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Rio de Janeiro
Abril de 2014
Campello, George Carneiro
Metodologia de Projeto para o Sistema de
Ancoragem de Conectores de Dutos Flexíveis e
Proposição de Nova Tecnologia / George Carneiro
Campello. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2014.
XXIV, 206 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Gilberto Bruno Ellwanger
José Renato Mendes de Sousa
Tese (doutorado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de
Engenharia Civil, 2014.
Referências Bibliográficas: p. 171-176.
1. Duto Flexível. 2. Conector. 3. End Fitting. I.
Ellwanger, Gilberto Bruno et al. II. Universidade Federal
do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia
Civil. III. Título.
iii
Aos meus pais Sylvio e Ivonette
iv
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais Sylvio e Ivonette, que, além do exemplo de caráter e amor ao
próximo, me proporcionaram uma educação de excelência, que reconheço como
fundamental para a realização deste sonho.
v
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)
Abril/2014
A experiência da indústria offshore tem mostrado que falhas podem ocorrer nas
armaduras de tração em terminações de topo de risers flexíveis. O histórico de
dissecações de risers que estavam em operação, ou que foram submetidos a testes
de qualificação, revela que há uma seção crítica de falha por fadiga do riser e esta é,
justamente, a seção na qual as armaduras de tração são submetidas à significativa
deformação plástica durante o processo de montagem dos conectores. Ademais, os
métodos de projeto, historicamente, utilizados pela indústria não têm respondido
satisfatoriamente quanto ao desempenho à fadiga dessas estruturas, tendo em vista
as falhas prematuras ocorridas. Sendo assim, este trabalho tem como objetivos: i)
propor metodologia de cálculo para análise e projeto de dutos flexíveis na região de
ancoragem das armaduras de tração, dentro do conector e ii) propor uma nova
tecnologia de conector com foco na melhoria do desempenho estrutural à fadiga dos
risers flexíveis. Duas metodologias, uma analítica e outra numérica, são desenvolvidas
e validadas com testes de fadiga em escala real e um protótipo do novo conceito de
conector proposto é testado, também em escala real, sob condições extremas e de
fadiga.
vi
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)
April/2014
The offshore operational experience has shown that failures may occur in the
tensile armor layers at the flexible risers end fittings. The findings observed in
dissections from risers which were in operation or subjected to qualification tests reveal
that there is a critical section with respect to fatigue failures inside the end fittings. This
section is the one in which the wires of the tensile armors are subjected to significant
plastic strains caused by the end fitting assembly process. In addition, the design
methods used by industry have not properly predicted the fatigue performance of these
structures, given the premature failures. Thus, this study aims to: i) propose a flexible
pipe end fitting anchoring system design and ii) propose a new end fitting design that
focus on the improvement of the flexible risers structural fatigue performance. Two
methodologies, analytical and numerical, are developed and validated with full scale
fatigue tests. Furthermore, a real scale prototype of the proposed end fitting concept is
tested under fatigue and extreme conditions.
vii
ÍNDICE
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 1
1.2. Motivação 4
1.3. Objetivo 8
2.2. Acessórios 13
2.2.1. O Conector de Duto Flexível 14
2.2.2. O Enrijecedor de Curvatura 14
3.1. O Projeto 21
3.1.1. Principais Componentes 22
viii
3.4. Revisão Bibliográfica 31
3.4.1. Normas e Especificações 31
3.4.2. Artigos e Trabalhos Publicados 32
3.4.3. Patentes 34
4.5. Curva SN 56
ix
5.4. Ancoragem Mecânica da Extremidade do Arame 75
5.9. ENDFlex 89
6.2. Geometrias 93
6.2.1. Conector Planificado 93
6.2.2. Armadura de Tração 94
6.2.3. Resina Epóxi 94
6.2.4. Geometrias Auxiliares 95
x
6.5.1. Caso base 121
6.5.2. Metodologia para Cálculo de Concentração de Tensões Baseada na Análise
Paramétrica 125
xi
ÍNDICE DE FIGURAS
FIGURA 1.1 – DEMANDA MUNDIAL POR FONTES PRIMÁRIAS DE ENERGIA – 1980-2035 (EM
BTOE) [27] ............................................................................................... 1
FIGURA 1.2 – PRODUÇÃO, CONSUMO E EXPORTAÇÃO DE PETRÓLEO NO BRASIL – 2007-
2035 (EM MILHÕES DE BOED) [28] ............................................................ 2
FIGURA 1.3 – METAS DE PRODUÇÃO DE ÓLEO E GÁS DA PETROBRAS EM MIL BOED [40]..... 2
FIGURA 1.4 – ILUSTRAÇÃO DOS RESERVATÓRIOS NAS CAMADAS PRÉ-SAL E PÓS-SAL .......... 3
FIGURA 1.5 – PRODUÇÃO DE ÓLEO, LGN E CONDENSADO NO BRASIL (EM TERRA E POR
LÂMINA D'ÁGUA), PROFUNDIDADES EM METROS [42] .................................... 3
xii
FIGURA 3.9 – ACABAMENTO DOS ARAMES DA ARMADURA DE TRAÇÃO .............................. 27
FIGURA 3.10 – REALIZAÇÃO DA VEDAÇÃO EXTERNA ......................................................... 27
FIGURA 3.11 – INJEÇÃO DE RESINA EPÓXI ....................................................................... 28
FIGURA 3.12 – ESQUEMA DA DOBRA DOS ARAMES DURANTE A MONTAGEM DO CONECTOR 29
FIGURA 3.13 – CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES NA ENTRADA DO CONECTOR ....................... 29
FIGURA 3.14 – RUPTURA DE ARAMES EM CONECTOR DE TOPO DE RISER [37] ................... 30
FIGURA 3.15 – MODELOS DE ANCORAGENS UTILIZADOS CONCRETO PROTENDIDO [31] ...... 30
FIGURA 3.16 – MODELOS DE ANCORAGENS UTILIZADOS EM ARAMES DA ARMADURA DE
TRAÇÃO DE DUTOS FLEXÍVEIS................................................................... 31
FIGURA 4.12 – CORPOS DE PROVA APÓS ENSAIO DE TRAÇÃO NA RESINA EPÓXI ................ 46
FIGURA 4.13 – CORPOS DE PROVA PARA ENSAIO DE ADESÃO ........................................... 47
FIGURA 4.14 – MOLDE DOS CORPOS DE PROVA PARA ENSAIO DE ADESÃO ........................ 47
FIGURA 4.15 – CORPO DE PROVA POSICIONADO NA MÁQUINA DE ENSAIOS ........................ 48
FIGURA 4.16 – CURVA “CARGA VS DESLOCAMENTO” TÍPICA OBTIDA NO ENSAIO DE ADESÃO
ENTRE RESINA E ARAME ........................................................................... 48
FIGURA 4.17 – ENSAIO PARA MEDIÇÃO DA TEMPERATURA DE CURA DA RESINA EPÓXI ....... 49
xiii
FIGURA 4.18 – CURVA DE TEMPERATURA DURANTE A CURA DA RESINA EPÓXI................... 50
FIGURA 4.19 – DOBRA DO ARAME DA ARMADURA DE TRAÇÃO. RAIO 10MM E Α ≈ 90º......... 51
FIGURA 4.20 – ARAME INSTRUMENTADO COM EXTENSÔMETRO LONGITUDINAL. ................. 51
FIGURA 4.21 – LOCALIZAÇÃO DOS EXTENSÔMETRO. TSD – EXTENSÔMETRO FACE CÔNCAVA;
TSF – EXTENSÔMETRO FACE CONVEXA (DIMENSÕES EM MM). ................... 52
FIGURA 4.22 – HISTÓRICO DE DEFORMAÇÃO DURANTE O PROCESSO DE DOBRA DO ARAME
NO EXPERIMENTO. ................................................................................... 52
FIGURA 4.30 – CORPOS DE PROVA UTILIZADOS NOS ENSAIOS PARA CURVA SN DO ARAME
RETIRADO DO DUTO ................................................................................. 56
xiv
FIGURA 5.14 – VARIAÇÃO DA CURVATURA E TORÇÃO DO ARAME DEFORMADO NA ENTRADA
DO CONECTOR AO SER APLICADA UMA TENSÃO NO ARAME [60] .................. 80
BACK..................................................................................................... 107
xv
FIGURA 6.21 – ARAME NA POSIÇÃO DE MONTAGEM E POSICIONAMENTO DOS
EXTENSÔMETROS .................................................................................. 109
FIGURA 6.41 – GRÁFICO DE TENSÃO NO ARAME PARA O CASO BASE (R50TH5) – ETAPAS DE
MONTAGEM E CARGA DE RELAXAÇÃO ..................................................... 122
FIGURA 6.42 – GRÁFICO DE TENSÃO NO ARAME PARA O CASO BASE (R50TH5) – ETAPA DE
CARREGAMENTOS ................................................................................. 123
FIGURA 6.43 – PREDIÇÃO DAS TENSÕES – MÉTODO ANALÍTICO VS MÉTODO NUMÉRICO ... 124
xvi
FIGURA 6.44 – GRÁFICO COM OS VALORES DOS FATORES DE CONCENTRAÇÃO DE TENSÃO
PARA A TENSÃO ALTERNADA E SUAS RESPECTIVAS LINHAS DE TENDÊNCIA 128
FIGURA 6.45 – CURVAS DE TENDÊNCIA DOS COEFICIENTES DA FUNÇÃO LOGARÍTMICA .... 129
FIGURA 6.46 – CURVAS DE TENDÊNCIA DOS VALORES DE SCF_ΣMED ............................... 131
FIGURA 7.1 – TESTE DINÂMICO DE TRAÇÃO-TRAÇÃO ...................................................... 134
FIGURA 7.2 – DANOS CALCULADOS PARA OS TESTES DE TRAÇÃO-TRAÇÃO ..................... 136
FIGURA 7.3 – REPRESENTAÇÃO DO COMPORTAMENTO DOS ARAMES .............................. 138
FIGURA 7.4 – FLUXOGRAMA DE CÁLCULO DAS ARMADURAS DE TRAÇÃO DENTRO DO
CONECTOR ............................................................................................ 141
FIGURA 8.1 – END FITTING MONTÁVEL SEM PLASTIFICAÇÃO DAS ARMADURAS DE TRAÇÃO143
FIGURA 8.2 – VISÃO TRIDIMENSIONAL DO CONECTOR FOLDLESS .................................... 145
FIGURA 8.3 – AMOSTRA DE DUTO FLEXÍVEL UTILIZADA NO TESTE DO CONECTOR FOLDLESS
............................................................................................................. 146
FIGURA 8.4 – CONECTOR FOLDLESS MONTADO EM DUTO FLEXÍVEL DE 6 POLEGADAS [33]147
FIGURA 8.5 – INSERÇÃO DO MIOLO DO CONECTOR SOB AS ARMADURAS DE TRAÇÃO ....... 147
FIGURA 8.6 – POSICIONAMENTO DO ANEL E ATIVAÇÃO DA VEDAÇÃO INTERNA ................. 148
FIGURA 8.7 – DETALHE DO FLANGE DE ATIVAÇÃO DA VEDAÇÃO INTERNA COM O ACESSO
PARA O TESTE DE PRESSÃO ................................................................... 148
FIGURA 8.18 – VISÃO GERAL DA RESINA EPÓXI E DISTRIBUIÇÃO DA ARMADURA EXTERNA. 158
FIGURA 8.19 – ARMADURA EXTERNA DE TRAÇÃO DURANTE A DISSECAÇÃO. .................... 158
FIGURA 8.20 – ARMADURA INTERNA DE TRAÇÃO DURANTE A DISSECAÇÃO. ..................... 159
FIGURA 8.21 – REGIÃO DA AMOSTRA COM CORROSÃO GENERALIZADA NO CORPO TUBULAR
............................................................................................................. 160
xvii
FIGURA 8.22 – ARAMES ROMPIDOS NA REGIÃO DO CORPO TUBULAR............................... 160
FIGURA 8.23 – A) MARCAS DE PRAIA, TÍPICAS DE CRESCIMENTO DE TRINCA POR FADIGA; B)
FRENTE DE TRINCA POR FADIGA INICIADA EM UM DEFEITO SUPERFICIAL
(AUMENTO DE 10X) ............................................................................... 161
FIGURA 8.24 – VISTA LATERAL DA FRATURA DA FIGURA 8.23 ......................................... 161
FIGURA 8.25 – REGIÕES DE PROPAGAÇÃO DE TRINCA POR FADIGA 1 E 2 ........................ 162
FIGURA 8.26 – DETALHE DO CRESCIMENTO DE TRINCA POR FADIGA (REGIÃO 1) .............. 162
FIGURA 8.27 – PEQUENO DEFEITO ATUANTE COMO CONCENTRADOR DE TENSÕES, PONTO
DE INICIAÇÃO DA TRINCA INDICADA NO DETALHE 1. .................................. 163
FIGURA 9.1 – CONECTOR FOLDLESS SEM MIOLO E COM DIÂMETRO EXTERNO REDUZIDO .. 169
xviii
ÍNDICE DE TABELAS
TABELA 7.3 – FATORES DE UTILIZAÇÃO ADMISSÍVEIS PARA END FITTINGS [48] ................ 139
TABELA 8.1 – DADOS DA ESTRUTURA UTILIZADA NO TESTE DO CONECTOR FOLDLESS...... 146
TABELA 8.2 – CARREGAMENTOS DO TESTE DE ANCORAGEM .......................................... 151
TABELA 8.3 – COEFICIENTES DE VARIAÇÃO DAS DEFORMAÇÕES NOS ARAMES DAS
ARMADURAS DE TRAÇÃO OBTIDOS EM TESTES COM CARGAS AXISSIMÉTRICAS
............................................................................................................. 154
TABELA 8.4 – CARREGAMENTOS DO TESTE DE TRAÇÃO-TRAÇÃO .................................... 156
TABELA 8.5 – DANO ACUMULADO DE FADIGA CALCULADO PELO MÉTODO ANALÍTICO ATÉ A
FALHA DA AMOSTRA ............................................................................... 157
xix
SIMBOLOGIA
n – número de arames
Pi – Pressão interna
Pe – Pressão externa
xx
R_SN – Razão de carregamento com a qual a curva SN foi levantada
t – Espessura do arame
do arame
UF_OLT – Fator de utilização das tensões induzidas no arame durante o OLT ou FAT
w – Largura do arame
máxima
xxi
GREGO
do duto
na entrada do conector
na entrada do conector
xxii
GLOSSÁRIO
Anular – Região do duto flexível situada entre a camada plástica externa e a camada
plástica mais interna.
End Fitting – Conector de uma linha flexível, onde cada camada da linha é fixada
individualmente a fim de garantir sua integridade estrutural e funcional, além de
possibilitar a conexão a outros equipamentos ou trechos de linha.
Flowline – Linha flexível de uso estático. São assentadas no fundo do mar e conduzem
óleo e/ou gás ou, ainda, servem para injetar água no poço produtor.
Kink – Vinco na armadura de tração causado pelo dobramento do arame sem controle
de curvatura.
xxiii
Lingada - Composição utilizada na instalação (pullin) de risers flexíveis, a qual é
composta pelo cabo de puxada, enrijecedor de curvatura (bend stiffener), Cabo fusível,
end fitting (conector), cabeça de tração e acessórios de conexão.
Riser - Linha flexível que ascende do leito marinho até a plataforma, interligando as
linhas estáticas (flowlines) ao sistema flutuante de produção.
xxiv
Capítulo 1. INTRODUÇÃO
1
Figura 1.2 – Produção, consumo e exportação de petróleo no Brasil – 2007-2035
(em milhões de BOED) [28]
Figura 1.3 – Metas de produção de óleo e gás da Petrobras em mil BOED [40]
2
Figura 1.4 – Ilustração dos reservatórios nas camadas pré-sal e pós-sal
Figura 1.5 – Produção de Óleo, LGN e Condensado no Brasil (em terra e por lâmina
d'água), profundidades em metros [42]
3
Neste contexto, cresce a importância de alguns componentes estruturais como
é o caso dos dutos flexíveis e seus acessórios, necessários para condução de
diversos fluidos, mas que, atualmente, representam um dos maiores desafios
tecnológicos desta indústria. Para se ter uma idéia da importância deste tipo de
equipamento, a Petrobras [41] prevê uma demanda de 4.000 km de dutos flexíveis
para seus projetos nos próximos anos a fim de atender às metas de produção do
plano de negócios da empresa.
1.2. Motivação
4
O comportamento estrutural dos arames da armadura de tração dentro do
conector é completamente diferente do corpo tubular do duto flexível e o entendimento
da distribuição de tensões dos arames nesta seção é de fundamental importância para
a determinação da vida útil da estrutura como um todo.
Seção crítica:
Deformação plástica
durante a montagem
5
fábrica ou a bordo de um navio. Da forma como o projeto do conector é, atualmente,
concebido pelos fabricantes de dutos flexíveis, o montador durante o processo de
montagem precisa dobrar (“descabelar”) os arames das armaduras de tração (Figura
1.8) para poder acessar as camadas mais internas do duto e fazer a vedação da
camada plástica interna.
Concluída a etapa de vedação da camada plástica, o montador retorna os
arames para a posição de montagem sobre a terminação do conector, onde os
mesmos serão ancorados pela resina epóxi a ser injetada. Neste momento, ocorre
novamente a plastificação do aço, porém, no sentido contrário do inicial.
Em função desse dobramento (vai e vem) forçado, ocorre a plastificação do
aço, induzindo curvaturas excessivas e tensões residuais elevadas nestes arames.
Além disto, a plastificação e as descontinuidades geométricas ocorrem exatamente na
seção mais solicitada do riser.
6
Figura 1.9 – Etapas de dobra e retorno das armaduras de tração durante a
montagem de um conector de duto flexível
Vê-se, então, que as terminações de topo de risers são, hoje, uma questão
crítica para o gerenciamento de integridade de dutos flexíveis. Sendo assim, a
indústria vem buscando cada vez mais conhecimentos necessários para o
desenvolvimento de tecnologias que sejam capazes de aprimorar o desempenho
estrutural dos risers e seus acessórios.
Estes desafios passam a ser ainda maiores se for observado o cenário futuro
da explotação de petróleo, com destaque para o Brasil, com a produção das reservas
na camada do pré-sal. Neste cenário, será necessária a utilização de risers flexíveis
em aplicações com fluidos de composição química mais agressiva, maiores
profundidades e em condições de alta pressão e alta temperatura.
7
desenvolvido e patenteado um novo conceito de conector cuja montagem dispensa a
dobra dos arames exatamente na região mais solicitada, uma vez que a vedação da
camada estanque interna será ativada em uma região externa à resina de ancoragem.
Neste caso, a vedação e a ancoragem das armaduras são feitas independentemente
uma da outra e, assim, fica dispensada a necessidade de dobramento das mesmas.
1.3. Objetivo
8
conector. Neste capítulo, propõe-se, ainda, uma metodologia de cálculo
baseada em resultados paramétricos obtidos a partir deste modelo
numérico.
• No sétimo capítulo, as metodologias propostas nos capítulos anteriores
são validadas a partir de testes dinâmicos de tração-tração em escala
real. Além disto, são apresentados os principais requisitos de projeto
relativos a conectores adotados pela indústria.
• No oitavo capítulo, propõe-se uma nova tecnologia de conectores de
dutos flexíveis.
• O nono capítulo é destinado às conclusões.
9
Capítulo 2. Tecnologia de Dutos Flexíveis
O termo vertical aqui empregado não deve ter uma interpretação rigorosa, uma
vez que a distância entre a UEP e o ponto de conexão ao flowline, aliada ao peso do
próprio riser, obriga que este trecho assuma uma configuração substancialmente curva
conhecida como catenária.
Existem no mercado basicamente dois tipos de risers: os rígidos e os flexíveis.
As instalações offshore cada vez mais vêm utilizando dutos flexíveis para aplicações
como risers, por causa da sua boa flexibilidade e elevada rigidez axial proporcionada
pela armadura de tração. Essa característica faz com que o duto flexível, mesmo de
grande diâmetro, possa ser estocado e transportado em carretéis ou mesmo em
cestas disponíveis em algumas embarcações do tipo PLSV (Pipeline Laying Support
Vessel) [11]. A facilidade de manuseio e o baixo custo de instalação possibilitam a
antecipação de produção e a otimização do layout submarino.
Os dutos flexíveis utilizados para aplicações como risers são comumente
chamados de risers flexíveis e, portanto, doravante, o trecho do duto flexível
conectado à UEP poderá ser denominado riser flexível.
10
flexibilidade, propriedade desejável em dutos utilizados para transporte de
hidrocarbonetos em ambientes offshore.
Carcaça intertravada
Armadura de pressão
11
Carcaça interna intertravada de aço
Armadura de pressão
12
Armadura de tração
Camadas adicionais
2.2. Acessórios
13
2.2.1. O Conector de Duto Flexível
A terminação de topo dos risers flexíveis é conhecida no jargão técnico por end
fitting ou conector. Este acessório (Figura 2.3) é responsável por receber os esforços
axiais da linha e transmiti-los à UEP, ao mesmo tempo em que assegura a
estanqueidade do fluido transportado.
14
Figura 2.4 – Enrijecedor de curvatura ou bend stiffener (adaptado de [52])
Tanto o suporte cônico (Figura 2.5) quanto o suporte tipo castelo (Figura 2.6)
são caracterizados pelo fato do enrijecedor de curvatura ficar acoplado ao conector.
Sendo assim, todos os carregamentos do riser (tração, momentos fletores e esforços
cortantes) são transmitidos para UEP em um único ponto. Do ponto de vista do
comportamento estrutural do conector, este não só recebe o esforço de tração, mas
também parte do momento fletor e esforço cortante oriundos do enrijecedor.
15
E - Conector
A – Hang off
B – Bend stiffener
E - Conector
A – Hang off
B – Bend stiffener
16
2.3.2. I-tube
A Figura 2.8 ilustra a lingada de um riser com seus acessórios e o kit de pull in.
O cabo de puxada é passado pelo interior do I-tube e conectado ao guincho da UEP.
Em seguida, inicia-se o tracionamento da lingada até o instante em que o capacete do
enrijecedor de curvatura (bend stiffener) é fixado, concentricamente, na boca de sino
(BSN) ou bell mouth (Figura 2.9b), com o travamento dos dogs. Uma vez o enrijecedor
de curvatura estando preso à boca de sino, a lingada continua sendo puxada até que
os cabos fusíveis se rompem por sobrecarga e o riser passa, então, a deslizar
livremente pelo enrijecedor de curvatura até o conector atingir o topo do balcão
(balcony). Neste momento, o conector é fixado na parte superior do I-tube através de
um dispositivo bipartido chamado hang off (Figura 2.9a).
17
1 – Riser
2 – Enrijecedor de curvatura (Bend stiffener)
3 – Cabo fusível
4 – Conector ou End Fitting
5 – Cabeça de tração ou Pull head
6, 7, 8 – Acessórios de conexão
9 – Cabo de puxada
18
Figura 2.9 – (a) hang off; (b) Boca de Sino (Bell mouth)
19
Hang off
End fitting
Riser
Boca de Sino
I-tube (bottom)
Bend Stiffener
Boca de Sino
20
Capítulo 3. O Conceito Atual - Estado da Arte
3.1. O Projeto
21
Figura 3.2 – Exemplo de end fitting da API RP 17B [3]
22
1 – Terminação ou Miolo é o componente em aço forjado onde é feita a
ancoragem da carcaça e da camada de pressão. Em uma das extremidades da
terminação está o flange que faz a conexão com a tubulação rígida da plataforma;
2 – Capa ou Jaqueta também é uma peça em aço forjado e que pode ser
roscada na terminação ou fixada com parafusos;
3 – Anel de vedação interno é a peça responsável pela vedação da camada
estanque interna. Quando o flange dianteiro é comprimido contra a terminação, o anel
de vedação deforma-se radialmente contra a camada plástica interna conferindo
estanqueidade ao conjunto;
4 – Flange dianteiro é o componente que faz a ativação da selagem da barreira
de vedação e também pode ser usado para a ancoragem da armadura de pressão;
5 – Anel de vedação externo é a peça responsável pela vedação e ancoragem
da capa plástica externa;
6 – Cânula ou cunha de expansão é uma peça em aço colocada entre a última
camada da armadura de tração e a capa externa do tubo. A função deste componente
é regularizar a superfície de contato com a capa externa, servindo de suporte para
uma vedação e ancoragem adequadas, uma vez que a superfície de contato das
armaduras de tração é irregular em razão da geometria e dos espaços entre os
arames;
7 – Flange traseiro é o componente responsável pela fixação e ativação da
selagem da camada externa de polímero;
8 – Resina epóxi é o material que preenche o espaço vazio formado pela capa,
terminação e os arames, fazendo a ancoragem das armaduras de tração
23
• Corte da camada plástica externa, da camada de isolamento térmico
(se houver) e das fitas de alta resistência (anti flambagem);
• Soldagem da armadura de pressão;
• Corte da armadura de pressão.
Figura 3.4 – Corte da camada plástica externa e bloqueio das camadas metálicas
24
3.2.3. Dobramento dos arames da armadura de tração
25
Figura 3.7 – Imobilização e corte da armadura de pressão
26
• Inspeção da arrumação dos fios sobre a terminação;
• Montagem dos tubos do sistema de drenagem de gás;
27
3.2.8. Injeção de resina epóxi
28
Quando o arame é tracionado, a curvatura residual tende a ser retificada e
elevadas tensões de flexão surgem no arame (Figura 3.13). Esta concentração de
tensão de forma cíclica contribui prejudicialmente para a vida à fadiga do riser.
Posição livre
29
Todo esse procedimento de dobra e retorno das armaduras de tração,
juntamente com a concentração de tensão que ocorre nessa região, acelera o
processo de fadiga dos arames podendo culminar na falha prematura do riser, como
exemplificado na Figura 3.14.
30
a) Gancho ou hook b) torção ou twist c) ondulações ou crimping
31
Em relação à definição de critérios de projeto e requisitos de qualificação
específicos para o sistema de ancoragem das armaduras de tração nos conectores de
dutos flexíveis, as normas internacionais são omissas. Dada esta lacuna, a Petrobras
estabeleceu, em suas especificações técnicas, critérios e requisitos complementares.
Os documentos I-ET-3010.00-1500-960-PPC-013_RevB – General End Fittings
Requirements [48] e I-ET-3010.00-1500-960-PPC-014_RevA – Alternative End Fittings
Design [49] definem os critérios de projeto para o sistema de ancoragem do duto
flexível no interior do end fitting.
O documento I-ET-3500.00-6500-291-PAZ-001 - Non Standard Prototype Tests
Rev F [44] especifica o teste de tração-tração e os requisitos necessários para a
qualificação do conector. No teste de tração-tração, uma amostra da estrutura do riser
com os conectores é submetida a carregamentos axiais cíclicos que são
representativos da aplicação em campo.
32
Shen et al [53] desenvolveram um modelo numérico para análise de fadiga com
o objetivo de avaliar o dano à fadiga no arame da armadura de tração ao longo de
todo o seu comprimento dentro de um conector. O arame é considerado embebido na
resina epóxi e algumas condições de carregamento foram levadas em conta,
juntamente com uma análise da interação entre estes dois materiais. Este modelo
também parametriza a condição da adesão entre o arame e a resina epóxi, redefinindo
uma região descolada entre o arame e a resina epóxi dentro do conector. Além disso,
alguns ensaios em escala reduzida foram realizados para validar o modelo da análise
por elementos finitos. Os autores sugerem uma maneira de simular os esforços
atuantes e de prever o dano à fadiga dos arames da armadura de tração dentro de um
conector para um duto flexível.
Xavier [62] propõe a avaliação de um novo modelo de conector para dutos
flexíveis. Para a definição do novo modelo de ancoragem, o autor realizou uma análise
numérica simplificada em dois modelos de ancoragens, com o objetivo de verificar as
distribuições das tensões ao longo desses arames dentro do conector quando
embebido pela resina epóxi. Esta análise destacou as regiões ao longo dos arames
onde havia concentrações de tensões. Utilizando-se dessas informações, foi
desenvolvida uma nova configuração para o arame dentro da resina de maneira a
minimizar esses concentradores de tensão permitindo, assim, que o modelo de
ancoragem proposto tenha um melhor desempenho em fadiga. Para tanto, as
verificações desses modelos, feitas através do método dos elementos finitos (MEF) e
validadas através de ensaios experimentais em escala reduzida, mostraram que o
modelo proposto apresentou redução da concentração de tensão quando comparados
aos modelos comerciais. O autor, entretanto, concentrou-se apenas na parte estrutural
e nada propôs para atender ao requisito de estanqueidade do duto no conector.
Bueno [14] avalia as tensões atuantes no conjunto conector e duto flexível
durante ensaios com carregamentos axiais de tração e fadiga, utilizados normalmente
em processos de qualificação de dutos. Além de ensaios experimentais, foram
construídos modelos sólidos tridimensionais, baseados no MEF, para análise das
tensões. Os resultados do modelo numérico possibilitaram um melhor entendimento
das variações de tensões nas armaduras de tração na interface com os conectores.
Bueno [14], assim como Xavier [62], concentrou seus estudos na parte
estrutural da ancoragem das armaduras de tração, não tendo sugerido soluções para
a vedação do duto dentro da terminação.
Campello et al [19] avaliam o comportamento das tensões nos arames da
armadura de tração dentro do conector. Para tal, os autores analisaram resultados de
simulações numéricas e de testes de qualificação em escala real.
33
Vardaro et al [59] apresentam um modelo analítico para avaliar a ancoragem
dos arames e verificar a fadiga das armaduras de tração dentro do conector.
Sousa et al [57] discutem as tensões nos arames da armadura de tração no
conector a partir de um modelo bidimensional de elementos finitos. Os autores
conduziram um estudo paramétrico para investigar a influência de alguns parâmetros
no estado de tensão ao longo do arame na ancoragem: o contato entre a resina e o
arame, o módulo de elasticidade da resina e o nível de tensão induzido durante os
testes de comissionamento da linha.
3.4.3. Patentes
34
Outra patente norte-americana, número US 6.923.477 de autoria de Buon &
Berton [17], pertencente à Technip e publicada em 02 de Agosto de 2005, refere-se a
um conector para dutos flexíveis multicamadas com um selo interno.
A Figura 3.18 mostra o desenho do objeto desta patente. Neste caso, a
extremidade dos arames é dobrada 180 graus formando uma ancoragem denominada
gancho.
35
Uma patente do LAMEF/UFRGS, número BRPI 0706184-A2 de autoria de
Bueno et al. [15], com data de publicação de 05 de maio de 2009, refere-se a um
conector de duto flexível com tiras torcidas e dobradas, como mostrado na Figura
3.20.
Por fim, mais uma patente do LAMEF/UFRGS com número BRPI 0704349-0A2
de autoria de Xavier et al. [63], com data de publicação de 05 de maio de 2009, propõe
uma terminação com um novo modelo de ancoragem dos arames da armadura de
tração de dutos flexíveis. Neste caso, os arames são dobrados em forma de “L” e
terminados em uma cavidade com resina epóxi.
36
Figura 3.22 – Croquis da patente BRPI0704349-0A2 [63]
37
conector, que podem levar a consequências como a redução da capacidade estrutural
ou até a falhas catastróficas.
Cabe destacar aqui que, como o sistema riser/conector trabalha em condições
de carregamento dinâmico, as principais falhas observadas em risers em operação e
em testes de qualificação estão relacionadas à fadiga dos arames das armaduras de
tração do duto e não das peças dos conectores em si.
38
Capítulo 4. Caracterização dos Materiais e Ensaios em
Escala Reduzida
4.1.1. Geometria
39
Tiras retas desses arames, retiradas diretamente das bobinas, ou seja, antes
de serem conformadas helicoidalmente, foram utilizadas na fabricação dos espécimes
para ensaio de tração. A Figura 4.2 apresenta os espécimes após usinagem. A
geometria utilizada é definida pela norma ASTM E008M [6]. A Figura 4.3 mostra um
corpo de prova durante o ensaio de tração uniaxial.
40
Figura 4.4 – Curvas tensão vs deformação verdadeira do material do arame da
armadura de tração
41
Figura 4.5 – Relação tensão X deformação do arame na região plástica do ensaio de
tração
42
Figura 4.6 – Geometria dos corpos de prova para testes de compressão e tração axiais
(dimensões em mm)
43
Figura 4.8 – Configuração do ensaio de compressão da resina epóxi
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
44
Tabela 4.2 – Propriedades mecânicas obtidas dos ensaios de compressão na resina
epóxi
Módulo de
Tensão Máxima
Material Elasticidade
(MPa)
(MPa)
Resina Epóxi 3738 109
45
70
60
50
Tensão (MPa)
40
30
Amostra 1
CP17
20
CP18
Amostra 2
10 CP19
Amostra 3
0
0 0.002 0.004 0.006 0.008 0.01
Deformação (mm/mm)
Esta seção destina-se à discussão dos resultados dos testes realizados com o
objetivo de avaliar a interação entre a resina e o arame.
4.3.1. Ensaios
46
embebido dentro de um volume de resina e, após sua cura, o mesmo é tracionado até
que o deslocamento entre os dois materiais ocorra. Valores de carga e deslocamentos
são monitorados durante todo o teste.
Os corpos de prova (Figura 4.13) foram moldados de acordo com o desenho da
Figura 4.14. A Figura 4.15 apresenta um corpo de prova posicionado na máquina
durante a realização do teste.
As propriedades desta interação, tais como tensão de cisalhamento e
coeficiente de atrito, serão aplicadas em modelos apresentados mais adiante nesta
tese.
L1
D
t
L
47
partir daí, a carga tende a um patamar constante, no qual somente o atrito entre a
resina e o arame está atuando. De posse da carga do patamar, são extraídos,
calibrando-se o modelo numérico, os valores do coeficiente de atrito e da tensão de
cisalhamento oriunda do atrito entre resina e arame.
2º descolamento
1º descolamento
48
Esta característica de descolamento em mais de um estágio evidencia que a
quebra da adesão química entre os materiais ocorre de forma progressiva, desde a
região da entrada até a extremidade do arame, à medida que crescem as tensões de
cisalhamento atuantes na interface.
49
máximo. Posteriormente, inicia-se o processo de resfriamento lento, quando a
temperatura tende, não linearmente, para a temperatura ambiente.
Para efeito de simulação numérica, considerou-se que a resina atingiu uma
temperatura de 60ºC no experimento e que o ensaio foi realizado em temperatura de
20ºC.
Vale a pena destacar que, em uma montagem de um conector em escala real,
a temperatura de cura do epóxi pode atingir valores maiores que os obtidos neste
ensaio, tendo em vista que o volume de resina injetado, no conector, é maior.
50
Os fabricantes de dutos flexíveis utilizam, em suas montagens de conectores,
gabaritos para controle de raio de curvatura com dimensões variadas. O raio deste
molde pode variar de 10mm até 80mm. Em alguns casos, como por exemplo, conector
para flowlines, o gabarito, por vezes, sequer é usado. Sendo assim, para efeito de
calibração do modelo numérico, apresentado no Capítulo 6. , decidiu-se ensaiar a
situação de dobramento com o raio mais crítico (10 mm).
Na primeira etapa do experimento, o arame foi conformado sob um raio de
dobra de 10 mm e um ângulo de aproximadamente 90º (Figura 4.19).
A deformação longitudinal do arame foi monitorada por meio de extensômetros
colados na região de interesse (Figura 4.20). A Figura 4.21 apresenta a localização
aproximada dos pontos de medição.
O gráfico da Figura 4.22 apresenta o histórico de deformação durante a
conformação do arame. A oscilação de sinal observada na curva deve-se ao fato da
conformação ter sido realizada manualmente. O valor de deformação selecionado
como base para comparação com o modelo numérico refere-se ao pico de máxima
deformação, cujo valor é aproximadamente 100.000 µm/m.
Gabarito para
controle de
raio
51
Figura 4.21 – Localização dos extensômetro. TSD – extensômetro face côncava;
TSF – extensômetro face convexa (dimensões em mm).
Máxima deformação
52
Etapa 1
Etapa 2
Etapa 3
Etapa 4
53
A Figura 4.26 traz a foto do arame posicionado e fixado no modelo de conector
(etapa 3). Nesta condição, pode-se visualizar a geometria do arame na situação de
montagem.
Por fim, na etapa 4, o arame é liberado na sua extremidade com o intuito de
medir a deformação causada pelo retorno elástico, fenômeno denominado no meio
técnico de springback. A Figura 4.27 mostra o arame após a liberação da extremidade.
Este processo foi inteiramente acompanhado por monitoração contínua dos
extensômetros colados na região da dobra.
54
Figura 4.27 – Arame após liberação da extremidade apresentando retorno elástico
ou springback (etapa 4)
14000
Etapa 3
12000
10000
8000
DEFORMAÇÃO (µm/m)
6000
4000
TSF CH=5
2000 TSD CH=6
0 Etapa 4
0 100 200 300 400 500 600
-2000
-4000
-6000
-8000
-10000
Etapa 3
TEMPO (s)
55
4.5. Curva SN
Figura 4.29 – Corpos de prova utilizados nos ensaios para curva SN do arame
dobrado
Face externa
Face interna
Figura 4.30 – Corpos de prova utilizados nos ensaios para curva SN do arame
retirado do duto
56
Figura 4.31 – Curvas SN para os arames da armadura de tração
N = ∆σ − m ⋅ 10 k (4.1)
onde:
N – número de ciclos até a falha
m – inclinação da curva
∆σ - variação de tensão em MPa
k = log A = log A − 2 ⋅ S , sendo que log A é o log N da curva na interseção com
eixo das abcissas e S é desvio padrão de log N .
Uma questão importante relativa à curva SN e que deve ser observada quando
da avaliação de fadiga de dutos flexíveis refere-se à consideração de limite de
resistência à fadiga (LRF) do material. Segundo as normas internacionais [3] e [29], o
limite de resistência à fadiga só deve ser considerado no cálculo dessas estruturas se,
durante todo o tempo de operação do duto, nenhum carregamento induzir variação de
tensão acima do mesmo. Ademais, para número de ciclos maior que 107, a norma BS
7608 [13] recomenda o uso de uma segunda reta com inclinação m2=m1+2, sendo m1
57
a inclinação da reta para N<107. Dessa forma, as curvas de fadiga levantadas no ar,
utilizadas neste trabalho, serão definidas com duas inclinações sendo o “cotovelo”
estabelecido em N=107.
Os resultados dos ensaios dinâmicos do material realizados para levantamento
das curvas SN (ilustradas no gráfico da Figura 4.31) indicaram duas constatações:
• A curva do arame dobrado tem inclinação muito parecida com a
inclinação da curva do arame do corpo tubular. Ambas as retas
paralelamente ajustadas para os pontos levantados apresentaram
inclinações muito próximas de 4, valor este definido para m1.
• A curva do arame dobrado apresentou um deslocamento para esquerda
confirmando que o processo de montagem degrada o desempenho à
fadiga do material. A redução de vida é da ordem de pelo menos duas
vezes.
A Tabela 4.4 apresenta os parâmetros das curvas SN que serão usadas para
validação das metodologias de projeto propostas nos capítulos seguintes.
58
Capítulo 5. Modelo Analítico
Através destes três efeitos, as trações nos arames das armaduras, resultantes
dos esforços e pressões atuantes no tubo, são transferidas para a resina e, por
conseguinte, para as demais partes metálicas (terminação e capa) do conector.
Neste capítulo, será apresentado um modelo analítico para análise estrutural
do duto flexível dentro do conector.
Antes de detalhar modelo analiticamente, é importante citar as principais
hipóteses consideradas:
• A resina envolve toda a superfície do arame, ou seja, não há vazios ou
trincas na mesma e nem região de contato entre arames;
• Não há adesão entre a superfície do arame e a resina, apenas atrito;
• O arame está livre de tensão residual oriunda do processo de
fabricação do duto flexível;
• Os carregamentos axiais aplicados no duto são igualmente distribuídos
entre todos os arames das armaduras de tração.
• Eventuais tensões de cisalhamento são desprezadas;
• O modelo é geometricamente linear. As partes metálicas do conector e
a resina são rígidas;
• O material do arame é plástico perfeito;
59
5.1. Geometria do Arame dentro do Conector
Φcd
Φct
60
A geometria dos arames descreve então um helicóide assentado sobre um
tronco de cone. A Figura 5.3 representa um arame da armadura de tração com ângulo
de assentamento, α, sobre um tronco de cone. Seja o sistema de eixos xyz com
origem no centro do diâmetro menor do cone. A posição de um ponto do arame da
armadura é dada por:
y
α
x
r0 rL
y = r ⋅ senθ (5.1)
z = r ⋅ cosθ (5.2)
r = r0 + x ⋅ tgϕ (5.3)
dS 2 = dx 2 + dy 2 + dz 2
61
dy 2 dz 2
dS = 1 + + ⋅ dx 2
2
(5.7)
dx dx
sendo que:
r0
dx = ⋅ dθ (5.8)
tgα
tg α (5.9)
dy = sen θ ⋅ tg ϕ ⋅ dx + ( r0 + x ⋅ tg ϕ ) ⋅ cos θ ⋅ ⋅ dx
r0
tgα (5.10)
dz = cosθ ⋅ tgϕ ⋅ dx − (r0 + x ⋅ tgϕ ) ⋅ senθ ⋅ ⋅ dx
r0
x
2
dS 2 = 1 + tg 2ϕ + tg 2α 1 + ⋅ tgϕ ⋅ dx 2 (5.11)
r0
Para um ângulo de cone pequeno, tal que tgϕ ≈ senϕ ≈ ϕ (<10º), a equação
(5.11) pode ser escrita da seguinte forma:
2
x
dS = 1 + tg α 1 + ⋅ ϕ ⋅ dx
2
(5.12)
r0
dv d 2 v
×
d θ dθ 2
Kn = 3
(5.13)
dv
dθ
iiii
jjjj
k
sendo: v=x +y +z
62
Utilizando-se o sistema de referência da Figura 5.3 e as equações (5.4) a (5.6),
obtém-se a expressão para a curvatura normal do arame [59]:
ϕ
1+ ⋅x
r0
Kn =
1 ϕ
2 (5.14)
r0 ⋅ 2 + 1 + ⋅ x
tg α r0
dv d 2 v d 3 v
× ×
d θ dθ 2 dθ 3
Kτ = 2 (5.15)
dv d 2 v
×
dθ d θ 2
−1
ϕ 1 ϕ
2
Kτ = r0 ⋅ tgα ⋅ 1 + ⋅ x ⋅ + 1 + ⋅ x (5.16)
r0 tg 2α r0
63
originada a partir da flexão do arame que, quando tracionado, tende a se retificar,
conforme ilustrado na Figura 3.13.
O arame é dobrado em torno do gabarito no sentido contrário ao da sua
conformação de fabricação e, em seguida, liberado. Assim, o mesmo assume uma
configuração livre e estática, cujo raio de curvatura é um pouco maior que o raio do
gabarito. A magnitude da concentração de tensão é, então, função desse raio de
curvatura do arame na sua posição livre (etapa 2 da Figura 4.23).
Considerando-se a seção transversal de um arame da camada de tração de
um duto flexível com largura (w) e espessura (t), o sistema de referência para o cálculo
do raio de curvatura residual é definido conforme Figura 5.4.
y
t
x
w
Posição de equilíbrio /
Free state
sendo,
σ = E ⋅ε (5.18)
t/2
M = E⋅ ∫ε
−t / 2
e ⋅ y ⋅ dy = 0 (5.19)
64
Sabendo-se que a deformação total, ε t , é dada por:
εt = εe + ε p (5.20)
reescrita:
t/2 t/2
M = E ⋅ ∫ ε t ⋅ y ⋅ dy − ∫ ε p ⋅ y ⋅ dy
(5.21)
−t / 2 −t / 2
y
ε ( y) = − (5.22)
R
onde y é a posição da fibra em relação ao eixo neutro do arame.
− Rg ⋅ε y
t/2
y t/2
y
− − ε y ⋅ y ⋅ dy + ∫ −
+ ε y ⋅ y ⋅ dy
∫ε p ⋅ y ⋅ dy = ∫ R R (5.23)
−t / 2 −t / 2 g Rg ⋅ε y g
então:
t/2
ε y3 ⋅ Rg2 ε y ⋅ t 2 t3
∫ p ε ⋅ y ⋅ dy =
−
3
+
4
−
12 ⋅ Rg (5.24)
−t / 2
E ⋅ t3
t/2 t/2
y
∫ ε t ⋅ y ⋅ dy = ∫ −
−t / 2 −t / 2
R R
⋅ y ⋅ dy = −
12 ⋅ RR
(5.25)
65
5.1.4. Curvatura e Variação de Curvatura do Arame na Entrada do
Conector
Esta interseção corresponde a uma elipse que pode ser descrita pela seguinte
expressão:
x´2 y´2
+ 2 =1 (5.27)
a2 b
sendo: a = R e b = R / cos(α ) .
66
Ao mesmo tempo, a curvatura da elipse pode ser deduzida pela expressão [7]:
d 2 x´
dy´2
K= 3 (5.28)
dx´ 2 2
1 +
dy '
( R ⋅ cos(α )) 2
K=
[R ]
3 (5.29)
2
− (sen (α ) ⋅ cos(α ) ⋅ y´) 2 2
67
y max =
1
([5sen 2
]
(α ) − 2 ⋅ [R R cos(α )]
2 2
) (
+ 16 R R sen (α ) cos 2 (α )
2
) [
2
] 2 2
+ 5sen 2 (α ) − 2 ⋅ [R R cos(α )]
8(sen (α ) cos (α ))
2 2
(5.32)
68
Figura 5.8 – Elemento do arame de comprimento ∆x
− F + p ⋅ τ ( x) ⋅ ∆x + F + ∆F = 0 (5.34)
dF ( x ) = p ⋅ τ ( x) ⋅ dx (5.35)
dF ( x) = p ⋅ τ ⋅ dx (5.36)
69
Integrando-se a equação (5.36) e fazendo-se F=F0 para x=0, o comportamento
da força ao longo do comprimento é dado por:
F ( x ) = F0 − p ⋅ τ ⋅ x (5.37)
ou ainda,
F ( x ) = F0 − 2 ⋅τ ⋅ ( w + t ) ⋅ x (5.38)
F ( x) = F0 + 2 ⋅τ ⋅ ( w + t ) ⋅ ( x − x L ) (5.39)
∆T fr = T0 − T ( x) = τ ⋅ p ⋅ x (5.40)
∆T fr = T0 − T ( x) = τ ⋅ p ⋅ x cos α (5.41)
70
F ( x ) = F0 ⋅ e − µ ⋅η ( x ) (5.42)
(
∆Tcap = T0 − T ( x ) = T0 ⋅ 1 − e − µ ⋅η ( x ) ) (5.43)
x Elemento ΔS
do arame
N2
∆θ/2
F
Fat2
Fat1
N1
∆θ/2
∆θ/2
∆θ/2
R = 1/K
F + ∆F
71
F ⋅ cos(∆θ / 2) + Fat1 + Fat2 − ( F + ∆F ) ⋅ cos(∆θ / 2) = 0 (5.44)
∆F = µ1 ⋅ N1 + µ 2 ⋅ N 2 (5.46)
F ⋅ ∆θ = N1 − N 2 (5.47)
As forças normais nas faces do arame podem ser determinadas através das
pressões de contato (Pc) pela seguinte expressão:
N = Pc ⋅ w ⋅ ∆S (5.48)
onde w é a largura do arame. Assim, reescrevendo-se as equações (5.46) e (5.47)
∆F = µ ⋅ F ⋅ ∆θ (5.51)
∆S
∆F = µ ⋅ F ⋅ = µ ⋅ F ⋅ K ⋅ ∆S (5.52)
R
e e
Para a camada de armadura interna, sendo Pc1 e Pc 2 as pressões de contato
nas faces interna e externa do arame da camada de armadura externa,
i i
respectivamente, e Pc1 e Pc 2 as pressões de contato nas faces interna e externa do
72
arame da camada de armadura interna, respectivamente. Sendo assim, as pressões
de contato podem ser escritas da seguinte forma [60]:
Pc e2 = Pc1e − ∆P e (5.53)
Pc i2 = Pc1i − ∆P i (5.54)
e
Considerando-se a hipótese de que Pc 2 = 0, tem-se que:
Pc i2 = Pc1e = ∆P e (5.55)
Pc1i = ∆P i + ∆P e (5.56)
∆F = 3 ⋅ µ ⋅ ∆P ⋅ w ⋅ ∆S (5.58)
F ⋅ ∆θ = ∆P ⋅ w ⋅ ∆S (5.59)
Portanto,
∆F = 3 ⋅ µ ⋅ F ⋅ ∆θ (5.60)
∆S
∆F = 3 ⋅ µ ⋅ F ⋅ = 3 ⋅ µ ⋅ F ⋅ K ⋅ ∆S (5.61)
R
73
cálculo de fadiga dentro do conector são dependentes da deformação do arame, a
camada externa teria um dano à fadiga maior do que a camada interna. Esta
observação condiz com o que tem sido observado nos testes de tração-tração e nas
falhas de campo, onde o número de arames rompidos é maior na camada externa.
Vale observar ainda que o raio de dobramento da camada externa no processo de
montagem do conector é menor que o da camada interna, contribuindo para aumentar
o dano da camada externa em relação à camada interna.
Substituindo-se as equações (5.12) e (5.14) na equação (5.52) tem-se:
ϕ
1+ ⋅x
∆F tg α 2
r0
=µ⋅ ⋅ ⋅ ∆x (5.62)
F r0 ϕ
2
1 + tg α ⋅ 1 + ⋅ x
2
r0
2
µ ϕ
Ln( F ) = ⋅ 1 + tg 2α ⋅ 1 + ⋅ x + C (5.63)
ϕ r0
2
µ ϕ
− ⋅ 1+ tg 2α ⋅ 1+ ⋅ x − sec(α )
ϕ r0 (5.64)
F( x ) = F0 ⋅ e
2
ϕ
η ( x) = ϕ −1
⋅ 1 + tg α ⋅ 1 + ⋅ x − sec(α )
2
(5.65)
r0
74
5.4. Ancoragem Mecânica da Extremidade do Arame
onde, ∆T fr , ∆Tcap , Ttip são as parcelas de carga resultantes do atrito entre a resina e
o arame, do efeito cabrestante e da ancoragem da extremidade do arame,
respectivamente.
75
Substituindo-se as equações (5.41) e (5.43) na equação (5.66) e fazendo-se
x=xL=Lct+Lcd, obtém-se:
( )
T pullout = 1 − e − µ ⋅η ( xL ) ⋅ T pullout + (τ ⋅ p ⋅ x L cos α ) + Ttip (5.67)
ou ainda:
Assim, sendo a tração (Ta) nos arames na direção axial ao tubo dada por
Ta = T ⋅ cos α , onde T é a tração na direção axial do arame, a carga estática máxima
para o tubo é dada por:
n
Ta pullout = ∑ Tpullout ⋅ cos α (5.69)
1
TT − µ ⋅η ( x )
Fw ( x) = ⋅e − 2 ⋅ τ ⋅ ( w + t ) ⋅ x ⋅ sec(α ) (5.71)
n
76
5.7. Tensões atuantes no arame na entrada do conector
L
∆ = ∫ δ ( x) ⋅ dx (5.72)
0
ou ainda,
L
1
∆=
E ⋅ w ⋅ t ⋅ ff ∫F
0
w ( x) ⋅ dx (5.73)
σ EF = σ CT + σ n + σ bτ + σ bα + σ res (5.74)
77
arames (tensão de flexão lateral) e σ res é a tensão residual resultante do processo de
montagem do conector. Cada uma destas parcelas será detalhada nas seções
seguintes.
TT
σ CT = (5.75)
n ⋅ ff ⋅ w ⋅ t ⋅ cos(α )
onde:
TT = T 0 + Pi ⋅ Ai − Pe ⋅ Ae (5.76)
78
tensão, σ CT , ocorre um deslocamento (∆) no arame, na entrada do conector,
1
2
79
n n
P
b w
t
Figura 5.13 – Vetor tangente (t), normal (n) e binormal (b) em um ponto P do arame
[60]
n2
n1 n K20
1 ∆K
b b1
1
K1
φ
φ
t b2
2
80
∆Kb = K1 ⋅ senφ (5.77)
onde ∆Kn é a variação de curvatura no plano normal definido por (t) e (n) e ∆Kb é a
variação de curvatura no plano definido por (t) e (b).
Considerando-se que o deslocamento (∆) do arame entre as posições 1 e 2 é
pequeno, o ângulo de torção (Φ) também é pequeno, de modo que as equações (5.77)
e (5.78) podem ser aproximadas por:
∆Kb = K ⋅ φ (5.79)
∆Kn = K 2 − K1 = ∆K (5.80)
Sendo que a variação de curvatura (∆K) e o ângulo de torção (Φ) podem ser
aproximados pelas seguintes expressões, assumindo-se que o deslocamento total (∆)
é pequeno:
dK dK
∆K = ∫ ds ≈ (s ) ⋅ ∆ (5.81)
ds ds
φ = ∫ Kτ ⋅ ds ≈ Kτ (s ) ⋅ ∆ (5.82)
dK
onde (s ) e Kτ (s ) são a derivada da curvatura normal e a curvatura de torção
ds
para uma posição, s, respectivamente. Reescrevendo-se as equações (5.79) e (5.80)
utilizando-se as equações (5.81) e (5.82) obtém-se:
∆Kb = K ( s ) ⋅ Kτ ( s ) ⋅ ∆ (5.83)
dK
∆Kn = (s ) ⋅ ∆ (5.84)
ds
σn = E ⋅ ∆Kn ⋅ t / 2 (5.85)
81
ou ainda
t dK
σn = E ⋅ ⋅ (s) ⋅ ∆ (5.86)
2 ds
t dK
σn = E ⋅ ⋅ ( y max ) ⋅ ∆ (5.87)
2 ds
dK
onde é dada pela equação (5.30).
ds
w
σbτ = E ⋅ ⋅ K ( s ) ⋅ Kτ ( s ) ⋅ ∆ (5.89)
2
e na posição de máxima curvatura,
w
σbτ = E ⋅ ⋅ K ( y max ) ⋅ Kτ ( x max ) ⋅ ∆ (5.90)
2
onde K e Kτ são dadas pelas equações (5.29) e (5.16) respectivamente.
82
TT
∆L L = (5.91)
EA
1 + ∆R R + φ ⋅ l / 2π
tg (α ' ) = tg (α ) ⋅ (5.92)
1 + ∆L L
tg (α )
tg (α ' ) = (5.93)
1 + ∆L L
tg (α )
∆α = arctg − α (5.94)
1 + ∆L L
83
Mbα
∆α
Τ
EI
Mbα = T ⋅ sen(∆α ) (5.95)
T ⋅ cos(∆α )
EI
Mbα = T ⋅ ∆α = ∆α EI ⋅ T (5.96)
T
Mbα
σbα = ⋅w 2 (5.97)
I
T = ff ⋅ w ⋅ t ⋅ σCT (5.98)
84
5.7.5. Tensão Residual
σ = E ⋅ εe (5.100)
A deformação elástica, por sua vez, pode ser escrita em termos das
deformações total e plástica:
εe = εt − εp (5.101)
85
σres dobra = E (εt − εp ) (5.102)
ou ainda,
y y
σres dobra = E − − − − (−εy ) (5.103)
Rr Rg
t t
σresdobra = E − − εy (5.104)
2 Rg 2 Rr
t t ε y ⋅ Rg
3 2
εy 1
σresdobra = − ⋅ 4 ⋅ 3 − 3⋅ + − εy ⋅ E (5.105)
2 Rg 2 t t Rg
Para o cálculo da vida à fadiga, foi considerada ainda a relaxação das tensões
residuais que ocorre quando o duto é submetido a carregamentos elevados
previamente às solicitações dinâmicas.
Ainda na fábrica, o duto é submetido a um teste de aceitação, Factory
Acceptance Test (FAT). Para tal, o mesmo é submetido a uma pressão interna
correspondente a 1,5 vezes a pressão de projeto da linha.
Uma vez a linha instalada na plataforma e interligada ao poço, o sistema de
coleta precisa ser comissionado, antes do início da produção. Neste momento, realiza-
se o Offshore Leak Test (OLT), teste durante o qual a linha fica submetida a uma
pressão interna de 1,1 vezes a pressão de projeto, além do peso próprio e das
solicitações dinâmicas oriundas da movimentação da unidade flutuante.
Conforme requerido por normas internacionais [3] e [4], os fatores de utilização
admissíveis (FU), que são calculados em relação ao escoamento do material das
armaduras de tração, correspondentes ao FAT e ao OLT são respectivamente 0,91 e
0,85. Porém, do ponto de vista prático, observa-se que os FU’s obtidos em FAT’s e em
OLT’s (salvo situações bem específicas) dificilmente são maiores que 0,67. Sendo
86
assim, neste trabalho, será considerada a relaxação de 67% das tensões residuais
oriundas do processo de montagem. Dessa forma, a tensão residual final é dada por:
ou ainda,
t t ε y ⋅ Rg
3 2
εy 1
σres = (1 − UFRELAX ) ⋅ − ⋅ 4 ⋅ 3 − 3⋅ + − εy ⋅ E (5.107)
2 Rg 2 t t Rg
87
6. Cálculo da tensão na extremidade do arame a partir do valor obtido em 5;
88
10. Cálculo da tensão de flexão resultante da variação do ângulo de
assentamento dos arames, (5.99);
12. A tensão atuante nos arames dentro do conector é dada pela soma das
parcelas obtidas em 2, 8, 9, 10, 11, que corresponde à equação (5.74).
5.9. ENDFlex
89
Figura 5.17 – Tela de Login do ENDFlex
90
Capítulo 6. Modelo Numérico
91
Hélice
92
• Todos os arames das armaduras de tração são submetidos ao mesmo
estado de tensão,
• Não só a configuração helicoidal do arame, mas também da resina que
o envolve, são projetadas no plano,
• Apenas esforços normais agem no arame,
Eventuais concentrações de tensão nas demais camadas do duto não são
consideradas
6.2. Geometrias
Uma geometria que representa uma fatia longitudinal do conector foi utilizada
como elemento auxiliar para o posicionamento do arame da armadura de tração. As
principais dimensões estão sinalizadas na Figura 6.3. A dimensão “TH” corresponde à
espessura do arame analisado. Apesar de não ser representada por se tratar de um
problema bidimensional, a dimensão profundidade é considerada nos cálculos e
apresenta valor de 15mm (largura do arame).
93
Figura 6.3 – Principais dimensões, em mm, do modelo de conector
94
6.2.4. Geometrias Auxiliares
95
6.3. Modelos para Calibração
6.3.1.1. Modelo
96
Figura 6.6 – Dimensões das geometrias utilizadas no modelo de aderência entre a
resina e o arame
97
considerado na simulação que melhor ajustou o resultado do modelo ao ensaio não
deve ser interpretado como o coeficiente de atrito estático real deste par tribológico.
− d c Yeq
µ = µ k + (µ s − µ k ) ⋅ e
98
Após a etapa de contração da resina, é aplicado um deslocamento em uma das
faces do arame, enquanto a face do cilindro é mantida engastada, conforme ilustrado
na Figura 6.9.
99
Tabela 6.1 – Características da malha de elementos (modelo adesão)
6.3.1.2. Resultados
100
Figura 6.12 – Fator de utilização no arame após a contração
A Figura 6.13 mostra uma seção longitudinal do conjunto resina / arame. Nela,
é possível observar a distribuição de tensão de Von Mises antes e depois do
deslocamento. Neste caso, os valores de FU referem-se ao arame.
(a)
(b)
Figura 6.13 – Fator de utilização na seção longitudinal do arame e resina antes (a) e
após o deslocamento de 3mm (b)
101
correspondentes à adesão e ao patamar descolado, que são, respectivamente, 9,3 kN
e 8,0 kN. A boa correlação dos resultados apresentados no gráfico mostra que o
modelo computacional desenvolvido foi capaz de representar adequadamente o
experimento, o que valida os parâmetros de atrito utilizados.
A partir do modelo numérico e do sucesso no ajuste dos seus resultados aos
do ensaio, foi possível determinar, então, o coeficiente de atrito (µ=0,3) e a tensão de
cisalhamento devido ao atrito (τ=1,35 MPa), parâmetros requeridos na metodologia
analítica.
6.3.2.1. Dobramento
102
A primeira parte desta simulação teve como objetivo avaliar a conformação do
arame em torno do gabarito, que corresponde às etapas 1 e 2, esquematicamente
ilustradas na Figura 4.23.
Nesta etapa, o modelo contém apenas a geometria do arame e os círculos
auxiliares, os quais foram modelados como rígidos. Os círculos conduzem o arame da
posição inicial até o estado deformado, conforme apresentado Figura 6.15.
103
Incremento de carga
104
(a)
(b)
105
Uma vez calibrado o modelo numérico da etapa 1 (dobra), procedeu-se à
simulação das etapas 3 e 4 do experimento, considerando-se a utilização das
geometrias auxiliares apresentadas na Figura 6.5. O arame é então colocado na
posição de montagem e posteriormente liberado, de modo que o mesmo assume sua
posição livre em função do segundo retorno elástico. Durante a simulação, as
deformações de um elemento da face externa (outer) e outro da interna (inner) do
arame foram avaliadas (Figura 6.18).
106
Posição de montagem Posição livre
0,01221 mm/mm
0,00935 mm/mm
107
Figura 6.20 – Correlação entre a análise numérica e o experimento para as
deformações relativas ao spring back
Este experimento tem por objetivo reproduzir o modelo numérico completo para
fins de calibração. Para isso, uma tira de arame da armadura de tração foi dobrada em
torno de um gabarito de raio 50 mm, através de um dispositivo construído para tal fim
108
(Figura 6.21). Em seguida, o arame foi posicionado dentro de uma caixa, construída
de acordo com as dimensões definidas no desenho da Figura 6.3, e os extensômetros
estrategicamente colados longitudinalmente ao longo do arame (Figura 6.22). Após o
fechamento da caixa, o processo de resinagem foi conduzido. Com a cura da resina, a
caixa foi fixada em uma máquina de ensaios e, finalmente, um carregamento de tração
foi aplicado no arame (Figura 6.23).
Rg=50
109
Figura 6.23 – Ensaio de tração no modelo simplificado de conector
Tempo (s)
110
6.4.2. O Modelo Numérico
Figura 6.25 – Modelo numérico de end fitting com raio de dobramento de 50mm
111
As propriedades dos materiais consideradas nas análises são aquelas
apresentadas no Capítulo 4. As propriedades relacionadas à interação entre os
diversos componentes são estabelecidas de acordo com os dados retirados das
calibrações e ensaios da seção 6.3.
Adicionalmente, além do atrito ao longo do comprimento do arame embebido
na resina, também foi considerada, na extremidade deste, adesão entre os dois
materiais, de modo a representar a ancoragem do arame imposta pela geometria
conformada em forma de gancho, onda ou torção, como comentado na seção 5.4.
A Figura 6.27 traz o detalhe do trecho da extremidade do arame, onde foi
aplicada a adesão.
112
Figura 6.28 – Configuração da primeira etapa de montagem do arame: dobra
113
6.4.2.2. Cura da resina
114
Figura 6.32 – Carga extrema aplicada na seção externa do arame
6.4.3. Resultados
115
Figura 6.33 – Curva “força vs deformação” do experimento e da simulação numérica
(DG1)
116
Figura 6.35 – Curva “força vs deformação” do experimento e da simulação numérica
(DG2)
117
Figura 6.37 – Curva “força vs deformação” do experimento e da simulação numérica
(DG3)
118
Figura 6.39 – Curva “força vs deformação” do experimento e da simulação numérica
(DG4)
119
6.5. Estudo Paramétrico
120
espessura do arame de 5mm – R50TH5), definido, neste trabalho, como caso base,
por possuir características idênticas ao ensaio em escala média realizado.
121
Figura 6.42 – Gráfico de tensão no arame para o caso base (R50TH5) – etapas de
montagem e carga de relaxação
122
Figura 6.43 – Gráfico de tensão no arame para o caso base (R50TH5) – etapa de
carregamentos
123
Figura 6.44 – Predição das tensões – método analítico vs método numérico
124
6.5.2. Metodologia para Cálculo de Concentração de Tensões
Baseada na Análise Paramétrica
A metodologia proposta neste capítulo consiste em, com base nos resultados
numéricos obtidos, ajustar funções para cálculo de fatores de concentrações de
tensão, cujas variáveis sejam a tensão no corpo tubular e a deformação imposta no
arame durante o dobramento.
Sendo assim, primeiramente, calculou-se a deformação do arame na região da
dobra (εM), para cada um dos seis casos de conformação. Fazendo-se y=-t/2 na
equação (5.22), sendo t a espessura do arame, tem-se:
t
εM = (6.1)
2R
125
A partir desta abordagem, as variáveis raio de dobramento e espessura de
arame passam a ser contempladas em termos de deformação no arame. Com isto, a
Tabela 6.4 pode ser reorganizada em função do parâmetro deformação, conforme a
Tabela 6.5.
Tabela 6.5 – Casos de análises agrupados por deformação
deformação - εM
0,0583 0,0833 0,1083 0,0350 0,0500 0,0650
(mm/mm)
LC1 10 10 10 10 10 10
LC2 20 20 20 20 20 20
tensão aplicada na LC3 29 29 29 29 29 29
seção do arame LC4 38 38 38 38 38 38
fora do conector -
LC5 47 47 47 47 47 47
σCT
(% da tensão de LC6 56 56 56 56 56 56
escoamento) LC7 65 65 65 65 65 65
LC8 74 74 74 74 74 74
LC9 83 83 83 83 83 83
sendo σCT a tensão atuante na seção externa ao conector (no caso deste modelo
numérico L<150mm) e σy a tensão de escoamento do material.
O cálculo da tensão alternada pode ser representado pela equação (6.3), ou
seja, corresponde à diferença de tensão entre os casos LCi+1 e LCi, na seção onde
esta variação é máxima.
126
Por fim, o fator de concentração de tensão para a tensão alternada (SCF_σalt) é
determinado através da equação:
σ alt EFi
SCF _ σ alt i = (6.4)
σ alt CTi
onde:
σ alt CTi =(σCTi +1 − σCTi ) 2 (6.5)
εM
0,0583 0,0833 0,1083 0,0350 0,0500 0,0650
0,15 1,38 1,44 1,51 1,33 1,37 1,40
0,245 1,52 1,63 1,84 1,42 1,50 1,60
0,335 1,66 1,79 1,99 1,48 1,55 1,73
0,425 1,74 1,95 2,12 1,49 1,58 1,86
FU
0,515 1,77 2,06 2,20 1,51 1,61 1,94
0,605 1,79 2,08 2,23 1,52 1,64 1,98
0,695 1,80 2,11 2,29 1,53 1,64 1,99
0,785 1,80 2,12 2,30 1,53 1,66 1,97
127
Figura 6.45 – Gráfico com os valores dos fatores de concentração de tensão para a
tensão alternada e suas respectivas linhas de tendência
128
Tabela 6.7 – Coeficientes da função logarítmica para cálculo do SCF_σalt
εM C1_alt C2_alt
0,0350 0,1161 1,5789
0,0500 0,1691 1,716
0,0583 0,2677 1,9176
0,0650 0,3758 2,1391
0,0833 0,4441 2,2874
0,1083 0,4763 2,4783
129
σEF ( x)i+1 + σEF ( x)i
σ med EFi = x ∈ L > 150mm (6.7)
2
σ med EFi
SCF _ σ med i = (6.8)
σ med CTi
onde:
σ med CTi =(σCTi+1 + σCTi ) 2 (6.9)
εM
0,0583 0,0833 0,1083 0,0350 0,0500 0,0650
0,15 4,42 4,63 5,08 3,95 4,95 5,13
0,245 3,09 3,05 3,45 2,66 3,35 3,31
0,335 2,52 2,40 2,77 2,14 2,89 2,55
0,425 2,20 2,03 2,40 1,86 2,41 2,14
FU
0,515 1,99 1,80 2,15 1,69 2,11 1,87
0,605 1,85 1,64 1,99 1,57 1,92 1,69
0,695 1,74 1,53 1,85 1,48 1,79 1,56
0,785 1,65 1,45 1,74 1,42 1,70 1,46
130
Diante desta constatação, decidiu-se observar a tendência do comportamento
do SCF_σmed desprezando-se o parâmetro εM. Para isto, uma única curva de tendência
foi ajustada aos pontos, como apresentado no gráfico da Figura 6.47. Não é demais
destacar que esta simplificação só deve ser aplicada quando a deformação imposta no
dobramento (εM) é maior que a deformação no escoamento do material (εy).
Verifica-se que os valores de SCF_σmed, quando plotados em função do FU,
apresentam uma curva tendência que pode ser bem ajustada a uma fução de
potência.
Não é demais enfatizar que esta expressão é válida para arames que, durante
a montagem, estejam sujeitos a deformações compatíveis com os valores analisados.
Levando-se em conta, então, as equações (6.6) e (6.10), têm-se as seguintes
expressões para as tensões média e alternada dentro do conector a partir das tensões
no corpo tubular.
131
Vale lembrar que esta abordagem está calcada em resultados obtidos a partir
de simulações numéricas de um modelo que representa o conector no plano.
Conforme constatado através da comparação das predições analítica e numérica
(seção 6.5.1. ), a simplificação da geometria tridimensional do conector para um
modelo bidimensional leva a resultados conservadores. O modelo numérico não capta
o efeito cabrestante, de modo que as deformações e as tensões de flexão obtidas na
entrada do conector são maiores que no conector real. Por este motivo, já foi previsto
um fator de calibração para corrigir as tensões e, consequentemente, o dano à fadiga
em função dos resultados de testes em escala real.
A partir da validação desta metodologia com testes em escala real, discutido
mais adiante, é sugerido um fator de calibração (Fcal) de 0,8, pois este é o valor que
melhor ajusta o cálculo dos danos aos resultados dos testes disponíveis, como será
mostrado no Capítulo 7. Dessa forma, as equações (6.11) e (6.12) passam a ser
reescritas como segue:
132
Capítulo 7. Validação da Metodologia, Sistemática de
Avaliação e Requisitos de Projeto
O projeto estrutural dos dutos flexíveis foi sempre muito pautado na verificação
do corpo tubular, em especial, da região do enrijecedor de curvatura e da zona de
toque no fundo do mar, TDZ (touch down zone). Entretanto, as falhas ocorridas em
terminações de topo de risers flexíveis instalados em grandes profundidades
evidenciam que o conector é uma região crítica para a integridade do riser e, por isso,
requer uma atenção especial durante a fase de projeto, principalmente porque o
comportamento estrutural dos arames da armadura de tração dentro do conector é
diferente do corpo tubular do duto flexível.
Este capítulo será dedicado a alguns aspectos importantes relativos a:
• Validação da metodologia proposta com base em testes dinâmicos de
tração-tração em escala real;
• Sistemática de análise e projeto de conectores;
• Requisitos de projetos para conectores, os quais não são definidos em
normas internacionais afins.
133
rupturas dos arames das armaduras de tração não ocorra na 2ª fase, uma extensão do
teste pode ser conduzida com o intuito de carregar a estrutura até a falha. As cargas
são divididas em blocos variando-se os valores das trações mínima e máxima e da
pressão interna.
134
Tabela 7.1 – Dados de carregamento (adimensionalizados) e número de ciclos dos
testes de tração-tração
135
Tabela 7.2 – Resultados dos danos acumulados de fadiga (AFD) calculados com as
metodologias propostas
10
Dano Acumulado de Fadiga
0.1
1 2 3 4 5 6 7
Teste
Numérico Analítico
136
7.1.1. Discussão sobre a Utilização da Curva S-N no Cálculo de
Fadiga
137
Figura 7.3 – Representação do comportamento dos arames
σ adm = FU ⋅ σ y (7.1)
138
A força máxima de arrancamento atuante nos arames, calculada a partir da
tração e pressão de projeto do duto deverá atender ao critério:
Fmax = FU ⋅ Fy (7.2)
139
Estas atividades estão relacionadas à capacidade de ancoragem das
armaduras de tração suportar os carregamentos extremos de operação, instalação e
teste, ou seja, referem-se à capacidade estrutural dos arames ancorados dentro do
conector na resina epóxi. Como resultado desta etapa, obtém-se a definição da
geometria do conector, em particular do comprimento de ancoragem, a partir da
verificação dos fatores de utilização da Tabela 7.3.
140
Início Verificação Fadiga
Cálculo Ancoragem
Dados ambientais,
Dados fuido, solo Análise Global - Casos de Fadiga
Dados da UEP
Análise Global
Condição Extrema e de
Instalação Propriedades do Cálculo da força axial no arame na Cálculo da variação
Riser entrada do EF angular do arame
na interface com a
resina
Geometria do
Cálculo da força e tensão axial no conector e Cálculo da deformação no arame na
arame na entrada do conector Comprimento entrada do EF
de ancoragem Cálculo da tensão
de flexão lateral
Procedimento
devido à variação
montagem: Cálculo das tensões de flexão devido à
Projeto da seção angular do arame
Raio de variação de curvatura do arame na entrada
N transversal do na interface com
FU atendido dobramento do EF e da tensão residual de montagem
riser resina
dos arames
FU atendido N
Modificar geometria do EF e/ou
configuração/estrutura do riser N
FS atendido
S e reavaliar o projeto
S
141
Capítulo 8. Proposta de Nova Tecnologia
142
Figura 8.1 – End Fitting montável sem plastificação das armaduras de tração
143
O miolo do conector (15) e (16) pode ser uma peça única ou, por questões de
simplificação da usinagem, duas peças distintas, miolo dianteiro (16) e miolo traseiro
(15), unidas previamente por parafusos (12) antes da sua inserção sob as armaduras.
O grande diferencial desta invenção é que a ativação da vedação interna (19) e
(21) do duto é feita em uma região independente da resina de ancoragem (13). Esta
nova concepção traz uma grande melhoria no procedimento de montagem do
conector, que poderá ser montado sem a necessidade de dobrar e,
conseqüentemente, deformar plasticamente as armaduras de tração (4) e (5) do duto.
O procedimento de montagem é o ponto fraco do projeto atualmente utilizado pelos
fabricantes de dutos flexíveis.
Esta melhoria foi possível graças à idéia de separar a terminação, que antes
era uma peça única, em duas peças distintas: a terminação (22) e o miolo (16) do
conector, de modo que, a vedação interna (18), (19) e (21), que antes era feita dentro
da região resinada (13), pode agora ser feita independentemente da ancoragem das
armaduras de tração do duto (4) e (5). Dessa forma, o miolo do conector (15) e (16)
pode ser montado por baixo das armaduras de tração (4) e (5) sem precisar
“descabelar” o duto.
A seguir será descrito, de forma simplificada, o procedimento de montagem
deste novo conector:
1. A capa externa (6) é cortada de modo que as armaduras de tração do
duto (4) e (5) fiquem expostas ao longo de um comprimento suficiente
para a ancoragem das mesmas;
2. O anel de expansão (10) é colocado sob a capa externa;
3. O miolo do conector, que pode ser uma única peça ou composto por duas
peças: dianteiro (16) e traseiro (15), é posicionado por baixo dos arames
das armaduras de tração do duto (4) e (5);
4. O flange de apoio (14) para encaixe das extremidades dos arames das
armaduras de tração é fixado através dos parafusos (17);
5. As extremidades das armaduras (4) e (5) são encaixadas no flange de
apoio (14) de modo que as mesmas sejam posicionadas e arrumadas
sobre o miolo do conector (16) e (15);
6. A capa externa ou jaqueta do conector (11) é colocada e roscada no
miolo.
7. A cunha de vedação externa (9) é posicionada por trás da jaqueta (11) e
em seguida, é feita a ativação da cravação da capa externa através do
flange traseiro (7) e dos parafusos (8);
144
8. A cunha de vedação interna (19) é posicionada no chanfro localizado na
parte frontal do miolo do conector (16). Em seguida, é feita a ativação da
vedação interna através do flange dianteiro de ativação da vedação
interna (21), apertando-se os parafusos de ativação (18);
9. O anel para isolamento elétrico (20) é posicionado para fazer o
isolamento entre a carcaça (1) e o miolo (16);
10. A terminação do conector (22) é fixada no miolo (16) através de
parafusos (23);
11. Preenche-se com resina epóxi o vazio (13) onde se dá a ancoragem das
armaduras. Este etapa poderia também ser executada logo após a etapa
7.
145
8.2.1. Montagem do conector foldless
Para realização do teste, foi utilizada uma amostra nova de duto flexível com
diâmetro nominal de 6 (seis) polegadas e comprimento de 10 m (Figura 8.3),
excluindo-se os conectores. A Tabela 8.1 traz as principais informações da estrutura
do duto flexível utilizada no teste do conector foldless. Trata-se de uma estrutura bem
atual, dado que esta amostra foi retirada do trecho de duto fabricado para a linha de
produção similar à utilizada na região do pré-sal brasileiro.
146
(a) (b)
147
teste hidrostático da linha. Assim, caso alguma falha seja detectada, toda a montagem
do conector é perdida e uma nova reterminação é conduzida.
Figura 8.7 – Detalhe do flange de ativação da vedação interna com o acesso para o
teste de pressão
8.2.2. Instrumentação
148
A Figura 8.8 mostra a posição das seções instrumentadas no conector e a
Figura 8.9 apresenta um desenho esquemático com a localização das janelas abertas
no corpo tubular.
149
8.2.3. Montagem da amostra na bancada
150
Figura 8.11 – Montagem das interfaces com a bancada [32]
151
Figura 8.12 – Carregamento do caso Recorrente sem Pressão [32]
152
Figura 8.14 – Deformação dos arames no corpo tubular – lado conector foldless
Figura 8.15 – Deformação dos arames no corpo tubular – lado conector convencional
153
conformados durante a fabricação do duto, ao passo que, no convencional, a
geometria natural é alterada em virtude da deformação plástica causada pelo
dobramento.
Com o intuito de avaliar se a equalização da força nos arames das armaduras
de tração pode, de fato, ser atribuída ao conector foldless, os coeficientes de variação
dos valores de deformação nos arames, obtidos neste ensaio, em ambos os
conectores, foram comparados a resultados de testes similares executados com
conectores convencionais. A Tabela 3.1 apresenta valores de coeficientes de variação
de deformações em arames das armaduras de tração obtidos neste e em outros
testes, nos quais as amostras também foram submetidas a cargas axissimétricas.
Tabela 8.3 – Coeficientes de variação das deformações nos arames das armaduras de
tração obtidos em testes com cargas axissimétricas
Diâmetro
Convencional Foldless
(polegadas)
6 (ensaio tese) 19,0 % 6,9 %
6 [56] 10,6 % ---
9,13 [36] 17,0 % ---
9,13 [36] 14,6 % ---
média 15,3% 6,9%
154
Figura 8.16 – Deformação e força nos arames ao longo do conector foldless na
condição Recorrente sem Pressão
155
Apesar da dispersão dos valores lidos, comum neste tipo de instrumentação,
na qual os extensômetros localizam-se em uma região de interface entre dois