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OGI

11/10/2021

AULA Nº 3, 4
CONSTITIUIÇÃO E TAMANHO DAS EMPRESAS EM ANGOLA

Formas de Constituição de Empresas


Os empresários perguntam muitas vezes se existe uma forma que seja a
melhor de constituição de uma empresa. A resposta é NÃO. Tudo
depende da preferência do empresário, da sua capacidade técnica e
financeira, das políticas fiscais em vigor no país, das necessidades e dos
objectivos da empresa, etc.

Sendo assim, qual é a forma legal de constituição de uma empresa apropriada para o seu
negócio?

Como a maior parte dos donos de negócios, quer uma forma legal que:

 O proteja de ser pessoalmente responsável por opiniões desfavoráveis ao seu


negócio;
 Lhe dê a possibilidade de transferir a propriedade conforme desejar, em especial se
quiser mantê-la na família ou continuar o negócio independentemente da presença
ou não de outros sócios;
 Tenha uma estrutura de gestão simples e funcional;
 Tenha poucos custos organizacionais e administrativos;
 Lhe dê a possibilidade de fazer negócio sem complicações em mais de uma região
(talvez não seja relevante agora, mas pode vir a sê-lo no futuro);
 Lhe permita aproveitar as leis fiscais e manter os impostos o mais baixo possível.
 A sua escolha da constituição e organização legal da empresa faz uma grande
diferença, se tiver em conta os factores acima mencionados.

Mesmo depois de escolher uma forma legal de constituição da empresa, não é obrigado a
continuar com esta para sempre. Se o seu negócio crescer, se as suas necessidades mudarem
ou se surgirem novas oportunidades, pode mudar de uma forma legal de constituição da
empresa para outra. Contudo, deve verificar primeiro, tendo em atenção os factores já
mencionados anteriormente. Por exemplo, passar de uma sociedade unipessoal para uma
companhia pode ter muitas implicações desfavoráveis em termos de impostos.
Para mais informações sobre formas de constituição de empresas, responsabilidade,
registo, documentação necessária, custo do registo, impostos, estrutura legal e continuidade
após o falecimento do dono ou accionista, etc., deve contactar com organizações de apoio a
empresas e com os serviços relevantes do governo, como o Departamento de
Desenvolvimento de Cooperativas no Ministério da Indústria.

Portanto, as principais formas de constituição de empresas são:


Sociedade Unipessoal, sociedade em nome colectivo, cooperativa e
companhia.

SOCIEDADE UNIPESSOAL

Esta é a forma mais comum de constituirão de empresa (em particular micro e pequenas
empresas) em Angola. Numa sociedade unipessoal, o empresário é o único dono do negócio.
Ele inicia o negócio, contribui com o capital necessário e gere o negócio. Também contrata
pouco pessoal e com baixa remuneração. Recebe todos os lucros e perdas do negócio. Alem
disso, o empresário deve adquirir sozinho as instalações e o equipamento necessários e o
stock de produtos a vender.

O empresário desempenha as funções normais de gestão do negócio, ou seja, planear,


orçamentar, chefiar e controlar as operações do negócio. Desempenha também todas as
fungões de gestão como, por exemplo, marketing, produção, organização e gestão
financeira, sozinho ou com o apoio dos seus familiares.

Uma sociedade singular não exige registo nos serviços do governo (mas pode ter que obter
licenças de funcionamento nas autoridades relevantes, se houver) antes de começar a
funcionar. Portanto, e muito simples iniciar e administrar este tipo de negócio e é o que o torna
a forma mais comum de constituição de empresas no país. Uma pessoa dorme e sonha iniciar
um negócio. Analisa o seu sonho, prepare um plano de negócios simples para determinar a
sua viabilidade e necessidades e confirma se conseguirá lucros. Mais tarde mobiliza o capital
e outros recursos necessários. Depois já e possível iniciar o seu negocio!

Perante a lei, o negócio tem a identidade do seu proprietário e, uma vez que o negócio e
proprietário são o mesmo, a morte do proprietário pode marcar o fim da sociedade singular.

Vantagens de uma sociedade singular

 Liberdade: porque possuem todo o negócio, os proprietários não têm que prestar
contas a ninguém a não ser a eles próprios.
 Os proprietários colhem todos os benefícios de um negócio bem-sucedido.
 As sociedades singulares são simples de iniciar e de gerir. não tem um processo
complexo de funcionamento (principalmente porque o dono e também é o
administrador). É por isso que esta forma legal de constituição de empresas atrai
fortemente o empresário que gosta de fazer tudo sozinho, e independente ou e a
primeira vez que se dedica a negócios.
 As despesas iniciais são poucas, principalmente porque as empresas são pequenas e
não requerem muitos procedimentos para arrancar.
 Tem um alto nível de sigilo, pois, contrariamente a outros tipos de constituição de
empresas, o proprietário não depende de ninguém. O segredo protege o negócio
dos concorrentes.

Desvantagens de uma sociedade singular

 Como empresário e negócio são a mesma coisa, quando falecer o negócio deixa de
existir. Portanto, o negócio não tem continuidade (não e perpetuo).
 Um proprietário único aguenta todos os prejuízos do seu negócio.
 Como empresário, um proprietário único assume sozinho todos os passivos (ou
dívidas) do negócio. Na eventualidade de o negócio não cumprir as suas obrigações,
o proprietário e pessoalmente responsável pelo pagamento de todas as dívidas.
Tem que pagar todas as dívidas do negócio, nem que para isso tenha que utilizar as
suas poupanças pessoais e outros bens (se o negócio não produzir ou não tiver
liquidez suficiente).
 Geralmente a sociedade singular tem falta de capital. Isto deve-se sobretudo ao facto
de que aquilo que tem e o que proprietário consegue mobilizar. Também muitas
vezes é-lhes difícil mobilizar fundos para iniciar ou expandir as suas operações. Os
bancos e outros financiadores tendem a associar a sociedade singular a instabilidade
e incerteza.
 As sociedades singulares sofrem muitas vezes de má gestão, porque é uma só
pessoa a geri-las. Uma vez que uma pessoa não pode ser especialista em todas as
áreas de gestão de negócios (marketing, produção, organização, financiamento e
gestão do pessoal), os negócios sofrem com as deficiências do proprietário.

SOCIEDADE EM NOME COLECTIVO

Uma sociedade em nome colectivo é uma forma legal de constituição de empresa que existe
quando duas ou mais pessoas (no máximo vinte) se unem, juntam os seus recursos (dinheiro
e conhecimentos técnicos) a fim de realizarem um negócio.

Os sócios partilham igualmente os benefícios, os prejuízos e as dívidas do negócio, a não ser


que seja determinado de outra maneira na sua escritura ou no seu acordo de sociedade.

Esta forma é quase idêntica a da sociedade singular, porque ambas tem responsabilidade
ilimitada, não requerem registo e a morte de qualquer dos sócios assinala o fim da sociedade.
No caso de a empresa não conseguir cumprir as suas obrigações, os empresários (sócios)
serão chamados a cumpri-las, recorrendo aos seus recursos pessoais.

A necessidade de mobilizar mais capital e de ter melhor capacidade de gestão e


funcionamento da empresa leva muitas vezes a constituição deste tipo de sociedade.

Características principais de uma sociedade em nome colectivo:

 Associação de duas ou mais pessoas, e vinte no máximo.


 Existência de uma relação contratual, quer seja um acordo escrito ou verbal entre os
sócios (Pacto Social e Estatuto).
 Partilha de lucros e perdas conforme acordado pelos sócios.
 Responsabilidades mútuas entre os sócios.
 Não há separação entre sócios e empresa
 Responsabilidade ilimitada da empresa.
 Restrição de transferência dos interesses de um sócio; isto é, só podem transferir os
seus interesses para outros sócios com o consentimento dos demais associados.

Formação de uma sociedade em nome colectivo


Uma sociedade em nome colectivo pode ser formada através de um acordo entre duas ou mais
pessoas. O acordo pode ser verbal ou escrito, mas e conveniente que todos os termos e
condições da sociedade sejam postos por escrito de modo a evitar qualquer mal entendido e
diferendos entre os sócios. Esse acordo escrito entre os sócios e conhecido por escritura de
constituição de sociedade. Deve ser assinado por todos os sócios e devidamente carimbado.
Pode ser alterado com o consentimento mútuo de todos os sócios.

Uma escritura de constituição de sociedade em nome colectivo geralmente conte a


seguinte informação:
 Nome da sociedade;
 Nome e endereço de todos os sócios;
 Natureza do negócio da sociedade;
 Data do acordo;
 Local principal do negócio da sociedade;
 Durarão da sociedade, se for ocaso;
 Montante do capital com que cada sócio contribuiu;
 A proporção segundo a qual lucros e perdas devem ser distribuídos pelos sócios;
 Empréstimos e adiantamentos pagos pelos sócios e juros que Ihes são pagos;
 Montante dos levantamentos permitidos a cada sócio e taxa de juros;
 Montante do salário ou da comissão a pagar a cada sócio;
 Deveres, poderes e obrigações de cada sócio;
 Manutenção de contas e auditoria;
 Modo de avaliação do fundo de comércio por ocasião de admissão, reforma ou morte
de um sócio;
 Procedimentos de dissolução da sociedade e liquidação das contas;
 Arbitragem da resolução de diferendos entre sócios;
 Disposição no caso de um sócio se tornar insolvente.

Vantagens de constituir uma empresa como sociedade em nome colectivo

 Juntar as capacidades
As sociedades em nome colectivo podem ser mais bem geridas do que as sociedades
singulares. Contrariamente as sociedades singulares, o número de sócios vai de dois a
vinte. Isto permite juntar recursos, competências e discernimento de várias pessoas.
Recursos, competências e discernimento combinados resultam numa gestão mais eficiente
do negócio.
 Fácil constituição
Tal como acontece nas sociedades singulares, as sociedades em nome colectivo são
geralmente fáceis de organizar com poucos requisites legais. E necessária uma escritura de
constituição de sociedade ou um acordo e o processo de registo e muito simples. De igual
modo, uma sociedade em nome colectivo pode ser dissolvida facilmente, em qualquer altura,
sem passar por formalidades legais. O registo duma sociedade não e essencial e o acordo de
sociedade pode não ser por escrito.

 Mais recursos financeiros


Como várias pessoas ou sócios contribuem para o capital da empresa, e possível mobilizar
mais recursos financeiros do que no caso da sociedade singular. A solvabilidade da empresa
também e maior, porque cada sócio e pessoal e conjuntamente responsável pelas divides da
empresa. Portanto, há um maior âmbito para expansão e crescimento do negócio.

 Flexibilidade das operações


Embora não tanto como na sociedade singular, uma sociedade em nome colectivo tem
flexibilidade suficiente nas suas operações quotidianas. A natureza e o local dos negócios
podem mudar sempre que os sócios assim o desejarem. O acordo pode ser alterado e
podem ser admitidos novos sócios sempre que necessário. Uma sociedade em nome
colectivo este livre da maioria dos controlos do governo, com excepção de leis fundirias
gerais e de alguns requisites para a obtenção da licença de funcionamento.

 Incentivo pessoal e supervisão directa


Não há separação entre a posse e a gestão. Os sócios são os proprietários e gestores do
negócio. Partilham (de acordo com a sua escritura de constituição de sociedade) os lucres e
as perdas do negocio. O controlo pessoal pelos sócios aumenta a possibilidade de sucesso. A
responsabilidade ilimitada incentiva a precaução e o cuidado por parte dos parceiros. O
receio de responsabilidade ilimitada desencoraja acções imprudentes e precipitadas.
Também motiva os parceiros a fazer o seu melhor.

 Continuidade ou sobrevivência
As possibilidades de continuidade ou sobrevivência da sociedade em nome colectivo são
maiores do que as da sociedade singular. Uma sociedade em nome colectivo pode continuar a
existir após a morte ou insolvência de um sócio se os restantes sócios assim o desejarem. O
risco de prejuízo é diminuído por ser partilhado por duas ou mais pessoas. No caso de uma
linha de negócios não ter êxito, a sociedade pode seguir outra linha de negócios para
compensar os prejuízos.

 Desafios associados a constituição de uma sociedade em nome colectivo


Responsabilidade ilimitada
Cada sócio e conjunta e igualmente responsável pela totalidade das divides da sociedade. A
propriedade privada dos sócios não esta isenta do risco de prejuízo devido a sociedade.

 Culpa comum
Um sócio sofre não só com os seus próprios erros, mas também com os erros, lapsos ou
desonestidade dos outros sócios. Este facto pode afectar negativamente o espírito
empresarial, pois os sócios podem hesitar em aventurar-se em novos negócios com o
receio de sofrerem prejuízos.

 Recursos limitados
O montante de recursos financeiros numa sociedade em nome colectivo limita-se as
contribuições feitas pelos sócios. Portanto a constituição duma sociedade em nome
colectivo pode não ser muito adequada para negócios que envolvem grandes investimentos
em capital, superiores aos que podem ser mobilizados pelos seus proprietários.

 Risco de agenda implicada


Os actos de um sócio são vinculativos, tanto para a empresa como para os outros sócios.
Um sócio incompetente ou desonesto causara problemas aos restantes sócios devido aos
seus actos, omissões ou comissões. Portanto, a escolha de um parceiro nos negócios torna-
se tão importante como a escolha de um parceiro para a vida!

 Conflitos ou falta de harmonia


O sucesso duma sociedade em nome colectivo depende da compreensão mútua e da
cooperação entre os parceiros. O desacordo continue e as brigas entre sócios podem
paralisar o negócio e o tornado de decisões urgentes.

 Falta de continuidade
Uma sociedade em nome colectivo pode chegar ao fim devido a reforma, incapacidade,
insolvência e morte de um sócio. Isto torna incerta a duração duma sociedade em nome
colectivo, embora esta tenha possibilidades de durar mais do que a sociedade singular.

 Interesses intransferíveis
Nenhum sócio pode transferir as suas acções ou os seus interesses no negócio para uma
pessoa de fora (a sua escolha) sem o consentimento de todos os outros sócios. Isto torna
o investimento num negocio fixo, uma vez que a transferência de capital e interdita.

 Desconfiança pública
Uma sociedade em nome colectivo não tem a confiança do público, porque e mais ou
menos como um espectáculo de uma só pessoa. For exemplo, a falta de publicidade dos
seus negócios prejudica a confiança na empresa.
Como consequência dos desafios e das limitações supracitadas das sociedades em nome
colectivo, estas não são comuns. Como forma de constituição duma empresa, está em
declínio e não e popular. A maior parte dos empresários prefere constituir companhias e
outras pessoas formam cooperativas.

COOPERATIVAS
Uma cooperativa é uma forma democrática de organização dos negócios, é utilizada e
controlada exclusivamente pelos seus membros. Todos os membros têm igual autoridade
sobre a forma como a cooperativa é gerida, visando a promoção dos seus interesses
económicos e sociais. O objectivo principal que leva as pessoas a criação de uma cooperativa
é melhorar as suas condições económicas e sociais.

Características de uma cooperativa


As cooperativas em todo o mundo têm características comuns:
 Os membros estão unidos através de interesses comuns.
 Os membros procuram atingir o objectivo de melhorar o seu bem-estar económico e
social através de acções conjuntas (ou realizando algumas actividades
conjuntamente).
 Os membros usam a cooperativa conjuntamente para terem facilmente acesso a
bens ou serviços a um prego acessível (motivo pelo qual a cooperativa foi criada).
Independentemente da dimensão das suas actividades, o propósito da cooperativa é
utilizar recursos comuns (contribuições dos seus membros) para produzir ou obter
bens ou serviços de que os seus membros necessitam.
 As cooperativas baseiam-se nos valores da auto ajuda, auto responsabilidade,
democracia, igualdade, equidade e solidariedade (ou necessidade de trabalhar em conjunto).

Ao iniciarem uma cooperativa, as pessoas devem primeiro identificar uma necessidade comum
(bens ou serviços) que gostariam de satisfazer trabalhando conjuntamente. Depois de a
identificarem, começam a convencer os seus colegas a juntarem-se para começar uma
cooperativa que os ajude a ter acesso fácil e a um bom preço aos bens e serviços
identificados.

Depois de terem mobilizado um número razoável de pessoas interessadas (por exemplo, dez,
vinte ou trinta, quanto mais melhor, pois ajudará a mobilizar mais fundos) devem reunir-se,
discutir e chegar a um acordo sobre o negócio ou as actividades da cooperativa a ser
constituída, o nome da cooperativa, onde vai funcionar, quanto é que cada pessoa deve
pagar para se tornar membro e a contribuição mínima de cada pessoa para o capital social.
Devem também eleger entre si os líderes que serão responsáveis pela gestão dos assuntos
da cooperativa, inclusive o seu registo.

O Departamento de Desenvolvimento de Cooperativas no Ministério da Industria


normalmente pública directivas sobre como constituir uma cooperativa, processos e
procedimentos a seguir. Os dirigentes eleitos devem procurar essas directivas para serem
devidamente orientados durante a formação da cooperativa e a gestão das suas operações.
Qualquer excedente ou lucro que uma cooperativa faça com as suas operações é
normalmente partilhado entre os seus membros com base no volume de negócios que cada
membro realizou com a cooperativa (clientela) ou no número de quotas ou da sua
contribuirão para o capital da cooperativa.

Para as comunidades que não são muito ricas, será mais fácil iniciar negócios utilizando o
modelo de cooperativa, pois este permite-lhes juntar os seus parcos recursos e mobilizar um
montante significativo para iniciar. É muito fácil constituir cooperativas. Aqueles que
desejarem criar uma cooperativa juntam-se, juntam os seus recursos (fazendo pequenas
contribuições), preenchem os documentos necessários e depois registam-se no serviço do
governo responsável. As pessoas podem utilizar uma cooperativa para iniciar e gerir
negócios que as ajudem a satisfazer várias das suas necessidades como, por exemplo, artigos
de mercearia, transportes, serviços financeiros, gestão do ambiente, educação para os filhos,
etc.
Para beneficiar os seus membros, uma cooperativa deve:
 Pertencer aos seus membros
 Ser utilizada pelos seus membros
 Ser controlada pelos seus membros
 Beneficiar os seus membros.

Portanto, as questões fundamentais que um membro deve colocar a si mesmo, como membro
e utilizador da cooperativa, são:
a)Pertence-me?
b)Utilizo-a?
c) Controlo-a?
d)Benefício dela?

O ideal seria que as respostas a todas estas perguntas fossem um SIM para que a entidade
seja descrita como uma boa cooperativa. Se a resposta a qualquer das perguntas for um
NÃO, significa que a organização ou instituição não é uma cooperativa.

COMPANHIA

Um negócio pode assumir a forma de uma companhia devidamente registada na


Conservatória de Registo Comercial. Uma companhia registada pode ser formada por duas ou
mais pessoas que se tornam suas proprietárias ou accionistas (isto é, pessoas que
contribuíram ou investiram os seus dinheiros para formar uma companhia).

Os accionistas elegem entre si os directores para gerirem a companhia em seu nome e


actuar como representantes da companhia. A eleição dos directores e realizada de acordo
com as acções que cada accionista detém.
A Companhia de Responsabilidade Limitada e uma entidade legal distinta dos seus
proprietários ou accionistas. Isto significa que, perante a lei, a companhia e considerada uma
pessoa jurídica, com direitos e responsabilidades legais. Pode mover ou ser-lhe movida uma
acção judicial, possuir e dispor de bens e administrar um negócio conforme especificado nos
seus estatutos.
Devido as necessidades crescentes dos negócios modernos, pode ser necessária a
mobilização de amplos recursos financeiros e de gestão. A sociedade singular e a
sociedade em nome colectivo não conseguiram satisfazer estas necessidades devido as
suas limitações como, por exemplo, a responsabilidade ilimitada, a falta de continuidade e
os recursos limitados. As companhias evoluíram como uma forma diferente de organização
dos negócios para superar estas limitações. As companhias tornaram-se a forma
predominante de constituição de empresas para uma serie de negócios, quer sejam
pequenas, médias ou grandes empresas, pois possibilita reunir ou mobilizar vastos recursos
financeiros e de gestão, com a vantagem de responsabilidade limitada e de continuidade das
operações.

Características de uma companhia


 Entidade jurídica a parte
Uma companhia tem uma existência totalmente distinta e independente dos seus membros.
Pode ter bens e assinar contratos em seu próprio nome. Pode ser-lhe movida e pode mover
uma acção judicial. Podem existir contratos e processes judiciais entre a companhia e os
membros que a constituem (ou seja, sócios, empregados, credores e devedores). O activo e
o passivo da companhia não pertencem a cada membro e vice-versa. Nenhum sócio pode
reclamar directamente qualquer direito de propriedade dos bens da companhia.

 Pessoa colectiva artificial

Uma companhia e uma pessoa colectiva tal como você, os seus pais ou amigos. A única
diferença e que, enquanto uma pessoa singular nasce de uma mulher, a companhia e criada
por lei. E uma pessoa artificial, porque não passa a existir através do nascimento e não possui
as características físicas de uma pessoa. Tal como acontece com uma pessoa, tem direitos e
deveres nos termos da lei. É intangível e indivisível.

 Sucessão perpétua

Uma companhia tem existência continue e ininterrupta e a sua vida não e afectada pela
morte, insolvências loucura, etc., dos seus proprietários ou directores. Os acionistas podem
entrar e sair, mas a companhia sobrevive enquanto não for liquidada. Sendo uma entidade
jurídica, uma companhia pode ser dissolvida apenas através dum processo jurídico de
encerramento. E como um rio que mantém a sua identidade, embora as partes que o
compõem possam mudar continuamente.

 Responsabilidade limitada
A responsabilidade dos membros duma sociedade anónima limita-se ao valor das acções
subscritas (ou seja, o valor das acções que uma pessoa decidiu subscrever numa empresa,
quer tenha pago ou não) ou ao montante de uma garantia dada por eles. Numa sociedade
anónima, não se pode pedir aos seus membros que paguem um montante superior ao que e
devido sobre as acções que detêm, mesmo que os bens da companhia sejam insuficientes
para satisfazer totalmente os credores ou para pagar o que deve

 Carimbo comum
Uma companhia, sendo uma pessoa artificial, não pode assinar. Portanto, a lei prevê o uso
de um carimbo comum (um carimbo da companhia) como substituto da assinatura. O
carimbo comum com o nome da companhia gravado é a sua assinatura e serve de prova da
aprovação dos documentos pela companhia. Qualquer documento com o carimbo comum
da companhia e devidamente assinado por pelo menos dois directores é legalmente
vinculativo para a companhia.

 Transferência das acções

As acções de uma sociedade anónima não transferível livremente (as duma sociedade
anónima de responsabilidade limitada não são). Podem compradas e vendidas através da
bolsa de valores. Cada membro é livre para transferir as suas acções sem o consentimento
de outros os membros (excepto no caso duma sociedade anónima de responsabilidade
limitada em que é preciso primeiro o consentimento dos outros accionistas).

 Separação da propriedade e gestão


O número de accionistas numa sociedade anónima é geralmente muito grande e todos
eles ou a maioria não podem participar activamente na gestão quotidiana da companhia.
Assim, elegem os seus representantes, conhecidos por directores, para gerirem a companhia
em seu nome. O controlo representativo é pois uma característica importante da companhia
 Sociedade anónima de pessoas
Uma companhia é uma sociedade anónima de pessoas ou uma associação registada de
pessoas. Uma pessoa pode constituir uma companhia nos termos da lei. Numa sociedade
anónima, são necessários pelo menos sete pessoas (e numa sociedade anónima de
responsabilidade limitada pelo menos duas).
 Uma Sociedade Anónima
Uma sociedade anónima é uma associação de accionistas ou proprietários que está
registada oficialmente. Está organizada de modo a atribuir aos seus proprietários
responsabilidade limitada. É mais fácil mobilizar grandes somas de capital com uma
companhia de responsabilidade limitada e esta proporciona oportunidades de trazer mais
competências, tanto para os proprietários como para a sua gestão. Uma sociedade anónima
pode ser de responsabilidade limitada.

Uma sociedade anónima de responsabilidade limitada é quando a companhia pertence


a um mínimo de duas (2) e a um máxima de cinquenta (50) pessoas. As acções numa
sociedade anónima de responsabilidade limitada só podem ser7 vendidas a título privado (ou
seja, a um dos donos existentes ou aos que eles aprovarem). Esta forma de constituição de
sociedade não é muito flexível no caso de ser necessário expandir e não consegue trazer
facilmente novos accionistas. Os donos têm responsabilidade limitada e beneficiam de acesso
mais fácil ao crédito.

 Sociedade Anónima
Este e um tipo de companhia de responsabilidade limitada que pode oferecer ou vender
acções ao público. Uma sociedade anónima deve incluir as palavras "sociedade anónima" ou
a sua abreviatura SA no fim, como parte do nome legal da companhia.

TAMANHO DE EMPRESAS EM ANGOLA

Os tamanhos das empresas classificam-se de acordo as suas dimensões. Tal como as


escolas, as empresas também variam em dimensão. Algumas empresas são muito
pequenas, outras são apenas pequenas, enquanto outras são médias ou grandes. Tal
como utilizou factores para determinar que escola é maior (a sua ou a outra), vários factores
são também utilizados para determinar as diferentes dimensões das empresas:
Micro empresas

Micro empresas são empresas muito pequenas, normalmente criadas por muitas
pessoas nas aldeias bem como nos centros urbanos. Geralmente são criadas
por pessoas de baixos rendimentos. As suas características principais são:

 Funcionam com pouco capital (ate ao máximo de três mil dólares (USD
3.000,00) e esta é uma das razões pelas quais são geralmente criadas
por pessoas de baixos rendimentos.
 Utilizam tecnologia muito simples ou nenhuma tecnologia nas suas
operações.
 Cada uma pertence a uma pessoa que a gere sozinha ou, no máxima,
com a ajuda de membros da sua família.
 Não empregam pessoas qualificadas. Dependem das aptidões dos seus
proprietários ou membros da família, mas geralmente podem ter uma a
quatro pessoas a trabalhar.
 Geralmente não estão registadas.
 As vendas são fracas em quantidade e valor, porque o seu capital é
pequeno. O seu alvo é o mercado local ou a comunidade que se
movimenta nessa zona.
 A maior parte não funciona a partir das suas próprias instalações
permanentes, utilizando estruturas temporárias (quiosques) e outras são
ambulantes.
 Serve um pequeno número de clientes. Normalmente atende clientes na
sua vizinhança.

Pequenas empresas

As pequenas empresas são maiores do que as micro empresas cujas características são:

 As pequenas empresas funcionam com capital (dinheiro ou valores de recursos


investidos na empresa pelo seu proprietário) que vai de três mil a cinco mil dólares
(USD 3.000,00 a USD 5.000,00).
 As pequenas empresas têm entre cinco a cinquenta empregados.
 Funcionam a partir de instalações fixas que pertencem ao proprietário ou são
arrendadas.
 Utilizam tecnologia simples e produzem bens principalmente para o mercado local.
 A maior parte é iniciada como sociedade unipessoal (pertencente a uma única
pessoa), enquanto outras podem ser sociedades em nome colectivo.
 As suas vendas são fracas, mas superiores as das micro empresas em quantidade e
valor

Médias empresas

As médias empresas são maiores do que as pequenas. As suas principais


características são as seguintes:

 As médias empresas precisam de mais capital em comparação com as pequenas


empresas. O seu capital pode ir de cinquenta mil a cinco milhões de dólares (USD
50.000,00 a USD 5.000.000,00).
 Empregam directamente entre cinquenta a duzentas pessoas, algumas das quais são
qualificadas em áreas específicas do negócio. Essas pessoas podem ser directores,
contabilistas, operadores de máquinas e outros.
 Operam a partir de grandes instalações fixas geralmente pertencentes a empresa e
dotadas de electricidade, água e telefone.
 São companhias registadas de responsabilidade limitada ou funcionam como
sociedades em nome colectivo.
 Utilizam máquinas e equipamentos sofisticados, manuseados por trabalhadores
qualificados.
 A sua produção é grande e conseguem produzir tanto para o mercado local como
para mercados externos.

Grandes empresas
Grandes empresas são as que possuem as seguintes características:
 Têm um capital relativamente elevado, superior ao utilizador pelas
médias empresas.
 Empregam directamente mais de duzentas pessoas, algumas das quais
são pessoal altamente qualificado, tal como directores, contabilistas,
engenheiros, técnicos e vendedores.
 Estão registos como sociedades anónimas. Algumas estão registadas
como “Joint ventures” entre o governo e privados.
 Utilizam equipamentos e máquinas sofisticados e alguns dos métodos
de produção mais modernos.
 Produzem bens e prestam serviços em grande escala aos mercados
locais e estrangeiros. Vendem dentro e fora do país.

O quadro 1 resume como os factores discutidos podem ser utilizados para determinar a
dimensão de uma empresa

Quadro 1: Um guia para determinar a dimensão de uma empresa utilizando


indicadores diferentes
Indicador da Dimensão da empresa
dimensão da
empresa Micro Pequena Média Grande
Nº de
empreendedore
s  De 1 à 4  De 5 à 50  De 51 à 200 Mais de 200
Montante do
capital investido Até USD Até USD Até USD Mais de USD
na empresa 3.000,00 50.000,00 5.000.000,00 5.000.000,00
Sociedade
Sociedade anónima de Sociedade anónima
Forma legal de Sociedade singular ou nome responsabilidad de responsabilidade
constituição unipessoal colectivo e limitada limitada
Não é Pode ser ou não
Registo necessário registado Obrigatório Obrigatório
Procedimentos
Facilidade em Cumprir os rígidos que devem
iniciar Muito fácil Fácil requisitos legais ser cumpridos
Volume de Relativamente
vendas Muito fraco Fraco elevado Muito elevado
Nível de Nenhum ou
tecnologia básico Simples Moderno Sofisticado
Instalações
Nenhumas ou Boas construídas
Instalações temporárias Simples instalações especialmente
Básica para
Não é muito iluminar, Utiliza muita
Energia usuário refrescar etc energia Depende de energia
Serviços de motorizado
apoio Mão-de-obra simples Motorizado Muito motorizado

CONSTITUIÇÃO DE EMPRESAS EM ANGOLA


A constituição de empresas em Angola é enquadrada pela Lei das Sociedades
Comerciais (Lei n.º 1/04, de 3 de Fevereiro).
Para efeitos de constituição de empresas, seguem-se os passados abaixo:
1. Declaração da Administração do Bairro
2. Denominação Social da Empresa
3. Emissão de Cartão de Contribuinte
4. Pagamento de Imposto para início de actividade
5. Registo do Início da Actividade Comercial
6. Registo Estatístico da Empresa
7. Publicação da Empresa no Diário da República
8. Parecer de Enquadramento Urbanístico e Interesse
9. Licenciamento para o exercício de actividade
10. Inscrição dos Trabalhadores no INSS
11. Proposta de investimento nacional
12. Registo comercial definitivo da empresa

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