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A psicologia, que nasceu como um ramo da filosofia, só se tornou uma

ciência muito mais tarde (1900). Para perceber as relações entre as


pessoas, o comportamento do homem, a psicologia vai trabalhar a partir
de métodos científicos, desenvolvendo-se assim como uma ciência.
Sendo a ciência um conjunto de conhecimentos, sobre os factos e todos
os aspetos da realidade, que são analisados, com vários testes
(processos e técnicas específicos), o estudo torna-se mais rigoroso e
aprofundado do que o senso comum. A psicologia vai também utilizar
pesquisas, analisar, para poder obter informações, conhecimentos
corretos. Ela vai avaliar, modificar, reter ou abandonar modelos
explicativos caso esses não possam serem considerados como “provas
empíricas”, ou os seus resultados não possam ser repetidos” (Pinto,
2001), tal como a ciência, daí surgir a psicologia científica.
O iluminismo foi a época em que o avanço da produção do
conhecimento científico das ciências é notório. O novo conceito de
mente dado pelo filósofo Descartes vai permitir um avanço nos estudos
da psicologia, fazendo com que esta se afaste cada vez mais da filosofia.
Wilhelm Wundt (1832-1920) foi considerado o fundador da psicologia
como ciência. Ele criou “um laboratório de psicologia experimental”
(Machado, 2019, cap.6, p.4). A partir desta altura, o trabalho
experimental para estudar a mente inicia-se então. Wundt adotou o
método da introspeção, fazendo que, com o tempo, a psicologia se torne
independente, uma vez que conseguiu “um estudo controlado das
sensações e perceções” (Machado, cap. 7, p.9). Também o americano
William James, no mesmo ano, fundou um laboratório de psicologia,
contribuindo muito para esta ciência. Pode-se concluir, que no século
XIX, como afirma Machado (2019), a psicologia torna-se “uma disciplina
experimental e autónoma” (cap., p. 2).
Desde a época dos filósofos gregos, a psicologia (antes considerada
filosofia) sofreu muitos progressos, dando origem a várias correntes: o
Funcionalismo, o Estruturalismo, o Behaviorismo, o Gestalt, a Psicanálise
e o Humanismo. Todas estas escolas tiveram abordagens diferentes para
a compreensão do comportamento humano.
Assim, o Estruturalismo procurou estudar com experiência consciente as
estruturas do cérebro e do sistema nervoso responsáveis por essas
mesmas experiências. Titchner (1867-1927), psicólogo britânico e
discípulo de Wundt, considerava a psicologia como uma ciência da
consciência, a “experiência humana” como refere (Maher,1900, p.15). O
Estruturalismo ao analisar os três elementos básicos da consciência
(sensações, imagens e sentimentos) fez um estudo sistemático da
mente. O Funcionalismo, que teve como pai William Janes (1842-1910)
considerava que a mente permitiria ao indivíduo adaptar-se ao meio
ambiente. John Watson (1878-1958), fundador do Behaviorismo, definiu
a psicologia como sendo uma ciência que estuda os processos do
comportamento observável, preferindo o método da observação e da
verificação, recusando deste modo o método da introspeção, por não ser
um método científico.
Na escola da Gestalt nasceram três cientistas: Max Wertheimer (1880-
1943), Kurt Koffha (1886–1941) e Wolfang Kolher (1887-1967). Para
eles a mente deveria ser estudada como um todo daí o comportamento
humano é, segundo eles, um comportamento inteligente e não um
mecanismo de estímulos e de respostas.
Freud (1856-1929) foi o precursor da psicanálise apoiando-se no
inconsciente, o qual tem “um papel fundamental na origem das
desordens do comportamento” (Pinto, 2001, p.21). A psicanálise procurava
entender o inconsciente, dado que este orienta as atitudes, o comportamento
do ser humano. Finalmente a corrente do humanismo acreditava que a
vontade da pessoa é que controlava o comportamento dos homens ao
contrário do Behaviorismo e da psicanálise. Para esta corrente, as
pessoas são boas todas, no entanto os problemas mentais e os desvios
resultam de uma tendência natural. É a necessidade de crescer
pessoalmente que leva a pessoa a querer se tornar melhor.
Pode-se afirmar que as três forças fundamentais da psicologia foram o
behaviorismo, a psicanálise e a humanista. Estas três contribuíram para
que houvesse uma nova visão, um novo pensar do homem e da própria
sociedade.
Mas, julgo que não se deve considerar estas três forças como oponentes
umas das outras. Todas elas contribuíram muito para o desenvolvimento
do comportamento humano.
Assim, podemos concluir que destas três correntes existiram pontos que
marcaram efetivamente o desenvolvimento da psicologia: a criação do
laboratório experimental (1879) de Wundt, dando a esta disciplina o
estatuto de ciência, como já referido mais acima. As grandes guerras
mundiais que deixaram muitas marcas psicológicas negativas na
humanidade são digamos uma grande fonte de estudo, para a psicologia
social, para o estudo do inconsciente tão estudado por Freud, que acabou
por distinguir a “neurose tout court e a neurose traumática” como afirma
Machado (2019, cap. 7, p. 9). Segundo Farr (2010), foram usados testes
psicológicos, durante a Grande Guerra, para atribuir determinadas
tarefas a soldados. Ainda de acordo com este psicólogo, também durante
a segunda Grande Guerra, a psicologia social foi um auxílio importante
para estudar pequenos grupos de soldados.
As discriminações e os preconceitos também marcaram a psicologia,
dado o objeto de estudo desta ciência: compreender as relações entre as
pessoas, a sociedade.

BIBLIOGRAFIA

Farr, R. M. (2010). As Raízes da Psicologia Social Moderna. Petrópolis:


Vozes
Psicologia em Estudo, Maringá, v. 8, n. 1, p. 31-37, jan./jun. 2003,
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http://www.scielo.br/pdf/%0D/pe/v8n1/v8n1a05.pdf
JUng, C. G, (1978). Psicologia do inconsciente, Petròlis: Edidtora Vozes
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MAGANO OLGA (2014). INTRODUÇÃO ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS.


Lisboa: Universidade Aberta

Demont, E. (2015). A psicologia. História, métodos, experiências.


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Gleitman, Reisberg, Fridlund & Silva (2014). Psicologia (10ª Ed.).


Lisboa: Fundação Gulbenkian.

Goleman, D. (2010). Inteligência emocional. Lisboa: Temas e Debates.


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Maher, M. (1900). Psychology: empirical and rational. London: Longmans
& Green

Goodwin, C. J.(2005). História da psicologia Moderna Tradução de


Marta Rosas. São Paulo: Editora Cultrix

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