 5°, da INC Termo de Fiscalização


rastreabilidade, - não Anvisa/Mapa nº 2/2018 - Lista de Verificação
dispor dos registros c/c Art. 56 e alínea - Termo de Intimação -
das informações “b”, Inciso I, Art. 89, do Auto de Infração
obrigatórias dispostas Decreto 6.268/2007
nos Anexos I ou (procedência
II (conforme o desconhecida)
caso) da INC nº
Estabelecimento que
01/2018 e a nota
distribui ou comercializa
fiscal ou documento
ou o responsável pelo
correspondente, de
produto
forma a evidenciar
o vínculo entre o
ente imediatamente
anterior e posterior
da cadeia produtiva e
dos produtos vegetais
frescos recebidos e
expedidos.

Inexistência de Arts. 4º e 5°, da INC Termo de Fiscalização


rastreabilidade, - não Anvisa/Mapa nº 2/2018 - Lista de Verificação
dispor dos registros c/c Art. 56 e Inciso III, - Termo de Intimação -
das informações Art. 89, do Decreto Auto de Infração
obrigatórias dispostas 6.268/2007 (o indicado
nos Anexos I ou na rotulagem ou
II (conforme o documentação)
caso) da INC nº
Estabelecimento que
01/2018 e a nota
distribui ou comercializa
fiscal ou documento
ou o responsável pelo
correspondente, de
produto
forma a evidenciar
o vínculo entre o
ente imediatamente
anterior e posterior
da cadeia produtiva e
dos produtos vegetais
frescos recebidos e
expedidos.

42
Documentos
Descrição das Capitulação das
Agente passíveis de serem
irregularidades infringências
emitidos

Inexistência de Arts. 4º e 5°, da INC Termo de Fiscalização


rastreabilidade, - não Anvisa/Mapa nº 2/2018 - Lista de Verificação
dispor dos registros c/c Art. 56 e alínea “b”, - Termo de Intimação -
das informações Inciso IV, Art. 89, do Auto de Infração
obrigatórias dispostas Decreto 6.268/2007
nos Anexos I ou (o destinatário da
II (conforme o mercadoria que
caso) da INC nº não apresentar
Estabelecimento que
01/2018 e a nota a documentação
distribui ou comercializa
fiscal ou documento do elo anterior -
ou o responsável pelo
correspondente, de configurando-o como
produto
forma a evidenciar destinatário final)
o vínculo entre o
ente imediatamente
anterior e posterior
da cadeia produtiva e
dos produtos vegetais
frescos recebidos e
expedidos.

Não dispor dos Inciso II, Art. 3º da IN Termo de Fiscalização


Embalador, consolidador,
documentos 9/2019 c/c Art. 78, - Lista de Verificação
beneficiador,
comprobatórios de Decreto 6.268/2007 - Termo de Intimação -
manipulador,
registro no CGC/ Auto de Infração
processador ou
MAPA ou mantê-los
”packing house”
desatualizados

Não dispor dos Art. 5°, da INC Anvisa/ Termo de Fiscalização


registros das Mapa nº 2/2018 c/c - Lista de Verificação
informações Art. 56, do Decreto - Termo de Intimação -
obrigatórias dispostas 6.268/2007 Auto de Infração
nos Anexos I e II
Embalador, consolidador, da INC nº 01/2018
beneficiador, e a nota fiscal
manipulador, ou documento
processador, correspondente,
”packing house” ou de forma a garantir
o responsável pelo a identificação do
produto. ente imediatamente
anterior e posterior
da cadeia produtiva e
dos produtos vegetais
frescos recebidos e
expedidos.

43
Documentos
Descrição das Capitulação das
Agente passíveis de serem
irregularidades infringências
emitidos

Deixar de identificar Art. 6°, da INC Anvisa/ Termo de Fiscalização


corretamente os Mapa nº 2/2018 e os - Lista de Verificação
Embalador, consolidador, envoltórios, caixas, artigos de 18 a 23 da IN - Termo de Intimação -
beneficiador, sacarias e demais nº 69/2018, c/c os Art. Auto de Infração
manipulador, embalagens, de forma 62 e 74, do Decreto
processador ou a não possibilitar o 6.268/2007
”packing house” vínculo aos registros
das informações
mínimas obrigatórias

Embalador, consolidador, Deixar de identificar Art. 7°, da INC Anvisa/ Termo de Fiscalização
beneficiador, o lote ou lote Mapa nº 2/2018 c/c - Lista de Verificação
manipulador, consolidado ou de Art. 56, do Decreto - Termo de Intimação -
processador ou manter os registros 6.268/2007. Auto de Infração
”packing house” correspondentes.

Deixar de manter Art. 8°, da INC Anvisa/ Termo de Fiscalização


os registros dos Mapa nº 2/2018 c/c - Lista de Verificação
insumos agrícolas, Art. 56, do Decreto - Termo de Intimação -
relativos a etapa da 6.268/2007 (Observar Auto de Infração
cadeia produtiva sob a adoção gradual
sua responsabilidade, dos procedimentos
utilizados no processo estabelecidos no Art.
de produção e 8º, da INC Anvisa/Mapa
de tratamento nº 2/2018, conforme
Produtor ou fitossanitário dos alterações dadas pela
consolidador produtos vegetais INC nº 1/2019)
frescos, data de
sua utilização,
recomendação
técnica ou receituário
agronômico emitido por
profissional competente
e a identificação do lote
ou lote consolidado
correspondente.

Deixar de identificar Art. 8°, da INC Anvisa/ Termo de Fiscalização


o lote ou lote Mapa nº 2/2018 c/c - Lista de Verificação
Produtor ou
consolidado ou de Art. 56, do Decreto - Termo de Intimação -
consolidador
manter os registros 6.268/2007. Auto de Infração
correspondentes.

44
Documentos
Descrição das Capitulação das
Agente passíveis de serem
irregularidades infringências
emitidos

Não dispor dos Art. 5°, da INC Anvisa/ Termo de Fiscalização


registros das Mapa nº 2/2018 c/c - Lista de Verificação
informações Art. 56, do Decreto - Termo de Intimação -
obrigatórias dispostas 6.268/2007 Auto de Infração
nos Anexos I ou II
(conforme o caso)
da INC nº 01/2018
ou da nota fiscal
Produtor ou ou documento
consolidador correspondente,
de forma a garantir
a identificação do
ente imediatamente
anterior e posterior
da cadeia produtiva e
dos produtos vegetais
frescos recebidos e
expedidos.

Deixar de manter em Art. 9°, da INC Anvisa/ Termo de Fiscalização


Produtor, embalador,
arquivo os registros Mapa nº 2/2018 c/c - Lista de Verificação
consolidador,
das informações Art. 56, do Decreto - Termo de Intimação -
beneficiador,
mínimas obrigatórias de 6.268/2007 Auto de Infração
manipulador,
rastreabilidade, por um
processador,
período de 18 (dezoito)
”packing house” ou
meses após o tempo
o responsável pelo
de validade ou de
produto.
expedição dos produtos

Inexistência de Arts. 4º e 5°, da INC Termo de Fiscalização


rastreabilidade, - não Anvisa/Mapa nº 2/2018 - Lista de Verificação
dispor dos registros c/c Art. 56, do Decreto - Termo de Intimação -
das informações 6.268/2007 Auto de Infração
obrigatórias dispostas
nos Anexos I ou
Produtor, embalador,
II (conforme o
consolidador,
caso) da INC nº
beneficiador,
01/2018 e a nota
manipulador,
fiscal ou documento
processador,
correspondente, de
”packing house” ou
forma a evidenciar
o responsável pelo
o vínculo entre o
produto.
ente imediatamente
anterior e posterior
da cadeia produtiva e
dos produtos vegetais
frescos recebidos e
expedidos.

45
2.5. Fiscalização dos Requisitos Mínimos
No que concerne à regulamentação dos requisitos mínimos dos produtos hortícolas, cabe considerar
que a referida norma objetivou garantir o fornecimento ao consumidor final de produtos de
qualidade, os quais devem se apresentar íntegros, limpos, firmes, isentos de pragas visíveis a olho nu,
fisiologicamente desenvolvidos ou apresentando maturidade comercial, isentos de odores estranhos,
não excessivamente maduros ou passados, isentos de danos profundos, isentos de podridões, não
desidratados ou murchos, não congelados e isentos de distúrbios fisiológicos (Art. 5º. IN nº 69/2018).

Art. 5º Os produtos hortícolas devem apresentar os seguintes requisitos mínimos


de qualidade, observada a especificidade da espécie:
I - inteiros;
II - limpos;
III - firmes;
IV - isentos de pragas visíveis a olho nu;
V - fisiologicamente desenvolvidos ou apresentando maturidade comercial;
VI - isentos de odores estranhos;
VII - não se apresentarem excessivamente maduros ou passados;
VIII - isentos de danos profundos;
IX - isentos de podridões;
X - não se apresentarem desidratados ou murchos;
XI - não se apresentarem congelados; e
XII - isentos de distúrbios fisiológicos.

Assim sendo, quanto maior for a adoção dos requisitos mínimos da qualidade, maior será a aceitação
e fluxo dos consumidores para a aquisição desses produtos tão relevantes para uma dieta saudável
e de qualidade.

46
2.6. Procedimentos de fiscalização e amostragem dos
produtos hortícolas para avaliação da conformidade aos
requisitos mínimos
2.6.1. Amostragem para a fiscalização dos requisitos mínimos dos produtos
hortícolas

A amostragem para a avaliação da conformidade dos produtos hortícolas aos requisitos mínimos
(IN nº 69/2018) deve ser executada conforme os procedimentos do Anexo da IN nº 7/2019, nos
seguintes casos:

• situações de contestação para efeito de comprovação das irregularidades mediante


procedimento de amostragem;

• importação de produto hortícola afeto ao § 2º, art. 10, Norma Operacional Dipov nº
01/2019; e

• a critério da fiscalização.

Devem ser respeitados os princípios gerais para a amostragem de produto hortícola estabelecidos
na IN nº 69/2018 (arts. 11 a 17). A amostragem para a fiscalização dos requisitos mínimos encontra-
se descrita no Anexo da IN nº 07/2019 e tem as seguintes características:

1) Adota procedimento distinto de amostragem para o produto a granel e para o produto embalado.

a) Produto a granel coleta somente amostras primárias.

b) Produto embalado coleta amostras primárias e secundárias.

2) A amostra secundária para o produto embalado tem procedimento distinto para os seguintes
casos.

a) Produto apresentado em unidades na embalagem (ex. produtos soltos em caixas, “big


bags” e outros contentores) – Figura 5.

Figura 5: Produto em unidades na embalagem.

47
b) Produto embalado para venda direta, individualmente ou em grupos, dispostos em
uma embalagem maior (ex. embalagens para venda direta de morangos, cerejas, uvas,
maçãs etc.).

Figura 6: Produto embalado para venda direta.

3) Fiscalização dos requisitos mínimos dos produtos hortícolas à luz da Instrução Normativa nº 7,
de 13 de maio de 2019 - Estabelece os procedimentos simplificados para a fiscalização de produtos
hortícolas.

Do ponto de vista operacional, a fiscalização dos requisitos mínimos é um procedimento direto e


simplificado, orientado para a resolução imediata das irregularidades constatadas.

O art. 1º da IN nº 69/2018 atribui o caráter de padrão aos requisitos mí-


nimos de identidade e qualidade para Produtos Hortícolas, sendo que o
atendimento aos mesmos é de responsabilidade do detentor do produto
(art. 2º da IN nº 69/2018).

O parágrafo único, art. 2º, IN nº 69/2018 define que a verificação da con-


formidade executada pelo órgão de fiscalização será preferencialmente
realizada no local da amostragem.

48
Na prática, a ação da fiscalização terá de verificar o local onde há produ-
tos hortícolas, procedendo a uma inspeção visual direta para identificar
os possíveis pontos de interesse. Em síntese, localizar onde há produtos
hortícolas com potencial evidência de irregularidade.

Fundamentada na IN nº 07/2019 e IN nº 69/2018, a fiscalização deve verificar os requisitos mínimos


de qualidade, observadas as especificidades da espécie, variedade ou cultivar (art. 3º, IN nº 07/2019).

Fiscalização preliminar

A fiscalização preliminar se dá pela verificação do descrito no art. 4º da IN nº 07/2019 (Figura 7),


seguida da demarcação do lote fiscalizado (Art. 5º, IN nº 07/2019) e da verificação de podridões no
lote fiscalizado (§ 1º, art. 3º, IN nº 07/2019), nessa ordem, conforme detalhamento a seguir:

Figura 7: Requisitos complementares da IN nº 07/2019.

1.Verificação dos requisitos complementares (Figura 7) - primeiramente, deve-se verificar


o atendimento pelo detentor dos requisitos complementares descritos na norma (art. 4º,
IN nº 07/2019).

2. Demarcação do lote - na sequência, o lote deve ser demarcado (art. 5º, IN nº 07/2019).

3. Verificação de podridões no lote do produto fiscalizado – por fim, a fiscalização deverá


identificar se há podridões nesse lote de produto e se ela ultrapassa o limite de 3% (§ 1º,
art. 3º, IN nº 07/2019).

49
Fiscalização dos requisitos mínimos

Terminada a fiscalização preliminar, a fiscalização dos requisitos mínimos pode ser realizada após o
atendimento pleno das irregularidades eventualmente apontadas durante a fiscalização preliminar ou
em conjunto com a avaliação preliminar, sendo que essa decisão deve ser avaliada para cada situação,
já que:

1. Nos casos de lotes com podridões e outras irregularidades sanáveis


(ex., podridões pouco acima do limite de 3%) a verificação dos requisitos
mínimos após o repasse no lote fiscalizado poderá gerar confusão no
caso de pouca ou difícil interlocução com o fiscalizado; e

2. Nos casos de lotes com podridões e outras irregularidades não sanáveis


(ex., podridões muito acima do limite de 3%) a verificação dos requisitos
mínimos será de pouco ou nenhum valor ou impraticável.

A decisão final em relação à melhor prática deve ser exercitada caso a caso, conforme a experiência
do agente responsável pela fiscalização e a situação.

A fiscalização dos requisitos mínimos se dá pela verificação das condições gerais do produto em
relação aos atributos de qualidade listados, tendo-se sempre em mente as especificidades da espécie,
variedade ou cultivar, em conformidade com o art. 3º da IN nº 07/2019 e o disposto na IN nº 69/2018
(Figura 8).

Figura 8: Requisitos mínimos, situações de obrigatoriedades do art. 3º da IN nº 07/2019.

Demais itens passíveis de fiscalização

Em adição à fiscalização dos requisitos mínimos, estão abrangidas pela IN nº 69/2018 e podem ser
verificadas as exigências para a rotulagem de produto embalado (art. 18 e 19), produto a granel (art.

50
20) e dos produtos importados (art. 8º e 21).Também está contemplada a verificação das substâncias
nocivas, matérias estranhas indicativas de risco à saúde humana e matérias estranhas indicativas de
falhas das Boas Práticas (art. 10).

Essas verificações são complementares e em consonância com orientações encaminhadas


à fiscalização pelo órgão central, especificidades e condições de apresentação do produto
ou a critério da fiscalização, conforme o caso.

Repasse

O repasse é a materialização do que dispõe o art. 8º da IN nº 07/2019 para atendimento ao que


dispõe o art. 7º da IN nº 69/2018, sendo aplicável ao produto no mercado interno e nas situações
de importação:

1. Art. 8º IN nº 07/2019 - Constatada qualquer não conformidade, a au-


toridade fiscalizadora determinará ao detentor a imediata adequação ao
estabelecido nesta Instrução Normativa, registrando as atividades no res-
pectivo Termo de Fiscalização.

2. Art. 7º IN nº 69/2018 - O lote de produto hortícola que não atender as


tolerâncias estabelecidas no art. 6º desta Instrução Normativa será consi-
derado desconforme e não poderá ser comercializado como se apresenta,
devendo ser repassado para enquadramento nos respectivos percentuais
de tolerâncias ou destruído.

Nesse sentido, o repasse nada mais é do que colocar o lote fiscalizado em condições de apresentação
e conformidade estabelecidas pela IN nº 69/2018.

Para os casos de contestação, também se aplica o artigo 7º, IN nº 07/2019.

Situações de irregularidades

As situações de irregularidades são aquelas identificadas conforme o rito definido pela IN nº


07/2019 para fins de aplicação da IN nº 69/2018 que não foram sanadas quando do repasse ou outro
procedimento de adequação adotado para fins de cumprimento ao estabelecido no art. 8º da IN nº
07/2019.

51
É muito importante que a fiscalização deixe claro para o fiscalizado qual é
o objetivo da norma (evitar produtos estragados, imprestáveis ao uso pelo
consumidor final) e, principalmente, a facilidade de adequação à mesma
(repasse).

Agindo assim irá promover um maior envolvimento e poderá fiscalizar não um produto, mas todo
um setor que tenha produto hortícola, otimizando os resultados do trabalho.

Existindo situações de irregularidades ao art. 3º ou 4º da IN nº 07/2019 (Figura 6), a fiscalização


determinará ao detentor a imediata adequação do estabelecido à situação de conformidade,
registrando as atividades no respectivo Termo de Fiscalização (art. 8º, IN nº 07/2019).

Irregularidades insanáveis

Na impossibilidade de adequação pelo detentor, a autoridade fiscalizadora determinará a destinação


do produto no ato da ação fiscal, sendo que, caberá ao detentor arcar com os custos e com as
providências decorrentes da adequação ou da destinação do produto hortícola (§§ 1º e 2º, art. 8º,
IN nº 07/2019).

Existindo a necessidade de prazo:

1. para adequação do estabelecimento à situação de conformidade; ou

2. para o estabelecimento ou detentor adequar o produto hortícola fiscalizado à situação


de conformidade.

Serão adotados os procedimentos estabelecidos no art. 9º da IN nº 07/2019, a saber:

I. lavratura do Termo de Aplicação da Medida Cautelar de Suspensão da Comercialização; e

II. lavratura do Termo de Intimação, concedendo um prazo para cumprimento das


exigências.

Somente no caso de não atendimento das exigências dispostas nos documentos de


fiscalização é que deverá ser lavrado o Auto de Infração (art. 10, IN nº 07/2019).

52
Quadro sinóptico da fiscalização dos requisitos mínimos

O quadro sinóptico da fiscalização dos requisitos mínimos, identifica os principais itens das normas,
aplicáveis quando da fiscalização dos requisitos mínimos e que devem ser levados a efeito quando
a situação de conformidade não for restabelecida de forma satisfatória e em caso de irregularidade
insanável.

Tabela 2: Quadro Sinóptico Requisitos Mínimos.

Documentos
Descrição das Capitulação das
Agente passíveis de
irregularidades  infringências
serem emitidos

Produto embalado - Não


Embalador, consolidador, dispor das informações Termo de
beneficiador, manipulador, de rotulagem ou Art. 19 ou 23, da IN nº Fiscalização - Lista
processador, ”packing manter rotulagem em 69/2018 c/c Art. 62, do de Verificação -
house” ou o responsável desconformidade com o art. Decreto 6.268/2007 Termo de Intimação
pelo produto. 19 ou 23 da IN nº 69/2018 - Auto de Infração
e art. 10. IN nº 07/2019.

Produto a granel - Não


Embalador, consolidador, dispor das informações Termo de
beneficiador, manipulador, de rotulagem ou Art. 20 ou 23, da IN nº Fiscalização - Lista
processador, ”packing manter rotulagem em 69/2018 c/c Art. 62, do de Verificação -
house” ou o responsável desconformidade com o art. Decreto 6.268/2007 Termo de Intimação
pelo produto. 20 ou 23 da IN nº 69/2018 - Auto de Infração
e art. 10. IN nº 07/2019.

Produto a granel
importado - Não dispor das Termo de
informações de rotulagem Art. 22 ou 23, da IN nº Fiscalização - Lista
Responsável pelo produto. ou manter rotulagem em 69/2018 c/c Art. 62, do de Verificação -
desconformidade com o art. Decreto 6.268/2007 Termo de Intimação
22 ou 23 da IN nº 69/2018 - Auto de Infração
e art. 10. IN nº 07/2019.

53
Destinar para consumo
Embalador, consolidador, Termo de
ou comercializar produto Art. 07, da IN nº
beneficiador, manipulador, Fiscalização - Lista
hortícola não conforme, em 69/2018 c/c Art. 74,
processador, ”packing de Verificação -
descumprimento ao art. 7º 76 ou 77 do Decreto
house” ou o responsável Termo de Intimação
da IN nº 69/2018 e art. 10. 6.268/2008
pelo produto. - Auto de Infração
IN nº 07/2019.

Produto a granel
importado - Não dispor das Termo de
informações de rotulagem Art. 22 ou 23, da IN nº Fiscalização - Lista
Responsável pelo produto. ou manter rotulagem em 69/2018 c/c Art. 62, do de Verificação -
desconformidade com o art. Decreto 6.268/2007 Termo de Intimação
22 ou 23 da IN nº 69/2018 - Auto de Infração
e art. 10. IN nº 07/2019.

Destinar para consumo


Embalador, consolidador, Termo de
ou comercializar produto Art. 07, da IN nº
beneficiador, manipulador, Fiscalização - Lista
hortícola não conforme, em 69/2018 c/c Art. 74,
processador, ”packing de Verificação -
descumprimento ao art. 7º 76 ou 77 do Decreto
house” ou o responsável Termo de Intimação
da IN nº 69/2018 e art. 10. 6.268/2008
pelo produto. - Auto de Infração
IN nº 07/2019.

2.7. Noções básicas de fisiologia pós-colheita de produtos


hortícolas
A legislação sobre os requisitos mínimos tem relação direta com os aspectos da pós-colheita dos
produtos hortícolas:

a) Com relação ao desenvolvimento fisiológico

Os produtos hortícolas possuem características intrínsecas e extrínsecas muito particulares. Essas


características, como a coloração, textura, doçura etc. são variáveis ao longo do desenvolvimento do
fruto, ou seja, mudam conforme a maturidade horticultural dos mesmos.

54
CONCEITUANDO

Maturidade horticultural: estádio do desenvolvimento, no qual um produto hortícola apresen-


ta as características desejadas pelo consumidor para a utilização e consumo.

A maturidade horticultural, citada como maturidade comercial na IN nº 69/2018, é específica de


cada fruto, podendo se inserir em um dos vários estádios de desenvolvimento de um determinado
produto hortícola (Figura 9).

Figura 9: Fases do desenvolvimento de frutos e a maturidade horticultural (adaptado de Watada et al).

No exemplo da Figura 9, temos que a maturidade horticultural da Couve-flor está inserida no


estádio de desenvolvimento da planta denominado Crescimento.

Já para o Tomate (Cf. Figura 9) a maturidade horticultural está localizada no estádio denominado
Amadurecimento.

Do ponto de vista da fiscalização, o produto disponibilizado para o consumidor final em estádio de


maturação horticultural inadequada não se presta para o consumo ou uso final, já que este produto
certamente atingirá a perecibilidade sem alcançar o estádio de desenvolvimento adequado.

55
GLOSSÁRIO

A referência teórica relacionada com o desenvolvimento fisiológico dos produtos hortícolas


encontra-se detalhada no trabalho de WATADA et al. 1984, responsável pela primeira
compilação não ambígua da literatura sobre o tema. Segundo o autor, o desenvolvimento de
um produto hortícola é caracterizado pelo seu crescimento na lavoura, seguido da maturação
(incluída a maturidade fisiológica), amadurecimento e senescência. Para melhor compreensão
desse processo, é importante conhecer as definições a seguir:

Desenvolvimento: a série de eventos desde o início do crescimento de um fruto até a


sua morte.

Crescimento: o aumento irreversível de atributos físicos de um fruto em desenvolvimento.

Maturação: o estádio do desenvolvimento que leva à maturidade fisiológica ou horticultural.

Maturidade fisiológica: o estádio a partir do qual o fruto continuará seu desenvolvimento


mesmo que separado da planta.

Amadurecimento: a série de processos que ocorrem no final do desenvolvimento, e


que resultam em características estéticas e de qualidade, evidenciadas por mudanças na
composição, coloração, textura, sabor e aroma.

Senescência: a série de processos que ocorrem após a maturidade fisiológica ou horticultural


e levam à morte dos tecidos.

b) Com relação à respiração e produção de etileno pelos produtos hortícolas

Produtos hortícolas podem ser afetados pelo padrão ou comportamento climatério (KADER et al,
1980). Por exemplo, para determinados frutos a maturação pode ocorrer tanto na planta, quanto
fora dela (fruto colhido).

o Frutos climatéricos são os produtos hortícolas cujas transformações bioquímicas levam ao


amadurecimento com o fruto na planta ou após a colheita.

o Frutos não climatéricos são os produtos hortícolas desprovidos de metabolismo que possa
promover o amadurecimento do fruto após a colheita.

56
Do ponto de vista da fiscalização, os produtos não climatéricos (Tabela 3) colhidos sem terem
atingido a maturidade comercial ou horticultural não se prestam para o consumo, já que atingirão a
senescência sem alcançar a maturação.

Desse modo, tomando novamente o exemplo da Figura 9, a raiz da mandioca colhida nos estádios
iniciais do crescimento ou muito iniciais da maturação não se prestará para o consumo, já que esse
produto não se desenvolve fisiologicamente após sua colheita.

As características visuais dos produtos hortícolas que não atingiram a maturidade fisiológica
(Requisito Mínimo “fisiologicamente desenvolvidos ou apresentando maturidade comercial” - Inciso
V, Art. 5º, IN nº 69/2018) podem ser consultadas no Referencial Fotográfico de determinados
produtos hortícolas.

Com relação aos testes destrutivos, é recomendável remover cascas e outros procedimentos para
visualizar e confirmar o atingimento da maturidade comercial ou horticultural. A avaliação dos
sólidos solúveis totais, expresso em ºBrix, é capaz de determinar se um produto hortícola não
climatérico foi colocado no comércio sem ter atingido o seu grau de maturação mínimo. Os valores
preconizados desse parâmetro podem ser consultados no Referencial Fotográfico de determinados
produtos hortícolas.

Tabela 3: Listagem de produtos hortícolas climatéricos e não climatéricos com


base na taxa de respiração.

Não
Climatérico Nome científico Nome científico
Climatérico

Abacate Persea americana Abacaxi Ananas comosus

Abóbora Cucurbita maxima Abio Chrysophyllum cainito

Abricó da Amazônia Mammea americana Abóbora d’água Cucurbita pepo

Ameixa Prunus domestica Airela Vaccimium occycoccos

Atemóia Annona squamosa Alface Lactuca sativa

Banana Musa paradisiaca Alho Allium sativum

Biribá Rollinia deliciosa Amora Silvestre Rubus fruticosus

Caqui Diospyros kaki Azeitona Olea europea

57
Tabela 3: Listagem de produtos hortícolas climatéricos e não climatéricos com
base na taxa de respiração.

Não
Climatérico Nome científico Nome científico
Climatérico

Chirimoia Annona cherimola Batata Solanum tuberosum

Damasco Prunus armeniaca Batata doce Ipomoea batatas

Durião Durio zibethinus Batata-baroa Arracacia xanthorrhiza

Feijoa Feijoa sellowiana Berinjela Solanum melongena

Figo Ficus carica Cacau Theobroma cacao

Anacardium
Fisális Physalis peruviana Caju
occidentale

fruta-do-conde Annona squamosa Carambola Averrhoa carambola

Fruta-pão Artocarpus altilis Cebola Allium cepa

Prunus avium, Prunus


Goiaba Psidium guajava Cereja
cerasus

Graviola Annona muricata Chuchu Sechium edule

Jaca Artocarpus heterophyllus Coco Cocos nucifera

Jujuba Zizyphus jujuba Ervilha Pisum sativum

Kiwi Actinidia deliciosa Framboesa Rubus idaeus

Maçã Malus domestica Jambo Syzygium ssp.

Mamão Carica papaya Jamelão Syzygium cumini

Manga Mangifera indica Laranja Citrus sinensis

Mangostão Garcinia mangostana Lichia Litchi chinensis

Citrus aurantifolia;
Maracujá Passiflora spp. Lima
Citrus latifolia

58
Tabela 3: Listagem de produtos hortícolas climatéricos e não climatéricos com
base na taxa de respiração.

Não
Climatérico Nome científico Nome científico
Climatérico

Maracujá amarelo Passiflora edulis Limão Citrus limon

Marmelo Cydonia oblonga Longan Dimocarpus longan

Melão Cucumis melo Mandioca Manihot esculenta

Melão Cucumis melo Melancia Citrullus vulgaris

Melão Cucumis melo Melão andino Solanum muricatum

Melão-de-são-caetano Momordica charantia Morango Fragaria ananssa

Mirtilo Vaccinium cyanococcus Nêspera Eriobotrya japonica

Nectarina Prunus persica Pepino Cucumis sativus

Pera Pyrus communis Pera espinhosa Opuntia stricta

Pera-asiática Pyrus pyrifolia Pimenta capsicum Capsicum annuum

Pêssego Prunus persica Pitaia Hylocereus undatus

Sapoti Achras sapota Pitaia Stenocereus ssp.

Lycopersicum
Tomate Pitanga Eugenia uniflora
esculentum

Abelmoschus
– – Quiabo
esculentus

– – Rambutão Nephelium lappaceum

– – Romã Punica granatum

– – Tâmara Phoenix dactylifera

– – Tangerina Citrus reticulata

59
Tabela 3: Listagem de produtos hortícolas climatéricos e não climatéricos com
base na taxa de respiração.

Não
Climatérico Nome científico Nome científico
Climatérico

– – Tomate de árvore Cyphomandra betacea

– – Toranja Citrus x paradisi

– – Uva Vitis vinifera

Adaptado de (WORKING PARTY ON AGRICULTURAL QUALITY STANDARDS (WP.7) 2019) e


(CALBO, MORETTI, e G.P. HENZ 2007)

c) Com relação à elevada perecibilidade dos produtos hortícolas

Existem fatores do ambiente que devem ser monitorados ou controlados, pois aceleram a senescência
e podem promover a irreversibilidade do processo de deterioração (LANA, 2017).

• o ataque dos produtos por doenças bacterianas ou fúngicas, causadoras de podridões; e

• os danos físicos, causadores de ferimentos que tanto aceleram a perda de água, quanto a
respiração dos produtos hortícolas, acelerando o amadurecimento e, consequentemente,
reduzindo a vida útil dos produtos.

Do ponto de vista da fiscalização, os produtos afetados por pragas, doenças e danos mecânicos,
quando acima dos limites propostos, não se prestam para o consumo, já que atingirão a deterioração,
inclusive podendo atingir todo o lote através da contaminação.

Outros fatores

Outros fatores como os danos causados por calor, exposição excessiva ao sol ou frio também
podem ser relacionados com os aspectos da pós-colheita dos produtos hortícolas, mas somente
quando esses danos também causarem ou forem associados a outros fatores de deterioração dos
produtos como a perda de água, ferimentos, murcha excessiva, ruptura da casca etc.

Do ponto de vista da fiscalização, os produtos afetados por calor, insolação, frio e outros fatores
ambientais severos, quando acima dos limites propostos, não se prestam para o consumo, já que
atingirão a deterioração mesmo que atingida a maturação comercial ou horticultural.

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Como conclusão geral, os principais aspectos da pós-colheita dos produtos hortícolas são de
grande relevância para a fiscalização. É importante ressaltar que eles têm caráter irreversível, ou
seja, a inobservância desses fatores ao longo da cadeia de produção, distribuição e comercialização
conduzirão o produto à senescência ou degradação.

O produto hortícola nessas condições de irreversibilidade não se presta para a sua finalidade
proposta, já que será considerado estragado pelo consumidor final antes ou, pior, após a aquisição.

Desse modo, como conclusão final, cabe o reforço de que o produto hortícola é um organismo vivo,
cujas interações com o ambiente podem ser aceleradas após a colheita. Assim sendo, os aspectos da
pós-colheita devem ser considerados pelo responsável pelo produto hortícola e, também, devem ser
o foco da fiscalização:

• Interessa para a fiscalização identificar os aspectos que levam o produto de forma irreversível
à senescência, estádio posterior ao amadurecimento que se caracteriza pela prevalência
dos processos de morte e degradação dos tecidos celulares dos produtos hortícolas.

• Também interessa para a fiscalização os agentes e situações que promovem a deterioração


dos produtos hortícolas.

• Importa menos para a fiscalização a identificação precisa da origem da senescência ou


dos agentes que promovem a degradação, sendo mais relevante e decisivo evidenciar o
caráter irreversível de produto estragado para o consumidor final → objeto da ação
fiscal.

2.8. Utilização do Referencial Fotográfico dos produtos


hortícolas durante a fiscalização
Para facilitar a fiscalização dos requisitos mínimos foi elaborado o Referencial Fotográfico dos
produtos hortícolas. Recomenda-se a sua adoção (quando existente para o produto) durante a
fiscalização.

Como os requisitos mínimos foram elaborados sob a ótica de uma abordagem horizontal e o foco
em impedir a oferta de produtos estragados, a verificação de irregularidades pode e deve ser exercida
mesmo para produtos sem Referencial Fotográfico.

Nesse sentido, a fiscalização deve auxiliar na elaboração de imagens para produtos considerados
essenciais, orientando e priorizando o fluxo desse trabalho de aperfeiçoamento das fotografias e
imagens apresentadas para os produtos hortícolas.

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Acesse o link à página do Mapa com o Referencial Fotográfico dos produ-
tos hortícolas clicando aqui.

É importante destacar que o Referencial Fotográfico dos produtos hor-


tícolas é fruto de uma parceria do MAPA com a CEAGESP, existindo um
espelhamento desse mesmo referencial fotográfico no site da CEAGESP.

Na página do Mapa com o Referencial Fotográfico dos produtos, há um link para a disponibilização
de fotografias e imagens para o aperfeiçoamento dos requisitos mínimos. A mesma também pode
ser utilizada para o pedido de Referencial Fotográfico para outros produtos hortícolas.

2.9. Material explicativo sobre o conteúdo apresentado


O material apresentado a seguir, elaborado pela OCDE, ilustra o que dispõe o Anexo da Instrução
Normativa nº 07/2019 para a amostragem de produtos hortícolas.

A amostragem conforme os procedimentos do Anexo da IN nº 7/2019 é cabível nos seguintes casos:

• situações de contestação para efeito de comprovação das irregularidades mediante


procedimento de amostragem;

• importação de produto hortícola afeto ao § 2º, art. 10, Norma Operacional Dipov nº
01/2019 (BRASIL 2019d); e

• a critério da fiscalização.

Procedimentos da OCDE, base adotada para a elaboração do Anexo da IN nº 07/2019, para a


amostragem de produtos hortícolas:

Tomemos o seguinte exemplo: uvas de mesa em embalagens para venda final, dispostas
em embalagem maior.

Detalhes do lote a ser verificado:

a) 192 embalagens maiores (caixas) de 5 kg cada = peso total 960 kg:

• cada embalagem maior contendo 10 embalagens para a venda final de 500 g

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b) Amostragem padrão:

• amostra primária: 5 embalagens maiores, de trabalho, mais 2 embalagens maiores para o


caso de não conformidade

• amostra secundária: 5 embalagens para venda final (50 %, conforme item da norma -
lembrando que a norma estabelece a coleta de 50% nas embalagens maiores com menos
de 6 kg) de cada uma das embalagens separadas para a amostra primária.

• amostra composta: 5 x 5 = 25 embalagens para venda final, em adição | 2 x 5 = 10 embalagens


para venda final para o caso de irregularidades.

• amostra reduzida: 20 bagas para a avaliação preliminar, em adição | 80 bagas no caso de


identificar 1 fruta irregular nas primeiras 20 bagas avaliadas

• testes destrutivos: 10 cachos obtidos de forma aleatória | 5 bagas obtidas de cada um dos
cachos para avaliar o Brix.

Avaliação preliminar

Avaliar o lote apresentado e obter os dados:

• a partir da solicitação de avaliação do produto – se for o caso

• a partir dos documentos que acompanham o produto

• Tamanho do Lote

• Produto

• Tipo de embalagens

• Número de embalagens

• Quantidade de produtos

• Variedade / nome comercial

• Exportador / Despachante Embalador

• Importador / Responsável

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Resultados parciais

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Resumo dos resultados parciais da verificação realizada

2 % matérias estranhas, presença de pragas, bagas imaturas, acima do 1 % de tolerância para podridões
e bagas que não atendem os requisitos mínimos.

– Também irregular em relação ao limite de 1% para Classe I (Padrão UNECE) 2 % danos mecânicos
e cachos mal desenvolvidos – na tolerância de 10 % para Classe I 0 % Bagas soltas no engaço.

– em conformidade para Classe I (norma UNECE), ou seja, na tolerância de 10 % para bagas soltas.
60 % das embalagens para venda final apresentaram mais de 1 cacho abaixo de 75 g – acima do limite
de tolerância de 10%.

Em decorrência do não atendimento aos limites para o tamanho dos cachos e em função do tamanho
do lote, o Inspetor deverá utilizar as duas outras caixas separadas para confirmar a irregularidade (2
caixas separadas a mais para essa finalidade).

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Tabela 5 – Planilha-Resumo da verificação: para uma amostra global de 7 embalagens.

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Análises em laboratório

Como a amostra global apresentou um número razoável de cachos com coloração pálida, foram
conduzidas análises de Brix em laboratório.

Os testes seguiram o Guia da OCDE para essa finalidade (link). Uma amostra de pelo menos 10
frutas, cachos ou embalagens para venda final é retirada da amostra global. Retira-se, no mínimo, 5
bagas da amostra assim obtida para as análises.

Tabela 6 – Resumo das análises para avaliar a maturação. O lote encontra-se em conformidade com
os requisitos de maturação da norma (UNECE).

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Resumo dos resultados da Inspeção: para uma amostra global de 7 embalagens
maiores.

3 % não limpos, mofados, bagas imaturas – maior que o limite de 1 % tolerância para bagas que não
atendem aos requisitos mínimos ou afetadas por podridões – não conforme ao limite de 1 % de
tolerância para Classe I;

2 % danos mecânicos e cachos mal desenv. – no limite de 10 % tolerância para Classe I;

0 % bagas soltas – conforme ao limite de 10 % tolerância para bagas soltas do engaço para Classe I;

51 % das embalagens para venda direta com mais de 1 cacho abaixo de 75 g – não conforme ao limite
de tolerância de 10 %;

0 % bagas imaturas ou abaixo do limite mínimo para o Brix.

O lote não está conforme. Elaborar um relatório de não conformidade OCDE.

Lista das não conformidades apuradas na inspeção (Norma UNECE para Uvas): 3 % não atendem aos
requisitos mínimos da norma (não limpo, podridões, não apresentam maturidade comercial;

51 % não atendem a classificação (embalagens para venda direta continham mais do que um cacho
abaixo do peso mínimo exigido)

Ação corretiva sugerida: Repasse e nova classificação (norma UNECE).

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Referências
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Hortaliças. Brasília, DF: EMBRAPA. https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/103079/1/
cot-46.pdf.

KADER, A. A. 1980. Prevention of Ripening in Fruits by use of Controlled Atmospheres. Chicago, IL: Institute
of Food Technologists.

LANA, MILZA. 2017. Fisiologia e manuseio pós-colheita de pimentão. Brasília, DF: Embrapa Hortaliças.

UNECE. 2019. UNECE Code of Good Practice for reducing food loss in handling fruit and vegetables.
Genebra, Suíça: UNECE. http://www.unece.org/fileadmin/DAM/trade/agr/FoodLossChalenge/
CodeOfGoodPractice.pdf.

UNECE. 2020. UNECE Fresh Fruits and Vegetables Standard nr 19 – Table Grapes. Genebra, Suíça: UNECE.
https://unece.org/sites/default/files/2020-12/19_TableGrapes.pdf.

WATADA, A. E., R. C. HERNER, A. A. KADER, R. J. ROMANI, e G.L. STABY. 1984. Terminology for the
Description of Developmental Stages of Horticultural Crops. Alexandria,VA: HorticulturalScience.

BRASIL. 1991. Lei nº 8.171 de 17 de janeiro de 1991. Poder Executivo, Brasília, DF: Diário Oficial da
União. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8171.htm.

———. 2000. Lei nº 9.972 de 25 de maio de 2000. Poder Executivo, Brasília, DF: Diário Oficial da
União. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9972.htm.

———. 2007. Decreto nº 6.268 de 22 de novembro de 2007. Poder Executivo, Brasília, DF: Diário
Oficial da União. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6268.htm.

———. 2018a. Instrução Normativa Conjunta nº 02 de 07 de fevereiro de 2018. Poder Executivo,


Brasília, DF: Diário Oficial da União. http://sistemasweb.agricultura.gov.br/sislegis/action/detalhaAto.
do?method=visualizarAtoPortalMapa&chave=1000872877.

———. 2018b. Instrução Normativa nº 69 de 06 de novembro de 2018. Poder Executivo, Brasília,


DF: Diário Oficial da União. http://sistemasweb.agricultura.gov.br/sislegis/action/detalhaAto.
do?method=visualizarAtoPortalMapa&chave=1758841719.

———. 2019a. Instrução Normativa Conjunta nº 01 de 15 de abril de 2019. Poder Executivo, Brasília, DF:
Diário Oficial da União. https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/instru%C3%87%C3%83o-normativa-
conjunta-n%C2%BA-1-de-15-de-abril-de-2019-86232063.

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———. 2019b. Instrução Normativa nº 07 de 13 de maio de 2019. Poder Executivo, Brasília,
DF: Diário Oficial da União. http://sistemasweb.agricultura.gov.br/sislegis/action/detalhaAto.
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———. 2019c. Instrução Normativa nº 9 de 21 de maio de 2019. Poder Executivo, Brasília, DF:
Diário Oficial da União. https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/inspecao/produtos-vegetal/
legislacao-1/normativos-cgqv/registro/instrucao-normativa-no-09-de-21-de-maio-de-2019-cgc.pdf/
view.

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