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Cicero Jerfesson Ferreira Silva, Pedro Walisson Gomes Feitosa*a, José Leonardo Gomes
RESUMOFelix, Iri Sandro Pampolha Lima
Coelho, Esther Barbosa Gonçalves
RESUMO
O envelhecimento é um evento natural, acarretando alterações significativas que constantemente estão relacionadas
ao aparecimento de comorbidades, apresentando doenças crônico-degenerativas nos indivíduos que requerem um
tratamento continuo e uma terapia medicamentosa extensa. Um número significativo de idosos faz o uso
concomitante de medicamentos e plantas medicinais, alterando o planejamento farmacológico receitado por
profissionais da saúde através de fórmulas e preparações naturais, advindas do conhecimento empírico transmitido
pelos saberes populares tradicionais. O objetivo deste artigo é discutir, segundo a literatura científica, os potenciais
riscos de interação medicamentosa envolvendo o uso de plantas medicinais e fármacos por idosos no Brasil. Artigos
publicados entre 2015 e 2020 foram selecionados nas bases de dados SciELO e PubMed para este trabalho de
revisão, utilizando os descritores “Interação Medicamentosa”, “Idosos” e “Medicina Popular”. Foram incluídos estudos
realizados no Brasil, publicados em português e inglês, disponíveis na integra e de forma gratuita no período de abril
a junho de 2020. Um total 123 artigos foram localizados nas bases de dados, dos quais 11 trabalhos, publicados
nos últimos cinco anos, cumpriram os critérios de inclusão deste estudo, sendo incluído na amostra final. Com esta
revisão de literatura evidenciou-se que a utilização de plantas medicinais está presente com alta recorrência nos
hábitos da população idosa do país. Percebe-se que há um desconhecimento por parte dos adeptos do uso de plantas
medicinais sobre os riscos do uso inadequado e concomitante com medicamentos. Esse fator mostra a carência de
orientações quanto aos riscos do uso concomitante de recursos naturais como plantas medicinais, e fármacos,
estando o sujeito passível a ocorrência de interações medicamentosas significativas que podem culminar com a piora
de suas afecções.
Palavras-chave: Interação Medicamentosa; Idosos; Medicina Popular.
ABSTRACT
Aging is a natural event, causing significant changes that are constantly related to the appearance of comorbidities,
presenting chronic-degenerative diseases in individuals who require continuous treatment and extensive drug
therapy. A significant number of elderly people use concomitant medicines and medicinal plants, changing the
pharmacological planning prescribed by health professionals through natural formulas and preparations, arising from
the empirical knowledge transmitted by traditional popular knowledge. The objective of this article is to discuss,
according to the scientific literature, the potential risks of drug interaction involving the use of medicinal plants and
drugs by the elderly in Brazil. Articles published between 2015 and 2020 were selected in the SciELO and PubMed
databases for this review work, using the descriptors "Drug Interaction", "Elderly" and "Popular Medicine". Studies
carried out in Brazil, published in Portuguese and English, available in full and free of charge from April to June 2020
were included. In total 123 articles were found and of these 11 met the requirements for the work. This literature
review showed that the use of medicinal plants is present with high recurrence in the habits of the elderly population
in the country. It is noticed that there is a lack of knowledge on the part of the adepts of the use of medicinal plants
about the risks of inappropriate and concomitant use with medicines. This factor shows the lack of guidance on the
risks of the concomitant use of natural resources such as medicinal plants, and drugs, with the subject being
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susceptible to the occurrence of significant drug interactions that can culminate in the worsening of his conditions.
Keyword: Drug Interaction; Seniors; Traditional Medicine
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INTRODUÇÃO
O uso de plantas para fins medicinais remonta ao albumina e diminuição do metabolismo basal que podem
início das primeiras formas de convívio entre indivíduos. promover aumento do riso de interações medicamentosas
Desde a antiguidade, os povos antigos utilizavam plantas e interações medicamento-planta medicinal (SILVIA et
como recursos alimentícios e, nesse processo, percebiam al, 2018).
que certas espécies de plantas tinham potencial benéfico No contexto farmacológico, as alterações
para determinadas patologias. À priori, os recursos fisiológicas acometem os mecanismos farmacocinéticos
naturais eram utilizados de forma empírica e, tantos e farmacodinâmicos. Na primeira, a absorção encontra-
resultados positivos quantos os efeitos tóxicos, passavam se reduzida, com diminuição de secreções e do
entre as gerações de forma oral. À medida que os povos esvaziamento gástrico, da motilidade e aumento do pH.
ganhavam habilidades para suprir suas necessidades, A distribuição é afetada pela diminuição da massa
novos recursos terapêuticos e formas de manipulação dos corporal total, devido a redução da massa corpórea
materiais vegetais foram aprimorados (SOUZA et al, magra, favorecendo uma maior permanência de
2016). fármacos lipossolúveis, com aumento da meia-vida e
Essas práticas populares em saúde integram os eliminação dos mesmos (CROMBAG et al, 2016).
costumes e crenças de sociedades em diversas partes do Segundo Braz et al, (2018) o metabolismo
mundo, sendo de maior recorrência em países hepático é afetado, pois há uma redução da massa e do
subdesenvolvidos, como o Brasil. Os brasileiros, devido fluxo sanguíneo para o fígado, o que modifica o
a sua herança histórica, marcada pela miscigenação metabolismo de primeira passagem e a biotransformação
cultura entre diferentes povos, somaram seus das drogas. Na eliminação, tem-se uma redução do fluxo
conhecimentos e costumes, o que acarretou em uma sanguíneo renal e da taxa de filtração glomerular,
extensa variedade de saberes acerca da utilização de causando uma redução da depuração das drogas
propriedades dos recursos naturais para o cuidado em (DENIC; GLASSOCK; RULE, 2017). Em nível
saúde (SANTOS et al, 2016). farmacodinâmico, o organismo apresenta uma
O uso de chás, infusões, banhos e outros diminuição em números e na afinidade dos receptores
produtos advindos de plantas medicinais está presente que coordenam as respostas fisiológicas normais e
em todos os espaços sociais, urbanos e rurais, consequentemente dos fármacos utilizados nas
permanecendo pelos significados relacionados à herança desordens do organismo.
cultural dos povos (ARAÚJO, 2016; SZERWIESK et al, O uso da medicina tradicional foi visto pela
2017). Estudos epidemiológicos demonstram que uma Organização Mundial da Saúde como sendo algo a ser
grande parcela da população brasileira é adepta do uso mantido e protegido pelas comunidades no mundo.
de plantas medicinais para fins terapêuticos, sendo Devido a herança cultural, fácil acesso dos recursos
majoritariamente representados por pessoas com idade naturais, custo acessível e a rica biodiversidade do país,
igual ou superior a 60 anos. Esses indivíduos acreditam foi criada no Brasil a Política Nacional de Plantas
que recursos naturais podem ser usados rotineiramente Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF), que visa a
sem uma indicação adequada, pois, em suas concepções, promoção, por meio de políticas públicas, e a integração
não acarretam prejuízos ao organismo (PEREIRA et al, da medicina tradicional como uma alternativa,
2016). garantindo a segurança, eficácia, qualidade, assim como,
O envelhecimento traz mudanças fisiológicas ampliar o acesso a plantas medicinais e fitoterápicos
significativas associadas ao aparecimento de (GADELHA et al, 2015).
comorbidades que podem causar incapacidade funcional, Há controvérsias na literatura quanto ao uso
como Diabete mellitus tipo 2 (DM2), Hipertensão irracional de plantas medicinais como recurso
arterial sistêmica (HAS) e os Transtornos terapêutico devido às interações medicamentosas,
neuropsiquiátricos. As doenças crônico-degenerativas, superdosagem e a utilização de espécies com potencial
ou também citadas como doenças crônicas não efeito tóxico. É considerada tóxica toda planta ou
transmissíveis, requerem um tratamento contínuo com determinado componente desta que, quando em contato
frequente necessidade de politerapia, em uso contínuo de com tecidos do corpo, desencadeiam algum dano
cinco ou mais medicamentos (SILVIA et al, 2018). metabólico local ou sistêmico (SANTOS et al, 2016).
Percebe-se que no idoso saudável, há também, a Este estudo objetiva discutir os potenciais riscos de
ocorrência de alterações funcionais importantes. interação medicamentosa entre fármacos e plantas
Geralmente tem-se diminuição da água corporal, medicinais utilizados por idosos no Brasil.
aumento do tecido adiposo, diminuição dos níveis de
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METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Artigos publicados entre 2015 e 2020
disponibilizados no banco de dados SciELO e PUBMED Os resultados da estratégia de busca estão
foram selecionados para este artigo de revisão, utilizando apresentados no fluxograma da pesquisa (Figura 1). Dos
os descritores “Interação Medicamentosa”, “Idosos” e 123 artigos identificados inicialmente, 11 foram
“Medicina Popular”. Foram incluídos trabalhos incluídos na amostra final após análise, sendo excluído
realizados no Brasil, publicados em português e inglês, os artigos que não se adequaram ao objetivo deste estudo.
disponíveis na íntegra e de forma gratuita. Foram Os resultados evidenciam a prevalência da utilização de
excluídos outros artigos de revisão, comentários de plantas medicinais por idosos em conjunto à terapia
literatura, editoriais, comunicações e cartas ao editor propostas para as principais doenças que acometem os
(Figura-1). Os artigos foram lidos na integra e as indivíduos com idade igual ou superior a 65 anos. Os
informações dispostas em uma planilha com o (s) autor artigos selecionados discorrem sobre os potenciais riscos
(es) e ano de publicação, estado brasileiro, objetivo, de interação medicamentosa existente nessa prática
metodologia, resultados e conclusão, apresentados em medicinal milenar (Quadro 1).
Quadro-1.
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Literatura
Quadro 1. Distribuição dos estudos por autor (es) e ano de publicação, Estado do Brasil, objetivo, metodologia,
resultado e conclusão (2015-2020).
AUTORES ESTADO
OBJETIVO METODOLOGIA RESULTADO CONCLUSÃO
E ANO BRASILEIRO
Estudo com
idosos O estudo concluiu que
Participaram 22 idosos Os resultados mostraram que
polimedicados, há a necessidade de
submetidos a um além dos medicamentos
hipertensos e avaliação das
questionário sobre de prescritos, os participantes
diabéticos que orientações dos
SCHEID; plantas medicinais, suas faziam uso de plantas medicinais,
Rio Grande do fazem uso de serviços de saúde para
FAJARDO, indicações, forma e principalmente em forma de
Sul plantas com idosos
2020 frequência de preparo, chás. A camomila e a marcela
medicinais e que polimedicados, devido
obtenção e se foram as mais utilizadas.
estivessem ao maior risco
conhecimento dos Jambolão e a pata de vaca
cadastrados a envolvendo essa faixa
riscos. também.
uma unidade de etária.
saúde.
Avaliar a
experiência da
No estudo percebeu-se se o O trabalho pretendeu
educação em
A metodologia se conhecimento das idosas e dos mostrar a importância
saúde como
baseou em uma membros do Programa NEL das atividades de
meio de
atividade ativa usando condiziam ou não com o uso educação em saúde,
promoção do uso
flipchart para adequado. As respostas não afirmando a orientação
racional de
construção de registros coerentes eram corrigidas. do uso racional de
SILVA; plantas
de dúvidas e de Alguns indivíduos detinham um recursos naturais,
ARRUDA, Ceará medicinais para
informações durante o conhecimento rico sobre os como plantas
2020 com idosos
processo em uma roda espécimes apresentados. As medicinais.
residentes de
de conversa. A equipe residentes que atuavam no local Abordagens
uma instituição
passou por treinamento também participaram da roda de ilustrativas e
de longa
e criação do material conversa. As idosas eram expositivas mostraram
permanência
pedagógico. dependentes do que a instituição bons resultados e
localizada na
oferecia. aceitação.
cidade de
Fortaleza.
Pesquisa do tipo A pesquisa evidenciou que
O objetivo do
quantitativa, descritiva, idosos portadores de hipertensão
estudo Devido a
exploratória e com corte arterial fazem o uso empírico de
relacionou-se vulnerabilidade dessa
transversal, realizada plantas medicinais, assim como,
aos riscos da faixa etária, percebeu-
COSTA et Rio Grande do em um centro Geriátrico associam os medicamentos
utilização de se com o trabalho a
al, 2019 Norte de referência, Mossoró- prescritos para essa afecção.
plantas importância de
RN. Os dados foram Muitos acreditam no poder de
medicinais por práticas educativas em
coletados por meio de cura das plantas, consumindo-as
idosos saúde.
um questionário por meio da automedicação.
hipertensos
aplicado a 37 idosos.
O trabalho
92,9% dos participantes eram do Concluiu-se uma
objetiva listar os
sexo feminino. Além da DM2, prevalência da
aspectos Pesquisa do tipo
94,3% dos entrevistados utilizam de plantas
socioculturais e quantitativa, transversal,
apresentavam HAS e 66,19% medicinais para o
clínicos observacional e
SILVA et utilizavam plantas medicinais tratamento do
Piauí envolvendo o descritiva A coleta dos
al, 2018 para o tratamento da diabetes, diabetes. Destacando a
uso de plantas dados aconteceu pela
sendo utilizados os espécimes importância de
medicinais por aplicação de
pata-de-vaca, chá da baga e práticas voltadas a
idosos com questionários.
semente de Jucá e o chá do saúde desses
Diabetes
Canapum. indivíduos.
Mellitus tipo 2.
Esclarecer Nordestinos que se Foram citadas 131 plantas Os migrantes foram
através de dados mudaram para São medicinais e 315 receitas, sendo expostos à cultura
ROMANU;
quantitativos e Paulo, foram as mais usadas para problemas local e acabaram
MENDES;
São Paulo qualitativos os entrevistados por um respiratórios, gastrointestinais e mudando algumas de
CARLINI,
fatores método semiestruturado, processos inflamatórios. A suas práticas
2018
envolvidos no cujo foco era o uso de utilização de plantas medicinais familiares, assim
uso de plantas plantas medicinais que continuou após migração. A como, o acesso a
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medicinais por faziam uso atual. descontinuação do uso se deu novos recursos
migrantes da pelo acesso a medicamentos. terapêuticos.
zona rural para
zona urbana no
Brasil.
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Ladeira et al, (2017) e Borges et al, (2017) comunidades principalmente nos municípios do interior.
referem que a população idosa mundial é crescente em Assim, Vieira (2017) retrata um aspecto importante
um fenômeno que inverte a pirâmide etária. No Brasil, os relacionado aos riscos que os indivíduos se expõem
idosos são definidos como os indivíduos com idade igual quando do uso de plantas medicinais, uma vez que estas
ou superior a 60 anos. O envelhecimento é um processo são as maiores fontes de xenobióticos. Plantas são
dinâmico de caráter progressivo com mudanças produtoras de substâncias tóxicas estruturalmente
morfológicas, funcionais, psicossociais e bioquímicas, as diversificadas que estão ligadas, geralmente, à defesa
quais se determinam por perda progressiva das imunológica.
capacidades de manutenção homeostáticas. Todos esses O ser humano desenvolveu a capacidade de
fatos propiciam o aparecimento de processos patológicos, metabolizar algumas dessas substâncias. Todavia, grande
assim como a alta prevalência de doenças crônicas não parte dos agentes que compõe estes recursos naturais
transmissíveis. podem ser danosos ao organismo, lesionando tecidos e
Szerwiesk et al, (2017) evidencia que os idosos interrompendo eventos homeostáticos. Essas
fazem uso de plantas medicinais essencialmente pelos propriedades podem ser somadas ou propiciadas pela
fatores culturais, relacionados aos seus antepassados. interação com os fármacos diversos utilizados pelos
Essa percepção também é defendida por Pereira et al, indivíduos, como anti-hipertensivos e antidepressivos,
(2016) que aborda a resistência dessa população idosa aos ocasionando, por vezes, intoxicação(VIREIRA,2017).
tratamentos medicamentosos. A maioria desses Além disso, Pagno et al, (2018) propõe que, com o
indivíduos vive em regiões interioranas, descendem de envelhecimento, o metabolismo dos medicamentos e de
grupos tradicionais que utilizam da medicina natural substâncias exógenas se torna mais lento, atribuindo esta
milenarmente, defendendo esta como uma alternativa característica à diminuição da depuração hepática e renal.
mais benéfica, de baixo custo e de fácil acesso (Quadro Nesse viés, Agbabiaka et al, (2018) afirma que as
2). interações medicamentosas em idosos podem ser
Questões socioeconômicas, nível de descritas como um problema de saúde pública pelas
escolaridade, religiosidade e fatores culturais favorecem especificidades desta faixa etária.
a presença e utilização de plantas medicinais por
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Quadro 2. Distribuição das principais plantas medicinais utilizadas, nome científico, parte vegetal utilizada, usos
populares, princípio ativo envolvido e interação medicamentosa.
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Aumenta as ações
Auxiliar da digestão, farmacológicas felodipino;
óleos voláteis (mentol,
tratamento de parasitoses sinvatastina através da inibição
Mentha carvona, cineol,
Hortelã Folhas intestinais e diarreias da enzima CYP-450 3A4
spicata limoleno), taninos e
causadas por ameba e elevando as concentrações
flavonoides
giardíase plasmáticas; ciclosporina
apresenta redução dos níveis
Afecção catarral, afecção
Caesalpinia Casca do pulmonar, amídalas, asma,
Jucá flavonóides e taninos Não evidenciado
ferrea tronco cicatrização, cólica intestinal,
contusão, diabetes
Má digestão e cólicas
Achyrocline intestinais; como sedativo Flavonoides,
Marcela Inflorescências Não evidenciado
satureioides L. leve; e como anti glicosídeos quercetina
inflamatório
Hipoglicemiante, purgativo e
Pata de Bauhinia Raízes, cascas, diurético. Problemas no trato flavonóides, alcalóides, potenciação de medicamentos
vaca forficata folhas, flores urinário. Redutor de saponinas e glicosídeos antidiabéticos e da insulina
colesterol e triglicerídeos.
Fonte: EMER et al, 2019; TANAKA et al, 2018; CARVALHO et al, 2018; JÚNIOR et al, 2016.
Awortwe et al, (2018) também inferiu que os Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF), apresenta-se como
riscos da interação envolvendo plantas medicinais e uma oportunidade para as populações com pouco acesso
medicamentos é um problema de saúde pública que deve aos serviços de saúde, assim, o conhecimento tradicional
ser minimizado, haja vista a possibilidade de cientificamente demonstrado auxilia na diminuição de
prolongamento do período de hospitalização e aumento gastos com medicamentos. Posteriormente à PNPMF, foi
da morbimortalidade aos quais estão relacionados. criada em 2006 a Política Nacional de Práticas
Spanakis et al, (2019) refere que um em cada dois Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC) a fim de
indivíduos com doenças crônicas faz uso de produtos à consolidar os conhecimentos populares das práticas
base de plantas para melhorar os sinais e sintomas. alternativas em saúde, assim como na integração do ser
É evidente, dessa forma, que os constituintes humano com o meio ambiente e a sociedade, com a
fitoquímicos têm influência direta sobre os mecanismos possibilidade do desenvolvimento e promoção do
fisiológicos de farmacocinética e farmacodinâmica. autocuidado (CORRÊA et al, 2016)
Akhter (2018) afirma que a interação entre medicamento Como frisa Silva et al, (2017), os profissionais da
e plantas medicinais envolve mecanismos relacionados à saúde devem estar preparados para promover a educação
farmacocinética como absorção, distribuição, e em saúde sobre o uso racional de plantas medicinais.
metabolismo de excreção que modificam as Médicos, enfermeiros, farmacêuticos e demais
concentrações dos fármacos e seus metabólitos, assim profissionais da saúde devem estar preparados para
como mecanismos farmacodinâmicos, com alterações na orientar os usuários de plantas medicinais, assumindo um
resposta farmacológica ligadas à mecanismos aditivos, caráter educador, com o objetivo de garantir e promover
sinérgicos ou antagônicos. o uso racional desses recursos. Fatores relacionados à
Além da interação medicamentosa, Lima; indicação, ao preparo, contraindicação e toxicidade
Nascimento; Silva (2016) pontua os riscos associados a devem ser de conhecimento dos profissionais de saúde,
utilização de plantas medicinais que são condicionadas de integrando o conhecimento popular ao científico e
forma inadequada. Questões como a coleta e o auxiliando a promoção da saúde (SILVA et al, 2017;
armazenamento dos materiais vegetais devem ser LOPES et al, 2019)
analisados, pois influenciam no teor de princípio ativo.
Durante o armazenamento do material vegetal, este pode CONSIDERAÇÕES FINAIS
estar sujeito ao crescimento de microrganismos
indesejáveis, como fungos. Esses organismos, por meio Mesmo com o crescente número de
da fermentação e decomposição, podem produzir medicamentos industrializados disponíveis, percebe-se
metabólicos indesejáveis e muitas vezes tóxicos para o que o uso de plantas medicinais ainda faz parte do
ser humano. As utilizações de folhas contaminadas cotidiano de indivíduos idosos de forma recorrente. Além
usadas em infusões de chá, por exemplo, podem trazer do tratamento disponível para os principais agravos que
riscos adicionais ao organismo. acometem essa faixa etária, identifica-se o uso irracional
A implantação da Política Nacional de Plantas de recursos naturais como meio alternativo ou
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complementar à terapia. Isso se deve à influência da diversas enfermidades, o que pode ser um risco, pois o
herança, crenças populares, fácil disponibilidade e preço mesmo espécime vegetal pode conter diversos nomes
acessível. populares, de acordo com a região do país.
Os riscos do uso irracional decorrem de Percebe-se que os adeptos do uso de plantas
características relacionadas à espécie vegetal utilizada, medicinais desconhecem os riscos envolvidos e atestam
que possui substâncias ativas farmacologicamente ou que as matérias de origem vegetal são inofensivas.
não, que podem interagir com os medicamentos usados Ressalta-se a necessidade de profissionais da área da
pelo paciente. A forma que as preparações são saúde capacitados, que reconheçam as principais plantas
produzidas, armazenadas e utilizadas influenciam no teor medicinais utilizadas em sua região, assim como seu
dos princípios ativos e seu potencial como substâncias potencial para interação medicamentosa.
tóxicas. É comum o uso de uma mesma planta para
REFERÊNCIAS
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Saberes e as Experiências dos Usos de Plantas Medicinais Giovani; BARBANO, Dirceu Brás Aparecido. Política
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Através dos Saberes e dos Usos de Plantas Medicinais CORDOVIL, Francidalva Moraes; LIMA, Márcia
pelas Meizinheiras do Cariri Cearense. VIII Simpósio Jaqueline de; COELHO, Wesley Adson Costa; FILHO,
Internacional de Geografia Agrária e IX Simpósio Eucláudio Cavalcanti Salvador. Uso de Plantas
Nacional de Geografia Agrária GT 2 – Comunidades Medicinais por Idosos Portadores de Hipertensão
tradicionais na luta por territórios, ISSN: 1980-4555 Arterial. Rev. Nova Esperança. 2019; 17(1): 16-28
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