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Como fazer a inclusão

By Roseli Brito

Diariamente recebo emails de Professores que desabafam suas angústias e desespero por não saberem como
trabalhar com crianças ou jovens que apresentam alguma necessidade especial. Na pesquisa realizada com
Coordenadores também foram relatadas várias inquietações referente a esse tema.

Assim, visando oferecer mais subsídios para Professores e Coordenadores, iniciarei uma série de artigos
voltados ao esclarecimento das Deficiências.

Infelizmente, a Universidade não prepara o Professor para lidar com essas crianças, por outro lado a Escola
também não contempla, na formação continuada, dar conta desta questão e capacitar os Professores e
Funcionários de Apoio para de fato tornar a inclusão uma realidade.

Mas de que inclusão estamos falando? Saiba que matricular a criança e fisicamente garantir uma carteira
dentro de uma sala de aula NÃO é inclusão ! Fazer a equivalência idade/série sem contemplar o devido
apoio pedagógico também NÃO é inclusão. Tentar enquadrar a criança ou jovem no mesmo nível
pedagógico que os demais alunos também JAMAIS será inclusão.

Vivemos em um mundo real e por esta razão é preciso analisar o contexto atual em que estas crianças são
recebidas: salas de aula lotadas, um único Professor, sem a devida capacitação para lidar com nenhum tipo
de deficiência, a equivalência idade/série que acaba promovendo apenas a inclusão social, já que a criança
ou jovem convive com outras crianças da mesma idade cronológica, porém há que atentar que a idade
mental, dependendo da deficiência, não contemplaria nem mesmo esta “inclusão social”.

Ainda há a situação em que todos os anos muitas Escolas são surpreendidas com o recebimento de alunos
com necessidades especiais (com paralisia cerebral, limítrofes, ou algum tipo de síndrome), sem que
tivessem sido informadas de tal fato pelas famílias. Por outro lado, a família, com receio de não conseguir a
vaga, omite as reais necessidades da criança, deixando assim, a Escola sem subsídios para iniciar o trabalho
pedagógico. Saiba que está situação é mais comum do que parece.

A SURPRESA:

Nos primeiros dias a Professora observa que aquela criança não interage com as demais crianças, demonstra
comportamento diferente para a idade, e não se desenvolve no seu aprendizado. As tarefas que a criança
realiza estão muito aquém do grupo, ou então a criança nada realiza em todo o período que fica na Escola.
As notas estão sempre abaixo do esperado, o comportamento é agressivo, ou indisciplinado,
desestabilizando todo o grupo.

O QUE FAZER?

A família começa a cobrar os resultados da Escola e da Professora . A Escola por sua vez, não dispõe de
informações, laudos e diretrizes que possam nortear o trabalho pedagógico. Se você tem algum aluno
nesta condição, aqui vão algumas sugestões que podem ajudar:

- Convocar a família para uma Reunião e solicitar pos escrito: Avaliação Psicológica, Neurológica ou
outras que julgar necessárias,

- Dar um prazo para a família entregar o parecer médico na Escola,

- Encaminhar o aluno para as terapias, caso a criança ainda não esteja realizando, conforme os laudos
recebidos;
- Solicitar cópia do Receituário para verificação de quais medicamentos o aluno faz uso, pois muitos deles
ocasionam mudança de comportamento e interferem na atenção, ocasionando lentidão de aprendizado e
memória, bem como agitação,

- Levantar, junto a família, qual é a rotina do aluno, pois os familiares de crianças especiais tendem a ser
permissivos, assim eles crescem sem regras, disciplina ou boas maneiras;

- Atualizar o prontuário do aluno com todo o registro (cópias) de diagnósticos de especialistas tais como:
Neurologista, Psiquiatra, Psicólogo, Fonoaudiólogo, Psicopedagogo, Terapeuta Ocupacional e outros,
conforme o caso;

- Estude sobre a deficiência do seu aluno, aprenda sobre suas características e sintomas, de modo a saber
detectar quais comportamentos acompanham determinada deficiência, para que você tenha mais elementos e
possa distinguir o que é da doença e o que é falta de disciplina e educação ;

- Solicite Relatórios periódicos das terapias que a criança estiver realizando, se possível mantenha
contato direto com o Especialista em questão;

- Caso a família fique protelando indefinidamente as providências que o Professor solicitou, acione o
Conselho Tutelar e alegue que a família está sendo negligente com as necessidades da criança.

Após tudo isso feito e levantado, chega a hora de:

- criar plano de curso específico e bem variado para as necessidades de cada aluno, para isso consulte as
Diretrizes Curriculares para Educação Especial e os PCNS.

- criar plano de rotina/disciplina para que a família implante no lar

- entrar em contato periódico com os profissionais que fazem a terapia do aluno para fazer o
acompanhamento da evolução do mesmo.

- criar uma rotina na escola e sala de aula, o que exigirá paciência e persistência

- promover a inclusão social (com os demais alunos), física (adequar as instalações físicas), pedagógica
(atividades diferenciadas e focadas nas necessidades do aluno)

- na impossibilidade de realizar o que está sendo exposto, cobre do poder público o que estabelece a LDB no
seu artigo 58 e 59

E então esse artigo foi útil para você ? Tem idéias e quer compartilhar ? Envie seus comentários. No
próximo artigo abordarei sobre Deficiência Intelectual.

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Leitura Sugerida:

- Faça o Download das Diretrizes para Educação Especial na Educação Básica


http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/diretrizes.pdf

- Faça o download do PCN-Adaptações Curriculares: Estratégias para a Educação de Alunos com


Necessidades Educacionais Especiais http://www.ibc.gov.br/media/common/Downloads_PCN.PDF

Sugestão de Filmes sobre Inclusão:


- Primeiro da Classe ( um homem com sindrome de Tourette torna-se Professor)

- Temple Grandim (autismo)

- O Milagre de Ann Sullivan (auditivo)

- Como Estrelas na Terra – Toda Criança é Especial (Taare Zameen Par) (dislexia)

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4 Comentários

1
Eliene
março 4th, 2011 at 17:26

Esse artigo chegou para mim no momento certo.Estou pela primeira vez durante meus vinte e quatro anos de
trabalho docente entre coordenação e regencia com uma turma de vinte e dois alunos sem auxiliar com um
aluno suspeita de autismo, a família até o momento não apresentou relatório médico. não sei como ajudar
essa criança. SE possivel me envie mais informações sobre o assunto.

2
juracilene capanema
março 4th, 2011 at 17:39

Olá Roseli,
Também tenho alunos com esses mesmos “problemas”, mas o que realmente encomoda é o descaso que as
famílias têm com essas crianças. Sempre peço relatórios,receituarios, acompanhamento de profissionais
(TO, Fono,Fisio,Etimulação Visual,Psicopedagogia…) mas isto nunca acontece.
Algum poucos pais comparecem ás reuniões individuais.O que torna mais dificíl o trabalho do professor.
muito com meus Tenho uma filha com Paralisia Cerebral e por isso fiz o curso de Educação Especial
Inclusiva para poder inteirar me do processo “escolar” dela.Esse curso tem ajudado mecom meus alunos.

3
Etiane
março 4th, 2011 at 18:28

Olha, adorei a abordagem. Aborda a Lei nº 7.853 artigos 8º e 2º se eu não tiver enganada. Ela obriga o poder
público ou seja o gestor municipal adequar as escolas e especializar os professores. Enquanto a
LDB só obriga a escolas receberem alunos especiais.
Um abraço carinhoso!
Etiane.
Pedagogga e especialista em gestão e coordenação pedagógica.

4
Eliane Alves
março 4th, 2011 at 18:55

Esse artigo veio esclarecer muitos de nos professores e coordenadores que deparam com diferentes situações
no que se refere a educação inculisa. obrigada.

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