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AULA 6
CONTEXTUALIZANDO
Devermos, como profissionais do Comércio Exterior, identificar os
possíveis “erros” que podem ocorrer na condução de um financiamento, desde
a negociação entre importador e exportador até a liberação dos recursos para o
exportador. E o que uma empresa brasileira deve fazer para obter um
financiamento à importação?
Primeiro, deve saber se tem condições para obtenção de financiamento à
importação junto a seu banco de relacionamento, tendo ciência de sua situação
cadastral, sabendo, ainda, se tem limite de crédito disponível, se poderá dar as
garantias solicitadas pelo banco e se o prazo de financiamento é o suficiente
para atender à sua necessidade. Deve, também, ter argumentos para negociar
com seu banco de relacionamento; neste momento, é necessário conhecer a
legislação e as práticas de mercado.
Ainda, o importador deverá orientar o exportador sobre como devem ser
apresentados os documentos representativos da negociação comercial, de
acordo com a modalidade de pagamento definida entre as partes.
Por fim, deve-se acompanhar a condução do financiamento, do início ao
fim, inclusive sabendo da variação cambial, que poderá ser favorável ou não ao
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importador, além de ter conhecimento de quais os instrumentos disponíveis no
mercado para proteger-se do risco cambial.
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seus respectivos países, mas a variação não é expressiva. Para uma noção da
diferença entre as duas taxas de juros, podemos observar que, no dia 12 de
setembro de 2016, a Selic estava a 14,25% a.a.; a Libor, a 1,55676% a.a. O
custo da captação dos recursos é a principal vantagem que os bancos podem
ofertar a seus clientes. O custo do financiamento à importação com recursos
captados no exterior é bem menor se comparado com qualquer financiamento
praticado no mercado interno que tenha a Selic como taxa de referência.
O prazo de financiamento à importação, normalmente, está atrelado à
atividade da empresa importadora ou à finalidade para qual o produto será
importado – para revenda ou para compor ativo imobilizado da empresa. Se o
produto importado for para revenda, o prazo admitido será aquele que permite
ao importador pagar o financiamento com recursos da venda do produto
importado no mercado interno; se for para compor o ativo imobilizado da
empresa – máquinas e equipamentos, por exemplo –, o prazo pode ser
estendido conforme a linha de crédito de importação disponível e a capacidade
de pagamento do importador.
Para o Banco Central, os prazos são considerados:
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juros sobre prazo financiado. Os juros devem ser pagos pelo financiado na data
acordada entre as partes e através da formalização de um contrato de câmbio
específico, separado do valor do pagamento do principal.
Pode-se considerar como características do financiamento à importação,
com a possibilidade de variações de banco para banco, de acordo com seus
critérios e interesses:
Financiamento em moeda estrangeira;
Financiamento de até 100% do valor da importação;
Financiamento de curto e longo prazo;
Financiamento de bens para comercialização e ativo fixo da empresa;
Custo do financiamento tem como referência a taxa Libor;
Existe o risco da variação cambial;
O financiado precisa dar garantias ao financiador;
Financia qualquer modalidade de pagamento.
Saiba mais
Para saber mais sobre financiamento de importação leia:
https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/conheca-os-
financiamentos-concedidos-por-bancos-
externos,462e438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD
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se seu cadastro e limite de crédito para operar com essa linha de
financiamento estão em ordem com seu banco de relacionamento;
a garantia que vai oferecer ao banco;
os valores mínimo e máximo do financiamento;
os prazos mínimo e máximo do financiamento;
o prazo para a liberação dos recursos (para o exportador);
os documentos necessários que devem apresentados ao banco;
o custo final do financiamento;
a tributação incidente;
se haverá o risco cambial.
Financiamento à importação
1 – Negociação entre importador e exportador
Nesta etapa, definem-se as principais condições da negociação, como
quantidade, preço, prazo de entrega e de embarque, incoterm e a modalidade
de pagamento, que pode ser: pagamento antecipado, remessa sem saque,
cobrança documentária ou carta de crédito.
Como citado anteriormente, essa é uma negociação entre o importador e o
exportador. O banco financiador não se envolve. Contudo, no momento de
financiar o importador, serão realizados os procedimentos de acordo com a
modalidade de pagamento definida entre as partes.
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necessários, de acordo com a modalidade de pagamento negociada entre as
partes, e o custo do financiamento.
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prazo do financiamento;
avaliação da empresa importadora (classificação de risco);
spread;
risco cambial.
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Identificação do(s) documento(s) comerciais;
Valor da importação;
NCM e descrição da mercadoria;
Modalidade de pagamento para o exportador;
Mercadoria embarcada: ( ) sim ( ) não;
Valor do financiamento;
Prazo total do financiamento;
Prazo de pagamento do financiamento;
Data prevista do desembolso (pagamento ao exportador);
Domicílio bancário do exportador.
Modalidades de pagamento
- Pagamento antecipado
Em regra geral, o banco financiador solicita a fatura proforma emitida pelo
exportador, contendo as condições da negociação entre as partes,
principalmente:
modalidade de pagamento (pagamento antecipado);
data prevista de embarque.
Vale ressaltar que outras informações negociais se encontram na fatura
proforma; nesse caso, ainda não houve o embarque da mercadoria no exterior.
- Pagamento à vista
No caso de um pagamento à vista ao exportador, considera-se que a
mercadoria já foi embarcada, porém, não nacionalizada. Os documentos que
deverão ser apresentados ao banco financiador serão:
fatura comercial (invoice);
Conhecimento de Embarque (BL, AWB ou CRT).
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Caso a modalidade de pagamento seja uma remessa sem saque à vista, o
exportador, provavelmente, liberará os documentos originais ao importador após
receber o pagamento, efetuado, neste caso, pelo banco financiador.
- Pagamento a prazo
No pagamento a prazo, o exportador concede, inicialmente, um prazo de
pagamento ao importador brasileiro. Na data acordada, em lugar de o importador
utilizar recursos próprios para pagar a importação, utiliza um financiamento com
seu banco de relacionamento, que paga o exportador na data prevista e alonga
o prazo de pagamento para o importador. Nesse caso, como a mercadoria já foi
nacionalizada, o banco financiador solicita os seguintes documentos do
importador:
fatura comercial (invoice);
Conhecimento de Embarque (BL, AWB ou CRT);
Declaração de Importação (DI).
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Leitura obrigatória:
https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/circ/2013/pdf/circ_3691_v1_O.pdf
Exemplo 1
Um importador brasileiro negocia com um exportador chinês a compra de um
determinado produto no valor de USD 100.000,00, nas seguintes condições: -
forma de pagamento:
30% antecipado;
pagamento até 20 dias da data da negociação;
70% à vista, modalidade FOB.
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Situação 1: com essas informações e a fatura proforma, o importador solicita o
financiamento à importação a seu banco;
Erro 1: na fatura proforma, não constam as condições de pagamento e a data
prevista para embarque da mercadoria;
Correção 1: o importador deve solicitar para o exportador a correção da fatura
proforma incluindo as informações necessárias;
Consequência 1: poderá haver um atraso no pagamento dos 30% ao
exportador.
Exemplo 2
Um importador brasileiro negocia a compra de uma máquina de um
exportador italiano no valor de EUR 300.000,00, nas seguintes condições:
- 50% à vista;
- 50% a 180 dias da data do embarque.
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pagamento ao exportador. Muitas vezes, o importador tem dificuldade de ter
esse documento; o exportador envia um draft do Conhecimento de Embarque
(documento sem valor comercial). O draft pode não servir para a liberação do
pagamento por parte do banco;
Correção 1: o importador deve entrar em contato com o exportador e solicitar o
Conhecimento de Embarque, que pode ser até uma cópia;
Consequência 1: o exportador pode demorar para receber o conhecimento de
embarque assinado pelo transportador; consequentemente, pode demorar para
repassá-lo ao importador. Nesta situação, o importador já deveria ter informado
o exportador de que precisaria do Conhecimento de Embarque assinado pelo
transportador.
Os principais erros que ocorrem no financiamento à importação estão
relacionados aos documentos que representam a operação comercial que, em
regra geral, estão em desacordo com a operação de financiamento.
Também acontecem erros por falta de planejamento por parte do
importador, com relação ao fluxo de caixa da empresa, à variação cambial e aos
prazos envolvidos em toda a importação.
Para as empresas que queiram financiar suas importações, principalmente
as iniciantes, é fundamental que, antes de negociar com o exportador, elas
tenham o conhecimento das práticas utilizadas no mercado, garantindo maior
segurança na contratação de um financiamento à importação.
“Isso é um erro?”
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Sim, a taxa de câmbio pode ser mais favorável e, assim, a empresa terá
uma vantagem financeira. Por outro lado, se a taxa de câmbio não for favorável,
a empresa terá um prejuízo.
Nesse caso, seria melhor definir (fixar) a taxa de câmbio a ser utilizada no
vencimento da operação. Dessa maneira, a empresa poderia formar todo o custo
da importação em reais, determinando sua margem de rentabilidade. A empresa
limitaria sua margem de lucro, porém, sairia do risco cambial.
O risco cambial está diretamente ligado à valorização ou à desvalorização
da moeda nacional em relação à moeda estrangeira. Portanto, é certo que uma
empresa, ao tomar um financiamento em moeda estrangeira, estará sujeita à
variação cambial.
No mercado cambial brasileiro, a desvalorização ou valorização cambial é
muito visível, devido aos diversos fatores que influenciam a economia. O Brasil
tem problemas políticos não resolvidos, inflação fora do patamar previsto pelo
Banco Central, taxa de juros elevada e, ainda, problemas externos, os quais
influenciam diretamente nossa economia.
A tabela a seguir apresenta o valor da taxa de câmbio do dólar americano
comercial de venda no final de cada semestre.
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empresa tivesse realizado uma operação para se proteger da variação cambial
quando fez o financiamento à importação, o valor desembolsado em reais seria
o mesmo? Repito a pergunta feita anteriormente:
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No final, o importador pagou pelo financiamento o valor de R$ 370.000,00,
importância por ele conhecida desde a data da contratação do hedge (NDF).
Obs.: não foi considerada a tributação de Imposto de Renda incidente na
operação quando o ajuste é positivo para o importador.
Leia mais
https://www.cetip.com.br/modalidades-de-derivativos/ndf-%28non-deliverable-
forward%29
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TROCANDO IDEIAS
Pesquise com empresas importadoras tomadoras de crédito
(financiamento à importação) qual a maior dificuldade na contratação de um
financiamento à importação e o que pode ser feito para minimizar essa situação.
Troquem as informações coletadas em ambientes como o chat.
NA PRÁTICA
1 – Leitura do caso
Abordamos, aqui, os conteúdos relacionados a uma operação de
financiamento à importação e o risco cambial nela envolvida.
Um erro que normalmente o importador comete ao contratar um
financiamento à importação é o de não estabelecer o custo final ou o custo em
moeda nacional no vencimento do compromisso. Dessa maneira, a dívida do
importador no vencimento poderá ser maior ou menor, conforme a variação
cambial. Um dos instrumentos que permite ao importador se proteger da
variação cambial para uma data futura é o hedge cambial. Vamos ver, na prática,
como ficaria a dívida de um financiamento à importação para uma empresa que
utilize o NDF (derivativo), em um cenário futuro de valorização ou/e de
desvalorização do dólar frente ao real. Vamos praticar analisando a situação
proposta a seguir.
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Taxa de trava (NDF) na data 270 dias (vencimento) = USD 1,00 = R$
3,5350
5 – Apresentação da solução
Posteriormente vamos discutir e apresentar a resolução.
SÍNTESE
O financiamento à importação é um instrumento importantíssimo para
pagamento das importações com recursos de terceiros e a uma taxa de juros
considerada baixa, se comparada com as praticadas no mercado interno. Por
esses motivos, cabe ao importador brasileiro buscar as informações necessárias
para conhecer procedimentos e práticas utilizados no mercado bancário para
essa linha de crédito. Dessa maneira, o importador poderá negociar com o
exportador estrangeiro, evitando possíveis erros que trarão desgaste na relação
comercial entre as partes.
Solicitar a documentação correta para o exportador de acordo com o
financiamento pretendido é fundamental para que a operação tenha um fluxo
normal. Outro ponto importante é a necessidade da contratação de um hedge
cambial – proteção contra a variação cambial a que estão sujeitos os
financiamentos à importação. Em resumo, o conhecimento dos procedimentos e
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práticas sobre como realizar uma operação de financiamento não devem ser
desconsiderados pelo importador.
REFERÊNCIAS
BORGES, Joni Tadeu. Financiamento ao Comércio Exterior. Curitiba: Ibpex,
2002.
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