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Departamento de Fisiologia e Biofísica –ICB / UFMG FIB023 2021-2

Exercícios de Revisão/ Roteiro de Estudos


FISIOLOGIA NEUROMUSCULAR
Prof. Theo Mota
Esta atividade deverá ser entregue via tarefa do Moodle, no dia da prova final (valor: 4,0 pontos)

Nome: Najla Meireles Medeiros - 2019082238

1. BIOELETROGÊNESE E POTENCIAIS
1.1.O que são as células excitáveis? Quais são suas características fundamentais? Dê exemplos.
R: São células capazes de gerar e conduzir potenciais elétricos. Como características dessas células pode-
se exemplificar a presença de canais voltagem-dependentes na membrana, os quais, a partir do fluxo de
íons gera uma diferença de potencial eletroquímico diferente do meio extra-celular. Os neurônios, por
exemplo, possuem esta carcterística de excitabilidade, possuindo interior mais negativo,
aproximadamente -70 mV, devido a maior concentração de íons K+ em seu interior. Com a aberura de
canais sódio-dependentes, pode ocorrer despolarização da célula, a qual deixará o interior mais positivo
e, atingindo um limiar de excitabilidade, gerará um potencial de ação unilateral para progação da
informação recebida.
1.2. Descreva a composição dos líquidos intra- e extracelulares do neurônio.

R: A composição dos líquidos intra e extra-celulares é diferente, sendo que esta diferença gera diferença
eletroquímica, pois o interior do neurônio tem uma concentração maior de íons potássio, os quais
mantem o meio intra-celular próximos ao seu potencial eletroquímico, ou seja, de -80 mV. Há também
uma concentração de íons de sódio, cálcio e cloreto, embora em concentração intracelular menor,
portanto, estes íons (Ca²+, Na+ e Cl-) estão mais concentrados no líquido extracelular. Esta diferença é
importante para geração de potenciais locais e potenciais de ação, com a mudança da permeabilidade da
membrana e abertura de canais específicos para entrada e evasão dos íons citados anteriormente.
1.3. Conceitue o potencial de equilíbrio de um íon (potencial de Nernst). Como prever o sentido de
difusão de um íon a partir da comparação do valor deste potencial com o valor do potencial de
membrana da célula excitável?
R: O transporte iônico através da membrana gera o potencial eletroquímico, sendo que a força
eletromotriz faz o íon entrar ou sair, gerando diferença de potencial entre o meio interno e externo.
Esta força tem dois lados, difusional e elétrico, gerando um produto. O íon que está em equilíbrio tem
seu valor eletroquímico semelhante ao potencial de membrana e, os outros íons querem tornar o valor
intracelular próximo ao seu. Para prever o sentido de difusão iônico, basta observar seu valor em mV em
comparação com a membrana celular. Caso seja mais positivo, a tendência é que este íon entre na
célula para positivá-la, enquanto um íon mais negativo tende a sair da célula.
1.4. O que são canais iônicos e quais suas características? Faça distinção entre canais voltagem-
dependentes e canais ligante-dependentes.
R: Os canais iônicos são proteínas integrais presentes na membrana, permitindo a passagem de íons por
ela. Eles dependem da força eletromotriz de difusão iônica e são voltagem dependentes, sendo que sua
condutância dependerá do campo elétrico ao complexo proteico aplicado ao canal. Já os canais ligante-
dependentes são aqueles cuja abertura depende de um ligante para para então permitir a passagem dos
íons.
1.5. Descreva, resumidamente, como funciona a bomba Na+/K+ da membrana celular. Qual é a
principalconseqüência de seu funcionamento?
R: A bomba de Na+/K+ funciona para reestabelecer o potencial eletroquímico do meio intracelular,
passando 3 moléculas de Na+ para o exterior da celula e dois K+ para dentro, a partir da clivagem de
uma molécula de ATP.
1.6. Conceitue potencial de repouso da membrana, potencial local e potencial de ação.

R: O Potencial de repouso é aquele no qual a célula está em equilíbrio, quando não há ocorrência de
evento ativo, portanto, sem ação desencadeada por influência externa. Isto significa que a quantidade de
íons presente no meio externo e interno está constante. O potencial local é aquele que gera uma
diferença eletroquímica com a entrada e saída de íons, mas não atinge o limiar de excitabilidade. Pode
haver somatório de potenciais locais, entretanto, estes se dissipam por curtas distâncias. Já o potencial de
ação ocorre com a despolarização da membrana, quando um valor específico (limiar de excitabilidade) é
alcançado. Com isso, o sinal pode ser propagado a longas distâncias com a mesma amplitude.

1.7. Conceitue limiar de excitabilidade de uma fibra nervosa. O que determina este limiar em termos
daspropriedades moleculares dos canais para íons? O que é lei do "tudo ou nada"?
R: O limiar de excitabilidade ocorre quando um sinal recebido por uma célula excitável desencadeia a
abertura de canais iônicos e faz com que a membrana atinja determinado valor (despolarização da
membrana, tornando-a mais positiva), culminando em um potencial de ação. O que determinará este
limiar será a abertura de canais de sódio, com a entrada deste íon positivando o interior da célula. A
partir do momento em que se alcança este valor limítrofe, o potencial de ação ocorrerá e passará trecho
por trecho da membrana com esta mesma amplitude, o que configura a lei do “tudo ou nada”, ou seja,
uma resposta binária, ou ocorre o evento (P.A.) ou não e, a partir do momento de ocorre, não há
somatório de P.A.s.
1.8. Explique as variações das fases do potencial de ação (despolarização, repolarização e
hiperpolarização) em termos de variação relativa das permeabilidades (condutâncias) dos íons Na+ e
K+ em cada fase.
R: O evento de despolarização é aquele cuja entrada de íons de Na+ positiva o meio intracelular e,
atingindo certo valor, gera um potencial de ação. Repolarização é o evento subsequente, com a
inativação dos canais de sódio e cessamento da entrada destes íons e a vazão dos íons K+ por meio da
abertura dos seus canais, ocorre a repolarização, ou seja, o meio intracelular torna-se negativo
novamente, até mais negativo que em repouso (hiperpolarização), dependendo da bomba de sódio e
potássio para reestabelecer o seu valor de repouso.
1.9. Conceitue períodos refratários absolutos e relativos e associe-os às propriedades moleculares dos
canais de Na+. O que acontece com a excitabilidade da fibra durante esse período?
R: Períodos refratários absolutos são aqueles em que os canais de sódio se inativam por completo,
impedindo a passagem do íon. Eles são voltagem-dependentes, ou seja dependem da voltagem da
membrana, este por sua vez, dependerá da condutância elétrica do canal a partir da chegada de um
potencial elétrico. Se a entrada de Na+ entrar até um valor que alcance o limiar de excitabilidade , um
P.A. será atingido e os canais de sódio se tornarão insensíveis a voltagem, portanto nenhum estímulo
poderá gerar um novo potencial de ação, o que configura o período refratário absoluto. Após o término
de um potencial de ação, ela poderá atingir um novo, mediante ação de estímulos elétricos mais fortes,
sendo que alguns canais ainda estão inativados pela voltagem, sendo este o período refratário relativo.
1.10. Quais fatores celulares influenciam a velocidade de condução do potencial de ação em fibras
nervosas?
R: A mielinização do axônio pela membrana plasmática da célula de Schwann, com espaços intercalados, os
nódulos de Ranvier, permite que a velocidade na propagação do P.A. seja aumentada, devido ao aumento
da capacitância da membrana, com consequente aumento na transmissão de potencial de ação, visto de
este será conduzido de forma saltatória apenas pelas partes onde não há mielinização, ou seja, nos nós.

2. TRANSMISSÃO SINÁPTICA
2.1. Faça distinção entre sinapses elétricas e químicas quanto: (a) as suas anatomias; (b) as
velocidades de transmissão de sinais.
R: As sinapses químicas são unidirecionais e estão relacionadas a liberação de neurotransmissores, os
quais ficam em vesículas que fusionarão com a membrana e serão liberados para a fenda sináptica, a
partir da entrada de Ca²+, sendo que os canais deste íon se abrem a partir da chegada de um potencial
de ação no terminal pré-sináptico. Este tipo de sinapse é mais lenta que a elétrica. As sinapses elétricas
são bidirecionais e mais rápidas devido a baixa resistência que permite melhor fluidez, pois têm junções
comunicantes entre células, sendo essas semelhantes a placas, nas quais as membranas plasmáticas de
duas células estão intimamente ligadas por hemicanais (conexóns) proteicos.
2.2. Explique o que é um potencial pós-sináptico excitatório (PPSE) e o que é um potencial pós-
sináptico inibitório (PPSI). Explique as bases iônicas envolvendo PPSE e PPSI e as prováveis
modificações na permeabilidade da membrana pós-sináptica responsáveis pelo aparecimento dos
mesmos.
R: PPSI  hiperpolarizantes; PPSE  despolarizantes.
O PPSE é aquele cuja atuação faz com que o neurônio pós-sináptico se tornar mais propenso a disparar
um potencial de ação, o que se dá a partir da abertura de canais iônicos ligante-dependentes, visto que
esta despolarização temporária do potencial de membrana pós-sináptica é causada pelo fluxo de íons
carregados positivamente para a célula pós-sináptica. Já o PPSI é justamente o oposto, ou seja, torna o
neurônio pós-sináptico menos provável de gerar um potencial de ação. Neurônios pré-sinápticos
inibitórios liberam neurotransmissores que, em seguida, se ligam aos receptores pós-sinápticos; isso
induz uma mudança na condutância pós-sináptica conforme os canais iônicos abrem ou fecham. Uma
corrente elétrica que muda o potencial de membrana pós-sináptica para criar um potencial pós-
sináptico mais negativo é gerada.
2.3. Descreva como neurotransmissores são armazenados no terminal nervoso e como são liberados
em resposta a um potencial de ação pré-sináptico.
R: Os neurotransmissores são armazenados em vesículas que irão se fundir com a membrana do
terminal sináptico quando houver entrada de íons Ca²+, sendo então liberados (exocitose) na fenda
sináptica para então agirem nos seus respectivos receptores. Esta entrada dos íons de cálcio ocorre a
partir de um potencial de ação pré-sináptico.
2.4. Como ocorrem as somações temporal e espacial nas sinapses?

R: Somação temporal ocorre quando um mesmo axônio dispara no mesmo ponto de um neurônio,
mas nesse caso há vários potenciais de ação diferentes, devido ao aumento da frequência de disparo. Um
estímulo consegue manter o potencial pós-sináptico modificado por 15 milissegundos e, se outro
estímulo entrar dentro deste período de tempo, aumenta o potencial pós-sináptico e assim
sucessivamente. Esses vários potenciais de ação geram vários PPSE que podem, num processo de
somação, alcançar o limiar de disparo para conseguir abrir os canais de sódio voltagem-dependente e
gerarem potencial de ação. Somação espacial ocorre quando vários axônios de neurônios distintos
chegam em pontos diferentes de um outro neurônio. Cada um realiza uma sinapse e gera um PPSE
diferente. Através da somação desse PPSE se alcança o limiar de disparo e gera potencial de ação nesse
neurônio. Isso é possível pois a condutividade elétrica no corpo celular é muito grande, então qualquer
alteração local no potencial alterará todo o corpo celular de maneira muito semelhante.
3. SISTEMAS SENSORIAS: CARACTERÍSTICAS GERAIS
3.1. Descreva os vários tipos de receptores sensoriais. Quais são os elementos celulares que
permitem uma célula se especializar na captação de um tipo específico de estímulo sensorial?
R: Os receptores sensoriais possuem adaptação na membrana para exercerem seus papéis, sendo que
esta mudança se da, principalmente na quantidade e tipos de canais iônicos presentes na membrana.
Além disso, os receptores podem ser do tipo proprioceptores, os quais são capazes de detectar
movimento e posição do corpo através de estímulo produzido dentro do corpo; exteroreceptores, que
detectam estímulos externos, por exemplo, os termoreceptores na pele, que detectam a temperatura
do ambiente; e interoreceptores, os quais incluem sensação visceral, bem como dor e pressão e
distensão. Abaixo, cito alguns tipos de receptores sensoriais.
Quimiorreceptores: sensíveis à presença ou concentração de determinadas substâncias, como os
responsáveis pelo paladar e olfato;
Fotorreceptores: sensíveis à luz, como os cones e bastonetes dos olhos;
Termorreceptores: sensíveis às mudanças da temperatura;
Mecanorreceptores: responsáveis pelas sensações tácteis e auditivas.
3.2. Defina transdução sensorial e potencial receptor ou gerador. Descreva características do
potencial receptor, e compare-as com características do potencial de ação.
R: Transdução sensorial consiste na transformação dos estímulos físicos ou químicos em potencial
elétrico pelos receptores sensoriais. Já o potencial gerador consiste na despolarização da membrana, é
graduado e depende da internsidade e duração do estímulo, por isso, ao atingir o limiar do receptor,
desencadeia a abertura dos canais iônicos voltagem-dependentes, gerando um potencial de ação, o qual
será transmitido pela fibra nervosa aferente primária. Como características do potencial receptor, pode-
se falar que ele é local e graduado, restrito a célula receptora, possui amplitude variável, o que define a
intensidade (declínio com o tempo mesmo com estímulo contínuo). Já o potencial de ação é do tipo
tudo ou nada, a partir do alcance de um limiar de excitabilidade com a entrada de íons sódio pelo seu
canal. Uma vez gerado, o aumento de intensidade não produz potencial mais forte, mas um número
maior de impulsos por segundo, sendo que o P.A. irá propagar-se as areas vizinhas, unidirecionalmente.
3.3. Explique o fenômeno de adaptação dos receptores. Diga o que são receptores de adaptação
lenta(tônicos) e de adaptação rápida (fásicos) e dê exemplos de cada um.
R: O fenomeno consiste na capacidade dos receptores de se adaptarem parcial ou totalmente aos
estímulos oriundos do meio após certo tempo. Os receptores tônicos detectam a força dos estímulos
contínuos, informando sobre intensidade e duração. Seu potencial diminui após o alcance após atingir
amplitude proporcional ao estímulo.
3.4. Conceitue campo receptivo de uma célula sensorial. Como a inibição lateral contribui para a
formação campo receptivo da célula?
R: Campo receptivo consiste na área corporal de recepção do estímulo externo, ou seja, a área que irá
estimular o receptor. Há um limiara para detecção do estímulo, isso significa que precisa existir o
mínimo de estímulo para que haja detecção do mesmo. A construção do campo com área de recepção
envolve excitação e inibição, para que não haja respostas de estímulos fora do desejado, para isso, há
presença de interneurônios inibitórios, sendo esta a inibição lateral.
JUNÇÃO NEUROMUSCULAR E CONTRAÇÃO MUSCULAR
3.5.Descreva os elementos morfológicos de uma junção neuromuscular relevantes para a transmissão
entre um neurônio motor e uma célula muscular.
R: Os elementos da junção neuromuscular compreendem a parte terminal do axônio motor e o
sarcolema, sendo a placa motora a região da membrana da fibra muscular onde há o encontro do nervo
e do músculo. As pregas subneurais na membrana pós-sináptica têm alta densidade de receptores de
AcetilColina, isso permite uma despolarização maior, portanto uma contração muscular mais rápida.
3.6. O que é uma unidade motora?
R: Uma unidade motora é o componente fundamental da atividade muscular, sendo constituída por um
neurônio motor e todas as fibras musculares inervadas por ele.
3.7. Esquematize, em seqüência temporal, os eventos que ocorrem desde a chegada do potencial de
ação no terminal pré-sinaptico até a gênese do potencial de placa motora (PPM) na junção
neuromuscular e do potencial de ação (PA) do sarcolema.
R: Um neurônio motor conduz um potencial de ação que irá abrir os canais de Ca2+ voltagem-
dependentes permitindo a entrada do Ca2+  A entrada faz com que acetilcolina seja liberada na
junção neuromuscular (na fenda sináptica)  A acetilcolina se liga aos receptores do sarcolema fazendo
com que PPSE ocorra  Há propagação do potencial de ação nas fibras musculares.
3.8. Descreva o sistema de túbulos T do músculo esquelético e como o mesmo participa na contração
muscular.
R: Os túbulos T conduzem os P.A. recebidos pelo sarcolema para as miofibrilas, as quais são organelas
tubulares constituídas for filamentos de actina (finos) e miosina (grossos). Quando o P.A. ocorre abrem-
se canais de cálcio, sendo que os íons que estão contidos no retículo sarcoplasmático ficam livres. O
complexo troponina-tropomiosina, o qual impede a ligação entre actina e miosina, se liga ao cálcio que
está livre, alterando sua conformação e saindo do do sítio da actina-miosina. Por isso, com espaço livre,
a miosina usa ATP para fracionar os filamentos de actina na direção central e fazendo com que a actina
deslize sob a miosina, o que provoca o encurtamento do sarcômero, culminando na contração.

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