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DIREITO CONSTITUCIONAL II

DIREITOS FUNDAMENTAIS

I. Título II – Dos direitos e garantias fundamentais


Os direitos fundamentais são também conhecidos como direitos
humanos, direitos subjetivos públicos, direitos do homem,
direitos individuais, liberdades fundamentais ou liberdades
públicas. A própria Constituição da República de 1988 apresenta
diversidade na abordagem dos direitos fundamentais que serão
tratados a partir de agora.

1.1. Capítulo 1 (Art.5º, I a LXXVIII):


Normatiza os direitos e garantiasindividuais e
coletivos.

1.2. Capítulo 2 (Art.6º até o 11):


Normatiza os direitos sociais.

1.3. Capítulo 3 (Art.12 a 13):


Normatiza os direitos de nacionalidade.

1.4. Capítulo 4 (Art.14 a 16):


Normatiza os direitos políticos.

1.5. Capítulo 5 (Art.17):


Normatiza os direitos dos partidos políticos.

1.6. Capítulo 4 (Art.14 a 16):


Normatiza os direitos políticos.

II. Teoria geral dos direitos e garantias fundamentais


Em relação à fundamentalidade material, os direitos
fundamentais expressos na Constituição Federal estão em condição
de igualdade com os direitos humanos, porém são diferentes em
relação à fundamentalidade formal, isto porque os
direitosfundamentais estão positivados na Constituição Federal
enquanto os direitos humanos estão positivados nos
tratadosinternacionais.
Em relação ao status dos tratados internacionais frente ao
direito brasileiro, há que se explicitar dois sistemas de
incorporação de normas internacionais em um determinado
ordenamento jurídico:

Sistema monista:
Poderia chamar-se sistema automático, pois a incorporação ao
ordenamento jurídico interno supõe aplicação imediatamente após
a celebração do tratado internacional, sem requerer qualquer
posterior ato interno de conversão em norma jurídica interna,
para consolidar que a norma convencional está em vigor
internamente.Este sistema encontra seu sustento nas idéias de
Kelsen. De fato, disse o autorque há apenas uma regra
fundamentalque dá validade a toda a ordemlegal, única regra que
acaba por unir o Direito Interno com o Internacionaljá que ambos
encontram nele sua razão de validade.

Sistema dualista:
Por outro lado, em relação ao sistema de incorporação
dualista ou sistema de incorporação especial ou formal, Novak e
García-Corrochano destacam: "Outros sistemas constitucionais
requerem algum tipo de procedimento interno, independentemente
do que é requerido para a entrada em vigor internacional dos
tratados, de modo que os padrões internacionais se liguem na
ordem interna. Conseqüentemente, nesses sistemas, a entrada em
vigor interna e internacional do tratado ocorre em momentos
diferentes.” O sistema dualista é baseado nas idéias
apresentadas por Triepel em 1899, que afirmavam que o Direito
Interno e Internacional eram diferentes, com vidas separadas e
independentes. Ele levantou isso, pois considerou que os dois
sistemas tinham fontes diferentes e regulavam diferentes
relações. Para ele, havia dois sistemas legais.
Neste sistema (que é o adotado no Brasil), o tratado para ter
eficácia na ordem jurídica interna deve ser recepcionado
(transposto, incorporado).
Fases do tratado:
 Negociação (celebração do tratado): acontece entre os
chefes de estado, no entanto o chefe de estado pode
delegar a outra pessoa, através de uma Carta de
PlenosPoderes. Neste caso o representante que recebeu a
Carta de Plenos Poderes será o Agente Plenipotenciário.
 Congresso Nacional: uma vez que o tratado foi celebrado,
será remetido ao Congresso Nacional que poderá aceitar
totalmente ou rejeitar partes do tratado (opor reservas
ao tratado) ou mesmo rejeitar totalmente, no entanto há
tratados que não admitem reservas. Quando o chefe de
estado não puder cumprir o tratado, ele deve rescindi-
lo (denúncia). Um tratado recepcionado e válido na
ordem jurídica interna pode ser denunciado se o
presidente assim achar necessário.
 Ratificação do tratado: ratificar o tratado significa
confirmar o tratado perante as demais nações
estrangeiras que o país é signatário deste tratado. A
ratificação pode ser encaminhada pelo chefe de estado
ou pelo agente plenipotenciário. Estes têm liberdade de
agir neste caso (competência discricionária).
 Promulgação e publicação do tratado: A promulgação
acontece por meio de decreto presidencial que trará
eficácia ao tratado perante a ordem jurídica interna. A
publicação acontece no Diário Oficial da União (D.O.U.).
 Status do tratado: Após a recepção, o tratado terá
status de lei ordinária federal se não versar sobre
direitoshumanos, porém se o tratado versar sobre
direitoshumanos o tratado recepcionado terá status
supra legale status constitucional (tem o mesmo valor
de emenda constitucional).
 Status constitucional: para o tratado adquirir status
constitucional, abre-se o prazo no Congresso Nacional
para os legitimados se manifestarem se querem que o
tratado seja discutido no rito das emendas (rito
complexo). Caso esta seja a escolha, o tratado ganhará
status constitucional. Os legitimados são: o presidente
da república, 1/3 de todos os deputados federais, 1/3
de todos os senadores e mais da metade das assembléias
legislativas (Art. I a II, CF).
 Status supralegal: caso não haja manifestação pelos
legitimados, o status do tratado passa a ser supralegal.

2.1. Rito de votação:


A votação é a última etapa da tramitação de uma
proposição. Para dar início a uma votação, é necessária a
verificação de quórum. A votação no Plenário da Câmara dos
Deputados requer a presença de, no mínimo, 257 deputados.

Rito simples:
Há vários tipos de quorum para aprovação de matérias
e demais decisões da Casa. O mais comum é o de maioria simples,
exigido para aprovação de projetos de lei ordinária, de
resolução e de decreto legislativo, bem como de Medida
Provisória, que pode também ser aprovada por votação simbólica.
A maioria simples ou relativa é computada sobre o
total dos presentes.
A maioria absoluta está relacionada a 50% (do total)
+ próximo número inteiro, ou seja, arrendoda-se para cima.
Ainda existe a votação de 1/3 e 2/3.

Rito complexo:
A votação acontece nas duas casas legislativas. No
primeiro momento acontece a primeira votação na Câmara dos
Deputados, exigindo para aprovação 3/5 dos votos. Se aprovado
vai para segunda votação exigindo o mesmo quórum.
Aprovada na Câmara dos Deputados vai para o Senado
que votará também por duas vezes exigindo também o quórum de 3/5
para aprovação.
Aprovado nas duas casas vai para a promulgação do
Presidente da República e posterior publicação no D.O.U do
Decreto Legislativo assinado pelo presidente do Congresso
Nacional.

III. Direitos e garantias fundamentais

3.1. Garantias:
São instrumentos processuais para a proteção dos
direitos. As garantias são acessórias em relação ao direito: o
direito tem função material, as garantias têm função processual.
As garantias são classificadas de acordo com a
espécie: princípio garantia e remédios constitucionais.

3.2. Princípios garantias:


São princípios que têm caráter processual e visam
proteger direitos (Art. 5º, CF), como é o exemplo dos princípios
da presunção da inocência, do juiz natural, do devido processo
legal, da ampla defesa, do contraditório entre outros.

3.3. Remédios constitucionais:


São ações previstas na Constituição usadas quando um
Direito é ameaçado ou violado.

3.3.1. Habeas Corpus:


Ação judicial com o objetivo de proteger o
direito de liberdade de locomoção lesado ou ameaçado por ato
abusivo de autoridade.
3.3.2. Habeas Data:
Ação que assegura o livre acesso de qualquer
cidadão a informações a ele próprio relativas, constantes de
registros, fichários ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público.

3.3.3. Mandado de Segurança:


Visa resguardar direito líquido e certo, não
sendo amparado por um Habeas Corpus ou por um Habeas Data, que
seja negado, ou mesmo ameaçado, por autoridade pública ou no
exercício de atribuições do poder público.

3.3.4. Mandado de Injunção:


Previsto no artigo 5º, inciso LXXI da
Constituição do Brasil de 1988, é um dos remédios-garantias
constitucionais, sendo, segundo o Supremo Tribunal Federal (STF),
uma ação constitucional usada em um caso concreto,
individualmente ou coletivamente, com a finalidade de o Poder
Judiciário dar ciência ao Poder Legislativo sobre a ausência de
norma regulamentadora, o que torna inviável o exercício dos
direitos e garantias constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania.

3.3.5. Ação Popular:


A ação popular é uma ação de natureza
constitucional, que pode ser impetrada por qualquer do povo (ou
seja, qualquer cidadão no gozo dos seus direitos políticos)
perante o Poder Judiciário, para anular qualquer ato lesivo ao
patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural

3.3.6. Ação Civil Pública:


A ação civil pública é usada pelo Ministério
Público e outras entidades legitimadas para a defesa de
interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos. Em
outras palavras, a ação civil pública não pode ser utilizada
para a defesa de direitos e interesses disponíveis nem para
interesses propriamente privados, salvo se, pela sua abrangência
e dispersão, puderem interessar a grupos, classes ou categorias
de pessoas que se encontrem na mesma situação de fato e de
direito (como no caso dos interesses individuais homogêneos).

IV. Historicidade dos direitos fundamentais


Os direitos e garantias fundamentais nascem ao longo do
tempo, por isso são usados os termos “geração ou dimensão”.

4.1. Direitos de 1ª geração (liberdade):


Historicamente situamos a origem destes direitos no
século XVIII. Foi inspirada na 1ª Emenda da Constituição Federa
norte americana (Bill ofRight) de 1791 e também da Constituição
Federal francesa também de 1791. Os direitos elencados nesta
dimensão são: o direito de defesa, de liberdade de expressão,
vida, domicílio, liberdade, inviolabilidade de domicílio,
liberdades negativas (exigem do estado uma obtenção). etc.

4.2. Direitos de 2ª geração (igualdade material de fato):


Nascem no começo do século XX (Const.Federal do
México e Weimar). Nesta dimensão situam-se os direitos sociais,
as liberdades positivas (exigem do estado uma ação). Exemplos:
saúde, educação.

4.3. Direitos de 3ª geração (fraternidade):


Nascem após a 2ª guerra mundial e o foco principal é
a solidariedade entre os povos. Exemplo: direito à paz, ao meio
ambiente, à autodeterminação dos povos.

4.4. Direitos de 4ª geração:


Está relacionado com as novas tecnologias e a
democracia direta.

4.5. Direitos de 5ª geração:


Está relacionado ao direito à paz ou à felicidade
(conforme Paulo Bonavides - Eudaimonia).

V. Característica dos direitos fundamentais

5.1. Historicidade egeneratividade:


Os direitos fundamentais não nasceram de uma única
vez, sendo fruto de uma evolução e desenvolvimento histórico e
cultural, nascendo com o Cristianismo, passando pelas diversas
revoluções e chegando aos dias atuais. Fala-se em
generatividadequando se tem a preocupação com o desenvolvimento
da comunidade humana e o bem-estar das próximas gerações. De
certa maneira o direito quando se desenvolve historicamente
sempre buscando a pacificação e o bem estar, alcança esta
característica.

5.2. Irrenunciabilidade ou inalienabilidade:


Significa dizer que aos direitos fundamentais não nos
cabe renunciá-lo (não temos a premissa de renunciar a
titularidade de um direito fundamental), no entanto cabe-nos a
renúncia de exercê-lo. Além disso, tais direitos, por não
possuírem conteúdo econômico-patrimonial, são intransferíveis,
inegociáveis e indisponíveis (inalienáveis), estando fora do
comércio, limitando o princípio da autonomia privada. Tal
inalienabilidade resulta da dignidade da pessoa humana, sendo
que o homem jamais poderá deixar de ser homem, tendo sempre os
direitos fundamentais como alicerce para garantia de tal
condição.

5.3. Relatividade:
Os direitos fundamentais não são absolutos. Ao
contrário, são relativos: eles podem sofrer limitações e
restrições. É o caso da desapropriação que vai de encontro ao
direito de propriedade, no entanto em fase de resguardar o
interesse público (da sociedade) este direito fica prejudicado,
mas cabe ao proprietário uma indenização justa. A perda da
propriedade rural (art.243) decorrida de punição por trabalho
escravo ou plantio de drogas é outro exemplo.
Outro exemplo da relatividade dos direitos
fundamentais está relacionada com o aborto (art. 124, CP)
quepode ser terapêutico (a vida do nascituro será sacrifica em
favor da mãe – trata-se de ponderação), sentimental (relacionado
à gravidez por estupro onde a integridade física e psicológica
da gestante está acima da vida do nascituro) ou de interrupção
da gestação, onde impossibilidade de vida do nascituro está
acima do direito de vida do próprio nascituro).
5.4. Gratuidade:
Ninguém pode pagar para exercer um direito
fundamental, admitindo exceções.

5.5. Imprescritibilidade:
Os direitos fundamentais não se perdem com o tempo,
não prescrevem, uma vez que são sempre exercíveis e exercidos,
não sendo perdidos pela falta de uso (prescrição); tal regra não
é absoluta, existindo direitos que, eventualmente podem ser
atingidos pela prescrição, como é o caso da propriedade, que não
sendo exercida, poderá ser atingida pela usucapião.

5.6. Universalidade:
Todas as pessoas são titulares de direitos
fundamentais, simplesmente pelo fato de serem pessoas.

VI. Nacionalidade

6.1. Conceito de povo e nação:


Povo é aquele grupo que possui vínculo jurídico-
político com o Estado, podendo ser brasileiro nato ou
naturalizado.
Nação é um grupo de indivíduos que estão em um mesmo
território e possuem afinidades afins, como, econômicos,
culturais, materiais, espirituais, raciais que mantêm os mesmos
costumes e tradições dos antepassados.
Cidadania é caracterizada pelo grupo de indivíduos
que possuem direitos ativos (votar) e passivos (ser votados). Ou
seja, atos importantes para a vida do Estado.
6.2. Conceito nacionalidade:
É

6.3. Espécies de nacionalidade:


Quanto à espécie, a nacionalidade pode ser originária
ou derivada.

6.3.1. Nacionalidade originária ou primária:


A nacionalidade originária é descrita nos
artigo 12, I, a, b e c da Constituição Federal e é reconhecida
pelo Estado como brasileiro nato.

6.3.2. Nacionalidade derivada ou secundária:


A nacionalidade derivada é adquirida por
pessoas que originariamente são estrangeiros. O estrangeiro pede
ao Brasil concessão da nacionalidade brasileira através de um
processo de naturalização, onde, sendo concedida, esta pessoa
passará a ser reconhecida pelo Estado brasileiro como
brasileironaturalizado (Art. 12, II, a, b - CF).

6.4. Critérios para o reconhecimento da nacionalidade


originária:
Quanto à espécie, a nacionalidade pode ser originária
ou derivada.

6.4.1. Jus Soli:


No sistema do “Jus Soli”, a nacionalidade
originária é obtida em virtude do território onde o indivíduo
tenha nascido. O termo latino significa "direito de solo" e
indica um princípio pelo qual uma nacionalidade pode ser
reconhecida a um indivíduo de acordo com seu lugar de nascimento.
Dessa maneira o indivíduo nascido no
território soberano tem sua nacionalidade automaticamente
configurada, tornando-se a partir desse momento parte integrante
do Estado de Direito e merecedor de sua proteção jurisdicional,
prima facie um direito que surge com seu nascimento.

6.4.2. Jus Sanguini:


O “Jus Sanguinis” é o direito de sangue em que
serão nacionais de um Estado todos os descendentes de seus
nacionais, independentemente do local onde nasçam. Dessa forma a
Constituição reconhece a nacionalidade dos nascidos no
estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que
sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham
a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer
tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade
brasileira (Art. 12, I, a - CF).
O Brasil adota os dois critérios para evitar a
apatrídia.

6.5. Jus Soli - exceção:


Não é todo indivíduo nascido no território soberano
que tem sua nacionalidade automaticamente configurada, tornando-
se a partir desse momento parte integrante deste Estado. Se os
pais estrangeiros estiverem a serviço de seu país no Brasil,
pelo critério funcional, seus filhos nascidos aqui não terão
direito à nacionalidade brasileira (Art. 12, I, a - CF). Por
outro lado, se o indivíduo nasce no exterior tendo pai ou mãe
brasileiros e um deles está à serviço do Brasil (município,
estado ou união) é considerado brasileiro nato (Art. 12, I, b -
CF).
VII. Direito de nacionalidade

7.1. Brasileiros natos:


Ver artigo 12, I, a, b e c da Constituição Federal.

7.2. Brasileiros naturalizados:


Ver artigo 12, II, a e b da Constituição Federal.
Naturalização ordinária: aos originários de países de
língua portuguesa, sendo exigida apenas residência por um
ano ininterrupto e idoneidade moral (Art. 12, II, a - CF).
Naturalização extraordinária:para estrangeiros
residentes no Brasil há mais de trinta anos ininterruptos e sem
condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira
(Art. 12, II, b - CF).

7.3. Rito da naturalização (procedimento):


a) Pedido do estrangeiro (a naturalização é expressa);
b) Fase administrativa (Ministro da Justiça decide
mediante portaria – D.O.U.). Se ele concede, passa
a existir o certificado de naturalização;
c) Fase judicial: o juiz faz a entrega da certidão de
naturalização.

Atenção: este rito é diferente após a Lei da Migração.

VIII. Lei da Migração (13.445/2017)


Esta lei muda os procedimentos para a naturalização
extraordinária, ou seja, para os estrangeiros que quiserem vir a
naturalizar-se brasileiro.
8.1. Pressupostos:
Ele deve residir no país por mais de 15 anos
ininterruptos (era 30 anos) e não ter condenação penal.
Satisfeitos estas exigências é só fazer o requerimento.

8.2. Competência do Ministro da Justiça:


É uma competência vinculada, pois o estrangeiro que
cumprir os requisitos possui o direito (subjetivo) à
naturalização. Logo o Ministro não deverá negar o pedido.

8.3. Entrega do Certificado:


Cumprida todas as fases da naturalização, o
estrangeiro receberá o Certificado de Naturalização que terá
efeitos retroativos desde o requerimento (ExTunc). Não há mais a
figura do juiz fazendo a entrega do Certificado.

IX. Diferenças constitucionais (Bras. natos x Bras. naturalizados)


Conforme Art. 12, § 2º, “A lei não poderá estabelecer
distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos
casos previstos nesta Constituição”. Dessa maneira o Art. 12, §
3º estabelece alguns cargos que serão privativos de brasileiros
natos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa.

Além disso, segundo o Art. 222, CF, para ser dono de


empresa de radiojornalismo tem que ser brasileiro nato ou
naturalizado há mais de 10 anos.
X. Perda da nacionalidade
A perda da nacionalidade brasileira só acontecerá para
brasileiros naturalizados (ver art. 12, § 4º - CF).

10.1. Hipóteses de perda:


Perda punição: é o cancelamento da naturalização, por
sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse
nacional (ver art. 12, § 4º, I - CF). Atinge somente brasileiros
naturalizados e deve haver uma decisão judicial transitado em
julgado. Efeito Ex Nunc. Não existe reaquisição de naturalização
a menos que haja ação rescisória, isto porque naturalização é
forma de aquisição e não de reaquisição de nacionalidade.
Perda mudança: é a renúncia à nacionalidade e pode
atingir brasileiros natos e naturalizados (ver art. 12, § 4º, II
- CF). Efeitos Ex Nunc. Neste caso o indivíduo pode readquirir a
nacionalidade conforme Art. 76 da Lei 13.445/17.

10.2. Casos de polipatrídia:


Polipatrídia é o reconhecimento de nacionalidade
originária pela lei estrangeira (por jus solis ou jus sanguinis).
A Constituição Federal reconhece este direito no Art.
12, § 4º, II, a e b), ou seja, pelo reconhecimento de
nacionalidade originária pela lei estrangeira e nos casos de
imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
permanência em seu território ou para o exercício de direitos
civis.

XI. Direitos políticos


A perda da nacionalidade brasileira só acontecerá para
brasileiros naturalizados (ver art. 12, § 4º - CF).
11.1. Cidadania:
A cidadania é a situação em que o indivíduo por
participar da vida da cidade. Para o indivíduo estar apto a ser
um cidadão, deverá ter nacionalidade, idade (capacidade) e não
incidir em impedimento.

11.2. Espécies de direitos positivos:


Os direitos positivos asseguram o exercício da
cidadania enquanto Os direitos negativos impedem o exercício da
cidadania. O sufrágio (direito material) e a iniciativa popular
são direitos políticos positivos.

11.3. Sufrágio:
O sufrágio é um direito material. O direito de votar
é a capacidade eleitoral ativa (alistabilidade).
O direito de ser votado é a capacidade
eleitoralpassiva (elegibilidade).
O direito de votar é facultativo para maiores de 16
anos e menores de 18 anos, os maiores de 70 anos e os
analfabetos. O alistamento é obrigatório para os estão fora
destas faixas de idade e que sejam alfabetizados.

11.4. Condições gerais de elegibilidade:


 Ter nacionalidade brasileira;
 Participar do alistamento eleitoral;
 Estar em pleno gozo dos direitos políticos;
 Ter domicílio eleitoral na circunscrição;
 Afiliação partidária;
 Idade mínima (posse):
- 18 anos (vereador)
- 21 anos (prefeito/vice, deputado e juiz de paz)
- 30 anos (Governador/vice)
- 35 anos (qualquer cargo)
11.5. Iniciativa popular:
 Federal (Art. 61, § 2º - CF);
- 1% eleitorado
- mais de 5 estados
- 3 décimos por cento
 Estadual (Art. 27, § 4º - CF);
 Municipal (Art. 29, XIII - CF);
- 5% eleitorado

Quem tem direito de ajuizar ação popular? O


cidadão eleitor (para atos lesivos ao patrimônio
público ou de entidade que o poder público
participe). Ex.: patrimônio histórico, meio
ambiente.

XII. Direitos negativos


A seguir as espécies de direitos negativos:

12.1. Privação de direito políticos (Art. 15 – CF):


A perda ou suspensão de direitos políticos.
- Sufrágio
- Iniciativa popular
- Filiação partidária
- Ajuizamento de ação popular
Ela pode ser definitiva (perda Art 15, I) ou
temporária (suspençãoArt 15, II, III, IV e V). No primeiro
caso há o cancelamento da naturalização por sentença transitada
em julgado ou perda – punição. No segundo caso tem-se:
- Art 15, II: indivíduo incapaz (suspensão)
- Art 15, III: condenação criminal por sentença
transitada em julgado (volta a ter direitos após cumprir pena).
É automático e inafastável.
- Art 15, IV: recusa de cumprir obrigação legal ou
prestação alternativa
- Art 15, V: por improbidade administrativa
(desonestidade).

12.2. Penas por improbidade (Art. 37, § 4º – CF):


- Perda da função
- Indisponibilidade dos bens
- Ressarcimento
- Suspensão dos direitos políticos

XIII. Inelegibilidade
Estar nesta condição é ter um impedimento parcial do
exercício da cidadania.

13.1. Inelegibilidade absoluta (Art. 14, § 2º e § 4º – CF):


São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos, os
estrangeiros e os conscritos (quem está prestando o serviço
militar obrigatório).
13.2. Inelegibilidade relativa (Art. 14, § 5º ao 8º – CF):
Total ou parcial, constitucional ou
infraconstitucional (Art. 14, § 9º – CF).
13.2.1. Por motivo de reeleição (Art. 14, § 5º – CF).
Atenção: após a reeleição o integrante de cargo
executivo titular também não poderá concorrer
para o cargo de vice.
Por outro lado se o vice sucede o titular, vira
titular para efeitos de inelegibilidade.
Se o vice substitui o titular nos 6 meses
anteriores à eleição, é considerado titular para
efeitos de inelegibilidade.
O vice é considerado vice para efeitos de
inelegibilidade se ele não suceder ou
nãosubstituir o titular no período crítico.
Neste caso ele pode concorrer a eleição para
outro cargo (Art. 14, § 6º - CF).
Os chefes do executivo que quiserem concorrer a
um cargo após exercer o direito à reeleição, só
poderão fazê-lo se renunciarem 6 meses antes das
eleições (desincompatibilização). Por outro lado
se o vice não o sucedeu e não substituiu o
titular no período crítico, é plenamente
elegível para outro cargo. Neste caso não
precisa renunciar.
Presidente da câmara ou do senado ou de uma
assembleia legislativa perderá o direito de
reeleição se substituir o titular do executivo
no período crítico. Ele será elegível para o
cargo que substituiu.

13.3. Inelegibilidade reflexa (Art. 14, § 7º – CF):


Atinge a família dos governantes titulares, seus
sucessores ou substitutos no período crítico, atingindo no
território de circunscrição do titular.
Quem é a família:
- cônjuge, e o ex se o divórcio ocorreu no mandato
anterior à eleição;
- Companheiro de união estável;
- Parentes até o 2º grau (pai, filho, avô, sogra,
cunhado, enteado, genro, etc.;

Atenção: se o titular é inelegível a família também é.


A governadora Cida é inelegível para o cargo de
deputado estadual (Art. 14, § 6º – CF). Logo o irmão da Cida
também é inelegível para este mesmo cargo (Art. 14, § 7º – CF).

Por outro lado, se o titular é elegível, a família


também é elegível quando queira um cargo diferente do cargo do
titular (anterior). Se a família quiser o mesmo cargo do titular,
o titular deve renunciar 6 meses antes das eleições.

É o caso do Michel Temer que é elegível hoje para


presidente, no entanto se sua mulher quisesse este cargo, ele
teria que ter renunciado antes.

Exceção: Se a família já é titular de mandato eletivo,


é sempre elegível.

Para militares em serviço ativo, ele só será elegível


se tiver mais de 10 anos de serviço, pedir licença. No caso se
vencer as eleições, se aposenta como militar. Se ele tiver menos
de 10 anos de serviço só será inelegível se exonerar-se de suas
atividades antes.

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