Você está na página 1de 88

Curso de Nutrição

Disciplina de Fisiopatologia da Nutrição e Dietoterapia I


Profa. Dra. Tatiana Uchôa Passos

Dietas Hospitalares de Rotina


Dietas Hospitalares

• “Dieta é o padrão alimentar do indivíduo”

• Indivíduo Enfermo – Demandas Específicas


Dietas Hospitalares
• A alimentação considera, não só sua patologia,
mas também todas as condições em que se
encontra o indivíduo

Estados:
• Físico
• Nutricional
• Psicológico
Alimentação NORMAL X ESPECIAL
• Alimentação normal:
– Balanceada em nutrientes
– De fácil preparação
– De apresentação agradável
– Adequada a indivíduos sadios e àqueles doentes
que não necessitam de nenhum tipo de
modificação na sua dieta em virtude da patologia.
Alimentação NORMAL X ESPECIAL
• Alimentação especial:
– Segue as mesmas normas da alimentação normal,
porém apresenta modificações em suas
características para melhor atender as
necessidades do indivíduo enfermo
– Modificações:
• Organolépticas
• Físicas
• Químicas
Dieta Normal

• Todos os tipos de alimentos e formas de preparação

• Baseada nas necessidades dietéticas para indivíduos


saudáveis

• Fornece, em média de 1500 a 2000 calorias, sendo:


– PTN: 10 a 15% do VCT
– LIP: 25 a 30% do VCT
– HC: 50 a 60% do VCT
Por que modificar a Dieta Normal?
O que determina a escolha da dieta?
Estado Geral do Paciente
Prescrição da Dieta
• Princípios básicos:
– Hábitos de alimentação;
– Cultura;
– Nível sócio-econômico do paciente;
– Histórico clínico da patologia;
– Estado anatômico do TGI;
– Fornecimento de todos os nutrientes essenciais;
– Evolução sinérgica entre o plano alimentar e
estado clínico.
Prescrição da Dieta
Prescrição da Dieta: Refeições
• Seis refeições – Padrão Hospitalar:
Prescrição da Dieta – Modificações

Além de outros aspectos relevantes


Prescrição da Dieta: Temperatura

• Temperaturas extremas:
– Diminuem ou amortizam a sensibilidade dos
órgãos gustativos

• Alimentos quentes: maior saciedade


• Alimentos frios: retardam a saciedade
Prescrição da Dieta: Sabor

• Deve-se evitar altas concentrações de açúcar,


sal ou ácidos
• Condimentos podem ser utilizados (ervas,
especiarias, sal).
Prescrição da Dieta: Volume

• Depende da capacidade gástrica do paciente


• Para evitar a distensão gástrica:
– Aumentar a frequência
– Diminuir volume
Prescrição da Dieta: Conteúdo de Resíduos
Prescrição da Dieta: Conteúdo de Resíduos
• Para:

– Repouso do TGI: dieta ↓↓↓ resíduos;


• Indicações: Digestão, má absorção ou diarréia
• Alimentos que provavelmente são digeridos por
completo e bem absorvidos e que não aumentam
excessivamente as secreções do trato GI.

– Estímulo do Trânsito Intestinal: dieta ↑↑↑


resíduos
Prescrição da Dieta: Conteúdo de Resíduos
Prescrição da Dieta: Consistência
• A dieta pode ser consistência:

• Da mais consistente e mais completa a menos consistente e mais restrita.


Prescrição da Dieta: Consistência
• O que determina a escolha da consistência?
– Mastigação/deglutição
– Distúrbios gastrintestinais
– Intervenções cirúrgicas
– Preparação de exames
Prescrição da Dieta: Equilíbrio de Nutrientes

• Poderá ser:

• Modificações independentes de consistência,


volume, etc.
Prescrição da Dieta: Equilíbrio de Nutrientes
* Calorias *

Atenção à subjetividade e individualidade que estes conceitos têm.

Ex.: Uma dieta de 1200 Kcal é normo, hipo ou hipercalórica?

Caso 1: Mulher de 30 anos, 60 Kg 20 Kcal/Kg de peso


Caso 2: Mulher de 70 anos, 40 Kg 30 Kcal/Kg de peso
Prescrição da Dieta: Equilíbrio de Nutrientes
* Proteínas *

Objetivos relativos ao teor de metabólitos nitrogenados, para


patologias específicas (paciente renal e hepatopata) e/ou reconstrução
tecidual (úlcera por pressão, desnutrição etc.)
Prescrição da Dieta: Equilíbrio de Nutrientes
* Carboidratos *

Evitar restrições desnecessárias.

É possível reduzir subgrupos de glicídios sem reduzir o teor total:


Ex.: Dieta normoglicídica com redução de HC simples
Prescrição da Dieta: Equilíbrio de Nutrientes
* Lipídios*

Evitar restrições desnecessárias.

É possível reduzir subgrupos de lipídeos sem reduzir o teor total:


Ex.: Dieta normolipídica com redução de gordura saturada
Prescrição da Dieta: Equilíbrio de Nutrientes
* Sódio e Potássio *
Prescrição da Dieta: Equilíbrio de Nutrientes
* Fibras e Colesterol *
Prescrição da Dieta: Equilíbrio de Nutrientes
* Líquidos *
Quais são as
Dietas Hospitalares de Rotina?
Dietas Hospitalares de Rotina
Dieta Geral

• Pacientes sem alterações metabólicas


significativas ou risco nutricional
• Características:
– Sem restrição no tipo ou no método de
preparo dos alimentos servidos.
– Fracionada e Balanceada

– Calorias: facilmente
atingidas conforme
necessidade
Dieta Geral

• Observações: EVITAR!

– Alimentos de muito difícil digestão

– Alimentos ricos em gorduras e açúcar


• Guloseimas, croissant, bolos recheados e com
coberturas, salgados e folhados, enlatados, salames,
mortadelas, presunto e outros embutidos
Dieta Branda
• Finalidade
– Facilitar o trabalho digestivo e absortivo

• Usada com dieta de transição de líquida para geral


– Pós-operatório, enfermidades do esôfago, dificuldades de
mastigação e deglutição, uso de próteses dentárias,
gastrite e ulcera péptica.

• Características:
– Abrandamento do tecido conjuntivo e das fibras pela
cocção e subdivisão
– Fracionada e balanceada
– Calorias: facilmente atingidas conforme necessidade
Dieta Branda
• Duração: Tolerância

• Alimentos incluídos
– Leite e derivados: tudo
– Carnes
– Cereais: arroz e macarrão normal, pão e biscoito
– Frutas: crua, na forma de sucos e vitaminas, ou sem casca.
– Hortaliças: cozidas e/ou em sopas/sucos.
– Gorduras: normais
– Açúcares e doces: normais.
Dieta Branda
• Observações: NÃO USAR

– Alimentos que causem gases


• Brócolis, batata doce, leguminosas, couve-flor, pepino,
pimentão, abóbora, folhas cruas
– Alimentos com alto teor de fibras
– Doces concentrados e gordurosos
– Frituras
– Queijos gordurosos
Dieta Branda
Dieta Branda
• Dieta Branda X Feijões e demais Leguminosas
– A depender do padrão hospitalar

– Principalmente: a depender do quadro clínico

– Situação pouco semelhante: Ovo


Dieta Pastosa
• Finalidade
– Fornecer uma dieta que possa ser mastigada e deglutida
com pouco ou nenhum esforço.
– Facilitar a mastigação, disfagia, alterações gastrointestinais,
insuficiência respiratória, danos neurológicos, uso de
próteses, ferimentos na boca.

• Características
– Alimentos macios, bem cozidos que ficam pastosos
quando mastigados.
– Fracionada e balanceada (6 refeições em volumes normais)
– Pode usar suplementos
Dieta Pastosa
• Características
– Calorias:
• Razoavelmente atingidas com facilidade

• Duração: Tolerância

• Alimentos incluídos
– Leite e derivados, carnes, cereais, frutas,
hortaliças, óleo e gorduras, açúcares e doces
Dieta Pastosa
• Alimentos incluídos – observações:
– Vitaminas com frutas
– Mingau (com textura de pudim)
– Queijo cremoso
– Frango bem cozido e desfiado (sem pele)
– Peixe bem cozido e a carne moída bem cozida.
– Leguminosas são proibidas
– Cereais: arroz papa, macarrão bem cozido, torradas,
biscoitos salgados e doces, mas não recheados.
Dieta Pastosa
• Alimentos incluídos – observações:
– Frutas cozidas (pêra, banana e maçã) e mamão picado.
– Hortaliças: entram nas sopas e nos sucos.
– Gorduras: margarina, óleo e manteiga são permitidos.
– Açucares e doces: pudim de leite, doce de goiaba, sorvete,
geléia
– Existem algumas controvérsias em relação ao queijo prato
e mussarela, o café e o leite, mas na prática muitos
hospitais fazem uso desses alimentos.
Dieta Pastosa
• Observações: NÃO USAR
– Pães duros
– Alimentos que contenham semente
– Biscoitos amanteigados
– Pastéis ou frituras
– Folhas cruas
– Frutas com casca ou bagaço
– Iogurte com pedaços de frutas
– Ovos fritos
– Bacon
– Azeitonas
– Condimentos fortes como pimenta, catchup e mostarda.
Dieta Pastosa
OBS.:
Dieta Pastosa
(Hospitalar de Rotina)

Dieta Pastosa
(apenas a consistência modificada)
Dieta Semi-Líquida
• Finalidade:
– Transição de consistência

• Características:
– Consistência semifluída

• Alimentos incluídos:
– Todos da dieta líquida (mingaus, caldos
engrossados, sopas consistentes, purês, suflês,
biscoitos e bolachas, macarrão, doces em
compota, iogurte)
Dieta Semi-Líquida
Dieta Líquida Completa
• Finalidade:
– Facilitar o trabalho digestivo, mastigação e deglutição
• Características
– Alimentos líquidos ou que se dissolvam na boca
• Líquidos à temperatura ambiente ou corporal
– Fracionada e desbalanceada em micronutrientes
• 8 a 10 refeições
– Pobre em resíduos e fibras
– Calorias:
• Em geral, Hipocalórica
• Pode-se usar suplementos (conforme demanda e/ou em caso
de uso por tempo prolongado)
Dieta Líquida Completa
• Duração: Tolerância
• Alimentos incluídos:
– Leite e derivados, carnes, cereais, frutas, hortaliças, óleos
e gorduras, açúcares e doces

Observações:
– Vitaminas com frutas (pobre em resíduos, deve ser coada)
– Sopas líquidas, liquidificadas.
– Leguminosas são proibidas
– Não se deve usar alimentos formadores de gases
– Açúcares e doces: 10 a 15%
– Ovo: raramente usado (gás formador)
Dieta Líquida Completa
• Importante!
– É inadequada em fibras Pode causar constipação
– Pode ser usado um suplemento de fibras em situações
como:
• Paciente em Líquida Completa por não mastigar ou
deglutir bem e sem qualquer complicação no trato GI
• Paciente com câncer 3000Kcal
• Contraindicação: pós-operatório

Quando a dieta é adicionada de suplemento,


ela deixa de ser dieta padrão de rotina
Dieta Líquida Completa
Dieta Líquida Restrita
• Finalidade:
– Hidratação, avaliação, preparo para exames, pós-operatório
– Fornecer líquidos, alguns eletrólitos e pequenas
quantidades de energia antes que a função gastrintestinal
retorne

• Características
– Alimentos claros e translúcidos
– Super-fracionada (10 a 12 refeições)
• 100 a 200mL/ refeição
• De 1 ou 1 e ½ hora de intervalo.
– Muito desbalanceada
– Sem resíduos
Dieta Líquida Restrita
• Características
– Composta principalmente de água e carboidratos
– Hipocalórica
• 550 a 600 kcal
• 5 a 10 g de ptn / 120 a 130g de hc / Mínimo de lip
• Destituída de vitaminas e minerias
• Pouca quantidade de sódio e potássio.
Dieta Líquida Restrita
• Duração: 24 a 48 horas
• Alimentos permitidos:
– Água
– Água de coco
– Gelatina
– Sucos de frutas diluídos (claros)
• Limonada a 5%, sucos de fruta sem polpa a 50%, açúcar a 5% e
monossacarídeos como mel a 10%.
– Chá
– Caldo de legumes
– Pode-se usar os repositores hídricos
Dieta Líquida Restrita
• Observações importantes!
– Todos os caldos são apenas a água em que esses
alimentos foram cozidos
– O açúcar é a 5%, pois libera glicose, frutose e CO2,
sendo fermentável distensão
– Geléia: muito concentrada (30% de açúcar) pode
fermentar.
– Sal não é proibido
Dieta Líquida Restrita
Outras Terminologias Possíveis
• Hipossódica
• Para DM
• Laxativa
• Constipante
• Para DRC
• Hiperproteica
• HipoIípídica
• ...
Dieta Zero
• Definição
• Duração
• Objetivos
Interação Equipes:

Nutrição Clínica X Alimentação Coletiva


• Padronização

• Comunicação

• Interação
Padronização por DHR + Situação Clínica
Padronização por Enfermidade com demanda
nutricional específica: DM, HAS, DRC...
GERAL BRANDA PASTOSA SEMILÍQUIDA LÍQ. COMPLETA LÍQ. RESTRITA

Hipossódica Hipossódica Hipossódica Hipossódica Hipossódica Hipossódica

Para DM Para DM Para DM Para DM Para DM Para DM

Para DRC Para DRC Para DRC Para DRC Para DRC Para DRC

Laxativa Laxativa Laxativa Laxativa Laxativa Laxativa

Constipante Constipante Constipante Constipante Constipante Constipante

Hiperprotéica Hiperprotéica Hiperprotéica Hiperprotéica Hiperprotéica Hiperprotéica

Segundo Calorias
1200 1200 1200
1500 1500 1500
1800 1800 1800
2000 2000 2000
Exemplos
2200 2200 2200
Importante Lembrar
• Todas estas variações também serão
elaboradas conforme população específica:
Importante Reconhecer
• Cada hospital... Cada região brasileira... Possui
suas particularidades e protocolos:
– Ex.: Sumário do Manual do ICC de SP
– Ex.: Sumário do Manual do ICC de SP
– Ex.: Sumário do Manual do ICC de SP
– Hospital Particular da Paraíba
– Hospital Particular da Paraíba
Curso de Nutrição
Disciplina de Dietoterapia I
Profa. Tatiana Uchôa Passos

Exemplos de Cardápios de
Dietas Hospitalares de Rotina
Dieta Líquida Restrita
Dieta Líquida Restrita
Dieta Líquida Restrita
Dieta Líquida Completa
Dieta Líquida Completa
Dieta Líquida Completa
Dieta Pastosa
Dieta Branda
Exercícios

• Defina qual o tipo de dieta hospitalar de


rotina mais apropriado

• Elabore um cardápio com as 6 refeições:


PREPRAÇÃO INGREDIENTES MEDIDAS CASEIRAS
Caso 1
• Sexo Feminino, 30 anos, eutrófica, realizou
cirurgia simples há 3 dias. Segue sem
complicações. Deverá receber alta hoje.
Caso 2
• Sexo Masculino, 45 anos, obeso,
internamento por cálculos na vesícula. Segue
em evolução, com queixas leves de
empachamento e distensão abdominal.
Dentição e mastigação preservadas.
Caso 3
• Sexo Masculino, 80 anos, desnutrido, realizou
cirurgia cardíaca há 2 dias. Paciente com
dentição incompleta, sem uso de prótese
dentária. Poucas queixas de desconforto GI.

Caso 4
• Sexo Masculino, 55 anos, obeso, em evolução
de cirurgia de úlcera gástrica. Paciente
bastante sintomático para TGI. Recomenda-se
dieta pobre em resíduos.
Caso 5
• Sexo Feminino, 42 anos, obesa, no 2º dia do
pós-operatório de cirurgia bariátrica. Paciente
com dentição completa.

Você também pode gostar