O livro História Sociocultural da Escolarização e da Normatização da Língua
Portuguesa em Sergipe del Rey no Século XIX: a obra de José Ortiz (1862) traz os contornos sócio-históricos nos quais o processo de escolarização linguística e, por extensão, da História da Cultura Escrita, estiveram inseridos no Brasil e em Sergipe no século XIX. Nesta obra, objetiva-se apresentar, sem a intenção de exaurir o tema escolarização, a condição em que se encontrava o ensino em Sergipe do século XIX, as dificuldades enfrentadas pela Província de Sergipe del Rey após sua emancipação política da Província da Bahia, em 1820, sobretudo depois da descentralização do ensino primário e secundário, por meio do conhecido Ato Adicional, em 1834. O livro enfatiza questões relacionadas à relação entre distribuição étnico-demográfica, condição socioeconômica e acesso à escolarização e à cultura escrita da população em Sergipe. No tocante à obra de José Ortiz, aduzida no título deste livro, esta é uma das muitas obras de referência que surgiram em grande número, especialmente após a segunda metade do século XIX, com o fito de “ensinar” a gramática da língua portuguesa aos jovens e crianças da época, tomando como padrão a norma lusitana. Esse compêndio escolar fora sugerido à Diretoria Geral da Instrução Pública de Sergipe del Rey para adoção em suas escolas, em 1862, após boa aceitação na Província do Espírito Santo. Embora o manual gramatical de José Ortiz já tenha sido recenseado em outros trabalhos acadêmicos, sua análise detalhada é apresentada pela primeira vez neste livro, seguindo o método de análise comparada à luz das obras de outros três grandes gramáticos da época – Jerônimo Soares Barbosa (1822), Antônio de Moraes e Silva (1806) e Francisco Sotero dos Reis (1871). A análise assim conduzida vem mostrar o perfil dos compêndios escolares voltados ao ensino de língua portuguesa – e de sua padronização – dentro de um contexto sociocultural e econômico pouco alvissareiro de Sergipe naquele período.