Você está na página 1de 4

5 fatores que trouxeram vida a uma igreja que estava morrendo

A igreja que eu pastoreio, a Summit Church, foi plantada em 1962. Em 2010, contudo, a
Summit Church (então chamada Homestead Heights Baptist Church) era uma igreja
batista sem progresso e em declínio. O pastor em exercício havia sido convidado a se
demitir, após ser pego em imoralidade. O pastor anterior a ele havia tentado, sem
sucesso, impor o modelo da igreja de Willow Creek[1] e o pastor anterior a ele era
teologicamente moderado. Quando cheguei, a igreja estava em seu quarto ano seguido
de declínio na freqüência e nas ofertas, e o cenário era desolador.
Cinco fatores vivificantes
Apenas Deus dá vida a coisas mortas. Mas aqui estão cinco lições que eu aprendi e que,
segundo creio, contribuíram para a revitalização de nossa igreja.
1. Transformação interior conduz a mudança exterior.
Assim como mudanças exteriores e moralistas não podem transformar o coração
humano, também mudanças exteriores nos programas ou estruturas da igreja não podem
revitalizá-la. É como tentar curvar uma barra de metal sem primeiro aquecê-la: ou ela
resistirá completamente à mudança ou simplesmente quebrará em duas.
A mudança interior no crente ocorre apenas por meio da pregação do evangelho. As
pessoas se tornam dispostas a sair e alcançar outros à medida que aprendem mais acerca
de Deus e do que ele fez.
Há um tempo para promover mudanças e um tempo para apenas pregar Jesus. É preciso
de sabedoria para saber o que fazer em cada ocasião. Uma igreja que tem o seu
“primeiro amor” (Apocalipse 2.1-10) provavelmente suportará até as mais incômodas
mudanças para completar a missão.
À medida que a Summit Church desenvolveu um amor pelos perdidos, mudar as nossas
estruturas para alcançar mais pessoas se tornou relativamente fácil.
2. Não subestime o poder do ímpeto.
É mais fácil mudar igrejas que estão crescendo, assim como é mais fácil pilotar uma
bicicleta que está em movimento. Em qualquer organização, incluindo uma igreja, o
ímpeto pode proporcionar o capital de que você necessita para realizar a mudança. Sun
Tzu, autor do clássico militar de 2.500 anos A Arte da Guerra, disse que o ímpeto é o
aliado mais valioso de um general. Pequenos exércitos podem obter grandes vitórias se
souberem como construí-lo.
Considere focar-se, primeiro, em mudar aquelas coisas que impedem a igreja de crescer.
Quando o crescimento está ocorrendo, você perceberá ser mais fácil mudar as outras
coisas. À medida que as pessoas experimentam a alegria de novos crentes nascendo no
meio delas, elas se tornam mais dispostas a abandonar aquilo que é mais confortável
para elas e a abraçar o que é mais eficaz para alcançar outros.
Além disso, na maioria dos casos, eu o encorajaria a gastar mais tempo desenvolvendo
as pessoas que estão com você do que lidando com aqueles que são contra você. Ímpeto
e excitação costumam silenciar a oposição. Então, em vez de gastar muito tempo
apagando incêndios, talvez você queira começar o seu próprio.
Quando eu cheguei à Summit, houve diversos problemas que nós escolhemos ignorar,
ao menos naquele primeiro momento. Isso incluía questões de vestimenta, estilo
musical, a duração dos cultos e uma constituição ineficaz (e de algumas maneiras não
bíblica). Nós mudamos umas poucas peças-chave as quais sabíamos que iriam indicar
um novo tempo na igreja e estabelecemos algumas grandes metas para ações
evangelísticas que ocorreriam em breve. Ao alcançarmos aquelas metas, nós fizemos
questão de celebrar a fidelidade de Deus nelas. Após uma daquelas ações evangelísticas,
nós batizamos o nosso primeiro crente afroamericano. Um senhor mais velho, que mais
tarde se tornaria moderador do conselho de presbíteros, veio a mim com lágrimas nos
olhos e disse: “Filho, eu não estou empolgado com muitas dessas mudanças que você
está fazendo. Mas se isso é uma amostra do que nós iremos ter, conte comigo”.
Durante aquele primeiro ano, eu batizei uma estudante de intercâmbio, vinda de um país
cuja língua natal ocorreu-me falar (havendo morado naquele país por dois anos), então
eu conduzi o batismo dela naquele idioma. Depois daquilo, eu provavelmente poderia
ter sugerido que todos nós plantássemos bananeira na igreja, e as pessoas teriam me
seguido. Em dois anos, nós mudamos nossos costumes quanto à vestimenta, vendemos
nosso imóvel e reescrevemos nossa constituição, tudo isso sem um voto divergente. Se
eu tivesse sugerido aquelas coisas durante o primeiro ano, teria sido um banho de
sangue. Mas, depois que ganhamos impulso, elas mudaram naturalmente.
Vença algumas “batalhas” no evangelismo e, então, celebre-as. Não é isso que vemos os
salmistas fazerem tanto para fortalecer sua própria alma como para inspirar uma visão
para o futuro? No Salmo 48, os filhos de Corá dizem a Israel: “Percorrei a Sião, rodeai-a
toda, contai-lhe as torres; notai bem os seus baluartes, observai os seus palácios, para
narrardes às gerações vindouras que este é Deus, o nosso Deus para todo o sempre; ele
será nosso guia até à morte”.
3. Guarde-se de lutar batalhas que não lhe levarão a lugar nenhum.
Uma terceira lição está atrelada à segunda. Guarde-se de lutar batalhas, não importa
quão dignas sejam, que não lhe darão grande vantagem estratégica.
Algumas batalhas (às vezes batalhas dignas!) não lhe ajudarão na mais ampla “guerra”
de revitalização. Com freqüência, se você as adiar, poderá vencê-las depois sem
derramar nem uma gota de sangue – de ambos os lados. Saiba quais batalhas lutar em
cada ocasião.
Eu tenho percebido que líderes perfeccionistas tendem a ter problemas com este
princípio, porque não são capazes de discernir o “certo” do “oportuno”. Algumas vezes,
nós nos esquecemos de que o objetivo não é vencer batalhas, mas sim liderar pessoas.
O apóstolo Paulo parecia entender isso. Algumas vezes, ele deixou que pessoas
difamassem seu caráter; em outras, ele defendeu seu apostolado. Algumas vezes, ele
buscou conformar-se à lei; em outras, ele publicamente reprovou aqueles que se
recusavam a abraçar a sua liberdade. Seu padrão de envolvimento consistia em saber o
que era estratégico para a missão (1Coríntios 9.19-27; Gálatas 2.11-15).
É claro que isso não significa que nós toleraremos pecados escancarados ou
significativos erros doutrinários na igreja. Significa apenas que nós lutaremos as
batalhas certas nos momentos certos.
4. Crie uma cultura de envio.
Em minha opinião, criar uma cultura de envio é essencial para revitalizar uma igreja.
Igrejas revitalizadas vêem a si mesmas como comunidades em missão com Deus, não
como clubes de campo para cristãos.
Uma coisa muito prática a ser feita para encorajar essa mentalidade é enviar o maior
número de pessoas possível a viagens missionárias de curta duração. Poucas coisas
abrem melhor nossos olhos para uma vida missional quanto passar tempo com
missionários em outros países. Quanto mais essa mentalidade entrar na corrente
sanguínea da igreja, mais os membros se tornarão dispostos a aplicar princípios
missionais em seus próprios contextos.
Durante nossos primeiros dois anos, nós enviamos um número incomum de nossos
membros e líderes para outros países. Isso custou muito dinheiro e tomou tempo
valioso, mas efetuou duas coisas. Primeiro, isso aumentou o nível de generosidade em
nossa igreja. Ao verem as necessidades do campo, as pessoas ofertavam mais. As
viagens podem ter nos custado muito dinheiro, mas elas se pagaram muitas vezes mais.
Segundo, isso fez com que nossos membros se perguntassem se eles estavam labutando
para alcançar a nossa cidade do mesmo modo como os missionários em outros países
estavam labutando para alcançar as suas.
Quando você cria uma cultura de envio em sua igreja, você provavelmente perderá
alguns de seus melhores membros para uma igreja em plantação ou para uma obra
missionária. Mas não tenha medo; a cultura de envio cria mais líderes para assumirem o
lugar deles. Tem funcionado conosco como os cinco pães e os dois peixes: quanto mais
nós damos, mais é multiplicado e nos é dado de volta.
5. Lidere o seu povo a anelar.
O místico francês Antoine de Saint Exupéry disse uma vez: “Se você quer construir um
barco, não angarie homens para ajuntar madeira, não divida o trabalho nem dê ordens.
Em vez disso, ensine-os a anelar pelo vasto e infinito mar”. À medida que as pessoas
anelam pela salvação do mundo, elas não apenas apoiarão as mudanças que você
propõe, mas provavelmente também instigarão por si mesmas algumas outras
mudanças. É aí que a igreja estará de fato revitalizada.
Novamente, é a pregação do evangelho que produz esse anelo. O evangelho nos faz
reverenciar Jesus, que, sendo rico, por nossa causa se fez pobre. Ele nos impele a nos
entregarmos em favor dos outros, assim como ele se entregou por nós. O evangelho
desperta as pessoas de sua soneca de classe média para seguirem Jesus à medida que ele
busca e salva o perdido. Ele os move para amar o pobre, o estrangeiro e o exilado.
O evangelho nos ensina a ver o mundo pelas lentes do Deus compassivo que se
apresenta na cruz e se revela na ressurreição. O evangelho nos enche de uma fé
audaciosa, fazendo-nos (nas palavras de William Carey) “esperar grandes coisas de
Deus e então empreender grandes coisas para Deus”.
O evangelho nos faz anelar por ver a glória de Deus cobrir a terra como as águas
cobrem o mar. Ele nos dá uma paixão pelo seu reino que excede o nosso conforto com
o status quo. À medida que o evangelho se tornou mais e mais o centro de nossa igreja,
eu tenho visto os membros de nossa igreja fazerem as coisas mais impressionantes – de
mudar-se de bairros ricos para outros mais pobres a adotar crianças desprezadas, a amar
refugiados e a compartilhar Cristo com seus vizinhos.
Então, concentre-se pessoalmente no evangelho. Medite nele até que ele queime em seu
peito e você não possa contê-lo. Então, pregue-o, deixando que ele faça a obra de
revitalização.

Você também pode gostar