Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Escola de Educação e Humanidades

Curso de Licenciatura em Pedagogia
Disciplina: Currículo e Avaliação | Prof.ª Dr.ª Evelyn de Almeida Orlando
Estudantes: Amanda Leifeld e Nathalia Melo | Data: 19/05/2021

Indagações sobre o Currículo

1ª parte – Questões básicas e introdutórias de compreensão do texto

Em duplas, elaborar uma reflexão sobre cada um dos pontos a seguir, com
base no referido texto:

1. Defina avaliação.
Ao pensar avaliação, logo relacionamos esse termo ao espaço escolar.
Contudo, a avaliação é um processo bastante amplo, o qual ocorre a
todo momento em diferentes âmbitos, como nas decisões tomadas
diariamente que, por mais simples que sejam, carecem de alguns
critérios e princípios a serem ponderados.
Na esfera educacional, a avaliação é entendida como uma atividade que
compromete a legitimidade técnica (as normas legais que a formação
profissional do avaliador oferece) e legitimidade política (respeito aos
princípios e critérios refletidos coletivamente, referidos no projeto
político-pedagógico, na proposta curricular e nas concepções sobre o
papel social desempenhado pela educação) para a sua realização.
Assim, considerando a instituição escolar como um ambiente de
construção da autonomia e da cidadania, os diversos processos de
avaliação devem ser tanto de responsabilidade coletiva, como de cada
um dos sujeitos envolvidos nesse processo. No entanto, na maioria das
vezes, essas decisões pesam apenas sobre os professores e/ou
conselho de classe. Dessa forma, devemos questionar os conceitos
enraizados acerca do campo da avaliação, fomentando novas práticas
na avaliação escolar, visto que, pensar a avaliação e os seus processos
pode comprometer a formação dos indivíduos.
2. A avaliação ocorre em várias esferas e com vários objetivos.
Considerando que a avaliação é um processo complexo e amplo, quais
são as esferas do processo educativo em que ela ocorre? Explique cada
uma delas.
Sendo parte de uma ação coletiva de formação dos estudantes, a
avaliação ocorre em várias esferas tendo diferentes objetivos. A esfera
“avaliação da aprendizagem dos estudantes”, tem como objetivo
avaliar o desempenho dos estudantes ao longo do processo de ensino-
aprendizagem, nessa ação o professor tem um protagonismo central. A
segunda esfera, “avaliação da instituição”, tem como finalidade
possibilitar reestruturação do processo educacional, além de avaliar
possíveis mudanças na instituição, visado melhorias no ensino, na
pesquisa, na gestão e na extensão da instituição, nessa esfera, o
protagonismo é coletivo, entre os profissionais que trabalham e
conduzem o processo de formação na escola, tendo como guia, o
projeto político-pedagógico coletivo. Outra esfera da avaliação é a
“avaliação do sistema escolar”, e tem como objetivo avaliar o conjunto
das unidades escolares de uma rede municipal ou estadual, na qual a
responsabilidade principal é do poder público.

2ª parte – Questões centrais do texto

1. Que relações se estabelecem entre a avaliação e o papel social da

educação escolar?
Cada indivíduo tem o seu papel social e sua realidade, e muitas vezes o
discurso expressa aquilo que se entende como adequado, em nossa
sociedade ainda é bastante comum as pessoas associarem avaliação à
nota, avaliar dentro do senso comum é sinônimo de medida, e o papel
social do professor para a educação é ir além do senso comum e
considerar a avaliação como uma atividade orientada para o futuro, ou
seja, o educador deve avaliar para tentar manter ou melhorar a atuação
futura do educando.

2. Que relação existe entre concepção de educação e avaliação?

 As intenções e usos da avaliação estão fortemente influenciados pelas
concepções de educação. Em um primeiro momento as avaliações são
entendidas como um medidor de aprendizagens, classificando-as entre
certa e errada, mas quando relacionada com a concepção de educação
democrática e inclusiva, que considera as possibilidades e limitações
dos alunos, a avaliação passa a ser um instrumento de inclusão,
diálogo, construção da autonomia, da mediação, da participação, da
construção de responsabilidade com o coletivo.

3. Qual a relação entre avaliação formativa e individualização dos

percursos de formação?
A avaliação formativa tem como foco fornecer informações acerca das
ações de aprendizagem, por esse motivo não pode ser realizada
somente ao final do processo. A avaliação formativa também permite
que seja feitos ajustamento durante o desenvolvimento do ensino-
aprendizagem. De acordo com Perrenoud (1999, p. 143), a formativa é
um dos componentes de um dispositivo de individualização dos
percursos de formação. Isto é, orienta os estudantes para a realização
de suas atividades e de suas aprendizagens, ajudando-os a localizar
suas dificuldades e potencialidades, tornando a aprendizagem um
processo individual, pois cada estudante tem consigo suas
individualidades a serem exploradas. Dessa maneira, favorecendo o
processo de autoavaliação, que propicia maior responsabilidade aos
estudantes acerca de seu próprio processo de aprendizagem e de
construção de autonomia.

4. Essa compreensão está alinhada a que concepção de educação?

A compreensão de avaliação marcada pela lógica da inclusão, diálogo,
autonomia, participação e responsabilidade com o coletivo se relaciona
à concepção de uma educação mais democrática e inclusiva,
considerando as infinitas aprendizagens por parte dos estudantes. Essa
proposta segue a ideia de que todos os indivíduos são capazes de
aprender e, dessa maneira, as ações educativas, estratégias de ensino
 e os conteúdos das disciplinas devem ser pensados de acordo com as
especificidades dos alunos.

5. Comente sobre os dois aspectos que a escola precisa refletir, segundo

os autores, como parte da concepção de educação que orienta sua
prática pedagógica, a qual também inclui o processo de avaliação.
Em relação aos aspectos que a unidade escolar precisa refletir como
parte da concepção de educação orientadora da prática pedagógica,
Fernandes e Freitas (2007, p. 22) destacam a exclusão que essa
perspectiva pode gerar como um fator a ser ponderado, tendo em vista
que ela pode afastar os indivíduos da cultura, do conhecimento escolar e
da própria escola por meio da evasão ocasionada pela reprovação.
Diante disso, a avaliação pode legitimar a exclusão, passando a
responsabilidade desse acontecimento para o aprendiz. Além disso,
outro aspecto a ser analisado diz respeito à atuação esperada dos
estudantes na escola e o desenvolvimento de sua autonomia e
autodireção onde, nessa situação, o processo de avaliação pode
propiciar a subordinação do aluno, não valorizando seu papel como
sujeito possuidor de direitos com capacidade de se governar pelos
próprios meios.
Assim, a escola não deve ser apenas um local onde se aprende
conteúdo específicos, mas um ambiente de construção de relações que
propiciem a inclusão e desenvolvimento da autonomia e autodireção de
todos os envolvidos no processo, sendo construtores de uma nova vida
social. Portanto, deve-se orientar a avaliação para essa finalidade,
porém, não diminuindo a importância da aprendizagem de conteúdos
escolares para a formação dos estudantes.

6. Qual a importância da avaliação institucional e do sistema de avaliação?

Relacione sua resposta com o conceito mais ampliado de avaliação,
considerando as diferentes esferas envolvidas no processo.
A avaliação institucional é uma forma de permitir a organização do
coletivo da escola. Sendo o projeto político-pedagógico da escola o
apoio da avaliação institucional, esse deve considerar uma gestão mais
 democrática e participativa para que se entenda os pontos fortes e
fracos da organização escolar, mobilizando, criando e propondo
alternativas para os problemas, implicando a fixação de índices menores
de reprovação, maiores taxas de domínio da leitura ou determinado
conteúdo, entre outros aspectos. Desse modo, a avaliação da escola
deve comprometer a legitimidade política e técnica.
Ainda, existem os sistemas de avaliações que buscam delinear um
panorama da situação da educação nacional, em suas diferentes
modalidades, para professores, pesquisadores e para a sociedade. No
Brasil, esses sistemas passaram a ser implementados em meados dos
anos 90 e se tornaram um grande instrumento de democratização do
sistema educacional brasileiro, tendo em vista que essa estratégia
cumpre um papel social ao auxiliar na construção de uma escola de
melhor qualidade. A Prova Brasil, o Exame Nacional do Ensino Médio
(ENEM), o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) e
o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) são alguns
exemplos de sistemas de avaliação nacionais.

3ª parte – Questões para refletir e debater

Procurar uma imagem representativa de uma situação de avaliação escolar e

trazer para discussão na sala, considerando as seguintes questões
norteadoras:
 O que essa imagem nos releva?
Desde o início da vida escolar, somos ensinados que uma boa nota é
sinal de sucesso e, dessa maneira, com a pressão externa, acabamos
nos cobrando de uma maneira muito rígida. Assim, quando algo sai do
previsto, como atividades muito complexas que prejudicam nossas
notas, o sentimento de incapacidade começa a se desenvolver.

 Em que essa imagem se relaciona com a discussão da exclusão ou da

promoção?
Ao sermos ensinados sobre a relação de uma boa nota e o sucesso,
omite-se o ensinamento de que os indivíduos são diferentes e não
possuem as mesmas condições e oportunidades. Por esse motivo, a
avaliação tida somente um instrumento de medição de sucesso ou
fracasso acentua a exclusão, uma vez que não são todos os estudantes
que dispõem de uma realidade que permite que os estudos sejam a
prioridade, assim, excluindo e criando uma sensação de fracasso em
quem não conquista boas notas.
Contudo, após uma reflexão coletiva entre nós, a professora e a turma,
pudemos compreender que, por um lado, a imagem remete uma auto
exclusão e do outro, uma promoção através da atenção da professora
com o estudante. Por esse motivo, não podemos definir como um só
aspecto, pois ao analisarmos a foto em conjunto, podemos refletir
diferentes concepções acerca da discussão sobre exclusão e promoção.

 Como caberia discutir, a partir dessa imagem, a função social da escola

e sua relação com a avaliação?
Considerando a instituição escolar um ambiente compromissado com o
desenvolvimento das potencialidades dos estudantes, formando
cidadãos cientes de seus direitos e com capacidade autônoma e critica,
a escola não deve confundir avaliar com medir. Dessa maneira, nos
convém refletir sobre como avaliar sem classificar os alunos
hierarquicamente por meio de notas e como o educador deve trabalhar o
reconhecimento de cada realidade, além do desenvolvimento da
autonomia e criticidade dos estudantes.